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ARTIGO ARTICLE 773

Envelhecimento com dependência:


responsabilidades e demandas da família

Aging with dependence:


family needs and responsibilities

Célia Pereira Caldas 1,2

1 Universidade Aberta Abstract This article highlights the phenomenon of “aging with dependence” as a challenge to
da Terceira Idade,
be dealt with by the field of collective health and discusses responsibilities for providing health
Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. care to this population contingent, comparing the necessary and existing conditions for families
Rua São Francisco Xavier to assume responsibility for such care. The analysis is based on authors and theoretical refer-
524, Rio de Janeiro, RJ
ences involving studies on aging, dependence, public policies, and available community re-
20559-900, Brasil.
2 Faculdade de Enfermagem, sources for health care for the elderly. The following themes are emphasized: dependence and ag-
Universidade do Estado ing, the economic issue of dependence, family care, and family needs. The article concludes that
do Rio de Janeiro.
since dependence is a dynamic process, it should be approached through programs that range
Boulevard 28 de Setembro
157, Rio de Janeiro, RJ from health promotion strategies to the establishment of support networks for long-term care in
20551-030, Brasil. the community. These programs should be part of a public policy that involves all sectors of soci-
ety and that can provide back-up for dependent seniors, with or without family support.
Key words Health; Aging; Home Nursing

Resumo Os objetivos deste artigo são apontar o fenômeno “envelhecimento com dependência”
como um desafio a ser incorporado pelo campo da Saúde Coletiva e discutir a responsabilidade
pela assistência a esse contingente populacional, contrapondo as condições necessárias às exis-
tentes para que as famílias assumam os cuidados. A análise é feita a partir de autores e marcos
teóricos que desenvolveram estudos sobre envelhecimento, dependência, políticas públicas e re-
cursos comunitários disponíveis para a atenção à saúde do idoso. Os temas destacados para esta
análise foram: a dependência e o envelhecimento; a questão econômica da dependência; o cui-
dado familiar; e as necessidades da família. Conclui-se que, por ser um processo dinâmico, a de-
pendência deve ser abordada por intermédio de programas que incluam desde estratégias de
promoção da saúde até o estabelecimento de redes de apoio a cuidados de longa duração na co-
munidade. Tais programas devem fazer parte de uma política pública que envolva todos os seto-
res da sociedade e que possa respaldar os idosos dependentes, com ou sem suporte familiar.
Palavras-chave Saúde do Idoso; Envelhecimento; Cuidados Domiciliares de Saúde

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Introdução lidade das famílias, já que a organização comu-


