Você está na página 1de 20

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Resumo da Unidade I a XII do Manual da Administração e Gestão Autárquica

Jesus Vilinho Abeque – Cód. nº: 708201849

Curso: Administração Pública

Disciplina: Gestão e Governação Participativa

Ano de Frequência: 3º Ano

Gurué, Abril de 2022


FOLHA PARA RECOMENDAÇÕES DE MELHORIA
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Índice

1. Introdução............................................................................................................................ 1

1.1. Objectivos ........................................................................................................................ 1

1.1.1. Geral ............................................................................................................................. 1

1.1.2. Específicos ................................................................................................................... 1

1.2. Metodologia ..................................................................................................................... 1

Resumo da Unidade I a XII do Manual da Administração e Gestão Autárquica ....................... 2

2.1. O Poder Local .................................................................................................................. 2

2.1.1. Nova estrutura na Administração Pública Moçambicana ............................................ 2

2.2. Administração do Estado ................................................................................................. 3

2.2.1. Modalidades do exercício da Administração Pública .................................................. 3

2.2.2. Aparecimento de pessoas administrativas ................................................................... 3

2.2.3. Algumas categorias de entidades administrativas (ligadas ao Estado) e dotadas de


personalidade jurídica própria .................................................................................................... 4

2.3. Democracia e Descentralização ....................................................................................... 4

2.3.1. Tipos de democracia .................................................................................................... 4

2.3.2. Descentralização .......................................................................................................... 4

2.3.3. A Descentralização pode ser política ou administrativa .............................................. 5

2.3.4. Alguns acontecimentos recentes sobre a descentralização no mundo ......................... 5

2.4. Elementos para um conceito de Autarquia Local ............................................................ 5

2.4.1. Autarquia Local ........................................................................................................... 6

2.5. Município ........................................................................................................................ 7

2.5.1. O conceito de município .............................................................................................. 7

2.5.2. História da formação do município no Mundo ............................................................ 7

2.6. Autarquias Locais Moçambicanas ................................................................................... 8

2.6.1. As Autarquias moçambicanas ...................................................................................... 9

2.7. Autarquia Local e o Estado ........................................................................................... 10


2.7.1. Autarquia Local como Forma de Administração Pública .......................................... 10

2.7.2. Natureza Jurídica E Institucional Das Autarquias Moçambicanas ............................ 10

2.7.3. Diferenças entre Autarquias Locais e Órgãos Locais do Estado ............................... 11

2.8. Fins e Atribuições das Autarquias Locais Moçambicanas ............................................ 11

2.9. Poder Regulamentar das Autarquias ............................................................................. 12

2.10. Autonomia das Autarquias Locais e Tutela Do Estado ............................................. 12

2.10.1. Tutela do Estado ..................................................................................................... 13

2.11. Os Autarcas na Administração Pública...................................................................... 13

2.12. Um Olhar Sobre a História das Eleições Autárquicas em Moçambique ................... 13

Conclusão ................................................................................................................................. 15

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 16


1. Introdução

O presente trabalho com o tema “Resumo da Unidade I a XII do Manual da Administração e


Gestão Autárquica” pretende de forma objectiva compreender de forma académica e
resumida sobre a estrutura da Administração Autárquica, tendo em conta que a autarquia é
uma entidade auxiliar da administração pública estatal autónoma e descentralizada, sendo um
dos tipos de entidades da administração indirecta do Estado. É pessoa colectiva de Direito
Público criada por iniciativa do Poder Público (Estado), para prosseguir determinados fins de
interesse público.

Descentralização é transferência de poderes, funções e competências dos Órgãos do Estado


para estruturas de proximidades dos cidadãos nos níveis mais baixos, visando assegurar o
reforço dos objectivos nacionais e promover a eficiência e a eficácia da gestão pública,
assegurando os direitos dos cidadãos.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral

Compreender de forma académica e resumida sobre a estrutura da Administração Autárquica.

