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Iremos demonstrar neste pequeno arrazoado as novas figuras trazidas por essa
reforma, ainda que algumas delas já estivessem presentes em nosso cotidiano,
mas que somente após a Lei passaram a ser efetivamente regulamentadas pela
CLT.
O TRABALHADOR INTERMITENTE
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Advogado e professor pela Polícia Militar do Rio de Janeiro (CFSD), Exército Brasileiro (CGAEM) e
UFRRJ/UAB/CEDERJ.
Em suma, o empregado intermitente fará jus a todos os direitos trabalhistas,
inclusive registro na Carteira de Trabalho, mas não terá qualquer garantia quanto
ao recebimento de salário ou qualquer outro valor, pois, isto dependerá tão-
somente da convocação do empregador para a prestação de serviços, conforme a
necessidade do seu empregador.
Assim, este novo personagem (trabalhador intermitente), nos leva a concluir que
o desejo do legislador nesse caso foi de reduzir, tão-somente, o emprego
informal, legitimando essa prática de maneira que também pudesse ser tributada
e contabilizada para a redução dos números do governo relativos à taxa de
desemprego, contudo, com um olhar mais crítico, não vejo benefícios diretos ao
trabalhador, mas ao Governo Federal que passará a recolher com este tipo de
trabalhador, o que não acontecia antes.
Assim, essa nova previsão legal teve por objetivo enfraquecer, quiçá, derrubar o
forte posicionamento da Justiça do Trabalho que sempre atribuiu o vínculo
empregatício àquele trabalhador que presta serviços a uma única empresa,
subentendendo, apenas com base nesse fato, a subordinação jurídica própria do
vinculo de emprego.
Na verdade, a nova lei não trouxe uma novidade, apenas deixou mais claro o
ponto que trata a possibilidade de um trabalhador autônomo dedicar-se com
exclusividade a uma empresa, sem que isso viesse significar necessariamente a
subordinação própria do trabalhador empregado.
O EMPREGADO AUTOSSUFICIENTE
Por óbvio que isso não é verdade, pois ainda que o empregado receba uma renda
mais elevada, a subordinação sempre estará presente, sendo inclusive maior
nesse patamar, pois, tais empregados possuem um padrão salarial mais difícil de
ser encontrado no mercado de trabalho e, para mantê-lo, sujeitam-se às
imposições do empregador, ainda que não lhes sejam favoráveis, por temerem
um desligamento e não ter outro empregador que esteja em condições de cobrir
as oferta de trabalho anterior.
Desta forma, com o alto índice de desemprego e a crise econômica que assola o
país, seria impossível imaginar que um alto empregado pudesse negociar as
cláusulas de seu contrato de trabalho em pé de igualdade com o seu empregador,
exceto raríssimas exceções que jamais poderiam ser tomadas como regra.
Portanto, trata-se de uma nova categoria de empregado criada pela Reforma
Trabalhista.
Por fim, essas são as novas figuras trazidas pela Reforma Trabalhista que, em
alguns pontos, criou uma nova situação jurídica, como nas figuras do empregado
autossuficiente e do empregado intermitente, já em outros buscou apenas
regulamentar situações já bastante difundidas, como a do empregado em regime
de teletrabalho e o prestador de serviço autônomo com dita exclusividade.
Este tipo de trabalho, sempre foi largamente executado, sendo uma prática
muito comum, pois, não havia uma regulamentação para essa modalidade de
prestação de serviço, motivo pela qual se gerava certa insegurança jurídica às
empresas quando neste tipo de contratação. Logo, a novidade legislativa veio em
boa hora.
Vale lembrar que a lei deixa ainda claro que o comparecimento do empregado na
empresa para a realização de atividades específicas não descaracteriza o regime
de teletrabalho. No contrato de trabalho desta modalidade deverá prever o tipo
de prestação de serviço, bem como a atividades que serão realizadas.