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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MBA EM ENFERMAGEM EM DERMATOLOGIA

Resenha Crítica de Caso


Bruna Fernanda Antunes Costa de Oliveira

Trabalho da disciplina: Políticas Publicas de Saúde


Tutor: Prof. Joyce Pereira dos Santos Muniz Silva

Salvador
2020

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RELATÓRIO 30 ANOS DE SUS, QUE SUS PARA 2030?

Referência: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Disponível em:


https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5809:opas-
lanca-relatorio-30-anos-de-sus-que-sus-para-2030-e-destaca-importancia-de-atencao-
primaria-e-mais-medicos&Itemid=843

Assegurado pela constituição federal brasileira (1986), onde define que a saúde é um direito
universal de todos e após varias reivindicações e um movimento de reforma sanitária, o
governo brasileiro instituiu o sistema único de saúde (SUS), tornando-se um dos maiores do
mundo, com acesso universal e uma referencia quanto a universalidade da saúde, gestão
publica, com atenção integral a saúde, a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. Vem
nos últimos anos passando por algumas instabilidades, colocando em discussão questões
quanto a universalidade, equidade e gratuidade.

O acesso universal é sugerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), junto com a
Organização Pan-Americana (OPAS), e definem que ele seja sem distinção e preconceitos,
com origem nacional ou social e com financiamento de pelo menos 6% do PIB (Produto
Interno Bruto) do país, com ações determinantes sociais e ambientais da saúde.

Há uma discussão quanto a sustentabilidade do sistema naqueles países que adotaram um


sistema universal, principalmente devido aas mudanças demográficas e epidemiológicas,
associada a isso o crescente custo do setor. Porém uma das formas de seu fortalecimento é
através de mecanismos de regulação, com base nos conhecimentos científicos e fortalecendo a
atenção primária, já que esta diminui as taxas de hospitalização, uma maior equidade e
menores despesas. Permitindo o enfraquecimento desse sistema é deixar uma população
desamparada e vulnerável a grandes epidemias globais e aumentar a prevalência e custos com
doenças crônicas, as quais podem ser abrandadas por essa política, exemplo disso há estudos
com a Estratégia da Saúde da Família, a qual associada a outros programas sociais como o
bolsa família, reduziu a taxa de mortalidade infantil pós-neonatal e de doenças
cardiovasculares e acidente vascular cerebral, dentro dos 30 anos do SUS.

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Em um dos estudos realizado pela OPAS/OMS, os participantes em sua maioria reconhecem a
necessidade de reformas no SUS, onde ela deve ser feita de forma radical, porém mantendo a
garantia constitucional do direito a saúde, havendo uma discussão sobre as questões da
manutenção da universalidade e integralidade do sistema único, sendo necessária uma
medicina baseada em evidencias cientificas e ao mesmo tempo de forma gratuita, universal e
sem restrições, apenas com uso de mecanismos de regulação. Para a minoria nesse estudo, a
municipalização representa um progresso e reconhece que esse processo foi necessário e
indispensável para a consolidação do SUS. Em contrapartida, uma maioria acredita que apesar
dos avanços se faz necessário uma revisão propondo uma articulação coordenada pela gestão
estadual, pode vir a melhorar o acesso aos serviços de saúde e ainda corrigir eventuais
problemas em decorrência a descentralização, porém respeitando a autonomia do município e
garantido o acesso aos bens e serviços de saúde para os habitantes da região. Apesar de haver
uma carência de profissionais de saúde, em especial os médicos que tendem a permanecer nos
grandes centros devido aos incentivos das iniciativas privadas, há aqueles no estudo que
acreditam que não há uma falta de recursos, mas sim uma atenção médico centrista, onde
devido ao ato medico impossibilitou a realização de alguns procedimentos por outros
profissionais de saúde capacitados. Tendo a atenção primária como coordenadora da atenção a
saúde, a maioria entende que o investimento é insuficiente assim impossibilitando a
integralidade do atendimento e consideram injusta uma co-participação dos usuários, já que a
sua maioria é de pessoas de baixa renda, sendo através da atenção primária a forma de
ingresso ao sistema. O estudo conclui que há um consenso quanto a manutenção do SUS para
todos os cidadãos, sem nenhuma distinção, de acordo com o que rege a constituição federal,
mas com algumas reformas afim de aperfeiçoar e ser sustentável para o Brasil, a fim de
preservar a universalidade, integridade e a ausência de impedimentos financeiras, associado a
um dialogo social, debate técnico e um esboço de experiências internacionais para fortalecer o
ponto de vista de um sistema publico universal, baseado no direito a saúde.

