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RUSSEL CERILIA

Estrutura de capital

Trabalho de aula 9 - da disciplina de Decisão


Financeira, curso Administração, Ciência
Social Aplicada. Universidade Federal do
Paraná.

Orientador: Rodrigo Oliveira Soares

Curitiba
2023
1 O que é estrutura de capital de uma empresa? Quais índices avaliam o grau de
alavancagem financeira nessa estrutura de capital?
A estrutura de capital de uma empresa refere-se à forma como ela financia suas
operações e projetos por meio da combinação de dívida e capital próprio. É uma decisão
financeira importante que afeta o custo de capital e o valor da empresa. A estrutura de capital
pode ser composta por diferentes proporções de dívida e capital próprio, dependendo das
necessidades e objetivos da empresa.

Existem vários índices que podem ser usados para avaliar o grau de alavancagem financeira
na estrutura de capital de uma empresa. Esses índices medem a proporção de dívida em
relação ao capital próprio e podem incluir:

1. Índice de endividamento: Calculado dividindo o total de dívidas pelo total de capital


próprio. Esse índice indica a parcela da estrutura de capital financiada por dívidas.

2. Índice de cobertura de juros: Calculado dividindo o lucro antes dos juros e impostos
(EBIT) pelos juros pagos. Esse índice mede a capacidade da empresa de pagar os
juros de sua dívida.

3. Índice de alavancagem financeira: Calculado dividindo o total de ativos pelo capital


próprio. Esse índice reflete o múltiplo pelo qual o lucro líquido pode aumentar ou
diminuir devido ao uso da dívida.

4. Índice de cobertura de dívida: Calculado dividindo o lucro antes dos juros e impostos
(EBIT) pelos pagamentos de juros e principal da dívida. Esse índice mostra a
capacidade da empresa de cumprir suas obrigações de dívida

2 Qual é o maior benefício do financiamento com capital de terceiros? Como ele afeta o
custo do capital de terceiros para a empresa?
O maior benefício do financiamento com capital de terceiros é que o custo do capital
de terceiros é geralmente inferior ao das demais fontes de financiamento. Isso ocorre porque
os credores assumem um risco menor em comparação aos fornecedores de capital próprio de
longo prazo.

Existem algumas razões para isso:


1. Prioridade de pagamento: Os credores têm uma posição mais alta na escala de
prioridade em relação aos lucros ou ativos disponíveis para pagamento. Isso significa
que, em caso de falência ou liquidação da empresa, os credores são pagos antes dos
acionistas. Essa prioridade de pagamento dá aos credores uma maior segurança em
relação à recuperação de seu investimento.

2. Pressão legal: Os credores têm uma pressão legal maior sobre a empresa para que
honre os pagamentos devidos. Eles podem recorrer a medidas legais mais fortes para
garantir o pagamento, como a execução de garantias ou ações de cobrança. Essa
capacidade de exercer pressão legal aumenta a confiança dos credores e reduz o risco
percebido.

3. Dedutibilidade fiscal: Os pagamentos de juros feitos aos credores são dedutíveis


fiscalmente para a empresa. Isso significa que a empresa pode reduzir seu lucro
tributável, o que resulta em uma redução no pagamento de impostos. Essa
dedutibilidade fiscal dos pagamentos de juros reduz substancialmente o custo do
capital de terceiros para a empresa.

3 O que são risco econômico e risco financeiro? Como cada um deles influencia as
decisões de estrutura de capital da empresa?
O risco econômico refere-se à capacidade de uma empresa cobrir seus custos
operacionais. Quanto maior for a alavancagem operacional, ou seja, o uso de custos
operacionais fixos, maior será o risco econômico. Além disso, a estabilidade da receita e dos
custos também influenciam o risco econômico. Empresas com receitas estáveis e custos
previsíveis têm menor risco econômico, enquanto aquelas com receitas e custos altamente
voláteis enfrentam maior risco econômico.