1.1.2. Específicos

• Descrever a conceitualização do Poder local e Autárquica;

• Falar do procedimento e modalidades do exercício da Administração Pública.

1.2. Metodologia

Para a operacionalização do presente trabalho usar-se a pesquisa bibliografia, procedimento


adequado para este tipo de pesquisa, pois, consiste na leitura e analise das diferentes
contribuições que desdobram o assinto acima referido. Assim, pode afirmar Marconi &
Lakotos, um dos seus livros com finalidade de conhecer as diferentes contribuições científicas
disponíveis e servir-se delas para a definição do problema e formulação das hipóteses para o
êxito da pesquisa, na análise e interpretação dos dados e informações relacionados com as
diferentes contribuições dos livros editados.

1
Resumo da Unidade I a XII do Manual da Administração e Gestão Autárquica

2.1. O Poder Local

Observa-se que, no séc. XX, houve uma tendência bastante crescente, em vários países do
mundo, de valorização do Poder Local, no sentido de assegurar constitucionalmente a sua
autonomia com o provável objectivo de promover a democracia e a estabilidade política.

A Constituição moçambicana de 1990 reconheceu e assegurou que o poder local tem como
objectivos: “organizar a participação dos cidadãos na solução dos problemas próprios da sua
comunidade, promover o desenvolvimento local, o aprofundamento e consolidação da
democracia, no quadro da unidade do Estado moçambicano e que este (o poder local) se apoia
na iniciativa e na capacidade das populações e actua em estreita colaboração com as
organizações de participação dos cidadãos”, tendo sido criadas, para sua concretização, as
autarquias locais, “pessoas colectivas públicas, dotadas de órgãos representativos próprios,
que visam a prossecução dos interesses das populações respectivas, sem prejuízo dos
interesses nacionais e da participação do Estado,” entes públicos de Direito Público e ligados
ao Estado moçambicano, aos quais se conferiu autonomia administrativa, financeira e
patrimonial (art. 7º da Lei nº 2/97, de 18 de Fev.), lei que cria e estabelece o quadro jurídico-
legal para a implantação das autarquias locais em Moçambique.

2.1.1. Nova estrutura na Administração Pública Moçambicana

A Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização e


desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos seus serviços sem prejuízo
da unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo. A Administração Pública
promove a simplificação de procedimentos administrativos e aproximação dos serviços aos
cidadãos. Portanto, as autarquias locais são criadas através da democratização dos entes do
Direito Público e de proximidade cada vez maior com o cidadão, no quadro da valorização do
poder local e da descentralização administrativa-territorial e/ou política.

Assim, falar da gestão de autarquias locais é falar da coordenação pelos dirigentes dos
municípios e dos cidadãos (munícipes) dos esforços tendentes à satisfação das necessidades
colectivas, através do uso de conhecimentos diversos, informações, tecnologias e recursos
para alcançar a eficiência, eficácia e efectividade de uma dada autarquia, com o menor tempo,

2
menor custo, menor desperdício e maior grau de satisfação das pessoas, satisfação essa que
deve ser aferida através da sua qualidade de vida e pelo desenvolvimento sustentável.

2.2. Administração do Estado

A Administração do Estado ou Administração Pública abrange: a Administração Directa


centralizada, da qual fazem parte: o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder
Judiciário.

A Administração descentralizada, é composta por órgãos e unidades componentes, com


personalidade jurídica de Direito Público e com autonomia administrativa, financeira e
patrimonial, como as Autarquias Locais, Empresas Públicas, Sociedades de economia mista,
Fundações Públicas, Institutos Públicos, Universidades, etc.

2.2.1. Modalidades do exercício da Administração Pública

Directamente, através dos seus organismos (SPA’s – Serviços Públicos Administrativos) ou


entes públicos a ele ligados, as autarquias locais. A Administração do Estado é directa quando
é composta apenas por entidades estatais e/ou quando é executada pelos órgãos próprios do
Estado, que não possuem personalidade jurídica – Serviços desconcentrados.

