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27/11/2021 12:55 Custo agrupado das fontes de capital

Custo agrupado das fontes de capital


Finanças e Orçamento

1.
Introdução
Retornando ao que aprendemos no nosso quarto e quinto tópicos, uma empresa é um grande
transformador de recursos.

Isto porque ela é responsável por levar o dinheiro captado no passivo ou patrimônio líquido para os
ativos, conseguir gerar retorno e pagar a seus devedores – inclusive os sócios.

Em outras palavras, estamos falando que uma empresa – qualquer que seja – obedece a um ciclo
transformador do capital.

Num primeiro momento, os sócios investem seu dinheiro na empresa. Este dinheiro dos sócios
compõe o Patrimônio Líquido da mesma. Geralmente, este recurso não é o suficiente para
operacionalizar a empresa e, então, a empresa capta dinheiro com terceiros.

Podemos entender como terceiros:

Bancos;
Colaboradores;
Fornecedores;
Governo (Impostos).

Deste modo, a empresa passa a ter categorizados duas fontes de captação de recursos:

1. O recurso captado com terceiros estará contabilizado no


2. O recurso captado com sócios estará contabilizado no patrimônio líquido.

Fechando este raciocínio, a empresa utilizará este recurso em seus ativos – operação, aquisição de
maquinários e equipamentos, compra de imobilizados e etc. – com a finalidade de gerar valor.

Criação de Valor.

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Assim, a empresa será capaz de pagar seus credores, manter sua operação e aumentar seu
patrimônio.

Quando a empresa consegue gerar valor, é uma consequência natural que suas receitas extrapolem
os custos. Como consequência, a empresa passa a ser lucrativa e esta parte deste lucro é
responsável por aumentar o patrimônio líquido da empresa.

Quanto mais eficiente e antenada ao mercado em que atua, maior a capacidade de agregar valor e,
com isso, maior a rentabilidade da empresa.

Ao longo deste curso, estudamos alguns aspectos deste ciclo. Aprendemos como registrar e analisar
toda essa movimentação através das publicações contábeis, entendemos como podemos posicionar
a empresa em relação ao risco e ao retorno logrado, mas ainda respondemos a fundo uma pergunta:

É melhor captar dinheiro com terceiros ou com sócios?

A resposta mais rápida e intuitiva é simples: onde for mais barato. Contudo, queremos uma
resposta mais profunda e que nos dê maior clareza em relação à estrutura de custo da empresa e,
para isso, devemos responder uma segunda pergunta.

Qual a proporção de dinheiro de sócios e de terceiros torna a estrutura de custos


da empresa o mais barato possível?

Responder esta pergunta é algo que faremos nesta lição. Para tanto, vamos falar um pouco sobre a
estrutura de capital.

2.
A estrutura de capital

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Entendemos como Estrutura de Capital a relação existente com todos os credores da empresa –
sócios e terceiros. Isto quer dizer que a estrutura de capital é a representação de estrutura de dívida
que uma companhia tem.

Podemos entender que existe uma proporção de dívida da empresa, seguindo a seguinte fórmula:

A. Uma porcentagem (x%) da dívida é para com sócios;


B. O restante (100% - x%) é para com terceiros.

No mercado, a empresa pode buscar com qualquer uma das fontes existentes. Para obter mais
capital próprio a empresa:

I. Captará recursos com os sócios existentes;


II. Captará recursos com novos sócios.

Para empresas de pequeno-médio porte, a primeira opção ainda é viável. Já para empresas que
desejam captar grandes volumes de recursos, há apenas a segunda opção.

Captação de Recursos.

Isto porque estamos falando de valores que ultrapassam os milhões de reais e poucos sócios
arriscaram seu patrimônio próprio, por melhor que seja a empresa. Por isto, a segunda opção
costuma ser a mais utilizada.

Uma forma de captar recursos com terceiros é realizar a abertura de capital na Bolsa de Valores,
operação conhecida como IPO. Para saber mais, acesse este link.

Já para captar recurso com terceiros, as empresas costumam buscar fontes de financiamento como:

I. Empréstimos com bancos e instituições financeiras;


II. Emissão de títulos de dívidas (debêntures);
III. Outras operações no mercado financeiro.
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Estas operações implicam em obediência a aspectos legais e contratuais, manutenção de garantias e


gestão específica do fluxo de caixa no que tange ao pagamento de empréstimos.

Quando falamos de terceiros, existem ainda diferentes valores. Pense numa empresa que tem três
empréstimos diferentes e, cada empréstimo possui valor e prazos distintos. O custo do dinheiro
para cada um seria diferente.

Perceba que cada uma destas dívidas possui custos diferentes. O valor requerido pelos sócios é, em
geral, maior que o requerido por terceiros. Mas, independentemente da valoração, a dívida da
empresa tem preço diferente a partir da fonte de capital.

