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MERCADO DE
CAPITAL E ANÁLISE
DE INVESTIMENTOS
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
SUMÁRIO
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Unidade 1
Nesta unidade você vai aprender como funcionam e crescem as empresas, como as
decisões de investimento, financiamento e operacionais se articulam e como as empresas
empregam o mercado financeiro e de capitais para atender suas necessidades de
financiamento. Vai estudar ainda, o que é e qual a importância da intermediação financeira,
quais mercados formam o Sistema Financeiro Nacional (SFN), quais são e qual o papel das
instituições reguladoras, fiscalizadoras e operadoras presentes no SFN.
São exemplos de ativos empregados pelas empresas os gastos feitos com a aquisição
de equipamentos e sistemas de informação, máquinas utensílios e instalações, matérias-
primas e insumos diversos (energia elétrica, água e esgoto, entre outros recursos, a depender
do setor no qual a empresa atua). Vez por outra, as empresas necessitam gastar com grandes
volumes de recursos para financiar novos projetos como meio de ampliar sua capacidade
oferta de bens e serviços, implementar ou melhorar processos produtivos, desenvolver ou
lançar novos produtos e serviços.
Os investimentos das empresas podem ser financiados de três formas: (1) lucros
decorrentes da venda de bens e serviços; (2) contratação de empréstimos ou financiamentos;
(3) emissão de títulos no mercado de capitais.
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A primeira coisa que você tem que compreender é as empresas dispõe dessas três
fontes de financiamento. A segunda é que o mercado financeiro e de capitais é um ambiente
que permite que as empresas captem grandes volumes de recursos como meio de financiar
novos projetos, uma vez que nem sempre os lucros gerados por essas, gerados, é suficiente
para atender suas necessidades de investimento. A terceira é que as decisões de investimento,
financiamento e operacionais sempre estarão intimamente relacionadas.
Esta última questão decorre do seguinte: para ofertar bens ou serviços as empresas
precisam investir em ativos, para obter estes ativos estas precisam de fontes de financiamento
e o emprego de ativos permite que essas paguem por todos os recursos empregados na
produção de bens, incluindo taxas de juros pagas aos bancos, pagamento de fornecedores e
prestadores de serviços e remunere os sócios da empresa. Isto é evidenciado na figura 1.
Vamos estudar mais sobre as fontes de financiamento das empresas? O lucro obtido
pelas empresas depende das decisões de investimentos em ativos, financiamentos e
operacionais acima descritos, sendo este contabilizado como:
Portanto, o lucro é o que resta aos sócios da empresa após a cobertura de todos os
gastos incorridos por esta, ou seja, custos e despesas, sendo os custos gastos feitos para a
produção de bens ou serviços e as despesas gastos necessários para gerir o negócio e obter
receitas. As despesas são representadas pelos gastos com as atividades administrativas, de
marketing e vendas, área financeira, recursos humanos (RH), além das despesas com juros
decorrentes das operações de empréstimos de financiamentos contratados e impostos sobre
os resultados da empresa; basicamente, Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o
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Lucro Líquido (CSLL). Em suma, o lucro é um valor residual que remunera os sócios da
empresa.
A questão que surge é qual a destinação dos lucros obtidos pelas empresas. Parte dos
lucros é distribuída aos sócios da empresa, sendo esses denominados Dividendos no caso das
empresas que possuem ações negociadas na Bolsa de Valores. A outra parcela desse lucro
pode ser mantida nas empresas e formam os Lucros retidos. Neste caso, tais lucros
compreendem uma fonte de financiamento natural de financiamento das empresas; contudo,
muitas vezes não é suficiente financiar certos projetos de investimento. Por esta razão, vez
por outras, as empresas necessitam recorrer às demais fontes de financiamento: contratação
de empréstimos ou de financiamentos e emissão de títulos no mercado de capitais.
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Como será visto, nesses dois casos, os recursos saem da conta dos investidores e
entram direto na conta da empresa, viabilizando o financiamento de grandes projetos.
Quando uma empresa emite títulos de dívida transacionados no mercado de capitais, assume
a obrigações devolver o dinheiro emprestado acrescido de juros, ou seja, como no caso das
operações de empréstimos e financiamentos, a empresa paga juros independentes de obter
lucros.
Por outro lado, a emissão de ações por parte das empresas constituídas como
sociedades econômicas de capital aberto, SA’s, faz com que os investidores se tornem sócios
da empresa. Neste caso a empresa não tem obrigação de devolver esses recursos para os
acionistas, pois os investidores passam a receber rendimentos na forma de dividendos ou por
meio da venda dessas ações para outros investidores. Como você vai estudar, ao emitir ações
a empresa tem que prestar contas aos seus sócios, que adquirem o direito de receber parcela
do lucro gerado pela empresa e distribuído na forma de dividendos.
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Os investidores investem em títulos emitidos pelas SA’s porque esperam: obter ganhos
com a valorização das ações emitidas pelas empresas, participar do lucro dessas, diversificar
seus investimentos e poder vendê-las de forma rápida, pois são facilmente negociadas na
Bolsa de Valores. Para que as operações de compra e de venda de títulos negociados na Bolsa
de Valores aconteça de forma organizada, eficiente e segura as transações envolvendo esses
títulos são realizadas no mercado de capitais. Para que este mercado funcione de forma
eficiente, segura este é regulado, fiscalizado, operado por intuições especializadas e tem suas
operações verificadas e registradas desde o momento da compra até o pagamento e
transferência da titularidade dos diferentes ativos entre os investidores.
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Por estas razões, perceba que a intermediação financeira é uma atividade econômica
essencial, pois canaliza a poupança formada na economia para atender as necessidades de
consumo das famílias e ou o investimento das empresas permitindo a interação entre os
agentes econômicos superavitários para atender as necessidades dos agentes econômicos
deficitários.
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Monetário Nacional (CMN) é autoridade máxima que as cria normas que regulam esses quatro
mercados, sendo os três primeiros fiscalizados pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e o
mercado de capitais fiscalizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Isto é
representado na figura 3.
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Quando os recebem depósitos à vista emprestam apenas uma parcela desses recursos.
Isto corre porque as autoridades monetárias exigem que os bancos retenham um percentual
desse na forma de reservas compulsórias e de reservas voluntárias. A razão para a existência
dessas é a seguinte: evitar que os bancos enfrentem problemas de liquidez, pois, embora seja
improvável que todos os correntistas desejem sacar os valores depositados em suas
respectivas contas de uma só vez, em certas situações pode haver um grande volume de
saques das contas correntes ou aplicações a prazo. Assim, a função dessas reservas é garantir
que os bancos mantenham uma parcela dos recursos que ingressam na forma de reservas
como meio de garantir a segurança dos correntistas e de todo o sistema bancário.
Admita, por exemplo, que a taxa de reservas compulsórias exigiria pelas autoridades
monetárias seja de 20%. Por simplificação, admita que os bancos recebem $100 em depósitos
à vista; assim, por força da regulação do governo, 20% destes devem ser mantidos na forma
de reservas compulsórias. Dessa forma, o depósito de $100 gera reservas compulsórias de $20
= $100. (20%) podendo os bancos realizarem operações de empréstimo e de financiamento
de $80 = $100 –$ 20 de reservas. Com o tempo, esses recursos retornam ao sistema bancário
na forma de novos depósitos à vista de $80, fato que gera reservas de $16 = $80. (20%) e a
possibilidade de contratar $64 = $80 – $16 em novos empréstimos e financiamentos.
Com o tempo, esses recursos retornam na forma de depósito de $64, gerando reservas
de $12 = $64. (20%) e novos empréstimos de $52 = $64 – $12, ou formação de $12 de reservas
fazendo reiniciar este ciclo, de forma que, cada nova rodada de captação passiva gera novas
operações de empréstimos e financiamentos, bem como a formação de novas reservas.
É por isto que os bancos são responsáveis pela criação de moeda: ao receber novos
depósitos os bancos ampliam os meios de pagamento, uma vez que cada parcela de recursos
emprestados retorna ao sistema bancário na forma de novos depósitos, reiniciando o ciclo.
Daí, a importância e a necessidade de regulação do mercado monetário. É possível
demonstrar que o ingresso dos $100 de novo depósito, dada a taxa de reservas compulsórias
de 20%, gerará $500 de expansão da base monetária, daí a importância da fixação dessas.
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capitais contribui para que grandes volumes de poupanças fluam para o setor produtivo,
contribuindo para redução do custo de capital das empresas, aumento na taxa de
investimento e de crescimento econômico.
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por: emitir e distribuir moeda (papel moeda e moedas metálicas), receber os depósitos
compulsórios dos bancos e realizar operações de redesconto (empréstimos feitos por
instituições financeiras junto ao Bacen, quando estas enfrentam problemas de liquidez e ou
atingiram limite de crédito junto a outros bancos), regular a compensação de cheques,
transacionar títulos federais por meio do Tesouro Direto, controlar a oferta de crédito provida
pelas instituições financeiras, particularmente bancos, associações de crédito poupança e
outros intermediários financeiros.
Criada por meio da união entre a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de
Investimento) e Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado de Capitais) a
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA)
representa mais de 300 associados, entre os quais bancos comerciais, bancos múltiplos e de
investimento, corretoras e distribuidoras de títulos e de valores mobiliários, cujas funções
serão descritas a seguir, e entidades autorizadas a gerenciar carteiras de ativos financeiros
(entidades que prestação serviços de administração de fundos e carteiras de investimentos
oferecido por bancos ou empresas especializadas).
