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COMO GERENCIAR AS

FINANÇAS DA SUA EMPRESA


Autor

Ilário Ziese

Reitor da UNIASSELVI

Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitora do EAD

Prof.ª Francieli Stano Torres

Edição Gráfica e Revisão

UNIASSELVI
COMO GERENCIAR
AS FINANÇAS DA
SUA EMPRESA

1 INTRODUÇÃO
O primeiro grande passo de um empreendedor é, sem dúvida, a abertura
de seu próprio negócio, possibilitando o início da realização de um grande
sonho. Esse sonho pode ter como base o desejo de independência do patrão,
ou quem sabe, o desejo de atingir sua independência financeira, através da
aplicação de seus esforços em prol de uma realização profissional.

Independente do motivador que leva o empreendedor a empreender,


existe uma necessidade latente de entender do mercado em que está inserido,
bem como é necessário conhecer minimamente o sistema financeiro que
fará, independente de qualquer outro resultado, o negócio girar e evoluir.

E para não cair em falácias que podem tornar seu sonho um pesadelo,
que tal conhecer um pouco mais acerca dos principais pontos que podem
levar o empreendimento ao sucesso ou ao fracasso? Dentre os inúmeros
motivos que podem levar ao fracasso, certamente a parte financeira é a de
maior relevância. Afinal, o dinheiro acaba sendo, na maior parte, um fator
determinante para que o negócio gire.

Vamos analisar, no decorrer desse estudo, a necessidade de definir


adequadamente o que é o caixa, separando-o do lucro obtido durante o
percurso, bem como avaliando o patrimônio construído e adquirido ao longo
do tempo.

A administração dos estoques como estratégia de negócio possibilita


a aplicação adequada dos recursos financeiros disponíveis. Afinal, estoque
e dinheiro parados possuem o mesmo significado. E, mais importante do
que possa parecer, devemos separar adequadamente as finanças pessoais
das finanças da empresa. Pode parecer que o dinheiro todo pertence a um
mesmo bolso, mas ao final das contas, uma gestão adequada dos recursos
pessoais e empresariais permite um melhor controle dos gastos efetuados.

Enfim, vamos aos estudos!


2 ANALISANDO E ENTENDENDO FINANÇAS
O controle das finanças pode ser a chave para o sucesso ou para a
derrocada do negócio. É preciso saber conduzir adequadamente o caixa
da empresa, identificando o momento certo de captar e aplicar recursos
financeiros.

Nesse passo, é importante saber diferenciar entre o que é lucro apontado


pela contabilidade e quais são exatamente os recursos financeiros disponíveis.
Obter lucro contábil não significa necessariamente possuir dinheiro disponível
em caixa.

2.1 ERROS COMUNS NA ADMINISTRAÇÃO DAS FINANÇAS


Quando o financeiro está bem, todo o resto fica bem. Essa máxima vale
tanto para as pessoas quanto para as empresas. Afinal, quem não quer ter
uma vida financeira saudável?

Para manter a saúde financeira, devemos ter atenção para alguns erros
que normalmente são cometidos pelas empresas e que, se tiverem a devida
atenção, podem melhorar em muito o desempenho financeiro. Vejamos
alguns pontos de atenção:

a) Controle do Fluxo de Caixa

Você pode adquirir sistemas muito bons de controle de fluxo de caixa,


ou então baixar planilhas de controle, gratuitamente, da internet, e até
mesmo criar a sua própria planilha de fluxo de caixa. Não importa como
fará o controle, jamais deixe de fazê-lo. Controlar as entradas e as saídas
de dinheiro em sua empresa é primordial para manter a saúde financeira
dela. Incluem-se no controle de fluxo de caixa as movimentações bancárias,
inclusive as de longo prazo.

