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TCV - 196 - ÉTICA E CIDADANIA

O significado de ética

A ética é a parte da filosofia dedicada aos assuntos morais. Palavra derivada do


grego, ela significa ―aquilo que pertence ao caráter‖. Para facilitar a sua compreen-
são, traremos este conceito para o nosso cotidiano. Basta examinar as condutas que
você adota no dia a dia. Ou a de outros profissionais como um jornalista, um advo-
gado ou um político. Os comportamentos identificados se referem à ética.

Algumas pessoas confundem a ética com as leis que regem nossas vidas. As leis
usam princípios éticos para serem estabelecidas. Quem não as cumprir pode sofrer
sanções. Já a ética não faz com que indivíduos sejam compelidos pelos demais ou o
Estado por desobediência às normas éticas que regem nossa sociedade.Isso já não
acontece dentro das organizações públicas ou privadas, quando estas são estabele-
cidas e as empresas podem cobrar dos seus por obediência.
É o que podemos chamar de ética empresarial.

A ética empresarial

Agora que você assimilou mais sobre o conceito de ética, vamos aprofundá-lo em
relação às organizações empresariais. A ética empresarial determina a moral e a
conduta dentro das empresas.
Quando uma organização entra no mercado, independentemente do porte dela, ela
deve seguir alguns conceitos relacionados à ética empresarial. Antigamente, este
termo era algo incomum. A atividade empresarial estava associada à eficácia dos
processos e aos resultados financeiros que eles poderiam trazer.

A postura ética adotada por empresários e profissionais que trabalhavam para as


organizações era algo implícito, que estava vinculado à formação de cada um.A éti-
ca empresarial está relacionada aos valores morais e éticos de uma empresa dentro
do seu ramo de atuação, assim como diante de seus clientes e concorrentes. Os
valores dela são os mesmos que regem a ética como um todo e a conduta dos rela-
cionamentos no meio social.

O impacto da ética em uma empresa

Quando uma organização adota e aplica a ética em seus princípios básicos, ela de-
senvolve potencial para crescer de maneira sustentável. Ela é vista pelos clientes
como uma empresa séria e que tem responsabilidade.As organizações que desres-
peitam seus consumidores, fazem propagandas enganosas ou ofertas falsas —
principalmente, com o intuito de ganhar dinheiro mais rapidamente — são condena-
das ao fracasso. O sucesso dessas organizações costuma ser passageiro e, da
mesma forma que ela cresceu, ela encolhe até desaparecer.
Dentro da organização, a ética empresarial fomenta boas relações tanto entre os
próprios colaboradores quanto em relação aos clientes. O relacionamento entre to-
dos passa a ser mais claro, tornando-se agradável para todos os níveis.
Atualmente, no mundo corporativo, a ética empresarial passou a ser vista como me-
ta essencial a ser alcançada. O cultivo dela dentro das organizações passou a ser
tratado com tanta importância quanto os resultados, sucesso financeiro, inovação e
excelência.Para que a seriedade dos propósitos e a transparência na administração
das empresas ficassem em evidência, gestores e colaboradores passaram a identifi-
car os valores e a missão das empresas para o qual atuam. É por meio desse me-
canismo que a ética de cada organização passou a ser vista de forma mais clara.

Problemas relacionados com as atitudes das empresas e que foram vistas pela po-
pulação de modo geral como ilegais — montadoras de carros que adulteram o mo-
delo de testes para melhorar sua performance, por exemplo —, fizeram o mercado
refletir diante de uma profunda transformação que era necessária: a da cultura das
empresas.A cultura de cada empresa passou a focar no comportamento ético para
afastar a desconfiança e a descrença em relação aos escândalos que afetaram a
imagem de uma série de empresas que tiveram problemas.

Líderes e liderados diante da ética empresarial

A ética empresarial também deve fazer parte das rotinas de líderes e liderados. O
bom líder sabe lidar com todas as situações de uma maneira coerente. Sempre a-
gindo com responsabilidade e seguindo as normas da empresa.
Para que todos os colaboradores possam agir em conformidade com o código de
ética da empresa, esta necessita criar e divulgar as regras. Elas devem promover o
desenvolvimento interno em relação ao meio social, aos clientes e o relacionamento
entre líderes e liderados.Quando se cria um código de ética empresarial, todos os
colaboradores, sem exceção, devem conhecer o conteúdo, valor e os significados
presentes no documento. A Roche, empresa do ramo farmacêutico, por exemplo,
adotou uma política anti-suborno e um código avançado de ética. O objetivo é dimi-
nuir problemas com direitos humanos, impactos ambientais e governança corporati-
va.

A relação entre a responsabilidade social e a ética empresarial

Entre os valores que o código de ética empresarial de uma organização deve ter,
precisamos encontrar a responsabilidade social. A empresa que deseja ser vista
com bons olhos pelo mercado, funcionários, clientes e o público de uma forma geral
necessita ter um senso de responsabilidade social.

O interesse pela solução de problemas sociais pode ser demonstrado por meio de
programas, cujo objetivo é beneficiar a população local. Isso pode ser feito com
ações que promovam a cultura, a preservação do meio ambiente e o acesso da co-
munidade à educação. A empresa que tem um engajamento em prol da responsabi-
lidade social consegue crescer e se desenvolver junto à sociedade.
A Puma, empresa de artigos esportivos, foi considerada uma organização séria em
relação à gestão ambiental e dos trabalhadores. Primeiro, pois busca alternativas
sustentáveis na fabricação de seus produtos. Segundo, pois incentiva a igualdade
de oportunidades para seus colaboradores e procura dar melhores condições de
trabalho a eles.