Indirectamente, através de entidades de Direito Privado ou Público, por transferência ou


delegação parcial ou total de competências, ou, por contractos ou simples actos
administrativos (SPIC’s – Serviços Públicos Industriais e Comerciais - Empresas Públicas),
municípios, etc. A Administração Indirecta do Estado é executada por um conjunto de pessoas
administrativas com personalidade jurídica que, vinculadas à Administração Directa do
Estado, que visa desenvolver as actividades administrativas de forma descentralizada. Seu
objectivo é a execução de algumas tarefas de interesse próprio do Estado por outras pessoas
jurídicas.

2.2.2. Aparecimento de pessoas administrativas

Quando o Estado não pretende executar certa actividade através de seus próprios órgãos
(Administração Directa do Estado – SPAs) o Poder Público (Estado) transfere a sua
titularidade ou execução a outras entidades. Quando o Estado cria pessoas administrativas o
seu objectivo é a execução de algumas tarefas do seu interesse por outras pessoas jurídicas.
3
2.2.3. Algumas categorias de entidades administrativas (ligadas ao Estado) e dotadas de
personalidade jurídica própria

Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de economia mista, Fundações Públicas,


Institutos Públicos, Universidades, etc..

2.3. Democracia e Descentralização

Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas


está com os cidadãos (povo), directa ou indirectamente, isto é, por meio seus representantes
eleitos, forma mais ideal e usual. Democracia opõe-se à ditadura, ao totalitarismo, (onde o
governo reside no auto-eleito), a aristocracia, a teocracia, a monarquia, a oligarquia, etc.

Contudo, a democracia é a liberdade, o pluralismo de ideias e de partidos políticos, a garantia


dos direitos do homem e do cidadão, etc.

2.3.1. Tipos de democracia

Democracia directa: se refere a um sistema onde os cidadãos decidem directamente, eles


mesmos, cada assunto por votação.

Democracia Pura: que é o processo em que se possibilita ao Povo se autogovernar.

Democracia Participativa ou Democracia Deliberativa: é considerada um modelo ou ideal de


justificação do exercício do poder político pautado no debate público entre os cidadãos livres
e em condições iguais de participação.

Democracia popular: pode ser considerado como uma forma extrema de democracia
representativa, em que o povo elege representantes locais, que por sua vez elegem
representantes regionais, e, estes por sua vez elegem a assembleia nacional, que finalmente
elege os que vão governar o país.

2.3.2. Descentralização

Descentralização é transferência de poderes, funções e competências dos Órgãos do Estado


para estruturas de proximidades dos cidadãos nos níveis mais baixos, visando assegurar o
reforço dos objectivos nacionais e promover a eficiência e a eficácia da gestão pública,
assegurando os direitos dos cidadãos.

4
2.3.3. A Descentralização pode ser política ou administrativa

Descentralização Política – ocorre quando o ente descentralizado exerce atribuições próprias


que não decorrem ou dependem do ente central.

Descentralização administrativa, ocorre quando um ente descentralizado exerce


atribuições/competências que decorrem do ente central, que empresta sua competência
administrativa constitucional a um dos entes do poder local como, por exemplo, os
municípios, para a consecução dos serviços públicos.

2.3.4. Alguns acontecimentos recentes sobre a descentralização no mundo

Apesar do caminho ser ainda longo, a descentralização e a democracia local avançam em todo
mundo, colocando as cidades, governos locais no epicentro dos grandes desafios da
actualidade: desafios económicos, sociais, culturais e ambientais (climáticos). Conversão do
desenvolvimento sustentável num objectivo importante e prioritário de política pública.