nitária também se mostra bastante incipiente.
Alicerçado em conteúdo teórico-conceitual na Outro estudo sobre o suporte domiciliar aos
área do envelhecimento e visando a contri- adultos com perda da independência, reali-
buir para o campo da Saúde Coletiva, o presen- zada de 1991 a 1995 no Município de São Pau-
te estudo tem como eixo a questão do envelhe- lo com famílias de baixa renda (Karsch, 1998),
cimento com dependência e o impacto que es- aponta que mais de 90% das famílias não rece-
ta responsabilidade gera na família. A intenção beram ajuda de serviços, organizações ou gru-
é a de, por meio de uma revisão crítica sobre o pos voluntários e/ou agências particulares, mas
tema, dar subsídios para discussões que levem cerca de 30% delas confirmaram que se pudes-
a medidas de apoio aos idosos e suas famílias. sem receber esse tipo de auxílio ficariam satis-
A escolha do tema deu-se em função da ne- feitas.
cessidade de reconhecer que essa questão ten- Sobre a questão financeira, a mesma pes-
de a se tornar um problema de saúde pública. quisa mostra que mais de 90% dos cuidadores
É crescente o contingente de idosos dependen- declararam que nem os pacientes nem eles pró-
tes, uma vez que a expectativa de vida vem au- prios recebiam apoio financeiro de qualquer
mentando. instituição, salvo, eventualmente, de familiares
Os objetivos que este trabalho procura atin- mais próximos. Mais de 40% dos cuidadores
gir são, portanto, apontar o fenômeno “enve- disseram precisar de apoios que não recebem,
lhecimento com dependência” como um desa- tais como orientações, apoio pessoal, consul-
fio a ser incorporado pelo campo da Saúde Pú- tas mais freqüentes, auxílio em transporte, etc.
blica e contrapor duas situações: (a) as condi- As evidências empíricas mostram que as
ções necessárias à manutenção dos cuidados doenças causadoras de dependência geram gas-
com as pessoas idosas e dependentes na co- tos crescentes, cujo impacto na economia fa-
munidade; e (b) as condições que a família real- miliar ainda não é conhecido no Brasil. A ne-
mente dispõe no meio urbano brasileiro para cessidade de assistência permanente ao enfer-
ser responsabilizada pela assistência a esse mo gera um custo elevado para os familiares,
contingente populacional. pois, atualmente, nenhum sistema de atenção
A alteração demográfica mais importante à saúde prevê uma oferta suficiente dos servi-
que influenciará o aumento da freqüência de ços necessários a uma população portadora de
utilização dos serviços de saúde é o rápido cres- dependências com crescimento exponencial.
cimento da proporção de pessoas com mais de A relevância econômica dos gastos exige
85 anos. Esse grupo apresenta geralmente uma uma análise acurada para fornecer aos for-
grande carga de doenças crônicas e limitações muladores das políticas de saúde informações
funcionais. com as quais possam traçar objetivos e progra-
De acordo com Hazzard et al. (1994), é sig- mas de ação visando a uma solução qualitativa
nificativo o efeito da idade avançada somado a e economicamente viável para o problema. Ho-
certas condições causadoras de dependência je, pouco se conhece sobre o impacto econô-
muito freqüentes entre idosos, a saber demên- mico da dependência do idoso na família e no
cia, fraturas de quadril, acidentes vasculares próprio sistema de saúde. Seria de fundamen-
cerebrais, doenças reumatológicas e deficiên- tal importância para a formulação de políticas
cias visuais. Essas situações reduzem a capaci- saber quais são os gastos de um paciente idoso
dade do indivíduo de superar os desafios am- com alto grau de dependência para o Sistema
bientais. Único de Saúde, para os planos privados de as-
Observa-se que, com a falência do sistema sistência à saúde e para aqueles sem cobertura
previdenciário, a família vem progressivamen- alguma.
te se tornando a única fonte de recursos dis- No Brasil, é notória a inexistência de um
ponível para o cuidado do idoso dependente. programa de governo direcionado para a po-
Saad (1991), em seu estudo sobre as tendências pulação idosa que desenvolve dependência,
e conseqüências do envelhecimento popula- apesar da existência de uma Política Nacional
cional no Brasil, apresentado em um informe de Saúde do Idoso (Brasil, 1999), cujo Decreto-
demográfico da Fundação Sistema Estadual de Lei foi promulgado em 1999.
Análise de Dados de São Paulo (Fundação Sea- Assim, pesquisas, investigações e estudos
de), aponta que há uma carência de redes de que busquem atualizar os conhecimentos e pro-
suporte formais ao idoso. A autora afirma que, curem estabelecer informações sobre o proble-
diante dos dados apresentados em seu estudo, ma são relevantes e podem se transformar em
fica claro que a tarefa de amparar os idosos es- fontes de contribuição para a gestão dos for-
tá quase que exclusivamente sob a responsabi- muladores da política sanitária, quer sejam

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públicos ou privados. Afinal, citando Mendes do autocuidado, como alimentar-se, vestir-se,


