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26/11/2020 Responsabilidade Social

Lição 07

Responsabilidade Social
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

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1. Introdução
Da mesma forma que as questões ambientais só começaram a fazer parte das preocupações das
organizações em meados do século XX, quando a única preocupação corporativa era a econômico-
financeira, também, nesse mesmo período, a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) começa a
ser teorizada e colocada em prática em todo o mundo.

No caso do Brasil, não só devido à constatação da incapacidade do Estado em gerir e resolver todos
os problemas sociais, como também pela necessidade do cumprimento dos direitos sociais
assegurados pela Constituição Brasileira de 1988, criam-se condições favoráveis ao crescimento e
valorização da RSE.

Pode-se destacar o crescimento e profissionalização de Organizações Não Governamentais (ONGs)


ligadas às questões sociais e maior participação das empresas na busca de informações e
implantação de ações referentes ao assunto, motivadas pela concorrência do mercado.
Adicionalmente, também, a pressão por parte de clientes e parceiros sobre procedimentos sociais
como requisito para negociações.

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2. Responsabilidade Social Empresarial (RSE)


A princípio, entende-se que uma empresa é socialmente responsável quando ela, de forma
voluntária, decide a contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais equilibrado
e harmônico.

Afinal, você sabe o qual seria a definição de Responsabilidade Social Empresarial (RSE)? Vamos ver
algumas definições.

O Instituto Ethos (2007, p. 5) define RSE como sendo:

“a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os
públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que
impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade. Isso deve ser feito preservando
recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e
promovendo a redução das desigualdades sociais”.

Atuando como organizador da obra Gestão Ambiental e Responsabilidade Social, Albuquerque


(2009, p.135-136) cita vários autores empenhados na definição de RES como, por exemplo:

“Barros e Tenório (2006) definem responsabilidade social corporativa como toda ação
oriunda de uma empresa pautada em valores éticos que objetive corresponder às
necessidades dos stakeholders, priorizando o bem-estar da sociedade e do ambiente
em que esta esteja inserida” [grifo nosso].

O stakeholder é uma pessoa ou um grupo que legitima as ações de uma organização e que tem um
papel direto ou indireto na gestão e resultados dessa mesma organização. São os funcionários da
empresa, gestores, gerentes, proprietários, fornecedores, concorrentes, ONGs, clientes, o Estado,
credores, sindicatos e diversas outras pessoas ou empresas que estejam relacionadas com uma
determinada ação ou projeto.

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Como pode-se observar, o conceito de RSE ainda é um conceito em construção, porém, é possível
identificar que a responsabilidade social é compreendida por dois níveis: o nível externo e interno
da organização. O nível interno corresponde aos trabalhadores, setores afetados pela empresa e
que, como consequência, podem vir influenciar no alcance dos resultados. Já o nível externo
relaciona-se com as ações do empreendimento sobre o meio ambiente, os seus parceiros de negócio
e o meio em que estão inseridos.

2.1. Benefícios Da Resonsabilidade Social


Em vista dos desafios que se impuseram às empresas, como a globalização, maiores exigências
ambientais, fusões e privatizações, a RSC, segundo Oliveira (2008), pode tornar-se um diferencial e
aumentar a competitividade das empresas.

Oliveira (2008) ainda cita que os benefícios da responsabilidade social empresarial ou corporativa
tendem a diminuir os custos da empresa, uma vez que, por exemplo, se busca reduzir o desperdício
com energia e água, consequentemente, economiza-se nos recursos ambientais, diminuindo os
riscos financeiros.

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Desperdício de água.

Outros pontos podem ser observados, tais quais:

Há vantagens na parte humana da empresa, criando um ambiente de maior satisfação


entre os empregados e parceiros. Na parte social e trabalhista, uma empresa que trata
bem os empregados e suas famílias gera um ambiente que motiva e aumenta a
produtividade.

Uma empresa que busca RSC também melhora sua imagem no mercado e, conse-
quentemente, influencia positivamente o comportamento de consumidores sensíveis a
questões sociais ou ambientais.

RSC já é um fator de diferencial para os acionistas e o mercado financeiro. Cada vez mais
bolsas de valores adotam indicadores de RSC na avaliação de empresas, pois nota-se que
as empresas mais socialmente responsáveis também geram maior retorno em suas ações
na bolsa.

