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Ética Empresarial

O conceito de ética pode ser definido como o conjunto de princípios e regras


morais que regulam o comportamento e as relações humanas.
De acordo com Nalini (2001, p.36), “ética é a ciência do comportamento moral
dos homens em sociedade”. Assim ética é uma ciência que tem objeto próprio,
leis próprias e método próprio. Essa palavra vem do latim ethica, tem seus
fundamentos na filosofia e não pode ser confundida com a moral, pois ética é a
ciência dos costumes e moral é o objeto da ética. Ética é a ciência normativa dos
comportamentos humanos (REALE, 1999, p.134).
O Termo ética empresarial refere-se ao ramo da ética diretamente ligada às
organizações, o qual envolve conduta ética das empresas, ou seja, à forma
moralmente correta com que essas interagem com o seu meio envolvente.
Moreira, (1999, p. 28) afirma que:
A ética empresarial é um termo mais restrito que o de ética no seu sentido
amplo, pois tratam especificamente, da relação das empresas públicas, privadas ou mistas em seu
comportamento interativo, com todos os demais segmentos que estão no campo de ação envolvendo
colaboradores, clientes, público, concorrentes, comunidade, etc .

A prática dos valores éticos em uma empresa ajudam seus


representantes e funcionários a se nortear nas tomadas de decisões com todas
as partes envolvidas.
Comenta Matos (2004), que as empresas de hoje não podem mais ser
avaliadas com os padrões tangíveis de antigamente, como seus produtos bem
acabados, ou a velocidade que eles eram produzidos, pois os valores
intangíveis, como a marca, imagem, prestígio e confiabilidade nos dias atuais
decidem a preferência dos clientes e garantem a continuidade das
organizações, assim a ética ganha respeitabilidade e é utilizada como um forte
diferencial de qualidade e conceito público.
Desta forma todo esse conjunto de boas práticas que é vão formatar o
conceito de Ética Empresarial.
À medida que as empresas vão atingindo o sucesso e evolução no
mercado, muitas delas buscam desenvolver programas para essa área. A
responsabilidade social é um fruto do comportamento ético, e demonstra que a
empresa se importa com o social, que é solidária e que não tem medo de se
comprometer com causas sociais.

DA RESPONSABILIDADE DO CUMPRIMENTO DA ÉTICA


EMPRESARIAL

Com a evolução das sociedades através da globalização e a preocupação com


o meio ambiente, tem-se exigido cada vez mais que as corporações se guiem
pelo comportamento ético em suas relações com: clientes, fornecedores,
competidores, empregados, governo, etc., todos os “stakeholders”, que, para
Maximiano (2.000, p.430) “[...] são pessoas que estão associadas direta ou
indiretamente à organização ou que sofrem algum de seus efeitos [...]”, ou seja,
atuar de forma ética nos ambientes internos e externos.

Para tanto, deve-se manter a coerência, entre a missão e os valores


estabelecidos pela empresa, tornando-a responsável, não somente pelas suas
ações, mas, também, pelas consequências que vierem a ocorrer, como exemplo
mais recente os rompimentos das Barragens de Brumadinho (MG), e Mariana,
na qual o Ministério Público Federal, apresentou denúncias contra a empresa.

Lembrando que no código de ética a Vale do Rio Doce estabelece o seguinte:

“O Código de Conduta Ética reflete os padrões de comportamento adotados por nossa empresa baseados
na nossa Missão, Visão e Valores. Todos os nossos negócios são indissociáveis de sólidos padrões éticos,
que se expressam em ações justas e responsáveis do ponto de vista social e ambiental, o que torna nossa
empresa respeitada no mercado e a faz gozar de boa receptividade nas comunidades das regiões em que
atua”.

“A essência de uma organização se expressa nas pessoas que a constroem e pela postura que mantém
diante dos acontecimentos que se apresentam diariamente. A Vale pautou e sempre conduziu suas
atividades por padrões éticos e morais. Portanto, este Código de Conduta Ética torna explícitos os princípios
que norteiam a forma como a nossa empresa exerce sua Missão.”

“Comprometer-se com a preservação do meio ambiente e a obediência à legislação ambiental, agir com
responsabilidade social e respeito à dignidade humana.”
Ao constituir em seu código de ética os pilares que devem nortear suas ações,
a empresa deve zelar pelo cumprimento daquilo que foi estabelecido,
respondendo no rigor da Lei.

Nessa esteira, a Constituição Federal em seu artigo 225, §3°, estabelece que:
“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados”.
Neste contexto, tendo fundamento constitucional a Lei 9.605/98, no artigo 3°
prevê que: “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas de forma administrativa, civil e
penalmente conforme disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão
de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
da sua entidade”.
A legislação infraconstitucional também impõe uma série de deveres de cuidado,
de proteção e de vigilância às pessoas jurídicas exploradoras de recursos
ambientais. A Lei n.º 6.938/81, depois de definir o poluidor como a pessoa física
ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente,
por atividade causadora de degradação ambiental 133 (art. 3º, IV), estabelece
as bases para o princípio da reparação integral do dano ambiental (art. 14).
Na sociedade atual, uma organização que não consegue trabalhar dentro dos
padrões éticos, dificilmente poderá se manter no mercado, além do que, o
mercado, cada vez mais competitivo, exige uma conduta ética.
Ferreira et al. (2004) argumenta que as organizações que prezam pela conduta
ética, conseguem obter sucesso não apenas entre os envolvidos no processo e
a sociedade, mas consegue conquistar melhores resultados financeiros para a
empresa em longo prazo.
A Implantação de um comportamento ético estabelece uma mudança de
paradigma, que passar por todos os setores da organização, desde o seu alto
escalão até os setores operacionais; a adoção da atitude ética necessita de uma
nova postura e muito diálogo entre os colaboradores.
Honório, Ferreira e Santos (op. cit.) afirmam que uma organização
responsavelmente social tem deveres a cumprir junto à sociedade. Portanto, o
papel das empresas vai muito além da obtenção de lucros.
As corporações têm buscado formas de adequar seus valores às necessidades
presentes no mercado, garantindo a sua permanência no cenário empresarial,
definindo esse comportamento como responsabilidade social atrelada à ética,
sendo esta ligada ao relacionamento de empresa e seus steakholders.

