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LEGISLAÇÃO

Técnico em Segurança do Trabalho


CONSOLIDAÇÃO DAS
LEIS DO TRABALHO
(CLT)
Professora Enga Dângela Lopes
A CLT
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é um dos ordenamentos jurídicos
mais longevos da história brasileira. O conjunto de leis que atravessou o século,
regimes e governos desde a sua criação até os dias de hoje.

A sua criação se encontra com períodos importantes da história do Brasil,


fazendo com que, desde criança, ouçamos falar sobre esse conjunto de leis
ainda sem entender muito bem o que é CLT de fato.
A CLT
Esse cenário muda ao passo em que o cidadão vai em busca de seu primeiro emprego
formal, se deparando com seus primeiros direitos trabalhistas garantidos por essa lei, como
uma jornada de trabalho máxima diária, o direito a intervalo, folga remunerada, férias, e até
mesmo um salário mínimo.
Atualmente, são quase mil artigos que definem direitos e deveres de empregadores
e empregados. Apesar de ser um consenso de que essa lei de fato protege o trabalhador
ao dar condições mínimas de trabalho, ainda nos dias atuais, a CLT é objeto de muita
discussão entre aqueles que a consideram arcaica, defasada e, muitas vezes, omissa.
A CLT
O fato é que, anos depois de sua promulgação, essa lei já foi modificada de várias
formas com edição de normas, artigos revogados, novas previsões e diversas outras
mudanças.

Além disso, ela é amparada por diversas outras normas, como as convenções coletivas,
portarias ministeriais, normas regulamentadoras, súmulas e até mesmo jurisprudências.

O que torna difícil até mesmo acompanhar e saber o que é a CLT e o que realmente
está previsto nela.
PARA QUE SERVE A CLT?
A CLT serve para regulamentar a relação de trabalho entre empregado e
empregador, mas para além disso, é importante lembrar que esse documento
serviu para unificar os diversos decretos no âmbito do direito do trabalho que
existiam no país na década de 30 e 40.
O QUE SERIA UM CONTRATO CLT?
Um contrato CLT trata-se de um acordo firmado entre uma contratante e um contratado
com base nas regras previstas na lei trabalhista. Podendo ser por tempo determinado ou
indeterminado.

A CLT define o contrato de trabalho em seu artigo 442, da seguinte forma:

“Art. 442 – Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,


correspondente à relação de emprego.”
COMO FUNCIONA UM CONTRATO CLT?
Formatos do tipo estágio profissional, trabalho autônomo, eventual, informal, entre
outros modelos costumam ter um outro tipo de contrato.

Quando um trabalhador é contratado via CLT, isso quer dizer que o emprego dele
será formal, com carteira assinada, e ele terá direito aos principais benefícios da CLT
como FGTS, INSS, décimo terceiro, férias, jornada de trabalho de até 08 horas
diárias, e diversos outros direitos previstos nesta consolidação.
COMO FUNCIONA UM CONTRATO CLT?
Para ser firmado um contrato CLT, a empresa precisa realizar a admissão do
empregado conforme as regras celetistas, que inclui: anotação da CTPS, celebração
de um contrato de trabalho e exame admissional.

A depender da empresa, o processo de admissão pode ser mais longo e incluir


outras etapas, mas, as principais obrigações segundo a CLT são essas.
O QUE A CLT PREVÊ?
A CLT é o grande código trabalhista que prevê uma série de obrigações para
empregadores e empregados, mas sobretudo essa consolidação prevê direitos básicos aos
trabalhadores que todo contrato de trabalho em regime celetista deve observar e cumprir.
Vejamos alguns a seguir:
Definição das figuras de empregador e empregado: Logo no seu início, a CLT já define
duas figuras importantes em uma relação de emprego, a figura do empregador e
empregado.
Veja o que diz o artigo:
O QUE A CLT PREVÊ?
“Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo
os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º – Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego,


os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou
outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.”
O QUE A CLT PREVÊ?
Já a figura do empregado, é definida da seguinte forma:

“ Art. 3º – Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único – Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição


de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.”
CARTEIRA DE TRABALHO
Apesar da carteira de trabalho não ter surgido a partir da CLT, mas sim com um decreto
de 1932, atualmente essa é uma regra que consta na consolidação e que inclusive, foi
modificada em 2019 com a criação da carteira de trabalho digital.

