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27/11/2021 12:55 Alavancagem

Alavancagem
Finanças e Orçamento

1.
Introdução
A palavra Alavancagem, pouco conhecida pelo grande público, mas muito avaliada por
profissionais da área, pode assumir um amplo escopo de aplicação quando estudamos o assunto de
finanças.

Em linhas gerais, podemos entender alavancagem como:

Qualquer meio ou técnica utilizada para aumentar a rentabilidade da empresa


através do endividamento.

Note que, quando falamos de aumentar a rentabilidade, estamos nos referindo a crescimentos que
somam múltiplos. Ou seja, não basta somar rentabilidade através de dívida, mas sim multiplicar
a rentabilidade.

Outro ponto importante vindo deste entendimento é que a alavancagem tem como pilar o
endividamento. Isto quer dizer que, para praticar alavancagem, a empresa está alterando sua
estrutura de capital.

Na ampla maioria dos casos, esse aumento de dívida advém de terceiros – cujo valor de dívida é
mais barato – para fomentar as operações e, assim, aumentar a rentabilidade e lucratividade da
empresa.

Podemos alavancar uma empresa através de:

1. Empréstimos e Financiamentos;
2. Utilização de capital de terceiros (fornecedores, aluguéis, etc.);
3. Derivativos.

Estes instrumentos permitem que a empresa melhore sua operação e seja mais rentável. Assim, o
acionista é o principal beneficiário desta operação, já que parte dos lucros é revista para si.

Transformação de Empréstimos em Renda.

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E por que o nome desta operação é alavancagem? Simples, é conhecido na física que as alavancas
são responsáveis por potencializar a força de quem as utiliza.

Seu uso mostra que um pequeno esforço, se feito sobre a ferramenta certa, pode potencializar um
grande resultado. Por isso, os estudiosos de finanças importaram o nome para o meio, já que
operações deste tipo são responsáveis por gerar grandes resultados com baixo esforço.

O poder da alavanca é tão forte que Arquimedes uma vez disse: “Dê-me uma alavanca e movei o
mundo”. E ele tinha razão. Para saber mais, acesse este link.

Ora, dado os conceitos acima, seria lógico de se pensar que toda operação de alavancagem é ruim,
certo?!

Não é bem assim. Dentro de limites seguros, alavancagens são necessárias para o crescimento da
empresa, haja vista que é virtualmente impossível uma empresa crescer apenas com capital
próprio.

Lembre-se de que este é extremamente caro e depender apenas desta fonte de recursos é oneroso
para empresa. Ademais, este tipo de recurso não costuma ser tão abundante quanto o capital de
terceiros.

Então, para crescer, é quase que necessário algum grau de alavancagem. Seu uso como forma de
maquiar resultados e ludibriar o mercado é que se torna condenável. Fora desta esfera e feito de
maneira sustentável, a alavancagem pode trazer benefícios.

Isto porque toda empresa tem como função mais elementar gerar retorno para seus
acionistas! É irrelevante o debate moral do lucro – e nem cabe neste curso – mas o fato é que toda
empresa existe para dar LUCRO e que esta operação permite isto.

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Retorno para o acionista.

Então, antes de prosseguirmos, tenha em mente que a mudança de estrutura de capital com
objetivo de melhorar a lucratividade – se realizada de maneira sustentável e legal – pode trazer
bons resultados para a empresa.

Portanto, saber gerir a alavancagem é o grande desafio, já que o mesmo potencializador de lucros é
um catalisador de prejuízos (caso a operação fracasse).

Utilizar este método requer grande perícia, porque ela é indiferente em termos de potencialização:
da mesma maneira como que multiplica os lucros, torna enormes os prejuízos.

Vamos agora conhecer os tipos de operações existentes que envolvem alavancagem:

A. Alavancagem Operacional;
B. Alavancagem Financeira.

Lembrando que consideramos:


ALAVANCAGEM TOTAL = ALAVAN. OPERACIONAL + ALAVAN. FINANCEIRA

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2.
A alavancagem operacional
Quando falamos de operação, a primeira coisa que nos vem à cabeça é a produção. Este
pensamento é o mais correto, mas torna pouco intuitivo o conceito de alavancagem operacional.

