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AULA DE DIREITO DO

TRABALHO II
GREVE
Prof. Gerardo Andrade
GREVE
Art. 9º, CF
Art. 611 – B, XXVII e XXVIII da CLT
Lei nº 7.783/89
OJ nº 10, 11 e 38 do SDC do TST.
OJ-SDC-10
• É incompatível com a declaração de abusividade de
movimento grevista o estabelecimento de
quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes,
que assumiram os riscos inerentes à utilização do
instrumento de pressão máximo.
OJ-SDC-11
• É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes
hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o
conflito que lhe constitui o objeto.
OJ-SDC-38
• É abusiva a greve que se realiza em setores que a
lei define como sendo essenciais à comunidade, se
não é assegurado o atendimento básico das
necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na
forma prevista na Lei nº 7.783/89.
Art. 9º da CF
É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
dele defender.
GREVE
Consiste na paralisação coletiva total ou parcial,
pacífica e temporária do trabalho com o objetivo de
defender interesses profissionais.
É um direito social fundamental previsto na CF
LEI Nº 7.783, DE 28 DE
JUNHO DE 1989.
Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define
as atividades essenciais, regula o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade, e dá
outras providências.
Art. 2º da Lei 7.783/89
Para os fins desta Lei, considera-se legítimo
exercício do direito de greve a suspensão coletiva,
temporária e pacifica, total ou parcial, de prestação
pessoal de serviços a empregador.
Art. 611- B, XXVII da CLT
Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou
de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a
supressão ou a redução dos seguintes direitos:
XXVII – direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
dele defender.
Art. 611- B, XXVIII da CLT
XXVIII - definição legal sobre os serviços ou
atividades essenciais e disposições legais sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade em caso de greve; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 13.7.2017)
NATUREZA JURÍDICA
Suspensão de contrato de trabalho, pois não há
prestação de trabalho nem pagamento de salários
Se após o movimento de greve, for acordado para
o pagamento de salários, referentes à paralização,
interrupção de contrato de trabalho
MODALIDADES DE GREVE
Greve branca – permanência nos postos de
trabalho mesmo com a paralização do serviço
Operação tartaruga – redução na velocidade do
trabalho sem paralização do serviço
Greve trombose – paralização de setor estratégico
da empresa
Greve relâmpago – paralização por curto período
de tempo
MODALIDADES DE GREVE
Greve política – defesa de interesse políticos e
sociais que afetam indiretamente a condição
econômica e social do trabalhador
Greve de solidariedade – greve em apoio ao outra
greve
INTERESSES TUTELADOS
PELO DIREITO DE GREVE
Contratuais – busca-se nesse caso garantir ou
melhorar as condições de trabalho dos empregados
da categoria
Natureza sindical – tem a finalidade de defender os
interesses do sindicato e seus dirigentes.
Interesses políticos e sociais – defesa dos
interesses econômicos e sociais dos trabalhadores.
Empregador
fica proibido

Dispensar os
Contratar
trabalhadores
substitutos
grevistas
GREVE ABUSIVA
O direito de greve não é absoluto
Lei da greve (Art. 14): greve abusiva é aquela que
não cumpre os requisitos previsto em lei.
Greve abusiva é aquela que não atende ao seu fim
econômico e social, aos bons costumes e à boa-fé
(Art. 187 CC).
Requisitos Greve
1) Greve sem tentativa prévia de negociação (art. 3º
da CLT e OJ 11 do TST)
2) Greve que não atenda às necessidades básicas da
população (OJ 38 do TST)
3) Manutenção da greve após a celebração de
acordo ou convenção coletiva ou sentença
normativa (art. 14 da Lei 7.783/89 e OJ 10 do
TST)
4) Prática de atos violentos pelos grevistas
Manutenção da greve após a celebração de acordo,
convenção coletiva ou de sentença normativa,
salvo quando se pretenda exigir o cumprimento de
cláusula ajustada ou em razão de fatos
supervenientes (art. 14, Lei de greve).
Prática de atos violentos pelos grevistas
MPT
Ajuizamento de dissidio coletivo de greve se
houver lesão houver lesão ao interesse público nas
greves em atividades essenciais (Art. 114, § 3º, CF)
DIREITO E DEVERES DOS
GREVISTAS
Meios pacíficos
de persuasão e
a busca de
adesão
Art.6º da Lei de
Greve Arrecadação de
fundos e a livre
divulgação do
movimento
Atenção
• Não é permitido impedir o acesso dos
trabalhadores que não aderiram ao movimento
• Ofensas verbais ou físicas
• Danificar equipamentos da empresa, etc
GREVE NO SERVIÇO
PÚBLICO
Art. 37, VII, da CF.
A GREVE é autorizada nos limites da lei específica
Não há legislação que regule a greve no serviço
público
O STF decidiu pela aplicação da Lei 7.783/89 por
analogia para os estatutários atendendo às
peculiaridades do serviço público.
Deve ser respeitado a continuidade do serviço
público
A notificação prévia da administração com
antecedência de 72 horas sobre o inicio da greve
A corrente majoritária sustenta o desconto no
salario dos servidores durante a greve (supremacia
do interesse público)
STF
Estabeleceu a obrigação da administração pública
em descontar o salario do servidor publico durante
a greve, EXCETO nas hipóteses de conduta ilícita
praticada pelo poder público.
Relator Dias Toffoli.
EXEMPLO
O não pagamento da remuneração dos servidor
pela administração pública.
STF
O STF em julgamento de dissídio coletivo de greve
dos policiais civis, estabeleceu que estão proibidos
de fazer greve os servidores públicos que exerçam as
seguintes funções:
a. Manutenção da ordem pública
b. Segurança publica
c. Administração da justiça (juízes e promotores)
Art. 142, § 3º, IV da CF
Os membros das Forças Armadas são denominados
militares, aplicando-se lhes, além das que vierem a
ser fixadas em lei, aa seguintes disposições: ao
militar são proibidos a sindicalização e a greve.
EMPREGADOS PÚBLICOS
As empresas públicas e as sociedades de economia
mista, então sujeitas ao regime jurídico próprio das
pessoas jurídicas de direito privado.
Os empregados públicos (BANCO DO BRASIL,
PETROBRAS, INFRAERO) são regidos pela CLT e
estarão submetidos à LEI nº 7.783/89.
Art. 173,§2º, II da CF
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da
empresa pública, da sociedade de economia mista e
de suas subsidiárias que explorem atividade
econômica de produção ou comercialização de bens
ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários
GREVES EM SERVIÇOS ESSENCIAIS

