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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

05/04/2022

Número: 0805646-07.2020.8.10.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 4ª Câmara Cível
Órgão julgador: Gabinete Des. Marcelo Carvalho Silva
Última distribuição : 19/05/2020
Valor da causa: R$ 15.000,00
Processo referência: 0800383-34.2020.8.10.0116
Assuntos: Antecipação de Tutela / Tutela Específica, Liminar
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RICARDO HENRIQUE DE MEDEIROS (AGRAVANTE) JULIA DELIS ROCHA DA SILVEIRA (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE NOVA OLINDA DO MARANHAO IGOR MESQUITA PEREIRA (ADVOGADO)
(AGRAVADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
64338 19/05/2020 10:25 01 AGRAVO DE INSTRUMENTO_RICARDO Razões do Agravo de Instrumento Digital
66 HENRIQUE X PREFEITURA ou Digitalizada
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO – TJ/MA.

RICARDO HENRIQUE DE MEDEIROS, brasileiro, solteiro,


comerciante, portador da cédula de identidade de n° 08.707.018-1, inscrito no CPF sob o
nº 010.700.367-81, residente e domiciliado na Rua do Comércio, nº 1097, Centro, CEP:
65274-000, Nova Olinda do Maranhão - MA, por meio de sua advogada (procuração em
anexo), com endereço profissional e eletrônico indicados no rodapé desta petição, para
onde deverão ser enviadas as intimações e demais comunicações de estilo e praxe,
inconformado com a decisão proferida pelo ilustre Juiz da Vara Única da Comarca de
Santa Luzia do Paruá-MA, nos autos do Processo nº 0800383-34.2020.8.10.0116, em
que é autor, e figurando como ré PREFEITURA MUNICPAL DE NOVA OLINDA
DO MARANHÃO, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na Rua do SESP,
s/n, Centro, CEP: 65274000, Nova Olinda do Maranhão - MA, interpor o presente:

AGRAVO DE INSTRUMENTO

com fulcro nos art. 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil, pelas razões que passa a
expor.

1
Júlia Delis Rocha da Silveira, OAB/MA n° 21.562
Rua oitenta e cinco, nº 30, Edifício Phobus, 104, Vinhais, São Luís – MA, CEP 65074-310.
Email: juliadelis.adv@gmail.com / Telefone: (98)98190-0090.

Assinado eletronicamente por: JULIA DELIS ROCHA DA SILVEIRA - 19/05/2020 10:23:45 Num. 6433866 - Pág. 1
https://pje2.tjma.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20051910234542900000006199398
Número do documento: 20051910234542900000006199398
I
DA ADMISSIBILIDADE DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Para a formação do instrumento de agravo, o agravante junta cópia


dos seguintes documentos, quais sejam: a) cópia da petição inicial; b) decisão agravada; c)
procuração outorgada da advogada do agravante; d) documento oficial que demonstra a
tempestividade do presente recurso e) expedição de comunicação eletrônica f) cópia
integral dos autos; quanto à contestação, bem como em relação à procuração outorgada ao
advogado da parte agravada deixa-se de juntar ao presente haja vista que estes ainda não
foram apresentados aos autos do processo.
A patrona da agravante declara que são autênticas todas as
cópias que instruem o presente recurso.
Quanto à tempestividade do presente agravo, informa-se que este
recurso se encontra dentro do prazo legal, haja vista que o sistema registrou ciência da
decisão no dia 04/05/2020, e, tendo em vista o prazo de 15 dias úteis, o último dia para
apresentação do presente recurso seria dia 25/05/2020. Logo, patente a tempestividade do
presente recurso.
E ainda, deixa-se de juntar as custas em virtude do benefício da
gratuidade da justiça já ter sido concedido ao agravante pelo juízo a quo, no autos do
processo nº 0800383-34.2020.8.10.0116.
Informa-se neste momento que a advogada do agravante é Júlia
Delis Rocha da Silveira, OAB/MA 21.562, com endereço completo indicado no rodapé
deste documento.

