Você está na página 1de 38

Gerenciamento Financeiro

O Mercado Financeiro

Este Capítulo aborda temas importantes do Mercado


Financeiro, centrado na dinâmica do mercado e seu funcionamento.
Destaca os principais títulos públicos emitidos pelo Governo. Trata
também da Marcação a Mercado, assunto de vital importância para o
entendimento da remuneração dos títulos públicos federais.
Esperamos que ao final dos estudos deste capítulo, o aluno seja
capaz de:

Compreender a dinâmica de funcionamento do mercado financeiro.

Entender os sistemas de liquidação e custódia de títulos.

Aplicar os conceitos de marcação a mercado e calcular o preço


unitário dos papéis.
Diferenciar os diversos títulos públicos e a sistemática de
remuneração.

Sumário do capítulo:

Unidade 3 - Dinâmica do Mercado Financeiro ................................................... 19


Unidade 4 - Sistemas de Liquidação e Custódia de Títulos ................................ 21
Unidade 5 - Marcação a Mercado ....................................................................... 24

18
Gerenciamento Financeiro

Dinâmica do mercado financeiro

A existência de agentes econômicos com superávit em seus


orçamentos e de agentes deficitários, ou com projetos de investimentos
que exijam recurso acima dos disponíveis, resulta em oferta e procura
de dinheiro. Nesse caso, as empresas tomadoras de recursos pagam um
prêmio - juros - às unidades superavitárias, para que essas apliquem tais
recursos.

Do encontro dessas unidades econômicas, seguem diversos mercados e diferentes configurações


de prazo, do volume de recursos e forma de remuneração pela liquidez.

Mercado financeiro é definido como o espaço onde se produz intercâmbio de ativos


financeiros e se determina seus preços. É o lugar físico ou ponto de encontro entre
ofertadores e tomadores de dinheiro.

O mercado de derivativos contempla as operações com títulos derivativos


de commodities, com índices ou com taxas que têm por objetivo assegurar, no
futuro, um ganho ou uma proteção para os ativos. Mercado onde os agentes
econômicos transferem riscos decorrentes de oscilações de preços ou taxas.

Um derivativo é um instrumento cujo valor deriva de outro ativo real ou financeiro, como por
exemplo, ação, moeda estrangeira, ouro etc.
O mercado de capitais contempla as operações com ações, que em geral têm prazo indeterminado,
e as operações são de médio e longo prazos, especialmente as de financiamento do capital de giro e
do investimento das empresas.

O mercado de capitais desempenha papel importante no processo de desenvolvimento da


economia de um país. É nesse mercado que se efetua a ligação entre os que têm capacidade de poupar
(investidores) e aqueles carentes de recursos (tomadores) para o longo prazo. Procura suprir as
necessidades de financiamento por meio de operações de emissão de ações, debêntures e commercial
papers.

DINÂMICA DO MERCADO FINANCEIRO

O principal objetivo do Sistema Financeiro Nacional é aproximar


tomadores e aplicadores de recursos da maneira mais racional, segura e
transparente possível a custos compatíveis com a realidade econômica
nacional, oferecendo aos participantes credibilidade e rapidez nas
operações de trocas de recursos, de modo que promova o desenvolvimento
equilibrado do País e sirva aos interesses da coletividade.

19
Gerenciamento Financeiro

Instituições Normativas
Conselho Monetário Nacional – CMN
Banco Central do Brasil – BACEN
Comissão de Valores Mobiliários – CVM
Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP
Superintendência de Seguros Privados – Susep

Instituições Distribuidoras

Bolsas de Valores
Bolsa de Mercadorias e Futuros
Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários
Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários
Corretoras de Seguros e de Resseguro
Corretores autônomos de Seguros

Instituições Especiais

Sistema BNDES, BNDESPAR e Finame


Banco do Brasil S.A.
Banco do Nordeste do Brasil S.A.
Banco da Amazônia S.A.
Caixa Econômica Federal

20
Gerenciamento Financeiro

Sistemas de liquidação e custódia de títulos

As operações com títulos públicos e privados são registradas e


liquidadas em ambientes que permitem ao Banco Central monitorar a
liquidez da economia. Garantem, assim, maior transparência e divulgação,
melhorando a formação de preço e a li quidez dos diferentes títulos
públicos neles negociados.

Grande parte dos títulos públicos e privados negociados no mercado monetário é escritural, ou
seja, eles não são emitidos fisicamente. Dessa forma, as negociações com esses valores são controladas
e custodiadas por dois sistemas especiais, denominados Selic e Cetip.

Selic – Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos

É um sistema que controla e liquida financeiramente as operações de compra e


venda de títulos públicos e mantém sua custódia física e escritual.
Sistema desenvolvido em 1980 pelo Banco Central do Brasil e pela Andima, para operar com
títulos públicos, de emissão do Bacen e do Governo Federal. É administrado pelo Departamento de
Operações do Mercado Aberto do Bacen.

Por meio da Selic, as instituições financeiras podem adquirir e vender títulos todos os dias,
criando assim, uma taxa diária conhecida por Taxa Média Selic – TMS, que é a taxa média ponderada
das operações realizadas no mercado secundário de títulos públicos federais, representativa das
operações de um dia útil.
Como os títulos públicos negociados no Selic são de grande liquidez e de baixo risco, a taxa
definida no âmbito desse sistema é aceita aparentemente como uma taxa livre de risco, servindo de
importante referencial para a formação das taxas de juros no mercado financeiro.

Os vários negócios com esses títulos são acertados diretamente entre os operadores das instituições
financeiras credenciadas que operam no mercado monetário, repassando as informações ao Selic, via
terminal, para que ocorra a transferência do dinheiro, e, posteriormente, dos títulos envolvidos nas
operações.

Por meio da Selic, o sistema transfere imediatamente o registro do título para a instituição
financeira compradora do mesmo e faz o respectivo crédito na conta da instituição financeira vendedora.
Assim, as partes envolvidas têm a certeza da validade da operação efetuada.

A liquidação financeira é efetuada diretamente na conta de reservas bancárias das instituições


financeiras liquidantes mantidas no Banco Central. Uma instituição que não tenha conta de reserva
bancária junto ao Bacen opera por intermédio de outra que tenha esta conta.

Os principais papéis custodiados no Selic são: LTN, LFT, NTN e BBC.

Esses títulos são leiloados toda semana pelo Governo e são considerados uma opção atrativa
para as instituições financeiras e, desde janeiro de 2002, para pessoas físicas. As LTN e LFT são
emitidas apenas para captações feitas no mercado interno.
Veja como funciona esse sistema: o Governo precisa de capital para honrar suas dívidas tanto
de longo, como de curto prazo. Só que não é capaz de gerar receita suficiente para honrar todos esses
compromissos. Então, vai ao mercado e faz uma oferta de títulos com taxas pós ou pré-fixadas.

21
Gerenciamento Financeiro

Risco de Imagem

As instituições financeiras interessadas compram esses títulos,


emprestando dinheiro ao Governo. Depois, colocam os papéis nas carteiras
dos fundos de investimento. Com o início da venda direta de títulos públicos
pela internet, o governo pretende pulverizar a dívida, permitindo aos pequenos
poupadores a aquisição direta de papéis, via Tesouro-Direto.

Os títulos públicos federais, classificados pela natureza de suas emissões e suas principais
características de negociação, são:

LTN - Letra do Tesouro Nacional é um título emitido pelo valor nominal unitário múltiplo
de R$ 1.000,00. A sua rentabilidade é pré-fixada e definida no momento da compra. Embora sua
rentabilidade contratada não varie de acordo com a SELIC, pois é pré-fixada, caso o papel seja vendido
antes do vencimento, o Tesouro fará a recompra pelo valor e pela taxa de juros que o mercado estiver
praticando. Contudo, no vencimento, os juros contratados serão garantidos. É um bom investimento a
médio e longo prazos ( 1 a 3 anos).
LFT - As Letras Financeiras do Tesouro são títulos emitidos com valores nominais unitários
múltiplos de R$ 1.000,00. O seu rendimento é ajustado diariamente pela taxa Selic. Por tratar-se
de um investimento pós-fixado, essa modalidade garante ao investidor a atualização diária de seu
investimento pelas taxas praticadas no mercado.
Se os juros caem, a taxa cai na mesma proporção e se os juros sobem, o retorno aumenta também
na mesma proporção.

O resgate é efetuado pelo valor nominal, acrescido do respectivo rendimento, desde a data de
emissão do título. Investimento para médio prazo.
NTN-B - Notas do Tesouro Nacional série B - papéis pós-fixados com rendimentos atrelados ao
IPCA + taxa de juros ao ano.

NTN-C - As Notas do Tesouro Nacional - série C são títulos pós-fixados emitidos com valores
nominais unitários múltiplos de R$ 1.000,00. O seu valor nominal é corrigido pelo IGP-M e juros
anuais pagos semestralmente, sobre o valor atualizado.

São emitidas com prazos longos que podem variar de 1 ano até 30 anos.

NTN-D - Notas do Tesouro Nacional série D - papéis pós-fixados com rendimentos atrelados ao
dólar, também utilizados pelo governo para atender às demandas do mercado por dólar - indexados ao
dólar + taxa de juros ao ano.
NTN-F - Notas do Tesouro Nacional série F - papéis de longo prazo - com rentabilidade
prefixada.

BBC - Bônus do Banco Central – são títulos de curto prazo, geralmente de 28, 35, 42 e 49 dias.
Seu rendimento é prefixado e são vendidos nos leilões de títulos públicos realizados pelo Banco
Central.

22
Gerenciamento Financeiro

Cetip – Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos

A Cetip é uma associação civil, sem fins lucrativos, criada pelas instituições
financeiras, em conjunto com o Banco Central, com a finalidade de garantir mais
segurança e agilidade às operações do mercado financeiro brasileiro.

A Cetip é um mercado de balcão organizado para registro e negociação de valores mobiliários


de renda fixa. Presta serviços integrados de custódia, negociação, registro de negócios e liquidação
financeira, oferecendo o suporte necessário a toda cadeia de operações.

