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E81e Estival, Katianny Gomes Santana.

Ética e negócios [recurso eletrônico] : ética e cidadania no mundo dos negócios


/ Katianny Gomes Santana Estival . -- Fortaleza : Universidade de Fortaleza,
[2021].

16 p. - ( Percurso de Aprendizagem ; 2)

1. Ética e negócios. I. Título. II. Série.

CDU 658:174

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Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
ÉTICA E CIDADANIA NO
MUNDO DOS NEGÓCIOS

Sumário
1. História dos estudos da ética empresarial

2. Ética e governança corporativa

Sumário clicável
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O objetivo do Percurso de Aprendizagem 2 é Olá
identificar o histórico das discussões sobre a ética
e a cidadania nos negócios, como a ética se inseriu
e se consolida na gestão das empresas com a ética
empresarial. Aborda a evolução da ética empresarial
para a gestão da governança corporativa, no
relacionamento com as partes interessadas que se
relacionam com as organizações (colaboradores,
consumidores, cadeias de fornecedores, governos,
comunidade) e como a governança pode influenciar
a dinâmica das organizações nos ambientes interno
(ambiente das operações organizacionais, sob o
controle da organização) e externo (referente aos
fatores políticos, econômicos, sociais e tecnológicos
que exercem influência sobre a dinâmica das
organizações) para o planejamento e a execução
das boas práticas, transparência e efetividade do
desenvolvimento sustentável alinhado e coerente
com a ética empresarial.

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O professor Robert Henry Srour, doutor em Sociologia pela USP, em palestra proferida
no ano de 2016 sobre a ética empresarial (Ideia Sustentável, 2016), reflete sobre a
importância da visão ampla e da incorporação das práticas da ética empresarial nas
empresas e os riscos que ameaçam as organizações que não estão alinhadas às relações
éticas e à governança, onde são consideradas as relações estabelecidas com todas as
partes interessadas que se relacionam com as organizações, os chamados stakeholders
(consumidores, investidores, colaboradores, comunidade, Governos, fornecedores,
concorrentes...).

A ética empresarial tem a base científica e o discurso demonstrativo como


norteadores, e visa demonstrar e analisar para que servem, como podem ser
aplicados, com fundamento em pesquisas prévias e resultados obtidos. Visa
reforçar a relevância do mapeamento, a análise e a ação dos tipos de impactos
econômicos, sociais, ambientais que a empresa pode gerar sobre os stakeholders.

Os estudos da ética empresarial visam demonstrar como pode ser aplicada aos negócios
e como é possível desenvolver e ampliar o chamado capital reputacional: que se refere à
reputação corporativa, que é construída pela empresa ao longo do tempo, de acordo com
as ações, histórico, cultura, práticas de governança, transparência, imagem...O capital
reputacional, segundo Machado Filho e Zylbersztajn (2004), citado por Cardoso (2019,
p.97), pode ser compreendido como:
...Porção do valor de mercado da empresa que pode ser atribuída à percepção
que se tem da firma como uma corporação de boa conduta no mercado. Ainda
para Machado Filho (2002, p. 63), “(...) é formado por várias dimensões que
moldam a imagem de uma determinada corporação”.

O capital reputacional pode influenciar o valor de mercado das organizações, e


consequentemente refletir em ganhos ou perdas monetárias, por isso é importante
conhecer e agir para a valorização desse capital, através, por exemplo, de modelos de
gestão alinhados à responsabilidade social empresarial (SROUR, 2016).
Com base nas visões apresentadas sobre a ética empresarial, serão abordadas a evolução
das discussões e a relação entre a ética e a governança corporativa.

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1.

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História dos estudos da ética empresarial

A evolução da ética empresarial ocorre alinhada aos movimentos de avanços das


discussões dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável. Como disciplina
de estudos no campo dos negócios, é estabelecida na década de 1960, nos Estados
Unidos. Nas décadas de 1980 à atualidade evoluiu da incorporação como disciplina
de estudos e pesquisas do campo dos negócios para a formalização de movimentos
empresariais globais, nacionais, com foco na promoção das ações da ética empresarial,
principalmente nas temáticas: corrupção, liderança e responsabilidades corporativas. A
visão aristotélica retorna ao ambiente empresarial, com as discussões sobre os propósitos
dos profissionais e das empresas não serem limitados à maximização dos lucros, mas
também à geração de impactos sociais e ambientais positivos para os seus stakeholders
(ARRUDA e WHITAKER, 2017).

