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Técnicas de Decisões
Financeiras
Análise de
Investimentos e
Custo de Capital
Técnicas de Decisões Financeiras 3
1. INTRODUÇÃO
Para o momento, vamos supor apenas que se estabeleça para a empresa uma
taxa de desconto (taxa requerida de retorno, taxa mínima de atratividade, taxa
de corte), não importando os diferentes graus de risco dos projetos. Vale dizer
que consideramos constante o complexo do risco ambiente dos negócios da
empresa.
A avaliação dos fluxos de caixa será objeto de estudo detalhado mais a frente e
partirá dos conhecimentos prévios de matemática financeira.
$ novos produtos;
$ expansão da capacidade instalada;
$ reposição de equipamentos;
$ pesquisa e desenvolvimento;
$ novos processos produtivos;
$ diversificação de atividades;
$ exploração de reservas ou recursos minerais;
$ outros relacionados à atividade principal da empresa ou a atividades
paralelas, excluindo-se os investimentos no mercado financeiro, que não são
objeto do presente estudo e são tratados eficazmente nos livros de mercado de
capitais.
Técnicas de Decisões Financeiras 6
Com isso, é necessário atenção para os conceitos que possam ter uma
interpretação contábil, como receitas e despesas. Um dos princípios contábeis
é o do regime de competência, isto é, receitas e despesas são registradas no
período em que ocorre o seu fato gerador, o que geralmente nada tem a ver
com o respectivo efeito no caixa da empresa. Na análise de projetos, quando
utilizamos os termos receitas, despesas, lucro operacional, resultado etc.,
devemos entendê-los por seus efeitos no caixa (regime de caixa) e não no
regime de competência.
Nesse momento, vale fazermos uma breve reflexão sobre os regimes de caixa
e competência para não sermos injustos com a teoria contábil. O regime de
caixa é mais frágil para a apuração de um resultado útil, pois registra o efeito
financeiro das operações econômicas realizadas por uma empresa, e, como
este efeito ocorre em períodos de tempo irregulares em relação aos eventos
geradores de lucro ou prejuízo, é pouco possível apurarem-se resultados
periódicos, baseados nos seus assentamentos, que possam retratar o
desempenho econômico de uma empresa, ou seja, que evidenciem o lucro ou
prejuízo aproximado das transações de uma entidade em certo período. Isso se
Técnicas de Decisões Financeiras 7
de que se não há lucro, não há que se pensar em tributo sobre a renda. Deve
ser utilizada em análises mais elementares ou introdutórias.
O fato é que o investidor terá que assumir o risco da sua previsão, que será a
base de toda análise de investimentos. Um argumento frequentemente
apontado por investidores quando da necessidade de se fazer projeções, é que
estas têm um caráter totalmente irreal e que é puro exercício de futurologia
tentar prever algo. Ora, se o investidor assim pensa sobre o objeto no qual
pretende investir, é bom reavaliar a sua postura de investidor, que
necessariamente assume riscos, assim como rever se realmente entende do
negócio no qual gostaria de investir. É claro que os investimentos podem não
dar certo, mas espera-se que um investidor conheça bastante o seu negócio,
seus concorrentes, os impactos que as variações econômicas poderão exercer
sobre o seu resultado, dentro outros fatores determinantes do ramo do negócio.
É certo que quanto menor o período total considerado tanto menor o valor do
projeto. Ma isso não significa que um fluxo de caixa projetado para um período
curto não possa apresentar cifras elevadas.
Este ponto guarda relação com o anterior, na medida em que estamos nos
referindo a movimentos não uniformes de preços relativos. Assim, se todos os
preços da economia (ou pelo menos aqueles que afetam a empresa mais
diretamente) se movessem com idênticos percentuais, tudo se passaria como
numa economia sem inflação. Porém, esse não é um fato da vida econômica e
isso deve ser considerado, quando da estimativa dos fluxos de caixa futuros.
Cada vez menos é possível fazer esse tipo de análise, uma vez que a
efetivação de lotes econômicos de compra pode esbarrar em problemas de
espaço físico, defasagem tecnológica, perecibilidade, mudança em critério de
parcerias para fornecimento just in time, dentre outros.
Técnicas de Decisões Financeiras 18
Mas seria impossível afirmar que os juros devem ser desconsiderados no caso
da empresa necessitar buscar um financiamento no mercado para arcar com
os seus pesados investimentos. Nesse caso, o que se sugere é que se faça
uma análise financiamentos fisicamente distinta da de investimento. Tais
análises já são por demais complexas de feitas individualmente.