O risco econômico é uma característica inerente à empresa e não é afetado pelas


decisões de estrutura de capital. Portanto, as empresas devem levar em consideração seu nível
de risco econômico ao estabelecer sua estrutura de capital. Empresas com alto risco
econômico tendem a optar por estruturas de capital menos alavancadas, enquanto aquelas
com baixo risco econômico podem escolher estruturas de capital mais alavancadas.

Já o risco financeiro está diretamente relacionado à estrutura de capital da empresa e


refere-se à capacidade de honrar as obrigações financeiras. Quanto mais dívida e ações
preferenciais a empresa tiver em sua estrutura de capital, maior será a alavancagem financeira
e, consequentemente, o risco financeiro. A decisão sobre a estrutura de capital é influenciada
pelo risco econômico, uma vez que empresas com alto risco econômico geralmente preferem
evitar maior alavancagem financeira para mitigar o risco.

O risco total de uma empresa é a combinação dos riscos econômico e financeiro e


determina a probabilidade de falência. A relação entre o risco financeiro e o risco econômico
e o impacto combinado desses dois fatores são importantes considerações nas decisões de
estrutura de capital da empresa.

4. A Teoria da irrelevância da estrutura de capital, de Modigliani e Miller, prega a


irrelevância da estrutura de capital da empresa. Que premissas ela faz para que isto
seja verdade? Tais premissas são verificadas no mundo real? Qual a sua utilidade?
A Teoria da Irrelevância da Estrutura de Capital, proposta por Modigliani e Miller,
sugere que, em condições ideais e sob determinadas premissas, a estrutura de capital de uma
empresa é irrelevante para seu valor e custo de capital. Essa teoria foi desenvolvida em duas
proposições principais, conhecidas como MM I e MM II.

A MM I, também conhecida como a proposição da irrelevância da estrutura de


capital, afirma que, em um mercado perfeito e sem impostos, o valor de uma empresa é
determinado apenas por seus fluxos de caixa futuros e não pela maneira como ela é
financiada. Em outras palavras, a forma como a empresa escolhe obter financiamento, seja
por meio de dívida ou capital próprio, não afeta o valor total da empresa.

A MM II, conhecida como a proposição da irrelevância dos dividendos, estende a


MM I para incluir a distribuição de lucros aos acionistas. Segundo essa proposição, a política
de dividendos de uma empresa também é irrelevante para o valor da empresa.

Essas proposições são baseadas em algumas premissas-chave:

1. Mercado perfeito: A teoria assume a existência de um mercado perfeito, onde não há


custos de transação, não existem restrições de crédito e todas as informações são
perfeitamente disponíveis para todos os participantes.

2. Ausência de impostos: A teoria assume a ausência de impostos corporativos e


pessoais. Isso significa que não há efeitos fiscais associados a diferentes estruturas de
capital.
3. Ausência de custos de falência: A teoria presume que não há custos de falência ou que
esses custos são os mesmos para todas as empresas, independentemente de sua
estrutura de capital.

No entanto, na prática, essas premissas não são necessariamente verificadas no mundo


real. Existem custos de transação, restrições de crédito e impostos corporativos e pessoais que
afetam a estrutura de capital das empresas. Além disso, os custos de falência podem variar
entre empresas e afetar sua capacidade de obter financiamento.

Apesar das limitações e do fato de que a teoria da irrelevância da estrutura de capital


não reflete completamente a realidade, ela é útil como um marco teórico para entender os
princípios fundamentais por trás das decisões de financiamento das empresas. Ela destaca a
importância dos fluxos de caixa e do valor dos ativos subjacentes na determinação do valor
de uma empresa, independentemente de como ela é financiada. Além disso, a teoria fornece
uma base para comparar os efeitos das diferentes estruturas de capital em uma situação em
que as premissas são atendidas, permitindo uma análise mais aprofundada das implicações
financeiras das decisões de financiamento.