Existe uma expectativa que as empresas atuem em áreas que antes não eram vistas como
de sua responsabilidade, como projetos sociais e ambientais;

Aumentou o número de organizações não governamentais nas áreas social e ambiental,


algumas, inclusive, atuando especificamente em RSC;

Sendo assim, observa-se que a responsabilidade social realmente ultrapassa os muros da empresa.
Sua aplicação tende a envolver diferentes eixos como o político, social, ambiental e empresarial.

3. Modelos De Responsabilidade Social


Os modelos buscam auxiliar na Identificação e orientação das dimensões que caracterizam as ações
da responsabilidade social empresarial nas indústrias. Para isso, existem dois modelos: o piramidal
e o bidimensional.

Vamos conhecer esses modelos?

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3.1. Modelo Piramidal


O modelo piramidal proposto por Carroll (apud ALBUQUERQUE, 2009, p.140) é tido como um
modelo explicativo fundamental do tema. Nele, a empresa possui quatro graus com categorias
diferentes de responsabilidade social conforme mostrado na figura abaixo e descrito em seguida:

Tipos de responsabilidade social.

A seguir, são apresentados os conceitos dos quatro tipos de responsabilidade social citados no
modelo piramidal descritos por Lourenço e Schröder (2003, p. 91):

Responsabilidade econômica: é o principal tipo de RSC nas empresas e encontra-se


na base da pirâmide, tendo como foco o lucro. Visa assegurar o atendimento das
obrigações junto aos acionistas e, para isso, garantir a produção de bens e serviços que
permitam manter a empresa competitiva e presente no mercado.

Responsabilidade legal: todos os objetivos traçados pela empresa, nos seus diversos
setores, devem estar alinhados com as exigências legais do país, estados e municípios em
que atue. Assim, as empresas têm de obedecer às exigências dos conselhos locais das
cidades, assembleias legislativas e agências de regulamentação do governo.

Responsabilidade ética: são os comportamentos e atitudes que a sociedade espera que


uma empresa tenha, mas que não estejam, necessariamente, previstos em leis. O
comportamento antiético, decorrente da tomada de decisões que proporcionem à empresa
a obtenção de ganhos à custa da sociedade, deve ser evitado.

Responsabilidade discricionária ou filantrópica: é voluntária e direcionada pelo


desejo da empresa em contribuir no âmbito social de uma forma que não seja imposta
pela economia, lei ou pela ética. As doações, sejam elas financeiras ou não, fazem parte
desse tipo de responsabilidade.

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3.2. Modelo Bidimensional


Quazi e O“Brien (apud ALBUQUERQUE, 2009, p.140) defendem a existência de duas vertentes,
consideradas como modelo bidimensional da responsabilidade social:

a) a responsabilidade ampla, que compreende as atividades de negócios que vão além


das responsabilidades clássicas econômicas da empresa;

b) a responsabilidade estreita, segundo a qual a função-objetivo daempresa é


basicamente a maximização do valor para o acionista [grifo nosso].

A primeira, a “responsabilidade ampla”, divide-se em dois tipos:

a) A visão moderna, que acredita que, a longo prazo, as ações de responsabilidade social trarão
benefícios para a empresa;

b) A visão filantrópica, que entende que as ações de responsabilidade social devem ser
praticadas mesmo que não tragam retornos financeiros para a empresa. Em síntese, a
responsabilidade ampla está em sintonia com a visão dos defensores das ações de responsabilidade
social.

A “responsabilidade estreita” divide-se também em duas visões:

a) A visão socioeconômica, na qual a função-objetivo da empresa é a maximização do


valor para o acionista, mas que as ações de responsabilidade social podem ajudar nessa
geração de valor;

b) A visão clássica, em que as ações de responsabilidade social não geram valor para a
empresa e, portanto, não devem ser desenvolvidas

O modelo bidimensional explicado acima é didaticamente apresentado na figura abaixo. Na


parte superior, as ações de RSC trazem benefícios à empresa (visão moderna e socioeconômica),
enquanto que, na inferior, geram custos (visão filantrópica e clássica).