Diferentes impactos influenciam na austeridade, onde em muitos países a decisão política tem
motivação ideológica, vindo à obrigação de cortes os quais em sua maioria recai sobre a
saúde. No Brasil, em que princípios como universalidade, integralidade, equidade,
descentralização e participação social permite a toda população acessar serviços gratuitos,

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independente do grau de complexidade, não houve um acompanhamento efetivo quando a
expansão orçamentária e o crescimento se deram principalmente em programas de atenção
básica através da Estratégia Saúde da Família (ESF) a qual também abrange as emergências e
a saúde mental, ainda assim o gasto público não superou os 4% do PIB nacional.

Já o programa de saúde da criança, associado ao estatuto da criança e adolescente, o programa


de imunização entre outros, possibilitou ao longo dos anos uma redução drástica da
mortalidade neo-natal e infantil. Essa é uma conquista atribuída as políticas da saúde publica,
decorrente do modelo de prevenção a doenças e agravos, promoção, da assistência e cuidados
básicos, além do crescimento econômico, diminuição da desigualdade social, urbanização,
saneamento básico, tratamento de água entre outros, evidenciando que investimentos
reforçados no sistema de saúde principalmente na atenção básica, melhora a saúde da
população. Com as equipes da saúde da família atuante é possível reduzir a mortalidade
infantil em 4,6% a cada 10% no aumento da cobertura pela ESF, ainda mais quando se tem
ampliação do acesso a água potável, ampliação de leitos hospitalares.

Mesmo com investimentos, algumas regiões permanecem carentes quanto aos serviços de
saúde, dessa forma fora implantados diversos programas e políticas, um deles foi o Programa
Mais Médicos (PMM) que consistiu de uma articulação técnica, política e da sociedade civil
do Brasil e de Cuba, afim de garantir uma grande mobilização de profissionais médicos
cubanos, formando um recurso humanos para atuar sobretudo em situações de
vulnerabilidade, garantindo acesso às ações e serviços de saúde em especial nas áreas remotas
e rurais do país.

Um dos desafios do SUS é quanto à saúde mental, a qual vem sendo reconhecida como uma
das mais relevantes no contexto da saúde publica do mundo, devido a uma elevada despesa
econômica em decorrência de incapacitação social e para o trabalho com uma prevalência
entre 20% e 56% das pessoas atendidas em unidade de atenção primária, acometendo
principalmente mulheres. Devido a sua relevância, a saúde mental é um dos objetivos do
desenvolvimento sustentável, proposto pela OMS/OPAS, associado a uma reforma
psiquiátrica ocorrida no inicio dos anos 2000, a qual mudou paradigmas, articulando o campo
social com as relações familiar e comunitária e garantindo um protagonismo do usuário e seus
familiares ao seu tratamento e ou outros aspectos que auxiliam na reabilitação desse paciente,

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tudo isso é amparado pelos centros de atenção psicossocial (CAPS), o qual é subdividido em
CAPSi, para atendimento infanto-juvenil e o CAPS-ad, onde os usuários de álcool e drogas
são atendidos e passam pela desintoxicação, tratamento e reabilitação para o retorno as suas
atividades. Apesar de todos os avanços obtidos após a reforma psiquiatra, é necessário manter
métodos de transformação, incorporação de diversos modos de educação permanente e um
processo de supervisão clinico-institucional.