Habilidades gerenciais e a ética

A ética empresarial está presente nas habilidades e competências dos executivos


atuais, como a gestão, a liderança, a negociação, a comunicação e a inovação. Por
esse motivo, é importante fazer uma reciclagem que atualize suas habilidades em
gestão empresarial, inovação e visão estratégica, técnicas de negociação e coa-
ching. Mantendo-se atualizado profissionalmente, você consegue revolucionar sua
carreira.

Esta disciplina tem o intuito de demonstrar ao administrador,que ética e


responsabilidade social e ambiental, são idéias que estão no centro das tendências
mais importantes da administração contemporânea, fatos que tornaram essenciais
para o sucesso do administrador do terceiro milênio. Dentro deste contexto,
demonstrando também a evolução da ética, bem como as dificuldades que as
pessoas encontram em identificar e procurar caminhos para solucionar os problemas
advindo destas questões, ou seja, encontrar respostas para a seguinte pergunta: Por
que a ética e a responsabilidade social e ambiental tem aparecido como uma
estratégia, não apenas de sobrevivência, mas, sobretudo de expansão dos
negócios?

Objetivos

Objetivo Geral
Analisar a importância da aplicação da ética empresarial e, da responsabilidade
social e ambiental das organizações, uma vez que estas são questões essenciais
para o progresso de uma organização do terceiro milênio.

Objetivo Específico
São eles:
Analisar os conceitos de ética e sua abrangência na administração das
organizações.
Demonstrar a evolução da ética através de três filósofos: Aristóteles, Kant e Hegel.
Identificar a relação e os problemas relacionados à ética empresarial e a
responsabilidade social e ambiental, com o melhoramento do desempenho das
organizações.

Introdução
Esta pesquisa irá enfatizar a questão da ética empresarial e da responsabilidade
social e ambiental, demonstrando a importância destas questões para a
sobrevivência de uma organização.

De acordo com o dicionário, ética é definida como, do Grego Ethos, tem a mesma
base etimológica da palavra moral, do Latim Mores, traduzidos como hábitos e
costumes, que traduzem normas e comportamentos que se tornam habituais. A ética
também compreende uma critica sobre os fundamentos do sistema moral.
Os fundamentos da ética, desde a antiguidade, têm participado da construção do
sistema de valores, como serão tratados através de três filósofos: Aristóteles, Kant e
Hegel, todos em períodos distintos da história.

Atualmente a questão da ética e da responsabilidade social e ambiental, esta sendo


encarada como a grande oportunidade de crescimento e competitividade, ou seja,
que a ética não deve ser entendida como ameaça ou obstáculo, mas como alavanca
para o sucesso das empresas. No entanto, não se deve esquecer dos papeis das
empresas perante a sociedade, ou seja, ficar atento as responsabilidades para com
a sociedade, e não ficar preso aos interesses dos acionistas.

Ética Numa Perspectiva Histórica

A ética vem sendo estudada e discutida, desde a antiguidade, com base nos valores
e costumes da sociedade, exemplo disto foi o filósofo Aristóteles (384 – 322 a. c.),
que criou uma ética baseada nas virtudes e no bem-estar das pessoas, definida com
o termo ―Fins do Ser Humano‖, ou seja, envolve os objetivos a curto prazo e os seus
projetos de vida, tendo a razão e a virtude como meios de encontrar a felicidade.
Segundo Aristóteles, ―Não se estuda ética pra saber o que é virtude, mas, para
aprender a tornar-se virtuoso e bom; de outra maneira, seria um estudo
completamente inútil.‖ (ARISTÓTELES, apud ARRUDA, 2003 p. 43).

Na Idade Moderna o conhecimento humano se pauta pela razão em detrimento da


fé, tendo como filosofo principal Kant (1724 – 1804). Ele buscava uma ética
universal baseada na igualdade entre os homens, não podendo exigir do próximo o
que não se exige de si próprio. A ética kantiana pode ser considerada como a ética
do dever, onde a moral tem a ver com a racionalidade do sujeito, e não basicamente
com aspectos exteriores como leis, costumes e tradições.

Já Hegel (1770 – 1831), vincula a ética à História e à Política, baseada nas atitudes
do homem na sociedade Política e no momento histórica. Atualmente a tendência é
valorizar a posição de liberdade, enquanto o ideal da ética privilegia o aspecto
pessoal da ética, como a autenticidade e a busca de uma vida mais justa,
procurando despertar nos indivíduos uma consciência ética e crítica em prol de uma
sociedade mais livre e mais humana.
Ética Empresarial

Dentre as razoes que têm impulsionado a ética no ambiente empresarial destacam-


se os altos custos de escandalosos nas empresas, acarretando perda de confiança
na reputação, multas elevadas, desmotivação dos empregados, entre outros. Dentro
deste contexto, podemos citar algumas razoes para o ―surgimento‖ da ética
empresarial, como: urgência em recuperar a confiança na empresa; necessidade de
tomar decisões à longo prazo; responsabilidade social das empresas; necessidade
de uma ética nas organizações que estabeleça o papel do diretor e o meio para
recuperar a comunidade frente ao individualismo.

Devido à necessidade de fundamentar a ética empresarial, surge a introdução dos


chamados ―Códigos de Ética Empresarial‖, que oferece as seguintes vantagens:
―Ajudar a difundir os elementos da cultura organizacional, melhora a reputação da
empresa, oferece proteção e defesa contra processos judiciais, melhora o
desempenho da empresa, melhora o comportamento dos subordinados
(honestidade e fidelidade), cria um clima de trabalho integral e de perfeição,criar
estratégias para evitar erros em matéria de ética, assimilar as mudanças da
organização, estimular comportamentos positivos, ajudar a satisfazer a necessidade
do investidor, ajudar a proteger os dirigentes de seus subordinados e vice-versa.‖
(MERCIER, 2004 p. 98).