7. Capital de giro
Nesse sentido, cada fluxo de caixa no tempo é descontado pelo fator 1/(1+i) t,
sendo que "i" representa a taxa requerida de retorno para aceitação de projetos
e "t" o período de ocorrência de cada fluxo específico. Naturalmente, quanto
maior "t", menor o valor atualizado de um fluxo descontado até o período inicial.
Isso demonstra que mesmo que os valores de alocação e recuperação do
Técnicas de Decisões Financeiras 20
Dados:
(-)Preço da nova máquina: $18.500
(-)Custo da instalação: $ 1.000
(-)Custo de desmontagem: $ 500
(+)Venda da máquina antiga: $ 2.000
Investimento Inicial $18.000
Aumento de vendas/ano: $ 8.100
Imposto de renda 40%
Tempo de depreciação:
-Máquina antiga: 10 anos
-Máquina nova : 5 anos
Observação: Tempos de vida útil das máquinas nova e antiga são de,
respectivamente, 5 e 10 anos. O valor residual da máquina nova (ao final dos 5
anos) é de $1.000. A máquina antiga já tem 5 anos de vida, tendo sido
adquirida por $20.000.
Técnicas de Decisões Financeiras 21
· Payback
. Payback atualizado
· Valor Presente Líquido ou Valor Atual Líquido
· Taxa Interna de Retorno
· Taxa Interna de Retorno Modificada
. Valor Atual Líquido Anualizado
Outro aspecto negativo do método tem como base a máxima de que o dinheiro
tem valor no tempo, ou seja, é necessário atentar para uma taxa de retorno
como expressão do custo de oportunidades, para que se analise a aceitação
ou a rejeição de um projeto. E isso não se faz, quando se adota o método
Payback.
Para ilustrar como seria calculado o payback em fluxos de caixa (FC) não
uniformes, vejamos os seguintes exemplos:
Técnicas de Decisões Financeiras 23
Logo, o payback do projeto A será de 4,2 fluxos (os quatro primeiros fluxos
completos mais vinte por cento do quinto fluxo de caixa).
A única novidade o payback atualizado é que ele insere no cálculo dos valores
1
dos fluxos de caixa o Fator de Valor Atual = , descapitalizando todos os
(1 + i ) n
valores nominais de fluxos e preço do momento do investimento inicial.
De qualquer forma, se se deseja utilizar o payback, que isto seja feito como
análise suplementar a outros métodos, buscando, com ele, apenas uma
abordagem superficial ao risco do negócio.
Este método se insere de fato dentre aqueles que lidam com fluxos de caixa
descontados, tomando em conta tanto o aspecto do valor do dinheiro no tempo,
como a magnitude e o "timing" dos fluxos ao longo de toda a duração do
projeto.
Podemos definir a TIR como a taxa de desconto que zera a diferença entre os
valores presentes dos fluxos de entradas e de saídas de caixa de projetos sob
análise. Enfatizando, ela será a taxa que leva a zero a equação a seguir:
n
_ FCt __ = 0
t=0 (1 + i)t
em que,
FCt : o fluxo de caixa líquido (entradas menos saídas), relativo a cada período
"t"
i : a taxa de desconto, a que denominamos TIR;
n : número de períodos considerados, ou a dimensão de vida do projeto.
Como critério de aceitação de propostas com base neste método, sua "regra de
ouro" seria verificar se: TIR ≥ Taxa requerida de retorno
Digamos que a empresa em apreço coloque uma taxa de 12% a.a. como o
mínimo aceitável para aceitação de projetos. Sendo assim, a aludida troca de
equipamentos se processaria sem problemas. Entretanto, se a exigência fosse
de 20%, haveria de se rejeitar tal iniciativa.
Dessa forma, um VPL maior do que zero implica em dizer que o projeto
possibilita um retorno superior ao caso de aplicações no mercado financeiro,
p.ex., em que se teria retorno certo de uma taxa "i". Ou, em outros termos, a
base geradora de riquezas da empresa se elevaria à par da aceitação do
projeto em questão.
