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SAÚDE COLETIVA
Epidemiologia e o Processo
Saúde-Doença Segunda versão
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UNIDADE 1 - ASPECTOS CONCEITUAIS E DEFINIÇÃO DE
EPIDEMIOLOGIA
Logos = palavra,
Epí = sobre Demós = povo
discurso, estudo
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Os conceitos de epidemiologia estão profundamente relacionados com o dia
a dia de todos os cidadãos e não existe a possibilidade de ignorá-lo uma vez que
todos nós fazemos parte dos dados epidemiológicos do nosso País.
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Hipócrates postulou a existência de quatro fluidos (humores)
principais no corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Desta
forma, a saúde era baseada no equilíbrio desses elementos. Ele via o
homem como uma unidade organizada e entendia a doença como
uma desorganização desse estado. A obra hipocrática caracteriza-se
pela valorização da observação empírica, como o demonstram os
casos clínicos nela registrados, reveladores de uma visão
epidemiológica do problema de saúde-enfermidade. [...] Essas
observações não se limitavam ao paciente em si, mas a seu
ambiente.
Fonte: http://migre.me/4dqRP
Na Idade Média, os saberes foram suprimidos e a saúde passou a ter um
caráter mágico-religioso. Este período é marcado pelas batalhas entre religiões, com
um aumento na força do Cristianismo e invasões dos bárbaros. Seu período é
delimitado entre o ano de 476 d.C., depois da queda do Império Romano do
Ocidente até 1453, com a queda do Império Romano do Oriente.
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Fonte: http://migre.me/4dqX5
A salvação da alma era considerada superior a tudo e poderia ser paga com a
perdição do corpo individual. Neste contexto, os menos afortunados tinham seus
males “tratados” por religiosos em atos de caridade e também por outros leigos. Já
na aristocracia havia o cuidado com a saúde promovida por médicos (SANTOS,
2006).
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social, com registros de dados demográficos, sanitários e de vigilância
epidemiológica.
Fonte: http://migre.me/4dqYv
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distintas e em pontos opostos do império mulçumano, ambos compartilhavam uma
modalidade de filosofia materialista e racionalista [...]”
O ensino médico e a organização sanitária tiveram um progresso rápido.
Curiosamente, as primeiras leis higiênicas consideradas fundamentais para a saúde
na época são atribuídas a Maomé (SANTOS, 2006). A retomada de processos
preventivos no ocidente, marcado pelo Renascimento, somente foi possível pela
conservação dos textos médicos nas bibliotecas árabes durante o sombrio período
medieval.
A clínica moderna tem como fundador o médico e político inglês Thomas
Syderham (1624-1689), também considerado um precursor da ciência
epidemiológica, de caráter hipocrático. Ele realizou meticulosas observações
antecipadoras, a chamada medicina científica e desenvolveu o conceito de “história
natural das enfermidades”, adotado no século XX como medicina preventiva
(ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003).
No século XVII, o inglês John Graunt (1620-1674) desenvolveu um tratado
sobre as tabelas mortuárias em Londres, identificando as
taxas de mortalidade por sexo e região (urbano e rural) e
quantos óbitos ocorriam em relação ao total da população.
Seus registros identificaram elevadas taxas de mortalidade
infantil e a relação entre as variações sazonais e o
aumento de doenças específicas na população. É
considerado o precursor dos estudos de demografia e das
estatísticas vitais, a bioestatística (LAST, 1995).
Fonte: http://migre.me/4dr0N
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Louis Villermé (1782-1863) foi pioneiro nos
estudos sobre a origem social dos agravos. Investigou
a estreita relação entre a situação socioeconômica e a
mortalidade (saúde dos trabalhadores das indústrias
de algodão, lã e seda). Publicou um relatório com o
resultado de seus estudos sobre a mortalidade nos
bairros de Paris (Tableau del’état physique et moral
des ouvriers), concluindo que havia uma íntima
relação entre a mortalidade e o nível de renda
(PEREIRA, 2006; SCLIAR, 2007).
Fonte: http://migre.me/4dr76
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importantes. Havia uma visão muito pontual das doenças. Daí a importância de
pesquisadores, na época gestores, com esta visão de controle sobre as doenças. As
ações mais incisivas em saúde, desenvolvidas naquela época, surgiram das
observações sobre o comportamento coletivo dos processos de doenças.
O médico húngaro Ignaz Semmelweis (1818-1865) identificou uma alta taxa
de morte puerperal na maternidade do Hospital Geral de Viena entre os anos de
1841-1846. Suas observações sistemáticas demonstraram que os estudantes
vinham às enfermarias realizar exames nas puérperas, logo após dissecações na
sala de autópsia, causando maior taxa de mortalidade em relação à outra enfermaria
onde esta rotina não acontecia da mesma forma. Ele suspeitou que os estudantes
contaminavam as mulheres com algo infeccioso, apesar de não se saber o que era,
de fato.
Após a implantação do hábito rotineiro de higiene e desinfecção nas mãos, a
mortalidade de puérperas em ambas as enfermarias da maternidade diminuíram
drasticamente, entretanto, suas conclusões não foram aceitas por seus colegas
(PEREIRA, 2006)
A observação sistemática de maior impacto na história da epidemiologia, com
uma grande repercussão até para os dias atuais, foi a identificação da contaminação
da água como desencadeadora do cólera, que ao longo da história humana já havia
matado milhares de pessoas.
Foi o médico inglês anestesiologista John Snow quem
publicou em 1855 informações referentes às investigações
sobre os modos de transmissão do cólera, décadas antes da
descoberta dos micro-organismos, baseando-se em dados de
duas epidemias que ocorreram em Londres nos anos de 1849
e 1854.