Ao analisarmos a ética no contexto empresarial precisamos inicialmente


compreender sua dimensão nas empresas e a relação com a moral da empresa e do
ser humano:
―A ética dos negócios é o estudo da forma pela qual normas morais, pessoais se
aplicam à atividade e aos objetivos da empresa comercial. Não se trata de um
padrão moral separado, mas do estudo de como o contexto dos negócios cria seus
problemas próprios e exclusivos a pessoa moral que atua como um gerente desse
sistema.‖ (NASH,1993 p. 93, apud BOWDITCH).

Outro problema relacionado à ética nas organizações é o excesso de burocracia,


ocasionando insatisfação dos clientes. Dentro do cenário brasileiro está se
formulando uma nova forma de trabalho, nela a ética é considerada como grande
interesse empresarial e fator de competitividade, atraindo maior confiabilidade e
consistência.
Neste contexto, os valores mais importantes são: o talento, a inteligências, o
relacionamento e a marca. Onde a responsabilidade social tem papel predominante,
com relação a esses valores. O relacionamento com a comunidade, deve seguir
padrões éticos, no sentido de estimular o compromisso social das empresas.

Responsabilidade Social das Organizações


A responsabilidade social é uma exigência básica à atitude e ao comportamento
ético, através de praticas que demonstrem que a empresa possui uma alma, cuja
preservação implica em solidariedade e compromisso social.

A preocupação das empresas com as causas sociais tem se tornado uma questão
estratégica e de sobrevivência, pois durante anos as empresas só se preocupavam
com a qualidade de seus processos, hoje um bom produto, serviço e preso
competitivo deixou de ser vantagem e passou a ser obrigação, juntamente com
qualidade no relacionamento com os diversos públicos estratégicos.

Atualmente as empresas devem ficar atentas a temas como: erradicação do trabalho


infantil, regularizar o trabalho do adolescente, prorrogação do período de licença
maternidade e defesa de um meio ambiental sustentável. Ou seja, as empresas,
cada vez mais, passa a assumir o papel de empresa cidadã, conforme os interesses
e necessidade da sociedade.

Mesmo porque, a busca pela consolidação de uma imagem socialmente responsável


faz com que o meio empresarial busque formas de melhorar seu relacionamento
com o meio ambiente e a sociedade, de modo a contribuir para o desenvolvimento
social e econômico, do qual depende para sua sobrevivência. Por este motivo, seja
de forma espontânea, ou por pressão da sociedade, as empresas publicas e
privadas tem o dever de assumir uma postura consciente e responsável pelo bem-
estar da sociedade onde exerce sua atividade.

As Organizações e o Ambiente

Nos últimos anos, cresceu o interesse das empresas em relação a danos


provocados ao meio ambiente e, no futuro das relações entre a sociedade e o
ambiente. De modo geral o ambiente é considerada uma questão sistêmica,
envolvendo todas as noções e o comportamento de cada pessoa, pois as
necessidades humanas precisam ser atendidas por algum tipo de produto ou serviço
que, por sua vez, cobra um preço da natureza. De forma desequilibrada a produção
de bens e serviços irá comprometer a capacidade de renovação dos recursos
naturais e a qualidade de vida, ou seja, se continuarmos desta forma a
sobrevivência da espécie humana ficará comprometida pelo atendimento de suas
necessidades.

Em busca de soluções, muitos governos estão restringindo algumas atividades


econômicas que exerça algum pito de impacto sobre o ambiente, exigindo das
organizações a inclusão do ambiente em suas praticas administrativas, por meio do
desenvolvimento sustentável e respeito da legislação ambiental. A idéia de
desenvolvimento sustentável foi estabelecida pela Comissão Mundial do Ambiente e
do Desenvolvimento como: ―O desenvolvimento que atende as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das
gerações futuras.‖

Já o conceito de desenvolvimento sustentável vai além da simples preservação dos


recursos da natureza:
―... é um processo participativo que cria e almeja uma visão de comunidade que
respeita e usa com prudência todos os recursos – naturais, humanos, feitos pelas
pessoas, sociais, culturais, científicos, e assim por diante. A sustentabilidade procura
garantir, o Maximo possível, que as gerações atuais tem elevado o grau de
segurança econômica e possam ter democracia e participação popular no controle
das comunidades. Paralelamente, as gerações atuais devem manter a integridade
dos sistemas ecológicos dos quais dependem toda a vida e a produção. Devem
também assumir responsabilidades em relação às gerações futuras, para deixar-lhes
a mesma visão.‖. (VIEDERMAN, 1994 p.73, apud MAXIMIANO)

Segundo o Instituto dos Recursos Mundiais, uma organização só poderá alcançar


seus objetivos econômicos se respeitar os objetivos sociais e ambientais, como:
educação, saúde, distribuição igualitária dos recursos e uma base sustentável de
recursos naturais.

A Lei de Proteção Ambiental Brasileira é a lei nº 6938, de 1981, a Lei da Política do


Meio Ambiente. Esta lei indica vários instrumentos ambientais, tais como:
Licenciamento ambiental, que é ―...o procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, aplicação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou que possam causar degradação ambiental‖.
(Lei nº 6938, de 1981, apud MAXIMIANO)

A avaliação de impacto ambiental, sempre que houver a possibilidade de


significativa degradação do meio ambiente.
Responsabilidade civil ambiental, o agressor responde administrativa, civil e
penalmente por seu ato.