II
RESUMO DA LIDE

Em síntese, o agravante ajuizou ação contra a agravada em razão da


elaboração de vídeos pelos funcionários desta, cujo conteúdo atingiu diretamente os
direitos quanto à imagem, à honra e a dignidade do agravante, sendo a situação realizada
em dado momento em que estes se encontravam à disposição de sua empregadora, ora a
agravada, inclusive dentro das instalações de um galpão pertencente a esta.
Ressalta-se que além da elaboração dos vídeos, houve, por conseguinte, a
disseminação destes através do aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e
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Júlia Delis Rocha da Silveira, OAB/MA n° 21.562
Rua oitenta e cinco, nº 30, Edifício Phobus, 104, Vinhais, São Luís – MA, CEP 65074-310.
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Número do documento: 20051910234542900000006199398
chamadas de voz para smartphones, Whatsapp. E, diante do fato do agravante encontrar-se
envolvido na política local, o que o faz uma pessoa conhecida e notadamente pública
dentro da cidade, até mesmo em razão de seus ideais e posicionamento político, este teve
enormes prejuízos de cunho moral, haja vista ter sua imagem, bem como a sua honra
maculadas pelas ofensas e maldizeres contidos nos vídeos.
Assim, requereu tutela provisória de urgência de natureza antecipada,
para que fosse determinado que os funcionários da agravada fossem compelidos a não
elaborarem, tampouco divulgarem qualquer vídeo, imagem, mensagem, ou, ainda, áudio
que possua qualquer relação com o agravante, a fim de se preservar a sua imagem, honra,
moral e dignidade.
Em sede de decisão interlocutória, o Douto Juiz a quo determinou no
seguinte sentido:
“Não demonstrado o requisito da probabilidade do direito, desnecessário
se faz perquirir acerca da urgência.
DESTA FEITA, INDEFIRO A MEDIDA DE URGÊNCIA
PLEITEADA, POR NÃO TEREM SIDO DEMONSTRADOS OS
REQUISITOS LEGAIS. Defiro o pedido de gratuidade da justiça, nos termos
dos arts. 98 e ss. do NCPC. [...] “

Assim sendo, diante da não concessão do pedido liminar, em razão do


descontentamento no que tange a não determinação de impedimento dos funcionários da
agravada de elaborarem e divulgarem qualquer vídeo, imagem, ou, ainda áudio que possua
qualquer relação ao agravante para que este tivesse menos prejuízos quanto a imagem,
honra e dignidade - senão os que já sofrera em decorrência daqueles já postados e
divulgados -, enquanto dura o processo, se interpõe o presente recurso, pelos fundamentos
que seguem.

III
RAZÕES RECURSAIS

3.1 Da existência de pressupostos para a concessão da liminar; Da violação aos


direitos de imagem e honra.

Na decisão agravada, o Douto magistrado a quo afirmou não ter


vislumbrado os requisitos necessários para a concessão da tutela de urgência, sob o
fundamento de que as provas acostadas aos autos por ora eram frágeis e insuficientes para