5. Como o custo do capital de terceiros, o custo do capital próprio e o custo médio


ponderado do capital (CMPC) comportam -se quando a alavancagem financeira da
empresa é maior do que zero? Onde se encontra a estrutura de capital ótima? Qual sua
relação com o valor da empresa nesse ponto?
De acordo com Gitman, quando a alavancagem financeira de uma empresa é maior do
que zero, o custo do capital de terceiros, o custo do capital próprio e o custo médio ponderado
do capital (CMPC) apresentam comportamentos específicos.

1. Custo do capital de terceiros: O custo do capital de terceiros, geralmente representado


pela taxa de juros paga sobre a dívida da empresa, tende a ser menor em comparação
com o custo do capital próprio. Isso ocorre porque os credores têm prioridade no
recebimento dos pagamentos, o que reduz o risco assumido em relação aos acionistas.

2. Custo do capital próprio: O custo do capital próprio, por sua vez, tende a aumentar à
medida que a alavancagem financeira da empresa aumenta. Isso ocorre devido ao
aumento do risco percebido pelos acionistas, uma vez que eles têm uma participação
residual nos ativos e nos fluxos de caixa da empresa e são os últimos a serem pagos
em caso de falência.
3. Custo médio ponderado do capital (CMPC): O CMPC é uma média ponderada dos
custos do capital de terceiros e do capital próprio, considerando a estrutura de capital
da empresa. Quando a alavancagem financeira é maior que zero, o CMPC tende a ser
menor do que o custo do capital próprio e maior do que o custo do capital de terceiros.
Isso ocorre porque o CMPC leva em consideração a proporção de dívida e capital
próprio na estrutura de capital da empresa.

A estrutura de capital ótima é o ponto em que o custo médio ponderado do capital


(CMPC) é mínimo. Nesse ponto, a empresa está equilibrando o uso de dívida e capital
próprio para maximizar o valor da empresa. A estrutura de capital ótima pode variar entre as
empresas, dependendo de fatores como o setor em que operam, a estabilidade dos fluxos de
caixa e a percepção de risco pelos investidores.

A relação entre a estrutura de capital ótima e o valor da empresa é que, em geral,


existe uma relação positiva entre a alavancagem financeira e o valor da empresa até o ponto
da estrutura de capital ótima. A adição de dívida na estrutura de capital pode reduzir o custo
médio ponderado do capital (CMPC) e, assim, aumentar o valor da empresa. No entanto,
além da estrutura de capital ótima, um aumento adicional na alavancagem financeira pode
levar a um aumento no custo do capital próprio e a um maior risco percebido pelos
investidores, o que pode diminuir o valor da empresa. Portanto, é importante encontrar o
equilíbrio adequado na estrutura de capital para maximizar o valor da empresa.

6. Explique o que são custos diretos e indiretos de falência (ou de dificuldades


financeiras)
Segundo Gitman, os custos diretos e indiretos de falência, também conhecidos como
custos de dificuldades financeiras, referem-se aos impactos negativos que uma empresa
enfrenta quando está em situação financeira precária ou à beira da falência. Esses custos
podem afetar a empresa e seus diversos stakeholders, incluindo credores, acionistas,
funcionários e fornecedores.

Os custos diretos de falência são os custos imediatos e visíveis associados à falência


ou dificuldades financeiras de uma empresa. Esses custos podem incluir:

1. Custos legais e de reestruturação: A empresa pode incorrer em despesas significativas


com advogados, consultores financeiros e outros profissionais para lidar com a
falência ou reestruturação de suas operações.
2. Perda de valor dos ativos: Em caso de falência, a empresa pode ter que vender seus
ativos a preços abaixo do valor de mercado, levando a perdas financeiras adicionais.

3. Pagamentos prioritários: Certos credores, como os detentores de dívida garantida, têm


prioridade no recebimento de pagamentos em relação a outros credores e acionistas.
Os custos diretos podem incluir o pagamento desses credores prioritários.