No mundo e no Brasil, organizações privadas, da sociedade civil e Governos atuam


para o fomento da ética corporativa, nos temas:
...governança corporativa, responsabilidade social e ambiental e
desenvolvimento sustentável. Algumas normas e índices internacionais foram
criados, com objetivos específicos de incentivar as empresas a elevarem seus
padrões nessas diferentes áreas. São exemplos a SA 8000, AA 1000 a Global
Reporting Initiative (GRI), a ISO 26000 e os 17 Objetivos de Sustentabilidade da
ONU (ARRUDA e WHITAKER, 2017, p.51)

Da limitação de ações para o cumprimento das responsabilidades legais, a ética


empresarial passa a permear todas as áreas da estratégia da responsabilidade social
empresarial: as responsabilidades econômicas, legais, éticas e filantrópicas.

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Figura 1– Pirâmide da Responsabilidade Social Corporativa

Fonte: Adaptado de Cortez et al. (2014, p.3) por EAD Unifor.

A pirâmide da responsabilidade social corporativa proposta por Carroll (1979) mantém-


se como referência nas discussões sobre a RSE (Responsabilidade Social Empresarial)
e ética empresarial. Apresenta na sua base a necessidade da lucratividade, pois a razão
de existir de uma organização privada visa à geração e distribuição de riquezas aos
acionistas. As responsabilidades legais visam que a empresa cumpra as regras do jogo
e operem em cumprimento às leis vigentes para a operação. Todas as responsabilidades
englobam a ética corporativa, mas são tratadas também especificamente com foco em
atender às expectativas dos membros das partes interessadas que se relacionam com
a organização (stakeholders). A responsabilidade filantrópica na visão de Carroll (1979)
se refere à prática da empresa de restituir à sociedade parte do que recebe com foco na
promoção do desenvolvimento sustentável. A partir da visão de Carroll (1979), a RSE deve
contemplar a prática integrada de cada uma das dimensões apresentadas. (BARBIERI E
CAJAZEIRA, 2017).
A RSE é uma das estratégias que podem ser utilizadas para demonstrar, analisar e agir
frente aos impactos econômicos, sociais e ambientais que uma organização pode
exercer junto às partes interessadas com as quais se relaciona, foco dos estudos da
ética corporativa.
Vamos observar as figuras propostas a seguir e refletir acerca da importância da evolução
da ética empresarial, da revolução industrial à pandemia COVID 19, no ano de 2020/2021.

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Para refletir
Figura 2 – Trabalho infantil no ambiente de uma fábrica

Fonte: Planneta Educação (2021).

Figura 3 – Manifestação Caso Carrefour e Combate ao Racismo no ano de 2020

Fonte: El País (2021)

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Figura 4 – Ação da AMBEV no apoio ao abastecimento de oxigênio hospitalar na
Pandemia Covid 19 no ano de 2020.

Fonte: Ambev (2020).

A figura 2 apresenta um cenário que era comum nas operações fabris até a Declaração dos
Direitos Humanos, 1948, quando a presença do trabalho infantil, do trabalho escravo, das
condições insalubres, ocorriam nos ambientes produtivos sem grandes consequências
sobre a dinâmica dos mercados. As transformações sociais influenciam a ética da
sociedade e a ética empresarial. Demandas como inclusão, diversidade, questões de
gênero, transparência, responsabilidade social das empresas para o desenvolvimento
das sociedades, principalmente em crises de saúde, econômicas, ambientais e sociais,
tornam-se necessidades para a adequação, mudança dos modelos de gestão, com a
evolução para a inovação em negócios que nascem para resolução de problemas sociais
e ambientais, ao mesmo tempo em que visam também geração de receitas, os chamados
negócios de impacto.
Nas figuras 3 e 4, refletimos sobre como o ambiente interno das organizações é
influenciado pelas dinâmicas do ambiente externo e a importância de a ética empresarial
estar alinhada às estratégias para a RSE, através de práticas que evitem, minimizem e/ou
gerenciem os riscos da geração de impactos negativos para os stakeholders.
A figura 5 a seguir, proposta por LAASCH e CONAWAY (2016, p. 113), apresenta o cenário
da evolução da ética empresarial antes de 1960 à década de 2000.