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comprovarem a probabilidade do direito, bem como que há a ausência de requisitos
mínimos de que os funcionários da requerida agiram no exercício e em razão de suas
funções.
Ou seja, o Juízo decidiu pela não concessão da liminar ao agravante, cujo
pedido consistia na preservação de sua imagem, honra e dignidade já violada pela conduta
dos funcionários da parte agravada, sob fundamento raso de que não avistava correlação ou
razão para tal pelo não preenchimento dos requisitos necessários para sua concessão.
Entretanto, Nobres Julgadores, o que se verifica é que o douto magistrado deixou de
apreciar a própria argumentação trazida por este agravante no ato de seu pedido quanto à
liminar, bem como as próprias provas que apresentam de maneira patente a violação
quanto aos direitos de imagem deste.
Ocorre que, como bem sabido, o art. 300 do Código de Processo Civil
estabelece que sobrevirá a concessão da tutela de urgência quando houver elementos
visíveis quanto à probabilidade do direito e o perigo de dano, e no presente caso, tais
requisitos encontram-se perfeitamente presentes.
Ora, a probabilidade do direito restou caracterizada diante da
demonstração inequívoca de que o agravante fora vítima de palavras ultrajantes e
máculas à sua imagem, dignidade e honra perpetrados pelos funcionários da
agravada em dado momento em que se encontravam à disposição desta, inclusive
nas suas instalações, tendo sido exposto tal fato mediante as provas acostadas nos
autos.
O que se verifica, Nobres Julgadores, é que o Douto Juízo se atentou
muito mais a avaliar uma questão atinente ao mérito, já que menciona que não houve
demonstração suficiente de que os funcionários agiram no exercício e em razão de suas
funções, do que realmente avaliar o resguardo do direito pleiteado quanto à imagem, honra
e dignidade do agravante.
Pois bem, é nesse sentido que se pontua que a probabilidade do direito,
ainda que levado em consideração também seus sinônimos, quais sejam a plausibilidade
e/ou verossimilhança, na medida em que tais termos convergem em uma mesma função:
identificar o provável, é necessário, para que haja a aferição de sua existência, a análise de
um duplo aspecto: a probabilidade fática e probabilidade jurídica.
Sob esta ótica, os fatos restam evidentes, haja vista que conforme a
argumentação apresentada pela inicial, bem como as provas que a consubstancia,
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demonstra que, de fato, os vídeos elaborados pelos funcionários da ora agravada, possuem
como conteúdo palavras pejorativas, insultuosas vinculadas ao agravante, que afrontam
evidentemente a sua imagem, ultrajando-o e criando máculas em seus direitos de
personalidade.
Por conseguinte, acerca da análise da probabilidade jurídica, a própria
Constituição em seu art. 5.º, inciso X tratou de proteger os direitos da mesma natureza
destes pertencentes ao agravante que foram violados, Nobres Julgadores, posto que este
arcabouço legal assegura que: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas. E, nesse interim, é que se pontua a necessidade de se resguardar o
direito do agravante que já fora transgredido pelos funcionários da parte agravada, que
enquanto parte legítima, responde em nome destes.
Nota-se que, fechar os olhos para tais fatos, é o mesmo que ir
contra o direito proposto àquele que sofre prejuízo, já que a honra enquanto
conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, o respeito dos
concidadãos, o bom nome, a reputação, bem como o direito à inviolabilidade da
imagem constituem direito fundamental e devem ser resguardadas ao indivíduo
essas qualidades, de modo que qualquer óbice a manutenção destes há de ser
necessário a adoção de mecanismos que visem a sua proteção.
O que se pretende, neste momento, não é questionar, tampouco
discutir qualquer questão de mérito, mas sim requerer o direito que socorre o
agravante.
Desta feita, não há suposição, tampouco considera-se insuficiente ou
ausente a consistência do direito pleiteado, como aponta o juízo a quo, mas para além de
inequívoco, é coerente o pedido feito quanto a abstenção do funcionários da agravada de
realizarem qualquer ato, seja através da elaboração ou divulgação de vídeo, imagem,
mensagem, ou ainda áudio que possuam qualquer relação com o requerente, até mesmo
porque, dentro dos ditames legais, é legítimo o pedido para que se possa atender o
agravante quanto aos danos sofridos, a fim de evitar outros ainda que possam causar mais
lesão aos direitos já atingidos pelos atos que fundamentaram a própria demanda, conforme
supramencionado.
Vejam, Nobres Julgadores, que não soa como irracional, como dá a
entender a argumentação levantada pelo juízo a quo, ao contrário, é totalmente oportuno o
pleito quanto à liminar pelo agravante.
5
Júlia Delis Rocha da Silveira, OAB/MA n° 21.562
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Logo, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça não tem sido
outro senão dar guarida ao direito à honra, imagem e à dignidade, vejamos:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.368.331 - DF


