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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

R. Dom José Gaspar, 500 - Coração Eucarístico, Belo Horizonte - MG, 30535-901

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Matheus Eduardo Moreira de Barcelos

Sociologia do Crime e da Violência

Luiz Flávio Sapori

Prova Final

Esse trabalho traz reflexões acerca da subjetividade presente nos estudos do curso
de vida e da escolha racional como instância relevante na adoção de comportamentos
criminosos. Desse modo, propõe-se realizar uma análise comparativa das abordagens
criminológicas, ressaltando eventuais convergências e divergências na compreensão do
fenômeno criminal.

2. Teoria da ação racional

Essa abordagem adota como premissa primeira a ideia de delito como escolha
racional, na qual o agente é visto como uma “pessoa racional amoral” (homo
economicus), que elege o delito com base em uma análise prévia de custos e benefícios,
ou seja, os criminosos são sujeitos racionais, os quais, em sua transgressão, cumprem a
considerações de eficácia, calculando os custos e os benefícios que cada ato lhes
proporciona. Assim um sujeito cometerá um ato delitivo somente se a sanção esperada
for inferior às vantagens privadas esperadas com a realização do ato.

O enfoque econômico da Criminologia não objetiva responder por que os


indivíduos optam por cometer um delito, mas, se seus esforços se voltam para a tentativa
de explicar a criminalidade como um comportamento cujo o fundamento está na decisão
racional que visa obter mais vantagens. Dessa maneira, são fatores situacionais – ou de
confluência de motivações favoráveis e contrárias – que dão espaço ou não à realização
do ato infracional.

4. Teoria do curso de vida (LCT)

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De caráter multidisciplinar, a teoria do curso de vida tem por objeto a


compreensão dos múltiplos fatores que desenham a trajetória de vida dos indivíduos,
situando o desenvolvimento individual e familiar em contextos sociais, históricos e
culturais. Dessa forma, tal abordagem aponta para a existência de múltiplos caminhos que
podem influenciar o indivíduo ao cometimento do ato infracional. Assim, esses caminhos,
orientam o indivíduo para o comportamento delinquente de forma mais acelerada e em
uma taxa mais elevada do que outras trajetórias.

Em resumo, um curso de vida é definido como "uma sequência de eventos e papéis


socialmente definidos que o indivíduo desempenha ao longo do tempo". Assim, essa
abordagem concentra a atenção na conexão entre os indivíduos e o contexto histórico e
socioeconômico em que esses indivíduos estão inseridos.

4. Discussão comparativa

Estabelecendo uma relação entre as duas teorias, podemos propor que a teoria da
ação racional, embora assentada na dimensão interpessoal de análise sociológica, tem um
forte enfoque individualista. Assim, ela explicaria o papel do indivíduo, autointeressado,
calculista e atuante no contexto do crime.

A teoria do curso de vida se estabelece majoritariamente no plano interpessoal da


análise sociológica. Seu apelo social (contexto histórico e socioeconômico etc.) tornam-
na fundamentais na demonstração das relações entre a dimensão individual e a estrutural
nos fenômenos criminais.

Cada uma dessas duas teorias tem seus méritos e suas fragilidades. Entretanto,
parece-me exequível a correlação entre as mesmas para explicar as diferentes dimensões
da análise do crime. Assim, cada uma apresenta suas limitações e em certa medida cada
uma integra a vacuidade explicativa deixada pela outra.

5.Conclusões

Dessa forma, o esforço de operacionalizar diferentes teorias explicativas sobre os


fenômenos do crime, parece-me ser a direção mais viável para um estudo com maior
abrangência do crime, visto que, é no contexto de justificação das teorias existentes que
a sociologia se desenvolve.

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Cabe a nós a seleção daquelas que apresentam algum grau convergência e


complementariedade para explicar os elementos distintos que compõem o cenário do
crime (indivíduo, contexto cultural, interações e estrutura).

Referências

CERQUEIRA, D., & MOURA, R. (2019). Oportunidades laborais, educacionais e


homicídios no Brasil Brasília, DF: Ipea. 2019.

SAPORI, L. F.; SANTOS, R. F.; CAETANO, A. J. A reiteração de atos infracionais


no Brasil: o caso de Minas Gerais. Rev. direito GV 16 (3). 2020.

SCHECAIRA, S. S. Criminologia. 4ª ed. ver. e. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2012. Disponível em: https://forumturbo.org/wp-
content/uploads/wpforo/attachments/43870/6177-Criminologia-Srgio-Salomo-
Shecaira.pdf. Acesso em 29 abr. 2022.

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