O objetivo da Cetip é dar certeza da validade do título a quem compra e certeza do recebimento
do valor a quem o vende, portanto, dando garantia das operações realizadas no mercado financeiro.

Funciona desde 1986 como um sistema bastante semelhante ao do Selic, só que abrigando títulos
privados. Algumas vezes, o sistema opera também com títulos públicos que se encontram em poder
do setor privado.

Na função de depositária, a Cetip processa a emissão, o resgate e a custódia dos títulos, bem
como o pagamento dos juros e demais eventos a eles relacionados. Na maioria das vezes, os títulos são
emitidos escrituralmente, isto é, existem apenas sob a forma de registros.

A transferência da titularidade do título só é feita após a liquidação financeira da operação, que


se dá com a disponibilidade dos recursos por parte do comprador.
Em virtude de sua liquidação ser efetivada somente no dia útil seguinte, a taxa Cetip costuma ser
ligeiramente mais elevada que a taxa Selic, porque embute maior risco.

O comportamento da taxa Cetip ou D+1 é, em verdade, um balizamento para a taxa Selic ou


D+0, no dia útil seguinte, sendo comum essas taxas, manterem movimentos harmônicos de elevação
e de redução de seus percentuais.

23
Gerenciamento Financeiro

Marcação a mercado

É a avaliação diária dos ativos que compõe uma carteira de investimentos a preço de
mercado. Marcar a mercado significa dar preço diariamente aos ativos

A marcação a mercado é uma espécie de avaliação de uma posição financeira mediante sua
comparação pelo preço vigente no mercado em determinada data. Podemos dizer que marcar a
mercado significa atribuir preço diariamente a determinado ativo. É a forma de se atribuir o valor
presente de determinado ativo, ainda que seu vencimento esteja distante no tempo.

Um fundo de investimento é composto por ativos financeiros, que podem


ser títulos da dívida pública e privada (ativos de renda fixa), bem como papéis
negociados nas bolsas de valores (ativos de renda variável). A legislação de
fundos de investimento determina que os ativos integrantes das carteiras dos
fundos devem ser registrados pelo seu valor efetivamente pago e ajustados,
diariamente, ao valor de mercado, reconhecendo-se contabilmente a valorização
ou desvalorização verificada.

Até 31 de maio de 2002, o Banco Central do Brasil permitia que os ativos de renda fixa fossem
contabilizados de acordo com o preço de aquisição atualizado pela curva de rentabilidade do papel até
o seu vencimento. Se o papel fosse levado até o vencimento, a rentabilidade não seria comprometida.
A partir de 31/05/2002, por determinação do Banco Central, os títulos passaram a ser avaliados
diariamente a valor de mercado, visando manter o real valor do patrimônio do fundo.
O preço de negociação do papel é influenciado pelas condições de mercado, comportamento da
economia doméstica, desempenho fiscal, o crescimento e composição da dívida pública, incertezas
sobre a economia externa, câmbio, etc. Em função do comportamento destas variáveis, o papel pode
ser negociado com ágio ou deságio. Trata-se de um prêmio que o investidor paga (ágio) ou exige
(deságio) no ato da aquisição de um determinado título, em função da avaliação da capacidade do
emissor de pagar este título no valor e data combinados.
Para melhor entendimento e ilustração, vamos imaginar um fundo de renda fixa, composto por
Letras do Tesouro Nacional. São títulos prefixados negociados com deságio, pagando ao investidor
uma quantia inferior ao valor de face.

No caso de um papel de renda fixa, quando da sua emissão, há uma data de vencimento
estabelecida, um valor de face, normalmente de R$ 1.000,00 e a garantia de recompra na data de
vencimento. O mercado analisará as condições de remuneração do papel, observando o risco de
crédito, prazo de vencimento e taxa pré-fixada de remuneração.

Para um papel de renda pré-fixado, precisamos calcular o valor do PU


(Preço Unitário), aplicando um deságio sobre o valor ao par (valor inicial)
do papel. A taxa utilizada para o cálculo do valor presente (mercado) será
definida considerando vários fatores. Entre os principais destacam-se o cenário
econômico, o político, o custo de oportunidade e o risco de crédito. Com a taxa
determinada, obtém-se o valor do papel (PU)

Os papéis de renda fixa tem seu preço de mercado conhecido como Preço Unitário e são
calculados da seguinte forma:
Onde: FV = Valor de face do título
I = Taxa de juros negociada
Nd = período desconhecido
Nc = período conhecido

24
Gerenciamento Financeiro

Uma vez comprado esse papel com deságio, à medida que a data de vencimento se aproxima, o
valor do papel valoriza-se até atingir o seu valor de face, na data de vencimento final.

Vamos imaginar um papel emitido pelo prazo de 12 meses à uma taxa prefixada de 25% ao ano
e um valor de face de R$ 1.000,00. Qual seria o valor presente deste papel?

O mercado trabalha com o conceito de dias úteis, onde um mês possui 21 dias úteis e um ano
252 dias úteis. No exemplo acima, como o prazo do papel é de um ano, estamos utilizando essa
metodologia.

Vamos imaginar agora que já passaram 152 dias úteis desde a data de aquisição desse título,
faltando, portanto, 100 dias úteis para seu vencimento e queremos saber o PU nesta data.
Considerando o título com as características acima, seu Preço Unitário é:

Portanto, o mercado aceita o título, nesta data, por R$ 915,26. E se estivesse faltando somente
um dia útil para vencimento do papel, qual seria seu PU?

Veja que à medida que o prazo de vencimento vai chegando, o PU do papel se aproxima do valor
de face, no nosso exemplo R$ 1.000,00.

Voltando ao exemplo inicial, vamos imaginar que a taxa de juros não é mais 25% ao ano e sim
40% ao ano. Qual seria o preço do papel com prazo de um ano, na data da compra?

E se a taxa de juros fosse 10% ao ano, qual seria o preço do papel?

Veja a relação entre o nível de taxa de juros e o preço do papel. Existe uma relação inversa entre
o PU do papel e o nível de taxa de juros. Quanto maior for a taxa de juros, menor será o PU do papel.
Quanto menor for a taxa de juros, maior será o preço do papel.

É muito importante o entendimento dessa relação. É exatamente por isso que quando as taxas de
juros se elevam, os preços dos papéis a mercado diminuem, ocasionando valorizações negativas nos
fundos de renda fixa dos bancos.

Vamos voltar ao exemplo onde já passaram 152 dias úteis desde a data de aquisição desse título,
faltando, portanto, 100 dias úteis para seu vencimento e queremos saber o PU nesta data. Agora vamos
utilizar a taxa de 40% ao ano.

Seu Preço Unitário será:

25
Gerenciamento Financeiro

Portanto, o mercado aceita agora esse título por R$ 875,01.

Como se observa, com o aumento da taxa de juros de 25% para 40% ao ano, o preço unitário
(PU) de uma LTN ficou reduzido de R$ 800,00 para R$ 714,29. E com a redução da taxa de 25% ao
ano para 10% ao ano, o PU passou para R$ 909,09.

Vamos reforçar este conceito: Quando há uma diminuição da taxa de juros,


o PU aumenta e quando ocorre um aumento da taxa de juros o PU diminui.
Assim, o valor do PU é inversamente proporcional à taxa de juros, quando as
taxas são pré-fixadas.

Já no mercado de títulos com taxas pós-fixadas, ocorre uma relação direta entre
taxa de juros e preço do papel, em função do ágio ou deságio existente.

Ocorre ágio quando o valor pago no momento de aquisição do título é superior ao seu valor de
face. O ágio ocorre sempre que a rentabilidade oferecida pelo papel é maior que o preço de mercado
no momento da negociação.

Já o deságio acontece quando o valor pago é inferior ao seu valor de face, de maneira que a
rentabilidade do título seja maior que a estabelecida originalmente.
A marcação a mercado buscou garantir para todos os cotistas dos fundos de renda fixa a
rentabilidade efetiva a que fazem jus, já que em geral cada um deles possui data de aplicação, data de
resgate e período de permanência distintos e a não marcação a mercado diária poderia, eventualmente,
transferir rentabilidade entre os cotistas.

A metodologia de apuração do valor de mercado é de responsabilidade de cada instituição


financeira. Esta metodologia deve ser estabelecida com base em critérios técnicos consistentes e
passíveis de verificação, levando em consideração a independência na coleta de dados em relação às
taxas praticadas nas mesas de operações dos Bancos.

O Banco Central admite os seguintes parâmetros:

Preço médio de negociação do dia da apuração, ou o preço do dia anterior.


Valor provável de realização, calculado mediante modelo técnico de precificação.
Preço de instrumento financeiro semelhante, onde deve ser levado em consideração, no
mínimo, os prazos de vencimento, o risco de crédito e o indexador utilizado.

26
Gerenciamento Financeiro

O mercado monetário

Este capítulo aborda alguns temas considerados relevantes


no mercado monetário. Destaca a importância dos instrumentos de
política monetária utilizados pelo Governo para condução da Política
Monetária. Procura identificar a diferença existente entre o mercado
primário e o mercado secundário e as modalidades operacionais
deste mercado.

Espera-se que ao final deste capítulo você seja capaz de:

Entender a importância dos instrumentos de política monetária e sua finalidade na


condução da política monetária.
Aplicar os conceitos de mercado primário e mercado secundário.

Compreender as diversas modalidades de operações efetuadas entre as instituições


financeiras no mercado monetário.

O Mercado Monetário encontra-se estruturado de forma a executar o controle de liquidez


monetária da economia. Nesse mercado, os papéis são negociados tendo como parâmetro de referência
a taxa de juros, que se constitui em sua mais importante moeda de transação.
Os papéis que lastreiam as operações do mercado monetário caracterizam-se pela liquidez e
pelos reduzidos prazos de resgate. No mercado monetário são negociados:

Os papéis emitidos pelo Bacen voltados à execução da política monetária do governo


(BBC e LBC).
Os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, com o objetivo de financiar a execução do
orçamento fiscal da União (LTN, LFT, NTN).