Fonte: http://migre.me/4drd2
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A observação sistemática desenvolvida por Snow mostrava que algumas
pessoas de locais não contaminados visitavam locais com grande número de casos,
mas não desenvolviam a doença, enquanto outros contraíam o cólera. O que
intrigava o médico era que quando o sujeito infectado voltava à sua região, este não
contaminava os demais. Mas, identificar o modo de contágio era essencial para o
controle da epidemia.
Entrevistas individuais mostraram uma relação entre a ingestão de alimentos
ou água e os indivíduos contaminados e por método de exclusão, chegou-se ao que
havia de comum entre o estilo de vida e hábitos rotineiros dos indivíduos infectados.
Deste modo, a relação entre a origem da água e os casos de cólera fica
estabelecida, já que não havia apenas um reservatório de água na cidade, e que
diferentes partes do rio Tâmisa abasteciam as diversas regiões e este fato explicaria
por que algumas regiões tinham doentes e outras não.
Um grande divisor no desenvolvimento de doenças foi a descoberta de Louis
Pasteur (1822-1895) que identificou e isolou numerosas bactérias, identificou e
estudou a fermentação alimentar (processo que originou as fermentações de
alimentos e de bebidas alcoólicas), investigação de bactérias patogênicas e os
princípios da “pasteurização” em 1865. A partir de então, com a descoberta dos
agentes causais das doenças, a teoria dos miasmas perde força e credibilidade
(PEREIRA, 2006).
Na sua descoberta Pasteur associou o calor como um purificador de
substâncias. Mas quando as substâncias entravam
novamente em contato com o ar ambiente, perdia sua
“pureza” e era possível encontrar colônias de bactérias
neste material. Parte do material (meio de cultura) que
ficava protegido, isolado, permanecia estéril.
O início do século XX foi marcado pela grande
influência da microbiologia. A formação do profissional
sanitarista centrava-se no laboratório, e os demais ramos
da medicina eram subordinados a este conhecimento.
De acordo com Pereira (2006, p. 10):
Fonte: http://migre.me/4drjx
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[...] comprovou-se fartamente que seres microscópicos, dotados de
características especiais, minuciosamente descritas,
desempenhavam papel predominante na gênese de muitas doenças.
A clínica e a patologia tornaram-se subordinadas ao laboratório, que
ditava também padrões para a higiene e para a legislação sanitária.
Neste momento, a saúde coletiva fica fragilizada e perde seu principal foco, o
contato direto com a população, com o coletivo.
Havia uma tendência a explicar todas as doenças por meio da ação de um
agente causal. As doenças infecto-contagiosas matavam em larga escala e atraíam
a atenção de todos o cientistas da época. Apesar de sabermos quão equivocada é
esta posição, ela foi, de certo modo, adequada para o controle das diversas “pragas”
existentes naquele período. Graças às ações dos grandes médicos cientistas, foram
erradicadas doenças letais.
No Brasil, no início do século XX, Oswaldo Cruz (1872-1917) fundou, em
Manguinhos (RJ), o Instituto que leva seu nome, nos moldes do Instituto Pasteur
(Paris), propiciando pesquisas e investimentos na área, além de combate à febre
tifóide, febre amarela, peste bubônica e a varíola. A campanha de vacinação contra
febre amarela foi executada com disciplina militar. As vacinações, de modo geral,
causavam grande insatisfação popular pelo descrédito em relação a elas, somadas
às medidas de demolição de imóveis insalubres (que permitiam a proliferação de
ratos e dificultavam o controle da peste bubônica), desencadeando a Revolta das
vacinas que ocasionou a morte de 30 pessoas, com 110 feridos e centenas de
prisões efetuadas (MEDRONHO et al, 2009).
Outros sanitaristas como Carlos Chagas (1879-1934), Adolfo Lutz (1855-
1940) (febre amarela) e Emílio Ribas (1862-1925) se destacaram pelas suas
contribuições no combate a diferentes moléstias (PEREIRA, 2006).
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Oswaldo Cruz Carlos Chagas Adolfo Lutz Emílio Ribas
http://migre.me/4dt6m http://migre.me/4dt8P http://migre.me/4dt9M http://migre.me/4dtft
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americano. Dentre estas ações, podemos citar a erradicação da malária e
temporariamente do Aedes aegypti (MEDRONHO et al, 2009),
Em 1960, com o desenvolvimento da campanha de erradicação da varíola
assim como da poliomielite 10 anos mais tarde, torna-se respeitado e consolidado o
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica no Brasil (MEDRONHO et al, 2009).
Curiosidade
Fonte: http://migre.me/4dEvc
Figura 3 - Criança infectada por varíola, com pústulas típicas desta
enfermidade
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relacionado tanto à cronicidade de patologias como à degeneração natural do
organismo (SOARES et al., 2001).
Neste período, doenças de causas externas também ganhavam amplitude
(acidentes de trânsito ou de trabalho, homicídios, envenenamentos, dentre outras),
assim como os desvios nutricionais (obesidade, desnutrição, anemia). Diversos
fatores de risco foram mapeados (tabagismo, hipercolesterolemia, atividade física,
etc.) e o foco dos tratamentos também incluía a prevenção pela minimização de
fatores de risco (SOARES et al., 2001).
A determinação das condições de saúde da população (inquéritos de
morbidade e de mortalidade) e a busca sistemática de fatores antecedentes ao
aparecimento das doenças, que possam ser rotulados como agentes ou fatores de
risco (rubéola, cigarro, e coronariopatias) fortalecem os estudos epidemiológicos e
sua relevância.
A avaliação da utilidade e da segurança das intervenções propostas para
alterar a incidência ou a evolução da doença, através de estudos controlados
(estreptomicina na tuberculose, fluoretação da água, vacina contra poliomielite)
passa a servir de subsídios de ações em saúde (PEREIRA, 2006).
Exercício 1
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e) e) Os primeiros registros de morbimortalidade foram desenvolvidos por John
Graunt, em Londres, no século XVII.