b) Controle dos Estoques

Estoque parado equivale a dinheiro parado. É importante acompanhar


os estoques da empresa para saber, por exemplo, se algum item está há
muito tempo sem giro. Ainda, verificar se as quantidades adquiridas estão de
acordo com as quantidades necessárias, pois comprar em demasia pode ser
prejudicial para seu capital de giro. E sempre que identificar a necessidade,
liquide os estoques excedentes.

c) Controle da inadimplência
Lembre-se de avaliar se as vendas realizadas estão sendo recebidas. É
importante não focar apenas nas vendas, pois mais importante do que vender
é receber o seu valor. Crie seus índices de inadimplência e lembre-se de
incluir esse percentual na composição do preço de venda. Faça um rigoroso
controle sobre os clientes inadimplentes e efetue as vendas à vista, quando
possível. Ao final da conta, pode ser melhor não vender a não receber.

d) Definir o preço de venda

A venda de seus produtos e serviços é a fonte de receitas da empresa. É


por meio das vendas que terá origem o dinheiro que movimenta a atividade.
Isso quer dizer que é necessário definir o preço de venda correto para não
haver problemas financeiros. O preço de venda deve comportar todos os
gastos da empresa, incluindo os impostos e o lucro. O grande desafio é
conseguir incluir todos os valores necessários para o giro do negócio e, ao
mesmo tempo, ser competitivo no mercado.

2.2 CAIXA, LUCRO E PATRIMÔNIO


O que é caixa?

Caixa, para fins financeiros, são todos os recursos disponíveis em espécie


e que podem ser utilizados imediatamente. Desse modo, podemos dizer que
o caixa é todo o dinheiro que está disponível na empresa.

Além do caixa, existem também os recursos equivalentes ao caixa, que


é o caso das contas bancárias. Nos equivalentes de caixa, apesar de você não
ter disponível a moeda física, a disponibilidade se dá de forma eletrônica e
imediata. Então, podemos considerar como equivalentes ao caixa todos os
recursos financeiros disponíveis em contas bancárias, desde que não sejam
recursos aplicados que não permitam o resgate imediato.

O que é lucro?

O lucro é o valor resultante da apuração contábil entre o confronto de


receitas e despesas. A empresa pode apresentar dois resultados contábeis
possíveis:

• lucro: ocorre quando as receitas são maiores do que as despesas;


• prejuízo: ocorre quando as despesas são maiores do que as receitas.

Em resumo, o lucro é uma apuração contábil que demonstra o ganho


efetivo do negócio em determinado período.
É importante que o empresário entenda que o lucro contábil nem
sempre tem reflexo imediato no caixa. É possível que a empresa aufira lucro
contábil pela apuração entre receitas e despesas, sem gerar necessariamente
um fluxo positivo no caixa. Isso ocorre porque o reconhecimento contábil
da receita se dá pela venda e não pelo recebimento. Por isso, é aconselhável
muita cautela na administração e distribuição de lucros, de modo que não
inflija despesas financeiras decorrentes de sua distribuição. Ponto de atenção:
lucro contábil não é caixa.

O que é patrimônio?

Patrimônio é a soma de todos os bens, valores financeiros, direitos e


obrigações adquiridos pela empresa. É a soma de todos os valores bons e
ruins e que possam ser revertidos financeiramente em dinheiro. Portanto, o
patrimônio não é constituído apenas de coisas boas, mas sim, da composição
de tudo o que a pessoa ou empresa possui.

O patrimônio de alguém, seja empresa ou pessoa, é a composição de


tudo o que ela possui. O patrimônio não é divisível, apenas classificável.
Isso quer dizer, por exemplo, que quando alguém possui dois imóveis, esse
alguém possui um patrimônio composto por dois bens.

Quanto à classificação, podemos dizer que o patrimônio é:

• bruto: composto apenas pelas partes boas, bens e direitos;


• líquido: é o resultado da subtração entre bens, direitos e obrigações. É o
que sobra da
equação, podendo ser positivo ou negativo.