Pare para pensar: se a alavancagem pressupõe a multiplicação de rentabilidade e resultados através


da alteração da estrutura de capital, como podemos utilizar o capital de terceiros para melhorar a
operação?

À primeira vista, parece não fazer muito sentido. Mas, se dedicarmos um pouco mais de tempo
nesta reflexão, veremos que não só é possível realizar, mas também podemos quantificar o grau de
alavancagem operacional.

Para entender melhor, vamos relembrar alguns conceitos. Toda empresa possui uma estrutura de
gastos:

A. Custo (ou custos variáveis): são os dispêndios que a empresa realiza e que estão
DIRETAMENTE ligados à produção do bem ou serviço comercializado pela empresa. Este tipo
de gasto só existe se a empresa estiver produzindo algo e tende a crescer de maneira
proporcional à produção.
B. Despesas (ou custos fixos): estes gastos têm natureza indireta com a produção. Isto nos diz
que, independentemente do volume produzido e/ou vendido, as despesas continuarão a existir
para empresa sendo que seu crescimento não necessariamente ocorre de maneira
correlacionada ou proporcional ao volume produzido.

Perceba que o crescimento dos gastos – em especial dos custos – está ligado ao movimento de
produção, mas não necessariamente na mesma razão. Logo, se dobramos o volume de produção,
não podemos afirmar que os custos também dobram.

Podemos afirmar apenas que há um crescimento dos custos. A mensuração do quanto depende da
empresa, produto, etc. E, diante de um aumento de 100% de produção, é possível até que não haja
alteração de custos fixos ou que seu crescimento pouco se relacione à expansão da produção.

Na prática, os gastos sempre crescem diante de quadros de expansão empresarial. Mas é


importante chamar atenção que a relação entre crescimento da empresa x crescimento dos
gastos nem sempre é direta ou proporcional.

Já sabemos que, ainda que não seja diretamente proporcional, existe uma correlação entre o custo e
o volume produzido; Este cresce, aquele aumenta (e vice-versa).

Mas também há uma relação entre a despesa e o volume produzido. Para facilitar nosso
entendimento, imagine uma fábrica de pequenas peças para o setor automotivo que possui
despesas mensais iguais a R$ 100.000,00.

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Dado que não haja alteração deste valor, o que acontecerá com a relação despesa por peça
produzida quando variamos a quantidade de unidades fabricadas?

Observe a tabela a seguir.

Unidades Produzidas Custo Fixo Razão

1.000 R$ 100.000,00 R$ 100,00

2.000 R$ 100.000,00 R$ 50,00

5.000 R$ 100.000,00 R$ 20,00

7.000 R$ 100.000,00 R$ 14,29

10.000 R$ 100.000,00 R$ 10,00

20.000 R$ 100.000,00 R$ 5,00

30.000 R$ 100.000,00 R$ 3,33

40.000 R$ 100.000,00 R$ 2,50

50.000 R$ 100.000,00 R$ 2,00

Quanto mais unidades a empresa produzir, menor o impacto das despesas em cada unidade.
Estamos dizendo que, muito embora o agregado do custo fixo seja exógeno, sua relação com a
quantidade produzida será sempre de ser diluído conforme aumentamos a produção.

Portanto, se considerarmos que cada produto deva pagar a si mesmo – ou seja, ser vendido por um
preço maior que sua despesa – e cobrir uma parte do custo fixo, quanto mais unidades
produzirmos, menor será esta margem de contribuição para o custo fixo.

Para saber mais sobre margem contribuição, leia artigo do Sebrae, neste link.

Como resultado desta análise, temos que, se calibrarmos a relação entre despesas e custos,
podemos alterar significativamente o resultado da empresa. Portanto, quando falamos de
alavancagem operacional, estamos falando de:

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Captar dinheiro com terceiros para aumentar a produção, sem que cresçam as
despesas (custos fixos).

Deste modo, quanto mais eu produzir menor será a contribuição para cobertura do custo fixo da
nova peça e, por consequência, melhor o resultado. E como as empresas fazem isso?

Buscam fontes de financiamentos com terceiros para aumentar os equipamentos e máquinas


existentes (ativos imobilizados) de maneira a conseguir um maior volume produzido a ponto de
incrementar as receitas – sem que, para isso, a empresa viva grandes aumentos nas despesas
(custos fixos).