Os Títulos emitidos pelos Governos Estaduais, Municipais e do Distrito Federal.

Os certificados de depósitos interfinanceiros (CDI), unicamente entre instituições


financeiras.

Títulos de emissão privada, como CDB, RDB, LH e LCI, dentre outros.

Sumário do capítulo:

Unidade 6 - Instrumentos de Política Monetária ................................................ 28


Unidade 7 - Modalidades Operacionais do Mercado Monetário ........................ 31

27
Gerenciamento Financeiro

Instrumentos de política monetária

Ao Bacen, como depositário dos recursos da União,


compete a emissão de moeda, com exclusividade. Emite títulos de
responsabilidade própria, de acordo com as condições estabelecidas
pelo Conselho Monetário Nacional e também realiza operações de
compra e venda de títulos públicos federais, como instrumentos para a
execução da Política Monetária. Através dos instrumentos de política
monetária, o governo controla a oferta de moeda em nível suficiente
para adequar o desenvolvimento econômico e a liquidez do sistema
financeiro.

Existem quatro instrumentos, pelos quais o Banco Central realiza a política monetária: Operações
de Mercado Aberto, Depósito Compulsório, Taxa de Redesconto e por último Controle e Seleção do
Crédito.

O Banco Central muitas vezes se encontra em situações nas quais necessita por determinadas
razões expandir ou contrair a base monetária, entendida como a quantidade de moeda que circula na
economia. Muitas vezes, o governo tem o interesse de fomentar a atividade econômica interna e, para
isso, pode utilizar uma política monetária expansionista, que estimule o crescimento econômico. Da
mesma maneira, quando o interesse do governo é frear a atividade econômica, o Banco Central pode,
através de determinados instrumentos de política monetária, contrair a base monetária.

Quando o governo deseja expandir o crescimento econômico, pode realizar um deles ou todos
simultaneamente. Uma prática comum é combinar tais políticas monetárias com políticas fiscais.

Veja como funciona cada um dos instrumentos de política monetária:


Operações de Mercado Aberto, ou Open Market

Consiste na compra e venda de títulos públicos pelo Bacen. Quando


o governo objetiva aumentar a oferta de moeda, realiza operações de
resgate dos títulos em circulação. E quando deseja reduzir a oferta de
moeda, realiza operações de colocação de títulos no mercado.

O Banco Central muitas vezes entra no mercado para comprar ou vender


títulos. Este instrumento de política monetária é conhecido por open market, ou
operação de mercado aberto. Quando o Banco Central tem o objetivo de expandir
a base monetária, entra no mercado comprando títulos. Ao fazer isto, ele coloca
em circulação um determinado montante de dinheiro que estava em seu poder.
Com um volume maior de dinheiro na economia, ou seja, com uma renda maior, a
população irá gastar mais.

Isso tem um efeito muito positivo para o crescimento econômico, já que os vendedores irão
encomendar mais de seus fornecedores, estes irão por sua vez comprar mais mercadorias das fábricas.
Os empresários irão contratar mais pessoas para realizar a produção e por sua vez encomendar mais
matéria prima. Isto contribui de forma significativa para o crescimento do nível de empregos.

A situação contrária ocorre quando o Banco Central coloca títulos à venda. Ao vender títulos,
o Banco Central recolhe dinheiro das mãos da população. As pessoas gastam menos e o nível de
atividade da economia tende a diminuir.

28
Gerenciamento Financeiro

Depósito Compulsório

Percentual sobre os depósitos recolhido pelos Bancos ao Bacen. Poderoso instrumento de


controle do efeito multiplicador da moeda.

O depósito compulsório é uma taxa fixada pelo Banco Central, que determina que
uma parte dos depósitos à vista feita pela população nos bancos comerciais vai para o caixa
do Banco Central. O Bacen pode aumentar ou diminuir a taxa do depósito compulsório,
de acordo com seus interesses.

Quando o Banco Central diminui a taxa do compulsório, o montante que os bancos comerciais
devem enviar para o Banco Central diminui. Com isso, eles conseguem reter um montante maior para
emprestar. Ou seja, a quantidade de crédito disponível à população aumenta. Com isso, mais dinheiro
fica disponível para a população e a base monetária se expande, e a partir daí, os gastos aumentam e
a economia cresce como um todo.
Quando o Banco Central aumenta a taxa do compulsório, ocorre a situação inversa. Os bancos
comerciais vão dispor de menos recursos para emprestar. O crédito disponível para a população diminui
e a base monetária se contrai, desacelerando a economia. A elevação do compulsório também eleva a
taxa de juros dos empréstimos, em função da escassez de recursos disponíveis para empréstimos.

Taxa de redesconto ou Empréstimo de Liquidez

Linha de crédito do Bacen destinada a suprir eventuais necessidades de caixa dos


Bancos.
A taxa de redesconto é a taxa de juros cobrada pelo Banco Central nos empréstimos aos
bancos comerciais. Muitas vezes os bancos comerciais necessitam de empréstimos de curto prazo
para cumprir alguns compromissos que, por falta de liquidez no período, não teriam como cumprir.
O Banco Central funciona como uma espécie de emprestador de última instância para os bancos
comerciais. Para compensar perdas de reservas, as instituições recorrem ao mercado interbancário.
Em último caso, recorrem ao redesconto junto ao Bacen, que atua como o Banco dos Bancos.

Normalmente a taxa de redesconto é superior à taxa de juros praticada pelo mercado, razão pela
qual os bancos só recorrem ao redesconto em última instância.
A utilização da linha de Redesconto tem um caráter punitivo, pois sinaliza uma situação de
desequilíbrio da instituição financeira tomadora e sendo assim, possui um custo mais elevado. O
Bacen monitora o acesso a esta linha de financiamento. Se determinada instituição financeira acessá-
la com determinada freqüência, poderá ser interpelada pelo Bacen.

Controle e Seleção do Crédito

Este instrumento estabelece de forma direta os controles, o volume e o preço do


crédito.
O controle e a seleção do crédito impõe, de certa forma, algumas restrições ao livre funcionamento
das forças de mercado. Quando o governo restringe o crédito, está controlando o volume e seu destino;
está também controlando o nível de taxas de juros e fixando limites e condições para o crédito. Com
este tipo de medida, o governo reduz as possibilidades dos agentes econômicos efetuarem compras e
vendas através da utilização do crédito.

29
Gerenciamento Financeiro

Por outro lado, quando o governo aumenta o volume de crédito no


mercado, está incentivando a demanda por bens e serviços. Esse mecanismo
gera uma maior oferta de bens e serviços na economia, podendo resultar
em aumento dos preços e conseqüentemente pode gerar um aumento da
inflação. Portanto, este instrumento pode ser utilizado com a finalidade de
inibir os efeitos inflacionários na economia.

Atualmente, o governo estabelece anualmente a meta de inflação, entendida como o nível


máximo de inflação que as autoridades permitem atingir. O índice oficial adotado pelo Brasil é o IPCA
– Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado, calculado e apurado pelo IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.

Mercado Primário

Para lançar um título no mercado, ou seja, para fazer a primeira venda de um título, o Banco
Central realiza o chamado leilão primário ou leilão formal. As instituições financeiras credenciadas
junto ao Bacen enviam suas ofertas, as quais o Bacen pode aceitar ou não. O processo todo ocorre via
computadores.
As instituições financeiras credenciadas para atuar como elo de ligação entre o Bacen e as
demais instituições financeiras são conhecidas como Dealers e sua principal função é atuar como elo
de ligação entre o Bacen e as demais instituições do sistema financeiro nacional. Os grandes bancos
que atuam no mercado brasileiro são credenciados e atuam como Dealers, como por exemplo, Banco
do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander, etc.

Mercado Secundário
Como as instituições financeiras não são obrigadas a carregar o papel comprado em leilão
primário até o seu vencimento, é prática comum a venda desses títulos ao mercado. A venda desses
títulos a outras instituições cria o mercado secundário, que tem no mercado aberto o seu principal
instrumento de operacionalização desses títulos.

30
Gerenciamento Financeiro

Modalidades operacionais do mercado monetário

O mercado monetário apresenta diversas modalidades de operações efetuadas entre as instituições


financeiras ou com pessoas físicas e jurídicas não financeiras. As principais são descritas a seguir:

Leilões Formais – Consistem em ofertas primárias de títulos


pelo Banco Central. Qualquer pessoa física ou jurídica, por meio de
instituições financeiras (bancos, corretoras e distribuidoras), envia suas
ofertas para apreciação do Bacen, até o limite estabelecido para aquela
instituição. Configura-se como um mecanismo de financiamento do
Governo por meio do mercado financeiro.

Leilões Informais (Go around) – Destinam-se a manter o maior nível de competitividade


possível, mediante participação de todos os dealers credenciados em uma operação de venda ou
resgate de títulos. Num curto intervalo de tempo – 5 a 10 minutos – os operadores do Bacen acionam
as instituições e acolhem os lances propostos; selecionam os melhores e fecham imediatamente com
as instituições, sem divulgar o tamanho do lote vendido, nem o preço médio negociado.
Compra e Venda Definitiva – Consiste na compra de um título com a intenção de mantê-lo em
carteira até o vencimento.

Operações Compromissadas – Refere-se à venda de um título efetuada entre uma instituição


financeira e uma contraparte (qualquer pessoa física ou jurídica) com o compromisso de recomprá-lo
a um determinado preço, em data previamente definida.

31
Gerenciamento Financeiro

Mercado de capitais

O objetivo principal deste capítulo é a compreensão das


principais noções sobre Mercado de Capitais, um sistema de
distribuição de valores mobiliários com o objetivo de proporcionar
liquidez aos títulos de emissão das empresas viabilizando seu
processo de capitalização.

O Mercado de Capitais pode ser definido como um conjunto de


instituições financeiras não bancárias que intermediam negociações
de títulos e valores mobiliários, com o objetivo de canalizar os
recursos dos agentes compradores, conhecidos como investidores,
para empresas privadas, emissoras desses títulos.

