Você está na página 1de 21

Processo de Avaliação de

Projetos de Investimento,
Custo de Capital e Análise
de Prazos
Fabio Konishi
Processo de Avaliação de
Projetos de Investimento, Custo
de Capital e Análise de Prazos

Introdução
Olá! Seja bem-vindo(a)! Neste conteúdo apresentaremos os principais conceitos
de investimento no contexto organizacional, relacionando o seu grau de risco em
relação ao retorno a como, a onde e à forma como será investido. Conheceremos
uma ferramenta simples de análise de investimento baseada em recuperar o capital.

Esses conceitos preliminares são importantes e farão com que você possa
compreender a importância da administração e da gestão financeira nas organizações.
Você verá como é possível, com uma ferramenta simples, avaliar as possibilidades em
um cenário sem muitas oscilações econômicas. Vamos em frente!

Objetivo de Aprendizagem
Neste conteúdo, nosso objetivo é que você domine os principais conceitos e técnicas
de análise de investimento, compreendendo e desenvolvendo uma visão integrada
das atividades financeiras da empresa. Assim, você será capaz de compreender e de
operacionalizar as decisões financeiras para a tomada de decisões na manutenção
da competição empresarial.

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• conhecer o processo de decisão de investimentos;
• identificar critérios de decisão de investimentos;
• identificar o custo de capital e o valor de dinheiro no tempo;
• analisar e tomar decisões sobre investimentos.

2
Processo de Avaliação de Projetos de Investimento
Avaliar um investimento não é uma tarefa fácil. Mesmo com as melhores técnicas de
análise financeira, não é possível garantir o sucesso de um projeto de investimento. Uma
empresa não pode aventurar-se e, diante de determinada situação, buscar soluções
aleatoriamente, até porque precisa estabelecer uma política de investimentos que
possa direcionar suas ações na administração dos recursos financeiros.

O processo de avaliação de investimentos se inicia com a coleta de dados


relevantes. Alguns exemplos desses dados são os seguintes: potencial de mercado;
comportamento do consumidor; preços praticados por players já existentes no
mercado; custos para produzir os produtos; e as máquinas, equipamentos e outros
imobilizados que serão necessários ao funcionamento da empresa.

Segundo Bruni e Famá (2017), um terceiro passo seria analisar os riscos. Segundo os
autores, podemos fazer isso incorporando o risco ao custo de capital.

Assim, o primeiro passo seria verificar qual seria o custo de capital, que, na prática, é
uma média ponderada do custo de capital de terceiros e do custo de capital próprio –
ou seja, do retorno ao acionista. Neste momento do curso, o risco será um componente
do custo e do capital. Posteriormente, poderemos estudar como abordar a questão de
risco dos fluxos de caixa.

Um quarto passo seria tomar a decisão – ou seja, ou aceitar ou rejeitar o projeto


analisado.

3
Análise de investimentos
Uma boa política de investimentos apoia as reais necessidades da empresa com
informações para a melhor opção, facilitando a tomada de decisão. Para ter-se uma
boa política de investimentos, é importante que o administrador financeiro tenha em
mente algumas questões.

a. Qual é o prazo de retorno do capital que investi?


b. Quanto o projeto me adiciona de valor?
c. A qual taxa o projeto me remunera?

Você deve estar pensando isto: “Por que tantas perguntas?”. Pois bem, este é um
dos diversos papéis do administrador e gestor financeiro: responder a questões
relacionadas aos assuntos financeiros da empresa, não se limitando ao cotidiano.
Sua função tem uma amplitude maior, que é a busca da melhor alternativa de
investimento, otimizando os recursos organizacionais. Isso pode ocorrer pelo
desenvolvimento de um novo produto; pela exploração de um novo mercado na
área de serviços; ou, simplesmente, pelo aumento da capacidade produtiva e de
atendimento a novos clientes.

Um aspecto de fundamental importância ao se planejar um projeto de investimento é


o prazo, que demonstra em quanto tempo o recurso investido retornará à organização
e por quanto tempo renderá frutos. Aí, temos alguns pontos importantes de análise.
O primeiro aspecto em relação ao prazo é o tempo que o recurso investido demorará
para gerar retorno, baseado no rendimento das atividades do novo projeto.