De acordo com o Art. 29 da CLT, o empregador deve realizar uma série de anotações
toda vez que admitir um novo empregado, no prazo de 5 dias úteis.
SALÁRIO MÍNIMO
O salário mínimo é outro direito que não foi instituído com a CLT, mas, suas regras
também estão presentes na consolidação. Em seu artigo 76, a CLT prevê que:

“Art. 76 – Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo


empregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção de sexo, por dia
normal de serviço, e capaz de satisfazer, em determinada época e região do País, as suas
necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte.”
LIMITE DE HORAS DE TRABALHO POR DIA
A Seção II, Capítulo II da CLT, traz todas as regras sobre a jornada de trabalho, e em
seu artigo 58 está previsto que a duração normal de um dia de trabalho não pode exceder 8
horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.

Essa seção também traz previsões sobre o aumento da jornada, o artigo 59


regulamenta que a jornada normal de trabalho pode ser acrescida de no máximo 2 horas
extras, e que toda hora extra será remunerada com o acréscimo de pelo menos 50%
superior a hora normal.
FÉRIAS
Apesar de existir desde 1925, foi somente com a Consolidação que o direito a férias
passou a ser respeitado para todos os colaboradores em regime celetista.

Do artigo 129 ao 145, são previstas diversas regras sobre férias, férias coletivas,
remuneração e abono de férias.

Para os trabalhadores formais é assegurado o direito a férias a cada 12 meses de


trabalho, podendo ser de até 30 dias caso o trabalhador não tenha mais do que 5 faltas
injustificadas durante o seu período aquisitivo.
QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS BENEFÍCIOS QUE
VIERAM COM A CLT?
Saber exatamente quais os principais direitos vieram com a CLT, é um jogo de quebra-
cabeças, pois, como vimos anteriormente, a CLT unificou as leis trabalhistas vigentes no
país no final da década de 30 e começo da década de 40, o que torna difícil saber o que
veio com a CLT e quais direitos trabalhistas já existiam anterior a ela.

Nessa linha, podemos também citar alguns direitos posteriores à criação da CLT, um
dos maiores exemplos é a Constituição Federal de 1988, que instaurou diversos direitos
trabalhistas conhecidos como sociais.
QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS BENEFÍCIOS QUE
VIERAM COM A CLT?
Contudo, apesar da CLT não inaugurar todos os direitos trabalhistas, os mais populares
como férias, hora extra, adicional de ⅓, salário mínimo, FGTS, 13°, entre outros que hoje
fazem parte desse conjunto. E, mesmo que diversas leis trabalhistas ainda estejam fora da
CLT, devemos lembrar que em seu conteúdo ela traz as mais fundamentais
regulamentações em relação ao direito do trabalho.

Mas falando em principais benefícios que vieram com a CLT podemos citar a licença-
maternidade e o aviso prévio.
LICENÇA-MATERNIDADE
A licença-maternidade foi um dos direitos adquiridos com a criação da CLT. Inicialmente
o artigo 392 previa que era proibido o trabalho da mulher gestante no período de seis
semanas antes e seis semanas depois do parto.

Muito tempo depois, com a regra trazida pela Constituição, o artigo 392 foi modificado e
a licença-maternidade passou a ser válida por 120 dias, e hoje passa a vigorar com a
seguinte redação:

“Art. 392. A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento e


vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário.”
AVISO PRÉVIO
O aviso prévio foi outro direito conquistado com a criação da CLT, por meio
do artigo 487.

Esse artigo determina que em contratos de prazo indeterminado, ou seja, um


contrato normal de trabalho, quando uma das partes quiser rescindir o contrato
deve avisar a outra com antecedência.
AVISO PRÉVIO
A regra só não valerá para os contratos extintos por justa causa, caso contrário, a
lei estabelece o período mínimo de 08 dias para o aviso se o pagamento for efetuado
por semana ou tempo inferior, ou 30 dias se o pagamento for realizado por quinzena
ou mês, ou para funcionários que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na
empresa.