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Além das instituições financeiras apresentadas acima, você tem de saber que fazem
parte do SFN outros intermediários e ou instituições auxiliares: Bolsa de Valores
(BM&FBovespa), Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM), Sociedades
Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM), BM&FBovespa, Sociedades Corretoras
de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM), Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores
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A BM&FBovespa é uma instituição privada de capital aberto criada em 2008 por meio
da fusão da Bolsa Mercantil e de Futuros (BM&F) e Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA).
Trata-se de empresa com fins lucrativos, cujas receitas advêm dos emolumentos pagos nas
operações, ou seja, a cada título ou ação é negociada na BM&FBovespa, esta recebe uma
porcentagem do valor da operação. A BM&FBovespa provê sistemas para a negociação de
ações, títulos de renda fixa, cotas de fundo de investimento, derivativos financeiros e
agropecuários entre outros valores mobiliários.
Prove ainda, meios para a realização formal e pública das operações de compra e
venda de títulos. Entre esses, as ações emitidas pelas empresas. Também legitima todas as
operações de compra e venda de títulos negociados pelos investidores nos pregões. A
BM&FBovespa divulga dados de preços e volumes de títulos negociados em tempo real ao
longo do desenrolar do pregão, além de fornecer ou divulgar dados sobre empresas que
negociam tais ativos, apresentam dados e relatórios sobre o comportamento de mercado e
atividade econômica, mede e divulga um dos mais importantes indicadores econômicos do
mercado financeiro, o índice Ibovespa.
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compra e a venda de contratos vinculados a metais preciosos, boi gordo, café, dentre outros
títulos envolvendo a transação de mercadorias, fornecem serviços (uma vez que não
operaram no mercado de crédito, dentre outras operações. Para tanto, e a depender do tipo
de ativo negociado, cobram taxas de administração.
Além dessas intuições, deve-se saber que há outras importantes entidades que atuam
no SFN que, em seu conjunto, formam o chamado Sistema de Câmaras de Liquidação e
Custódia formado pelo Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), Câmara de Custódia
e Liquidação de Título Privados (CETIP), Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC)
e Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB).
Em seu conjunto, essas entidades formam uma estrutura interna ou externa vinculada
ao SFN e à BM&FBovespa, cujas funções são garantir o registro de todas as operações
realizadas, acompanhamento das posições mantidas, compensação financeira dos fluxos e
liquidação dos ativos e de contratos financeiros negociados. Isto é necessário porque todas as
operações feitas no mercado financeiro e no mercado de capitais envolvem os seguintes
processos: garantir que as operações sejam realizadas, liquidadas financeiramente e que a
titularidade dos ativos negociados seja transferida entre os diferentes investidores. Isso
significa dar uma ordem de compra de títulos para que sejam registradas, que a “posse” do
ativo seja transferida de quem o comprou para quem o vendeu e que, seja efetuada a
transferência de valores entre a conta do comprador para o vendedor em cada operação.
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Nesta unidade você vai conhecer os principais produtos financeiros negociados no
mercado financeiro e de capitais, como é medida a rentabilidade das ações emitidas pelas
empresas denominadas sociedades anônimas de capital aberto (SA’s), o que são valores
mobiliários e instrumentos financeiros de renda fixa, públicos e privados e o que é renda
variável. Aprenderá ainda analisar a relação entre o preço das ações e sua associação com os
movimentos do mercado de capitais, medido pelo índice Ibovespa, e a com a formação de
lucro das empresas.
Quanto aos fluxos de caixa, FDC, os produtos financeiros podem ser classificados de
duas formas. De um lado, há produtos negociados no mercado financeiro que geram
compromissos na forma de fluxos de caixa determinados no qual é formada obrigação
contratual de pagamento de valor tomado emprestado, o que é denominado como montante
ou principal, acrescido de juros, sendo esses aferidos a partir de taxas de jutos e prazos
previamente definidos em contato entre a empresa e a instituição financeira emissora.
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Por outro lado, certos tipos de títulos geram direitos sobre fluxos de caixa residuais.
Neste caso, a empresa emissora fica obrigada a pagar valor residual, se houver, após cobertas
todas as obrigações com assumidas com terceiros. Por exemplo, uma empresa possui ativos
(bens e direitos sobre a posse de máquinas equipamentos, estoques, contas a receber,
aplicações de curto e de longo prazos, dentre outros) e passivos (dívidas com fornecedores e
salários a pagar, dívidas de curto e longo prazo, impostos a pagar, dentre outros) de $ 100 e $
60 milhões, respectivamente. No caso de venda da empresa, seu valor será de $ 40 milhões
(= $100 - $60 milhões), ou seja, o valor da empresa é um valor residual, na medida em que
devemos considerar que o valor do patrimônio dos sócios, conforme indicado abaixo.
Inicialmente, deve-se lembrar que não há investimento sem que haja fontes de
financiamento, ou seja, o montante de investimento realizado pela empresa é contabilmente
igual ao valor do financiamento, ou seja: Investimento ≡ Financiamento. Além disso, as fontes
de financiamento de uma empresa são iguais ao total de Lucros Retidos, dívidas bancárias e
aportes de recursos ou capital social colocado à disposição da empresa pelos seus sócios-
proprietários. Portanto, os Lucros Retidos e Capital Social formam o Patrimônio Líquido dos
sócios. Do ponto de vista contábil:
Desta forma, como Ativo Total ≡ (Passivo Circulante + Exigível no Longo Prazo +
Patrimônio Líquido) é possível calcular o valor residual da empresa, como indicado abaixo,
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considerando que os Lucros retidos e os recursos investidos pelos sócios da empresa fazem
parte do Patrimônio Líquido a disposição dos sócios dessa.
São exemplos de título que dão direitos a valores residuais as ações detidas pelos
investidores, que possuem direitos sobre os ativos e lucros gerados pela empresa ao longo do
tempo, ou instrumentos financeiros cuja rentabilidade está associada ao preço das ações, tais
como opções de compra e ou de venda de ações, cotas de fundos de investimento que têm
na sua composição ações, dentre outros instrumentos financeiros associados à posse das
ações de uma SA.
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empresas, exigindo justificativas quanto ao uso dos recursos, avaliação dos recursos colocados
como garantia das operações, além de submeter a empresa a um processo de análise de
crédito.
Via de regra, as taxas cobradas nas operações de financiamento são menores que as
das operações de empréstimos, uma vez que o bem financiado normalmente é colocado como
garantia da operação até a quitação do contrato por parte da empresa. Os juros cobrados
nessas operações refletem os custos de captação dos bancos, seus custos operacionais,
impostos incidentes, necessidade de lucro dos bancos, além da liquidez do sistema financeiro
e necessidades de manutenção de taxas de reservas compulsórias. Por estas razões, os custos
de captação das empresas são elevados nas operações de empréstimos e de financiamentos,
quando comparados aos custos dos Lucros retidos e ou de captação por meio do mercado de
capitais. Além disso, os custos dessas operações aumentam proporcionalmente aos riscos das
empresas de forma que quanto maior este, maior a taxa de juros cobrada, pois, caso haja
inadimplência, o banco arcará com os prejuízos.
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Tanto a taxa DI quando o IPCA varia ao longo do tempo, portanto, o investidor contrata
a taxa, mas tem como certo o valor que esta assumirá, pois esta, só será conhecida no
vencimento do título. O máximo que os investidores podem ter é uma expectativa sobre a
taxa DI ou IPCA futuro. Assim, os títulos de renda fixa podem ser classificados de três formas:
(1) quanto ao emissor (público ou privado); (2) quanto a taxa (prefixada ou pós-fixada); (3)
quanto ao pagamento ou não de juros periódicos (caso de títulos que pagam os juros apenas
no vencimento e aqueles que pagam juros periódicos até o vencimento do contrato). Essas
características são sumarizadas na figura 4, sendo discutidos em detalhes a seguir.
