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05/04/2022
Número: 0805646-07.2020.8.10.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 4ª Câmara Cível
Órgão julgador: Gabinete Des. Marcelo Carvalho Silva
Última distribuição : 19/05/2020
Valor da causa: R$ 15.000,00
Processo referência: 0800383-34.2020.8.10.0116
Assuntos: Antecipação de Tutela / Tutela Específica, Liminar
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RICARDO HENRIQUE DE MEDEIROS (AGRAVANTE) JULIA DELIS ROCHA DA SILVEIRA (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE NOVA OLINDA DO MARANHAO IGOR MESQUITA PEREIRA (ADVOGADO)
(AGRAVADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
64338 19/05/2020 10:25 01 AGRAVO DE INSTRUMENTO_RICARDO Razões do Agravo de Instrumento Digital
66 HENRIQUE X PREFEITURA ou Digitalizada
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO – TJ/MA.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
com fulcro nos art. 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil, pelas razões que passa a
expor.
1
Júlia Delis Rocha da Silveira, OAB/MA n° 21.562
Rua oitenta e cinco, nº 30, Edifício Phobus, 104, Vinhais, São Luís – MA, CEP 65074-310.
Email: juliadelis.adv@gmail.com / Telefone: (98)98190-0090.
Assinado eletronicamente por: JULIA DELIS ROCHA DA SILVEIRA - 19/05/2020 10:23:45 Num. 6433866 - Pág. 1
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Número do documento: 20051910234542900000006199398
I
DA ADMISSIBILIDADE DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
II
RESUMO DA LIDE
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chamadas de voz para smartphones, Whatsapp. E, diante do fato do agravante encontrar-se
envolvido na política local, o que o faz uma pessoa conhecida e notadamente pública
dentro da cidade, até mesmo em razão de seus ideais e posicionamento político, este teve
enormes prejuízos de cunho moral, haja vista ter sua imagem, bem como a sua honra
maculadas pelas ofensas e maldizeres contidos nos vídeos.
Assim, requereu tutela provisória de urgência de natureza antecipada,
para que fosse determinado que os funcionários da agravada fossem compelidos a não
elaborarem, tampouco divulgarem qualquer vídeo, imagem, mensagem, ou, ainda, áudio
que possua qualquer relação com o agravante, a fim de se preservar a sua imagem, honra,
moral e dignidade.
Em sede de decisão interlocutória, o Douto Juiz a quo determinou no
seguinte sentido:
“Não demonstrado o requisito da probabilidade do direito, desnecessário
se faz perquirir acerca da urgência.
DESTA FEITA, INDEFIRO A MEDIDA DE URGÊNCIA
PLEITEADA, POR NÃO TEREM SIDO DEMONSTRADOS OS
REQUISITOS LEGAIS. Defiro o pedido de gratuidade da justiça, nos termos
dos arts. 98 e ss. do NCPC. [...] “
III
RAZÕES RECURSAIS
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comprovarem a probabilidade do direito, bem como que há a ausência de requisitos
mínimos de que os funcionários da requerida agiram no exercício e em razão de suas
funções.
Ou seja, o Juízo decidiu pela não concessão da liminar ao agravante, cujo
pedido consistia na preservação de sua imagem, honra e dignidade já violada pela conduta
dos funcionários da parte agravada, sob fundamento raso de que não avistava correlação ou
razão para tal pelo não preenchimento dos requisitos necessários para sua concessão.
Entretanto, Nobres Julgadores, o que se verifica é que o douto magistrado deixou de
apreciar a própria argumentação trazida por este agravante no ato de seu pedido quanto à
liminar, bem como as próprias provas que apresentam de maneira patente a violação
quanto aos direitos de imagem deste.
Ocorre que, como bem sabido, o art. 300 do Código de Processo Civil
estabelece que sobrevirá a concessão da tutela de urgência quando houver elementos
visíveis quanto à probabilidade do direito e o perigo de dano, e no presente caso, tais
requisitos encontram-se perfeitamente presentes.