Pontos de convergência
Ambos os métodos proporcionam o mesmo "sinal" de aceitação ou de rejeição,
em análises em que se avaliem propostas únicas. Com a Fig.1, podemos
visualizar a relação que se estabelece entre ambos:
VPL
($)
$11.300,00
18,33% (TIR)
Taxa de juros %
0
Nesse exemplo hipotético, temos que, a uma taxa de desconto zero, o VPL
será tão somente a diferença entre entradas e saídas ao longo da vida do
projeto. Por outro lado, à taxa de 18,33% a.a., ainda aceitaríamos o projeto,
visto que, nesse ponto, o VPL se iguala a zero. Qualquer outra taxa requerida
de retorno que se situasse entre 0 e 18,33% levaria à aceitação da proposta,
enquanto taxas superiores não encontrariam fluxo esperado de retornos que a
justificassem.
Pontos de divergência
FLUXO DE CAIXA
Ano 0 1 2 3 4
Proposta A -$23.616 $10.000 $10.000 $10.000 $10.000
Proposta B -$23.616 $0 $ 5.000 $10.000 $32.675
Projeto A Projeto B
VPL $8.083 $10.347
TIR 25% 22%
A escolha recai sobre o Projeto B, visto que ele tomou em conta o custo de
oportunidade da empresa, representado por aplicações alternativas que
poderiam lhe render até 10% a.a.
Fluxos de Caixa
Ano 0 1 TIR VPL(a 10% a.a)
Proposta X -$100 $150 50% $36,36
Proposta Y -$500 $625 25% $68,18
FC 1: $ 10.000,00
FC 2: - $ 10.000,00
Equação resultante:
− 10.000 10.000
+ − 1.600 = 0
(1 + TIR) 2
(1 + TIR)1
Pelo critério do VPL o referido projeto deve ser rejeitado (VPL de -774,00).
Entretanto, pelo critério da TIR, deverá ser aceito (TIR de 25% e TIR de 400%).
Tal fato demonstra sua inadequação para o referido caso.
Pelo exemplo que segue, pode ser demonstrada tal limitação. Observe:
200 − 150
1 + − 100 = 0
(1 + TIR ) (1 + TIR ) 2
1
Dividindo por 100 e substituindo por x, temos:
1 + TIR
Técnicas de Decisões Financeiras 29
2 x − 1,5x 2 − 1 = 0
1,5x 2 − 2 x + 1 = 0
− b b 2 − 4ac
x=
2a
2 4 − (4 1,5 1)
x=
2 1,5
2 − 2 não existem raízes reais
x= =
3
Fluxos de Caixa
Ano 0 1 2 3 4
Proposta A -$23.616 $10.000 $10.000 $10.000 $10.000
Proposta B -$23.616 $0 $ 5.000 $10.000 $32.675
Proposta A+B -$47.232 $10.000 $15.000 $20.000 $42.675
Contudo, uma vez que o VPL, apesar da natureza do seu cálculo, apresenta
valores em termos de momento zero, trabalha com unidade monetária,
considera a aplicação dos recursos gerados pelo projeto à taxa mínima de
atratividade e sempre pode ser calculado, independentemente dos valores dos
fluxos apresentados, nota-se a superioridade do VPL frente a TIR, que embora
seja mais facilmente compreendida por se tratar de taxa, supõe a reaplicação
dos fluxos do projeto à própria TIR, que pode não ser condizente com as
opções de investimentos no mercado financeiro, e pode apresentar dificuldade
no seu cálculo, como nos casos de ocorrência de TIR múltipla ou TIR
inexistente.
0 1 2 3 4 5
-18.000 5.660 5.660 5.660 5.660 6.660
1
VF
− 1 x100
n
TIRM =
II
VF ============> 38.413,19
TIR-M = ((38.413,19/18000)1/5 - 1) x 100 = 16,37% aa
Outro detalhe diz respeito à fórmula da TIR, que se refere a casos onde ocorra
o padrão usual na análise de projetos, com investimentos num período inicial,
sendo seguidos, no tempo, por fluxos de caixa líquidos.
Para nosso exemplo acima, temos que a TIR-M se iguala a 16,37%, superando
a taxa requerida de retorno de 12%. Nesse sentido, o projeto contribuirá
decisivamente para acrescer a base geradora de riquezas da empresa.
pode ser usado para escolher o melhor projeto. Seria injusto comparar projetos
com dimensões temporais diferentes através do VPL. O que seria melhor: um
projeto de 10 anos com VPL de $1.000 ou um de 4 anos com o VPL de $900?
Para resolver esse problema é que se utiliza o VALA.
O primeiro passo foi calcular o VPL de cada projeto considerando uma TRR de
10% a cada fluxo de caixa. Até esse ponto poder-se-ia imaginar que o melhor
projeto seria simplesmente o A, por apresentar maior VPL.