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doenças, mortes, quaisquer outros agravos ou situações de risco à
saúde na comunidade, ou em grupos dessa comunidade, com o
objetivo de propor estratégias que melhorem o nível de saúde das
pessoas que compõem essa comunidade. Um dos meios para se
conhecer como se dá o processo saúde-doença na comunidade é
elaborando um diagnóstico comunitário de saúde. O diagnóstico
comunitário, evidentemente, difere do diagnóstico clínico em termos
de objetivos, informação necessária, plano de ação e estratégia de
avaliação.
Tratamento
Plano de ação Programas de saúde prioritários
Reabilitação
Exercício 2
Marque a alternativa INCORRETA:
a) a) Ainda hoje as doenças infecciosas são a principal causa de morte no Brasil,
sendo foco principal dos epidemiologistas e das ações de políticas públicas em
saúde.
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b) b) No período em que vigorava a teoria dos miasmas, os hospitais eram
remodelados ou construídos utilizando arquitetura que promovesse grandes
passagens de ar, evitando o contágio de doenças e melhorando o ar das
enfermarias.
c) c) Na Era Medieval, as doenças eram atribuídas a espíritos malignos e o tratamento
era realizado por orações e ervas sendo a cura atribuída a milagres obtidos através
da súplica, mortificação e arrependimento dos pecados.
d) d) Louis Pasteur identificou e isolou as bactérias identificando os agentes causais
das doenças. Assim, a teoria dos miasmas perde força e credibilidade.
e) Graças às pesquisas desenvolvidas por grandes sanitaristas brasileiros como
Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Adolfo Lutz e Emílio Ribas doenças letais como
febre tifóide, peste e varíola foram erradicadas no Brasil.
Clínica
(Ciências Biológicas)
PILARES DA
Estatística EPIDEMIOLOGIA Medicina Social
ATUAL (Ciências Sociais)
(Ciências Exatas)
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a) Ciências Biológicas
b) Ciências Sociais
A sociedade, como está organizada, oferece
proteção aos indivíduos, mas também determina os
riscos de adoecer, bem como o maior ou menor acesso
à prevenção das doenças e à promoção e recuperação
da saúde. Pereira (2006, p.13) completa suas
fundamentações sobre as influências da sociedade
sobre a saúde afirmando:
Fonte: http://migre.me/4ds6Z
c) Estatística
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dados coletados. A estatística deve estar presente
desde o planejamento da pesquisa epidemiológica,
estimando o tamanho da amostra necessária para
garantir uma abrangência adequada da população ou
evento estudado. A utilização da informática por meio
dos programas estatísticos para análise de grandes
grupos amostrais dinamizou as tarefas de cálculo,
aproximando ainda mais as duas áreas.
Fonte: http://migre.me/4dtRX
Fonte: http://migre.me/4g903
Tomamos como referência a gripe suína, por esta ser a epidemia mais
recente. Os primeiros casos foram identificados em março de 2009, no México.
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Centenas de pessoas começaram a procurar unidades de saúde com sintomas de
febre acima de 38º, tosse, dor nas articulações, prostração e dificuldade respiratória.
Inicialmente, pensava-se tratar de uma gripe comum, mas a quantidade de casos e
os desfechos com vários casos de óbitos (em abril de 2009 somavam-se
aproximadamente 149 mortes no México) alertaram os governantes, as vigilâncias
sanitárias de diversos países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a
Organização das Nações Unidas (ONU). Havia o risco de uma nova Pandemia
Mundial, por um devastador efeito dominó.
Este padrão de disseminação foi comprovado quando casos foram
identificados em outras partes do mundo, incluindo os Estados Unidos, Canadá,
América Latina, Ásia, Europa e Austrália.
Para conhecer o tipo de patologia com que estavam lidando, médicos
patologistas isolaram e identificaram o vírus Influenza A H1N1. A gripe recebeu o
nome de ‘suína’ pois um teste de laboratório mostrou semelhança entre os genes
deste vírus e do vírus precursor de gripe em porcos da América do Norte. Mais
tarde, foi comprovada a diferença entre estes, demonstrando que o vírus da nova
gripe continha material genético dos vírus humanos, de aves e suínos.
Apesar do nome e do temor da população, ficou estabelecido que o contágio
não ocorria por ingestão de carne de porco, mas por via aérea, de pessoa para
pessoa, principalmente pelo contato com gotículas contaminadas expelidas em
tosses e espirros. Ficou comprovada uma maior contaminação em locais fechados e
entre indivíduos com menos hábitos de higiene, principalmente relacionado à
lavagem das mãos.
Depois de identificados epidemiologicamente os meios de transmissão desta
nova doença, os estudos focaram-se em medidas de controle em que as pessoas
infectadas foram tratadas com uso de medicamentos (Tamiflu®), mantidas em
isolamento, assim como sua família também ficava em observação. A vigilância
epidemiológica de vários países lançou mão de manter em quarentena as pessoas
que viajaram para locais de maior incidência da doença, assim como os que tinham
contato com pessoas contaminadas.
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2. Identificação das causas evitáveis, entendendo a causa dos agravos à
saúde. Após identificação da causa da doença e seu modo de transmissão, é
possível desenvolver ações para interrupção do processo patogênico (ex: vacinação,
isolamento, hábitos relacionados, aconselhamento genético).
B Biológicos e Comportamentais
E Ambientais (Environmental)
I Imunológico
N Nutricionais
G Genéticos
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Casos visíveis ou Morte
conhecidos
Doença clínica
* Casos assintomáticos incluem casos sintomáticos que não procuram o serviço de saúde, os casos
que procuram o serviço de saúde, mas não são diagnosticados e os casos diagnosticados, mas não
registrados e/ou informados
Figura 5 – Fenômeno de iceberg
Fonte: Elaboração própria
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A triagem neonatal é um bom exemplo de diagnóstico precoce de várias
doenças que podem ser identificadas desde o nascimento evitando agravos, por
vezes irreversíveis, à saúde da população.