Um artigo da Constituição Federal diz:


―Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações‖. (art. 225, de 1988, apud MAXIMIANO)

Como foi visto a ética vem sendo discutida e utilizada desde a antiguidade, com
base em um sistema de valores, cujo qual veio sofrendo mudanças, principalmente
no mundo atual onde estas questões estão sendo mais valorizadas pela sociedade e
pelas empresas. No âmbito empresarial a ética está sendo considerada não apenas
como meio de sobrevivência, mas sim, como instrumento de expansão dos
negócios. Mesmo porque a ética empresarial surgiu como meio de recuperar a
confiança na empresa, tanto dos funcionários, quanto dos clientes, para isto se
utilizam do chamado ―Código de Ética Empresarial‖ , que visa melhorar a imagem e
o desempenho das empresas perante a sociedade.

No entanto, nada adianta uma empresa aparentar ser eticamente correta, dentro
deste contexto, se ela não assumir uma política de responsabilidade social e
ambiental. A partir de planejamento e execução de ações socialmente responsáveis,
que consolidem projetos relacionados ao meio ambiente, à melhoria do ambiente de
trabalho, entre outros, um novo posicionamento empresarial e novas relações,
fundamentadas numa atuação ética, deverão ser estabelecidas com funcionários,
consumidores, comunidade, enfim com a sociedade de um modo geral. Percebe-se,
desta forma, que os profissionais de comunicação passam a desenvolver junto às
organizações uma postura social e ética mais voltada à qualidade de vida da
sociedade.

Com base no que foi exposto, pode-se dizer que ética empresarial e a
responsabilidade social e ambiental não é assunto para as horas vagas, é filosofia e
prática de empresa. Significa não ao individualismo e aos seus subprodutos:
egocentrismo e corporativismo. Não ao autoritarismo e suas subdivisões: o
totalitarismo político, com centralização do poder; totalitarismo organizacional, com o
comportamento burocrático; o totalitarismo emocional, com o paternalismo. Ou seja,
a ética é a alma do negócio. É o que garante o conceito público e a perpetuidade,
sem princípios éticos é inviável a organização social.
TCV – 70 – A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA

A importância da ética nas nossas relações.

Desde a antiga Grécia a ética é tema de bastante discussão e indispensável para a


compreensão do comportamento humano em sociedade. Nos tempos pré-históricos
já havia uma necessidade de grupos humanos organizarem a vida e suas relações e
que assim surgiram formas de agir e de se comportar de acordo com a natureza de
cada grupo? São essas formas que expressam os valores, o conhecimento e suas
crenças, e são expressas por comunicação verbal.

Ao longo do tempo surgiu a necessidade de registrar modelos de comportamento, a


exemplo dos códigos morais. Entre 1792 e 1750 A.C. surgiu o Código de Hammou-
rabi, na Babilônia, que designava o rei como formulador de leis e preservador da boa
justiça. Já os livros de Manu surgiram dez séculos a.C., e apresentavam os preceitos
da vida política, social e religiosa da filosofia budista. (Caggiano, 2002).

―Esta moralidade primitiva surgia pragmaticamente como fruto crendices e especula-


ções religiosas. Não havia, portanto, nenhum esforço concreto no sentido de pensar
abstrata e racionalmente o comportamento dos indivíduos e as relações sociopolíti-
cas‖. (Gouvêa, 2002, p.14). Os códigos foram se tornando realidade nos mais varia-
dos povos da civilização grega, como na China, Egito e Israel. Todos esses escritos
estavam intrinsicamente ligados às crenças e práticas culturais e religiosas.

A Ética Contemporânea teve como origem o pensamento filosófico grego, com Só-
crates, Platão, Aristóteles e seus discípulos. O olhar sobre o ser humano era a ênfa-
se primordial. Compreender o homem, suas inquietações e seus sentimentos de re-
flexão e diálogo. É a era da Filosofia Clássica.

Segundo Gouvêa (2002), o ―pai‖ da Ética deveria ser Platão. Justifica dizendo que
todas as religiões são baseadas no ―platonismo‖, e dá primazia a ideias do bem co-
mo fonte de todo o pensamento humano. Além de Platão, a base da reflexão ética
ocidental está na filosofia de Aristóteles que contempla a virtude como a ―perfeição
da condição humana‖.

Considerações essenciais para a Ética.

Na filosofia de Aristóteles, Gouvêa (2002, p.15) apresenta as seguintes considera-


ções essenciais para a Ética: ―O comportamento eticamente adequado e feliz é fruto
(...) do aperfeiçoamento intelectual do indivíduo, e as principais virtudes advindas
deste desenvolvimento são: justiça, a prudência, a coragem e a moderação‖.
Acompanhando este processo, o conhecimento da Ética, encontra-se o pensamento
cristão como fonte basilar da conduta do homem. A reflexão Cristã também é norte-
ada pela cultura greco-romana, por exemplo: a noção de pecado e as ideias de amor
sacrificial; além das três virtudes segundo o Novo Testamento, que são a fé, a espe-
rança e o amor. A Ética Cristã consiste na prática das virtudes.

Para Hossne citado por Alves (2001, p.30), ―ética é o conjunto de valores do próprio
indivíduo, que envolve patrimônio genético, processo educacional, valores morais,
sentimentos, construção de personalidade e que vem de dentro para fora (...)‖. Ser-
rão (2001) afirmou que a Ética faz parte do exercício intelectual, sendo particular do
pensamento humano.