Como falamos a pouco, a opção de utilizar recursos próprios ou de terceiros está ligada a uma
estratégia da empresa. Isto porque, além de terem custos diferentes, cada fonte de capital tem
pontos positivos e pontos negativos que devem ser considerados.

Abaixo, apresentamos resumo para cada tipo de operação.

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Captação Própria

Pontos Positivos Pontos Negativos

Baixo risco de falência Maiores dispendidos para manutenção da


estrutura corporativa

Ausência de pagamento a credores, permitindo Aumento de saída de caixa com dividendos


mais recursos no caixa

Mitigação de conflito de interesses para Aumento do conflito de gestão com novos sócios
atender credores

Importação de expertise dos novos sócios Conflitos entre sócios na condução do business e
manutenção operacional

Captação com terceiros

Pontos Positivos Pontos Negativos

Manutenção do controle da empresa Pagamento de juros e principal

O pagamento a terceiros é previsível e fácil Comprometimento de parte do fluxo de caixa para


de estimar, causando poucas surpresas ao credores financeiros, independentemente dos
fluxo de caixa resultados da empresa

A operação tem prazo para término, Risco reputacional (grandes dívidas são malvistas pelo
libertando a empresa do credor de maneira mercado)
simples

Possibilidade de ganhos tributários Existência de garantias

Perceba que não se trata apenas do custo do dinheiro, mas também de todos os aspectos e
consequências que existem e estão incorporados junto à fonte geradora do recurso.

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3.
Avaliação da estrutura de capital
Agora que aprendemos o que é a estrutura de capital, vamos aprender como avaliar a mesma. Para
tanto, usaremos ferramentas matemáticas simples, mas extremamente poderosas.

Uma boa análise da estrutura de capital deve conter.

A. Quanto a empresa me gera de retorno?


B. Qual minha estrutura de capital?

Avaliar a estrutura de capital implica em conhecer o custo com capital próprio (kp) e com capital de
terceiros (kt). Lembrando que, para o capital próprio, podemos ter empresas de capital aberto e
fechado e, a depender do tipo da empresa, o cálculo de kp será diferente.

No entanto, independentemente se o capital da empresa é fechado ou aberto, o cálculo geral para o


custo de capital será:

Onde:

K = Custo de capital total;

Kt = Custo de capital com terceiros;

Kp = Custo de capital próprio.

Podemos reescrever cada custo de capital (kt e kp) de maneira individualizada, a saber.

Onde:

Kt = Custo de capital com terceiros;

J = juros pagos com dívida no período base;

Ct = Passível exigível total (menos passivo circulante).

Outra maneira de calcular seria:

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Onde:

Kt = Custo de capital com terceiros

Desp.Financ = despesa financeira total

JSCP = Juros sobre capital próprio

DT = Dívida total

O cálculo do custo de capital próprio é obtido através de:

Onde:

Kp = Custo de capital próprio;

d = dividendos pagos no período base;

Cp = Patrimônio Líquido.

Reescrevendo a equação geral:

Repare que vamos em “geral”. Ou seja, esta é a fórmula mais básica e elementar. Outro ponto a ser
importante sobre esta fórmula é que ela atribui pesos iguais ao custo de capital com terceiros e o
custo com capital próprio.

Ou seja, a premissa fundamental é que a empresa possui 50% da sua estrutura de dívida com
terceiros e 50% com capital próprio. Embora possível, essa situação é pouco provável na prática,
haja vista porque a estrutura de capital é dinâmica e muda ao longo do tempo.

Contudo, existem outras abordagens mais específicas, como o Custo Médio Ponderado de
Capital (WACC). Para sabermos o WACC de uma empresa, utilizaremos a fórmula:

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Onde:

Kt = Custo de capital com terceiros;

Kp = Custo de capital próprio;

Wt = Peso da dívida de terceiros (ou proporção de dívida com capital de terceiros);

Wp = Peso da dívida própria (ou proporção de dívida com capital próprio);

IR = imposto de renda sobre lucro da empresa.

O peso – ou ponderação – da dívida é equivalente a dizer a proporção de dívida de terceiros no


total. De maneira matemática:

Onde:

Wt = Peso da dívida de terceiros (ou proporção de dívida com capital de terceiros);

D = Dívida da empresa;

E = Patrimônio Líquido.

Outra maneira de fazer este cálculo seria:

E assim demonstrar a relação do passivo com terceiros em relação ao total de capital da dívida. Já
para a ponderação do capital próprio, tem-se:

Onde:

Wp = Peso da dívida própria (ou proporção de dívida com capital próprio);

D = Dívida da empresa;

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E = Patrimônio Líquido.

Ou então:

Onde calcula-se diretamente a participação do capital próprio na estrutura de capital.