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Figura 5 – Desenvolvimento da ética empresarial

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(1) Ética em administração (antes de 1960)

• Aplicação da “ética padrão” à administração e economia.

• Sem área de atuação independente.

• Críticas frequentes à administração e


economia por uma perspectiva teológica.

(2) Problemas sociais em administração (década de 1960)

• Foco em problemas sociais e ambientais específicos,

Ética empresarial contemporânea


como poluição, consumismo e resíduos nucleares.

• Atitude antiempresarial e contracultura, muitas vezes


por intermédio de protesto estudantis.

(3) Ética empresarial: surgimento, definição e desenvolvimento


(décadas de 1970 e 1980)

• Institucionalização da ética empresarial por meio de conferências,


publicações, associações e curso com foco explícito na ética empresarial.

• Definida como área interdisciplinar da filosofia e dos estudos de


administração centrados em problemas sociais nas empresas.

(4) Tomada de decisão e comportamento ética (década de 1990)

• Mudança para ética descritiva, métodos baseados na sociologia e na


psicologia para entender a tomada de decisão ética.

• A ética comportamental entra na ética empresarial para explicar por que o


comportamento ético ocorre ou não.

(5) Maturidade e aplicação (década de 2000)

• Aplicaçnao de conceitos previamente desenvolvidos de situações


específicas regionais, culturais e baseadas em casos.

• Avaliação de ferramentas de gestão da ética na prática

• Maturidade conceitual da ética empresarial e substituição, de modo


crescente, por novos temas como responsabilidade social empresarial.

Fonte: Adaptado de LAASCH e CONAWAY (2016, p. 113) por EAD Unifor.

Os autores LAASCH e CONAWAY (2016) analisam que, a partir da década de 1990, houve
uma maior evolução das práticas da ética empresarial com a ampliação dos estudos dos
processos de tomada de decisão ética das pessoas e dos grupos organizacionais; com a
avaliação do uso e dos resultados das ferramentas para a gestão ética, códigos de ética,
de conduta, aconselhamento, mecanismos de delação; e com as ações que colaboraram
para o amadurecimento da ética corporativa até os temas atuais do século XXI: gestão
da governança, relação com os stakeholders, diversidade, inclusão, cidadania, RSE, entre
outros.
Vamos avançar no debate sobre a ética e a governança e conhecer a evolução das
estratégias, práticas e tendências no cenário organizacional.

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2.

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Ética e governança corporativa

A ética e a governança corporativa incluem as relações com as partes interessadas


que se relacionam com as organizações (colaboradores, consumidores, fornecedores,
acionistas, comunidades, Governos, entre outras), que são influenciadas ou influenciam
de alguma forma os processos decisórios, processos que precisam ser reconhecidos e
avaliados de forma contínua para a prática da chamada “Boa Governança Corporativa”.

Na história da ética, na Grécia clássica, a explicação filosófica associa a uma vida


feliz, plena, “boa de ser vivida”. Na visão de Platão, nos diálogos de Alcibíades,
Fédon e Mênon. O fator econômico é identificado como essencial para a vida, mas
não seria possível atingir uma vida plena, com resultados econômicos que não
sejam norteados por valores éticos. (ARRUDA e WHITAKER, 2017, p.52).