(2018/0246247-7) RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL
GALLOTTI AGRAVANTE : PAULO ROBERTO VIANA GENTIL
ADVOGADO : RODOLFO FREITAS RODRIGUES ALVES -
DF015555 AGRAVADO : RENATA FONSECA DA COSTA
ADVOGADO : RAQUEL FONSECA DA COSTA - DF023480
DECISÃO Trata-se de agravo interposto contra decisão que negou
seguimento ao recurso especial, impugnando acórdão assim ementado:
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DIVULGAÇÃO DE
FOTOS NA INTERNET. LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
EXTRAPOLAÇÃO IMAGEM. DIGNIDADE. INTIMIDADE.
PRIVACIDADE. DIREITOS VIOLADOS. DANO MORAL.
CONFIGURAÇÃO. VALOR DA INDENIZAÇÃO.
RAZOABILIDADE. MANUTENÇÃO. SENTENÇA MANTIDA 1 -
A divulgação na internet, para conhecidos e desconhecidos, de
imagens e comentários, maculando a honra pessoal e a imagem
profissional da vítima em ofensiva publicação, a extrapolar o
direito de liberdade de expressão, enseja a reparação por dano
moral, já que configura violação aos direitos da personalidade
(imagem, dignidade e intimidade). 2 – [...] Evidenciou-se, assim,
ofensa à personalidade da Apelada, porquanto se veiculou
publicamente em redes sociais conteúdos ofensivos à sua honra e
sua imagem, advindos de comentários ofensivos à reputação da
Autora, insultando os treinos por ela orientados e comparando-os à
imagem de animal defecando. Extrapolou assim, em demasia, ao que
se teria por crítica meramente técnica. O direito à liberdade de
expressão do Apelante não é absoluto, como todos os outros
direitos fundamentais, devendo a desproporcional e inequívoca
ofensa à imagem, à dignidade e à intimidade da Recorrida ensejar
a devida reparação a título de danos morais. (...). Por tais razões,
entendo que o Apelado veiculou conteúdo ofensivo, que
extrapolou a normalidade. [...] 3. Intimidade, na definição da
doutrina, diz respeito ao poder concedido à pessoa sobre o
conjunto de atividades que formam seu círculo íntimo, pessoal,
poder que lhe permite excluir os estranhos de intrometer-se na
vida particular e dar-lhe uma publicidade que o interessado não
deseja. 4. Devem ser considerados como pertencentes à vida privada da
pessoa não só os fatos da vida íntima, como todos aqueles em que não
haja o interesse da sociedade de que faz parte. 5. A revelação de fatos da
vida íntima da pessoa, consubstanciada na divulgação, pela internet, de
fotografias no momento em que praticava atos de cunho sexual, em local
reservado e não acessível ao público em geral, assim como nos juízos de
valor e na difamação que se seguiram às publicações, são capazes de
causar à vítima transtornos imensuráveis, injustificáveis, a merecer
reprimenda adequada. (REsp 1445240/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 10/10/2017, DJe
22/11/2017.) [...]
(STJ - AREsp: 1368331 DF 2018/0246247-7, Relator: Ministra MARIA
ISABEL GALLOTTI, Data de Publicação: DJ 12/11/2018)
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No mesmo contexto, veja a manutenção da jurisprudência, sendo esta
pacífica em seu entendimento:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. RETRANSMISSÃO DE E-MAIL COM OFENSAS À
HONRA, MORAL E IMAGEM DO AUTOR. DANO A DIREITOS
PERSONALÍSSIMOS. DANO MORAL IN RE IPSA. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. REDUÇÃO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA.
HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO COMPROVADA POR PROVAS
CONTUNDENTES. I- Mensagens enviadas, encaminhadas ou
retransmitidas pelo apelante, pelos meios de comunicação
eletrônica (e-mail), e que contém expressões injuriosas ao apelado,
viola a honra do mesmo e assegura o direito de indenização pelo
dano moral causado (art. 5º, X, da CF). II- Ainda que desconhecida a
autoria do conteúdo do e-mail injurioso, responde o réu por culpa no
evento por ter retransmitido-o, contribuindo para a divulgação do seu
teor, mesmo diante da incerteza quanto a veracidade dos fatos
divulgados. III- O dano moral resultante de ofensa a direitos
personalíssimos é in re ipsa, presumido, portanto, decorrente do próprio
fato em si, independentemente da demonstração de culpa ou prova do
prejuízo. [...]
(TJ-GO - AC: 04290095120098090049, Relator: DES. LUIZ
EDUARDO DE SOUSA, Data de Julgamento: 07/06/2016, 1ª
CAMARA CIVEL, Data de Publicação: DJ 2051 de 21/06/2016)

