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Análise Crítica
Alguns anos depois, após a revolução industrial, com a vinda de famílias do meio rural
para os centros urbanos, começaram grandes surtos de doenças epidêmicas como varíola,
febre amarela e malária. Todo esse cenário passou a interferir diretamente nos comércios,
trazendo prejuízo para a expansão do capitalismo, que, naquele momento, era uma pauta
relevante no país. A tuberculose, por exemplo, voltou a circulação e passou a ser uma das
principais causas de morte de jovens em sua idade mais produtiva, trazendo atenção para a
necessidade de práticas para a erradicação dessas doenças, como políticas sanitárias,
incentivo à pesquisa direcionado principalmente a saúde, imunização, campanhas, etc. Um
nome muito importante nesse período foi do médico Oswaldo Cruz, que, como diretor-geral
da saúde pública, auxiliou em todo processo, estruturando uma grande campanha contra a
febre amarela, sendo muito rígido com a questão sanitária, chegando a alcançar a
erradicação da doença e a receber uma medalha de ouro como reconhecimento por seu
trabalho no saneamento.
Já na era Vargas, um fator importante para este governo era a força de trabalho,
muitos avanços para a saúde aconteceram, como a criação do Ministério da Educação e da
Saúde, em 1930, e, alguns anos mais tarde, a criação do Ministério da Saúde. Nesse
período, as pessoas com maior poder aquisitivo usufruíram da medicina de forma privada,
fazendo com que houvesse um crescimento nesse segmento, já os trabalhadores e os
demais, utilizavam da medicina popular, Casas de Misericórdia e Institutos de
Aposentadorias e Pensões (IAPS). Iniciou-se a produção de vacinas contra varíola,
campanhas contra poliomielite, malária e meningite; a saúde ainda era muito voltada para
doenças epidêmicas. Como marco podemos citar, ainda, a criação da Central de
Medicamentos (Ceme), iniciando a distribuição de medicamentos para a população. Inicia-se
o registro de vacinas no país, e ocorre a erradicação da varíola.
É um fato que o SUS é um dos maiores e mais complexos sistema de saúde pública
no mundo, podemos citar como exemplo de sua grandiosa competência a imunização na
época da pandemia que, quando as interferências políticas cessaram na compra das
vacinas, logo a imunização ocorreu de forma rápida e gratuita para toda a população,
seguindo os princípios do SUS, de equidade, integralidade e universalização.
Todavia, ainda existem muitos avanços a serem feitos para que a garantia de saúde
prometida na constituição, seja de fato, cumprida. Apesar de ser um sistema completo,
atendendo desde atenção primária à atenção especializada e de alta complexidade, os
usuários do SUS atualmente enfrentam muitos desafios ao se utilizarem desse sistema,
desafios como a demora, o mal atendimento, a falta de profissionais, sobrecarregando
outros, a falta de atendimento, de infraestrutura nos postos, UPAS, hospitais de referência
etc, a falta de medicamentos, de aparelhos, falta de recursos em geral.
Tudo isso dificulta o cumprimento do que é prescrito na lei de garantia à saúde, pois
que saúde pública é esta que o usuário vai no posto e o médico sequer o olha no rosto? Que
saúde é esta que o usuário espera anos na fila para uma cirurgia de algo que lhe causa
imensa dor? Que saúde é esta que a população passa meses esperando uma ligação para
fazer um exame importante?
Visto isso, percebe-se que apesar das inúmeras falhas do SUS, o Brasil é um dos
poucos países de grande extensão e população a oferecer um sistema gratuito e universal,
copiando modelos de países menores e tentando “traduzir” esses sistemas para algo que
consiga suprir as demandas brasileiras.
Portanto, tendo em perspectiva a análise crítica feita em cima da construção histórica
do SUS, seus marcos legais e da comparação com outros sistemas de saúde do mundo,
pode-se constatar que o SUS é, entre outras conjunturas de saúde, um grande privilégio da
população brasileira, que, ao contrário de outras populações do mundo, consegue ter
acesso universal a um sistema de saúde que é referência mundial, e, assim, ter ao seu
alcance uma forma de garantir o estado de bem-estar. Ainda existe um longo caminho a se
percorrer para assegurar que, de fato, esse acesso seja totalmente universal e igualitário a
todas as pessoas, mas, com certeza, muito já se foi conquistado.
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