2.3 ESTOQUE É DINHEIRO PARADO


Tudo o que é produzido ou adquirido para manter em estoque acaba
não computando como valor para fins de apuração do lucro ou prejuízo
do período, visto que os estoques são um ativo da empresa e somente se
realizam no resultado quando são vendidos ou consumidos.

Seja pela compra de mercadorias ou insumos, seja pelo custo de


produção, para obter os estoques, necessariamente haverá um desembolso
financeiro. Por esse motivo, devemos estar atentos ao valor de nosso estoque.

Naturalmente, é possível utilizar o estoque como uma forma de aplicação


de recursos financeiros disponíveis. E desse modo, utilizar o estoque como
uma estratégia. O problema ocorre quando o valor de estoque está muito
alto sem que isso decorra de um planejamento.
Como todo estoque possui um custo financeiro, significa dizer que
estoque parado é igual a dinheiro parado. E quanto menos dinheiro parado,
melhor. Os recursos financeiros parados em forma de estoque poderiam ser
aplicados para outros objetivos, como aplicações financeiras ou investimento
em novas máquinas e equipamentos.

Altos volumes de estoque podem, ainda, causar outros problemas, como:

• Logística: falta de espaço para armazenar novos insumos, mercadorias e


produtos. Isso pode gerar a necessidade de locação de novos espaços ou
investimentos na construção de novas áreas para estoque. Ainda, pode
gerar a necessidade de transporte de materiais por distâncias maiores.

• Perdas: o vencimento do prazo de validade pode gerar a necessidade de


descarte de materiais. Ainda, pode gerar a necessidade de gastos com a
destinação adequada de materiais fora do prazo de validade.

O estoque que fica parado na empresa gera um custo que, muitas vezes,
não é percebido, como a necessidade de movimentação constante. Toda
vez que um estoque obsoleto precisa ser movimentado, ocorre um gasto
desnecessário. Quando um recurso é destinado para essa movimentação,
seja de máquinas ou mão de obra, esses mesmos recursos deixam de ser
utilizados em outras operações que poderiam gerar resultado efetivo.

2.4 ALCANÇANDO O EQUILÍBRIO


Entende-se que uma empresa está em equilíbrio financeiro quando
consegue equalizar receitas e despesas. O alcance do equilíbrio financeiro
não é uma tarefa das mais fáceis, apesar de ser primordial para o bom
andamento dos negócios. E para alcançar esse equilíbrio, vejamos como se
dá a aplicação dos temas abordados nesse material.

a) Separe suas contas pessoais das contas da empresa: mantenha o


controle de todos os gastos, separando os seus gastos pessoais dos gastos
necessários para a manutenção das atividades de sua empresa. Tenha contas
bancárias distintas para os recebimentos e pagamentos seus e da empresa.
Não misture as contas.

b) Planeje o crédito com sabedoria: procure efetuar seus pagamentos


utilizando-se do dinheiro mais barato disponível. Para isso, avalie as compras
a prazo e evite ao máximo utilizar o cheque especial.

c) Monte um fluxo de caixa e faça projeções: monte sua própria planilha


de fluxo de caixa, inserindo nela as aberturas detalhadas da forma que melhor
se apliquem a sua atividade e sejam mais facilmente compreendidas. Lembre-
se de que o controle de fluxo de caixa correto é aquele que se adéqua a sua
realidade. Obrigatoriamente, você deve ter um fluxo de caixa.

d) Defina seu capital de giro: defina o valor que será utilizado para seu
capital de giro. Lembre-se de que ele deve ser suficiente para a manutenção
dos seus pagamentos, sem que seja exagerado demais. Procure por fontes
de capital de giro baratas.

e) Caixa, lucro e patrimônio: lembre-se sempre que o lucro não está


diretamente ligado ao caixa da empresa. Pode ser que você obtenha lucro
contábil, mas não possua caixa disponível para distribuir esse lucro.

f) Levantando custos e despesas: saiba separar os custos do seu negócio


das despesas dele. De fato, ambos são gastos que podem ser necessários.
Avalie cada um deles com muita atenção e elimine os que são desnecessários
para sua atividade. Quanto menor forem custos e despesas, maior será o lucro.

g) Estoque é dinheiro parado: para montar seu estoque, é necessário


que haja desembolso de dinheiro. Quanto menor for o estoque, maior será
a sobra de recursos financeiros. Acompanhe seus estoques.

h) Erros comuns na saúde financeira da empresa: errar faz parte do


processo, gera experiência e amadurecimento. O erro mais comum é a falta
de controle. Acompanhe e controle tudo.