Na visão de Aristóteles, os princípios e valores são as virtudes que regem as relações


humanas nos âmbitos: econômico, social, político. A partir dessa associação, Arruda e
Whitaker (2017, p. 53) analisam que a “Governança Corporativa está fundamentada em
relacionamentos entre pessoas e grupos de pessoas que representam os interesses das
organizações. As virtudes devem presidir esses relacionamentos.”
A governança corporativa no Brasil e exterior se refere ao grupo de processos que resultam
nas chamadas boas práticas, que visam maiores controles internos e consequentemente
melhoria do desempenho organizacional. Os princípios que balizam as boas práticas
da governança corporativa são: prestação de contas (accountability), transparência
(disclosure), equidade (fairness) e responsabilidade corporativa na conformidade com as
regras (compliance). Ações com foco no estabelecimento de relações transparentes e
integradas entre os acionistas e a organização e os gestores (Ribeiro & dos Santos, 2015)
citado por Innocenti et al. (2020, p.109).
Vamos aprender o que significa cada um dos princípios das boas práticas?

De acordo com o IBCG (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 2021),


organização brasileira com papel importante na difusão e na assessoria junto
às empresas para as boas práticas da governança, os 4 (quatro) princípios, que
remetem às boas práticas podem ser assim descritos:
• Transparência – Consiste no desejo de disponibilizar para as partes
interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas
aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve
restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também
os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e
que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização;

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• Equidade – Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os
sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração
seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas;
• Prestação de contas (accountability) – Os agentes de governança devem
prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e
tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e
omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus
papéis;
• Responsabilidade corporativa – Os agentes de governança devem zelar
pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as
externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as
positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos
capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental,
reputacional, etc.) no curto, médio e longo prazos. (IBCG, 2021, p.1).

A prática da boa governança proporciona aos acionistas as informações necessárias


para a avaliação da gestão e o monitoramento da direção da empresa.
No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) lançou, em dezembro de 2000,
o Novo Mercado (NM) e os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa (NDGC).
Foram criados dois níveis de governança corporativa que se distinguem pelas práticas
de governança adotadas. As Práticas Diferenciadas de Governança Corporativa são
conceituadas como conjunto de normas de conduta para empresas, administradores
e controladores, considerado importante para uma boa valorização das ações e outros
ativos emitidos pela companhia. As regras significam agir além das obrigações que as
companhias têm perante a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.As.). Visam melhorar
a avaliação daquelas que aderem voluntariamente aos segmentos. Consequentemente,
atraem os investidores, asseguram direitos aos acionistas, dispõem as informações aos
participantes do mercado, o que resulta na mitigação do risco de assimetria informacional
(BOVESPA, 2021, P.1).
As empresas no nível 1 devem adotar práticas que favoreçam a transparência e o acesso
às informações pelos investidores.
No nível 1 as empresas divulgam informações adicionais às exigidas em lei,
como por exemplo, um calendário anual de eventos corporativos. A empresa
se compromete a manter no mínimo 25% das ações em circulação no mercado,
o chamado free float. As empresas no nível 2 têm o direito de manter ações
preferenciais (PN) o que significa que no caso de venda de controle da empresa, aos
detentores de ações ordinárias e preferenciais é assegurado o mesmo tratamento
oferecido ao acionista controlador, prevê o direito de tag along (mecanismo de
proteção a acionistas minoritários de uma companhia que garante a eles o direito
de deixarem uma sociedade, caso o controle da companhia seja adquirido por um
investidor que até então não fazia parte da mesma) de 100% do preço pago pelas
ações ordinárias do acionista controlador. As ações preferenciais dão o direito
de voto aos acionistas em situações críticas, como a aprovação de fusões e
incorporações da empresa e contratos entre o acionista controlador e a empresa,
sempre que essas decisões estiverem sujeitas à aprovação na assembleia de
acionistas (BOVESPA, 2021, P.1).

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SAIBA MAIS
Saiba mais sobre como as empresas podem acessar os novos
mercados e os níveis diferenciados de governança corporativa na
BOVESPA, através da consulta ao site indicado a seguir:
BOVESPA. NOVOS MERCADOS. 2021. Disponível em: http://www.
b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/solucoes-para-emissores/
segmentos-de-listagem/novo-mercado/. Acesso em 25 de março de
2021.