Fonte: http://migre.me/4dM3C
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Exercício 3
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UNIDADE 2 – PROCESSO SAÚDE E DOENÇA
Para tornar possíveis as análises sobre a saúde, bem como sobre o processo
de adoecimento de uma população, são necessários conhecimentos básicos sobre o
conceito de saúde e doença. A partir de então, poderemos aprofundar as discussões
sobre a história natural das doenças no homem.
Vejamos um exemplo: Um
homem, chefe de família, está
passando por situação de estresse no
trabalho, com rumores de corte de
funcionários e suas características,
como idade mais avançada, estariam
na mira dos gestores da empresa.
Fonte: http://migre.me/4dsfk
Como poderemos afirmar que ele está com um completo bem-estar psíquico
quando sofre tamanha pressão?
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Em uma outra hipótese, podemos citar o caso de centenas de brasileiros
desempregados, passando por situações de desfavorecimento social, onde pode
ocorrer desde a diminuição da renda familiar a complicações maiores como perda de
moradia, dentre outras. Mas, ao considerarmos este indivíiduo doente, temos que
levar em consideração a maneira como ele interage com estes fatores
complicadores, que por sua vez são co-dependentes das experiências de vida,
valores culturais adquiridos ao longo do tempo e demais fatores que possam
influenciá-lo na tomada de decisões e enfrentamentos.
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saúde como estado ideal e também como um conceito positivo que enfatiza as
potencialidades dos indivíduos. A autora complementa com dados pertinentes ao
nosso País, citando que “A Constituição brasileira no seu capítulo de Saúde,
institucionalizou saúde como um direito humano básico, um direito de todos e dever
do Estado”.
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estrutura ou da função de um órgão, ou de um sistema ou de todo o
organismo ou de suas funções vitais.
Fonte: http://migre.me/4dsuz
O médico e filósofo francês Canguilhem (2000), em sua tese de doutorado
sobre “o normal e o patológico”, afirma que “a doença não é uma variação da
dimensão da saúde, ela é uma nova dimensão da vida”.
De acordo com Barros (1998), a doença pode ser encarada como um fator
externo ao equilíbrio normal do organismo, resultado de
uma reação saudável de defesa ou até mesmo de
adaptação do indivíduo às condições novas e diferentes.
Fonte: http://migre.me/4dsDd
Bonetti (2004, p.1), ao analisar os textos de Canguilhem, cita que:
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integral, e sofre uma fragmentação terapêutica. Neste Ser fragmentado são
exercidas técnicas que visam à cura ou, ao menos, minimização dos sintomas
patológicos do fragmento em questão.
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Exercício 4
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sistema ou ainda de todo organismo, ou de suas funções vitais. As doenças, sob o
ponto de vista etiológico, pertencem a duas categorias: doenças infecciosas e não
infecciosas, entretanto este modelo privilegia as doenças infecciosas. As doenças
não infecciosas são definidas por exclusão. Sob o ponto de vista de duração, as
doenças são crônicas e agudas. As crônicas são as que se desenrolam a longo
prazo, enquanto que as agudas são de curta duração (ROUQUAYROL e
GOLDBAUM, 2003).
No modelo processual, utilizado neste momento, representa a história natural
da doença, Os processos de ausência de saúde são estudados pela epidemiologia
sob a classificação de doenças infecciosas (sarampo, difteria, malária, etc.) e não
infecciosas (diabetes, hipertensão, depressão, etc.), além dos agravos à integridade
física (acidentes, homicídios, suicídios)
Nos casos de doenças infecciosas, existem muitas razões para que o agente
causador do agravo esteja presente no ambiente do indivíduo, assim como se este
estaria exposto ou não exposto ao agente e sendo variável sua resistência ou não a
este agente causador de doenças (KATZ, 2001).
Na prática diária do profissional da saúde, nos
deparamos diversas vezes com situações típicas de
agravos à saúde determinadaS por ação de um
agente infeccioso. A varicela (catapora) seria um
exemplo típico, pois o indivíduo quando exposto, pode
ou não ser contaminado e apresentar quadros leves
ou até mesmo severos da doença, sendo esta
variação dependente de suas condições
imunológicas.
Fonte: http://migre.me/4dLSI
As doenças não infecciosas apresentam frequentemente, uma interação
múltipla de fatores de risco, podendo estar presentes tanto no genótipo, no hábito
nutricional, no estilo de vida e o ambiente em que este indivíduo está inserido (KATZ,
2001).
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Algumas doenças são decorrentes de agravos à integridade física. Na
atualidade, os politraumatismos, decorrentes de acidentes de trânsito, são próprios
da interação de fatores, por vezes fatais, relacionados a comportamentos e
sucessiva exposição ao risco.
Fonte: http://migre.me/4ffbV
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Evolução aguda, rapidamente fatal. Doenças como a raiva, o tétano,
meningite e exposição radioativa exemplificam este padrão de evolução de
doenças, quando por muitas vezes, não há tempo hábil de intervenção clínica,
ou mesmo que esta ocorra, não é eficaz.
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Amarelo: Evolução aguda;
Laranja: Evolução aguda clinicamente evidente e com rápida recuperação;
Verde: Evolução sem alcançar o limiar clínico, de modo assintomático;
Azul: Evolução crônica, sintomática e apresentando evolução insatisfatória; e
Rosa: Evolução crônica, oscilando entre períodos assintomáticos e intermitentes exacerbações.
Figura 6 – Padrões de evolução das doenças
Fonte: Adaptado de PEREIRA (2006)
Katz (2001, p.118) cita a definição Leavell e Clark de 1965, segundo os quais
doença e moléstia deveriam ser encaradas como conceitos dinâmicos e não
estáticos. As variações são observadas nas histórias naturais das diferentes
doenças, dependendo de se “os estímulos produtores de doenças surgem no
ambiente ou no próprio homem”.