(2001:103): “a crescente demanda de assistên- controlar os esfíncteres, banhar-se, locomover-
cia à saúde da faixa etária que irá mais crescer se, etc.; (b) atividades instrumentais da vida
nesse século e a existência de alternativas de diária – indicativas da capacidade para levar
atenção colocam importantes questionamentos uma vida independente na comunidade, como
a quem formula, planeja, executa e, principal- realizar as tarefas domésticas, compras, admi-
mente, a quem financia os serviços de saúde. In- nistrar as próprias medicações, manusear di-
sistir exclusivamente no modelo hospitalar e nheiro, etc.; e (c) atividades avançadas da vida
asilar significa uma total falta de sintonia com diária – marcadoras de atos mais complexos, e
o que está acontecendo no mundo, como um em grande parte, ligados à automotivação, co-
desprezo pela realidade do idoso no Brasil”. mo trabalho, atividades de lazer, contatos so-
ciais, exercícios físicos, etc.
É importante acrescentar, segundo Pitaud
Dependência e envelhecimento (1999), que a realização das atividades lista-
das acima, além da capacidade de participar da
O termo “dependência” liga-se a um conceito vida econômica e social e decidir o que se quer
fundamental na prática geriátrica: a “fragilida- fazer com seus recursos sem a ajuda de tercei-
de”. A fragilidade é definida por Hazzard et al. ros, caracteriza uma pessoa independente.
(1994) como uma vulnerabilidade que o indiví- A dependência se traduz por uma ajuda in-
duo apresenta aos desafios do próprio ambien- dispensável para a realização dos atos elemen-
te. Essa condição é observada em pessoas com tares da vida. Não é apenas a incapacidade que
mais de 85 anos ou naqueles mais jovens que cria a dependência, mas sim o somatório da in-
apresentam uma combinação de doenças ou capacidade com a necessidade. Por outro lado,
limitações funcionais que reduzam sua capaci- a dependência não é um estado permanente.
dade de adaptar-se ao estresse causado por do- É um processo dinâmico cuja evolução pode
enças agudas, hospitalização ou outras situa- se modificar e até ser prevenida ou reduzida se
ções de risco. houver ambiente e assistência adequados.
Ao se definir o objeto “envelhecimento com
dependência”, destaca-se a questão da preva-
lência de patologias crônicas nesse grupo etá- A questão econômica
rio. Llera & Martín (1994) afirmam que essa
cronicidade observada na maioria dos idosos Chappell (1993), Kosberg (1992), Karsch (1998),
necessita de uma abordagem abrangente pa- Moragas (1994) e outros estudiosos do assun-
ra ser bem avaliada, já que as doenças crôni- to apontam que, quando os idosos são acome-
cas podem ser incapacitantes ou não. Portan- tidos por doenças incapacitantes, particular-
to, faz-se necessário classificar a incapacidade mente em relação àquelas oriundas da deterio-
em graus de dependência: leve, parcial ou total. ração das funções neurológicas, causadoras de
É exatamente o grau de dependência que de- dependência em alto grau, observa-se que o
termina os tipos de cuidados que serão neces- cuidado tem sido prestado por um sistema de
sários. suporte informal, em especial nos países em
Para se avaliar o grau de dependência utili- desenvolvimento. Esse sistema inclui cuida-
za-se o método de avaliação funcional. Esse mé- dores que podem ser familiares, amigos, vizi-
todo, bastante conhecido e aplicado na prática nhos e membros da comunidade cujas ativida-
geriátrica, tem se mostrado um indicador sen- des são, em geral, prestadas voluntariamente,
sível e relevante para avaliar necessidades e de- sem remuneração. Ramos et al. (1993), em es-
terminar a utilização de recursos. tudo realizado no Município de São Paulo, de-
A “função” é definida como a capacidade de monstram que 2% dos idosos não contam com
um indivíduo se adaptar aos problemas coti- nenhuma ajuda familiar em caso de doença ou
dianos, ou seja, aquelas atividades que lhe são incapacidade; 40% contam com o cônjuge; 35%
requeridas por seu entorno imediato, incluindo contam com a filha; 11%, com o filho e 10%,
a sua participação como indivíduo na socieda- com toda a família. Nos domicílios unigeracio-
de, ainda que apresente alguma limitação físi- nais cresce a perspectiva de ajuda do cônjuge
ca, mental ou social. É portanto um fenômeno (60%) e, nos multigeracionais, da filha (56%) e
complexo, influenciado por múltiplos fatores. do filho (13%). Yasaki et al. (1991) acrescentam
A função é avaliada com base na capacida- que, embora os idosos pobres residentes em
de de execução das atividades da vida diária áreas metropolitanas com comprometimentos
(AVD), que por sua vez se dividem em: (a) ativi- físicos e cognitivos estejam convivendo com-
dades básicas da vida diária – tarefas próprias pulsoriamente com os filhos, o asilamento é