À semelhança de outros países, também Moçambique não evitou a deterioração paisagística e


ambiental. Fala-se em todo o país de problemas climáticos, ambientais e derivados de
intervenção humana bastante marcante, não acompanhada, legal, técnica e politicamente, de
um enquadramento correcto ao nível do planeamento e ordenamento territorial e da
localização especial das actividades económicas terciárias e industriais.

Perante estes acontecimentos e desafios e, porque Moçambique não é uma excepção, é assim
que a Assembleia da República aprovou, em 1997, o quadro jurídico para a implantação das
autarquias locais no País.

2.4. Elementos para um conceito de Autarquia Local

Autarquia (do grego autarchía) é um conceito pertinente a vários campos, mas sempre
fazendo alusão ou lidando com a ideia geral de algo que exerce poder sobre si mesmo.

Em Filosofia, o conceito de autarquia significa poder absoluto sobre sim mesmo. Define-se
também como o governo de um Estado regido pelos seus concidadãos.

Contudo, verifica-se um sentido terminológico um pouco diferente num dicionário lusitano


quanto à significação, embora nenhuma controvérsia reste sobre a sua génese etimológica:
5
“Autarquia. S. f. (gr. Autarkhia). Governo autónomo. Corporação Administrativa: as câmaras
municipais e as juntas de freguesia são autarquias. Autonomia.” (Lello, José; Lello, Edgar.
Lello Universal Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro. Porto: Lello e Irmão, s/d,pág.
256).

2.4.1. Autarquia Local

Uma autarquia é uma entidade auxiliar da administração pública estatal autónoma e


descentralizada, sendo um dos tipos de entidades da administração indirecta do Estado. É
pessoa colectiva de Direito Público criada por iniciativa do Poder Público (Estado), para
prosseguir determinados fins de interesse público.

As autarquias locais são, desde logo, pessoas colectivas públicas diferentes do Estado-
Administração. O Estado-Administração pode ter serviços públicos periféricos com a mesma
área territorial das autarquias. Mas estes não têm personalidade jurídica, nem autonomia
administrativa e financeira.

Como elementos constitutivos essenciais das autarquias locais podemos apontar: Território,
População, Interesses comuns, Administração Autárquica ou Governo da Autarquia
(Administração Municipal, de Povoação ou Governo Municipal ou da Povoação…) composto
por órgãos representativos, isto é, democraticamente eleitos.

O território é um elemento geográfico necessário para a existência da autarquia e é o seu


espaço jurídico, tendo como uma das funções, circunscrição do âmbito do poder autónomo da
autarquia, define a população que está ligada à autarquia através do critério de residência e
delimita no espaço o âmbito do desempenho das atribuições e competências da autarquia.

A população é o elemento humano da autarquia, sendo formado pelos cidadãos residentes na


autarquia, os chamados munícipes, sendo o elemento essencial ao qual se destina a actividade
das autarquias a população tem as seguintes funções:

• A designação de titulares da autoridade político-administrativo da autarquia local, isto


é, os órgãos representativos através das eleições; A participação na tomada de certas
decisões político-administrativo, através dos Conselhos Locais; A participação na vida
política da autarquia, nomeadamente por intermédio de partidos políticos e outros
grupos sociais;
6
• Reivindicar as melhores condições de vida; e
• Contribuir para a despesa pública da autarquia.

Os interesses comuns, constituem um conjunto de necessidades colectivas da população


resultantes da sua natureza humana e de ser cidadãos residentes no território da autarquia,
cabendo aos órgãos eleitos as interpretar correctamente, procurar a sua satisfação plena e
garantir com a participação de todos.

Administração Autárquica ou Governo da Autarquia, Órgão é um centro institucionalizado de


poderes e deveres que participa no processo de formação e de manifestação da vontade que é
imputada à autarquia.

As autarquias são governadas por dois tipos de órgãos que são órgãos executivos e
representativos.