FVAA proj. A =
(1 + 0,1) − 1
3
= 2,4869 VALAA =
492,11
= 197,88
(1 + 0,1) 0,1
3
2,4869
FVAA proj.B =
(1 + 0,1)2 − 1 = 1,7355 VALA = 367,77 = 211,90
(1 + 0,1)2 0,1 B
1,7355
O custo de capital, ou seja, a taxa que será usada como referencial para a
tomada de decisão de investimento (TRR) e também para movimentar o
dinheiro no tempo em diversas das metodologias de avaliação, não tem fácil e
objetiva determinação do seu percentual.
Lógica geral
A lógica geral seria determinar a TRR através da simples soma entre taxa que
poderia ser obtida em alternativas de investimentos livres de risco (ou de baixo
risco) para o valor investido no projeto mais a remuneração mínima que os
investidores aceitariam para assumir o risco do investimento.
Tentativa de aproximação
Uma tentativa de aproximação poderia ser assim imaginada:
juros + dividendos
Custo de capital =
capital.de.terceiros+ capital. próprio
Ativo Passivo
Dívidas de C/P
Ativos operacionais Dívidas de L/P
Ativos fixos PL
Capital dos acionistas/proprietários
O custo de capital “i” seria, então, uma ponderação entre o custo do capital do
credor (quem empresta para a empresa) e o custo do capital do proprietário (o
que ele exige de retorno daquele investimento).
i = ponderação entre kd e ke
i = WACC (Weighted Average Cost of Capital)
kd = custo do capital do credor (debt)
ke = custo do capital do proprietário (equity)
Técnicas de Decisões Financeiras 34
Poderíamos, então, estimar o custo do capital do credor como sendo o que ele
teria em outras alternativas livres de risco (ou de baixo risco) mais o risco que
ele percebe para o capital emprestado.
juros juros
kd = ou kd = (1 − t )
capital.de.terceiros capital.de.terceiros
onde t = alíquota de IR
Exemplo:
A empresa CMD paga juros de $150.000,00 por ano sobre um empréstimo de
$1.000.000,00 e está sujeita ao imposto de renda de 25%. Qual é o seu custo
de capital de terceiros, depois do IR?
150.000
kd = (1 − 0,25) = 11,25% ao ano
1.000.000
Custo de Debêntures
Valores até o vencimento → TIR
Exemplo:
A empresa CMD emitiu debênture de 2 anos, com uma taxa de juros de 15%
ao ano, paga sobre o valor nominal de $1.000,00 ao final do período, que gera
um recebimento líquido, após despesas de lançamento e deságio de
colocação, de $950,00. Sua alíquota de IR é de 25%. Qual o custo da
debênture após o IR?
950,00
150,00 1.150,00
Dividendos
Lógica geral Ke =
Capital. Pr óprio
Onde: ke = custo do capital do proprietário
Ke = rf + β(rm – rf)
ke = custo do capital do proprietário
rf = taxa livre de risco
β = medida do risco sistemático do negócio em relação ao mercado
rm = risco de mercado; retorno esperado de uma carteira diversificada
Exemplo:
A empresa CMD tem um beta de 1,30. O retorno do mercado é de 20% e a
taxa livre de risco é de 16% ao ano. O custo da ação ordinária da CMD seria:
Vantagem:
- leva em consideração o risco do mercado
- aplicável a todas as empresas que negociam ações em bolsas
- possível (mas arriscado) fazer associações com empresas não S.A
Desvantagens:
- nem todas as empresas têm ações negociadas em bolsa
- o futuro nem sempre repete o passado
- possível baixa qualidade do modelo de regressão para o beta
- dificuldades para prever β, rm e rf futuros
Calculando β
Na HP 12C
Y Enter X Σ+
g Y,r XY 2 Yx Coeficiente de determinação : r2
0 g Y,r Coeficiente linear : α
STO 0
0 g X,r CHS
RCL 0 XY Coeficiente angular : β
Retornando ao raciocínio lógico de que o custo de capital “i” seria, então, uma
ponderação entre o custo do capital do credor e o custo do capital do
proprietário, teríamos, enfim, o custo médio ponderado de capital da
empresa:
E PL
i = k d (1 − t ) + ke
E + PL E + PL
onde: i = taxa requerida de retorno (WACC - Weighted Average Cost of
Capital)
kd = custo do capital do credor
ke = custo do capital do proprietário
t = alíquota do imposto sobre a renda
E = valor de mercado da dívida
PL = valor de mercado do capital do proprietário
E/(E+PL) = proporção do ativo financiado por dívida
PL/(E+PL) = proporção do ativo financiado pelos proprietários
Calcule o payback:
________________________________________
_________________________________________
Técnicas de Decisões Financeiras 39
__________________________________________
Calcular a TIR-M:
TIR-M= ______ %
Técnicas de Decisões Financeiras 40
1)A empresa XYZ estuda a reposição de parte de seu parque fabril e, para
isso, levantou os seguintes dados:
Equipamentos novos
• Valor: $800.000
• Vida útil: 5 anos
• Tempo de depreciação.: 2 anos
• Valor residual: $350.000
• Receitas adicionais : $580.000/ano nos 2 primeiros anos
: $620.000/ano nos 2 anos seguintes
: $440.000 no último ano
• Custos de produção : 25% das receitas, a cada ano
• Despesas com manutenção: $50.000 no 2o ano;
$80.000 no 3o ano;
$90.000 no 4o ano;
• Instalação do equipamento novo (valor a ser lançado como despesa no
período seguinte): $60.000
Equipamentos antigos
• Valor residual hoje: $180.000
• Vida útil restante: 3 anos
• Valor original dos equipamentos: $1.150.000
• Tempo restante para depreciação: 2 anos
• Idade atual dos equipamentos: 3 anos
A par destes dados, pergunta-se se vale a pena a troca do parque fabril hoje,
dada a taxa requerida de retorno de 20%, uma taxa de juros do mercado
financeiro de 22% ao ano e a alíquota do imposto de renda de 40%.
Por outro lado, os custos de produção devem representar 42% das receitas no
1o ano, 35% no 2o e 30% da receita do 3o ano para o terceiro ano e demais
anos até o final do projeto. Além disto, o novo produto deve reduzir a receita de
produtos atuais num valor equivalente a 15% das vendas anuais do produto
novo, assinaladas no parágrafo acima.
compradores até com uma certa facilidade, o que permitiria sua venda sem
maiores problemas.
Por outro lado, a frota de 13 veículos que seria substituída poderia ser utilizada
por adicionais 5 anos e alcançaria o valor de venda de $22.000 por unidade se
vendida hoje no mercado de veículos usados. Vendidos ao final de 5 anos, o
preço unitário seria de apenas $6.000. Ademais, esses veículos foram
adquiridos três anos antes por $80.000 cada e teriam mais 2 anos para
depreciação.
A nova máquina tem um preço de compra de $800 mil e uma vida útil estimada
em 5 anos, com valor residual de $100.000 ao final desse período. Espera-se
que economize energia elétrica, trabalho, custos de manutenção e peças de
reposição, num montante anual de $200.000. Ademais, a depreciação ocorrerá
de forma linear pelos mesmos 5 anos.
7)Uma empresa vem considerando a troca de uma máquina pela qual obteria
$20.000 no mercado de máquinas usadas. Ela teria adicionais 3 anos de vida
útil (e igual período de depreciação por apropriar), que se dariam sobre o valor
de livro (ou valor que falta depreciar) de $33.000. Ademais, não teria valor
residual se fosse vendida ao final desses 3 anos.
Sendo de 40% a alíquota do IR, 15% a taxa requerida de retorno e 16% a taxa
para aplicações no mercado financeiro, pergunta-se se é viável a troca de
equipamentos.
Por outro lado, a máquina antiga havia sido adquirida por $45.000 e, se
vendida hoje, alcançaria o valor de $10.000. Vendida ao final de sua útil, não
teria qualquer valor.
Sua conclusão seria a mesma para uma taxa requerida de retorno de 16%?
Técnicas de Decisões Financeiras 45
1) Calcular o custo do capital do credor, supondo que a taxa livre de risco real é
de 12% ao ano, a relação E/(E+PL) é de 40% e considerando um spread de
risco a partir das faixas constantes na tabela seguinte:
E/E+PL Risco Spread
0 AAA 0,2%
10% AA 0,7%
20% A+ 1,2%
30% A- 2,3%
40% BB 2,9%
50% B+ 3,6%
60% B- 4,7%
70% CCC 6,0%
80% CC 7,6%
90% C 10,3%
LEITURA COMPLEMENTAR
igual à diferença entre os ativos e passivos que a empresa tem hoje, que
seriam acrescidos ou ajustados pelo valor presente dos lucros futuros
acrescidos das depreciações e amortizações que não representam desembolso
de caixa, e deduzido das saídas de caixa. Nessa sistemática de avaliação da
empresa com base no fluxo de caixa, o imobilizado e o diferido não seriam
considerados nos saldos iniciais, porque a sua geração seria anualmente
considerada pelo acréscimo ao resultado da amortização do diferido e da
depreciação do imobilizado.