Alavancagem Operacional.

Repare que seguimos o rito normal de alavancagem:

Tomou-se dinheiro emprestado;


Como consequência, a estrutura de capita foi alterada;
O dinheiro foi direcionado aos ativos produtivos;
Mudou-se pouco a geração de custo fixo;
A relação de custo fixo – custo variável foi alterada;
A empresa passou a produzir e vender mais;
O resultado melhorou.

O mais importante de todo este roteiro é o que grifamos em negrito. Isto porque muitas empresas
tomam recursos pensando em fazer alavancagem operacional e acabam realizando a operação de
maneira errônea, por consequência, existe um aumento considerável de custo fixo.

Como consequência, a relação custo fixo (despesa) versus custo variável (custo) não se altera.
Logo, a empresa não passará a ser mais rentável em seu resultado.

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Para ficar mais claro, observe na tabela abaixo a consequência de aumento das despesas em 5%
devido a um erro de execução por parte da empresa. Note a diferença da razão entre o primeiro
cenário que apresentamos e o cenário onde há aumento consideráveis de despesa.

Embora pareça pouco, a diferença média de $1,49 pode ser crucial na apuração de resultado da
empresa, já que existe todo um efeito dominó quando falamos em DRE (onde se apura o lucro).

Podemos avaliar o quanto uma empresa está operacionalmente alavancada e, para tanto,
utilizaremos uma ferramenta matemática que nos permita calcular o Grau de Alavancagem
Operacional (GAO).

Sua fórmula é:

Em que:

GAO = Grau de Alavancagem Operacional;

Δ Lucro Operacional = Variação percentual do lucro operacional entre dois exercícios;

Δ Venda = Variação percentual da venda entre dois exercícios.

Vamos a um exemplo prático. A empresa XPTO apresentou entre dois exercícios o seguinte
resultado.

Exercício Lucro Operacional Vendas

1 R$ 50.000,00 R$ 166.666,67

2 R$ 53.248,60 R$ 172.468,32

Variação 6,50% 3,48%

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A variação é calculada através da fórmula: [(53.248,60/50000) -1] * 100%

Podemos calcular o GAO como:

Observe que, comparando resultados entre dois exercícios, podemos ter variações negativas.
Portanto, o GAO pode assumir os seguintes valores:

Situação Descrição

GAO < 0 Ocorre aumento da despesa fixa com consequente aumento da margem de contribuição. O
aumento na receita não gera aumento no Lucro.

GAO > 0 Ocorre queda da despesa fixa e, por consequência, o aumento de receita gera aumento no Lucro.

Dentro da situação em que GAO > 0, podemos ter:

1. Alavancagem Branda: a empresa não consegue compensar a razão Despesa/Unidade


Produzida de modo que a variação de receita gera uma variação no resultado em menor
proporção.
2. Alavancagem em Equilíbrio: neste caso, a variação na receita é exatamente igual a variação
no lucro.
3. Alta Alavancagem: aqui, temos a variação na receita gerando variação no lucro em maior
proporção.

3.
A alavancagem financeira
A alavancagem financeira é um pouco mais intuitiva de se entender, pois seu uso está atrelado à
contração de empréstimos ou emissão de dívidas com finalidade de financiar as operações.

A escolha de usar o recurso de terceiros é para evitar o capital próprio – cujo custo é mais caro.
Repare em algo importante: - tomada de recurso de terceiros para financiar as OPERAÇÕES DA
EMPRESA.

Quando falamos em alavancagem financeira, estamos falando de dívida, mas esta não é uma dívida
qualquer ou gerada por desencaixe de fluxo de caixa.

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Não acontece porque os recebíveis de um dado mês não foram suficientes para quitar os
compromissos assumidos pela empresa ou simplesmente porque a empresa ficou descapitalizada.

A alavancagem ocorre de maneira pensada em como financiar as operações empresariais –


também apresentadas como financiar o ativo – com utilização de um recurso mais barato.

Isso quer dizer que toda alavancagem implica em dívida, mas nem toda dívida é alavancagem!