O segundo ponto é o que se define como o valor do dinheiro no tempo. Isso equivale
ao valor que o dinheiro renderia caso estivesse em alguma aplicação financeira no
período em que foi investido no projeto. Portanto, além do prazo de retorno financeiro,
é necessário verificar o custo de oportunidade – o que se deixou de ganhar com outra
aplicação do mesmo recurso. O prazo, como você pode ver, tem papel fundamental na
análise econômica de um projeto. Em todas as conceituações que você verá, o prazo
é uma das principais variáveis.

Um segundo critério de avaliação de projeto é o de valor. Busca responder à seguinte


pergunta: “Implantando esse projeto, quanto a empresa ficará mais rica?”. Essa conta
é possível a partir da comparação dos investimentos com os fluxos de caixa futuros.
Se o que eu ganhar no futuro for mais do que o que estou investindo, o projeto me
agregará valor. Mas como podemos comparar esses valores?

O último critério é a taxa. Há algumas possibilidades de taxas a serem calculadas.

4
Custo de capital

Você deve estar se perguntando o seguinte: “De onde retiraremos o dinheiro para
investir no projeto?”. Essa é uma decisão de financiamento. De qualquer forma,
precisamos ter uma ideia de quanto custará o capital, porque, sem isso, não
poderemos checar se vale a pena implementar nosso negócio.

Introdutoriamente, podemos dizer que a importância do custo de capital reside no fato


de que, quando este sobe, o valor do projeto cai; e, quando este cai, o valor do projeto
sobe. Alguns projetos que seriam inviáveis em dado momento passam a ser viáveis
quando há redução do custo de capital.

Basicamente, o capital a ser utilizado no projeto tem duas fontes: capital de terceiros
e capital próprio. O capital de terceiros é, usualmente, composto por empréstimos
bancários; e o capital próprio diz respeito aos recursos dos acionistas e/ou dos sócios
alocados na empresa.

Custo do Capital de Terceiros

Para calcular o capital de terceiros, precisamos saber a taxa cobrada pelos bancos.
Essa taxa é conhecida como taxa aparente. É aparente porque, se a empresa for
tributada pelo lucro real, terá um benefício fiscal.

A taxa efetivamente paga será menor do que a aparente, visto que a empresa pagará
menos imposto de renda. O valor economizado de imposto de renda pode ser deduzido
da despesa financeira. Em síntese, podemos calcular o custo de capital de terceiros
com a seguinte fórmula:

Kd = Ka (1–IR)

Em que:

Kd = taxa efetiva;

Ka = a taxa aparente; e

IR = alíquota do imposto de renda.

Exemplificando, se tivermos uma taxa contratual (aparente) de 22% a.a.; e se pagarmos


imposto de renda (lucro real) de 30% a.a., então nossa taxa efetiva será esta:

Kd = 22% (1–0,3) = 15,40%

5
Nesse sentido, o custo de capital de terceiros efetivo da empresa é de 22,40% (menor
do que o contratado).

Custo de Capital Próprio

Outra fonte de capital é o capital próprio. O custo do capital próprio é formado


pela expectativa de retorno de seus acionistas. Há duas formas de calcular essas
expectativas: o modelo de CAPM (Capital Asset Pricing Model) e o modelo de
Crescimento Constante de Dividendos de Gordon & Shapiro.

Lembre-se de que dividendos são as partes dos lucros das empresas distribuídas aos
acionistas proporcionalmente à parte das ações que possuem.

Imagine que determinado acionista espera receber, em função do histórico da empresa,


$ 0,75 por ação no próximo período; e que pagou pela ação $ 5,00. O acionista ainda
percebeu que os dividendos têm crescido à taxa de 3% ao ano. Assim, a expectativa do
acionista (que é o custo de capital próprio, neste exemplo) pode ser assim calculada:

Ks = 0,75/5,00 + 0,03 = 0,18 ou 18% a.a.

Assim, quando for necessário calcular o custo de capital próprio com o modelo de
Gordon, podemos usar a fórmula seguinte:

Ks = D1/Po + g

Em que:

Ks = custo do capital próprio;

D1 = dividendo a ser distribuído no ano 1; e

Po = preço de aquisição no ano zero.

O outro modelo para calcular o custo de capital é o modelo de CAPM conforme


informado anteriormente.

No mundo dos negócios e das finanças corporativas, risco é a possibilidade de


dispersão em torno de um retorno esperado (seja positiva, seja negativa) – ou seja,
corre-se o risco de ganhar mais do que se espera.