• Órgãos Executivos (um singular e outro colegial de tipo administrativo ou executivo),


ou seja, Presidente do Concelho Municipal (1) e o Conselho Municipal (2).
• Órgão representativo ou deliberativo (colegial de tipo assembleia), a Assembleia
Municipal.

2.5. Município
2.5.1. O conceito de município

Município (do latim municipium, antiga designação romana), ou concelho é uma entidade da
divisão administrativa estatal. Trata-se de uma circunscrição territorial dotada de
personalidade jurídica e com certa autonomia administrativa, constituindo-se de um território,
uma população e de um governo municipal composto por órgãos político administrativos.

Em geral, podem distinguir-se três tipos de municípios: Urbanas, Rurais e Mistos.

2.5.2. História da formação do município no Mundo

A organização política administrativa do poder local reflecte, sob um certo aspecto o espírito
gregário e autóctone do género humano, cujos indivíduos, desde os momentos pré-históricos,
procuraram se associar entre si para garantirem a própria sobrevivência, no meio natural,
sempre a eles hostil. A formação dos primeiros grupos sociais, nas sociedades holistas ou pré-

7
estatais, permitiu posteriormente a repartição de funções administrativas dos interesses
colectivos dos núcleos familiares.

Apesar da gigantesca expansão imperial que atingiu três continentes, e praticamente toda a
bacia do Mediterrâneo, Roma teria preservado, por doze séculos, as suas características
básicas de Cidade-Estado, desde a sua fundação em 753 a.C. E, justamente para conseguir
manter a paz sobre as regiões conquistadas, a República Romana organizou as comunidades
em municipium ou municipia, conforme lecciona o mestre Hely Lopes Meirelles.

Portanto, é mundial a tendência de descentralização administrativa-territorial, que se


direcciona no sentido da democratização dos entes do Direito Público e de proximidade cada
vez mais com o cidadão.

Em Moçambique municípios são uma das categorias de autarquias locais e correspondem à


circunscrição territorial das cidades e vilas.

2.6. Autarquias Locais Moçambicanas

Em 1991, na esteira da Constituição de 1990, é realizado o seminário nacional que recomenda


a reforma dos órgãos locais do Estado. A descentralização administrativa toma a forma de
autarquias locais, através dos então distritos municipais criados pela lei nº 3/94, de 13 de
Setembro, nomeadamente: Maputo, Beira, Quelimane, Nampula e Pemba.

Administração Pública moçambicana as autarquias locais foram criadas em 1997 Contudo, há


que recordar que a sua base constitucional data do texto constitucional de 1990. O texto
constitucional de 2004 retoma e conserva o assunto, e segundo o nº 2 do artigo 272º,
conjugado com o nº 2 do artigo 1º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, “ as autarquias locais
são pessoas colectivas públicas, dotadas de órgãos representativos próprios, que visam a
prossecução, dos interesses das populações respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais
e da participação do Estado.”

Segundo o art.º. 273 da C. R. e o art.º. 2 da lei nº 2/97, de 18 de Fev. as autarquias locais


moçambicanas são municípios e povoações, podendo, a lei estabelecer outras categorias
superiores ou inferiores à circunscrição do município ou da povoação.

8
Os municípios moçambicanos correspondem à circunscrição territorial de cidades e vilas. E as
povoações correspondem à circunscrição territorial da sede do Posto Administrativo.

Os municípios moçambicanos correspondem à circunscrição territorial de cidades e vilas. E as


povoações correspondem à circunscrição territorial da sede do Posto Administrativo. Apesar
da lei ter estabelecido as categorias das autarquias moçambicanas, actualmente existem as de
categoria de município, no total de quarenta e três, a saber:

Trinta e três municípios criados em 1998, marcando o início de um processo de


descentralização que deve levar ao estabelecimento gradual ou progressivo de mais
autarquias. A sua criação foi fundamentada na Constituição da República de Moçambique de
1990 e a Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro criou o quadro jurídico-legal para a sua implantação.
E, a lista das entidades seleccionadas como os primeiros municípios moçambicanos e os
critérios que presidiram à selecção são publicados na Lei nº 10/97, de 31 de Maio.

