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Recursos humanos

Relações de trabalho e direitos do trabalhador


Entendemos como relações de trabalho todo o vínculo que se estabelece em um
contexto de trabalho, ou seja, é qualquer relação de trabalho humano.

É importante salientar que todo empregado é um trabalhador, mas nem todo trabalhador
é um empregado.

Existem vários tipos de trabalhadores que não são considerados empregados e isso se
deve ao fato de não se enquadrarem no requisito estabelecido pelo artigo 3º da Consolidação
das Leis do Trabalho, a CLT.

De acordo com o artigo 3º da CLT, “considera-se empregado toda pessoa física que
prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário”.

Então, podemos dizer que a relação de trabalho se apresenta mais amplamente do que
a relação de emprego e é considerada apenas por ser uma prestação de serviços eventual,
em que não há subordinação e tampouco o pagamento de salário. Já a relação de emprego é
o oposto dessas definições.

A relação de trabalho provém de trabalho autônomo, eventual, avulso; e a relação de


emprego trata do trabalho subordinado, da não eventualidade, do empregado em relação ao
empregador.

Outro documento que estabelece algumas regras nas relações de trabalho é a


convenção coletiva de trabalho (CCT). O artigo 611 da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) denomina a CCT como um acordo normativo, ou seja, que gera obrigações entre
sindicatos e empregadores, no qual são estipuladas condições de trabalho aplicáveis àquela
determinada categoria profissional.

Em outras palavras, a CCT é um acordo que garante direitos e benefícios aos


trabalhadores, mas que também estabelece deveres e normas com relação a jornada de
trabalho, piso salarial e outras questões voltadas às relações de trabalho. Esse acordo ocorre
anualmente e deve ser oficializado até a data-base da categoria.

Além da CCT, que é celebrada entre os sindicatos dos trabalhadores e o sindicato


patronal, existem também outros dois tipos de acordo: o acordo coletivo de trabalho (ACT) e
o dissídio coletivo de trabalho (DCT).

Ao contrário do ACT, que é firmado entre determinado sindicato diretamente com a


empresa, o DCT propõe ações à Justiça do Trabalho por sindicatos, federações ou
confederações para resolver questões que não puderam ser solucionadas na negociação
sindical direta entre trabalhadores e empregadores.

Vale lembrar que, em caso de conflito entre o acordo coletivo e a convenção coletiva,
deve prevalecer aquele que for mais favorável ao trabalhador.

Dica: para saber mais detalhes sobre o assunto, acesse o site de algum sindicato e
clique em Acordo coletivo, Convenção coletiva ou Piso salarial.

Pensando na prática

Relação de trabalho

Um desenhista, trabalhador autônomo, que presta serviços de vez em quando a uma


empresa é um profissional que participa de uma relação de trabalho, ou seja, sua prestação
de serviços é eventual. Além disso, ele não fica sob dependência do empregador e não recebe
um salário, mas, sim, uma contraprestação em dinheiro equivalente aos seus serviços
prestados.

Relação de emprego
Podemos ver um exemplo de relação de emprego em um operador de máquinas, que
trabalha cinco dias por semana, 40 horas semanais, sob ordens e dependência de seu
empregador, além de receber salário para efetuar seus serviços e tirar sua subsistência a
partir deste salário.
Tipos de trabalho
Autônomo

O trabalhador autônomo presta um serviço por conta própria, sem vínculo empregatício,
assumido os próprios riscos. A principal característica deste profissional é a independência,
uma vez que não ele não é subordinado a um empregador.

Trabalhador eventual

Já trabalhador eventual é aquele que trabalha sem continuidade, ou seja, exerce o


trabalho por um curto período e pode realizar atividades para vários tomadores de serviço.
Este trabalhador não recebe serviços habitualmente, com constância.

Trabalhador avulso
O trabalhador avulso, assim como o trabalhador eventual, trabalha sem a característica
da continuidade e da subordinação; assim, presta serviços para vários tomadores de serviços
e não tem vínculo de emprego.

A diferença entre o trabalhador eventual e trabalhador o avulso está em que o trabalho


avulso precisa ser intermediado, não havendo, assim, uma relação direta entre o trabalhador e
o tomador de serviço. A intermediação entre trabalhador avulso e tomador de serviço ocorre
pelo sindicato da categoria do trabalhador.

Trabalhador temporário

O trabalho é realizado por um período predeterminado em razão de uma situação


específica, como, por exemplo, licença-maternidade ou licença-acidentária. O trabalhador
temporário tem vínculo empregatício com uma empresa de trabalho temporário que fornece a
mão de obra do trabalhador temporário para a empresa tomadora. É importante saber que
esse tipo de trabalho é regulado pela Lei nº 6.019/74.
Trabalho terceirizado

A terceirização é um contrato entre a empresa tomadora de serviços e a empresa que


terceiriza o empregado. O empregado não faz parte da estrutura interna da empresa
tomadora, por isso deve subordinação às ordens e às normas de quem o contratou, bem
como deve reportar os problemas para a empresa que registrou sua carteira de trabalho. Não
há nenhuma lei que regulamente a terceirização no Brasil, por esse motivo foi elaborada a
Súmula nº 331 do TST para regular esse tipo de trabalho.