A boa governança corporativa visa assegurar às partes interessadas que se relacionam


com a organização que a empresa atua de acordo com os pilares da equidade,
transparência, prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa. A
prática tende a influenciar de forma positiva ou negativa (quando não considerada e
gerenciada com eficácia e eficiência) os resultados financeiros das organizações, além
do capital reputacional.
A pesquisa da consultoria internacional Delloite sobre os caminhos da transparência e
prática da governança nas empresas brasileiras, realizada no ano de 2015, já sinalizava a
visão das práticas de governança, através da existência dos conselhos de administração
em 80% das empresas entrevistadas, sendo que 13% já tinham o foco na instalação em 2
anos e apenas 7% não apresentavam a meta. Outra informação relevante é a contratação
de auditorias externas por 95% das 80% que possuem Conselhos de Administração
(EXAME, 2017). A figura 6 a seguir apresenta a sistematização dos dados.
Figura 6 – Empresas comprometidas com a ética

Fonte: Adaptado de Exame, (2017) por EAD Unifor.

Apesar da tendência para a ampliação dos conselhos de administração, ferramentas


essenciais para as boas práticas da governança, o estudo feito pelo Instituto Brasileiro
de Governança Corporativa (IBGC), em parceria com a consultoria EY e o escritório
de advocacia Tozzini Freire (2020), evidenciou que as companhias abertas brasileiras
adotaram 54,3% das práticas recomendadas pelo Código Brasileiro de Governança
Corporativa (VALORINVESTE, 2020). As informações evidenciam que não basta a

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utilização de ferramentas, como códigos de conduta, estruturação dos conselhos, entre
outras, é necessário que haja o alinhamento estratégico, implantação e monitoramento
da gestão da governança para que os resultados reflitam no valor organizacional.
A adoção de práticas sistematizadas para a governança corporativa, como o Índice de
Governança Corporativa (IGC) Bovespa, apresenta tendência de geração de resultados
mais consolidados e crescentes na relação de boas práticas de governança e valor de
mercado das organizações, como é possível visualizar na figura 7 a seguir.
Figura 7 – Valor da boa governança: comparativo entre empresas de capital aberto e
empresas que adotam o IGC
Empresas com boas práticas de governança, riscos e conformidade,
representadas pelo índice IGC, são mais atraentes a investidores e
garantem um maior retorno aos acionistas.

*Evolução relativa do Ibovespa e IGC


1200

1000 IGC
IBOVESPA
800

600

400

200

0
JUN/01 DEC/09 SEP/10 JUN/11 MAR/12 DEC/12 SEP/13 JUN/14 MAR/15 DEC/15 SEP/16 MAR/17

Fonte: Adaptado de Exame, (2017) por EAD Unifor.

Os critérios para as decisões de investimentos nas organizações visam à maximização


dos lucros, no entanto, cada vez mais é possível evidenciar a valorização do capital
reputacional para as tomadas de decisões, já que a valorização ou desvalorização desse
capital em uma empresa pode influenciar os impactos econômicos, sociais e ambientais
sobre os stakeholders, incluídos aí os acionistas.
Outras metodologias e ferramentas que incluem a governança alinhada à responsabilidade
social corporativa, a questões ambientais e sociais, como o ESG, ASG em português
(Ambientais, Sociais e de Governança), são tendências que avançam nas dinâmicas
para sistematizar, monitorar e comunicar as práticas da governança com alinhamento
aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU (Organizações das Nações
Unidas). Nos próximos Percursos de Aprendizagem, continuaremos os estudos com o
aprofundamento dos temas, ferramentas e correlação com a ética empresarial.

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RESUMO DO PERCURSO DE APRENDIZAGEM