Assim, se tornaram municípios, em 1998, as capitais provinciais (10), a cidade capital (1)
(Maputo), que já tinha estatuto de província, todas outras cidades(12) e uma vila em cada
província(10), ou seja: Maputo (capital nacional), Pemba, Lichinga, Nampula, Quelimane,
Tete, Chimoio, Beira, Inhambane, Xai-Xai e Matola (capitais provinciais), Montepuez,
Cuamba, Angoche, Ilha de Moçambique, Nacala, Gurué, Mocuba, Manica, Dondo Maxixe,
Chókwè e Chibuto(outras cidades) e Mocímboa da Praia, Metangula, Monapo, Milange,
Moatize, Catandica, Marromeu, Vilankulo, Mandlakazi e Manhiça (vilas).

E dez criados, em 2008, nas vilas de Marrupa, Mueda, Ribaué, Alto Molocué, Angónia,
Gondola, Gorongosa, Massinga, Macia e Namaacha.

2.6.1. As Autarquias moçambicanas

São autarquias administrativas territoriais, próprias de um Estado unitário quanto à


descentralização geográfica da Administração Pública; São desdobramentos geográficos.

São criadas por lei para executar, de forma descentralizada, actividades típicas da
Administração Pública/Estado.

9
2.7. Autarquia Local e o Estado

A Autarquia Local é uma entidade administrativa que actua de modo autónomo do poder
central. E ser autónomo significa que não são órgãos locais Estado e nem se confundem com
o Estado, ou melhor ela tem margem de liberdade para o exercício das suas atribuições, fazer
uma planificação cuidada e uma gestão rigorosa para prosseguir todos os interesses locais em
benefício dos munícipes. Apurar as diferenças existentes entre elas e os órgãos locais do
Estado é o interesse e objectivo desta unidade.

A lógica da relação hierárquica está no centro da desconcentração. (Lei 8/2003 de 19 de


Maio) – Artigo 7º – As Relações entre os Órgãos Centrais e os Órgãos Locais do Estado se
desenvolvem com observância dos princípios de unidade, hierarquia e coordenação
institucional.

2.7.1. Autarquia Local como Forma de Administração Pública

As autarquias locais constituem uma administração pública indirecta, uma vez que são
entidades jurídicas criadas pelo Estado para certo fim (satisfação das necessidades colectivas
de uma comunidade) e que estão investidas de poderes administrativos e que ficam sob a sua
tutela.

De modo geral, a Administração do Estado ou Administração Pública abrange:

• A Administração Directa centralizada, da qual fazem parte: o Poder Legislativo, o


Poder Executivo e o Poder Judiciário;
• A Administração descentralizada, composta por órgãos e unidades componentes, com
personalidade jurídica de Direito Público e com autonomia administrativa, financeira e
patrimonial, como as Autarquias Locais, Empresas Públicas, Sociedades de economia
mista, Fundações Públicas, Institutos Públicos, Universidades, etc.

2.7.2. Natureza Jurídica E Institucional Das Autarquias Moçambicanas

A autarquia é um ente público, da administração descentralizada do Estado, isto é, da


Administração Indirecta do Estado, que é criada e extinta por lei, quer dizer, por uma decisão
dos Poderes Públicos, não sendo possível a sua auto-extinção.

10
2.7.3. Diferenças entre Autarquias Locais e Órgãos Locais do Estado

Segundo a Lei nº 8/2003, de 19 de Maio que estabelece princípios e normas de organização,


competências e funcionamento dos Órgãos Locais do Estado, estes têm a função de
representação do Estado ao nível local para a administração do desenvolvimento do
respectivo território e contribuem para a unidade e integração nacionais (nº 1 do artigo 2º) e a
realização das suas tarefas é feita sem prejuízo da autonomia das autarquias locais.