Agora que entendemos o que a CLT prevê e quais direitos foram adquiridos com
ela, chegou a hora de falarmos de uma recente e importante modificação nas regras
do direito do trabalho, a Reforma Trabalhista.
REFORMA TRABALHISTA E CLT: O QUE MUDOU?
A reforma trabalhista que passou a vigorar em novembro de 2017, foi um
grande marco na legislação trabalhista do país.
A primeira coisa que devemos considerar é que a reforma trouxe às relações
de trabalho uma maior flexibilização, com possibilidade de acordo entre
empregador e empregado em alguns casos e diversos outros pontos que tornam
a lei mais flexível.
Dentre todas as mudanças, vamos citar algumas das mais importantes.
DEMISSÃO POR ACORDO TRABALHISTA
Diversos trabalhadores já se viram no dilema de estarem insatisfeitos com seu trabalho,
mas não viam sequer a possibilidade de se demitir. Muitas vezes, pelo tempo de casa não
seria vantajoso pedir demissão, afinal, o trabalhador não poderia sacar o seu fundo de
garantia, nem mesmo receberia a multa do FGTS.
Após a reforma isso deixou se der um problema, pois a demissão por acordo trabalhista
passou a ser uma realidade, nessa modalidade é feito um acordo entre as partes para
oficializar a demissão, com isso, o empregador fica obrigado a pagar apenas 20% da multa
do FGTS e o colaborador pode movimentar até 80% do saldo de seu fundo.
FRACIONAMENTO DE FÉRIAS
Nesse texto vimos que após 12 meses de trabalho o trabalhador ganha o direito de tirar
30 dias de férias se neste período não tiver mais do que 05 faltas injustificadas.
Mas nem todas as empresas e colaboradores gostavam de tirar 30 dias corridos de
férias, para os trabalhadores o principal motivo era que o período pós-férias fazia diferença
no orçamento, e para as empresas, não era vantajoso ter um funcionário fora por tanto
tempo.
Com a Reforma, o trabalhador e o empregador podem escolher fracionar o período de
férias em até três períodos, desde que um deles não seja inferior a 14 dias, e os outros dois
não sejam menores que 05 dias corridos.
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Antes da reforma, uma vez por ano, todo trabalhador celetista deveria fazer a
sua contribuição sindical, após a reforma essa regra passou a ser opcional.

Com a alteração da lei, o trabalhador pode optar por ter ou não ter esse
desconto em seu holerite.
BANCO DE HORAS
O banco de horas também foi modificado com a reforma trabalhista, trazendo
a possibilidade dele ser implantado mediante acordo entre empregador e
empregado.

Isso traz a possibilidade do banco ser adotado sem a participação do


sindicato da categoria, o que torna mais rápida a sua adoção. Porém, nesse
caso, o banco terá validade de apenas 6 meses.
JORNADA 12×36
A jornada 12×36 consiste em 12 horas de trabalho para 36 horas de descanso,
esse é um dos pontos que gerou muitas dúvidas na época, pois 12 horas de trabalho
ultrapassam as 8 horas máximas previstas em lei.
Porém, o artigo 59-A da CLT, trouxe essa possibilidade, mediante acordo
individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, desde que todos
os intervalos sejam respeitados.
Esses foram os principais tópicos alterados na CLT com a reforma trabalhista de
2017, mas antes de acabarmos esse conteúdo sobre o que é a CLT, vamos trazer
mais um tema importante, veja a seguir.
JORNADA 12×36
A jornada 12×36 consiste em 12 horas de trabalho para 36 horas de descanso,
esse é um dos pontos que gerou muitas dúvidas na época, pois 12 horas de trabalho
ultrapassam as 8 horas máximas previstas em lei.
Porém, o artigo 59-A da CLT, trouxe essa possibilidade, mediante acordo
individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, desde que todos
os intervalos sejam respeitados.
Esses foram os principais tópicos alterados na CLT com a reforma trabalhista de
2017, mas antes de acabarmos esse conteúdo sobre o que é a CLT, vamos trazer
mais um tema importante, veja a seguir.

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