6
Os riscos dos ativos são divididos em sistemáticos e em não sistemáticos. Riscos
sistemáticos são aqueles que afetam todas as empresas de forma geral, como taxas
de juros, políticas de governo, redução do poder de compra da população etc.

Riscos não sistemáticos são aqueles próprios da empresa, como ciclos de vida
dos produtos, avanços de tecnologia, mudança de administrador, entrada de
concorrentes etc.

Na verdade, para calcular o custo de capital, nossa maior preocupação é com o risco
sistemático. Por que isso acontece? O risco não sistemático pode ser diversificável.
Compare, por exemplo, o risco da cia. aérea A de sofrer uma elevação do preço dos
combustíveis. Como podemos “neutralizar” esse risco? Comprando ações das cias.
petrolíferas, porque, se o preço dos combustíveis subir, o preço das cias. de petróleo
subirá também. Assim, sempre há oportunidade de reduzir o risco total do investidor
por meio da diversificação da carteira.

Mas, no fim, a carteira fica sem risco? Não. Fica com o risco sistemático. O risco
geral da economia. Mas como podemos medir o risco sistemático? Para fazer isso,
aplicamos uma técnica de regressão dos retornos da ação em função dos retornos
de mercado.

Assim, o Beta será um número que gravitará em torno de 1. Dizemos que, se o beta
de uma empresa for maior do que 1, esta será uma empresa mais arriscada do que o
mercado; e, se for menor do que 1, será menos arriscada do que o mercado.

Lembramos, aqui, que o mercado pode ser o retorno da bolsa como um todo,
representada, no Brasil, pelo Ibovespa, que é uma proxy do retorno do mercado.

Risco é a variação de resultados. É responsabilidade do seu administrador financeiro


avaliar o risco e o retorno de seu negócio.

O retorno é o resultado do investimento em determinado período, podendo ser


representado ou como um ganho ou como uma perda.

A taxa é o mínimo de retorno que os investidores exigem de um ativo. Quanto maior


for o risco do ativo, maior será a taxa de retorno; e menor será o preço que o investidor
estará disposto a pagar pelo ativo.

A diminuição de risco de uma carteira pode ser conseguida pela sua diversificação,
que reduz o risco único, mas não consegue reduzir o risco do mercado. Assim, é
importante saber o efeito que cada título poderá ter na carteira. Para saber qual é
a sua contribuição no risco de uma carteira diversificada, é necessário medir o seu

7
risco de mercado, o que implica avaliar a sua sensilibidade às variações do mercado.
Para isso, é utilizado o índice beta (β).

A análise de risco utiliza modelos estatísticos:

• risco absoluto – a medida do risco absoluto é o desvio-padrão dos resultados


obtidos comparados aos projetados:
desvio-padrão maior significa risco maior;
desvio-padrão menor significa risco menor;
• risco relativo – tem relação com o mercado todo e é medido pelo índice beta (β).

A relação risco/retorno parte do princípio de que não se pode esperar grandes


retornos sem entrar em um ambiente de risco. O risco é a possibilidade de perda do
retorno de investimento, caso não esteja de acordo com o esperado – por exemplo,
Tesouro Direto (Rf) × Ação da Petrobras (ERm).

Rf β
K =+ ( ERm − Rf )

Em que:

Rf = taxa livre risco;

ERm = retorno esperado de mercado; e

K = taxa.

A empresa American Airlines deseja ter uma taxa de desconto apropriada para seus
fluxos de caixa provenientes de um ativo que apresenta um beta 1,5, assumindo que
as taxas para investimentos sem risco sejam de 10% ao ano; e que o retorno esperado
de mercado seja de 16% ao ano.

Rf β
K =+ ( ERm − Rf )
K
= 0,10 + 1,5 ( 0,16 – 0,10 )

K
= 0,10 + 1,5 ( 0, 06 )

=K 0,19
= x 100% 19%

Nesse exemplo, o custo de capital é calculado a partir de uma taxa livre de risco,
somando uma medida de risco sistemático (Beta) multiplicada pelo prêmio de risco.

8
Custo Médio Ponderado de Capital

Agora que já aprendemos a calcular o custo de capital de terceiros e o custo de capital


próprio, qual é o custo total do capital da empresa? Esse custo é a média ponderada
dos custos de capital da empresa e é conhecido como Custo Médio Ponderado de
Capital (CMPC).