O douto Juízo deixa de dar provimento jurisdicional ao que está previsto


em lei, bem como ao que já se encontra pacificado, conforme o entendimento dos
Tribunais, necessitando, o agravante, de amparo jurisdicional para ver reconhecido o seu
direito, em que pese este ser evidente, perante à agravada.
Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para se aguardar
o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

“Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em


obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção de
provas dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma
vez que o autor já desincumbiu do ônus da prova e a demora
inerente à prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente
o beneficia.”1

Não obstante, o perigo de dano fica caracterizado pelo fato de que


o agravante não pode ter seu direito a proteção à intimidade, à vida privada, à honra

1
MARINONI, Luís Guilherme. Tutela de Urgência e Evidência. Editora RT, 2017. P. 284

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e à imagem, ou seja, seu patrimônio imaterial atingido e violado por conduta de
outrem que possuem apenas o intuito de insultar e ofender, não havendo, de todo
modo, justificativa para tal, causando aflição aos aspectos mais íntimos da
personalidade e à valoração social do agravante no meio em que vive e atua.
Diante disso, patente é o prejuízo que o agravante vem sofrendo, na
medida em que existe a possibilidade de reincidência de atos como estes já cometidos pelos
funcionários da agravada, que atingiram a honra, a dignidade e a imagem do agravante.
Nesse sentido, o pleito do agravante não destoa da razoabilidade,
tampouco é insensato haja vista ser vítima de todo o infortúnio já causado pelo conteúdo
dos vídeos elaborados e divulgados que lhe afrontam diretamente, e, não bastasse toda a
desventura, este tem ainda se desgastar perante o judiciário a fim de amenizar os efeitos de
toda a situação vivida, bem como investir na tentativa de resguardar os seus direitos já
tutelados pelo ordenamento jurídico pátrio.
Logo, manifesto é o preenchimento dos requisitos quanto à concessão
da liminar, não havendo qualquer fresta para entendimento diverso.
Neste diapasão, resta claro que toda a circunstância que o agravante tem
passado confere perigo de dano aos seus direitos fundamentais, direitos estes resguardados
pela legislação brasileira, logo atingindo toda a sua esfera extrapatrimonial, ao passo que
sendo o agravante a única vitima de toda a situação, esta não pode ficar à mercê de todas as
conseqüências e problemas já decorrentes da situação.
Em que pese todo o prejuízo já causado pela situação, seria de tamanha
irrazoabilidade deixar que o agravante permaneça vulnerável à possibilidade de lesões a sua
dignidade, haja vista a possibilidade de recaimento em situação da mesma natureza pelos
mesmos indivíduos que causaram o infortúnio já vivenciado pelo agravante. Até mesmo
pelo fato de que estes ao elaborarem o vídeo bem como ao publicarem, a única intenção,
de fato, afigurada era atingir o agravante e ofendê-lo.
Nesse sentido, considerar de forma diversa senão pela concessão
da liminar é dar respaldo a este tipo de conduta e invalidar os prejuízos quanto aos
direitos de personalidade quando violados, estendendo quiçá perpetuando os danos
já sofridos, através da possibilidade de os funcionários da agravada manterem o
mesmo comportamento de ofensas e insultos ao agravante, como já exposto.
Por fim, cabe destacar que o presente pedido não caracteriza, de forma
alguma, conduta irreversível, não conferindo nenhum dano à parte agravada. O que, diante
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de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano, sendo
imprescindível a concessão do pedido de liminar, em conformidade com o entendimento
jurisprudencial:

AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE


SEGURANÇA. DECISÃO LIMINAR EM CONCURSO PARA
O CARGO DE SOLDADO COMBATENTE DA POLÍCIA
MILITAR. CANDIDATO IMPEDIDO DE PARTICIPAR DO
TESTE DE APTIDÃO FÍSICA. ERRO NA GRAFIA DO
NOME. PLAUSIBILIDADE DO DIREITO INVOCADO.
PRESENÇA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À
CONCESSÃO DA MEDIDA. CONFIGURAÇÃO.
RECONSIDERAÇÃO. REEXAME DE MATÉRIA.
IMPROVIMENTO 1. Se há elementos suficientes aptos a
configurar a plausibilidade no direito invocado pela parte, os
quais demonstram a presença dos requisitos necessários á
concessão do pedido, defere-se a liminar vindicada. 2.
Quando o pedido de reconsideração revolve os mesmos
argumentos apreciados e decididos na decisão agravada, não há
como acolhê-lo. 3. Agravo regimental conhecido e improvido.
(TJ-MA - AGR: 0219642015 MA 0011567-50.2015.8.10.0001,
Relator: LOURIVAL DE JESUS SEREJO SOUSA, Data de
Julgamento: 03/07/2015, SEGUNDAS CÂMARAS CÍVEIS
REUNIDAS, Data de Publicação: 07/07/2015)

A decisão ora recorrida foi proferida de maneira a não produzir efeitos


para o autor na ação principal, ora agravante, haja vista que aponta sem qualquer substância
que não há requisitos suficientes para a concessão da liminar pleiteada, a qual, diga-se de
passagem, se perfaz estritamente no direito do agravante.
Ademais, tudo que se requer no presente recurso, não ultrapassa o
que de fato está determinado em entendimento pacificado pelos Tribunais, bem
como pelo próprio art. 5.º, inciso X, que por algum motivo não foi concedido pelo
juízo a quo, razão pela qual merece reforma, visto todo o amparo legal quanto ao
requerimento do agravante.
Logo, a reforma da decisão é medida que se impõe, para que os
funcionários da parte agravada sejam compelidos a não elaborarem, tampouco
divulgarem qualquer vídeo, imagem, mensagem, ou ainda áudio que possuam
qualquer relação com o agravante, a fim de se preservar a sua imagem, honra,
moral e dignidade, enquanto durar o processo.

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Júlia Delis Rocha da Silveira, OAB/MA n° 21.562
Rua oitenta e cinco, nº 30, Edifício Phobus, 104, Vinhais, São Luís – MA, CEP 65074-310.
Email: juliadelis.adv@gmail.com / Telefone: (98)98190-0090.

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Número do documento: 20051910234542900000006199398
IV
DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL; DO ART. 1.019 DO CPC

O inciso I do art. 1.019 do CPC prevê a possibilidade de antecipação da


tutela recursal pretendida no Agravo de Instrumento:

Art. 1.019. Recebido o Agravo de Instrumento no tribunal e


distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art.
932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em
antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,
comunicando ao juiz sua decisão [...].