Algumas dicas que podem ajudar a encontrar o equilíbrio financeiro:

• Invista em educação financeira.


• Controle e reduza seus gastos.
• Constitua reservas de emergência – poupe.
• Faça planos de longo prazo.

Você saberá que alcançou o equilíbrio de suas contas financeiras a partir


do momento em que estiver com o total controle delas e identificar formas
de estabilizar seu capital de giro, mediante utilização dos créditos disponíveis
no mercado. E não se esqueça de que, no meio desse equilíbrio, deve ser
considerado o financeiro do empresário. Afinal, todo o esforço despendido
na manutenção do negócio deve trazer alento financeiro ao seu dono.

3 DESENVOLVENDO E APLICANDO O FLUXO FINANCEIRO


Conceitualmente, aplicar as diretrizes de controle financeiro pode
parecer bastante simples. De fato, não chega a ser um bicho de sete cabeças.
Requer sim, muita análise e dedicação. E se adotadas e aplicadas com
afinco, as práticas para a obtenção do equilíbrio financeiro trarão excelentes
resultados ao negócio.

O ponto primordial é iniciar com os controles. Caso você ainda não


tenha nenhum tipo de controle sobre o financeiro do seu negócio, analise os
pontos listados, a seguir, e procure colocar algum deles em prática. Comece
pelo que lhe parecer o mais simples. Com o tempo, verá nitidamente o antes
e o depois de possuir um controle financeiro eficaz.

3.1 SEPARE SUAS CONTAS PESSOAIS DAS CONTAS DA EMPRESA


Empresas de médio e grande porte utilizam-se de sistemas de controle
que, na maior parte do tempo, impossibilitam o pagamento de despesas que
não estejam diretamente ligadas ao CNPJ e as suas atividades. E isso é muito
bom, pois evita que sejam misturadas as contas da Pessoa Jurídica com as
contas da Pessoa Física.

Já em pequenas empresas, nas quais muitas vezes o dono é o único


funcionário e é quem administra todo o financeiro e o fluxo de pagamento das
contas, é muito mais fácil de se misturarem as contas pessoais e empresariais.
Nesse modelo de negócio, torna-se mais comum a utilização do caixa da
empresa para o pagamento de contas de água, energia elétrica, telefone e
parcela de automóvel, que são despesas do dono da empresa, ao mesmo
tempo em que o dinheiro do dono da empresa pode ser utilizado para o
pagamento de contas do negócio.

Mas afinal, por que é tão importante fazer a separação do dinheiro da


empresa do dinheiro do dono? Afinal de contas, o lucro da empresa é do dono!

Um modelo ideal de administração das finanças da empresa sugere


que seja paga uma remuneração ao dono, estipulando um salário, que pode
ser feito através do pagamento de dividendos, juros sobre capital próprio
ou mesmo através do pagamento de honorários. Desse modo, o empresário
passa a ter um caixa mensal para utilização no pagamento de suas contas
pessoais, não interferindo de outras formas no caixa do negócio.

E pagar um bom salário para si mesmo não parece ser uma tarefa difícil.
Afinal, uma das grandes vantagens de ser o dono da empresa, é de poder
definir o valor ao qual terá direito de fazer retirada. O importante, nesse caso,
é fazer um estudo detalhado para saber qual é o valor adequado ao caixa
tanto da empresa quanto do empresário, evitando, dessa forma, uma evasão
inadequada de recursos financeiros.