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visto como negativo tanto pelos próprios ido- tivos de qualidade da assistência, portanto é
sos quanto por seus familiares, de todos os ní- importante questionar o próprio modelo de
veis de renda. assistência, que deve priorizar a promoção da
Chappell (1993) refere que o cuidado infor- saúde visando a um envelhecimento bem-su-
mal é parte da abordagem mais atual da aten- cedido.
ção social prestada na comunidade. Essa auto- Walker (1990, apud Chappell, 1993), aponta
ra contribui com afirmações baseadas em pes- que a impossibilidade de atender à demanda
quisas que comparam as políticas de atenção gerada pelo aumento da população idosa pode
ao idoso em seu país, o Canadá, com as políti- ser usada como justificativa para se repassar à
cas de outros países desenvolvidos. Chappell família as responsabilidades e, então, as ins-
(1993) então aponta que em todas as aborda- tâncias que poderiam respaldar o idoso deso-
gens as contribuições e o papel do cuidado in- brigam-se de investir nessa área.
formal da família e dos amigos são uma pedra As políticas públicas de vários países, in-
angular na nova retórica, apoiada pela pesqui- cluindo o Brasil, reconhecem oficialmente a
sa gerontológica sobre suporte e cuidado pres- contribuição dos cuidadores informais, dos vo-
tados aos idosos. luntários e do setor privado para complemen-
A família e os amigos são a primeira fonte tar a assistência pública. Mas a questão do fi-
de cuidados. O maior indicador para o asila- nanciamento do cuidado comunitário perma-
mento e outras formas de institucionalização nece um desafio a ser enfrentado. Que parcela
de longa duração entre idosos é a falta de su- cabe às famílias no tratamento do paciente ido-
porte familiar e a inexistência de doença. Chap- so dependente de cuidados? E qual é a parcela
pell (1993) acrescenta que, apesar das evidên- que cabe ao Estado?
cias a favor da promoção da saúde, da preven- A dependência precisa ser reconhecida co-
ção de doenças, da necessidade de um cuidado mo uma importante questão de saúde pública.
na comunidade (community care) e do desejo Seu impacto sobre a família e a sociedade não
pela participação e integração do idoso na so- pode ser subestimado. No Brasil, a Política Na-
ciedade, os investimentos do governo federal cional de Saúde do Idoso (Brasil, 1999), reco-
do Canadá nessas áreas permanecem baixos. A nhecendo a importância da parceria entre os
maior parte dos investimentos ainda vai para o profissionais de saúde e as pessoas que cuidam
cuidado curativo. dos idosos, aponta que essa parceria deverá
Hoje já é reconhecida a importância de cui- possibilitar a sistematização das tarefas a serem
dado de longo prazo na comunidade para a po- realizadas no próprio domicílio, privilegiando-
pulação idosa. Chappell (1993) afirma que os se aquelas relacionadas à promoção da saúde,
países industrializados têm reconhecido essa à prevenção de incapacidades e à manutenção
importância e a integração dos cuidados comu- da capacidade funcional do idoso dependente
nitários ao sistema de saúde está acontecen- e do seu cuidador, evitando-se assim, na medi-
do. Esses países também demonstram que am- da do possível, hospitalizações, asilamento e
pliar a atenção à saúde para uma maior valori- outras formas de segregação e isolamento.
zação e inserção de cuidados na comunidade é No entanto, essa política não foi regulamen-
concomitante aos estudos e preocupações com tada e, portanto, não foram abordadas ques-
custo-eficácia. tões relativas ao financiamento das ações pre-
Segundo Moragas (1994) – teórico espanhol vistas na política, tampouco explicitadas as es-
que se dedicou a estudar os diversos aspectos tratégias a serem utilizadas para alcançar os ob-
da dependência –, os responsáveis pelas áreas jetivos supracitados.
de saúde e social de diversos países afirmam
que não existe numerário público capaz de fa-
zer frente à totalidade das necessidades que os O cuidado familiar
enfermos portadores de dependência precisa-
rão para os próximos anos. Não obstante, existe A família predomina como alternativa no sis-
certa reticência em planejar o futuro dessa as- tema de suporte informal aos idosos. Kosberg
sistência, uma vez que não desperta o interes- (1992), em seu estudo comparativo sobre o cui-
se de políticos e os técnicos não têm soluções. dado familiar do idoso em diversos países, nos
A importância econômica do gasto exige cinco continentes, aponta várias razões para
um planejamento múltiplo, já que é impensá- que esta tenha se tornado a principal fonte de
vel que somente o sistema público possa fazer cuidados para os idosos.
frente ao gasto com o cuidado aos doentes. A Entretanto, é preciso destacar que, embora
institucionalização de todos os afetados não é o cuidado familiar seja um aspecto importan-
possível, seja por motivos de custo ou por mo- te, ele não se aplica a todos os idosos. Existem