Ele abrange operações de financiamento do capital de giro e do investimento das empresas,


por meio da colocação de ações, bônus de subscrição de ações, commercial papers e debêntures no
mercado doméstico, além de DR e eurobonds no mercado internacional.

Commercial Papers são títulos que representam alternativas de captação de curto prazo junto aos
bancos. É uma Nota Promissória de curto prazo, sem garantia real, destinada a empresas com baixo
nível de risco.

Debêntures são títulos de crédito de médio ou longo prazo, emitidos por sociedade anônima
de capital aberto ou fechado. A principal finalidade é a captação de recursos para suprimento das
necessidades de capital de giro ou projetos de investimento das empresas, normalmente a custos
inferiores aos empréstimos tradicionais. Possibilita a conversão em ações.

Eurobonds são títulos de renda fixa para venda a investidores fora do País de domicílio do
emissor, com a finalidade de captação de recursos de médio e longo prazo. Para os investidores globais,
o Eurobond apresenta como vantagem liquidez no mercado e isenção de impostos.
Depositary Recept – DR são títulos ao portador negociáveis no mercado secundário. Esse tipo
de operação ocorre quando um banco estrangeiro empresta recursos diretamente a uma empresa
brasileira. Para as empresas brasileiras, é uma forma de captação de recursos no mercado internacional,
normalmente mais baratos e com prazos mais longos.

Sumário do capítulo:

Unidade 8 - Oferta de Títulos ............................................................................. 33


Unidade 9 - Agências de Rating ......................................................................... 35
Unidade 10 - Análise Fundamentalista e Grafista .............................................. 36

32
Gerenciamento Financeiro

Oferta de títulos

As ofertas de títulos (ações, debêntures, notas promissórias e bônus de subscrição)


têm por objetivo a abertura de capital, aumento de capital, emissão de títulos de dívida
de uma sociedade anônima ou a transferência de títulos entre investidores. Estas podem
ser feitas através de subscrição particular ou de oferta publica.

A subscrição particular ocorre quando a emissão é totalmente subscrita por antigos acionistas ou
direcionada a um grupo restrito. A subscrição por oferta publica é feita através de ampla divulgação
no mercado, podendo ser realizada nos mercados primário e secundário.

A oferta no mercado primário, também conhecida como underwriting, é a emissão de títulos


novos, realizada por uma determinada empresa privada, por intermédio de uma ou mais instituições
financeiras, que estruturam e distribuem esses títulos. Já a oferta secundária, consiste na oferta, por
meio de leilão, de uma quantidade considerável de ações já emitidas e pertencentes a uma pessoa física
ou jurídica. Neste caso, não há efeito no caixa da empresa emissora, pois a transferência acontece entre
investidores.

Underwriting

Underwriting é o lançamento de ações, debêntures ou outro título mobiliário no


mercado de capitais.
Consiste na colocação (lançamento) ou distribuição no mercado de capitais de ações, debêntures
ou outro título mobiliário qualquer para investimento, ou revenda no mercado de capitais.
Os tipos de underwriting existentes no mercado são:

Garantia firme – é a operação na qual a instituição financeira coordenadora garante a colocação


de um determinado lote de ações a um determinado preço previamente pactuado com a empresa
emissora, encarregando-se por sua conta e risco de colocá-la no mercado.

Melhores esforços (Best Efforts) – caracteriza-se pelo compromisso assumido pela instituição
em desenvolver os melhores esforços para revender o máximo de uma emissão junto a seus
clientes nas melhores condições possíveis e por um prazo determinado. Não há o compromisso
formal de viabilizar a colocação.

Stand by (residual) – caracteriza-se pelo compromisso assumido quanto à subscrição após


determinado prazo, das ações que se comprometeu a colocar no mercado, mas que não
encontraram interessados.
Bookbuilding – trata-se da oferta global das ações de uma empresa visando à colocação de
seus papéis no País e no exterior. Essa operação exige maior transparência nas informações
sobre a empresa emissora e sobre a operação de subscrição. Não há uma definição prévia de
preço pela qual a ação será vendida, ou o volume final da operação, mas sim a definição de
um intervalo de preço justo que os coordenadores da emissão e a empresa emissora acordam
ser viável para atrair os investidores nacionais e estrangeiros e garantir uma boa liquidez do
título no mercado.

Consiste na colocação (lançamento) ou distribuição no mercado de capitais de


ações, debêntures ou outro título mobiliário qualquer para investimento, ou revenda no
mercado de capitais.

Os tipos de underwriting existentes no mercado são:

33
Gerenciamento Financeiro

Banco Coordenador ou Banco Líder

É um banco de investimento contratado pela empresa para condução do processo, que


providenciará o seguinte:

Modelagem da operação;

Documentação necessária à divulgação e ao lançamento;

Análise e projeções financeiras da empresa emissora;

Divulgação do lançamento dos papéis junto ao público;

Formação do preço da ação ou da taxa de remuneração da debênture;


Formação de consórcio de bancos que trabalharão em conjunto com o líder – bancos
coordenadores da emissão.

34
Gerenciamento Financeiro

Agências de rating

São empresas especializadas na avaliação de risco, realizada por meio da análise das condições
de um emissor de títulos para honrar seus compromissos, tais como pagamento de juros e dividendos
no prazo esperado.

Para tanto utiliza as seguintes informações coletadas na empresa: fluxo de caixa, situação
financeira da empresa, projeções financeiras, conjuntura econômica, atividade, concorrência,
perspectivas do mercado em que a empresa emissora atua e procedimentos internos.

Essas avaliações tornam-se obrigatórias e são expressas em notas que podem ser apresentadas
por meio de caracteres alfabéticos, alfanuméricos e com adição de sinais (+ ou -).

Os ratings de crédito são utilizados como indicadores da probabilidade de os investidores


receberem seu capital de volta, segundo os termos acordados na ocasião da realização do investimento.
Os ratings de crédito não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de um título.
Cumprem a finalidade de informação ao investidor. As agências de rating mais conhecidas para títulos
de dívida são Standard & Poors; Moody’s; Fitch Atlantic Ratings e Austin Asis.
As agências de rating não auditam ou verificam se as informações prestadas pelas empresas
são verdadeiras ou não. Entretanto, os ratings podem ser mudados em função das alterações das
informações recebidas.

O quadro abaixo mostra as categorias de risco atribuídas por duas empresas classificadoras de
risco

Moody’s S&P Categorias de Investimento (Investment Grade)

Aaa AAA Possuem menor risco de investimento e a mais elevada


capacidade de pagamento do empréstimo e dos juros.

Aa AA Títulos de qualidade muito elevada. Elevada capacidade de


pagar os juros e o principal. Mudanças em algumas variáveis
poderá afetar a capacidade de pagamento.

A A Títulos de elevada capacidade de pagamento de juros


e principal, apesar de serem mais suscetíveis a efeitos
desfavoráveis nas condições econômicas que as categorias
anteriores.

Baa BBB Tem capacidade adequada de pagamento dos juros e principal.


Diante de circunstâncias desfavoráveis têm probabilidade de
diminuição da capacidade de pagamento futura.

Se o rating atribuído não estiver situado dentro do grau de investimento acima mostrado, o
risco de inadimplência é mais elevado e implicará em elevação nas taxas de juros requeridas pelos
investidores. Atualmente o Brasil ainda não atingiu o Investment Grade, mas está relativamente
próximo deste nível, faltando somente um grau para sua classificação.

Metodologias de determinações de preço

A determinação do preço justo de lançamento de um título pode ser considerada uma tarefa
muito difícil para os bancos de investimento responsáveis pela emissão. Por um lado, o preço deve
atender às necessidade da empresa emissora, e, por outro, às expectativas do mercado investidor.

Na emissão de ações, é necessário estabelecer o preço justo da ação a ser oferecida aos investidores.
Se o preço de lançamento for demasiadamente alto, a emissão pode fracassar. Caso ocorra o contrário,
os acionistas já existentes poderão sofrer prejuízo.

Por essa razão, é fundamental a compreensão dos principais métodos de apuração do valor das
ações da empresa. Destacamos a Análise Fundamentalista e a Análise Gráfica ou Técnica.

35
Gerenciamento Financeiro

Análise fundamentalista e grafista

Análise Fundamentalista

A Análise Fundamentalista é a metodologia de determinação do preço justo


de uma ação, fundamentada na expectativa de resultados da empresa (projeção de
resultados, a partir dos resultados anteriores), diferentemente da cotação da bolsa,
que é o preço de mercado.

Este instrumento estabelece de forma direta os controles, o volume e o preço do


crédito.
As principais formas para determinação do valor da ação de uma empresa encontradas na análise
financeira ou fundamentalista estão abaixo comentadas.

Fluxo de Caixa Descontado

Refere-se ao valor da empresa baseado nas projeções dos seus rendimentos líquidos, para um
período determinado, e descontando-os à taxa mínima de atratividade para o empreendimento. Pode
ser baseada em alguns cenários – otimistas, pessimistas ou em condições de normalidade – e nas
probabilidades associadas a cada um deles.

O fluxo médio ponderado, descontado a uma taxa mínima de atratividade, indica o valor
da empresa. Leva em conta fatores econômicos e financeiros, favoráveis ou desfavoráveis ao
empreendimento, a saber:

Fluxo de caixa – série de valores no tempo, cuja montagem requer diagnóstico de todos os
setores, quanto a aspectos internos (política de pessoal, estágio de vida dos produtos, atualização
tecnológica do parque industrial, competência gerencial) e externos (relacionamento com
o mercado consumidor, acompanhamento de evoluções tecnológicas e administrativas,
relacionamento com o setor público, marca, etc).

Taxa de desconto – o retorno mínimo exigido para a aplicação dos recursos, dado o risco que
o negócio enfrenta.

Análise de Múltiplos

A análise de múltiplos deriva da precificação de ativos comparáveis, padronizados pelo uso de


uma variável comum como lucros, fluxos de caixa e receitas. A comparação pode ocorrer com outras
empresas de características semelhantes.