Imagine que temos uma empresa com o balanço apresentado a seguir; com um custo
de capital de terceiros de 15,4% (como calculamos anteriormente); e com um custo
de capital próprio de 19% (calculado acima).

Tabela 1 - Balanço da empresa X


Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
#PraCegoVer: no quadro, há o balanço da empresa X, que considera seus
ativos e seus passivos.

O custo médio ponderado de capital dessa empresa será a soma dos custos de capital
ponderados pela proporção de capital de terceiros (40%) e de capital próprio (60%).
Assim, teríamos CMPC = 0,40 × 15,4% + 0,60 * 19% = 17,56%.

Esse é o custo de capital da empresa e a taxa que utilizaremos para descapitalizar os


fluxos futuros de capital.

Dessa forma, o custo médio ponderado de capital pode ser calculado pela seguinte
fórmula:

9
CMPC = Kd × Wkt + Kp × Wp

Em que:

Kd = custo efetivo de capital de terceiros;

Wkt = peso do capital de terceiros;

Kp = custo do capital próprio; e

Wp = peso do capital próprio.

Vimos, aqui, as formas básicas de cálculos de capital de terceiros e de capital


próprio. Há outras maneiras de calcular, porque o capital pode ter outras fontes,
como emissão de ações novas (capital próprio) e emissão de obrigações (capital de
terceiros). Havendo necessidade de um aprofundamento maior, sugerimos consultar
a bibliografia especializada.

É importante registrar que a taxa interna de retorno do projeto deve ser maior do que
o custo de capital para que a implementação do projeto seja aceita.

Análise dos Prazos de Recuperação de Capitais


Investidos
Dentre os vários objetivos empresariais, a recuperação do capital investido está entre os
mais importantes. Dessa forma, é imprescindível que o administrador financeiro tenha
conhecimento de técnicas para que seja possível avaliar a viabilidade de um projeto.

10
Para Bruni e Famá (2017), o processo de avaliação de investimentos envolve,
basicamente, três etapas.

Figura 1 - Processo de avalição de investimento


Fonte: Adaptado de Bruni e Famá (2017).

É fato que o processo de avaliação de investimentos é composto de outros fatores


que influenciam o projeto e as decisões de aceitá-lo e de rejeitá-lo. Por outro lado, o
método de payback é um dos mais simples para iniciar uma primeira análise.

O payback é um indicador básico que possibilita uma análise de quanto tempo levará a
recuperação do capital investido em determinado projeto. O termo que, em português,
significa retorno, apresenta um indicador de em quanto tempo o investimento poderá
ser “pago”. Segundo Gitman (2010, p. 366), “é o tempo necessário para que a empresa
recupere o investimento inicial em um projeto, calculado a partir das entradas de caixa”.

Existem duas formas de cálculo: o payback simples e o payback descontado. Para


calcular o payback simples de um projeto de investimento, divide-se o valor do
investimento inicial pela somatória de todas as entradas de caixa (o ganho no período)
com base nos valores nominais projetados nas datas futuras:

Payback simples =

Vamos a um exemplo? A empresa Sigma Ltda. atua no ramo de utensílios domésticos de


plástico e estuda a possibilidade de ampliação de sua produção, com a expectativa de
crescimento de mercado nos próximos oito anos. Diante dessa possibilidade, solicitou
aos seus administradores um estudo de viabilidade do projeto com base no payback
simples para a aquisição de uma nova injetora no valor de R$ 600 mil. Os estudos
indicaram um retorno de caixa de R$ 200 mil por ano, sem considerar a depreciação do
equipamento e seu valor residual. O proprietário estipulou um retorno de, no máximo,

11
quatro anos para a recuperação do investimento inicial. Nessas condições, deve aceitar
ou rejeitar o projeto? Podemos resolver o problema de duas formas:

1) projetando os valores em uma planilha;

2) aplicando diretamente na fórmula.

Ano Fluxo de caixa Saldo de investimento


0 (600.000,00) (600.000,00)
1 (200.000,00) (400.000,00)
2 (200.000,00) (200.000,00)
3 (200.000,00) 0
4 (200.000,00) 200.000,00
5 (200.000,00) 400.000,00
6 (200.000,00) 600.000,00
7 (200.000,00) 800.000,00
8 (200.000,00) 1.000.000,00

Tabela 2 - Resolução do problema da empresa Sigma Ltda. para payback simples


Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Payback simples = 3 anos

Com base nos valores apresentados na tabela e no cálculo realizado com a fórmula,
concluímos que o projeto tem seu saldo de investimento igual a zero no terceiro ano.
Com base nesse resultado, o proprietário, que havia estipulado quatro anos como
limite, poderá aceitar o projeto de investimento na injetora de plástico. A partir desse
exemplo e de seus resultados, podemos chegar às seguintes conclusões.