Antes de apresentarmos como é calculado a alavancagem financeira, precisamos definir alguns


pontos sobre a mesma:

1. Quando falamos em financiar a operação da empresa – ou em financiar o ativo – nos referimos


à execução de rotinas do dia a dia que tem como resultado a produção de bens e/ou serviços.
2. Embora possa contemplar a compra de ativos imobilizados (equipamentos, por exemplo), a
alavancagem financeira é mais ampla e abrange todo o ativo, divergindo, assim, da
alavancagem operacional.
3. Aqui, não estamos muito preocupados com custos fixos e variáveis.

E como que uma empresa consegue captar recursos com terceiros a fim de utilizar a alavancagem
financeira? Simples: o mercado financeiro é um grande provedor de opções de endividamento.

Os mais comuns, independente do meio de captação, são:

I. Empréstimos: o mais comum dos meios diz respeito à tomada de crédito em instituições
financeiras. O recurso do empréstimo é utilizado livremente pela empresa;
II. Financiamentos: este tipo de crédito tem lastro em sua operação e está vinculado à compra
de determinado bem. Seu uso é direcionado pela empresa;
III. Debêntures: as debêntures são formas de angariar recursos sem recorrer a empréstimos e
financiamentos. Neste modelo, a empresa emite um ativo mobiliário (título de dívida)
diretamente para o mercado (pessoas físicas ou jurídicas), que se torna credor da empresa;
IV. Emissão de Ações: venda de ações para o mercado, captando recursos novos sócios que
aportam dinheiro para entrar no quadro societário da empresa.

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Para saber mais sobre debêntures, leia sobre neste link.

Para pequenas e médias empresas, a emissão de debêntures ou abertura de capital não são meios
tão acessíveis, pois envolvem trâmites e custos que tornam a operação inviável.

Logo, para estes empresários, as alternativas mais viáveis são as operações financeiras junto a
bancos. Atualmente, as novas plataformas de financiamento coletivo, fintechs, e peer-to-peer têm
se mostrado uma forma de captar recursos com terceiros com menor custo.

Para finalizar esse entendimento antes de demonstrar como podemos calcular a alavancagem
financeira, vamos refletir sobre os riscos existentes nessa operação.

Toda tomada de dívida é um fator de risco (isso serve para empresas e pessoas físicas). Embora
possamos ter dívidas benéficas – aquelas que nos trazem retorno maior que seu custo – um alto
volume e concentração de empréstimos ameaça uma empresa.

Isto porque toda dívida é uma obrigação da empresa para com o credor e este exigirá seu
pagamento independente de vendas, crises, greves e qualquer outra coisa.

Então, podemos dizer que existe um volume e características saudáveis de dívida que uma empresa
(ou família) pode ter. Podemos mensurar este valor através do Grau de Alavancagem
Financeira (GAF), cuja fórmula é:

Onde:

EBIT é o lucro antes os juros e imposto de renda (LAJIR);

LAIR é o lucro antes do imposto de renda.

Aqui, também podemos ter dois tipos de situações:

Situação Descrição

GAF < 0 A prática está penalizando a empresa e os juros estão correndo à estrutura de capital da empresa.

GAF > 0 A alavancagem financeira está agregando valor à empresa e gerando retorno nos resultados.

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Mas, independentemente do valor e sinal do GAF, lembre-se de que ele representa risco à
instituição e seu controle é fundamental para que a empresa não atravesse cenários desfavoráveis
devido à tomada de suas finanças por empréstimos.

4.
Conclusão
Finalizamos aqui o nosso curso. Não esqueça que a alavancagem total requer um controle
minucioso e que sua estrutura de capital determinará o sucesso da empresa e seus resultados.
Embora possa trazer vantagens para empresa, estar alavancado é uma enorme exposição ao risco e,
por isso, a gestão completa das finanças da empresa passa pela leitura dos demonstrativos
contábeis, avaliação de indicadores e índices, mensuração do retorno e análise constante do custo
de capital e alavancagem.

5.
Referências
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo, SP:
Pearson, 2010. xxiii, 775 p.

6.
Saiba +
Caso tenha interesse em aumentar seu conhecimento sobre o assunto, fique à vontade para
consultá-las.

ROSS, Stephen A. et al. Administração financeira. 10. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2015. xxvii,
1196 p.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 18. ed. rev. atual. e ampl. Rio
de Janeiro, RJ: Qualitymark, 2011. xxxii, 986, [1] p.

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