São exemplos de títulos públicos de renda fixa púbicos são a Letra do Tesouro
Nacional (LTN) e a Letra Financeira do Tesouro (LFT). Esses são, respectivamente, títulos pré-
fixados e pós fixados. Ao aplicar na Letra do Tesouro Nacional (LTN), o investidor aplica e
recebe o valor de face somado à rentabilidade (diferença entre o valor de face e preço pago
pelo investidor, na data de vencimento do título). Por exemplo, o investidor adquire o título
com desconto no lançamento, ou seja, adquire título por $733,86 e recebe o valor de face de
$ 1.000, na data do vencimento. Assim, obtém rendimento de $266, 32, se carregá-lo até o
vencimento, caso contrário o rendimento será apurado como a diferença entre o preço de
compra menos o preço de venda antecipada. O cálculo da rentabilidade, caso o investidor
mantenha a aplicação até o vencimento é apurado como:
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎
𝜋𝐿𝑇𝑁 = ( − 1) 100%
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎
$1.000
𝜋𝐿𝑇𝑁 = ( − 1) 100% = 33,27%
$733,86
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A Letra Financeira do Tesouro (LFT) é um título cujo rendimento é atrelado à taxa Selic,
ou seja, sua rentabilidade depende da taxa de juros básica da economia. Características dos
indexados à taxa Selic. Especificamente, sua remuneração é dada pela variação da taxa SELIC
diária (ou Selic-over), registrada entre a data de liquidação da compra e a data de vencimento
do título, acrescida, se houver, de ágio ou deságio no momento da compra. Admitindo que na
data de aquisição este título foi comprado por $4.112,41 e vendido por $5.514,90, sendo este
o valor $4.112,41 atualizado pela taxa Selic diária, o cálculo da rentabilidade da aplicação em
LFT, válida para todos os títulos que não fazem pagamento de juros periódicos, é feita da
seguinte forma:
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎
𝜋𝐿𝐹𝑇 = ( − 1) 100%
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎
$5.514,90
𝜋𝐿𝐹𝑇 = ( − 1) 100% = 34,10%
$4.112,41
São exemplos de títulos privados de renda fixa privados aqueles emitidos pelos
bancos como meio de captar recursos em operações ativas: CDI, CDB e RDB, além da
Caderneta de poupança. No caso das empresas privadas, estas empregam os seguintes títulos
de renda fixa, como meio de captar recursos: notas promissórias (ou comercial papers) e
Debêntures. O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é uma importante forma de
captação feita exclusivamente pelas instituições financeiras bancárias. No curtíssimo prazo, o
instrumento mais utilizado pelas instituições financeiras é o Depósito Interfinanceiro (DI),
sendo esses empregados para atender a necessidades de recursos das instituições bancárias
para atender suas necessidades de caixa. No médio e longo prazos, essas instituições realizam
a captação de recursos junto ao público mediante a emissão de Certificados de Depósitos
Bancários (CDB’s) e Recibos de Depósitos Bancários (RDB’s).
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A taxa DI é uma importante taxa de mercado, pois constitui o custo básico de captação
de curtíssimo prazo dos bancos, sendo que, quanto maior esta, mais os bancos manterão de
reservas voluntárias e menor será o volume de operações de empréstimos e de
financiamentos e vice versa. Esta taxa também é empregada para remunerar outros títulos,
como os Certificados de Depósito Bancário (CDB) atrelado a taxa DI.
Como exemplo de CDB pré-fixado, considere que o banco emite um CDB-pós que paga
7% a.a.: investidor, ao aplicar $1,000 no CDB emitido pelo banco e receberá, após o prazo de
um ano, $1,070 = $1, 000. (1 + 0,07). Nesse sentido, equivale a um empréstimo feito ao banco
emissor por prazo determinado, tendo por garantia o título emitido. Em geral, os CDB’s são
emitidos na forma escritural (ou seja, sem emissão de papel e controlados, feito por meio de
aplicativos e registrados em sistemas eletrônicos de custódia de títulos CETIP.
Como exemplo de CDB pós fixados, considere que o banco CDB-pós que paga 96% da
remuneração do CDI (baseado na taxa DI). Neste caso, o investidor sabe qual taxa será
aplicada, mas só se conhecerá o valor efetivo da remuneração do investimento no momento
do resgate, pois a taxa de Depósito Interfinanceiro (taxa DI) que irá remunerar o CDB só será
conhecida no momento do vencimento.
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Os CDB’s podem ser negociados em qualquer momento antes de seu vencimento, mas
a recompra é facultativa pelo emissor, podendo ser negociado livremente no mercado, entre
investidores. No entanto, a recompra antes do vencimento é facultativa pelo banco emissor,
mas este não pode impedir a negociação de um CDB por ele emitido. Se este for readquirido
pelo banco emissor o certificado deve ser cancelado.
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+ TR. Portanto, a poupança pode ser caracterizada como título de renda fixa pós-fixada, pois:
representa título com promessa de resgate do principal em data futura, sendo sua
remuneração definida por meio de indexadores conhecidos a priori, pela TR + 0,5% a.m ou
sempre que a Selic ficar em 8,5% ou abaixo, o rendimento deverá ser 70% da Selic + TR.
Embora não sejam objeto de estudo detalhado nesta unidade, os bancos também
podem usar outros instrumentos financeiros como meios de captação, tais como: Letras
Financeiras (LF) destinadas à captação de grandes montantes orientados ao longo prazo –
aplicações de montantes acima de R$ 150 mil; Letras de Câmbio Financeiras (LCF), destinadas
a captação orientada à ofertar produtos como crédito pessoal e crédito consignado; Letras
Hipotecárias (LH), emitidos por instituições financeiras autorizadas a conceder créditos
hipotecários, garantidos pela primeira hipoteca; Letras Imobiliárias (LI), empregados em
captações baseadas em operações de empréstimos imobiliários.
As Notas promissórias (NP’s) (ou Comercial Papers) são título de curto prazo, emitido
pelas sociedades anônimas (SA’s) não vinculadas ao setor financeiro de capital fechado ou
aberto, geralmente emitidas com o objetivo de financiar suas necessidades de curto prazo.
Esses títulos apresentam vantagem sobre as operações convencionais de empréstimos
bancários: baixo custo financeiro de emissão e maior agilidade na captação de recursos no
mercado, pois elimina o papel da intermediação bancária e seus custos.
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Assim as NP’s têm sua rentabilidade definida pela diferença entre o valor captado e
pago, contratados no momento da realização da operação. Enquanto promessa de pagamento
feita pela empresa em favor do investidor, as NP’s podem ser vendidas para outros por meio
de endosso, este definido como declaração do credor transferindo a propriedade da NP.
Portanto, as Notas Promissórias compreendem títulos de renda fixa. Devido ao prazo das
operações (180 dias para SA’s de capital fechado e 360 dias para SA’s de capital aberto) em
geral não pagam cupons.
As Debêntures são títulos emitidos por SA’s, de capital aberto ou fechado, que não
sejam sociedades de crédito imobiliário (especializada em financiamento habitacional),
instituições financeiras (com exceção daquelas que não recebem depósitos do público, ou
seja, bancos de investimento). São títulos de longo prazo, firmados entre e investidores e a
empresa emissora, por meio dos quais os debenturistas, investidores que adquirem
debentures, se tornam credores da empresa. O debenturista, investidor que detém direitos
sobre as debêntures emitidas por uma SA, possui diretos de crédito sobre o emissor, ou seja,
aplicam recursos por taxas e prazos firmados fixados na escritura de emissão das debêntures.
O investidor que adquiriu debentures pode vendê-las a outros investidores.
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Renda (por exemplo, o CDI e a Caderneta de poupança são isentos de IR), proteção pelo Fundo
Garantidor de Crédito (FGC), possibilidade de aplicar baixas quantias (como no caso CDB’s e
títulos vendidos pelo governo no Tesouro Direto) e redução da imprevisibilidade quanto ao
retorno (conhecimento antecipado das taxas pré ou pós fixadas).
A proteção dos correntistas dos bancos e de certas aplicações é feita através do Fundo
Garantidor de Crédito (FGC). Este é mantido por uma entidade privada sem fins lucrativos,
cujo objetivo é proteger depositantes e investidores garantindo a estabilidade do Sistema
Financeiro Nacional (SFN). Suas funções do FGC são prover e administrar mecanismos de
proteção aos correntistas, poupadores e investidores, permitindo recuperar depósitos ou
créditos oriundos de contas não movimentadas por cheques (conta salário, vencimentos,
aposentadorias, pensões etc.) junto a instituições financeiras, caso estas venham a decretar
falência. Os recursos que mantém o FGC são colocados por instituições financeiras (IF’s) que
contribuem com percentagem de depósitos recebidos.
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10% do valor dos ativos da empresa ou a 10% dos Lucros líquidos retidos ou distribuídos
periodicamente na forma de Dividendos.
As ações representam frações, cotas ou parcelas do capital social controlado por uma
empresa. Uma ação corresponde a menor unidade do capital que representa controle dos
ativos pertencentes a uma sociedade anônima de capital aberto. Assim, possuir ações significa
ter uma fração do Caixa, Contas a receber, Estoques, aplicações de curto e de longo prazo,
ativos imobilizados (imóveis, máquinas, equipamentos, instalações e utensílios) pertencentes
à companhia. Em razão da posse das ações, o acionista (que é o detentor de ações) desfruta
de direito a uma fração dos resultados aferidos pelo emprego destes ativos (lucro, retorno
sobre investimentos em projetos, entre outros, goza de direitos sobre o valor residual dos
ativos da companhia no caso de liquidação (venda ou encerramento de suas atividades). Como
será discutido, aqueles que investem em ações também tem direito a proventos (dividendos,
juros sobre o capital social e bônus de subscrição), concedidos em função do capital aplicado.
As ações podem ser classificadas de diferentes formas, e estas é que lhes concede direitos
específicos. Entre os principais, destacam-se: direto de participar nos resultados da empresa;
possibilidade de intervenção indireta na gestão da companhia; privilégio no resgate
antecipado do capital aplicado no caso de liquidação dos ativos da companhia.
Quanto à espécie as ações pertencem a dois grandes grupos: ações ordinárias e ações
preferenciais. As ações ordinárias dão direito de voto ao acionista nas assembleias de
acionistas (AOG ou AEG), entre outros. Já as ações preferenciais concedem aos acionistas
certos privilégios relacionados ao recebimento de proventos (remunerações), mas sua
emissão vem caindo no mercado brasileiro. Isto ocorre devido a uma tendência das empresas,
CVM e BM&FBovespa que parte do entendimento de que a expansão das transações
envolvendo ações ordinárias tente a estimular a participação dos investidores nos processos
de tomada de decisão nas empresas, fortalecendo o SFN.