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Modelo bidimensional de responsabilidade social corporativa (RSC).

4. Normas
Ao longo do tempo, da mesma forma que as exigências ligadas às questões ambientais evoluíram
para procedimentos normatizados, consolidados sob a forma de certificações, o mesmo caminho foi
trilhado para a RSC. Essas normas visam a certificação de Sistemas de Gestão em Responsabilidade
Social (SGRS).

Existem várias normatizações que relatam sobre a aplicabilidade da responsabilidade social,


porém, para fim dos nossos estudos, vamos conhecer um pouco sobre a ISO 26000 e ABNT NBR
16001.

4.1. ISO 26000


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A ISO, Organização Internacional de Normalização, com sede em Genebra, na Suíça, foi criada em
1946 e tem como associados organismos de normalização de cerca de 150 países. Tem como
objetivo criar normas que facilitem o comércio e promovam boas práticas de gestão e o avanço
tecnológico, além de disseminar conhecimentos.

Em 2010, foi então publicada a ISO 26000, que relata as “Diretrizes sobre Responsabilidade
Social”. Segundo a ISO 26000, a responsabilidade social se expressa pelo desejo e pelo propósito
das organizações em incorporarem considerações socioambientais em seus processos decisórios e a
se responsabilizar pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente.

A ISO 26000:2010 é uma norma de diretrizes e de uso voluntário; não visa nem é apropriada a fins
de certificação. Qualquer oferta de certificação ou alegação de ser certificado pela ABNT NBR ISO
26000 constitui em declaração falsa e incompatível com o propósito da norma.

A ISO 26000 fornece orientações para todos os tipos de organização, independentemente de


seu porte ou localização, sobre:

• Conceitos, termos e definições referentes à responsabilidade social;


• Histórico, tendências e características da responsabilidade social;
• Princípios e práticas relativas à responsabilidade social;
• Os temas centrais e as questões referentes à responsabilidade social;
• Integração, implementação e promoção de comportamento socialmente responsável em
toda a organização e por meio de suas políticas e práticas dentro de sua esfera de
influência;
• Identificação e engajamento de partes interessadas;
• Comunicação de compromissos, desempenho e outras informações referentes a
responsabilidade social.

4.2. ABNT NBR 16001


A ABNT NBR 16001 é uma norma nacional de sistema de gestão, passível de auditoria,
estruturada em requisitos verificáveis, permitindo que a organização busque a certificação por uma
terceira parte (o que não ocorre com a ISO 26000, que é uma norma de diretrizes).

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A norma estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da Responsabilidade


Social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que levem em
conta as exigências legais, seus compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da
cidadania e do desenvolvimento sustentável, além da transparência das suas atividades.

Teve sua primeira edição publicada em novembro de 2004 e a sua segunda versão em julho de
2012. Essa última foi baseada na diretriz internacional ISO 26000 publicada em novembro de
2010.

Não diferente de outras, a norma estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão
de responsabilidade social, permitindo que a organização formule e implemente uma política e
objetivos que levem em conta seus compromissos com:

a) a responsabilização (accoutability) a transparência;


b) o comportamento ético;
c) o respeito pelos interesses das partes interessadas;
d) o atendimento aos requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização;
e) o respeito às normas internacionais de comportamento;
f) o respeito aos direitos humanos;
g) a promoção do desenvolvimento sustentável.

5. Conclusão
A RSE ainda é um conceito em transformação no mundo. Os procedimentos que se consolidam nos
países desenvolvidos podem ter limitações em ser implementados em países como o Brasil, devido
aos grandes problemas sociais vigentes. As empresas que implementam a responsabilidade social
passam a ter um diferencial competitivo, mesmo que não mensuráveis de forma quantitativa e
econômica, muito menos contabilizados, mas o retorno acaba por ocorrer de forma indireta e a
longo prazo. Dentre eles, a valorização da empresa pelos diversos stakeholders e resgate de
princípios éticos e morais. Tais diferenciais passaram a ter natureza estratégica e se
transformaram, também, em vantagem competitiva. Sistemas de gestão em responsabilidade social
foram criados com o objetivo de padronizar procedimentos e permitir a certificação como as
normas NBR 16001 e ISO 26000.

6. Referências

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