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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS CLAUDIO ALVES DE SOUZA e tjce.jus.br, protocolado em 23/02/2023 às 21:27 , sob o número TJCE23000627081.
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) RELATOR(A) DA 3ª CÂMARA DE DIREITO
PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
PROCESSO Nº 0239825-53.2022.8.06.0001
APELANTE(S): THUANY ALVES BEZERRA (rep. Maria dos Santos Saldanha)
APELADO(S): BANCO PAN S/A
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0239825-53.2022.8.06.0001 e código 2A954DA.
THUANY ALVES BEZERRA, atuando como representante jurídica da
Sra. MARIA DOS SANTOS SALDANHA, ambas já formalmente qualificadas nos autos,
vêm, com o devido respeito, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado e
bastante procurador, interpor AGRAVO INTERNO, com base no art. 1.021 do Código
de Processo Civil, contra a r. Decisão monocrática de fls. 303/312, impugnando-a
parcialmente, o que faz com esteio nos fundamentos que passa a expor, para, ao
final, requerer.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Fortaleza, 23 de fevereiro de 2023.
E-mail: luisclaudio.adv@outlook.com
Luis Cláudio | Advogado
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fls. 3
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AO EGRÉGIO COLEGIADO DA 3ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO,
PROCESSO Nº 0239825-53.2022.8.06.0001
PARTE AGRAVANTE: THUANY ALVES BEZERRA (rep. Maria dos Santos
Saldanha)
PARTE AGRAVADA: BANCO PAN S/A
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Ínclito Relator,
1. DA TEMPESTIVIDADE:
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2. BREVE SÍNTESE DA DECISÃO MONOCRÁTICA:
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Ocorre que o financiamento foi firmado em 48 (quarenta e oito)
parcelas iguais e sucessivas de R$ 1.035,69 (hum mil e trinta e cinco reais e sessenta
e nove centavos), valores esses que pesam demais sobre o orçamento da
Promovente. Ao consultar-se a taxa média de juros do Banco Central do Brasil para
os financiamentos dessa espécie, constatou-se que a média no período foi de 26,48%
ao ano, ao passo que a taxa do contrato foi estabelecida em 47,21%.
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gratuita e da suposta decadência do direito de impugnar o contrato – passando ao
mérito para defender os termos da cédula bancária.
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corrigindo-o para o valor total da diferença apresentada pela Promovente às fls.
79/80.
Quanto aos juros, o juiz apontou, com clareza, que a taxa de juros
contratuais está bastante acima da média divulgada pelo Banco Central, mas, por
não chegar ao seu dobro, entendeu não haver abusividade:
(Grifos nossos).
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A parte Agravante, assim, foi condenada ao pagamento das custas
processuais, bem como dos honorários de sucumbência, fixados em 10% sobre o
valor da causa, tendo sido sobrestada a cobrança por 5 (cinco) anos.
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Consequentemente, requer-se a condenação da parte Apelada ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes
majorados ao patamar de 20% (vinte por cento) sobre o proveito
econômico obtido pela Apelante.
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4. DA OMISSÃO DA DECISÃO QUANTO À REPETIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES
PAGOS A MAIS. APLICAÇÃO DO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC.
PRECEDENTES DO STJ E DO TJ-CE:
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Embora a apelação tenha sido provida em parte, o Relator deixou de
fixar a condenação da repetição dobrada, conforme o art. 42, parágrafo único, do
Código de Defesa do Consumidor, aliás, nem mesmo a questão de direito chegou
a ser tratada na Decisão monocrática, configurando-se omissão na forma dos arts.
489, inciso II, 490, e 1.022, inciso II, todos do Código de Processo Civil:
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consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva, ou seja, deve ocorrer
independentemente da natureza ou elemento volitivo” (EREsp. 1413542 RS
2013/0355826-9, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de
Julgamento: 21/10/2020, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe
30/03/2021, grifos nossos).
Isto é, não é cabível verificar se o Banco Pan S/A tinha dolo ou culpa
pela cobrança dos juros abusivos e das demais tarifas, mas, se agiu em
desconformidade com a boa-fé objetiva. A conduta de um banco, com plenas
condições de analisar o mercado financeiro e de propor taxas de juros justas, agindo
em flagrante excesso, e, valendo-se de sua hiper-suficiência contratual, é, sem
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dúvida, violadora da boa-fé.
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EM DOBRO. NOVO ENTENDIMENTO. EARESP 676.608. NÃO SE EXIGE MAIS
A COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. [...]