Estágio

Para o trabalhador se caracterizar como estagiário, é preciso estar estudando,


matriculado em uma instituição de ensino superior ou profissionalizante, no intuito de
oferecer experiência prática. A jornada de trabalho deve ser compatível com o horário escolar
e o estágio também deve ter a participação obrigatória da instituição de ensino, além de um
compromisso entre o empregador e o estagiário. A remuneração fica a critério das partes e
pode ser feita por meio de bolsa de estudos.

Trabalhador celetista

Trabalhador celetista é aquele regido pela CLT. Uma das vantagens desse regime é a
periodicidade em que ocorrem os aumentos salariais, sendo o reajuste definido por meio de
negociação coletiva. A modalidade de trabalho regida pela CLT é a mais comum de ocorrer no
momento de uma contratação.
Direitos do trabalhador
Em uma relação de emprego devem ser respeitados os direitos do trabalhador
estabelecidos na legislação brasileira. É fundamental que tais direitos e deveres sejam de
conhecimento de todos os empregados contratados para que, além de poderem se proteger
de eventuais problemas na empresa em que trabalham, também tenham os seus direitos
garantidos.

A carteira de trabalho assinada pelo empregador, por exemplo, é um direito do


trabalhador. A carteira de trabalho deve ser assinada desde o primeiro dia de trabalho e com
todos os dados preenchidos corretamente, pois isso permite que o trabalhador contribua com
a previdência social e tenha direito à aposentadoria posteriormente.

Outro direito do trabalhador é receber salário até o quinto dia útil do mês seguinte ao
mês trabalhado e ter um descanso semanal remunerado.

O artigo 7º da Constituição Federal garante aos trabalhadores uma série de direitos,


sobre os quais os empregadores devem estar cientes, bem como devem respeitar para não
ter problemas futuros com justiça trabalhista.
Tipos de contratos de trabalho
A contratação de colaboradores é uma tarefa bem difícil, uma vez que requer que o
empregador pense nas atividades que serão exercidas, na remuneração a ser paga, no perfil
do trabalhador para ocupar a vaga existente e na modalidade de contratação.

Para o empregado, o contrato de trabalho é uma garantia de que as condições de


trabalho relacionadas à sua atividade são definidas de forma clara e legal. Para o
empregador, o contrato é a garantia de que o funcionário está ciente de suas obrigações para
com a empresa e está de acordo com os termos sob os quais foi contratado.

Para escolher a modalidade de contratação é preciso conhecer a necessidade da


empresa para então decidir entre os dois tipos principais de contrato de trabalho: por prazo
determinado e por prazo indeterminado.
Contrato por prazo determinado

Contrato por prazo determinado é aquele que estabelece o início e o término d


contrato, e pode durar até dois anos. Esse tipo de contrato se refere a atividades temporária
ou transitórias, já que ambas são realizadas para atender a algum serviço cuja finalidad
justifique a predeterminação de prazo e o contrato de experiência.

O contrato de experiência tem por finalidade verificar as aptidões do empregado par


desempenhar a função para a qual foi contratado.

De acordo com o artigo 451 da CLT, essa modalidade de contrato não poder
ultrapassar um prazo de 90 dias. Este contrato poderá ser renovado uma única vez, desd
que a soma dos períodos não exceda ao prazo máximo de 90 dias.

Artigo 451 da CLT estabelece que “o contrato de trabalho por prazo determinado que
tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem
determinação de prazo”.

Contrato por prazo indeterminado

Os contratos por prazo indeterminado são os mais comuns. Este contrato é aquele em
que o empregado comparece à empresa em dias e horários predeterminados, até que ocorr
a rescisão contratual, e não há prazo para encerrar o vínculo entre as partes.

Para ambos os contratos, por prazo determinado ou indeterminado, o trabalhador tem


os seguintes direitos:
Salário de acordo com o piso da categoria

Depósitos do FGTS

Horas extras

Adicional noturno

Vale-transporte e outros benefícios previstos em norma coletiva

Gratificação natalina proporcional

Liberação dos depósitos existentes em sua conta do FGTS

Além desses direitos, quando o contrato terminar, o empregado tem direito a férias
acrescidas de 1/3 proporcional ao período do contrato de trabalho.

A reforma trabalhista, que entrou em vigor no dia 11 de novembro de 2017, também


criou duas novas modalidades contratuais: o home office, que regulamenta o trabalho de
casa; e o trabalho intermitente, por jornada ou hora de serviço.

Embora a modalidade de contrato home office já fosse permitida anteriormente,


chamada de regime de teletrabalho, após a reforma passou a ter regras próprias, como, por
exemplo, controle de jornada que exclui o trabalhador de receber horas extras.