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idosos que não têm família. Há outros cujas fa- vam ser cuidados pela família (por questões
mílias são muito pobres ou seus familiares pre- morais, econômicas ou éticas), não se pode ga-
cisam trabalhar e não podem deixar o mercado rantir que a família prestará um cuidado hu-
de trabalho para cuidar deles. manizado.
O fato de morar só, para o idoso, tem sido Para acompanhar o fluxo de tais mudanças
associado a um decréscimo na qualidade de vi- são imprescindíveis programas e serviços para
da, agravamento da morbidade e, até mesmo, idosos. Essas ações são urgentes e necessárias,
indicador de risco de mortalidade. De acordo pois muitos idosos isolados, dependentes e
com a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição abandonados necessitam de alternativas à as-
(PNSN) (INAN, 1990), mais de 10% da popu- sistência familiar de que não dispõem.
lação idosa brasileira morava sozinha, com a
maior proporção recaindo sobre as mulheres,
em especial as de 80 anos e mais que residiam As necessidades da família
na zona rural (23%). Portanto, diferentemen-
te dos países norte-americanos e europeus, a Caldas (2000) e Harvis & Rabins (1989) indicam
maioria dos idosos brasileiros mora com a fa- que a família apresenta necessidades que vão
mília. desde os aspectos materiais até os emocionais,
Ainda baseada na PNSN, Anderson (1997) passando pela necessidade de informações. O
destaca, em seu estudo sobre saúde e condi- aspecto material inclui recursos financeiros,
ções de vida do idoso no Brasil, que grande par- questões de moradia, transporte e acesso a ser-
te da população, principalmente nos grandes viços de saúde. Por outro lado, essa família-cui-
centros urbanos, reside em domicílios com dadora necessita de informação sobre como
um número restrito de cômodos que, cada vez realizar os cuidados, incluindo a adaptação do
mais, diminuem de tamanho, comprometendo ambiente ao idoso. Além disso, são importan-
as condições de conforto e privacidade do ido- tes o suporte emocional, uma rede de cuida-
so. Araújo & Alves (2000) informam que, segun- dos que ligue a família aos serviços de apoio e
do o PNAD (IBGE, 1996), mais de 85% dos ido- meios que garantam qualidade de vida aos cui-
sos no Brasil vivem em domicílios onde existe dadores principais.
a presença de parentes e somente uma peque- Medeiros et al. (1998) abordam um aspec-
na parte desses idosos (11,6%) vive sozinha ou to de grande relevância para a questão do fi-
com pessoas sem nenhum laço de parentesco. nanciamento da assistência ao idoso depen-
Estudos sobre transferências intergeracio- dente. Trata-se da transferência do papel da se-
nais têm mostrado que, entre as famílias mais guridade social para as famílias. Os benefícios
pobres, os idosos contribuem com o seu rendi- previdenciários constituem o substitutivo da
mento da aposentadoria para o orçamento do- renda do trabalho humano, quando este não
miciliar. Essa contribuição tem papel impor- pode mais ser exercido diante do surgimento
tante nas estratégias de sobrevivência do gru- de um risco social ou profissional. Essa prote-
po doméstico. O importante estudo de Cama- ção social no Brasil está assegurada pela Previ-
rano (2002), baseado em dados do Instituto de dência Social.
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), destaca Medeiros et al. (1998:122) definem Previ-
essa questão. dência Social como “...um agente de equilíbrio
No entanto, embora o idoso brasileiro nos social que tem o objetivo de assegurar recursos
estratos mais pobres da população contribua para a manutenção do indivíduo e seus fami-
com sua renda para o sustento da família, nem liares nos casos de riscos ou contingências so-
sempre ele recebe o respaldo de que necessita, ciais, determinados por morte, incapacidade,
tanto por ser insuficiente o recurso quanto pe- velhice, invalidez, desemprego ou reclusão”. A
las dificuldades que a família encontra para de- autora prossegue afirmando que a garantia des-
le cuidar. Caldas (2002) afirma que um cuidado sa proteção está em questão porque, em con-
que se apresenta de forma inadequada, inefi- seqüência da transição demográfica, houve um
ciente ou mesmo inexistente, é observado em aumento da expectativa de vida e, conseqüen-
situações nas quais os membros da família não temente, uma ampliação do número de pes-
estão disponíveis, estão despreparados ou es- soas que recebem benefícios, sem que tenha
tão sobrecarregados por essa responsabilida- aumentado, na mesma proporção, o número de
de. Nesse contexto, existe a possibilidade con- contribuintes. Hoje, a proporção é preocupan-
creta de serem perpetrados abusos e maus-tra- te: para cada 2,3 contribuintes existe uma pes-
tos. Portanto, é necessário lembrar que, embo- soa recebendo benefício mensalmente.
ra a legislação e as políticas públicas afirmem e Percebe-se então que a seguridade social,
a própria sociedade acredite que os idosos de- que objetiva garantir a saúde, a previdência e a