Esta denominação suscita sua aproximação com a Moral, que é também preconiza-
da pelo pensa-mento humano. Porém, dá-se à Ética uma extensão de ação que a
particulariza de forma significativamente distinta no campo do comportamento hu-
mano. A Ética se faz presente nas diversas áreas da personalidade humana.

―A educação
deve possibilitar
ao corpo e à alma
toda a perfeição
e a beleza
que podemter‖

Platão
Filósofo Grego
(427 a.C.- 347 a.C.)

“O comportamento eticamente
adequado e feliz é fruto do
aperfeiçoamento intelectual
do indivíduo”
Aristóteles

Para Cohen & Segre (1995, p. 13 e 22) o sentido da Ética é reservado como funda-
mental ao respeito humano. Assim também se configura numa categoria de valor ―A
pessoa não nasce ética, sua estruturação ética vai ocorrendo juntamente com o seu
desenvolvimento. A humanização traz a ética no seu bojo‖.
A partir de que pressuposto é possível compreender o processo Ético?

Os autores desenvolvem o tema partindo do pressuposto que é possível compreen-


der o processo Ético a partir da observação da instituição familiar. O indivíduo não
nasce com o conceito de família constituído, ele irá construir este conceito através
das suas percepções e vivência do contexto sociofamiliar ao qual está inserido. E
assim, é o mesmo processo com os conceitos de Valor, Moral e Ética.

Ainda para estes autores a Ética se fundamenta em primeiro lugar, na percepção


dos conflitos, ou seja, ter consciência deles; segundo, na autonomia, a condição de
posicionar-se entre a emoção e a razão; em terceiro, a coerência. Consciência, au-
tonomia e coerência são para os autores, pressupostos básicos para realização de
julgamentos éticos. A diferença entre Moral e Ética é que, enquanto para que a pri-
meira funcione ela é imposta e para a Ética, deve ser percebida.

Quais os pressupostos básicos para realização de julgamentos éticos?

―(...) ser ético é poder percorrer o caminho entre a emoção e a razão, posicionando-
se, de modo autônomo, (...) na busca de uma posição integrada, compatível com a
prática na vida‖. (Cohen & Marcolino, 1995, p. 51). Complementando este raciocínio,
Silva (1998) afirma que a Ética é o domínio dos juízos de valor. Ferreira (1993, p.
322) definiu juízo: ―o ato de julgar, adquirir opinião‖; assim também é possível enten-
der Ética como o domínio dos julgamentos individuais com base nos valores aos
quais cada um adquire e acredita. Silva (1998, p. 87) acrescentou que esses juízos
de valor também se remetem à generalidade, ou seja: ―Devemos agir como se o cri-
tério de nossa ação devesse estender-se universalmente. Qualquer ato que não seja
susceptível de universalização se autocontradiz em termos morais‖.

Daniel Serrão, palestra sobre Fundamentos da Biotécnica, Seminário de Ética em


Pesquisa com Seres Humanos realizado na FOUSP nos dias 4 e 5 de dezembro de
2001

Quais os papéis que se vinculam ao homem para conviver em sociedade?

Da antiguidade à modernidade vinculam-se papéis ao homem para conviver em so-


ciedade; a liberdade, o respeito e fazer o bem fazem parte da natureza humana até
hoje. No tempo moderno vários pensadores contribuem para a reflexão ética; dentre
eles, destacam-se Kant e Hegel. A filosofia de Kant apresenta uma proposta ética
inteiramente racional onde o que é primordial é a livre escolha (Cohen & Segre,
1995); este é ainda um modelo hegemônico na atualidade.

O espaço da ética na vida humana é naturalmente localizado no campo dos valores.


Encontra-se na Filosofia a matéria mestra para a compreensão e estudo da Ética,
moral e dos valores. ―Ser ético é coisa de filósofo‖. Esta afirmação, muitas vezes
repetida, pode ser uma ―meia‖ verdade do ser humano a característica inata que
questionar os fatos, as razões e os sentimentos; e quem é que não elabora questões
acerca do mundo, da vida, da sociedade? Além do filósofo, todas as pessoas, por-
tanto, como diz Hossne (2001, p. 3), ―se todos nós somos filósofos, a ética é, de fato
―coisa de todos nós, filósofos‖.

Ao longo do tempo a sociedade tem conduzido à elaboração de respostas relativa-


mente simples e, às vezes, unânimes. Porém, com a aceleração do progresso cientí-
fico questões éticas têm levado todos a se colocarem frente a novas reflexões, as
quais não são mais unânimes, mas amplamente discutidas, suscitando deliberações
de conceitos e paradigmas relativamente diversificados e até angustiantes; no en-
tanto, obrigam o indivíduo a se posicionar frente ao dilema ético e seus próprios có-
digos de valores.

Por que Gelbier afirma que há necessidade urgente da revisão de atitudes e


conhecimento?

Gelbier (et. al. 2001b) afirma que há urgente necessidade urgente da revisão de ati-
tudes, pois o conhecimento e as expectativas da sociedade em relação aos profis-
sionais de modo geral são alteradas de acordo com o tempo e o contexto histórico.

Todo ser humano faz parte de contexto sócio- cultural que determinará como ―Ser
Social‖ a partir das opções que lhes são apresentadas e das escolhas que faz; e es-
tas estão diretamente ligadas aos seus valores morais e éticos.

Assim, os preceitos da Moral e da Ética são colocados em confronto com àqueles da


sociedade em que vive. Tal discussão aponta a necessidade de distinguir conceitos
relacionados a Valor, Moral, Ética e Deontologia.