Os órgãos locais do Estado realizam tarefas e programas económicos, culturais e sociais de


interesse local e nacional, observando o estabelecido na Constituição, as deliberações da
Assembleia da República e das Assembleias Provinciais, as decisões do Conselho de
Ministros e dos órgãos do Estado do escalão superior.

Ao contrário do que acontece com os autarcas os membros dos órgãos locais não são eleitos,
mas sim nomeados e demitidos pelos órgãos centrais ou pelos governadores provinciais e a
eles devem obediência ao governo, pois a sua organização e funcionamento observam o
princípio da estrutura integrada verticalmente hierarquizada.

2.8. Fins e Atribuições das Autarquias Locais Moçambicanas

As autarquias locais desenvolvem a sua actividade no quadro da unidade do Estado e


organizam-se com pleno respeito da unidade do poder político e do ordenamento jurídico
nacional (nº 3 do artigo 1º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro).

As atribuições das Autarquias Locais, nos termos do artigo 6º da Lei nº 2/97, de 18 de


Fevereiro, respeitam os interesses próprios, comuns e específicos das comunidades
respectivas, sendo, designadamente (nº 1 do artigo 6º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro).

Desenvolvimento económico e social local; Meio ambiente, saneamento básico e qualidade de


vida; Abastecimento público; Saúde; Educação; Cultura, tempos livres e desporto; Polícia da
autarquia; Urbanização, construção e habitação.

Em Agosto de 2006 o Estado aprovou um diploma legal que estabelece o quadro legal de
transferência de funções e competências dos órgãos do Estado para as autarquias locais, o
Decreto nº 33/2006, de 30 de Agosto, nas áreas de: Equipamento rural e urbano; Transportes e

11
comunicações; Estradas; Educação, Cultura e Acção Social; Saúde; Ambiente e saneamento
básico; Indústria e comércio.

2.9. Poder Regulamentar das Autarquias

O Poder Regulamentar é exclusivo do poder executivo para edição de diversas modalidades


de regulamentos, e diferencia-se da função reguladora que diz respeito a várias medidas e
instrumentos estatais de organização e de gestão de áreas de interesse público e social. No
quadro da desconcentração e da descentralização da Administração Pública, o Poder
Regulamentar é atribuído pelas constituições aos Chefes Executivos dos órgãos locais do
Estado e das autarquias locais, universidades públicas, agências reguladoras e outros entes
estatais, sempre para edição de actos normativos que detalham preceitos da constituição ou
das leis.

Nos termos dos artigos 158º e 210º da Constituição da República de Moçambique, os titulares
do Poder Regulamentar do Estado são o Presidente da República e o Conselho de Ministros.

O Conselho Municipal propõe Regulamentos e Posturas, Planos e Orçamentos e executa as


deliberações e, por sua vez a Assembleia Municipal, aprova Regulamentos, Posturas, Planos e
Orçamentos, fiscaliza e controla as actividades do Conselho e representa a população local.

O Poder Regulamentar das Autarquias Locais (deliberativo nos termos do artigo 34º da Lei
nº2/97, de 18 de Fevereiro) é atribuído à Assembleia Municipal.

Como se poder aferir a partir do nº 3 do artigo 45º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro que
atribui a competência à Assembleia Municipal de aprovar os regulamentos e outros
instrumentos autárquicos.

2.10. Autonomia das Autarquias Locais e Tutela Do Estado

As autarquias locais moçambicanas gozam de autonomia administrativa, financeira e


patrimonial, segundo o artigo 7º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro. Quer dizer, que elas
podem actuar de modo autónomo do Poder Central. Ser autónomo significa não são órgãos do
Estado e nem se confundem com o Estado, ou melhor, elas têm margem de liberdade para o
exercício das suas actividades.