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doença em si, perpassando pela existência concomitante das duas condições de
saúde em diferentes magnitudes (ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 2003).
Fonte: http://migre.me/4g96t
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Figura 7 – História natural da doença
Fonte: Rouquayrol e Goldbaum (2003)
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outro, os fatores próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração
confortável à instalação de uma doença”.
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Figura 8 – A dermatose larva migrans cutânea e sua lesão serpiginosa
característica, denominando-a vulgarmente de bicho geográfico
Fonte: http://www.dermatologia.net/novo/base/atlas/larva_migrans.shtml
Diante do exposto, fica visível que quanto mais tempo o indivíduo permanecer
em situações de risco e, quanto maior for a somatória de fatores de risco de
desenvolver a doença a que o indivíduo estiver exposto, maior o risco de
adoecimento.
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e estas são tão interdependentes, que seu conjunto forma uma estrutura
reconhecida como estrutura epidemiológica.
a) Fatores sociais
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[...] o ‘social’ já não é apresentado como uma variável ao lado dos
outros fatores causais da doença, mas como um campo onde a
doença adquire um significado específico. O social não é mais
expresso sob a forma de um indicador de consumo (quantidade de
renda, nível de instrução, etc.). Ele aparece agora sob a forma de
relações sociais de produção responsáveis pela posição de
segmento da população na estrutura social”.
- Fatores socioeconômicos:
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No Brasil, como na maioria dos demais países em desenvolvimento, como
resultado dos ganhos econômicos extraordinários e grande expansão de serviços e
programas de saúde, a situação nutricional dos menores de 5 anos melhorou nos
últimos anos. Entre 1975 e 1989, a prevalência da desnutrição foi reduzida em
cerca de 60%, representando mais de 1 milhão de crianças.
Fonte: http://migre.me/4g8Lw
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Ao considerarmos o homem um ser ‘biopsicossocial’ não podemos ignorar
que o conceito de classe social está atrelado ao econômico, jurídico-político e
ideológico. É simplista a ideia de melhorar os indicadores de saúde infantil com o
desenvolvimento de programas de incentivo à escolaridade, por exemplo, sem a
estimulação de mudanças mais profundas (ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 2003).
- Fatores sociopolíticos
Instrumentalização jurídico-legal;
Decisão política;
Higidez política;
- Fatores socioculturais
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Outros fatores são atribuídos às questões socioculturais, dentre eles os
comportamentos e valores da população, valendo como fatores facilitadores ou não
no processo de difusão e manutenção de
doenças: Conceitos culturalmente
transmitidos acerca de padrões de higiene,
hábitos de vida, autotratamento são exemplos
típicos. Os autores ressaltam o hábito de
evacuar diretamente no solo ou próximo a
mananciais, como costumes de moradores de
zonas rurais, o que dissemina a
esquistossomose (ROUQUAYROL e
GOLDBAUM, 2003).
Fonte: http://migre.me/4g9fU
Outros fatores comportamentais estão mais relacionados às questões de
natureza cultural/social/econômica/política. Dentre eles destaca-se a transferência
de responsabilidade para a pessoa política acerca de suas próprias
responsabilidades sociais; Participação passiva como beneficiário do estado
(paternalismo); Desorganização; Passividade diante do poder exercido com
incompetência ou má-fé; Alienação em relação aos direitos e deveres da cidadania;
Incapacidade de se organizar para reivindicar, características de povos de países
menos desenvolvidos, reforçado pela cultura política de privilégio de poucos às
custas do prejuízo de muitos.
- Fatores Psicossociais
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b) Fatores Ambientais
Fonte: http://migre.me/4g9kW
Neste ambiente, alguns agentes são considerados agressores ambientais,
ou seja, capazes de entrar em contato direto com o indivíduo de forma imediata, sem
mais intermediações. Estes agentes agressores ambientais podem ser distribuídos
nas seguintes categorias:
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c) Fatores Genéticos
Fonte: http://migre.me/4g9om
d) Multifatorialidade
Desta maneira, podemos dizer que quanto mais estruturados forem os fatores
envolvidos no processo de desencadeamento da doença, mais forte será o estímulo
patológico. A esta estruturação de fatores dá-se o nome de multifatorialidade.
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socioeconômicas, culturais e ecológicas, e pelos agentes que têm
acesso direto ao bioquimismo e às funções vitais do ser vivo,
perturbando-o, constituem o ambiente gerador de doença.
(ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 2003).
O estudo da diarreia foi utilizado para ilustrar a estruturação sinérgica dos fatores que
desencadeiam a doença e a mantêm.
Fase pré-clínica:
47
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Na fase pré-clínica o curso da doença pode ser considerada subclínica
(abaixo do limiar clínico ou horizonte clínico) e evoluir para cura ou evoluir para a
fase clínica.
Fase clínica:
48
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A doença pode apresentar nesta fase diferentes graus de acometimento,
desde manifestações leves, de mediana intensidade ou até mesmo graves. O padrão
de evolução das doenças também pode ser variável, indo de uma condição aguda a
uma cronicidade do quadro patogênico.
49
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2.3.3 Desenlace
Exercício 5
50
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e) Quando o indivíduo tem seu quadro patológico de caráter crônico, os desfechos
podem ser diferentes, desde a cura com remissão dos sintomas até invalidez e
morte.
51
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Figura 10 - Modelo de determinação social da saúde segundo Dahlgren e
Whitehead
Fonte: http://migre.me/4g946
52
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Aqui se incluem políticas que busquem estabelecer redes de apoio e
fortalecer a organização e participação das pessoas e das comunidades,
especialmente dos grupos vulneráveis.
• Estilo de vida.
Fonte: http://genetica.no.sapo.pt/
53
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- Acidentes,
Fonte: http://migre.me/4grzL
Atmosfera: Clima.