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Os estudos do Percurso de Aprendizagem II demonstraram como a ética empresarial,
com base nos estudos científicos do campo da gestão, é aplicada pelos profissionais
e as organizações para a tomada de decisões transparentes e com boas práticas da
governança corporativa. Identificaram quais as bases, métodos e técnicas podem ser
utilizados, quais os impactos econômicos, sociais e ambientais gerados com base nas
decisões para cada uma das partes interessadas que se relacionam com as organizações
(acionistas, concorrentes, colaboradores, comunidade, fornecedores, Governos...), os
chamados stakeholders. Para a prática da ética empresarial nos modelos de gestão, as
ações de diagnosticar, gerenciar, monitorar e buscar a redução e a mitigação dos impactos
tornam-se essenciais para as estratégias empresariais e a construção e consolidação
do chamado capital reputacional. O capital reputacional é aquele que se refere ao valor
tangível e intangível da reputação empresarial. A disponibilidade de manuais de boas
práticas para a ética e a governança, com informações sistematizadas, implantadas e
divulgadas por organizações como IBCG, Instituto Ethos, Bovespa, entre outras, facilita o
acesso das empresas, de todos os segmentos e tamanhos, às práticas de governança.

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REFERÊNCIAS

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Maria do Carmo. Fundamentos de ética empresarial e econômica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2017. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788597013115. (DIGITAL) (Cód.:22532).
BARBIERI, José Carlos; CAJAZEIRA, Jorge. Responsabilidade social empresarial e
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BOVESPA. NOVOS MERCADOS. 2021. Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/
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Acesso em 25 de março de 2021.
CARDOSO, M. (2019). Responsabilidade corporativa da Jerónimo Martins: discurso que
gera imagem empresarial positiva. Ámbitos. Revista Internacional de Comunicación, 44,
93-109. doi: 10.12795/Ambitos.2019.i44.06
CORTEZ, Rodrigo Claudino, Van Bellen, Hans Michael, Zaro, Elise Soerger. FERRAMENTAS
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www.anpad.org.br/admin/pdf/2014_EnANPAD_ESO588.pdf. Acesso em 25 de março de
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Disponível em: https://exame.com/negocios/os-dados-confirmam-boas-praticas-de-
governanca-valorizam-acoes/. Acesso em 26 de março de 2021.
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corporativa. Acesso em 25 de março de 2021.
INNOCENTI, Renícia Maria; VICENTE, Ernesto Fernando Rodrigues; GASPARETTO,
Valdirene. Evidenciação Voluntária de Boas Práticas de Governança Corporativa em
Fundações Privadas, à Luz do IBGC. Revista Metropolitana de Governança Corporativa
(ISSN 2447-8024), [S.l.], v. 5, n. 1, p. 104, ago. 2020. ISSN 2447-8024. Disponível em:
http://189.2.181.205/index.php/RMGC/article/view/2345. Acesso em: 26 mar. 2021.
LAASCH, Oliver; CONAWAY, Roger N. Fundamentos da gestão responsável:
sustentabilidade, responsabilidade e ética. São Paulo: Cengage Learning, 2016. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522121038.
(DIGITAL) (Cód.:15228).
SROUR, Robert Henry. O que é ética empresarial? Palestra realizada no ano de 2016. Ideia
Sustentável. Plataforma Liderança Sustentável 2016. Disponível em: https://youtu.be/yz-
oUHABAT8. Acesso em 25 de março de 2021.
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em relatórios corporativos. 2018. Disponível em: https://transparenciacorporativa.org.
br/TI-TRAC-2018.pdf. Acesso em 26 de março de 2021.

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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR)

Presidência AUTOR
Lenise Queiroz Rocha KATIANNY ESTIVAL
Vice-Presidência
Manoela Queiroz Bacelar Pós-doutora em Administração. Professora Titular do
Reitoria Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis
Fátima Maria Fernandes Veras da Universidade Estadual de Santa Cruz, desde 2007,
em Ilhéus, Bahia. Professora integrante do Programa
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação e Pós-Graduação
Maria Clara Cavalcante Bugarim Academia, gerido pelo ICE (Inovação em Cidadania
Empresarial). Mentora certificada pelo Global Mentoring
Vice-Reitoria de Pesquisa Group. Atua em assessorias a empreendedores sociais e
José Milton de Sousa Filho negócios de impacto. Atua como avaliadora do MEC/INEP.
Vice-Reitoria de Extensão
Randal Martins Pompeu

Vice-Reitoria de Administração
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Diretoria de Comunicação e Marketing


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Revisão Gramatical Renan Alves Diniz
Janaína de Mesquita Bezerra Thais Rozas Teixeira
José Ferreira Silva Bastos

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