A posse de ações ordinárias confere a seu titular o direito de voto nas assembleias dos
acionistas, seja na Assembleia Geral Ordinária (AGO) ou na Assembleia Geral Extraordinária
(AGE). Realizadas de forma periódica (AGO) ou extraordinária (AGE), essas têm como objetivos
a prestação de contas entre outras deliberações (eleger os administradores, deliberar sobre a
destinação do lucro líquido de cada exercício fiscal e o montante de recursos que serão
distribuição de dividendos) e deliberar sobre quaisquer outras matérias de interesse da
31 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
32 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
1% das ações de uma empresa, terá direito a receber 1% dos Lucros líquidos distribuídos pela
empresa na forma de dividendos, ou seja, se empresa distribuir $ 10 mil de dividendos este
investidor receberá $ 100 (= $ 10 mil vezes 1%) na forma de dividendos.
Sobre a determinação do ganho total obtido pelo investidor que aplica em ações.
Admita que o investidor adquiriu 100 ações de uma empresa no ano passado ao preço de $50
por ação e decida vende-las hoje ao preço cotado de $70. Admita ainda que as 100 ações da
empresa representarem 1% do capital social da empresa e foram distribuídos $10.000 na
forma de dividendos. Nessas condições, o investidor receberá ganho de capital e dividendos
da ordem de $2.000 e $100 sendo esses calculados, respectivamente, como:
Portanto, o ganho total, $𝐺𝐶 + $𝐷𝑖𝑣, ao investir em ações nessas condições será de
$2.100, sendo este calculados como: 𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = $𝐺𝐶 + $𝐷𝑖𝑣 = $2.000 + $100 =
$2.100. A partir dessas informações também é possível calcular a taxa de retorno do
investimento em ações em termos percentuais, o que é feito da seguinte forma: 𝜋𝑡+1 =
𝑃𝑡+1 −𝑃𝑡 𝐷𝑖𝑣𝑡+1
[ + ] ∙ 100%, onde 𝜋𝑡+1 é a taxa de ganho em percentual, 𝑃𝑡+1 = $70 e 𝑃𝑡 = $50
𝑃𝑡 𝑃𝑡
$70 − $50 $1
𝜋𝑡+1 = [ + ] ∙ 100% = [0,40 + 0,02] ∙ 100% = 42%
$50 $50
𝜋𝑡+1 = 40% + 2%
No caso desse exemplo, o primeiro termo e o segundo termos do lado direito dessa
expressão são, respectivamente a taxa de ganho de capital, variação percentual de 40%, no
preço da ação, e a taxa de dividendo, razão entre o dividendo unitário pago por ação e o preço
da ação de 2%, entre os instantes 𝑡 + 1 e 𝑡, respectivamente.
33 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Este exemplo permite que você consiga compreender quais elementos estão na base
da formação do retorno que o investidor alcança ao adquirir ações. Ao investir nesses títulos
de renda variável o investidor espera a valorização do valor de mercado das ações. Isso só
acontece quando os investidores estão otimistas com a performance da empresa. Quanto isto
acontece, o preço das ações de valoriza, como no caso desse exemplo onde em um ano o
preço dessas passou de 𝑃𝑡 = $50 para 𝑃𝑡+1 = $70.
Da mesma forma, como a empresa obteve lucros e pode distribuir dividendos pode
acrescentar mais 2% ao ganho de capital de 40%. Portanto, há uma relação direta entre as
expectativas de ganho de capital, capacidade da empresa em gerar receitas e lucros com o
emprego de seus ativos e capacidade de distribuição de lucros na forma de dividendos.
Em suma, o foco dos gestores deve ser maximizar o valor das ações por meio da
valorização dos ativos sob controle da companhia, o que pode ser alcançado de várias
maneiras: projetos de investimento selecionados e financiados de forma adequada e
operações bem gerenciadas como meio de contribuir com as seguintes finalidades: (1)
valorização das ações e (2) aumento da capacidade da empresa em remunerar seus sócios a
partir da distribuição da geração de caixa e distribuição de dividendos periódicos.
34 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Agora que você aprendeu o que são ações e como é aferida a rentabilidade dessas na
forma de ganho de capital e taxa de dividendos vai conhecer o que é e como funcionam o
mercado primário e o mercado secundário, bem como o que é oferta inicial pública de ações
ou IPO (do inglês Initial Public Offering).
Um tipo especial de oferta de ações é a oferta inicial pública (IPO). Um IPO ocorre
quando uma companhia abre o capital e lança pela primeira vez ações no mercado de
capitais como meio de captação de grandes volumes de recursos na Bolsa de Valores para
financiamento de capital da empresa. Este processo deve seguir tramites específicos e
atender normas previstas na legislação que regula as sociedades anônimas de capital aberto.
35 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
• Ao adquirir ações nas operações de IPO ou de novas vendas de ações por parte
das SA’s, o que é denominado lançamentos secundários, os recursos vão direto
para empresa e nessa permanecem, pois são aplicados em ativos empregados
nas atividades produtivas e operacionais das empresas;
• As ações são títulos que possuem liquidez, ou seja, caso o investidor deseje ou
precise vendê-las, sempre haverá outros investidores dispostos a comprá-las
pelo preço que estiver sendo cotado no mercado, fato que faz com que o
investidor possa, a qualquer momento durante o pregão, receber os recursos
de volta ao vendê-las a outros investidores.
Como já se sabe, ações são títulos de renda variável que representam a menor fração
de posse do capital controlado pelas empresas estabelecidas como sociedades anônimas de
capital aberto (SA‘s). Enquanto títulos de propriedade, as ações são negociadas no mercado
primário (por meio da realização de uma IPO ou lançamentos secundários de ações por parte
36 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
das SA’s), e concedem aos acionistas uma série de direitos, têm sua rentabilidade medida pelo
ganho de capital e taxa de dividendos que dependem, das expectativas dos investidores,
performance do mercado e da empresa no uso de seus ativos como meio de obter receitas,
gerar lucro e converter lucros em caixa.
Parte dos direitos dos acionistas são denominados proventos. Dentre os principais
proventos, destacam-se: (i) a distribuição de dividendos, que compreendem parcela do lucro
líquido proporcional ao volume de ações de posse do investidor; (ii) direitos de recebimento
de juros sobre o capital próprio que perfaz remuneração paga ao acionista calculada com
base em taxas de juros aplicadas sobre os Lucros retidos acumulados pela empresa e que
visam remunerar o investidor ante a perda de valor dos ativos (máquinas e instalações) devido
ao uso desses os quais representam o capital social da empresa; (iii) receber bonificações
resultantes do aumento do capital, oriundo da valorização dos lucros retidos, e portanto não
distribuídos, que se convertem em novas ações a serem distribuídas na proporção das ações
de propriedade do investidor.
Os acionistas usufruem ainda de outros diretos, dentre estes: direito à participação nas
decisões que envolvem a companhia, direitos de subscrição e a venda destes, dentre outros.
Especificamente, quem detém ações tem direito a adquirir da empresa ou negociar bônus de
subscrição, os quais são títulos negociáveis SA’s que conferem aos seus titulares (acionistas),
nas condições constantes no certificado de emissão, o direito de subscrever ações do capital
social da companhia (preferência na aquisição de forma a manter participação), dentro do
limite de capital autorizado no estatuto da empresa.
37 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
As NP’s também dão maior agilidade às captações das empresas, pois abrem espaço
para possibilidade de os tomadores negociarem diretamente com os investidores presentes
no mercado (por exemplo bancos ou fundos de pensão). As instituições financeiras bancárias,
as sociedades corretoras e distribuidoras de valores mobiliários e sociedades de
arrendamento mercantil (empresas de leasing), não podem emitir este tipo de título.
As Debentures são títulos emitidos por SA’s, de capital aberto ou fechado, desde que
que não sejam sociedades de crédito imobiliário (especializada em financiamento
habitacional), instituições financeiras (com exceção daquelas que não recebem depósitos do
público, ou seja, bancos de investimento). São títulos de longo prazo emitidos pelas SA’s e,
posteriormente, vendidos e comprados pelos investidores no mercado secundário, por meio
dos quais os debenturistas se tornam credores da empresa. O debenturista, investidor que
38 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
detém direitos sobre as debêntures emitidas por uma SA, possui diretos de crédito sobre o
emissor (aplicam recursos por taxas e prazos firmados fixados na escritura de emissão das
debentures).
As Debentures são títulos de renda fixa, que podem ser convertidos em ações (as
chamadas debentures conversíveis em ações, que títulos de renda variável), emitidos por
instituições não financeiras, tais como bancos ou associações de crédito. As exceções a esta
regra são as sociedades de arrendamento mercantil ou empresas de leasing que, embora
representem instituições vinculadas ao mercado financeiro, podem emitir debêntures.
Também estão autorizadas a emitir debêntures as companhias hipotecárias, instituições
securitizadoras de créditos e sociedades financeiras formas com propósito específico –
organização empresarial formada com objetivo específico cuja atividade está vinculada ao
financiamento de grandes projetos de em ganharia.
39 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
necessário que os títulos obtenham o certificado American Depositary Receipts (ADR’s). Esses
devem ser emitidos por bancos americanos, respeitando critérios de custódia da Bolsa de
valores e CVM. Tais certificados representam ações negociadas ou títulos emitidos por
empresas brasileiras e, portanto, sediadas fora dos Estados Unidos.