Imprevisíveis:
Acidentes naturais.
Mortalidade
Desabilidades psicológicas
Fonte: http://migre.me/4fWpy
- Acidentais:
Fonte: http://migre.me/4feZK
54
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- Produzidos:
- Comportamentais
- Organizacionais
Estruturais
- Ocupação
- Nível socioeconômico
55
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2.5 Prevenção das doenças e promoção da saúde
56
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prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental e a eficiência.
A epidemiologia persegue a observação exata, a interpretação
correta, explicação racional e a sistematização científica dos eventos
de saúde-doença em nível coletivo, orientando, portanto, as ações de
intervenção.
Fonte: http://migre.me/4gsph
57
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sociais e econômicas, pois estas podem estimular desenvolvimento dos mecanismos
de saúde ou de doença.
Fonte: http://migre.me/4grZI
58
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Quadro 3 - Promoção da Saúde no Mundo: uma breve cronologia.
1974 – Informe Lalonde: Uma Nova Perspectiva sobre a Saúde dos Canadenses
1976 – Prevenção e Saúde: Interesse para Todos, DHSS (Grã-Bretanha)
1977 – Saúde para todos no ano 2000 – 30ª Assembleia Mundial de Saúde
1978 – Conferência Internacional sobre Atenção Primária de Saúde – Declaração de
Alma-Ata
1979 – População Saudável (EUA)
1980 – Relatório Black sobre as Desigualdades em Saúde (Grã-Bretanha)
1984 – Toronto Saudável 2000 – Campanha lançada no Canadá
1985 – Escritório Europeu da Organização Mundial da Saúde: 38 Metas para a Saúde na
Região Europeia
1986 – Alcançando Saúde para todos: Marco de Referência para a Promoção da Saúde.
Carta de Ottawa sobre Promoção da Saúde – I Conferência Internacional sobre Promoção
da Saúde (Canadá)
1987 – Lançamento pela OMS do Projeto Cidades Saudáveis
1988 – Declaração de Adelaide sobre Políticas Públicas Saudáveis – II Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde (Austrália)
1989 – Uma Chamada para a Ação – Documento da OMS sobre promoção da saúde em
países em desenvolvimento
1990 – Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre a Criança (Nova York)
1991 – Declaração de Sundsvall sobre Ambientes Favoráveis à Saúde – III Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde (Suécia)
1992 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92)
Declaração de Santa Fé de Bogotá – Conferência Internacional sobre Promoção da
Saúde na Região das Américas (Colômbia)
1993 – Carta do Caribe para a Promoção da Saúde – I Conferência de Promoção da
Saúde do Caribe (Trinidad e Tobago)
1994 – Conferência das Nações Unidas sobre População e Desenvolvimento (Cairo)
1995 – Conferência das Nações Unidas sobre a Mulher (Pequim)
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Social (Copenhague)
1996 – Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Istambul)
Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre Alimentação (Roma)
1997 – Declaração de Jacarta sobre Promoção da Saúde no Século XXI em diante – IV
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (Indonésia)
59
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Quadro 4 – Breve cronologia da Promoção da Saúde no Brasil
Década de 1970
• Críticas ao modelo assistencial vigente, centrado na assistência médico-hospitalar.
Medicina social. Ciências sociais em saúde
• Tese O Dilema Preventivista, de Sérgio Arouca
• Surgimento dos primeiros projetos de atenção primária/medicina comunitária (Montes
Claros/MG, Sapucaia/RJ e Niterói/RJ)
• Surgimento do “movimento sanitário”
• Conferência Internacional sobre Atenção Primária e Declaração de Alma-Ata
Década de 1980
• Movimento de redemocratização do país
• Protagonismo político do “movimento sanitário”
• Preparação da VIII Conferência Nacional de Saúde, com ampla participação social (1985)
• VIII Conferência Nacional de Saúde, com afirmação de princípios da promoção da saúde
(sem este rótulo): determinação social e intersetorialidade. No Canadá, aparece a Carta de
Ottawa (1986)
• Processo constituinte, com grande participação do “movimento sanitário” (1986-1988)
• Constituição Federal, com características de promoção da saúde (1988)
Década de 1990
• Lei Orgânica da Saúde, reafirmando os princípios promocionais da Constituição (1990)
• Organização dos Conselhos de Saúde em todos os níveis: participação social, composição
paritária, representação intersetorial (1991)
• RIO 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992)
• Plano Nacional de Saúde e Ambiente: elaborado, não sai do papel (1995)
• (a partir de 1995) PACS e PSF; NOB 96 (Piso Assistencial Básico); Pesquisa Nacional de
Opinião sobre Saúde; Debates sobre Municípios Saudáveis
• Surgimento da revista Promoção da Saúde (Ministério da Saúde) e anúncio do I Fórum
Nacional sobre Promoção da Saúde (1999)
Fonte: Buss PM (2000)
60
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a) Prevenção Primária
Proteção Específica
Imunização.
Saúde ocupacional.
Aconselhamento genético.
b) Prevenção Secundária
61
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Isolamento para evitar a propagação de doenças.
Limitação da Incapacidade:
Evitar sequelas.
Fisioterapia.
Terapia ocupacional.
Saúde mental
Fonte: http://migre.me/4gsHN
62
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civis não estatais cabe a ação preventiva mais abrangente de
remover estruturas arcaicas impeditivas de se promover a saúde em
todos os níveis.
Exercício 6
63
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UNIDADE 3 - ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
Fonte: http://migre.me/4gQcj
64
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O risco também pode ser considerado como um conceito matemático de
probabilidade.