A separação das contas pessoais das contas do negócio é positiva,


porque permite:
• uma administração mais efetiva das finanças da empresa;
• uma administração mais efetiva das finanças do empresário;
• a identificação e o controle de gastos;
• planos de ação para redução de despesas.

Quando o pagamento das contas pessoais do empresário é feito pela


empresa, pode passar a impressão de que não há necessidade de controle
dos gastos particulares, enquanto que, em contrapartida, a empresa pode
estar passando por dificuldades financeiras.

Da mesma forma, o empresário pode sentir dificuldades financeiras


quando utiliza de seus recursos financeiros pessoais para o pagamento de
contas da empresa. Dessa forma, pode passar a falsa impressão de que o
caixa da empresa está bem, enquanto que o caixa do empresário pode estar
passando por dificuldades.

Caso as contas de empresa e empresário já estejam misturadas, tente


o seguinte:

• o primeiro passo é fazer a separação: identifique qual conta pertence à


empresa e qual conta pertence ao empresário;
• uma segunda dica é promover a separação das contas bancárias: abra uma
conta bancária para o empresário e uma conta bancária para a empresa;
• em seguida, direcione os valores adequadamente: pague as contas do
empresário com os recursos financeiros da conta bancária do empresário
e pague as contas da empresa com a conta bancária da empresa.

Mesmo parecendo um paradoxo separar o dinheiro de empresário e


empresa, essa individualização é importante para definir o direcionamento
adequado do negócio. A má condução do caixa da empresa pode ocultar
problemas que podem levar ao encerramento das atividades.

Misturar as contas da empresa às contas do empresário gera descontrole


das finanças de ambos.

3.2 MONTE UM FLUXO DE CAIXA E FAÇA PROJEÇÕES


O controle de fluxo de caixa pode ser considerado uma das ferramentas
de gestão mais importantes de um negócio.

O que é o fluxo de caixa?

O fluxo de caixa é uma ferramenta utilizada para acompanhar a situação


financeira de alguém. Pode ser utilizado tanto por Pessoas Físicas quanto
por Pessoas Jurídicas.
E para que serve o fluxo de caixa?

Através de uma ferramenta de controle de fluxo de caixa, é possível


controlar a entrada e saída de dinheiro. Por meio do controle do fluxo de
dinheiro, é possível:

• identificar necessidades futuras de recursos financeiros, o que possibilita


a obtenção desses recursos de forma planejada;
• identificar futuras sobras de recursos financeiros, o que possibilita o
planejamento de aplicações em novos investimentos, como a compra de
novos maquinários, aquisição de estoques, aplicações financeiras, entre
inúmeras outras possibilidades.

Vejamos um modelo simples de fluxo de caixa:

FIGURA 1 – PLANILHA DE FLUXO DE CAIXA


PLANILHA DE FLUXO DE CAIXA
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Dia 9 Dia 10
ENTRADAS
SAÍDAS
SALDO ANTERIOR
SALDO TOTAL
Fonte: O autor (2021).

Lembre-se de que o formato do fluxo de caixa e a abertura que será dada


ao controle dependem de sua necessidade e criatividade. Não há um modelo
melhor ou pior, mas sim, um modelo que se adéque a sua necessidade.

O intuito é controlar o fluxo do dinheiro. A rotina de acompanhamento


do fluxo de caixa irá depender do fluxo e das necessidades de quem está
controlando. O controle pode ser diário, semanal, quinzenal, mensal, ou,
ainda, em qualquer formato desejado. O importante é controlar.

Você pode fazer quantas aberturas achar necessárias, subdividindo as en-


tradas e as saídas de recursos financeiros de acordo com sua necessidade de
controle. As entradas podem estar subdivididas, por exemplo, em duplicatas a
receber de cliente e outros recebimentos. Já as saídas podem ter inúmeras sub-
divisões, como fornecedores, impostos, folha de pagamento, aluguel e outros.