4. Encerramento de operações: Em alguns casos extremos, a empresa pode precisar


fechar suas operações, resultando na perda de empregos e na interrupção dos
negócios.

Por outro lado, os custos indiretos de falência são menos visíveis e podem se estender
além do impacto financeiro imediato. Esses custos incluem:

1. Custo de oportunidade: A empresa pode perder oportunidades de negócios lucrativos


ou de crescimento devido à sua situação financeira precária.

2. Impacto na reputação: A má situação financeira de uma empresa pode afetar


negativamente sua reputação e imagem perante clientes, fornecedores e investidores,
dificultando a obtenção de novos negócios ou financiamento no futuro.

3. Efeitos sobre as relações com fornecedores e clientes: Fornecedores podem se tornar


mais relutantes em fornecer crédito ou produtos à empresa em dificuldades
financeiras. Além disso, os clientes podem perder a confiança na capacidade da
empresa de atender às suas necessidades, levando à perda de vendas.

4. Impacto nos funcionários: A incerteza financeira pode levar a demissões, redução de


benefícios e moral baixa entre os funcionários, afetando negativamente o desempenho
e a produtividade.

Em resumo, os custos diretos e indiretos de falência representam os ônus financeiros e


não financeiros que uma empresa enfrenta quando está em dificuldades financeiras. Esses
custos podem ser significativos e podem ter um impacto duradouro na empresa, em seus
stakeholders e em sua capacidade de se recuperar e retomar o crescimento.

7. Descreva a teoria do Tradeoff;


A teoria do tradeoff, também conhecida como teoria do compromisso ou teoria do
equilíbrio, é uma abordagem na teoria da estrutura de capital que sugere que as empresas
enfrentam um tradeoff entre os benefícios e os custos associados ao uso de dívida em sua
estrutura de capital.

De acordo com essa teoria, existem vantagens e desvantagens em relação ao uso de


dívida como fonte de financiamento. As vantagens incluem:

1. Benefícios fiscais: Os juros pagos sobre a dívida podem ser dedutíveis dos impostos,
o que reduz a carga tributária da empresa. Isso pode levar a um benefício fiscal
líquido e reduzir o custo efetivo da dívida.

2. Alavancagem financeira: O uso de dívida permite que a empresa amplie seus retornos
sobre o investimento dos acionistas. Quando a taxa de retorno sobre os ativos da
empresa é maior do que o custo da dívida, a alavancagem financeira pode resultar em
um aumento no lucro líquido dos acionistas.

No entanto, existem também desvantagens associadas ao uso de dívida, que incluem:

1. Custos de falência: A dívida aumenta o risco financeiro da empresa. Se a empresa não


conseguir cumprir suas obrigações de pagamento da dívida, pode enfrentar custos
significativos relacionados à falência, como custos legais e de reestruturação.

2. Restrições financeiras: Os credores podem impor restrições e cláusulas contratuais


que limitam a flexibilidade financeira da empresa, como restrições sobre distribuição
de dividendos, investimentos ou tomada de empréstimos adicionais.

3. Custos de agência: O uso de dívida pode criar conflitos de interesse entre os acionistas
e os credores, conhecidos como custos de agência. Os acionistas podem ter incentivos
para tomar ações de maior risco para aumentar seu retorno, mesmo que isso possa
prejudicar os interesses dos credores.

Assim, a teoria do tradeoff sugere que as empresas devem buscar um equilíbrio entre
os benefícios e os custos da dívida ao determinar sua estrutura de capital ótima. A estrutura
de capital ótima é aquela que maximiza o valor da empresa levando em consideração esses
tradeoffs. Ela dependerá de fatores como a capacidade da empresa de gerar fluxos de caixa
estáveis, o risco do setor em que opera e a percepção de risco pelos investidores e credores.

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