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assistência social (Constituição Federal – Bra- dados; e proximidade afetiva, destacando a re-
sil, 1988), não tem conseguido cumprir seu pa- lação conjugal e a relação entre pais e filhos.
pel, transferindo-o para os cidadãos e fazendo Em geral, são as mulheres que assumem o
recair sobre a família a cobertura de suas fa- cuidado, e esse papel é visto como natural, pois
lhas. Por sua vez, a família desse paciente ido- está inscrito socialmente no papel de mãe. Cui-
so dependente, que recebe os baixos benefícios dar dos familiares idosos, portanto, é mais um
previdenciários do paciente (aposentadoria, dos papéis que a mulher assume na esfera do-
pensão ou benefício de auxílio-doença), não méstica. Nesse contexto, surge outra variável
consegue arcar com os custos do cuidado. significativa: a faixa etária dos cuidadores que
Ainda que se considere a dificuldade de fi- pertencem, freqüentemente, à mesma geração
nanciamento da assistência ao idoso depen- dos doentes. São “idosos jovens independen-
dente na comunidade, é possível estabelecer tes” cuidando de “idosos dependentes”.
políticas públicas que envolvam mecanismos De acordo com Caldas (1995), a sobrecarga
de apoio institucional e comunitário às famí- física, emocional e sócio-econômica do cuida-
lias que cuidam e aos idosos que não possuem do de um familiar é imensa. E não se deve es-
uma família que assuma os cuidados. Com ba- perar que os cuidados sejam entendidos e exe-
se nos dados da pesquisa desenvolvida em sua cutados corretamente sem que os responsáveis
tese de doutorado, Caldas (2000) concluiu que, pelo paciente sejam orientados. Seria funda-
quando contam com uma estrutura de apoio mental que profissionais de saúde treinassem
institucional, estratégico, material e emocio- o cuidador e supervisionassem a execução das
nal, os cuidadores têm a possibilidade de exer- atividades assistenciais necessárias ao cotidia-
cer o cuidado e permanecer inseridos social- no do idoso até que a família se sentisse segura
mente sem imobilizar-se pela sobrecarga de- para assumi-las. A família deve ser preparada
terminada pela difícil e estafante atenção ao também para lidar com os sentimentos de cul-
doente dependente. pa, frustração, raiva, depressão e outros senti-
No entanto, é necessário aprofundar os es- mentos que acompanham essa responsabili-
tudos a respeito dessa realidade. Ao ressaltar dade.
a importância de estudos desse tipo, Karsch Medeiros et al. (1998) apontam os resulta-
(1998) aponta que nos países desenvolvidos, dos de um estudo qualitativo sobre a trajetó-
onde existem estudos conclusivos sobre os ria de vidas de cuidadores de idosos altamente
custos da assistência hospitalar e do asilamen- dependentes no Município de São Paulo, com
to de pessoas que perderam sua capacidade uma população de baixa renda que pode ser
funcional, os programas de community care – um retrato bastante fidedigno de outras regiões
que geralmente se baseiam no levantamento metropolitanas do Brasil sobre a falta de apoio
de recursos formais e informais existentes em e orientação para cuidar.
bairros ou regiões das grandes cidades – têm Os cuidadores mencionaram que, quando
sido as alternativas menos caras de assistência da alta hospitalar, os familiares raramente rece-
à saúde. Para tal finalidade, são incentivados beram informações claras a respeito da doen-
estudos que revelem quem são as pessoas que ça, orientação ou apoio para os cuidados, nem
cuidam de idosos mais frágeis, seja por doen- indicação de um serviço para prosseguir o tra-
ças crônico-degenerativas, seja pela idade em tamento. A maioria desses cuidadores foi orien-
si, que demandam atenção constante e medi- tada, superficialmente, sobre medicação, ali-
das de follow-up após cada alta hospitalar. mentação e retornos.
O fato de um membro da família desenca- O abandono, a falta de orientação e a fal-
dear um processo de dependência altera a di- ta de recursos estão presentes não só no mo-
nâmica familiar. À medida que a pessoa vai de- mento da alta hospitalar, mas também no tra-
senvolvendo a doença, há uma mudança de tamento ambulatorial. A demora é grande para
papéis nos membros da família. Mendes (1995) se conseguir marcar as consultas de acompa-
aponta que, em geral, a decisão de assumir nhamento médico, demora que é ainda maior
os cuidados é consciente, e os estudos revelam quando é preciso consultar especialistas, exa-
que, embora a designação do cuidador seja in- mes complementares, fisioterapia e fonote-
formal e decorrente de uma dinâmica, o pro- rapia.
cesso parece obedecer a certas regras refletidas Muitas vezes, os familiares nem sequer re-
em quatro fatores: parentesco, com freqüência cebem orientação sobre onde conseguir o tra-
maior para os cônjuges, antecedendo sempre a tamento necessário. Além do que, quando ob-
presença de algum filho; gênero, com predomi- têm o recurso, falta-lhes transporte adequado
nância da mulher; proximidade física, conside- para as limitações do paciente, uma vez que
rando quem vive com a pessoa que requer cui- muitos têm dificuldades de locomoção. Esta-