No contrato intermitente, o empregado não sabe de antemão os dias e os horários em


que irá trabalhar. Ele é chamado para prestar serviço nas datas escolhidas pelo empregador,
podendo optar em aceitar a convocação ou não, recebendo somente pelas horas
efetivamente trabalhadas.
Formas de rescisão
A rescisão do contrato de trabalho é um momento delicado tanto para empregado como
para empregador, mas é fundamental para ambos entenderem os diferentes tipos de rescisão
de contrato de trabalho.

Dispensa sem justa causa

Ocorre quando o empregador deseja desligar o empregado da empresa, sem que haj
alguma atitude que desabone sua conduta ou que tenha provocado essa dispensa.

Não é necessário que o empregador apresente uma justificativa para dispensar


empregado.

Nesse modelo de rescisão o empregado terá direito a receber:

Saldo de salário dos dias trabalhados

Aviso-prévio indenizado

Aviso-prévio indenizado proporcional

Férias vencidas mais 1/3 constitucional

Férias proporcionais mais 1/3 de constitucional

13º salário proporcional

Fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS)

Multa de 40% referente ao saldo do FGTS

Direito ao seguro-desemprego (o recebimento do seguro-desemprego depende


do tempo trabalhado pelo empregado, bem como o recebimento é proporciona
a esse tempo)
Dispensa por justa causa ou causada pelo empregado

Nesse caso, a rescisão é provocada em função da má conduta e de faltas grave


cometidas pelo empregado, fazendo com que ele perca o direito a benefícios que receberia
sendo desligado da empresa recebendo apenas as férias vencidas e o saldo de salário.

Os principais motivos para demissão por justa causa são:

Ato de improbidade: se refere a todo ato de má-fé do empregado, como furtar


coisas materiais ou de informações da empresa, adulterar documentos
pessoais ou pertencentes ao empregador, expor documentos confidenciais a
outras pessoas, entre outras condutas.

Incontinência de conduta ou mau procedimento: se refere à má conduta do


empregado, como assediar sexualmente ou moralmente um colega de trabalho
tratar as pessoas de maneira arrogante, não respeitar o ambiente de trabalho,
entre outros.

Negociação habitual: se refere a quando o empregado usa de informações da


empresa que trabalha para abrir um negócio concorrente, conseguir clientela
para o seu negócio, beneficiar uma empresa concorrente, entre outros fatores
semelhantes.

Condenação criminal: ocorre quando o empregado é julgado e condenado e vai


para a prisão por algum motivo.

Embriaguez habitual no serviço: se refere a quando o empregado vai trabalhar


todos os dias bêbado ou sob o efeito de drogas.

Indisciplina ou insubordinação: ocorre quando o empregado não respeita


ordens do seu superior ou as regras da empresa em que trabalha.
Pedido de demissão

Por ocorrer quando a decisão do desligamento vem do empregado, o que faz com qu
ele perca o direito ao aviso-prévio, à multa sobre o FGTS, ao seguro-desemprego e às demai
garantias de emprego.

Nesse modelo de rescisão o empregado terá direito a receber os mesmos benefício


que na demissão sem justa causa, porém o empregado perde o direito de:

Sacar o FGTS (o saldo depositado na conta do empregado fica rendendo juros e


correção monetária, mas só poderá ser sacado quando houver uma situação
em que o empregado tenha direito ao saque).

Receber o direito de sacar o seguro-desemprego mesmo se já tiver tempo de


empresa suficiente para isso.
Rescisão indireta

Ocorre quando o empregador comete uma falta grave que atinge a relação de trabalh
com o empregado. De acordo com o artigo 483 da CLT, pode haver rescisão indireta:

Quando forem exigidos serviços superiores às forças do empregado, defesos


por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato

Quando o empregado for tratado pelo empregador ou por seus superiores


hierárquicos com rigor excessivo

Quando o empregado correr perigo manifesto de mal considerável

Quando o empregador não cumprir as obrigações do contrato

Quando o empregador ou seus prepostos praticarem, contra o empregado ou


pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama

Quando o empregador ou seus prepostos ofenderem o empregado fisicamente


salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem

Quando o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de
forma a afetar sensivelmente a importância dos salários

Você percebeu como as relações de trabalho são


complexas?

Por isso, é fundamental que o profissional de recursos humanos esteja preparado e


tenha conhecimento suficiente para auxiliar tanto o colaborador quanto a organização
durante um processo de contratação e/ou desligamento, a fim de evitar possíveis conflitos.

É importante lembrar sempre que as relações de trabalho não se restringem somente à


esfera jurídica, tratando tão somente de tipos de contrato, rescisão, direitos e deveres. As
relações de trabalho se referem também às relações humanas que se firmam por meio de
ações e atitudes coerentes na esfera das relações de trabalho.

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