A importância do VALOR em relação à ÉTICA.

A palavra valor significa qualidade que faz estimável alguém ou algo, valia; impor-
tância de determinada coisa. (Ferreira, 1993, p. 558). Para Cohen & Segre (1995)
valor é a subjetividade criada por uma cultura e sociedade. Eles entendem que valor
é algo que preconiza o sujeito.

Como é arquivado o conhecimento na consciência em formas de valores?

Serrão (2001) comentou que todo o conhecimento é arquivado na consciência em


forma de valores, ou seja, aquilo que se conhece está determinadamente envolvido
com o valor que lhe é atribuído por cada indivíduo; daí compreende-se as represen-
tações dos valores, ou seja, aquilo que é bom, mau, belo, feio e outras extensões
valorativas que o homem vai arquivando como ideia para si próprio. Falar do ser
humano é falar de relação. Todos os seres humanos são seres em relação, são res-
ponsáveis uns pelos outros e a responsabilidade da sociabilidade humana é respei-
tar o outro.
Nesse sentido, encontra-se um valor. O valor do respeito ao ser humano. ―(...). So-
mente através de um real envolvimento humano será possível repensar os próprios
valores e descobrir outros‖. (Alves, 2001, p. 128).

O que distingue fortemente o universo humano do mundo natural?

Para Silva (1998) o que distingue assim tão fortemente o universo humano no mun-
do natural é o valor. O percurso da história do ser humano é um processo de cons-
trução dos valores. Valor para Heller (1993, p.8) significa ―(...) aquilo que produz di-
retamente a explicitação da essência humana ou é condição de tal explicitação‖. En-
quanto para Weil (1993, p.47), Valor ―(...) é uma variável da mente que faz com que
o ser humano decida ou escolha se comportar numa determinada direção e dentro
de determinada importância‖.

Qual o direito primeiro e o valor primeiro da pessoa?

―O princípio da defesa da vida física sanciona o valor fundamental da vida e sua in-
violabilidade, sendo a vida o direito primeiro e o valor primeiro da pessoa, sem a vida
todos os outros valores não poderiam ser manifestados‖. (Alves & Ramos, p.60).

Daniel Serrão, palestra sobre Fundamentos da Bioética, Seminário de Ética em


Pesquisa com Seres Humanos realizado na FOUSP nos dias 4 e 5 de dezembro de
2001.

A importância da MORAL na consolidação da Ética.

O significado da palavra Moral quer dizer: ―conjunto de conduta ou hábitos julgados


válidos, quer de modo absoluto, quer para grupo ou pessoa determinada‖. (Ferreira,
1993, p. 371). Segundo Vieira & Hossne (1998), a Moral vem dos costumes; os valo-
res morais foram consagrados pela sociedade pelo uso e costume eleitos como va-
lores que devem ser respeitados.

A Moral então vem ao encontro do Homem, ou seja, é um processo de externo para


o interno. Já PASSOS (1994, p. 107) enfatiza que desde quando os homens resolve-
ram superar as relações instintivas (do processo natural de humanização) e passa-
ram a conviver em sociedade é que surgiu a real necessidade de orientação de con-
duta humana, também reconhecidas como normas morais.

Essas condutas foram criadas pelos próprios homens para garantir a convivência e a
possibilidade de continuidade da vida humana. Assim, dessa perspectiva, a moral é
norteadora dos padrões de comportamento da sociedade em cada momento históri-
co.

Araújo (1999) considerou moral como a ciência das leis ideais que dirige as ações
humanas; ou seja, em sua concepção é também pela necessidade de viver em soci-
edade que a Moral se estabelece na prática da vida. É visível a presença dos dife-
rentes conceitos do que é moral nas diversas correntes de pensamento.
O significado desta diversidade é o elemento plural do conhecimento científico que
vislumbra possibilidade de encontros e desencontros teóricos filosóficos. O ponto de
partida parece ser o homem, como essência de uma relação, a relação com o uni-
verso humano.

―A moral autoritária e ranzinza faliu. É hora de apostar na ética da responsabilidade


e da discussão (...) sem excluir uma reflexão crítica e rigorosa‖. (Josaphat, capa). A
palavra Ética significa ―estudo dos juízos de apreciação referente a conduta humana,
do ponto de vista do bem e do mal‖ segundo Ferreira (1993, p. 235).

A importância da DEONTOLOGIA na Ética Profissional.

Segundo Ferreira (1995, p.201) a palavra Deontologia significa ―o estudo dos princí-
pios, fundamentos e sistemas de moral. Tratado dos deveres‖.
O termo é habitualmente utilizado para expressar os códigos éticos profissionais,
limita a significação da palavra área das profissões. Para compreensão da base Éti-
ca se faz necessário o conhecimento da gama de setores em que ela está inserida,
sendo que um deles pode ser a Ética Profissional. Assim, considera-se favorável o
esclarecimento racional do que é ―Deontologia‖ no aparato das diversas áreas do
saber.

O que sugere a palavra Deontologia?

Deontologia significa DEVER, enquanto Logus quer dizer ESTUDO, ou seja, a pala-
vra ―Deontologia‖ sugere o ESTUDO DOS DEVERES. De acordo com Segre (1995,
p.27) o exercício profissional ―(...) será uma questão de ―deve ser‖; e não de ―ser‖, de
acordo com o que definimos, e defendemos, para a postura ética individual, interna-
mente assumida progressivamente amadurecida‖. Quando se fala em ―dever ser‖
entende-se que é a forma pela qual uma pessoa ou um grupo, no caso, profissio-
nais, decidem genericamente sobre a melhor conduta ética que deve exercer en-
quanto profissional de determinada área. Esta conduta associada às regras e nor-
mas éticas de sua profissão é caminho que dever ser seguido e respeitado. Para
Durand (1995, p.15), Deontologia ―(...) é a pesquisa das exigências éticas ligadas ao
exercício de uma profissão (...) ―códigos de Deontologia‖.