Em 2015, o Brasil foi acometido por uma emergência epidemiológica, provocada pelo vírus
da Zika, o qual causa problemas neurológicos, infecções congênitas que resulta em má-
formação do feto, tendo a microcefalia a de maior gravidade e a síndrome de Guillain-Barré
que provoca fraqueza nos membros. Uma rede composta por Centros de Informações
Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) promoveu programas de treinamento, a fim de
qualificar equipes para a detecção, análise e respostas a diversos eventos, preparando planos
de contingência em diferentes cenários de ameaças. Devido a ameaça da Zika o ministério da
saúde estabeleceu um plano emergencial onde avançava contra em 3 frentes: 1. combate ao
mosquito Aedes aegypti, mobilizando 32 mil equipes entre 2015 e 2016; 2. atendimento às
pessoas com suspeita e 3.desenvolvimento tecnológico, educação e pesquisa, documentando
e estudando as conseqüências desse vírus. Fazendo com que o Brasil se tornasse um
protagonista de relevância internacional ao que se refere emergência da Zika. Com toda essa
ação de forma rápida e coordenada fica demonstrado uma necessidade de maior investimento
no sistema único de saúde, o qual tem o dever de proteger a população brasileira de situações
em que haja ameaças epidêmicas.

Algo semelhante ocorreu nos anos de 1980, onde o mundo foi pego por uma doença,
desconhecida que inicialmente acometia homossexuais, considerada uma crise sanitária,
despertando uma resposta internacional sem precedentes, mobilizando pessoas e recursos e
desafiando os sistemas de saúde. A epidemia de HIV/Aids trouxe efeitos econômicos,
políticos, sociais e emocionais a saúde publica, em especial países de baixa a média renda são
os mais afetados e a resposta que o Brasil teve quanto a essa epidemia, trouxe uma nova idéia
de organização da atenção a saúde publica e seus usuários, envolvendo a sociedade civil, o
governo, a academia, organismos internacionais e as pessoas infectadas pelo vírus. Pautada na
equidade e integralidade dos direitos humanos, a Política Nacional de controle ao HIV/Aids,

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se estendeu a outras injúrias como hepatites virais e infecções sexualmente transmissíveis,
promovendo a distribuição gratuita de medicamentos antirretrovirais indispensáveis para o
tratamento, o qual só foi possível após uma grande discussão sobre a quebra de patentes
desses medicamentos, tornado junto com a prevenção uma referencia da resposta brasileira a
epidemia do HIV. Nos dias atuais os maiores desafios é o de aperfeiçoar a qualidade da
assistência e do manejo de co-infecções como das hepatites B e C, complicações crônicas
associadas a infecção do vírus e tantas outras comorbidades, tornando necessária a
continuidade efetiva de tais ações. Faz jus a também ao reconhecimento quanto a
implementação da profilaxia de pós-exposição, recomendada no período de 72h após a
exposição sexual de risco e a profilaxia de pré-exposição em pessoas não infectadas, para
reduzir o risco de infecção de pessoas que tenham freqüência regular de praticas sexuais com
pessoas infectadas com o HIV ou que apresente a Aids.

Outro programa de grande sucesso e atenção internacional é o Programa Nacional de


Imunização em que o ministério da saúde é responsável pelas normas técnicas, definição das
vacinas obrigatórias e a aquisição dos 45 tipos de imunobiológicos, contribuindo assim com
avanços do programa e redução de mortalidade e comorbidades provocadas por doenças
imunopreveniveis. Esse programa atinge pessoas de todas as faixas etárias e uma grande
preocupação atual é a cobertura vacinal que vem caindo vertiginosamente ao longo dos anos
isso muitas vezes decorrente da falta de informação qualificada sobre a segurança e benefícios
das vacinas associada a conteúdos superficiais e imprecisos principalmente quanto aos efeitos
colaterais e toxicidade referente aos insumos de produção e também por acharem que ficam
mesmo doentes por algumas vacinas serem de vírus vivos. Com isso põe em risco o programa
de imunização mais também toda a sociedade, não apenas a brasileira como mundial,
deixando todos suscetíveis a doenças que já foram erradicadas em alguns lugares do mundo, a
caso da varicela e atualmente do sarampo e poliomielite.

Fica claro que ao final desse relatório o quanto o SUS é importante para os brasileiros e sendo
também uma referencia de cobertura no mundo inteiro, porém é necessário mais
investimentos em todas as esferas a que ele compreende e uma melhor qualificação dos
recursos humanos, para que possa atender também aquelas regiões mais carentes e distantes
dos grandes centros urbanos.

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