ISO 26000
A ISO (International Organization for Standardization) 26000, segundo Bastos
(2008), foi criada por meio da solicitação de várias empresas, com o objetivo de
normatizar as questões direcionadas à responsabilidade social, estabelecendo
diretrizes para o bem-estar da organização, como também transparência e o
desenvolvimento sustentável.
Entretanto, Ribeiro (2011) afirma que existe um grande dilema para as empresas
em estarem dispostas a se comprometerem aos custos referentes às práticas
para a adoção da responsabilidade social, pois no ramo empresarial os
interesses dos acionistas e a lucratividade acabam sendo colocados em primeiro
lugar.
A criação da ISO 26000 procurou estabelecer um consenso em vários países
cujo objetivo era eliminar os conflitos decorrentes de várias ferramentas de
gestão que estavam sendo criadas. Com o seu surgimento, as empresas
passaram a ter vantagem competitiva e forneceram diretrizes aos seus usuários.
Sendo uma norma de caráter internacional, qualquer empresa pode aderir a ela,
independente do seu porte. Para que se possa iniciar a prática da
responsabilidade social, as organizações devem reconhecer, primeiramente,
qual é a sua responsabilidade social com a sociedade e, dentre suas atividades,
o que pode estar causando impacto ambiental e o qual a relação com a
sociedade.
Segundo a norma ISO 26000 “a responsabilidade social se expressa pelo desejo
e pelo propósito das organizações em incorporarem considerações
socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos
impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso
implica um comportamento ético e transparente que contribua para o
desenvolvimento sustentável, que esteja em conformidade com as leis aplicáveis
e seja consistente com as normas internacionais de comportamento. ” Também
implica que a responsabilidade social esteja integrada em toda a organização,
seja praticada em suas relações e leve em conta os interesses das partes
interessadas.

Considerações finais
Através do artigo apresentado, torna-se a evidente a importância da ética
empresarial, pois suas implementações dentro das instituições criam
profissionais mais éticos, mais responsáveis e mais capazes no mundo dos
negócios, estabelecendo uma harmonia com a sociedade, pois, para que na
busca de alcançar seus objetivos da empresa não prejudique a outros, nem o
meio ambiente. Assim, atualmente para se manter no mercado as empresas não
podem visar somente a obtenção de lucros e riquezas; mas é preciso que haja
um planejamento com qualidade na execução das ações das empresas para
evitar danos a sociedade que a cerca.
Um dos princípios fundamentais do moderno gerenciamento da
qualidade é: a qualidade é planejada, projetada e incorporada – não
inspecionada (PMI, 2009).
Caso a empresa perceba que tem causado danos ao ambiente e à sociedade na
qual está inserida, ela deverá tomar medidas de reparação, a fim de amenizar
os prejuízos causados.
REFERÊNCIAS
ÉTICA PROFFISIONAL Revista. Conexão Eletrônica – Três Lagoas, MS – v. 14 –1 –
Ano 2017
NALINI, José Renato Ética geral e profissional, 3ª ed. São Paulo: RT, 2001, p.36
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 24.ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999.
CORTELLA, M. S., &LA TAILLE, Y. Nos labirintos da moral. Campinas: Papirus 2009.

MATOS, Francisco Gomes de. Ética Empresarial e Responsabilidade Social.


Revista Recrearte. Disponível em: <
http://www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte03/etica_soc- empr.htm>. Acesso
em: 30/05/2019.

Maximiano, A. C. A. (2000). Introdução à Administração (5ª ed.) São Paulo: Atlas.


http://assets.vale.com/docs/Documents/pt/investors/Corporate-Governance/Code-
Ethics/codigo_etica_vale_portugues_alterado.pdf
HONÓRIO, Camila Cristina S.; FERREIRA, Maristela Perpétua; SANTOS, Rosecleia
Perpétua Gomes dos. Ética e responsabilidade social, 2012.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 26000: Diretrizes para a
responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010
INMETRO. ISO 26.000, 2010. Disponível em: . Acesso em: 20 maio 2019.
EDUCÇÃO, GESTÃO E SOCIEDADE: Revista da Faculdade Eça de Queirós, ISSN
2179-9636, Ano 7, número 26, junho de 2017. www.faceq.edu.br/regs
COSENZA, Orlando Nunes; CHAMOVITZ, Ilan. Ética, ética empresarial e
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm Lei 9.605/98
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_225_.asp
PMI. PMBOK Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos.
USA: Project Management Institute, 2009

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