Na análise de múltiplos, podemos destacar:

P/L – É um dos indicadores mais utilizados, onde “P” representa o preço da ação no mercado
e “L” o lucro por ação estimado para os próximos anos.

VE/EBITDA – “VE” representa o valor de mercado da empresa mais os empréstimos e


financiamentos onerosos, menos as aplicações financeiras. Essa relação indica o prazo para o
retorno do capital total (próprio e de terceiros), assumindo-se que a empresa tenha uma geração
de caixa equivalente à indicada pelo EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, amortização e
depreciação) em regime de perpetuidade. EBITDA significa Earnings Before Interests, Taxes,
Depretiation and Amortization.

36
Gerenciamento Financeiro

O EBITDA é um número muito valorizado pelo mercado na avaliação de uma empresa. Espelha
o desempenho da empresa levando em consideração, somente os ganhos gerados por sua atividade
principal.

É um indicador muito importante, pois mede a produtividade e a eficiência do negócio. Por


isso, em informações sobre companhias abertas, você vai encontrar com freqüência referências ao
EBITDA.

Análise Técnica ou Grafista

A análise técnica ou grafista é mais recomendada para visões de curto prazo. Centrada
no comportamento dos preços das ações. Seu princípio básico é que a cotação das
ações segue padrões e tendências que se repetem.
É a metodologia de determinação do preço justo de uma ação que se fundamenta
na projeção do comportamento dos preços observado em bolsa ao longo do tempo,
representado por gráficos. Estes traduzem o comportamento do mercado e avaliam
a participação das massas de investidores que influenciam a formação de preços.
Nesse tipo de análise não importam os motivos que levam à mudança de preços de
uma ação e sim a mudança de comportamento do investidor.

Inicialmente fundamentada na Teoria de Dow (o que aconteceu hoje poderá ocorrer amanhã)., a
análise grafista evoluiu para um conjunto de sofisticados estudos de gráficos de preços e volumes, que
medem as forças de oferta e de procura de determinada ação, indicando se o investidor deve comprar,
vender, não comprar ou não vender.

37
Gerenciamento Financeiro

Mercado de derivativos

Neste capítulo, estuda-se o mercado de derivativos, entendendo-


se derivativo como um instrumento – contrato ou título – cujo valor
decorre ou deriva de outro ativo real ou financeiro (ação, moeda
estrangeira, ouro etc.).

Os derivativos acompanham a história da comercialização de bens e não há um período preciso que


identifique o seu surgimento. Alguns autores indicam que as primeiras negociações com commodities
básicas ocorreram na China antiga, sendo que a primeira bolsa de commodities do mundo é a Chicago
Board of Trade e iniciou seus negócios com derivativos no final do século XIX.

Esses fatos, aliados ao crescimento do comercio mundial e à recente globalização da economia,


aumentaram a demanda dos agentes econômicos pela proteção de seus investimentos e por formas
mais eficientes de financiamento. Surgiu a necessidade da criação de vários instrumentos que tinham
por objetivo diminuir o risco das negociações entre os participantes envolvidos em operações.

O mercado evoluiu em todo o mundo e passou a negociar com derivativos de ouro e metais
preciosos, de moedas estrangeiras, de petróleo, de madeira, de suco de laranja, de ativos ou indicadores,
de índices de ações e outros bens.

Sumário do capítulo:

Unidade 11 - Características formais dos Derivativos ........................................ 39


Unidade 12 - Produtos Negociados .................................................................... 40
Unidade 13 - Segmentos no Mercado de Derivativos ......................................... 41

38
Gerenciamento Financeiro

Características formais dos derivativos

Objeto de Negociação – são os títulos derivados de commodities, índices ou taxas que têm
como objetivo assegurar, no futuro, um ganho ou uma proteção para os ativos e são usados,
ainda, para mera especulação.

Quantidade – quando negociados em bolsas, as unidades de comercialização são padronizadas


e cada contrato representa uma quantidade fixa do produto.
Qualidade - é importante uma definição clara dos padrões do ativo-objeto, porque a qualidade
do produto influencia diretamente no seu preço.

Data de vencimento – são as bolsas ou os agentes que estabelecem as datas específicas para
a liquidação dos contratos, normalmente acompanhando o ciclo de comercialização de cada
produto.

Local de entrega – o local onde o bem é entregue é um forte determinante de seu preço.
As bolsas normalmente estabelecem pontos de entrega que ficam próximos aos centros de
consumo e de produção de bens.
Preços – as cotações dos ativos oscilam o tempo todo e ao sabor do mercado, sendo que as
cotações de opções são estabelecidas e divulgadas pela Bolsa de Mercadorias & Futuros –
BM&F.
Padronização – um ativo deve oferecer condições de fácil padronização em relação aos produtos
negociados, aos prazos de vencimento, ao tamanho do contrato, às formas de liquidação e aos
mecanismos de garantia. A padronização visa dar maior liquidez aos contratos negociados em
bolsa, na medida em que facilita a entrada e saída do mercado através da reversão de posições
comprada e vendida.

Inicialmente fundamentada na Teoria de Dow (o que aconteceu hoje poderá ocorrer amanhã)., a
análise grafista evoluiu para um conjunto de sofisticados estudos de gráficos de preços e volumes, que
medem as forças de oferta e de procura de determinada ação, indicando se o investidor deve comprar,
vender, não comprar ou não vender.

Mercado a Termo

Mercado de Futuros

Mercado de Opções

Mercado de Swaps.

39
Gerenciamento Financeiro

Produtos negociados

Com a ampliação na variedade dos produtos negociados, surgiu


a necessidade da criação de instrumentos sofisticados para viabilizar
a realização de negócios e, com isso, a implementação de um sistema
organizado para apoiar, dar segurança e garantir a liquidação das
operações.

As bolsas fazem parte desse sistema e foram criadas com vários


objetivos, destacando-se como principais os seguintes:

dar mais transparência na formação dos preços;

facilitar as negociações de bens;

padronizar os ativos;

garantir a realização e a liquidação dos negócios.

As operações são registradas, acompanhadas, controladas e liquidadas pela câmara de


compensação, que pode ser a própria Bolsa ou outra organização constituída especificamente para
esse fim.

No Brasil, os derivativos são negociados no Mercado de Bolsa, por meio da BM&F e Bovespa,
ou no Mercado de Balcão, diretamente entre as contrapartes, utilizando-se de instituições financeiras,
sem a intermediação de corretores para apregoar as ofertas de compra e de venda. É importante saber
quais são os principais produtos negociados em cada um desses locais:
BM&F – produtos agropecuários, índice de ações (índice futuro – Ibovespa), índice Bovespa,
taxas de câmbio (US$ futuro-comercial), taxas de juros (DI futuro) e títulos da dívida
externa.

Bovespa – opções de índices, futuro de ações, a termo de ações e opções de ações.

Instituições Financeiras – operações de swap, contratos a termo de moedas sem entrega física
(NDF – non deliverable forward).

40
Gerenciamento Financeiro

Segmentos do mercado de derivativos

Vamos a partir de agora analisar com maiores detalhes os quatro segmentos do mercado de
derivativos.

Mercado a Termo

É o mercado onde se negocia a compra e a venda de um ativo objeto, para entrega


numa data futura e a um determinado preço previamente negociado. A negociação
envolve um contrato particular firmado entre as partes, onde são detalhadas as
condições do negócio.
Uma das partes assume a posição de compra no contrato a termo em data
específica e por preço certo e ajustado; a outra parte, a venda nas mesmas condições.
No mercado a termo são ofertados acordos de compra e venda de ativos, em datas
futuras, por preços previamente estabelecidos. As partes liquidarão a operação, pela
entrega física ou pela própria liquidação financeira na data de entrega acertada.

Para melhor entendimento, vejamos o exemplo em que dois vizinhos, sendo um avicultor,
produtor de frangos e outro agricultor, que planta milho.

Após a colheita, o agricultor vende para o avicultor o milho, fonte principal para a alimentação
dos frangos. No entanto, cada um tem uma expectativa em relação ao preço do milho. O avicultor torce
para que o preço do milho caia e o agricultor, ao contrário, deseja que o preço suba após a safra.

Para diminuir as incertezas do futuro e tornar a negociação mais justa, resolveram fazer um
acordo: escolher um preço que fosse bom para os dois; um preço que cobrisse todos os custos de
produção e que desse margem de lucro a ambos em suas atividades. Dessa forma, não precisariam
mais se preocupar com o que aconteceria com a próxima safra.
Essa operação a termo funcionou como um hedge, estratégia de proteção de preços, eliminando
os riscos de ambas as partes. Disponibilizou ao produtor um instrumento de fixação do preço e ao
comprador a segurança de ter preço justo na compra da mercadoria.

Mercado Futuro

O mercado futuro pode ser definido como um contrato que envolve um compromisso
de compra ou venda de determinado ativo-objeto em uma data futura, com a fixação
prévia do preço do ativo negociado.
Mercado Futuro é um contrato que dá direito ao comprador ao recebimento de mercadoria ou
ativo financeiro, ou seu equivalente em valores monetários, em data futura determinada.

É o mercado onde são realizadas operações que apostam em cotações


futuras. Esse tipo de investimento visa proteger o preço futuro de um
determinado produto ou simplesmente especular seu preço. Nesse mercado
as partes assumem compromisso de compra ou venda para liquidação (física
ou financeira) em data futura, tendo como característica básica o ajuste
diário do valor dos contratos, decorrente dos ganhos ou prejuízos diários
para as respectivas posições.

A principal vantagem do Mercado Futuro sobre o Mercado a Termo é a flexibilidade, pois os


prazos e garantias são padronizados e negociados na Bolsa. Qualquer uma das partes da negociação
pode liquidar seu contrato antes do prazo, revertendo sua posição ou simplesmente encerrando o
contrato.

Nesse mercado atuam duas figuras importantes: os hedgers - aqueles que buscam proteção para
os preços no futuro - e os especuladores, que desempenham papel fundamental, pois trazem recursos
de fora do sistema, dão liquidez aos mercados e assumem riscos como forma de obter lucros.