Aceitar o projeto:

O projeto deve ser aceito se o valor do payback for menor do que o prazo máximo
estipulado de recuperação do investimento.

Aceitar ou rejeitar o projeto:

O projeto pode ser aceito se o valor do payback for igual ao prazo máximo
estipulado de recuperação do investimento.

Rejeitar o projeto:

12
O projeto deve ser rejeitado se o valor do payback for maior do que o prazo
máximo estipulado de recuperação do investimento.

Em uma situação em que o valor do investimento seja de R$ 650.000,00, considerando


os mesmos valores de entrada, temos a seguinte condição:

Payback simples = = 3,25 anos

Nessa condição, temos o seguinte:

0,25 × 12 = 3 meses

Payback simples = 3 anos e 3 meses.

Bruni e Famá (2017, p. 55) apresentam as principais vantagens de uso do método de


payback simples:

• sua aplicação é fácil e simples;


• seu resultado é de fácil interpretação: quanto menor for seu valor, menor será
o prazo necessário para a recuperação do investimento;
• pode ser visto como uma medida de risco do projeto: já que as estimativas de
retorno do projeto diminuem seu grau de certeza à medida que se distanciam
da data inicial. Quanto maior o payback simples, maior o risco associado ao
projeto, que, por sua vez, pode ser delimitado por meio da determinação do
prazo máximo tolerado;
• pode ser visto como uma medida de liquidez: por sua própria definição (pe-
ríodo necessário para a recuperação do capital investido), quanto menor o
payback simples, maior a liquidez.

13
Figura 2 - Fluxo de caixa
Fonte: Pexels (2021).
#PraCegoVer: na imagem, há folhas de papel com gráficos de barra e de linhas e uma mão segurando uma
caneta, a qual aponta para um ponto do gráfico.

Ainda para o payback simples, considerando entradas irregulares ou série mista,


temos o seguinte.

Ano Fluxo de caixa Saldo de Investimento


0 –9.000,00 –9.000,00
1 3.000,00 –6.000,00
2 4.000,00 –2.000,00
3 5.000,00 3.000,00

Tabela 3 - Exemplo de séria mista


Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
#PraCegoVer: na tabela, há um exemplo de série mista.

Neste caso, para calcular o payback simples, seriam necessários 2 anos e parte do
terceiro ano no valor de R$ 2.000,00 para investimento igual a zero:

O payback será de 2 anos (0,4 × 12 = 4,8) – ou seja, 2 anos e 5 meses aproximadamente.

14
Apesar da simplicidade na apresentação dos resultados e da facilidade nos cálculos,
o método de payback apresenta algumas limitações:

• não considera o valor do dinheiro no tempo: ao somar/subtrair fluxos de caixa


em datas diferentes, supõe-se custos de capital iguais a zero;
• não considera todos os capitais do fluxo de caixa: existiria uma tendência de
aceitação de projetos mais curtos com menor rentabilidade em detrimento de
projetos mais longos e rentáveis;
• não é uma medida de rentabilidade do investimento: mede apenas o prazo ne-
cessário para a recuperação do capital investido. (BRUNI; FAMÁ, 2017, p. 55)

Figura 3 - Controle de caixa


Fonte: Pexels (2021).
#PraCegoVer: na imgem, há uma página de um livro caixa com anotações de entrada e saída escritas à mão.

15
Agora, vamos tratar do método de payback descontado. Tal método é a recuperação
do valor a ser investido, descontando os fluxos de caixa e trazendo para o valor
presente. Nesse caso, a análise considera o custo do capital na data zero:

VP =

VP:

Valor Presente

VF:

Valor Futuro

i:

Taxa de Desconto

n:

período (meses, bimestre, anos etc.)

Por exemplo, para um valor do fluxo de caixa projetado no valor de R$ 10.000,00 no


ano 2, a uma taxa de 10% a.a. (ao ano), aplicamos os valores diretamente na fórmula:

VP = = VP = = R$ 8.264,46

Retomando o exemplo da empresa Sigma Ltda., seu proprietário solicitou um novo


estudo, agora utilizando o método de payback descontado para o mesmo valor de
R$ 600 mil, considerando um custo de capital a 10% a.a., permanecendo o tempo
limite de quatro anos para retorno do investimento.