Seu fluxo de caixa pode apresentar as seguintes situações:

• positivo: quando o valor de entradas supera o valor de saídas;


• equilibrado: quando o valor de entradas e saídas é igual ou muito próximo;
• negativo: quando o valor de saídas é maior que o valor de entradas.

Com uma administração efetiva do caixa, seja ele pessoal ou da empresa,


é possível projetar ações futuras, visando à obtenção de melhores resultados.
Depois de montado o fluxo de caixa, ele deve sofrer manutenções periódicas.
É importante manter os saldos atualizados.

A visualização do fluxo permite antecipar a tomada de recursos de forma


planejada. Se você identificar a necessidade de pegar dinheiro emprestado
e há tempo disponível para negociação com as instituições financeiras, há
maior possibilidade de obter taxas de juros mais benéficas. Diferente de
quando você precisa do dinheiro para ontem.

Observar o fluxo de caixa permite fazer projeções de ações futuras, por


exemplo o aumento das vendas, o direcionamento dos recursos em excesso
para aplicações financeiras e até mesmo a possibilidade de investimento em
novos negócios.

Seja você uma empresa, empresário ou cidadão comum, elabore e


mantenha seu fluxo de caixa atualizado. Essa decisão fará toda a diferença
em sua vida financeira.

3.3 DEFINA SEU CAPITAL DE GIRO


Para que o negócio mantenha um bom desempenho, é primordial
possuir um capital de giro adequado ao seu tamanho. Quanto maior for o seu
capital de giro, menos problemas de cumprimento de obrigações financeiras
surgirão.

O que é capital de giro?

De forma resumida, capital de giro é o dinheiro necessário para fazer a


empresa girar financeiramente.

É importante possuir um capital de giro saudável na empresa para evitar


a falta de recursos financeiros necessários para o pagamento de contas, como
salários, fornecedores, aluguel e outras despesas inerentes à operação. Na
prática, o capital de giro serve para o pagamento das contas, sem contar
com a entrada futura dos recursos oriundos das vendas.

A obtenção de capital de giro gera maior estabilidade no negócio,


evitando a falta de pagamento de contas em decorrência da falta de dinheiro
em caixa. Essa ferramenta, aliada ao controle de fluxo de caixa, é essencial
a qualquer negócio.

De onde buscar o capital de giro necessário?

O capital de giro pode ser denominado de acordo com a origem dos


recursos financeiros. Vejamos:
• Capital de giro próprio: quando é constituído de recursos financeiros
próprios, da própria empresa.
• Capital de giro de terceiros: quando é constituído de recursos financeiros
oriundos de terceiros, como instituições financeiras.

Quando o capital de giro possui origem em recursos próprios, então


não há preocupação maior com custos inerentes a sua manutenção. Já
quando sua origem estiver vinculada com recursos de terceiros, obtidos, por
exemplo, de instituições financeiras, então há que se considerar o custo de
captação desse dinheiro.

O ponto de atenção quanto à constituição do capital de giro está em sua


solidez. É importante ter um capital de giro que atenda às necessidades da
empresa, ao mesmo tempo que se deve observar o custo para sua constituição
e manutenção.

Independentemente de qualquer situação, é necessário constituir o


capital de giro. Sua falta impedirá o giro das atividades da empresa. Procure
sempre obter recursos com o menor custo possível para a composição do
capital de giro. Mas afinal, como calcular o capital de giro?

Há uma fórmula para fazer essa conta e chegar ao valor necessário para
que você tenha um capital de giro. Vejamos em etapas:

1º) Descubra seu prazo médio de recebimento das vendas.

Para isso, some todos os prazos de vencimento concedidos aos clientes


e calcule a média. Exemplo: venda 1, 10 dias; venda 2, 30 dias; venda 3, 20
dias. Então, some os prazos (10 + 30 + 20 = 60) e divida pelo total de vendas
efetuadas (60 / 3 = 20). Pronto, o seu prazo médio de recebimento é de 20 dias.