41
Gerenciamento Financeiro

Veja um exemplo:
Um granjeiro temendo alta no preço do milho, compra um contrato futuro ao preço de R$ 15,00
a saca para vencimento em 120 dias. Vamos supor que ocorra uma quebra na safra e o preço do milho
vai a R$ 17,00 a saca para 120 dias. Como esses ajustes são feitos diariamente, o granjeiro recebe R$
2,00 de crédito em sua conta corrente, pois comprou o milho a R$ 15,00. Do mesmo modo, se tivesse
ocorrido uma super-safra e o preço do milho tivesse despencado para R$ 11,00 a saca no mercado
futuro para 120 dias, o granjeiro deveria depositar R$ 4,00 na conta da contra parte (a Bolsa).

Findo o prazo, faz-se a liquidação financeira do contrato. Nesse mercado, a maior parte dos
contratos tem liquidação financeira, ou seja, não ocorre a entrega física do produto.
Os contratos negociados no mercado futuro são padronizados pelas Bolsas e permitem sua
transferência entre os investidores. A padronização é a principal característica deste contrato, o que
facilita a formação de preços e garante a liquidez, facilitando sua negociação. Aqui o ativo negociado
tem seu preço ajustado diariamente. Como garantia das operações, as bolsas exigem dos investidores
um depósito inicial chamado Margem de Garantia.

A margem de garantia é o percentual do valor do contrato que deve ser depositado no


início da operação pelos investidores que mantêm posições no mercado futuro
O objetivo das margens é evitar a inadimplência dos participantes. A margem inicial é o depósito
solicitado pela corretora quando abre uma conta-margem para o cliente. Nesta conta são lançados
todos os resultados dos ajustes diários dos contratos ao preço de mercado.
Quando um participante não paga o ajuste diário devido, sinaliza que terá dificuldades para honrar
a liquidação final do contrato. Neste caso, a bolsa liquidará a posição do participante, comprando
ou vendendo contratos futuros para zerar os direitos e obrigações assumidas, utilizando as margens
depositadas para cobrir eventuais perdas.
Mercado de Opções

É um instrumento que concede a seu titular um direito futuro sobre algum ativo e a
seu vendedor uma obrigação em caso de solicitação pelo comprador da opção.

Mercado no qual são negociados direitos de compra ou venda de um


lote de valores mobiliários, com preços e prazos de exercício preestabelecidos
contratualmente. Por esses direitos, o titular da opção (de compra ou de venda)
paga um prêmio, podendo exercê-los até a data de vencimento da mesma ou
revendê-los no mercado.

42
Gerenciamento Financeiro

No mercado de opções, é importante conhecer alguns conceitos, fundamentais para o


entendimento dos negócios. Abaixo, estão listados:
Exercício de Opção - É a operação através da qual o titular da opção exerce o seu direito de
comprar ou de vender o ativo objeto da opção, ao preço de exercício.

Especuladores - São todos os aplicadores que buscam resultados financeiros nas operações e
não estão interessados no ativo negociado. Seu principal objetivo é obter lucros, assumindo
riscos.

Hedgers - São aqueles que buscam eliminar riscos. Hedge significa proteção.

Titular de uma Opção - É aquele que compra a opção. É a parte comprada. Tem o direito de
comprar ou não.

Lançador - É aquele que cede o direito e é obrigado a cumprir o compromisso. É a parte


vendida. Tem a obrigação de comprar ou vender a opção.

Prêmio – Pagamento efetuado pelo titular de uma opção para exercer o direito de comprar ou
vender uma opção.

A principal vantagem do Mercado Futuro sobre o Mercado a Termo é a flexibilidade, pois os


prazos e garantias são padronizados e negociados na Bolsa. Qualquer uma das partes da negociação
pode liquidar seu contrato antes do prazo, revertendo sua posição ou simplesmente encerrando o
contrato.

Nesse mercado atuam duas figuras importantes: os hedgers - aqueles que buscam proteção para
os preços no futuro - e os especuladores, que desempenham papel fundamental, pois trazem recursos
de fora do sistema, dão liquidez aos mercados e assumem riscos como forma de obter lucros.

Opção de Compra - Call

Concede ao titular o direito de adquirir, em data futura, um ativo-objeto por um


preço previamente estabelecido. Para o lançador, existe uma obrigação futura de
entregar o ativo-objeto, caso o titular desejar exercer a opção.
Vamos analisar uma opção de compra de uma ação por R$ 100,00 daqui a 90 dias, com prêmio
de R$ 3,00. Na data marcada, suponhamos que a ação esteja a R$ 120,00. Neste caso, o titular exerce
o direito da opção de compra e paga R$ 100,00 pela ação que está valendo no mercado R$ 120,00.
Seu lucro será de R$ 17,00, pois compra por R$ 100,00 e paga o prêmio de R$ 3,00 e vende por R$
120,00.
Supondo que esta mesma ação tenha fechado a R$ 90,00 na data marcada. Neste caso, o titular
não exerce o direito de compra da ação, porque não vai pagar R$ 100,00 pela ação que pode ser
comprada no mercado por R$ 90,00. O titular perderá o prêmio de R$ 3,00, sendo este seu prejuízo.

Uma opção de compra somente deverá ser exercida quando o preço de mercado for superior ao
preço de exercício da opção. O titular de uma opção de compra sempre acredita que o preço da ação
irá subir, enquanto o lançador acredita que o preço cairá.

43
Gerenciamento Financeiro

Um exemplo de Opção de Compra (call)

Com base na representação gráfica acima, vamos imaginar os seguintes dados, considerando
uma opção do estilo européia, para facilitar nosso entendimento:
Preço de Exercício: R$ 50,00
Prêmio : R$ 5,00
Data de Vencimento: 120 dias

Resultado da opção:
Se o preço de mercado for menor que R$ 55,00 o titular terá perdas;
Se o preço de mercado for igual a R$ 55,00 não ocorre perda nem ganho;
Se o preço for maior que R$ 55,00, então o titular passa a ter ganhos.
Veja que com o preço acima de R$ 50,00, o titular já pode exercer a opção, reduzindo seu
prejuízo, no caso analisado o prêmio de R$ 5,00. Se o preço da opção na data de exercício estivesse
em R$ 52,00, então o titular exerceria a opção e reduziria o prejuízo para R$ 3,00.

Opção de Venda – Put


Concede ao titular o direito de vender, em data futura, um ativo-objeto por um preço
previamente estabelecido. O lançador tem a obrigação de comprar o ativo-objeto,
caso exigido pelo titular da opção.
Vamos imaginar a venda de uma ação no prazo de 90 dias por R$ 100,00 com prêmio de R$ 3,00.
Na data marcada, a ação está cotada no mercado a R$ 80,00.

Neste caso, o titular exerce o direito de venda, porque venderá por R$ 100,00 uma ação que está
cotada no mercado a R$ 80,00, obtendo um lucro de R$ 17,00.

Supondo que esta mesma ação esteja cotada a R$ 110,00, o titular deixará de exercer a opção,
porque não é interessante vender por R$ 100,00 se no mercado pode vender por R$ 110,00. Neste caso,
perde o valor do prêmio de R$ 3,00.

O titular de uma opção de venda sempre acredita que o preço de uma ação irá cair, enquanto o
lançador espera que as cotações subam de forma a não ser exercido, ganhando o prêmio.

Os agentes do mercado estão divididos em altistas e baixistas. Os altistas apresentam expectativas


de um aumento dos preços dos ativos financeiros. Os baixistas apresentam expectativas de quedas
desses preços. A divisão da sociedade nesses dois grupos é que permite que os mercados funcionem
continuamente.

44
Gerenciamento Financeiro

Exemplo de uma Opção de Venda (put)

Preço de Exercício: R$ 50,00


Prêmio : R$ 5,00
Data de Vencimento: 120 dias

Resultado da opção:
Se o preço de mercado for menor que R$ 45,00 o titular terá ganhos;
Se o preço de mercado for igual a R$ 45,00 não ocorre perda nem ganho;
Se o preço for maior que R$ 45,00, então o titular passa a ter perdas.

Supondo que na data de exercício o preço esteja em R$ 40,00. Neste caso, o titular vai exercer
a opção de venda, pois venderá por R$ 50,00 uma ação que está valendo no mercado R$ 40,00. Seu
ganho será de R$ 5,00, já descontado o valor do prêmio.A qualquer preço abaixo de R$ 45,00 o titular
passa a ter lucro.

Análise Técnica ou Grafista

Swap é um contrato de derivativo onde as partes trocam o fluxo financeiro de uma


operação, sem trocar o principal.
Existem diversos tipos de swap. Os mais comuns utilizados no mercado são:

Swap de moeda - Indicado para empresas com necessidade de recursos em uma determinada
moeda e facilidade de captar recursos em outra.

Swap de Índices - Troca de índices de correção de ativos ou passivos, como taxa pré-fixada
por taxa pós-fixada; variação cambial por CDI, etc. A principal vantagem é ajustar as contas a
pagar com as contas a receber, eliminando o risco.
Swap de taxa de juros - Operações de proteção onde são trocadas taxas de juros fixas por taxas
variáveis e vice-versa.

45
Gerenciamento Financeiro

Os swaps são acordos privados entre duas empresas para a troca futura de fluxos de caixa.
Os primeiros contratos de swap foram negociados em 1981 e a partir daquela época o mercado tem
crescido com muita rapidez.

Os swaps mais comuns são os de taxas de juros e os de moedas. Num swap de taxa de juros, uma
parte concorda em pagar à outra juros prefixados sobre um principal teórico por determinado tempo.
Em troca, recebe juros a uma taxa flutuante sobre o mesmo principal teórico e pelo mesmo período
de tempo.

Já num swap de moedas, uma parte concorda em pagar juros sobre o principal numa moeda e em
troca recebe juros sobre o principal em outra moeda.