Os fluxos de caixa anuais assim encontrados seriam então trazidos
a valor pressente e ter-se-ia então o valor do negócio à vista. Assim, ao se
projetar o valor dos lucros futuros, estaria então sendo levado em consideração
todo o esforço de vendas e de redução de custos, a política de negócios, de
marketing, a eficiência do pessoal de vendas ou do gerente financeiro para
aplicar recursos disponíveis, ou do engenheiro de produção. O valor do fundo
de comércio seria então levado nessa consideração para gerar lucros. Eis
porque não seria pago nada de adicional por esse fundo, em virtude de o seu
benefício já estar sendo considerado. Todo esse esforço estaria então sendo
considerado como parte dos lucros futuros. Portanto, o valor do goodwill*
representado pela marca, pelo fundo de comércio, pela qualidade da gerência,
ou pela carteira de clientes, tudo isso já estaria sendo considerado como parte
do lucro futuro. Assim, neste critério de avaliação não há que se falar em valor
de mercado do imobilizado, ou em valor da patente. Tudo isto já estará refletido
nos lucros futuros projetados. Nessas condições, qualquer negócio só tem
valor se ele puder gerar resultados. De nada adianta escritório bonito ou fábrica
modelo, se isso tudo não gera lucros. Sob a ótica do investidor, nada vale
como negócio.
Um aspecto importante a se considerar também na avaliação do
fluxo de caixa é o percentual a ser adotado para se estabelecer o desconto a
ser reduzido dos lucros futuros. Para concluirmos sobre esse assunto, vamos
1
Contador, economista e administrador. Sócio da Teixeira e Associados, Diretor Técnico da Ibracon-MG
e vice-presidente da Câmara de Desenvolvimento Profissional do Conselho de Contabilidade de Minas
Gerais.
Técnicas de Decisões Financeiras 49
Gary S. Becker3
Ainda que a capacidade de empreender seja um conceito difícil de
definir, os economistas reconhecem sua importância desde a análise brilhante
do desenvolvimento econômico feita pelo grande economista austríaco Joseph
Schumpeter, na virada do século. Indivíduos com visão, dispostos a arriscar
seu próprio dinheiro e o de outros investidores em novos produtos, são o motor
que combina capital humano e físico, estimulando o crescimento econômico e
o progresso.
Um ambiente que favorece empreendimentos de sucesso tem como
característica uma “destruição criativa” permanente, nos termos do próprio
Schumpeter. Novas empresas prosperam e ajudam a economia em parte
destruindo os mercados de concorrentes estabelecidos. Entre os exemplos
podemos citar a concorrência feita aos telefones tradicionais pelo telefone
celular, o corroído mercado dos pequenos varejistas de frutas e verduras, dada
a maior eficiência dos supermercados, e o declínio acentuado do mercado de
computadores da IBM após a introdução dos PCs de rede pela Sun
Microsystems e outras empresas. Países que protegem os mercados e rendas
de empresa já existentes impedem a destruição criativa, tão essencial ao
progresso.
Embora algumas culturas encorajem a capacidade empresarial mais
do que outras, todas as culturas têm reservas de talento que vêm à tona
quando o ambiente é propício para negócios. Chineses prosperam nos
negócios na Indonésia, Malásia e Cingapura, enquanto são impedidos de
utilizar seus talentos na China comunista. O Chile descobriu reservas enormes
de capacidade empresarial após as reformas de livre mercado dos anos 80.
Regulamentação e burocracia são os principais obstáculos à
formação dos novos negócios. Entre os mais onerosos estão as licenças e
outras exigências que atrasam enormemente a aprovação oficial para novos
2
Artigo publicado originariamente na Business Week.
3
Prêmio Nobel de Economia em 1992. Professor da Universidade de Chicago e membro da Hoover
Institution.
Técnicas de Decisões Financeiras 52
BIBLIOGRAFIA
BASSO, Thomas F.. Investimento à prova de pânico. São Paulo : Makron
Books.
BUSSAB, Wilton O.; MORETTIN, Pedro A.; Estatística Básica. 4. ed. São
Paulo: Atual.
FREUND, John E.; SIMON, Gary A. Estatística Aplicada. 9.ed. Porto Alegre :
Bookman.