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Fato Típico- Tipicidade

cabendo à defesa provar a excludente de


ilicitude.
CONCEITO: tipicidade penal é igual a
tipicidade formal mais a tipicidade Teoria da Identidade Teoria da absoluta
material. dependência (ratio essendi): tipicidade
como essência da ilicitude. Estando
TIPICIDADE FORMAL – juízo de adequação
presente a tipicidade haverá ilicitude, são
entre o fato e a norma. Por ela, analisar-
inseparáveis, ilicitude tipificada. TODO fato
se-á se o fato praticado pelo agente se
típico NECESSARIAMENTE é ilícito.
encaixa no modelo do crime.

• TIPICIDADE MATERIAL (SUBSTANCIAL) –


é a lesão ou perigo de lesão ao bem TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS
jurídico tutelado pela norma. Não basta a DO TIPO
conduta se encaixar no modelo legal de
crime, mas sim se é capaz de causar uma Tipo Total de Injusto- o tipo penal é
lesão ou um perigo de lesão ao bem composto de elementos positivos
jurídico. (expressos) aos quais se somam elementos
negativos (implícitos), quais sejam, causas
Obs: No princípio da insignificância o fato é excludentes de ilicitude. Para que o
atípico em razão da falta de tipicidade comportamento do agente seja típico não
material. basta realizar os elementos positivos
expressos no tipo, mas não pode
EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA
configurar qualquer dos elementos
Corpus delicti: Em Roma, o crime era negativos.
corpus delicti, ou seja, crime era apenas os
vestígios materiais. Não existia uma análise
TIPICIDADE CONGLOBANTE
fragmentada do crime Tipicidade penal é a soma entre tipicidade
Fase da independência do tipo: (Beling) O formal e tipicidade conglobante, esta
estudo do crime foi dividido em três partes: composta pela tipicidade material e
Tipicidade, Ilicitude e Culpabilidade. As antinormatividade do ato (ato não
duas primeiras de natureza objetiva, pois determinado ou não incentivado por lei).
dizem respeito ao fato. Já a culpabilidade, TIPICIDADE LEGAL – subsunção do fato à
por ser do agente, possuía natureza norma
subjetiva.
ANTINORMATIVIDADE – relação de
Teoria Indiciária (ratio cognosendi): A contrariedade entre o fato praticado pelo
tipicidade é um indício da ilicitude, ou seja, agente e o ordenamento jurídico como um
acarreta uma presunção de ilicitude. todo.
Contudo, trata-se de presunção relativa
(iuris tantum) admite-se prova em Assim, para se falar em tipicidade não
contrário (exclusão da ilicitude). basta violar o tipo penal, é necessário
transgredir o ordenamento jurídico como
OBS: a Teoria Indiciária acarreta a um todo.
inversão do ônus da prova no tocante às
excludentes da ilicitude. A acusação não Imagine as seguintes situações hipotéticas:
precisa provar que o fato é ilícito, basta 1ªSituação:
provar que é um fato típico. Ao provar a
tipicidade, presume-se que o fato é ilícito, João deve R$ 15.000,00 para Pedro, este
consegue, através de um processo judicial,
busca e apreensão do carro de João, a fim acusado quando "existirem circunstâncias
de saldar a dívida. O oficial de justiça que excluam o crime ou isentem o réu de
dirige-se até a casa de João, com o intuito pena, ou mesmo se houver fundada
de cumprir o mandado, levando o bem. A dúvida sobre sua existência”.  Em resumo:
conduta do oficial é uma subtração havendo dúvida, deve o réu ser condenado
(inversão da posse) para outrem (para (não se aplicando o in dubio pro reo); no
Pedro) de coisa alheia móvel (carro de caso de dúvida razoável, o réu merece ser
João), claramente típica, mas está absolvido. Deste modo, foram
acobertada pela excludente de ilicitude do relativizados os efeitos da teoria da
estrito cumprimento do dever legal. indiciariedade no ônus probatório.
Zaffaroni considera tal hipótese verdadeiro
absurdo, não é razoável afirmar que um
oficial de justiça, que está cumprindo uma ADEQUAÇÃO TÍPICA