12
2.10.1. Tutela do Estado

No sentido administrativo, ou seja, do Direito Administrativo, tutela é um conjunto de


poderes de intervenção de uma pessoa colectiva pública (o Estado) na gestão de uma outra
pessoa colectiva pública (autarquia ou empresa pública) ou privada, para assegurar a
legalidade ou o mérito de sua actuação.

As contas das autarquias locais são remetidas pelo Conselho Municipal ao Tribunal
Administrativo e ao Ministério das Finanças até ao dia 30 de Junho de cada ano. E o
Ministério das Finanças deve emanar um parecer e enviá-lo ao Tribunal Administrativo. O
Tribunal Administrativo julga as contas até 31 de Outubro de cada ano.

2.11. Os Autarcas na Administração Pública

A Lei nº 9/97, de 31 de Maio define o Estatuto dos titulares e dos membros dos órgãos
autárquicos e o artigo 96º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro estabelece os direitos e deveres
dos autarcas.

A Violação dos deveres implica procedimento disciplinar ou criminal (V.D. Art. 97 Da Lei Nº
2/97, De 18 De Fev.).

O seu desempenho negativo nas tarefas, o desleixo, a não aprovação do orçamento em tempo
útil, poderão levar a perda do mandato.

Os autarcas jogam um papel preponderante na Administração Autárquica, sobretudo: Papel


dinamizador de actividades que visem: Satisfazer as necessidades da População Promover o
bem-estar dos Munícipes e cumprir as promessas feitas durante a Campanha Eleitoral.

2.12. Um Olhar Sobre a História das Eleições Autárquicas em Moçambique

De 1975 a 1990 em Moçambique foi seguida a chamada democracia popular, ou seja, o


sistema que foi usado em alguns países comunistas, em que se aplica um princípio chamado
centralismo democrático, em que o povo elegia representantes locais, que por sua vez elegiam
representantes regionais, que por sua vez elegiam a assembleia nacional, que finalmente
elegia os que iam governar o país.

13
Com o quadro jurídico-político estabelecido na constituição de 1990 estavam criadas as
condições para a realização de eleições multipartidárias em Moçambique.

A Constituição de 1990 também introduz uma nova estrutura na Administração Pública


moçambicana, determinando que: “A Administração Pública estrutura-se com base no
princípio de descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência
dos seus serviços sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo; A
Administração Pública promove a simplificação de procedimentos administrativos e
aproximação dos serviços aos cidadãos.

14
Conclusão

Em torno das investigações com base nas leituras dos estudos feitos em algumas patentes nas
referências do presente trabalho conclui-se que, autarquia é uma entidade auxiliar da
administração pública estatal autónoma e descentralizada, sendo um dos tipos de entidades da
administração indirecta do Estado. É pessoa colectiva de Direito Público criada por iniciativa
do Poder Público (Estado), para prosseguir determinados fins de interesse público.

Município (do latim municipium, antiga designação romana), ou concelho é uma entidade da
divisão administrativa estatal. Trata-se de uma circunscrição territorial dotada de
personalidade jurídica e com certa autonomia administrativa, constituindo-se de um território,
uma população e de um governo municipal composto por órgãos político administrativos.

Administração Pública moçambicana as autarquias locais foram criadas em 1997 Contudo, há


que recordar que a sua base constitucional data do texto constitucional de 1990. O texto
constitucional de 2004 retoma e conserva o assunto, e segundo o nº 2 do artigo 272º,
conjugado com o nº 2 do artigo 1º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro, “ as autarquias locais
são pessoas colectivas públicas, dotadas de órgãos representativos próprios, que visam a
prossecução, dos interesses das populações respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais
e da participação do Estado.”

15
Referências bibliográficas

Lakatos, E. M.; Marconi, M. de A. (1992), Metodologia do Trabalho Científico. 4. Ed. São


Paulo: Atlas.

UCM. (2022), Manuel de Administração e Gestão Autárcica. Beira.

16

Você também pode gostar