Fonte: http://migre.me/4gPx6
O fator de risco é pertinente a uma parcela da população que apresenta maior
incidência de uma doença ou agravo à saúde, quando comparados com outros
grupos definidos pela ausência ou menor exposição ao agente agressor. Deste
modo, o fator de risco de um dano apresenta as características ou circunstâncias
que acompanham um aumento de probabilidade de ocorrência do fator indesejado,
sem que este fator intervenha necessariamente em sua causalidade. (CLAP-
OPS/OMS,1988 apud ROUQUAYROL e ALMEIDA-FILHO, 2003)
Fonte: http://migre.me/4gPBf
65
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Cabe ao epidemiologista a investigação dos fatores determinantes dos
agravos, do mecanismo de ação destes agravos na população, caracterizar esta
população o mais minuciosamente possível e procurar explicar suas características.
Medronho (2009, p.173) atribui à pesquisa epidemiológica os objetivos de:
Fonte: http://migre.me/4gPpD
66
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O modo como as doenças ocorrem nas populações podem ser modificados ao
longo do tempo, gerando uma estrutura epidemiológica, capaz de demonstrar o
padrão de ocorrência da doença na população, como resultado da interação de
fatores do meio ambiente, hospedeiro e do agente causador da doença. Essa
estrutura é dinâmica, e continuamente apresenta modificações no tempo, no espaço
e apresentando uma ocorrência “normal” ou “anormal” da doença em uma
determinada população, em determinado tempo e espaço. (BRASIL, 1998).
67
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Exemplos de variáveis relativas às pessoas (PEREIRA, 2006):
Fonte: http://migre.me/4gPlE
68
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destacam a redução das infecções na infância, as mudanças na dieta
ou estilo de vida, o desenvolvimento econômico e o aumento na
exposição a alérgenos ou poluentes.
Os pesquisadores ressaltam que, embora a prevalência seja maior
na área urbana dos países em desenvolvimento, ela tem crescido
ainda mais na zona rural. Além disso, a importância da asma não
atópica - não causada por alergia - tem sido cada vez mais
reconhecida em crianças nesses países. “As crianças com asma não
atópica, geralmente, têm início mais precoce da asma, história mais
frequente de pneumonia e aumento da exposição à fumaça ambiental
do tabaco doméstico em comparação àquelas com asma atópica”,
explicaram.
Considerando que as crianças representam uma maior proporção da
população em desenvolvimento, em comparação com países
desenvolvidos, segundo os especialistas, mesmo um pequeno
aumento na prevalência da asma pode ter importantes implicações
para a saúde pública nesses países. “Dado o crescimento da
população e a alteração do padrão de urbanização e de estilo de vida
em países em desenvolvimento, pode ser esperado um aumento no
número de crianças desenvolvendo asma”, explica o pediatra H.Zar.
O especialista acrescenta, ainda, que “a pobreza está associada com
asma mais grave, de maior morbidade.
Fonte: http://migre.me/4gQFL
69
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reumáticas, depressão, tentativa de suicídio; em geral as mulheres adoecem mais do
que os homens e utilizam mais os serviços de saúde (PEREIRA, 2006)
Fonte: http://migre.me/4fczF
Intervalo de tempo: variável de tempo medida em número de horas, dias,
semanas, meses ou anos. Caracteriza a quantidade de tempo transcorrido
entre dois eventos sucessivos (exemplo: tempo decorrido entre a exposição
ao fator de risco e o aparecimento dos primeiros sintomas).
70
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Geral (histórica ou secular): Indica o que se observa, em longo prazo,
geralmente décadas, na evolução de um evento. Seu objetivo é estabelecer se as
frequências variam com o tempo e, se sim, quais as características desta variação.
O estudo de uma série histórica é feito com a intenção de se detectar e interpretar a
evolução da incidência de um evento.
Cíclica: É caracterizada pelas oscilações periódicas de frequências. A
colocação da frequência anual de certos eventos em gráfico permite detectar
flutuações anuais de frequência de eventos e a periodicidade independe de a
tendência ser ascendente ou decrescente
Sazonal: Esta é a denominação usada para designar oscilações periódicas,
cujos cíclos configuram ritmo sazonal por durarem um ano, ou seja, o ciclo de
variação de incidência de uma doença coincide com as estações do ano, típico das
doenças infecciosas agudas. Os máximos e os mínimos em uma distribuição
cronológica ocorrem sempre no mesmo período, seja do ano, do mês, da semana ou
do dia. Esta variação depende de um conjunto de fatores como a radiação solar, a
temperatura, a umidade do ar, precipitação, etc.
Irregular (acidental): São alterações na frequência dos agravos à saúde
resultante de acontecimentos não-previsíveis ou não enquadráveis nas categorias já
apresentadas. As epidemias são a expressão de frequências mais elevadas que as
habituais.
71
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da doença. Salientando que o aumento deve ser brusco, diferenciando-o dos
quadros endêmicos.
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Epidemia por fonte comum: a veiculação do agente transmissor se dá
pela água, alimentos, ar ou introduzido por inoculação.
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Fornecer subsídios para explicações causais. Por exemplo: consumo de
pescado e doença coronariana. Estudos realizados na década de 60
indicaram que os esquimós apresentavam menor incidência de doenças
coronarianas, em comparação às taxas existentes em numerosos países,
embora consumissem dietas ricas em gordura, à base de peixes;
74
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Pode-se observar 1 ou mais indivíduos com a mesma doença ou evento,
visando traçar um perfil das suas principais características. Apresenta a vantagem
de ser um estudo relativamente fácil e baixo custo, permitindo a observação
intensiva de cada caso, entretanto, é limitado pela falta de controle e n° pequeno de
indivíduos, além da subjetividade na apreciação dos fatos, é difícil de contornar os
vieses, pois o pesquisador já pode ter uma ideia pré-concebida do tema.
c) Pesquisa populacional
75
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pessoa, procurando detectar uma associação causal entre uma doença e as
características da pessoa ou um fator de seu ambiente.