Ademais, o montante das operações não pode ultrapassar $US 10 mil e a operação
tem de ser informada ao Bacen. Sob a ótica do investidor, as operações envolvendo ADR's
viabilizam oportunidades de arbitragem. Ou seja, caso o investidor constate à existência de
diferenças nas cotações de um determinado papel no mercado local e americano. Este pode
beneficiar-se comprando a ação onde é mais barata para, em seguida, vendê-la onde é mais
cara, quando cotada em uma mesma moeda. Obviamente, o investidor deve levar em conta,
além da taxa do ADR, os custos envolvidos nas operações, riscos de variação cambial, entre
outros. Tais oportunidade são raras, fato que explica porque o preço de um ADR normalmente
acompanha muito de perto o preço da ação que o referencia, quando devidamente ajustado
pela razão entre o preço das ações da empresa e o ADR.
É importante ressaltar que não são considerados valores mobiliários: títulos de dívida
pública (que são negociados pelo governo por meio do Bacen, conforme Lei 10303/2001) e
títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira (também regulados pelo Bacen),
exceto as debêntures. Além desses produtos, são considerados valores mobiliários as cotas
40 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
41 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
outras características. Sua desvantagem decorre de sua especificidade, por isso apresentam
baixa liquidez, daí a importância do contrato futuro.
Paradoxalmente, a maior parte dos contratos futuros não é conduzida até a entrega
do bem. Na verdade, o ativo-objeto do contrato sequer é entregue. Isso acontece porque os
investidores liquidam sua posição antes da entrega ou apenas transferem o valor previsto no
contato devido aos custos de transporte e entrega do bem ou custos de receber e armazenar
a mercadoria prevista nos termos do contrato. Por isto, as transações só envolvem a
transferência de valores contratados que são garantidos por meio do mecanismo de chamada
de margens de garantia, valor depositado pelo comprador do contrato destinado a cobrir
operações. A cada aumento do preço do ativo-objeto, o comprador deve cobrir apenas a
variação do preço do ativo-objeto: ao comprar um contrato futuro de dólar de US$50 mil a
R$5,00 por US$1,00 e o câmbio variar para R$6, 00, terá de depositar como margem de
garantia R$50 mil = US$ 50.000. (R$6,00 – R$5,00) como garantia por dólar futuro contratado.
42 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Além da liquidez, uma das vantagens desse contrato é que até a data de vencimento o
comprador desse contrato não precisa desembolsar o valor R$ 250 mil = (US$50). (R$5,00).
43 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
meio de ajuste diário do preço do ativo objeto, ou seja, por meio de chamadas de
margem. Esses contratos só podem ser negociados na Bolsa de valores.
Mercado de opções Neste mercado são negociados o direito de comprar ou de vender um ativo-objeto a
um preço fixo em data futura, sendo esses definidos no momento da contração. Para
adquirir este direito o comprador paga um prêmio e quem adquiri-lo o que lhe dá
direito de ou não exercer seu direito de compra ou de venda pelo preço estipulado no
momento da contração da opção.
Mercado de swap Nesse mercado são negociadas a troca de rentabilidade de dois ativos (mercadorias ou
ativos financeiros). Trata-se de um contrato feito sob medida fixados entre duas partes,
mas diferentemente do contrato a termo, esses firmam a troca de fluxo de caixa tendo
como base as expectativas de rentabilidade de ativos financeiro.
Quadro 1: Síntese das características dos mercados a termo futuro de opções e de swap. Fonte:
Elaborado pelo autor
44 Unidade 2
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Unidade 3
Nesta unidade você vai aprender o que e como são medidos o risco e o retorno das
ações negociadas no mercado de capitais, como estes dados são empregados para determinar
o custo do capital próprio das empresas e como é definido o retorno de ativos financeiros de
renda variável. Vai aprender ainda o que é orçamento de capital e sua relação com a
rentabilidade de títulos de renda variável emitidos pelas empresas (ações). Finalmente, vai
aprender quais são os aspectos contábeis e matemáticos envolvidos na análise do retorno
sobre investimentos, o que envolve saber quais são e como aplicar técnicas de cálculo
financeiro empregadas na análise de investimentos.
45 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Enquanto investidor você pode aplicar ações de qualquer empresa. Também pode
diversificar suas opções de aplicação. Pode investir em empresa que fabrica sorvetes, guarda-
chuvas ou em ambas. Se aplicar só na primeira obterá grandes ganhos em períodos de clima
quente e ter rendimentos muito baixos em períodos de clima frio. O inverso ocorre se aplicar
apenas na empresa que fabrica guarda-chuvas. Por esta razão, os investidores conseguem
reduzir substancialmente o risco não sistemático, quando diversificação seus investimentos.
No limite, uma carteira bem diversificada elimina o risco não sistemático. Por isso, a análise
do risco sistemático é o foco dos modelos de análise de investimento.
46 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
(a) Processo de tomada de decisão dos investidores (b) Processo de tomada de decisão dos investidores
OTIMISTAS em relação a performance do mercado PESSIMISTAS em relação a performance do
e das empresas. mercado e das empresas.
Compram
Precisam dos
ações na
Dispõe de recursos
expectativa de
recursos e desejam ou
ganho de Possuem ações
adquirem vendem ações
capital e e desejam
ações na na expectativa
aumento na vendê-las na
expectativa de perda de
taxa de expectativa de
Empresas e aumento do capital e queda
dividendos queda do lucro
investidores lucro das Empresas e na taxa de
empresas e no investidores das empresas e dividendos
que esperam o no valor das
crescimento do valor das ações que esperam
negociadas queda no ações
mercado e nas negociadas
vendas e lucros crescimento do
das empresas mercado, nas
vendas e lucros
das empresas
Como resultado, quando uma maior parcela dos investidores está otimista em relação
à performance do mercado, há uma tendência de crescimento do preço das ações e de sua
rentabilidade. O inverso ocorre quanto a uma maior parcela dos investidores está pessimista
em relação à performance do mercado. Adicionalmente, quando a performance de mercado
47 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
vai bem e há elevado nível de otimismo dos investidores, o índice Ibovespa tende a aumentar,
pois a maior parte das ações negociadas apresenta tendência de crescimento em seus preços.
O inverso ocorre quando os investidores estão pessimistas. Portanto, há uma relação entre as
expectativas de retorno dos investidores e de crescimento do índice Ibovespa e valor das
ações negociadas. Esta relação entre os movimentos de mercado e preço das ações está na
base do processo de determinação da taxa de rentabilidade obtida por investidores e na
determinação do custo de capital das empresas. Quando o preço da ação de uma empresa é
muito sensível aos movimentos de mercado, maior a expectativa de ganhos do investidor
quando o mercado cresce e vice-versa.
48 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
retorno médio da empresa A, 𝜇𝐴 = 7,85%, nesse período é maior que o retorno médio da
empresa B, 𝜇𝐵 = 2,50%. Portanto, se tomássemos decisão apenas com bases nessas
informações investiríamos na empresa A.
Já as medidas de risco relacionadas às taxas de retorno das ações das empresas podem
ser calculadas de duas formas: variância dos retornos ou desvio padrão dos retornos. O
processo de cálculo das variâncias e do desvio padrão das taxas de retorno das ações das
empresas são apresentados nas duas últimas colunas da tabela 1 e seguiu os seguintes passos
em cada caso: subtrair o retorno médio de cada retorno observado; elevar o resultado obtido
ao quadrado e somá-los. Ao dividir o resultado da soma pelo número de observações você
obterá a variância e ao calcular a raiz quadrada desse resultado você obterá o desvio padrão.
Assim, as variâncias das ações das empresas A e B apresentadas abaixo, sendo calculadas
∑(𝑅𝑖 −𝜇𝑖 )2
como: 𝜎𝑖2 = .
𝑛
Finalmente, os respectivos desvios padrão das taxas de retorno das ações das
empresas são calculados como a raiz quadrada das variâncias: 𝜎𝐴 = √3,98% = 19,94% e
𝜎𝐵 = √5,69% = 23,85%. Quanto maior essas estatísticas, mais arriscado se torna investir na
empresa. Assim, a partir dos dados apresentados a empresa A apresentar o maior retorno
médio e o menor risco.
49 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Duas outras estatísticas importantes podem ser obtidas com o uso das taxas de retorno
dos ativos: covariância entre os retornos e o coeficiente de correlação entre o retorno dos
ativos. O processo de cálculo dessas estatísticas é apresentado na tabela 2.
Tabela 2: Cenários, taxas de retorno e covariância e correlação entre as taxas de retorno das
empresas A e B.
Retorno Retorno
Cenário verificado
Empresa A Empresa B 𝑹𝑨 − 𝝁𝑨 𝑹𝑩 − 𝝁𝑩 (𝑹𝑨 − 𝝁𝑨). (𝑹𝑩 − 𝝁𝑩)
na economia
RA RB
Depressão -15,0% 35,0% -22,75% 32,50% -7,39%
Recessão -9,0% 15,0% -16,75% 12,50% -2,09%
Normal 25,0% -15,0% 17,25% -17,50% -3,02%
Expansão 30,0% -25,0% 22,25% -27,50% -6,12%
Retorno médio: μ 7,75% 2,50% na na na
Desvio Padrão do retorno esperado: σ 19,94% 23,85% na
Covariância entre os retornos: σA,B -4,66%
Coeficiente de correlação entre os retornos: ρA,B -0,9790
Fonte: Elaborado pelo autor.