Por que toda profissão regulamentada possui seu Código de Ética Profissio-
nal?

Todas as profissões regulamentadas possuem seus próprios códigos de ética profis-


sional. Nele estão contidas as condutas necessárias que o indivíduo deve tornar em
seu exercício de trabalho. Essas condutas são regidas por elementos de orientação
que norteiam o fazer do profissional e dizem respeito aos deveres e direitos. Os atos
éticos precisam ser conscientes, o que implica que cada um deve fazer do ato de
seguir as regras do grupo, um ato voluntário. Dessa forma, nossas ações devem
estar orientadas por uma postura de caráter, de um ―bem viver‖, de acordo com o
grupo em que vivemos. E temos que estar conscientes de nossas ações, tornando-
nos responsáveis por elas.

Podemos dizer que é ético:


 Agir com consciência, autonomia e coerência;
 Assumir com dignidade os erros;
 Antes de agir, distinguir, dentre as várias ações, escolhendo aquela que seja a
mais correta e oportuna.

Lembre-se dos princípios éticos.


 Lealdade;
 Honestidade;
 Transparência;
 Sigilo;
 Tratamento Técnico; e
 Respeito Mútuo.

Ética Profissional

Ética Profissional é um conjunto de normas admitidas como ideais, para o exercício


de uma determinada profissão, visando sempre o funcionamento seguro e produtivo
das instituições. Produzir, vender mais, alcançar funções superiores, tudo isso só faz
sentido se o profissional é ético, ou seja, se realizou tais ações dentro dos padrões
morais prescritos pelo grupo.

Princípios éticos gerais

Cada pessoa é responsável pela dignidade de sua profissão - qualquer que seja
a profissão, é preciso exercê-la com dignidade, cumprindo leis, respeitando deveres,
procurando sempre promover o bem-estar da coletividade. O seu comportamento
representa o comportamento de um profissional e de uma classe profissional. É pre-
ciso zelar pela profissão e pela imagem da sua organização.

Não há profissionais superiores e inferiores - Segundo o Código Ético, todas as


profissões são úteis e servem ao bem-estar coletivo, não havendo, pois, nenhuma
separação entre as funções. Determinadas pessoas que, para se engrandecer, sub-
estimam os demais, distanciam-se do Código Ético.

Deveres:
 Estar apto para o exercício da profissão - Qualquer pessoa deve ter capacidade
profissional coerente com o exercício profissional a que se destina.
 Ser responsável e leal - O profissional deve desempenhar suas tarefas com res-
ponsabilidade, sendo, assíduo, a fim de não gerar dificuldades para os seus cli-
entes. Os relacionamentos interpessoais devem ocorrer num clima de coopera-
ção, colaboração e amabilidade.
 Respeitar a própria profissão e os outros profissionais - É vetado o desrespeito
ou descrédito no seu próprio exercício profissional. Ridicularizar ou menosprezar
sua profissão significa se autoatacar
 Respeitar o público - É preciso respeitar o outro, oferecendo serviços de qualida-
de, sendo vetada a uma organização usar de má-fé e tirar clientes de outra orga-
nização parceira.
 Preservar o sigilo profissional - Embora algumas profissões exijam mais sigilo do
que outras, em todas devemos atentar para o dever de ser discreto e reservado.
Por exemplo, é importante não revelar qualquer dado que possa identificar ou
prejudicar o cliente nas suas relações sociais e comerciais.

Direitos:
 Uma justa remuneração por seu trabalho - isso significa que ninguém possui o
direito de explorar o outro em benefício próprio.
 Ser tratado com justiça e igualdade - Todos devem ter oportunidades de acesso
igual aos outros.
 Possibilidade de se defender - cada um deve ser responsável por seus atos, e a
todos deve ser dada a oportunidade de defesa, antes de qualquer punição.
 Defesa de sua saúde - a todos os profissionais é reservado o direito de preserva-
ção ou tratamento de saúde.

A importância do comportamento ético em nossa vida.

―O homem é naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que


aquele que, por instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer
parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem‖. (Aristóteles,1966).

Nos dias de hoje, jornais, revistas, programas de televisão, redes sociais e em bate-
papos com amigos é bastante comum tratarmos da importância de uma “sociedade
mais ética”. Este debate é amplo e perpassa por atitudes que vão desde a área
política, pesquisas, relações pessoais, postura das empresas e uma infinidade de
outros temas. Com isso, surgem alguns questionamentos: Por que a ética é tão
importante na minha vida? Vale à pena desfazer uma amizade por causa de
conflitos de opinião? O que eu ganho tendo uma postura ética?~

Para respondermos estas perguntas, devemos partir da premissa de que o princípio


fundamental da ética é fazer bem aos outros. Desde os primeiros pensamentos
filosóficos de Sócrates e Platão, a ética esteve interligada ao sentido do bem, da
virtude, do valor dos indivíduos, da educação para a justiça e da busca por uma
sociedade mais justa.