O inciso acima mencionado prevê a possibilidade de atribuição de efeito


suspensivo, bem como a possibilidade de antecipação de tutela ao Agravo de Instrumento,
desde que preenchidos os requisitos. Ora Excelências, como exaustivamente exposto, estão
presentes todos os requisitos autorizadores para a concessão da presente tutela.
A PROBABILIDADE DO DIREITO do agravante se consubstancia
em toda a fundamentação apresentada, ressaltando-se que a própria conduta realizada pelos
funcionários da agravada já põe em evidência o que se tem pleiteado, posto que estes
desrespeitaram e claramente atingiram os direitos quanto à personalidade resguardados pelo
ordenamento jurídico pátrio. Nobres Julgadores, patente é a necessidade de se resguardar
os direitos do agravante que já foram violados pelos funcionários da parte agravada, sendo
estes elencados pela Carta Magna brasileira como direitos fundamentais.
Assim sendo, não restam dúvidas sobre a probabilidade do direito do
agravante no presente caso.
Ao seu turno, o PERIGO DE DANO reside no fato de que o
agravante já sofrera diversos prejuízos decorrentes da conduta dos funcionários da parte
agravada, não podendo ter seu direito a proteção à intimidade, à vida privada, à honra e à
imagem, ou seja, seu patrimônio imaterial atingido e violado ainda mais por conduta de
outrem, haja vista a possibilidade de extensão e prorrogação desses atos que geram estas
violências a esse aspecto da personalidade do agravante, podendo estes mesmo indivíduos
reincidirem com estes atos de injúria e difamação, sendo que tais danos incidem
categoricamente nos aspectos mais íntimos da personalidade.
Outrossim, é notório que a liminar cujos termos consiste em coibir os
funcionários da agravada de elaborarem, tampouco divulgarem qualquer vídeo, imagem,
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mensagem, ou ainda áudio que possuam qualquer relação com o agravante, a fim de se
resguardar a sua imagem, honra, moral e dignidade em nada prejudicaria a agravada. O que,
de fato, verifica-se que o pleito do agravante em nada destoa da razoabilidade tampouco da
legalidade, como exaustivamente demonstrado. Ou seja, a concessão da liminar que tem
por finalidade o resguardo dos direitos do agravante, conforme supramencionado, é
medida que se impõe, não havendo qualquer óbice para tal, tendo-se a agravada enquanto
responsável pelos atos de seus funcionários.
Resta demonstrado, portanto, que a concessão da tutela provisória
recursal é medida que se faz necessária no caso em apreço. E assim, em sede de
tutela provisória, requer que sejam ATIVOS os seus efeitos, determinando que os
funcionários da agravada (Sr. Francisco Silva Liberato; Sr. Joel Pereira Leite da
Silva; Sr. Gilmar Mendes de Oliveira; Sr. Valdenilson de Almeida Ferreira e Sr.
Sharleandro Baldez do Vale) sejam compelidos a não elaborarem, tampouco
divulgarem qualquer vídeo, imagem, mensagem, ou, ainda, áudio que possua
qualquer relação com o agravante, a fim de se preservar a sua imagem, honra,
moral e dignidade, de forma imediata.

V
DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) em sede de TUTELA ANTECIPADA RECURSAL, a


determinação de que os funcionários da agravada (Sr. Francisco Silva
Liberato; Sr. Joel Pereira Leite da Silva; Sr. Gilmar Mendes de
Oliveira; Sr. Valdenilson de Almeida Ferreira e Sr. Sharleandro
Baldez do Vale) sejam compelidos a não elaborarem, tampouco
divulgarem qualquer vídeo, imagem, mensagem, ou, ainda, áudio que
possua qualquer relação com o agravante, enquanto durar o
processo.
b) A confirmação da Tutela Antecipada Recursal ou em cognição
exauriente, a reforma da decisão agravada para determinar a
abstenção dos funcionários de elaborarem e divulgarem qualquer ato

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através de diversos meios de comunicação e ferramentas das mídias
sociais (vídeos, áudios, imagens, mensagens) que tenha relação à
parte agravante;
c) Que seja a agravada seja intimada para apresentar contrarrazões.

Requer, ainda, que todas as intimações sejam feitas, SOB PENA DE


NULIDADE, em nome da advogada Júlia Delis Rocha da Silveira, OAB/MA nº.
21.562, com endereço completo indicado no rodapé deste documento.

Nesses termos pede deferimento.

São Luís/MA, 18 de Maio de 2019.

Júlia Delis Rocha da Silveira


Advogada, OAB/MA nº 21.562

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