Observe também que quando as taxas de retorno da empresa A são negativas, as taxas
de retorno da empresa B são positivas e vice-versa. Portanto, as taxas de retorno apresentam
sentido inverso. Quando a economia se encontrou em depressão ou recessão a empresa B
apresentou taxas de retorno negativas. Sob esses mesmos cenários, as taxas de retorno da
empresa A foram negativas. A empresa A é uma montadora de veículos novos, cujas vendas e
lucros caem quando a economia está em depressão ou recessão. Já a empresa B é empresa
que atua manutenção de veículos usados, cuja procura por serviços e lucros aumenta sob o
mesmo cenário. Tudo funciona como no exemplo das empresas que fabricam sorvetes e
guarda-chuvas.
50 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
O sinal de 𝜎𝐴,𝐵 e 𝜌𝐴,𝐵 indicam que os retornos seguem uma relação inversa, como
discutido acima. Finalmente, como 𝜌𝐴,𝐵 é negativo e próximo de – 1, há um forte grau de
associação negativa entre os retornos, o que pode ser observado no gráfico 1, que também
mostra a linha de tendência, que indica o grau de associação linear negativa entre as taxas de
retorno.
Gráfico 1: Diagrama de dispersão entre as taxas de retorno das ações das empresas A e B. Fonte:
Elaborado pelo autor.
O quadro 2 sumariza as medidas de risco e de retorno, bem como as medidas de
associação linear entre os retornos, covariância e coeficiente de correlação empregadas na
análise do retorno sobre investimentos. Essas mesmas medidas serão empregadas adiante
quando tratarmos do cálculo do retorno sobre o capital próprio e da determinação do custo
médio ponderado de capital empregados na análise de investimentos.
51 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Quadro 2: Fórmulas das estatísticas empregadas na análise de investimentos. Fonte: Elaborado pelo
autor.
Você já aprendeu que ao adquirir ações de uma empresa o investidor se torna sócio
proprietário dessa. Dessa forma, corre o risco o risco do negócio, pois se a empresa gerar
lucros crescentes obterá maior rentabilidade decorrente de aumentos na taxa de ganhos de
capital e na taxa de dividendos. Agora deve aprender que o processo de tomada de decisão
de investimento nas empresas envolve (1) definir objetivos, metas e alternativas de
investimento e (2) realizar o orçamento de capital, como meio de selecionar e realizar as
alternativas de investimento mais rentáveis, dadas as fontes potenciais de recursos à
disposição para financiamento: lucros retidos, empréstimos e financiamentos e emissão de
ações no mercado de capitais.
52 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Imagine que os executivos de uma empresa definiram como meta que é necessário
ampliar o volume de vendas da empresa. Para isso, foram formuladas três alternativas de
investimento: implementar um sistema de call center, implementar um programa de
treinamento para a equipe de vendas ou desenvolver campanhas de internet marketing. A
tarefa do analista consiste em obter as estimativas de gastos com ativos de cada uma dessas
alternativas de investimento, bem como das respectivas receitas, custos e despesas, como
meio de determinar o fluxo de caixa de Lucros líquidos que estarão à disposição dos sócios
proprietários da empresa.
Uma vez obtidas tais estimativas é preciso calcular indicadores como meio de definir
qual, dentre essas alternativas de investimento, deve ser implementada. Isto ocorre porque
essas alternativas são mutuamente excludentes, pois: (1) visam atender a um mesmo
objetivo que é aumentar as vendas da empresa; (2) concorrem por recursos de financiamento
escassos, dada a capacidade limitada de geração e uso de lucros retidos, capacidade de
contratação de empréstimos e de financiamentos e de captação de recursos por meio de
emissão de novas ações ou outros títulos no mercado secundário. Entenda que, nesse último
caso, qualquer empresa, por maior que seja, possui limites de geração de lucros, contração de
créditos bancários e capitação de recursos por meio da emissão de novas ações, notas
promissórias e debentures. Por isso, o critério de tomada de decisão deve indicar qual, entre
as três alternativas de investimento, deve ser implementada.
53 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
54 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Tabela 4: Estimativas de fluxo de caixa de alternativa de investimento CALL CENTER (em mil R$).
55 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
observar nas tabelas, para tomar a decisão de investimento os executivos da empresa deverão
estimar todos os gastos pré-operacionais (tabela 3) e operacionais (tabela 4) para chegar no
resultado medido na forma de Lucro líquido associado a cada alternativa de investimento
prevista. Conforme a tabela 4, o foco da análise se baseia em estimar receitas e gastos contra
estas receitas como meio de obter as estimativas de lucros para os investidores da empresa
(última linha dessa).
Obviamente, quanto maior a estimativa de Lucro líquido, mais atrativa será a
alternativa de investimento. Observe também que todo o fluxo de desembolso e de receitas
previstas foi distribuído no tempo conforme as expectativas de desembolsos de recursos
feitas pelos executivos da empresa em parceria com as analistas das áreas financeira, de
produção, recursos humanos e ou de marketing e vendas da empresa.
Após estimar os gastos com cada uma das alternativas, identificar todos os ativos que
estas demandarão (incluindo gastos com recursos que serão empregados na execução e
controle de cada projeto e todos os gastos com os recursos que deverão ser empregados nas
atividades operacionais previstas) é preciso definir qual das alternativas apresenta a melhor
relação custo-benefício. Nesta etapa do processo de tomada de decisão, diversas técnicas
poderão ser empregadas pelos executivos. Os métodos mais empregados para a elaboração
do orçamento de capital são os seguintes: Valor Presente Líquido (VPL) e prazo de
recuperação do capital investido. Lembre-se: os dados necessários para calcular esses são:
fluxo de caixa de Lucros líquidos e a taxa mínima de retorno exigida pelos investidores, sendo
este o custo médio de capital da empresa. A tabela 5 apresenta os indicadores de tomada de
decisão das três alternativas de investimento mutuamente excludentes, sendo os resultados
discutidos a seguir.
Tabela 5: Critérios de decisão que o gestor pode empregar na tomada de decisão de investimentos.
Programa de Campanhas
Implantação
Critério de decisão de investimento treinamento equipe de de internet
de Call Center
vendas Marketing
Valor Presente Líquido – VPL (em mil R$) (1) 36 30 33
Prazo de recuperação do capital investido (2) 2,2 2.5 2,4
NOTAS
(1) Valor Presente Líquido (VPL) determinado com base no fluxo de caixa de lucros e taxa mínima de retorno
exigida pelos provedores de capital.
56 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
(2) Prazo de recuperação do valor investido no projeto em anos, também determinado com base no fluxo de
caixa de lucros e taxa mínima de retorno exigida pelos provedores de capital.
Fonte: Elaborado pelo Autor.
O Valor Presente Líquido (VPL) de $36 foi calculado com o uso da fórmula apresentada
abaixo. A taxa mínima de retorno exigida pelo investidor foi estimada em 10%, com base no
custo do capital de terceiros e custo de capital próprio da empresa. Como no caso do VPL, o
prazo de recuperação do capital investido de 2,2 anos também foi apurado com base nas
estimativas de FDC da alternativa de investimento e taxa mínima de retorno exigida pelo
investidor.
$43 $43 $43 $43
𝑉𝑃𝐿𝐶𝑎𝑙𝑙 𝐶𝑒𝑛𝑡𝑒𝑟 = −$100 + 1
+ 2
+ 3
+ = $36
(1 + 10%) (1 + 10%) (1 + 10%) (1 + 10%)4
O analista deve optar por investir na implantação de call center, pois com base nos
dados apresentados na tabela 5, a alternativa mais atrativa é aquela que apresenta maior VPL.
Quando o critério adotado é o tempo de recuperação do capital investido, a melhor
alternativa também é a implantação de call center.
O VPL nos diz que as receitas cobrem todos os gastos do projeto (investimentos,
custos, despesas, juros e impostos), cobre também a taxa mínima de retorno de 10% exigida
pelo investidor e gera valor de $36 mil, maior que a estimativa de valor gerado pelas demais
alternativas, $30 e $33. O prazo de recuperação do capital investido também é o menor, 2,2
anos, em relação às demais alternativas de investimento mutuamente excludentes, 2,5 e 2,4
anos. Por essas razões, os executivos irão optar pela implantação do. É esta alternativa que
gera a maior expectativa de geração de valor para a empresa e seus call center sócios. É
importante que entender que ambos os critérios exigem o cálculo do custo médio ponderado
de capital, por meio do qual se obtém a taxa mínima de retorno de 10% exigida pelos
investidores, sendo esta determinada a partir do custo do capital de terceiros e custo de
capital próprio da empresa.
57 Unidade 3
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Unidade 4
Esta unidade trata do custo de capital de terceiros e o custo de capital próprio. Nela
você vai aprender o que é como é determinado o custo de capital de terceiros, envolvendo
por parte dos bancos a análise dos chamados 6C’s do crédito. Vai aprender ainda como é
calculado o custo do capital próprio e sua relação com a rentabilidade das ações emitidas pelas
empresas de capital aberto. Também vai aprender o que é risco não sistemático e risco
sistemático e como, a partir desse este é calculado o custo do capital próprio, com base no
índice de mercado e no retorno do ativo livre de risco, e como é determinado o custo médio
ponderado de capital das empresas, o qual é empregado na tomada de decisões de
investimento nas empresas.