Art.9º, CF.
Art. 611 – B da CLT.
Art. 10 da Lei de Greve.
• Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
dele defender.
• § 1º A lei definirá os serviços ou atividades
essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
Art. 10 São considerados serviços ou atividades
essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e
distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e
alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas,
equipamentos e materiais nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços
essenciais;
X - controle de tráfego aéreo e navegação aérea;
(Redação dada pela Lei nº 13.903, de 2019)
XI compensação bancária.
A Lei nº 13.846/2019
• Atividades médico-periciais relacionadas com o
regime geral de previdência social e a assistência
social
• Atividades relacionadas com a caracterização do
impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial
da pessoa com deficiência
• Outras prestações médico-periciais da carreira de
Perito Médico Federal indispensáveis ao
atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
OJ nº 38 da SDC
• É abusiva a greve que se realiza em setores que a
lei define como sendo essenciais à comunidade, se
não é assegurado o atendimento básico das
necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na
forma prevista na Lei 7.783/1989
• NÃO há previsão legal de manter 30% dos
atendimentos.
• As partes devem analisar um fato concreto
• Exemplo:
- Em caso de greve na UTI e cirurgias de emergência
é necessário 100%. Já em outras repartições da
mesma instituição, já pode ser outro percentual
- A comunicação ao empregador e aos usuários
deverá ocorrer com 72 horas de antecedência à
população (art. 13)
GREVES EM SERVIÇOS ESSENCIAIS

Os serviços inadiáveis estão ligados à saúde,


segurança e sobrevivência
É estipulado por comum por comum acordo entre
empregados, empregadores e sindicato.
Caso não seja garantido o mínimo de atendimento
à população, a greve será considerada abusiva
(TST).
REQUISITOS PARA A GREVE
1. Convocação de assembleia geral
2. Tentativa de solução amigável
3. Comunicação previa
4. Manutenção do maquinário
COMUNICAÇÃO PREVIA DE NO MÍNIMO

Comunicação ao empregador com antecedência


mínima de 48 horas
Atividade essenciais a comunicação será de 72
horas de antecedência para o empregador e
usuários
TST não considera a comunicação da deliberação
em assembleia geral de greve como substituição da
comunicação.
Manutenção do Maquinário
• É necessário a manutenção de máquinas, cuja
paralização resulte em prejuízos para o
empregador.
• Exemplo:
- Algumas caldeiras de fornos não podem
ser desligadas
Art. 9º da LEI DA GREVE
Durante a greve, o sindicato ou a comissão de
negociação, mediante acordo com a entidade
patronal ou diretamente com o empregador,
manterá em atividade equipes de empregados com o
propósito de assegurar os serviços cuja paralisação
resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração
irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem
como a manutenção daqueles essenciais à retomada
das atividades da empresa quando da cessação do
movimento.
Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao
empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de
contratar diretamente os serviços necessários a que se
refere este artigo.
Greve sem representação
sindical
• A partição do sindicato é exigência para o exercício
do direito de greve
Exceção
• Se o sindicato for inerte ou inexistente em relação
as negociações coletivas
• Nesse caso, elege-se um grupo de trabalhadores
que represente a categoria
• Para legitimar é necessário a adesão grande de
trabalhadores.
• A greve de parte dos trabalhadores que não
concordam com a posição assumida pelo sindicato,
em tese é abusiva, uma vez que não se enquadra
em nenhuma das hipóteses previstas no art. 14 da
lei da greve.
LOCKOUT OU LOCAUTE
• O lockout corresponde ao fechamento provisório
da fábrica, pelo empregador, a fim de frustrar o
movimento grevista.
• O chamado locaute, vedado pelo ordenamento
jurídico brasileiro, significa a paralisação do
trabalho ordenada pelo próprio empregador”.
• É vedada a paralisação das atividades, por iniciativa
do empregador, com o objetivo de frustrar
negociação ou dificultar o atendimento de
reivindicações dos respectivos empregados
(lockout).
• A paralisação das atividades, por iniciativa do
empregador assegura aos trabalhadores o direito à
percepção dos salários durante o período de
paralisação
RESPONSABILIDADE DOS
GREVISTAS
• Art. 15. A responsabilidade pelos atos praticados,
ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve,
será apurada, conforme o caso, segundo a
legislação trabalhista, civil ou penal.

Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de
ofício, requisitar a abertura do competente
inquérito e oferecer denúncia quando houver
indício da prática de delito.
A responsabilização surge com o abuso praticado, tenha
ele consequências cíveis e/ou criminais.

As instâncias civil, penal e trabalhista são absolutamente


independentes entre si.
EXEMPLO
• Por um ato de sabotagem, por exemplo, o
empregado pode ser responsabilizado na esfera:
• Civil, pelo prejuízo patrimonial causado ao
empregador;
• Na esfera penal, pelo crime de dano;
• E na esfera trabalhista, por falta grave.

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