2º) Descubra seu prazo médio de pagamento das compras.

Para isso, some todos os prazos de vencimento de suas compras e


calcule a média. Exemplo: compra 1, 5 dias; compra 2, 10 dias; compra 3, 15
dias. Então, some os prazos (5 + 10 + 15 = 30) e divida pelo total de compras
efetuadas (30 / 3 = 10). Pronto, o seu prazo médio de pagamento é de 10 dias.

3º) Descubra qual é seu gasto médio diário.

Para isso, você deverá somar todos os custos fixos, custos variáveis e
despesas, necessários para a movimentação de sua empresa durante um mês,
incluindo valores como salários, energia, aluguel e estoques para o período.
Vamos considerar, como exemplo, que a soma de todos esses valores seja
de $ 90.000. Considerando que o mês possui 30 dias, então seu gasto diário
será de ($ 90.000 / 30) $ 3.000.
4º) Calcule o capital de giro.

Sabemos que o gasto diário é de $ 3.000. Sabemos também que o


período descoberto, correspondente entre a diferença entre o prazo médio
de recebimento das vendas (20 dias) e o prazo médio de pagamento das
compras (10 dias), é de (20 dias – 10 dias) 10 dias. Desse modo, sabemos
que precisamos de um capital de giro equivalente aos gastos de 10 dias. A
conta a ser feita é: $ 3.000 x 10 dias = $ 30.000. Pronto, nosso capital de
giro ideal é de $ 30.000.

3.4 LEVANTANDO CUSTOS E DESPESAS


Controlar os gastos da empresa é de suma importância para o bom
andamento dos negócios. Gastar demais nunca é bom.

Os gastos podem ser definidos de duas formas:

a) Custos

Conceitualmente falando, custo é todo o gasto necessário à produção,


venda ou prestação de serviço. Devemos considerar como custo todo o gasto
feito para a obtenção do seu produto final.

A exemplo, se você é uma indústria, então o seu custo estará relacionado


com os gastos inerentes à produção. Esse custo terá em sua composição
as matérias-primas, energia, mão de obra, depreciação de máquinas,
equipamentos industriais e quaisquer insumos utilizados durante o processo.

Em uma empresa comercial, os custos estarão relacionados com a


atividade de venda. Nesse caso, você terá na composição de seus custos:
energia, mão de obra, depreciação de máquinas e equipamentos comerciais,
o custo de aquisição da mercadoria e todos os demais gastos relacionados
às vendas.

Da mesma forma, na prestação de serviços, seu custo será todo o gasto


necessário para que o serviço seja prestado, incluindo a mão de obra, os
insumos utilizados no processo, deslocamento e todos os demais gastos
inerentes à prestação do serviço.

Os custos ainda podem ser classificados em diretos e indiretos. Sendo


os custos diretos todos aqueles que podem ser medidos individualmente no
produto final, ou seja, que agregam o produto final. E custos indiretos todos
os gastos que são necessários para a obtenção do produto final, mas que
não agregam a ele.
b) Despesas

Já a despesa pode ser conceituada como sendo todo o gasto necessário


à obtenção de lucro.

As despesas normalmente são classificadas como administrativas,


comerciais e financeiras. Nesses grupos são incluídos todos os gastos
efetuados para o bom funcionamento da atividade, sem que estejam ligados
ao processo de produção, venda ou prestação de serviço. São classificados
como despesa os gastos que não são necessários para a obtenção do produto
final, mas são necessários para a existência da atividade.

De forma bem resumida, os grupos de despesas absorvem os gastos


relacionados a sua área específica:

• despesas administrativas: nas quais são classificadas todas as despesas


relacionadas com a administração da empresa;
• despesas comerciais: nas quais são classificadas todas as despesas
relacionadas com a comercialização das mercadorias, produtos e serviços,
como fretes e comissões;
• despesas financeiras: nas quais são classificadas todas as despesas
relacionadas com o financeiro da empresa, como juros sobre empréstimos
e descontos concedidos.