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belece-se, então, um círculo vicioso: doença, cente, no entanto já existem muitos estudos
falta de tratamento, agravamento da doença e, que apontam, de forma recorrente, que esse é
como conseqüência, aumento dos gastos com a um processo irreversível, diante do comporta-
doença. mento da fecundidade e da mortalidade regis-
Um estudo de referência nessa área de su- trado nas últimas décadas e do esperado para
porte aos cuidados domiciliares é descrito por as próximas.
Felgar (1998). Trata-se da pesquisa coordenada Observa-se que as condições e a qualida-
por Úrsula Karsch, denominada Estudo do Su- de de vida da população idosa no Brasil já eram
porte Domiciliar aos Adultos com Perda da In- precárias quando evidenciadas pelos dados da
dependência e Perfil do Cuidador Principal. PNSN em 1990. Ao consultar dados da PNAD
Realizada de 1991 a 1995 no Município de São de 1996, nota-se que alguns indicadores apre-
Paulo, teve como objetivo conhecer as caracte- sentaram melhora, como o nível de escolarida-
rísticas dos cuidados comunitários oferecidos de e o índice de Gini.
aos adultos com diferentes graus de dependên- A questão é que, paralelamente ao aumen-
cia, de uma perspectiva longitudinal, em uma to do número de idosos na população, convi-
área metropolitana do Brasil. vemos com os efeitos sociais da crise econômi-
A amostra inclui 160 pacientes que tiveram ca que o Brasil enfrenta. A recessão econômica
alta de diversos hospitais de São Paulo após in- traz profundos impactos sociais sobre a vida
ternação por episódios agudos de AVC. Esses dos idosos, particularmente para aqueles que
pacientes foram visitados três vezes ao lon- apresentam alguma dependência. As políticas
go de um ano. Os dados mostram que eram fa- de ajuste têm contribuído para agravar esses
mílias de baixa renda. Cerca de 70% vivem com impactos, acentuando as desigualdades.
até cinco salários mínimos, dos quais quase Mesmo com a conquista da renda pela as-
50%, com até três salários mínimos. sistência social para o idoso pobre garantida
Em relação ao impacto da doença sobre as pela Constituição Federal (Brasil, 1988), o pro-
condições materiais da família, observou-se blema do idoso dependente não foi resolvido,
que não há substituição de tarefas anteriores à pois, com o alto índice de desemprego, o ren-
tarefa de cuidar do idoso acometido por AVC. dimento do idoso passa a sustentar a família e
O desempenho cotidiano, seja no domicílio se- com isso, a renda familiar mantém-se abaixo
ja em trabalho extradomiciliar, vê-se acresci- da linha de pobreza.
do da tarefa de cuidar. Aponte-se também a pe- Portanto, ao analisarmos tanto os dados da
quena extensão dos orçamentos, que passam a PNSN de 1990 quanto os da PNAD de 1996, con-
ser mais comprimidos pelas inesperadas des- cluímos que o baixo nível de renda, a baixa es-
pesas com hospitais, transporte, medicação, colaridade e a carência de serviços públicos e
equipamentos, etc., como fator de sobrecarga de saneamento básico são indicadores de pre-
para essas famílias. cariedade das condições e da qualidade de vi-
Enfim, citando Karsch (1998), no atual qua- da para a população idosa no Brasil, em espe-
dro precário e insuficiente dos serviços do sis- cial na zona rural. É preciso inserir a questão
tema brasileiro de saúde, constata-se que os do envelhecimento com dependência nesse
velhos dependentes sobrevivem com poucos quadro que, por si, já é preocupante.
recursos pessoais e sociais. Longe do atendi- A dependência de um familiar idoso gera
mento institucional, entretanto, encontram-se impacto na dinâmica, na economia familiar e
familiares, amigos e grupos religiosos, ou seja, na saúde dos membros da família que se ocu-
formas de ajuda não visíveis de imediato, mas pam dos cuidados. Por outro lado, é necessário
presentes nas dificuldades cotidianas, cum- pensar nos idosos que não têm uma família pa-
prindo o difícil papel de tecer a rede de cuida- ra assumir os cuidados necessários em situa-
dos, muitas vezes improvisados, que fornece ções de dependência.
algum suporte àqueles cuja gravidade de de- Embora a Constituição Federal (Brasil, 1988),
pendência exige que estejam sob a responsabi- a Política Nacional do Idoso (Brasil, 1994) e a
lidade de outra pessoa. Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil,
1999) apontem a família como responsável pe-
lo o atendimento às necessidades do idoso, até
Considerações finais agora o delineamento de um sistema de apoio
às famílias e a definição das responsabilidades
Cada vez mais o tema do envelhecimento com das instâncias de cuidados formais e informais,
dependência vem sendo abordado nos países na prática, não aconteceram. O sistema de saú-
desenvolvidos. No Brasil, o envelhecimento da de, público ou privado, não está preparado pa-
população é um fenômeno relativamente re- ra atender nem a demanda de idosos que cres-