O principal não é trocado num swap de taxas de juros. Entretanto, num swap de moedas, o
principal é trocado tanto no início quanto no fim do contrato. Para a contraparte que paga juros na
moeda estrangeira, o principal na moeda estrangeira é recebido e o principal na moeda nacional é
pago no início do contrato. No final, o principal na moeda estrangeira é pago e o principal na moeda
nacional é recebido.
Em essência, um swap é uma posição comprada num título, combinada com uma posição vendida
em outro. Na prática, os bancos funcionam como intermediários nas operações, encontrando as duas
partes interessadas na operação.
Quando os bancos realizam swaps com duas partes, se expõe ao risco de crédito. Se uma das
contrapartes ficar inadimplente, o banco deverá cumprir o contrato com a outra contraparte, bancando
o prejuízo.

Alguns exemplos do mercado de swap:

Swap Prefixado x CDI - Troca da rentabilidade prefixada pela variação do depósitos


interfinanceiros.
Swap Prefixado x Dólar - Troca da rentabilidade prefixada pela variação cambial.

Hedge
De maneira geral, todos os investidores tem medo do risco que uma operação possa trazer. Não
importa o tipo ou o volume. O fato é que, mesmo que mínimo, há sempre um risco para quem investe.
Por isso, é importante que o investidor saiba que há formas de se proteger e diminuir a possibilidade
dos riscos existentes no mercado. Uma das operações mais usadas e mais eficientes para proteção de
investimento é o hedge.

Na prática, o hedge é uma forma de proteger uma aplicação contra as oscilações do mercado.
O hedge significa menos risco para a posição do investidor, seja ela qual for. O investidor que faz um
hedge admite que está se protegendo de possíveis perdas futuras.

Em geral, as operações de hedge são realizadas na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
Vamos imaginar uma empresa que tenha dívidas em dólar, e queira se prevenir de eventual alta da moeda
norte-americana. Compra na BM&F um contrato de dólar futuro, garantindo que, em determinada
data, poderá comprar determinada quantia de dólares a determinada cotação. Se o dólar ultrapassar a
cotação fixada, a empresa estará protegida, pois terá direito a comprar a moeda a um preço mais baixo.
Operações como essa na BM&F, no entanto, têm um custo. Por isso, só são feitas por empresas ou
bancos.

Como exemplo, vamos supor que uma família vá fazer uma viagem ao exterior e faça suas compras
com cartão de crédito. Como qualquer gasto no exterior é calculado em dólar, o valor das contas será
indexado à variação da cotação dessa moeda. Para se proteger, o investidor calcula em média quanto
gastará em sua viagem e compra o mesmo valor em dólar ou aplica o dinheiro num fundo cambial
atrelado ao dólar. Ao retornar da viagem, pode vender os dólares comprados e, com o equivalente em
reais, pagar sua dívida do cartão. Assim, ele elimina o risco da variação cambial.

46
Gerenciamento Financeiro

O mercado de ações

Este Capítulo está voltado para estudo do mercado acionário. O


tema é relevante para melhor entendimento desse mercado, que deverá
crescer muito no Brasil nos próximos anos. Relevante também para
aprendizado dos alunos, visando um bom desempenho nas atividades
profissionais.

Espera-se que os alunos sejam capazes de:

Entender o funcionamento do mercado de ações.

Entender a mecânica do mercado acionário.

Conhecer o funcionamento da Bolsa de Valores.

Interpretar os diversos Índices utilizados na Bovespa.

Sumário do capítulo:

Unidade 14 - O Mercado de Ações ..................................................................... 48


Unidade 15 - Funcionamento do Mercado de Ações .......................................... 50
Unidade 16 - A dinâmica do Mercado de Ações ................................................ 51
Unidade 17 - Principais Índices da Bolsa .......................................................... 53
Unidade 18 - Operações com Ações no Mercado à Vista ................................... 54

47
Gerenciamento Financeiro

O mercado de ações

Ações são títulos de renda variável que representam a menor parcela em que se divide o capital
social de uma empresa.

É o segmento do mercado de capitais em que ocorre a compra e a


venda de ações das sociedades anônimas, e que tem como principal função
proporcionar liquidez aos títulos emitidos pelas companhias abertas. É
nesse mercado que as empresas captam recursos a um custo inferior ao do
mercado financeiro.

Para o investidor, o retorno proporcionado pelas ações é, historicamente, superior ao dos


investimentos tradicionais de renda fixa, embora apresente níveis de risco maiores.

Emitir ações pode ser comparado a entrada de novos sócios em uma empresa, visto que o acionista
não é um credor da empresa e sim uma espécie de proprietário, limitado à quantidade de ações que
possuir, com direito a participação nos resultados da empresa.

A opção de capitalização através da abertura de capital oportuniza para a empresa diversas


possibilidades interessantes, com destaque para:

Maior exposição ao mercado, com ganhos para a imagem institucional;

Necessidade de profissionalização da gestão;

Aumento da liquidez patrimonial;


Aumento da capacidade de captação de recursos.

O mercado de ações pode ser segmentado da seguinte forma:

Mercado primário – Onde ocorre a primeira colocação pública dos títulos de uma Sociedade
Anônima (S/A). Esta operação, chamada de “Underwriting”, é conduzida por Instituições especializadas,
como Bancos de Investimento, Sociedades Corretoras e Sociedades Distribuidoras.
Mercado secundário – Aqui são negociadas as ações das Sociedades Anônimas de capital
aberto adquiridas pelo público no Mercado Primário. Em geral, essas negociações são intermediadas
por Sociedades Corretoras e são realizadas dentro das Bolsas de Valores ou Mercado de Balcão
Organizado.

Os negócios realizados nas Bolsas de Valores podem ser acordados em diferentes prazos,
caracterizando-se, então, três mercados:

Mercado à Vista - É a compra ou venda, em pregão, de determinada quantidade de ações para


liquidação imediata. Os prazos para liquidação das operações à vista são estabelecidos pela Bovespa.
Atualmente, a movimentação financeira de compra e venda de ações ocorre no 3º dia útil após a data
de negociação.

Mercado a Termo – Nesta modalidade, as partes negociantes firmam um contrato de compra e


venda de ações para liquidação futura a um preço pré-fixado.

Mercado de Opções – Aqui são negociados os direitos de comprar ou vender uma determinada
quantidade de ações por um preço preestabelecido.
Aumento da capacidade de captação de recursos.

48
Gerenciamento Financeiro

Entendendo o Mercado de Ações

Ações são títulos de renda variável que oferecem resultados (ganhos


ou perdas) ao investidor, de acordo com o comportamento de seus preços de
mercado, as condições do setor em que se insere a empresa e a conjuntura
econômica nacional e internacional.

O investidor que adquire ações obtém ganhos ao receber dividendos, bonificações e direitos de
subscrição. Também pode obter ganhos pela valorização do preço das ações na Bolsa de Valores. Estes
fatores, por sua vez, dependerão do desempenho da empresa e de suas perspectivas futuras.

Todo investidor busca a otimização de três aspectos básicos: retorno, prazo e proteção, ou seja,
ao avaliar um investimento deve-se estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade
está sempre relacionada ao risco

Existem dois grandes tipos de risco no investimento em ações: Risco da Empresa Emitente e
Risco do Mercado.

O Risco da Empresa depende da sua capacidade financeira e da atratividade econômica do seu


negócio. O Risco de Mercado refere-se às variações imprevistas no comportamento do mercado,
determinadas, principalmente, por mudanças ocorridas na economia.

49
Gerenciamento Financeiro

Funcionamento do mercado de ações

Uma ação é um título de renda variável emitido por uma sociedade


anônima que representa a menor fração do capital da empresa emitente. Existem
dois tipos básicos de ações: Preferenciais (PN) e Ordinárias (ON).

Ações Preferenciais dão preferência aos acionistas no pagamento de dividendos e também em


caso de liquidação da empresa em relação às ações ordinárias. Isto significa que, no caso de falência
ou outro evento que leve a empresa a ser liquidada, os possuidores de ações preferenciais tem maiores
chances de recuperar parte de seus investimentos do que os possuidores de ações ordinárias.
Ações Ordinárias são aquelas que dão direito de voto ao acionista, algo que não ocorre no
caso das ações preferenciais. É importante ressaltar que, apesar de ser um acionista e ter direito a
voto, o possuidor de ações ordinárias não é responsável pelas dívidas da empresa. Além destas duas
categorias básicas, as empresas podem emitir outras classes de ações. Se analisarmos com cuidado as
ações listadas na Bovespa, encontraremos não somente as classes ON e PN, mas também PNA, PNB,
PNC, etc. Isto ocorre porque além da distinção básica entre ON e PN, as empresas podem diferenciar
as classes de ações de acordo com critérios de distribuição de dividendos, por exemplo.

50
Gerenciamento Financeiro

A dinâmica do mercado de ações

O mercado de ações funciona exatamente igual a uma feira livre.


Perguntamos quanto custa a mercadoria, e o vendedor responde por quanto
deseja vender. O preço do vendedor é chamado de Oferta de Venda. Se você já

Por outro lado, quando pretendemos comprar uma ação, é preciso fazer uma oferta de compra.
Caso essa seja a melhor oferta recebida no dia, podemos chamá-la de Melhor Oferta de Compra.
Havendo acordo entre comprador e vendedor, então isso significa que houve um negócio. O mesmo
acontece no mercado de ações.
Tomando uma Decisão de Investimento

Antes de tomar uma decisão de investimento, é preciso estar familiarizado com alguns conceitos
básicos, adiante comentados.

Cotação: As ações são cotadas na Bolsa em lotes unitários ou lotes predeterminados de ações,
sendo que cada empresa determina de qual forma a ação é cotada. A maioria das ações brasileiras é
cotada em lotes de cem ou de mil ações.
Último Preço: É o último preço no qual uma ação foi negociada. Este termo é utilizado durante
o funcionamento da Bolsa. A partir do momento em que a Bolsa encerra suas atividades diárias, a
última cotação do dia passa a ser referida como Fechamento, e é esta cotação que fica registrada e que
é utilizada para calcular a oscilação.
Oscilação: É a variação percentual do último preço em relação ao fechamento do dia anterior.
Supondo que o último preço da ação Beta seja R$ 110,00 e seu fechamento foi de R$ 100,00, ocorreu
uma oscilação de 10% no período.