Uma vez entendido o conceito de custo e despesa, é possível fazer


sua classificação e posterior análise. O objetivo deve ser medir, controlar e
eliminar sempre que possível.

3.5 PLANEJE O CRÉDITO COM SABEDORIA


O que é crédito?

Crédito tem a ver com crer, confiar. Ter crédito significa ter confiança.
Quando você dá crédito a alguém em alguma situação, significa que você
confia naquele alguém naquela situação. Da mesma forma, quando você
possui crédito, significa que as pessoas confiam em você.

Na área financeira, possuir crédito significa dizer que as pessoas confiam


que você irá pagar o que deve. O seu credor, que é aquele que emprestou
o dinheiro, ou efetuou a venda a prazo, crê que você cumprirá com seu
compromisso, efetuando o pagamento ou devolvendo o dinheiro emprestado.

Não há dúvida de que possuir crédito no mercado é de suma importância.


Não somente o crédito perante as instituições financeiras, mas também o
crédito junto a seus fornecedores, pois isso permite efetuar compras a prazo
e com prazos mais longos.
Para saber se sua empresa possui crédito, o mercado financeiro criou
ferramentas que possibilitam essa análise. Uma instituição de análise de
crédito muito conhecida é o Serasa, que possui um banco de dados com
informações de inúmeras empresas.

Quando é feita a análise de crédito de alguém, seja empresa ou seja de


pessoa, as instituições avaliam seu score. De acordo com o Serasa (2021c):
Score, em inglês, quer dizer pontuação. Todo consumidor pode ter o seu Score,
que é uma nota que vai de 0 a 1000, e serve para avisar ao mercado quais são as
chances de você pagar uma dívida nos próximos doze meses. Essa nota é calculada
com base na sua história de comprador, e pode variar de acordo com alguns fatores:
se você paga suas contas em dia, se está negativado, e até a maneira como você
se relaciona com as empresas.

Para que você possua crédito no mercado, alguns pontos são de extrema
importância:

• realize operações a prazo;


• possua uma conta bancária;
• pague as suas contas em dia.

Quando necessitar de crédito, é importante observar todo o contexto


envolvido na sua obtenção. Vejamos um exemplo: em uma compra a prazo,
sempre verifique o quanto de juros está embutido nessa compra. Essa
checagem é possível comparando o preço à vista com o preço a prazo. Se
o percentual de juros no preço a prazo for muito superior ao percentual de
juros que você está recebendo em uma aplicação financeira, então vale mais
a pena você pagar à vista.

Esse comparativo também pode ser feito com relação à utilização de


recursos oriundos de instituição financeira. Vejamos um exemplo: você entrou
no cheque especial, ele possibilita a obtenção imediata de crédito, e isso é
bom. O ruim é que os juros dessa modalidade são muito altos, podendo girar
em torno de 10% ao mês e o prazo para pagamento é muito curto. Nesse
caso, você poderá tentar obter um empréstimo bancário, para pagamento em
prazos mais longos, e diminuir, dessa forma, o valor da parcela. Empréstimos
bancários possuem taxas negociáveis e sem dúvida terão taxas de juros muito
inferiores ao cheque especial.

A decisão pela compra a prazo e pela obtenção de empréstimos


bancários sempre deve levar em consideração a taxa de juros envolvida.
Devemos estar atentos a isso, pois os juros pagos diminuem o lucro obtido
no final da operação.

Pequenas empresas devem ficar atentas a créditos financeiros que são


oferecidos pelo governo, com subsídio de juros. Esse tipo de crédito torna
os empréstimos mais baratos e possibilita investimentos de diversas formas
em seu negócio.
REFERÊNCIAS

SERASA. Entenda o que é crédito e como usá-lo a seu favor. 2021c.


Disponível em: https://www.serasa.com.br/ensina/seu-credito/o-que-e-
credito/. Acesso em: 8 set. 2021.

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