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ce a cada dia, nem a de seus familiares. Por sua dependência. E isso deve ser parte dos progra-
vez o sistema previdenciário, público ou priva- mas de promoção da saúde.
do, não prevê formas de financiamento para o O Programa Saúde da Família pode ser uma
estabelecimento de redes de apoio às necessi- estratégia eficiente para fazer face a esse desa-
dades de assistência aos idosos dependentes, fio, mas seria necessário que a questão do cui-
com ou sem família. dado ao idoso dependente fosse incorporada
A dependência deve ser destacada como pelo programa de forma específica, incluindo
um processo dinâmico. Sua evolução pode mo- previsão de financiamento das ações e estabe-
dificar-se ou até ser prevenida se houver am- lecimento de uma rede de suporte institucio-
biente e assistência adequados. Portanto, a so- nal, o que ainda não foi feito. O cuidador infor-
lução do problema representado pelo envelhe- mal poderia e deveria ser visto como um agen-
cimento com dependência inclui o delinea- te de saúde e receber orientações direcionadas
mento de uma política que envolva todos os para prestar um cuidado adequado ao idoso,
setores da sociedade, e não apenas o governo, e incluindo medidas preventivas para evitar a
o estabelecimento de programas que atendam dependência precoce e específicas sobre os cui-
aos idosos independentes a fim de prevenir a dados com o idoso dependente que envelhece
na comunidade.

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