Assim, vamos montar a tabela, incluindo a coluna Valor Presente do Fluxo de Caixa, e
efetuar os cálculos, trazendo para o presente os valores projetados.

16
Fluxo de Valor Presente
Ano Saldo de investimento
caixa do fluxo de caixa
0 (600.000,00) (600.000,00) (600.000,00)
1 (200.000,00) (181.818,18) (418.181,82)
2 (200.000,00) (165.289,26) (252.892,56)
3 (200.000,00) (150.262,96) (102.629,60)
4 (200.000,00) (136.602,69) 33.973,09
5 (200.000,00) (124.184,26) 158.157,35
6 (200.000,00) (112.894,79) 271.052,14
7 (200.000,00) (102.631,62) 373.683,76
8 (200.000,00) (93.301,48) 466.985,24

Tabela 3 - Resolução do exemplo da empresa Sigma Ltda. para payback descontado


Fonte: Elaborada pelo autor (2021).
#PraCegoVer: na imagem, há uma tabela com a resolução do exemplo da
empresa Sigma Ltda. para payback descontado.

Cálculo do Valor Presente

Ano 1

VP = = VP = = R$ 181.818,18

Ano 2

VP = = VP = = R$ 165.289,26

Ano n

VP = = VP = ...

A partir dos valores apresentados na tabela do payback descontado, efetuando os


cálculos para o VP (Valor Presente), podemos concluir que o projeto terá seu saldo igual
a zero antes do término do quarto ano, apresentado pelo resultado de R$ 33.973,09.

Portanto, mesmo utilizando o cálculo do payback descontado, o projeto poderá ser


aceito, uma vez que está dentro do limite estipulado pelo proprietário.

17
Com base nos resultados, podemos chegar às seguintes conclusões.

Aceitar o projeto:

O projeto deve ser aceito se o valor do payback for menor do que o prazo máximo
estipulado de recuperação do investimento.

Aceitar ou rejeitar o projeto:

O projeto pode ser aceito se o valor do payback for igual ao prazo máximo
estipulado de recuperação do investimento.

Rejeitar o projeto:

O projeto deve ser rejeitado se o valor do payback for maior do que o prazo
máximo estipulado de recuperação do investimento.

As vantagens dos métodos de payback simples e descontado são similares. É


considerado o valor do dinheiro no tempo – ou seja, os cálculos consideram o custo
de capital para o investimento. No exemplo citado, foi de 10% ao ano. Além disso,
as interpretações de ambos podem ser representadas como ponto de equilíbrio
contábil para o payback simples e como ponto de equilíbrio financeiro para o payback
descontado. Em relação às desvantagens, são similares às do payback simples,
mesmo considerando o custo do capital.

18
Figura 4 - Decisões de investimento
Fonte: Pexels (2021).
#PraCegoVer: na imagem, uma mulher jovem está em frente a várias pastas de arquivos, lendo para saber o
conteúdo e decidir qual das pastas pegar.

O método não pode ser considerado uma medida de rentabilidade de investimento,


pois mensura apenas o período durante o qual o capital investido retorna para a
empresa, limitando as decisões por não considerar outros fatores internos que se
apresentam para a realização do projeto. Uma alternativa é a utilização de outros
métodos de análise de investimento em conjunto com payback para uma decisão
mais sólida.

19
Conclusão
Os estudos do conteúdo apresentam os critérios básicos de avaliação de projetos, o
cálculo do custo de capital e o cálculo do prazo de retorno do projeto.

Risco

Possibilidade de perda financeira

Retorno

Resultado de um investimento

Análise de sensibilidade

Análise de cenários

Payback

Recuperação de capital

20
Referências
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. As decisões de investimentos: com aplicações na calculadora
HP12C e Excel. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

CORNETT, M. M.; ADAIR JR., T. A.; NOFSINGER, John. Finanças: o impacto do risco
sobre o que você faz. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013.

DAL ZOT, W.; CASTRO, M. L. Matemática financeira: conceitos e aplicações. Porto


Alegre: Bookman, 2015.

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson,


2010.

ROSS, S. et al. Administração Financeira. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2005.

21

Você também pode gostar