Exemplos:
76
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3.2.2 Estudos Analíticos
77
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b) Estudos de coortes
Óbitos
Taxa de mortalidade
Atividade Física Total
por mil
Sim Não
c) Estudos caso-controle
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Tabela 3 – Estudo de caso-controle: investigação sobre a solicitação entre
toxoplasma e debilidade mental em crianças
Deficiência mental
Sorologia positiva para
toxoplasmose
Sim (casos) Não (controle)
Sim 45 15
Segundo os dados da tabela acima, quem tem sorologia positiva tem 3 X mais
risco de ter DM
Para fatores que permanecem inalterados no tempo, como sexo, raça e grupo
sanguíneo, os estudos seccionais podem oferecer evidência válida de uma
associação estatística.
79
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determinado fator. Também apresenta maior dificuldade de identificação de doenças
de curta duração se comparadas àquelas de longa duração.
TIPO
DE
RETROSPECTIVO PROSPECTIVO TRANSVERSAL
ESTU
DO
Coorte
Estudos de
Características
80
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Informa incidência,
permite calcular o risco
Simples e rápido.
Simples, relativo.
relativamente fácil e mais Relativamente
Indivíduos
Vantagens
são
barato. econômico.
observados com critérios
Geram novas diagnósticos uniformes. Permite conhecer a
hipóteses de trabalho. prevalência associada aos
Conhece-se com
agentes suspeitos.
Frequentemente precisão as populações
utilizado. expostas e não expostas. Permite a descrição da
população.
Mais fácil de evitar
vieses.
exposição ao agente
causal. Inadequado para do fenômeno não aparece.
investigar doenças de baixa
Dificuldade para frequência. São limitados
determinar o grupo epidemiologicamente por
controle. Risco de vieses e não estabelecer
distorções premeditadas do associação causa efeito.
Risco de vieses e observador.
distorções do Pode induzir facilmente
investigador. Eventuais mudanças de associações ou
investigadores interpretações falsas.
Baseia-se na memória
do caso e do controle. Perda dos membros das
coortes.
Exercício 7
81
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e) A maneira como as hipóteses serão testadas de modo a serem aceitas ou
rejeitadas é dependente do desenho de estudo escolhido.
d) A malária pode ser considerada epidêmica na região amazônica, pelo modo que
ela se expressa na população.
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UNIDADE 4 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
83
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Dados socioeconômicos: renda, ocupação, classe social, tipo de
trabalho, condições de moradia e alimentação;
Dados ambientais: poluição, abastecimento de água, tratamento de
esgoto, coleta e disposição do lixo, aspectos climáticos e ecológicos também
podem ser necessários para a compreensão do fenômeno analisado.
Dados sobre serviços de saúde: hospitais, ambulatórios, unidades de
saúde, acesso aos serviços;
Dados de morbidade: doenças que ocorrem na comunidade;
Eventos vitais: óbitos, nascimentos vivos e mortos, principalmente.
84
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iceberg”): a que morre ou a que chega ao serviço de saúde e tem o seu diagnóstico
feito e registrado corretamente (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2005)
Existem outros bancos de dados que trabalham dados específicos e/ou que
não têm abrangência nacional, dentre eles se destacam: o Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional (SISVAN), o Sistema de Informação da Atenção Básica
(SIAB), o Sistema de Informação sobre Acidentes de Trabalho (SISCAT), o Sistema
de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) (SOARES et al.,
2001).
85
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A expressão dos indicadores se faz numericamente (frequência absoluta),
entretanto, números absolutos de casos de doenças ou mortes não são utilizados
para avaliar o nível de saúde, pois não levam em conta o tamanho da população.
Dessa forma, os indicadores de saúde são construídos por meio de razões
(frequências relativas), em forma de proporções ou coeficientes (SOARES, 2001;
PEREIRA, 2006).
É preciso destacar que índices não expressam uma probabilidade (ou risco)
como os coeficientes, pois o que está contido no denominador não está sujeito ao
risco de sofrer o evento descrito no numerador (exemplo: relação médicos/habitantes
é um índice, da mesma forma que o Coeficiente de Mortalidade Infantil como
Materna não são coeficientes, mas índices) (SOARES, 2001).
86
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a) Índices: Relações entre frequências atribuídas da mesma unidade. Os
índices são apresentados sob forma percentual. Coeficientes e índices são valores
geralmente menores do que a unidade, devido ao fato de serem as frequências dos
eventos registrados no numerador, muito menor do que
aqueles do denominador. O índice pode ser considerado
um Indicador multidimensional. Por exemplo: índice de
Apgar (PEREIRA, 2006).
Fonte: http://migre.me/4fcrm
87
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Casos NOVOS da doença em
determinada comunidade e tempo
Coeficiente de
=_____________________________________ x 10n
incidência
População da área no mesmo tempo
88
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c) Coeficientes de mortalidade:
89
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Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis: é uma
estimativa do risco da população morrer por doenças infecciosas e
parasitárias (tuberculose, tétano, diarreia infecciosa, aids, etc.),
classificadas atualmente no Capítulo I da CID-10. Quanto mais elevado o
resultado deste coeficiente, piores as condições de vida.
90
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Exercício 8
Brasil EUA
91
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REFERENCIAS
BARATA RB. Epidemiologia e Ciências Sociais. In: Barata RB, Briceño-León R (org)
Doenças Endêmicas: abordagens sociais, culturais e comportamentais. Rio de
Janeiro: Editora FIOCRUZ; 2000.
BUSS PM. Promoção da Saúde e Saúde Pública. ENSP, Rio de Janeiro. 178 p, 1998
(Mimeo).
92
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BUSS, P.M e PELLEGRINI FILHO, A. A Saúde e seus Determinantes Sociais.
PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, vol. 17, n.1, p.77-93, 2007.
MEDRONHO, R.A. CARVALHO D.M, BLOCK K.V, LUIZ RR, WERNECK G.L.
Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.
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MONTE, C.M.G. J. pediatr. (Rio J.). vol. 76, n..3, p. S285-S297, 2000.
94
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