58 Unidade 4
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Figura 5: FDC. Fluxo do processo de tomada decisão de investimentos. Fonte: elaborado pelo autor.
A partir de agora você vai aprender a calcular o custo de capital de terceiros, ou seja,
a taxa de retorno exigida pelos credores ou taxa de juros cobradas sobre as dívidas contraídas
pela empresa com terceiros, 𝑘𝐷. O capital de terceiros compreende apenas os recursos
obtidos por meio de operações de empréstimos e financiamentos bancários ou por meio de
emissão de Notas promissórias ou de Debêntures no mercado de capitais.
59 Unidade 4
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Feitas essas ressalvas, a taxa de retorno sobre o capital de terceiros deve ser apurada
como:
Para entender isso, é necessário saiber que uma das medidas fundamentais de
avaliação do retorno sobre investimento calculadas pelos analistas é a relação entre o Lucro
líquido (LL) e os montantes de recursos empregados em suas operações, ou seja, o Ativo Total
(AT) empregado pela empresa em suas atividades. Como indicado abaixo, há uma forma de
medir esta relação que é denominada Retorno sobre Ativos (ROA).
𝑅𝑂𝐴 = 𝐿𝐿/𝐴𝑇
Os dados para cálculo do ROA podem ser obtidos a partir dos Demonstrativos
Financeiros publicados pelas SA’s, sendo que o valor do Lucro líquido (LL) provem do
Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) da empresa e o valor do Ativo Total (AT)
provem do Balanço Patrimonial (BP) da empresa. Considerando o ROA, se a taxa que a
empresa paga para capitar empréstimos e financiamento estiver acima da taxa do ROA não
vale a pena captar recursos dessa forma. Isto acontece porque o retorno gerado pelo o uso
dos ativos da empresa deve gerar uma taxa de retorno maior que a taxa de retorno das
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
dívidas que contraídas descontado o Imposto de Renda (IR) pago pela empresa. Assim
sempre, 𝑅𝑂𝐴 > 𝑘𝐷 ∙ (1 – 𝐼𝑅). Se isto não acontecer, ao ampliar a taxa de investimento, o
𝐿𝐿
aumento nas dívidas reduz a relação 𝐴𝑇, ou seja, ao contratar dívidas novas pela taxa 𝑘𝐷, o
volume de ativos cresce mais que os lucros gerados e, ao invés de haver um aumento do
𝐿𝐿
𝑅𝑂𝐴 = 𝐴𝑇 haverá queda.
Uma questão importante que surge ao calcular 𝑘𝐷 é se esta deve ser calculado antes
ou após a incidência do imposto de renda sobre o Lucro da empresa. Esta deve ser calculada
a partir do enfoque dos sócios proprietários da empresa, ou seja, tomando com base no fluxo
de caixa aferido após a incidência do imposto de renda (IR). A razão para isso é que os juros
formados reduzem o Lucro tributável. Por exemplo, se o lucro sem dívida de uma empresa é
de $100 e a alíquota do IR é de 10%, o IR pago será de $10 = $100 (10%), mas se a empresa
paga juros de $20, o IR cobrado será de $8 = ($100 − $20)(10%). Assim, o pagamento de
juros afeta o IR cobrado, reduzindo-o em $2 = $10 − $8. Portanto, a empresa paga $20 de
juros, mas em função disso, o IR reduz em $2, o gasto efetivo com juros será de $18 = $20 −
$2. Em suma, a empresa captou $20 de empréstimo, mas se beneficia com a redução do IR.
Outra questão que surge é se a taxa 𝑘𝐷 deve ser estimada a partir das taxas de
contratação de financiamentos já contratadas ou com base nas taxas de juros cobradas
quando a empresa toma empréstimos adicionais para se financiar. Entenda que o custo de
capital é empregado em decisões que envolvem captação de novos recursos. Neste contexto,
o acréscimo de gasto resulta apenas da variação da despesa de juros provocada pela captação
de recursos adicionais. Dessa forma, nós devemos considerar apenas o acréscimo de juros
cobrados pelos credores para fornecer recursos adicionais para financiar a empresa. Assim, se
a taxa de juros cobrado pelas dívidas novas é de 20%, 𝑘𝐷 = 20%(100% − 10%) = 18%,
onde 10% é a alíquota do IR. Ante ao exposto, fica demonstrado que a expressão abaixo é que
deve ser aplicada para calcular o custo de capital de terceiros, 𝑘𝐷, onde j é a taxa de juros
cobrada pelo credor:
𝑘𝐷 = 𝑗. (1 – 𝐼𝑅)
61 Unidade 4
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Como visto, a taxa de juros cobrada pelo banco depende de inúmeros fatores, entre
esses níveis de exigências de manutenção de reservas compulsórias, custos de capitação, lucro
do banco, impostos incidentes sobre as operações. É importante que você entenda que os
bancos também levam em conta os níveis de risco de crédito do tomador dos empréstimos
e financiamentos. O processo de avaliação de tais riscos normalmente é baseado na análise
do que é denominado no mercado como 6C’s do crédito. Discutidos a seguir, estes são:
caráter, capital, conglomerado, capacidade, colateral e condições.
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
importantes, pois, a depender da situação das empresas coligadas, podem ser ou não
colocados óbices entraves à concessão de crédito.
Uma vez que você aprendeu como calcular o custo do capital de terceiros e os 6C’s do
crédito, na próxima seção você vai estudar como é calculado o custo do capital próprio.
63 Unidade 4
MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
O investidor que investe ações só na empresa que fabrica e vende sorvetes poderá ter
taxas de ganhos capital e de dividendos muito baixas nos períodos em que o clima é frio. Em
contraste, se o investidor investe na empresa que vende sorvetes e guarda-chuvas reduzirá o
risco não diversificável. Se na maior parte dos dias o clima estiver quente receberá bons
retornos da empresa que vende sorvetes e nos dias poucos dias em que clima estiver frio e
chuvoso receberá ganhos se também investir na empresa que vende guarda-chuvas.
Isso também acontece quando o investidor que investe apenas em uma empresa
montadora de veículos novos e em empresas que prestam serviços de manutenção de
veículos usados. Quando a economia cresce pouco ganha bons retornos das empresas que
realizam serviços de manutenção, mas se a economia cresce recebe bons retornos das
montadoras de veículos novos. Em suma, do ponto de vista do investidor a possibilidade de
diversificação trabalha no sentido de eliminar o risco específico ou risco não sistemático. É
por isso que é importante que você aprenda a calcular o risco sistemático.
Também é por esta razão que o risco sistemático deve ser e é empregado como meio
de estimar a taxa de retorno exigida pelos investidores para adquirir ações de uma empresa.
Dada a possibilidade de diversificação os investidores tendem a diversificar seus
investimentos fazendo com que as estimativas de risco sistemático assumam papel central no
processo de tomada de decisões.
Agora que você reforçou este entendimento, vamos estudar como é estimado o risco
sistemático? Doravante esta taxa será denotada como 𝑘𝑆. As questões que surgem são: (1)
como calcular 𝑘𝑆 e (2) qual a relação dessa taxa com o custo de capital de uma empresa?
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
ações de uma empresa, sendo calculado através da seguinte equação, cujos termos serão
explicados a seguir:
𝑘𝑆 = 𝑅𝑓 + 𝑏𝑖 . (𝑅𝑀 − 𝑅𝑓 )
A partir daqui você aprender como aplicar e quais são as variáveis necessárias para a
aplicação do CAPM. Vamos iniciar apresentando as variáveis, observando que 𝑘𝑆 é a variável
que queremos calcular e que representa o retorno exigido pelo investidor para que invista na
empresa, ou seja, é a estimativa do custo do capital próprio.
A taxa de retorno do ativo livre risco, 𝑅𝑓, é a taxa de retorno que o investidor pode
obter sem correr risco algum e é dimensionada pela taxa de retorno dos títulos de renda fixa
emitidos pelo governo, por exemplo Letra do Tesouro Nacional (LTN), pois os títulos emitidos
pelo governo são garantidos pelo Tesouro Nacional. A rentabilidade de títulos como a LTN
pertence ao CAPM pela seguinte razão: o investidor pode receber uma “baixa taxa” paga ao
investir em LTN ou correr o risco de investir na empresa (assumir o risco sistemático). Como
você irá aprender, ao investir em ações o investidor receberá o chamado prêmio de risco,
calculado com base na taxa média de retorno paga pelos títulos emitidos pelo governo, 𝑅𝑓.
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
representa uma medida da taxa de variação do retorno das ações negociadas na bolsa de
valores este representa uma forma de medir o humor do mercado, ou seja, as expectativas
dos investidores.
O coeficiente beta (bi) é calculado em função da relação entre o retorno exigido sobre
determinado ativo, 𝑘𝑆, e o prêmio de risco mercado, diferença entre 𝑅𝑀 e 𝑅𝑓, ou seja, é a
medida da sensibilidade da variação do retorno da ação da empresa em resposta a variações
no retorno de mercado. Assim, o coeficiente beta, b, capta o risco sistemático, ou seja, como
o retorno da ação de uma empresa é afetado pelos movimentos de mercado (oscilações nos
níveis de emprego, renda e consumo das famílias, dentre outras variáveis que afetam o
retorno de vendas, custos, despesas e lucros obtidos pelas empresas) sendo calculado da
seguinte maneira.
