Você está na página 1de 2

Carlos Henrique Bezerra Leite; Competência em razão do lugar.

Também chamada de competência territorial, é determinada com base na circunscrição geográfica


sobre a qual atua o órgão jurisdicional. Geralmente, a competência é atribuída às Varas do Trabalho,
onde as competências são determinadas por lei federal. Trata-se, portanto, de competência relativa
e somente pode ser arguida por meio de exceção. Logo, não pode ser declarada de ofício. Tem-se
admitido, em homenagem ao princípio da simplicidade que informa o processo do trabalho- embora
tecnicamente não seja a forma correta- a arguição da incompetência territorial como preliminar da
contestação.

Em relação ao local da prestação do serviço a competência das varas do trabalho é determinada pela
localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que
tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro, nesse caso trata-se da adoção da teoria da lex
loci executionis que diz ser a relação jurídica trabalhista regida pelas leis vigentes no país da
prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação. Entretanto o Juiz poderá valer-se
das interpretações sistemática e teleológica que o orientarão no sentido de fixar sua competência
territorial considerando a questão da insuficiência econômica do trabalhador e a facilitação do seu
acesso à justiça laboral.

Em relação ao empregado brasileiro que trabalha no estrangeiro é estabelecido dois critérios para
solução de conflitos de leis trabalhistas no espaço: um de direito material e outro de direito
processual. Quanto ao critério de direito processual, atribui à Justiça do Trabalho a competência
territorial para processar e julgar ação trabalhista proposta por brasileiro que tenha trabalhado em
agência ou filial no estrangeiro. Pouco importa se a empresa é brasileira ou estrangeira, pois o
critério específico adotado diz respeito ao empregado brasileiro, nato ou naturalizado, que prestar
serviços no estrangeiro e desde que não exista tratado internacional fixando outro critério de
competência.

Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de


trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou
no da prestação dos respectivos serviços. Parece-nos, no entanto, que a interpretação teleológica da
CLT autoriza uma opção legal para o empregado de empresa que realiza atividades em locais
diversos da contratação do obreiro, pouco importando se a título permanente ou esporádico, ajuizar
a ação no foro do lugar da contratação ou no da prestação de serviço. Ademais, deve-se analisar a
questão sob a perspectiva do alargamento do acesso à Justiça e, sobretudo, enaltecendo o princípio
da economia processual, máxime quando não há prejuízo para a defesa.
Segundo o doutrinador José Cairo Jr a regra geral é que a competência das varas do trabalho é
determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Apesar de na doutrina
o entendimento ser predominante de que a competência em razão do lugar é pelo último local de
prestação de serviços existem exceções à regra geral.

A primeira exceção que pode se falar diz respeito ao agente ou viajante comercial quando fizer parte
no dissidio, onde a competência é da vara do trabalho da localidade em que a empresa tenha
agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, é competente a vara do
trabalho da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.

No caso do empregado brasileiro trabalhando no estrangeiro a competência das varas do trabalho


estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.

Outro ponto relevante é em relação a natureza da atividade empresarial, em que se tratando de


empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é
assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da
prestação dos respectivos serviços.

Você também pode gostar