Lembre-se que a identidade básica do Balanço Contábil é ATIVO = PASSIVO + PL. Por isso, para
facilitar os cálculos, podemos usar o ATIVO como métrica, já que o total de ativos é igual à estrutura
de capital.

Vamos a um exemplo para tornar o assunto mais aprazível. Imagine que uma empresa possui
Ativos Totais no valor $ 50.000.00,00 e seu PL é igual a $20.000.000,00. Esta empresa possui um
Kt da ordem de 12,51% e Kp na faixa de 19,10%. Considera o IR igual a 20%.

O primeiro passo para o cálculo do WACC é encontrar a ponderação de cada dívida. Para encontrar
o peso da dívida de terceiros:

Em seguida, calcularemos o peso da dívida própria:

De posse dos pesos e, sabendo a priori o valor de cada capital, podemos encontrar o WACC:

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Isto quer dizer que o custo médio ponderado de capital desta empresa é de 13,65% ao ano. Para
empresas de capital aberto, existe uma maneira mais recomendada de calcular o custo de capital
próprio (kp).

Ela está baseada no modelo CAPM (Capital Asset Princing Model), uma metodologia muito
utilizada no mercado de capitais para calcular e embasar a decisão de investimentos em empresas
de capital aberto levando em consideração seu apreçamento.

Para saber mais sobre o CAPM, acesse este link.

Em linhas gerais, o CAPM é uma derivação da teoria de carteira de Markowitz e avalia um ativo –
uma ação, por exemplo – em relação ao seu risco e retorno.

Foto de Harry Markowitz.

O risco é definido como o risco de mercado, aquele entendido como não diversificável e que afeta o
mercado de maneira sistêmica, não cabendo aos gestores ações suficientemente capazes de reduzi-
los.

Já o retorno é aquele entendido como excedente, que ultrapassa o ativo livre de risco da economia.
Este retorno é entendido como aquele esperado pelos detentores da ação (acionistas).

Uma das utilizações do CAPM, além do apreçamento de ativos e tomada de decisão de


investimentos, é também o cálculo do custo do capital próprio. Já que estamos falando do retorno
esperado pelo acionista em função do investimento que ele fez, podemos calcular o retorno próprio.

A fórmula do CAPM é:

Onde:
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Rf = é o retorno do ativo livre de risco;

Rm = é o retorno do ativo;

β = é o beta do ativo.

Antes de explicarmos o que é o beta, perceba que o resultado de (Rm – Rf) nada mais é do que o
retorno excedente do ativo sobre o retorno do ativo livre de risco. Considere para a economia
brasileiro que o ativo livre de risco é o CDI; estamos falando que (Rm – Rf) é quanto de retorno,
além do CDI, um ativo é capaz de gerar.

Quanto ao beta, este nada mais é que um medidor da sensibilidade do ativo em relação a variação
do mercado. Logo, o beta mede o quanto o preço do ativo varia em relação a variação do mercado.

Seu cálculo é:

Podemos ter alguns resultados para o beta.

Resultado
Significado
β

Menor O retorno do ativo tem pouca sensibilidade ao retorno do mercado. Assim, o mercado tem pouca
que 1 influência sobre as variações de preço do ativo.

Igual a 1 O retorno do ativo é igual ao retorno do mercado. Assim, o mercado e as variações de preço do
ativo andam juntos.

Maior que O retorno do ativo tem muita sensibilidade ao retorno do mercado. Assim, o mercado tem
1 grande influência sobre as variações de preço do ativo.

De maneira prática, um ativo com beta igual a 1,2 tem uma sensibilidade muito forte com o
mercado. Assim, se o mercado experimentar uma alta, o ativo em questão terá uma alta maior (e
vice-versa).

O CAPM pode ser configurado com o próprio kp para empresas de capital aberto, e assim obter o
wacc de maneira muito mais rápida. Isto porque os dados de CAPM costumam estar disponíveis em
ferramentas on-line de acesso público.

4.
Conclusão
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O Custo de Capital é um indicador elementar para direcionamento de decisão da empresa e um


grande driver para avaliação financeira da empresa. Embora existam distintas formas de calcular, o
custo da fonte de capital sempre deve levar em consideração a estrutura de capital da empresa.
Conhecendo a custo das fontes de capital, o gestor será capaz de avaliar os prós e os contras de cada
fonte e balancear a empresa em termos de dívida.

5.
Referências
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo, SP:
Pearson, 2010. xxiii, 775 p.

6.
Saiba +
Caso tenha interesse em aumentar seu conhecimento sobre o assunto, fique à vontade para
consultá-las.

ROSS, Stephen A. et al. Administração financeira. 10. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2015. xxvii,
1196 p.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 18. ed. rev. atual. e ampl. Rio de
Janeiro, RJ: Qualitymark, 2011. xxxii, 986, [1] p.

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