A cada momento o mercado sabe qual é a melhor oferta de compra e a melhor oferta de venda
para todas as ações, desde que existam ofertas de compra e de venda.
Suponhamos agora que pretendemos comprar 1.000 ações da empresa Beta ao preço de R$
110,00. No momento, a melhor oferta de compra para as ações da Empresa Beta é de R$ 110,00 para
1.000 ações e a melhor oferta de venda é R$ 120,00 para 2.000 ações. Para comprar imediatamente as
ações desejadas, é necessário aumentar a oferta de compra para R$ 120,00, ou aguardar a entrada de
um possível vendedor que se disponha a vendar as ações por R$ 110,00. Caso isso não ocorra, a oferta
de compra não será atendida.
Surgindo um vendedor das ações por R$ 110,00, o negócio se concretiza na Bolsa de Valores. No
terceiro dia útil, ocorrerá a liquidação financeira da compra e venda das ações, deduzidas as despesas
de corretagem.

As despesas de corretagem nos negócios com ações é formado por uma parcela fixa somado com
uma parcela variável, de acordo com o volume financeiro negociado no dia.
A tabela abaixo mostra detalhadamente os custos com corretagem.

51
Gerenciamento Financeiro

A dinâmica do mercado de ações

Valor da Operação Taxa % Custo Fixo

Até R$ 135,05 0 R$ 2,70

De R$ 135,06 até R$ 498,61 2,0 0

De R$ 498,62 até R$ 1.514,68 1,5 R$ 2,49

De R$ 1.514,69 até R$ 3.029,37 1,0 R$ 10,06

Acima de R$ 3.029,38 0,5 R$ 25,21

Além da corretagem, a Bolsa de Valores também cobra taxa de emolumentos por conta dos
negócios de compra e venda de ações ao percentual de 0,035%.
No exemplo de compra e venda das ações da empresa Beta, o volume financeiro é de R$
110.000,00.

No 3º dia útil, será debitado na conta-corrente do comprador a importância de R$ 110.613,71


e creditado na conta do vendedor R$ 109.386,29. Observe que tanto o comprador como o vendedor
pagam a corretagem e os emolumentos.
Na venda de ações, o vendedor é responsável pelo pagamento do Imposto de Renda devido,
pelo ganho líquido auferido. A alíquota é de 15% e deve ser recolhido até o último dia útil do mês
subseqüente.

A Bovespa retêm na fonte a alíquota de 0,005%, sendo de responsabilidade do vendedor o


cálculo e pagamento da parcela restante. As operações de venda de ações de até R$ 20.000,00 dentro
do mês efetuadas por pessoas físicas são isentas do Imposto de Renda.

Os investidores podem comprar e vender as mesmas ações num mesmo dia. Esse tipo de
negociação é conhecido por day trade, que significa a conjugação de operações de compra e venda
dos mesmos ativos realizados no mesmo dia. Nestes casos, a incidência do imposto de renda é de 20%
e a retenção é de 1%, ficando igualmente por conta do investidor o recolhimento do imposto devido.

52
Gerenciamento Financeiro

Principais índices da bovespa

O Índice Bovespa (Ibovespa) é o mais importante indicador do desempenho do mercado de


ações brasileiro, pois retrata o comportamento das principais ações negociadas na BOVESPA.

O índice indica ao investidor a tendência de valorização ou desvalorização. Basta ao investidor


verificar esse índice em vez de checar todas as ações negociadas na bolsa.

Sua finalidade básica é servir como indicador médio do comportamento


do mercado. Para tanto, as ações que fazem parte do índice representam
mais de 80% do número de negócios e do volume financeiro negociados
no mercado à vista. Além disso, a ação precisa apresentar participação, em
volume, superior a 0,1% do total negociado no período e ter participado em
80% do total dos pregões.

Como as ações que fazem parte dessa carteira tem grande representatividade, podemos dizer que
se a maioria delas estiver subindo, o mercado, medido pelo Índice Bovespa, está em alta, e se estiver
caindo, está em baixa.
Periodicamente, são realizadas reavaliações para que o índice acompanhe as mudanças do
mercado e continue representando fielmente o seu comportamento. Na BOVESPA, as revisões são
feitas a cada quatro meses, com base nos dados de negociação dos doze meses anteriores, quando se
verifica se alguma ação ainda não pertencente está atendendo aos critérios de inclusão (e nesse caso
ela será incorporada à nova carteira), e se as ações incluídas nos índices continuam cumprindo esses
critérios.
Se uma ação não atende mais aos critérios necessários, ela será retirada da carteira, conforme
estabelecido na metodologia de cada índice. As vigências das carteiras dos índices da BOVESPA são:
janeiro a abril, maio a agosto, setembro a dezembro.

Além do Ibovespa, existem outras referências para serem observados na hora de decidir investir
ou não em determinadas ações.
Os índices servem para orientar os investidores através de uma carteira, atualizada periodicamente
e composta pelas ações que tiveram melhor desempenho nos últimos 12 meses.

Os índices setoriais são separados por área de atuação e servem para orientar o investidor, tanto
numa queda abrupta como numa alta elevada na bolsa. Através deles, é possível perceber de onde
veio o impacto que atingiu o Ibovespa, ou seja, qual foi o setor que puxou o índice para cima ou para
baixo.

Os índices setoriais mais utilizados no Brasil são os seguintes:

IEE – Índice Setorial de Energia Elétrica - Reúne as ações das principais empresas do setor de
energia elétrica do País.

ITEL – Índice Setorial de Telecomunicações - Abrange as principais ações do setor de


telecomunicações.

FGV-100 – Índice que mede o retorno de uma carteira teórica composta por ações de 100
empresas privadas brasileiras não financeiras, escolhidas pela Fundação Getúlio Vargas.

IBX-Índice Brasil - Mede o retorno de uma carteira teórica composta por ações de 100
empresas, selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa, tanto em número de negócios,
quanto em volume financeiro.

IGC – Índice de Governança Corporativa – Este índice mede o desempenho de uma carteira
teórica composta por ações de empresas com bons níveis de Governança Corporativa.

53
Gerenciamento Financeiro

Operações com ações no mercado à vista

São operações realizadas para liquidação imediata, mediante a transferência de títulos do


vendedor ao comprador e o correspondente pagamento.

A liquidação física se processa no 2º dia útil após a realização do


negócio em bolsa e a liquidação financeira ocorre no 3° dia útil posterior
à negociação. A Liquidação física e financeira das operações realizadas na
Bovespa é processada pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custodia
- CBLC.

A Importância da Liquidez no Mercado Acionário

O conceito teórico e prático de liquidez é a capacidade de um título ser convertido em moeda,


ou seja, quanto mais rápido e em melhores condições a ação for negociada, maior será sua liquidez. O
título de maior liquidez em uma economia é o papel-moeda, ou seja, o dinheiro, porque ele pode ser
trocado a qualquer hora, por qualquer bem que tenha seu valor correspondente.
É muito importante saber se a empresa tem boa liquidez no mercado. Dessa forma, o investidor
pode diminuir os riscos de perder dinheiro por não ter tido condições de negociar as suas ações no
momento mais adequado.

Para saber se uma empresa tem boa liquidez no mercado, é preciso observar alguns detalhes
importantes:

Conhecer a quantidade de negócios diário da empresa. Desta forma, é possível ter uma noção
de quanto foi negociado em torno dessa empresa no período. Normalmente, esta análise é feita
em um período de um mês.
Procure descobrir entre os operadores do mercado se as ações da empresa que você está
analisando estão concentrados nas mãos de poucos acionistas. Quanto mais concentradas
estiverem as ações, mais difícil será negociá-las com freqüência.

54
Gerenciamento Financeiro

Alguns cuidados quando se investe em ações

O mercado de ações requer alguns cuidados especiais para que o sonho de ver
o dinheiro aplicado nesse mercado crescer não se transforme no pesadelo de ficar
descapitalizado no dia seguinte. Para que os investidores em ações, é preciso prestar
muita atenção em alguns cuidados básicos que devem ser tomados.

Liquidez: Procure saber se as ações que estão sendo adquiridas têm boa liquidez no mercado,
ou seja, são negociadas com freqüência. Isso vai permitir uma operação de compra ou venda
mais rápida e satisfatória.
Perfil do Investidor: Conhecer o perfil do investidor é fundamental. Isso vai guiar todas as suas
ações no mercado. Os perfis são definidos a partir do risco que cada um está disposto a correr.
Existem os conservadores, sendo aqueles que preferem um rendimento menor, mas com baixo
risco; os moderados, classificados como investidor que quer realizar um ganho pouco maior
e, para isso, assume um pouco mais de risco e por último os agressivos, classificados como
ávidos por dinheiro, assumindo todos os riscos possíveis, visando aumentar os lucros.
Perfil da empresa: Procure informações sobre o perfil da empresa. Como é o seu relacionamento
com os investidores, com o mercado e como tem sido seu desempenho dentro de sua área de
atuação.

Riscos: Tenha em mente que o mercado de ações está sempre suscetível a mudanças bruscas.
Portanto, saiba que, quanto mais arriscada for a operação, mais se pode ganhar, porém, mais
se pode perder também.
Diversifique os investimentos: Uma das regras para ganhar dinheiro com investimentos
é diversificá-los. Isso diminui o risco de perder tudo de uma única vez. A diversificação é
sempre recomendada na hora de investir.

Aplique apenas o dinheiro que estiver sobrando: Nunca aplique em ações um dinheiro que já
está programado para alguma finalidade, como por exemplo, o dinheiro poupado para compra
do apartamento. Isso porque a bolsa pode cair e sua disponibilidade de recursos será reduzida
pelos prejuízos na desvalorização das ações.

Mantenha-se informado: Fique sempre atento. Ser bem informado no mercado de ações pode
ser a diferença entre o sucesso e o fracasso total. Informação nessa área vale ouro. Consulte,
converse, questione os mais experientes no mercado. Leia revistas e jornais especializados..

55

Você também pode gostar