Da repetição do indébito: No tocante a devolução em dobro do valor
indevidamente cobrado, a Corte Especial no dia 21/10/2020 decidiu
no EAREsp 676.608, recurso repetitivo paradigma, que não mais se
exige a demonstração de má-fé, ou seja, da intenção do fornecedor de
cobrar um valor indevido, bastando que o fornecedor tenha agido de
forma contrária à boa-fé objetiva. Portanto, o novo entendimento da Corte
Cidadã, agora fixado em tese vinculante, afastou-se da necessidade de prova
da má-fé, e resta presumido que a conduta da recorrida no episódio em
análise, inexoravelmente afastou-se da boa-fé objetiva, possibilitando,
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portanto, a devolução em dobro. Sentença parcialmente reformada. Recurso
parcialmente conhecido e, nessa extensão, parcialmente provido.
(TJ-CE - AC: 01457653020188060001 CE 0145765-30.2018.8.06.0001,
Relator: FRANCISCO GOMES DE MOURA, Data de Julgamento: 14/04/2021,
2ª Câmara Direito Privado, Data de Publicação: 14/04/2021).
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Ademais, do ajuste em estudo, observo a Proposta de Adesão ao Seguro (fls.
137/141), devidamente assinada pela recorrente, demonstra que o
consumidor estava ciente da sua contratação:
[...]
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assinatura por selfie, admitida por lei, contudo, não está indicado, em nenhuma parte
da proposta de seguro, sobre sua FACULTATIVIDADE. Observa-se, ao revés, que a
Agravante fora orientada a somente enviar a “selfie” para assinar o documento sem
ao menos ter tido a oportunidade de selecionar, ou não, a “oferta” do seguro. O
serviço foi claramente IMPOSTO à Agravante:
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Trata-se da mesma fotografia, apenas um “copia e cola” feito pelo banco
para infirmar nos dois contratos. Não consta, em nenhuma parte da proposta de
seguro, a informação clara e adequada de que seria facultativo, e isso pode ser
observado pelo inteiro teor da proposta destacada às fls. 137/141.
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[...]
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação
dada pela Lei nº 12.741, de 2012).
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Em que pese o precedente destacado pelo Relator da 3ª Câmara de
Direito Privado, deve-se ressaltar que, além da Resolução CNSP ter sido violada,
vislumbra-se que em momento algum consta a informação de que a Agravante
poderia escolher ou não ter um seguro. O serviço, claramente, foi “empurrado
goela abaixo” com o financiamento do veículo.
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S/A, vez que retira a liberdade de escolha do consumidor. 4. Diante dessas
circunstâncias, conclui-se que o acórdão impugnado pelo recurso especial se
encontra, neste caso específico, em conformidade com o entendimento do STJ
exarado no regime de recurso especial repetitivo. 5. Agravo interno conhecido
e não provido.
(TJCE: Agravo Interno Cível - 0173378-25.2018.8.06.0001,
Rel.Desembargador(a) VICE PRESIDENTE TJCE, Órgão Especial, data
dojulgamento: 25/11/2021, data da publicação: 25/11/2021).
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ocasião, a 4ª Câmara de Direito Privado deu parcial provimento à apelação,
reformando-se a sentença para revisar o contrato quanto aos juros remuneratórios,
e ainda, quanto ao seguro imposto unilateralmente.
(Grifos nossos).
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que o Colegiado original apenas seguira o precedente obrigatório firmado na
Tese nº 972 dos Recursos Repetitivos do STJ.
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sub judice.
Cabe observar que o recurso de apelação foi julgado por este Colegiado,
na pessoa de seu Relator, gerando a sucumbência recursal ensejadora da
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condenação da parte vencida/Agravada ao pagamento das custas processuais, bem
como dos honorários advocatícios.
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Nesse tocante, a Decisão foi omissão em absoluto, embora a sentença
originária tenha arbitrado honorários de sucumbência em 10% (dez por cento) do
valor da causa, e ainda, na mesma sentença houve a mudança do valor da causa para
R$ 14.780,00 (quatorze mil, setecentos e oitenta reais).
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7. DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, roga-se pelo provimento total deste Agravo Interno, nos
termos supraexpostos, pugnando-se pela reforma da Decisão Monocrática
vergastada nos capítulos destacados.
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Subsidiariamente, em relação ao pedido de supressão da omissão a
respeito da repetição em dobro, roga-se pelo provimento do Agravo no sentido de
impor-se a condenação à repetição simples dos valores pagos em excesso pela parte
Agravante.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Fortaleza, 23 de fevereiro de 2023.