Ao nascer, já nos deparamos com regras de comportamento. Em nossas famílias,


aprendemos as primeiras lições de valores morais com nossos pais. Cada indivíduo
possui cultura, costumes e características distintas. Consequentemente, o lugar em
que vivemos, possui uma grande variedade de pessoas com as mais distintas
particularidades. O sucesso do relacionamento social está ligado às nossas
escolhas e atitudes. Não é suficiente somente conviver, temos que aceitar e
respeitar as diferenças de todos os grupos que fazem parte da sociedade.
Em nosso país, ouvimos muito falar no ―jeitinho brasileiro‖. Este dito popular busca
justificar atitudes antiéticas que são contrárias à cidadania. É importante ressaltar
que atos simples como jogar lixo no chão, não respeitar filas, estacionar em vagas
exclusivas, entre outros, são mais do que ―falta de educação‖, estas atitudes
invadem o espaço coletivo e ultrapassam o limite da individualidade, portanto, são
atitudes antiéticas. Quando os princípios éticos são seguidos, acontece uma
convivência mais harmônica na sociedade.

Cortella (2008) afirma que quando temos dúvidas de como agir, em determinada
situação, devemos pensar nas respostas de três dilemas éticos, sendo: Devo?
Quero? Posso? Existem determinadas coisas que a pessoa deve fazer, mas não
quer, outras ela quer, mas não pode, além das que ela pode, mas não deve. Tais
dilemas éticos respondem se a ação está ligada ao individualismo extremo e se os
valores morais serão preservados ao realizar o ato.
Temos a liberdade para fazermos muitas coisas na vida, mas o nosso
comportamento sempre deve ser regido pelos princípios da ética. Devemos
considerar de que maneira a ação tomada irá impactar na vida dos demais
indivíduos da sociedade.

O atual panorama político do Brasil, afetou vários aspectos da vida cotidiana da


população. Além da recessão, inflação e desemprego, incluímos o término de
algumas relações sociais. Em decorrência do avanço da crise econômica, houve o
aumento de manifestações contra e a favor do governo e de partidos políticos, com
isso, algumas amizades virtuais e reais foram abaladas ou rompidas. O fato de
―deixar de ser amigos‖, por divergência de opinião e de princípios morais entre as
partes envolvidas, é algo muito preocupante. Conversas equilibradas são
importantes e necessárias, a partir do momento, em que as opiniões divergentes
sejam respeitadas e que as colocações dos argumentos contrários, deixe de lado
aspectos pessoais dos envolvidos.

A forma com que o indivíduo age em sociedade, determina se ele é uma pessoa
ética ou antiética. A pessoa é considerada ética quando possui um modo de viver
considerado socialmente bom. Para que tenhamos um convívio social harmonioso é
imprescindível respeitarmos certas normas preestabelecidas pela sociedade na qual
estamos inseridos.

O comportamento ético é esperado tanto na vida pessoal, quanto na profissional. A


postura ética é considerada, atualmente, como um dos quesitos mais importantes
para quem almeja o sucesso profissional As escolhas feitas pelos indivíduos definem
o sucesso ou o fracasso da imagem da pessoa no mercado de trabalho. Maus
hábitos ou escolhas impensadas podem aniquilar ou edificar qualquer imagem
profissional.

O local de trabalho é o espaço em que convivemos em sociedade durante a maior


parte do dia. Logo, é considerado um dos ambientes onde os valores morais dos
indivíduos são modificados. Hoje em dia, as empresas percebem que o
comportamento ético é um extraordinário fator de competividade mercadológica.
Percebemos a crescente preocupação com a adoção de modelos éticos
organizacionais. Com isso, os profissionais também são analisados a partir de sua
conduta e ações praticadas por eles dentro e fora das empresas. A ética, em um
ambiente organizacional, sustenta o bom relacionamento entre empregados e a
sociedade, em geral, além de tornar o ambiente mais agradável, produtivo e com
maior valor no mercado.

A credibilidade das empresas é resultante do exercício eficaz de valores como:


integridade, transparência e consideração com seus públicos de interesse. Quando
ponderamos a respeito de uma ―empresa ética‖, acreditamos que as pessoas que
trabalham no local são éticas e buscam a excelência. Os valores e princípios
selecionados pelos gestores, atualmente, seguem a tendência de direcionar a
cultura da organização para um sentido voltado à ética, ou seja, as organizações
esperam que seus empregados apresentem conduta responsável tanto com o
público interno quanto com o externo.

Da mesma forma que os indivíduos são analisados pelos seus comportamentos


éticos, as empresas – formadas por pessoas – também são avaliadas pela
sociedade, sobretudo após a edição de leis que visam a defesa e interesses da
coletividade. Atuar de maneira ética é – e sempre será – uma decisão pessoal, no
entanto, as empresas espera que, dentro da perspectiva ética, as pessoas adotem
uma postura atuante que faça bem a todos os públicos com os quais a empresa se
relaciona direta ou indiretamente.

A sociedade é norteada pelo comportamento das pessoas. O debate de assuntos


polêmicos é ético, a partir deles acontecem as mudanças de percepções da
sociedade. Cada indivíduo deve contribuir para a melhoria do mundo. É papel de
todos sensibilizar e debater as mudanças necessárias para que mulheres, homens,
crianças, adolescentes, idosos, homossexuais, negros, indígenas, portadores de
necessidades especiais, pobres, ricos, entre outros, tenham condições de vida mais
justas, nos anseios, nas cores e na humanidade necessária para um mundo mais
equitativo.

Uma sociedade justa só é possível quando a sociedade aplica a ética em suas


rotinas. A mudança não ocorre quando aguardamos apenas a transformação dos
outros, todos os indivíduos têm um papel importante na construção de uma
sociedade melhor.

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