decisão judicial, em estrito cumprimento
de dever legal, prática fato típico, porém É a tipicidade formal colocada em prática.
lícito. Defende que o fato é atípico, pois
Espécies
embora o oficial de justiça viole a norma
penal, não está violando o ordenamento a) Imediata ou Subordinação Imediata: O
jurídico como um todo. Ao contrário, está fato praticado pelo agente se encaixa
seguindo o que o ordenamento jurídico diretamente no tipo penal. Em outras
determina. palavras, não há necessidade de utilização
de nenhuma outra norma penal.
O STJ, na AP 638, adotou a Tipicidade
Conglobante. Exemplo: “A” matou “B”, a conduta
encaixa-se, perfeitamente, no art. 121 do
OBS.: A consequência trazida pela
CP.
tipicidade conglobante foi migrar o estrito
cumprimento de um dever legal e o b) Mediata ou de Subordinação Mediata
exercício regular de direito incentivado da ou Ampliada ou Por Extensão: O fato
exclusão da ilicitude para a causa de praticado pelo agente não se encaixa
exclusão da tipicidade (do fato típico). A diretamente no tipo penal. O fato não
legitima defesa e estado de necessidade encontra correspondência direta na norma
continuam na ilicitude, pois não são penal, é necessário utilizar uma norma de
determinados nem incentivados. São extensão da tipicidade.
somente tolerados por lei.
No Brasil, ocorre em três situações:
Na relação tipicidade x ilicitude, qual
 Norma de extensão temporal:
teoria norteia nosso ordenamento
permite a aplicação da norma
jurídico? De acordo com a doutrina
penal a um momento anterior à
majoritária, o Brasil seguiu a teoria da
consumação.
indiciariedade ou da ratio cognoscendi.
Assim, provada a tipicidade, há indícios de TENTATIVA
ilicitude (ou antijuridicidade). Essa suspeita
provoca uma consequência importante: o Art. 14, II - tentado, quando, iniciada a
ônus da prova sobre a existência da causa execução, não se consuma por
de exclusão da ilicitude é da defesa (de circunstâncias alheias à vontade do agente
quem alega).  Por exemplo, “A” disfere três disparos de
Código de Processo Penal (Lei n° arma de fogo contra “B”, mas, por
11.690/2008), o juiz deve absolver o circunstância alheias a vontade de “A”, “B”
não morre. Perceba que a conduta de “A” a) tenha por lei obrigação de cuidado,
não se encaixa no art. 121 do CP, uma vez proteção ou vigilância;
que a vítima não morreu. Assim, é
b) de outra forma, assumiu a
necessário fazer uso de uma norma de
responsabilidade de impedir o resultado;
extensão, em nosso exemplo é o art. 14, II
do CP que prevê a tentativa. Na denúncia c) com seu comportamento anterior, criou
seria capitulado como art. 121, caput, c/c o risco da ocorrência do resultado.
art. 14, II ambos do CP.

 Norma de extensão pessoal da


tipicidade: permite aplicação da lei
penal a pessoas diversas dos
autores.

PARTICIPAÇÃO

Art. 29 - Quem, de qualquer modo,


concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua
culpabilidade.

O art. 29 do CP é utilizado para o concurso


de pessoas como um todo, mas a norma de
extensão aplica-se apenas em relação ao
participe.

O coator realiza o núcleo do tipo, para ele a


adequação típica é imediata.

O participe concorre de qualquer modo


para o crime, mas sem executá-lo. Por
exemplo, “A” contrata “B” para matar “C”.
Perceba que “A” não executou o crime,
apenas mandou matar. “B” será
denunciado pelo art. 121, §2º, I do CP e
“A” será denunciado pelo art. 121, §2º, I
c/c art. 29, caput, ambos do CP.

 Norma de extensão causal: prevê


que a conduta que, num primeiro
momento, só poderia ser praticada
por uma ação, passa a poder ser
praticada por omissão.

RELEVÂNCIA DA OMISSÃO

Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente


relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de
agir incumbe a quem

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