𝐶𝑜𝑣(𝑅𝑖 , 𝑅𝑀 )
𝑏𝑖 =
𝜎 2 (𝑅𝑀 )
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
entre a covariância entre o retorno do ativo i, Ri, e o retorno do ativo de mercado, RM, Cov(Ri, RM),
e a variância do índice de mercado RM, σ2(RM).
Portanto, para calcular bi, é preciso obter dados quanto à taxa de variação do retorno
das ações da empresa i e do Ibovespa. Caso a empresa avaliada não possua ações negociadas
na BM&FBovespa, deve-se levantar dados de empresas que atuem no mesmo seguimento de
mercado da empresa avaliada ou apurar a média das taxas de retorno das empresas do
mesmo setor negociadas, apurar o bi como meio de permitir a determinação do custo do
capital próprio.
Vamos admitir que você recuperou os dados sobre a cotação dos preços das ações da
empresa i, retorno de mercado (𝑅𝑀 ) e retorno do ativo livre de risco (𝑅𝑓 ). A partir de tais
informações, você calculou a covariância entre o retorno das ações da empresa, Ri, e o retorno
do ativo de mercado, Cov(Ri , RM), e a covariância do retorno do ativo de mercado, σ2(𝑅𝑀 ),
obtendo os seguintes resultados:
𝐶𝑜𝑣( 𝑅𝑖 , 𝑅𝑀 ) = 8,50%
𝜎 2 (𝑅𝑀 ) = 7,08%
Desta maneira
𝐶𝑜𝑣(𝑅𝑖 , 𝑅𝑀 ) 8,50%
𝑏𝑖 = =
𝜎 2 (𝑅𝑀 ) 7,08%
𝑏𝑖 = 1,2
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Quando a taxa de retorno de mercado, RM, se mover para cima ou para baixo, kS varia
bi < 0 em sentido contrário (quando bi = – 1,5, por exemplo, se o retorno do mercado, RM,
aumentar em 10%, o retorno exigido sobre esta ação cairá 15%).
Quando a taxa de retorno do mercado, RM, se move para cima ou para baixo, a taxa de
retorno exigida sobre determinado ativo tende a se mover no mesmo sentido, porém
0 ≤ bi ≤ 1
em menor proporção (se bi = 0,8, se o retorno do mercado aumentar em 10%, o retorno
exigido sobre esta ação aumentará em apenas 8%).
Quando a taxa de retorno do mercado varia, RM, a taxa de retorno exigida kS sobre
bi = 1
este ativo também varia no mesmo sentido e mesma proporção.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como 𝑏𝑖 = 1,2 > 1, a taxa de retorno exigida pelo investidor, 𝑘𝑆, tende a se mover no
mesmo sentido, mas em maior proporção. Por exemplo, se o retorno do mercado, 𝑅𝑀 ,
aumentar em 10%, o retorno exigido sobre ação dessa empresa aumentará 12%. Como já
estudado, as empresas dispõem de várias alternativas de captação de recursos para se
financiar: capital próprio aplicado pelos investidores e capital de terceiros, sobretudo
empréstimos e financiamentos bancários. Os primeiros exigem a taxa kS; os segundos a taxa
de financiamento, denotada como kD. O CAPM é o principal modelo empregado para aferir kS.
Tendo isto em conta, considere que Rf = 6%, RM = 12,0% e b = 1.2, conforme calculado acima,
vamos calcular o custo do capital próprio com base no modelo CAPM. Usando a fórmula do
CAPM e estas estatísticas, temos:
𝑘𝑆 = 𝑅𝑓 + 𝑏. (𝑅𝑀 − 𝑅𝑓 )
𝑘𝑆 = 6,0% + 7,2%
𝒌𝑺 = 𝟏𝟑, 𝟐%
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Agora você vai aprender como usar as estimativas de custo de capital de terceiros, 𝑘𝐷,
e a estimativa de custo de capital próprio, 𝑘𝑆, para determinar a taxa mínima de retorno
exigida, ou seja, a taxa empregada na determinação do Valor Presente Líquido (VPL) e prazo
de recuperação do investimento. Como 𝑘𝐷 e 𝑘𝑆 dependem, respectivamente, das condições
de oferta de crédito por parte dos bancos e ou investidores e da variação do índice Ibovespa
e do retorno das ações da empresa, há uma intima relação entre o custo de capital e riscos de
investir nas empresas e o funcionamento do mercado financeiro e de capitais. A determinação
da taxa mínima de retorno exigida pelo investidor, conhecida como taxa mínima de atratividade (TMA),
doravante denotada por RWACC, é feita por meio da aplicação da fórmula do WACC:
𝑆 𝐷
𝑅𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑘𝑆 ∙ ( ) + 𝑘𝐷 ( )
𝑆 + 𝐷 𝑆 + 𝐷
𝑅𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑘𝑆 ∙ 𝑆% + 𝑘𝐷 ∙ 𝐷%
Onde 𝑘𝑆, 𝑘𝐷, 𝑆% e 𝐷% representam a taxa de retorno exigida pelo acionista, a taxa
de retorno exigida pelo credor líquida de IR e as participações percentuais de capital próprio,
𝑆, e de terceiros, 𝐷, na estrutura de capital da empresa (dívidas onerosas). Como indicado
acima, a determinação de 𝑘𝐷 depende do processo de avaliação das condições de crédito da
empresa: quanto maior o risco de emprestar para a empresa (em função de seu grau de
endividamento, liquidez, rentabilidade, eficiência na gestão de ativos, qualidade da gestão,
possibilidade de prover garantias as operações de empréstimos e financiamentos, dentre
outros fatores), maior será a taxa 𝑘𝐷 exigida pelo banco.
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Lembre-se: esta taxa é aferida pelo banco credor com base na análise das condições
de crédito da empresa, normalmente baseada nos 6C’s do crédito: caráter, capital,
conglomerado, capacidade, colateral e condições.
Admita que o retorno exigido pelos credores para emprestar novos recursos para
financiar a empresa seja 𝑘𝐷 = 10,0% (líquido de IR). Admita agora que a estrutura de capital
da empresa seja a seguinte: (i) Capital total: $ 100 milhões (𝑉 = 𝑆 + 𝐷); (ii) Capital Próprio
dos sócios-acionistas: $30 milhões (𝑆% = 30%); (iii) Capital emprestado pelos credores: $70
milhões (𝐷% = 70%). Com base nestas estimativas
A taxa RWACC = 10,96% é a ser a taxa de retorno exigida pelos investidores para ofertar
capital a empresa. Também conhecida como Taxa Mínima de Atratividade (TMA), está é
empregada no cálculo do VPL e prazo de recuperação do investimento. Tal taxa reflete o custo
e os riscos de todas as fontes de capital que financiam a empresa, capital de terceiros e capital
próprio.
Lembre-se: para apurar a TMA, você precisa processar as seguintes informações: custo
das novas fontes de financiamento ou capital de terceiros, j, e alíquota do Imposto de Renda,
IR; série da taxa de retorno das ações da empresa, Ri; série da taxa retorno do ativo de
mercado, RM; série da taxa retorno do ativo livre de risco, Rf; percentuais de emprego de
capital próprio (S%) e de terceiros (D%) utilizados pela empresa no financiamento de seus
ativos.
Para que possam ofertar bens e ou serviços, as empresas precisam investir em ativos
o que demanda fontes de financiamento. Da mesma forma, para que possam expandir ou
ampliar a sua capacidade de ofertar bens e ou serviços as empresas também precisam de
fontes de financiamento. Nesses dois casos, essas contam com três grandes fontes de fundos
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
𝑘𝐷 = 𝑗 ∙ (1 – 𝐼𝑅)
𝑘𝑆 = 𝑅𝑓 + 𝑏 ∙ (𝑅𝑀 − 𝑅𝑓 )
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MERCADO DE CAPITAL E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
𝐶𝑜𝑣(𝑅𝑖 , 𝑅𝑀 )
𝑏𝑖 =
𝜎 2 (𝑅𝑀 )
𝑆 𝐷
𝑅𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑘𝑆 ∙ ( ) + 𝑘𝐷 ∙ ( )
𝑆 + 𝐷 𝑆 + 𝐷
𝑅𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑘𝑆 ∙ 𝑆% + 𝑘𝐷 ∙ 𝐷%
Portanto, há uma relação direta entre os riscos de investir na empresa que é o custo
de capital da empresa, sendo este medido a partir de técnicas de determinação do custo
médio ponderado de capital, 𝑅𝑊𝐴𝐶𝐶 , o qual depende do custo do capital de terceiros, 𝑘𝐷,
custo do capital próprio, 𝑘𝑆, e percentuais de capital próprio e de terceiros empregados pela
empresa no financiamento de seus ativos. O processo de tomada de decisão de investimento
depende de dois grandes dados de entrada: (1) estimativa de fluxo de fluxo de caixa de Lucros
líquidos associados ás alternativas de investimento e (2) estimativa da taxa de mínima de
retorno exigida pelos investidores para investir na empresa, ou seja, taxa mínima de
atratividade (TMA) empregada no cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) e prazo de
recuperação do capital investido.
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Referências
BACEN – BANCO CENTRA DO BRASIL. Consulta geral no site. São Paulo: BM&FBovespa,
2021. Disponível em < https://www.bcb.gov.br/ >. Acesso em: 20 mar 2021.
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