Ora, a probabilidade do direito restou caracterizada diante da
demonstração inequívoca de que o agravante fora vítima de palavras ultrajantes e
máculas à sua imagem, dignidade e honra perpetrados pelos funcionários da
agravada em dado momento em que se encontravam à disposição desta, inclusive
nas suas instalações, tendo sido exposto tal fato mediante as provas acostadas nos
autos.
O que se verifica, Nobres Julgadores, é que o Douto Juízo se atentou
muito mais a avaliar uma questão atinente ao mérito, já que menciona que não houve
demonstração suficiente de que os funcionários agiram no exercício e em razão de suas
funções, do que realmente avaliar o resguardo do direito pleiteado quanto à imagem, honra
e dignidade do agravante.
Pois bem, é nesse sentido que se pontua que a probabilidade do direito,
ainda que levado em consideração também seus sinônimos, quais sejam a plausibilidade
e/ou verossimilhança, na medida em que tais termos convergem em uma mesma função:
identificar o provável, é necessário, para que haja a aferição de sua existência, a análise de
um duplo aspecto: a probabilidade fática e probabilidade jurídica.
Sob esta ótica, os fatos restam evidentes, haja vista que conforme a
argumentação apresentada pela inicial, bem como as provas que a consubstancia,
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demonstra que, de fato, os vídeos elaborados pelos funcionários da ora agravada, possuem
como conteúdo palavras pejorativas, insultuosas vinculadas ao agravante, que afrontam
evidentemente a sua imagem, ultrajando-o e criando máculas em seus direitos de
personalidade.
Por conseguinte, acerca da análise da probabilidade jurídica, a própria
Constituição em seu art. 5.º, inciso X tratou de proteger os direitos da mesma natureza
destes pertencentes ao agravante que foram violados, Nobres Julgadores, posto que este
arcabouço legal assegura que: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas. E, nesse interim, é que se pontua a necessidade de se resguardar o
direito do agravante que já fora transgredido pelos funcionários da parte agravada, que
enquanto parte legítima, responde em nome destes.
Nota-se que, fechar os olhos para tais fatos, é o mesmo que ir
contra o direito proposto àquele que sofre prejuízo, já que a honra enquanto
conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, o respeito dos
concidadãos, o bom nome, a reputação, bem como o direito à inviolabilidade da
imagem constituem direito fundamental e devem ser resguardadas ao indivíduo
essas qualidades, de modo que qualquer óbice a manutenção destes há de ser
necessário a adoção de mecanismos que visem a sua proteção.
O que se pretende, neste momento, não é questionar, tampouco
discutir qualquer questão de mérito, mas sim requerer o direito que socorre o
agravante.
Desta feita, não há suposição, tampouco considera-se insuficiente ou
ausente a consistência do direito pleiteado, como aponta o juízo a quo, mas para além de
inequívoco, é coerente o pedido feito quanto a abstenção do funcionários da agravada de
realizarem qualquer ato, seja através da elaboração ou divulgação de vídeo, imagem,
mensagem, ou ainda áudio que possuam qualquer relação com o requerente, até mesmo
porque, dentro dos ditames legais, é legítimo o pedido para que se possa atender o
agravante quanto aos danos sofridos, a fim de evitar outros ainda que possam causar mais
lesão aos direitos já atingidos pelos atos que fundamentaram a própria demanda, conforme
supramencionado.
Vejam, Nobres Julgadores, que não soa como irracional, como dá a
entender a argumentação levantada pelo juízo a quo, ao contrário, é totalmente oportuno o
pleito quanto à liminar pelo agravante.
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Logo, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça não tem sido
outro senão dar guarida ao direito à honra, imagem e à dignidade, vejamos:
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No mesmo contexto, veja a manutenção da jurisprudência, sendo esta
pacífica em seu entendimento:
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MARINONI, Luís Guilherme. Tutela de Urgência e Evidência. Editora RT, 2017. P. 284
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e à imagem, ou seja, seu patrimônio imaterial atingido e violado por conduta de
outrem que possuem apenas o intuito de insultar e ofender, não havendo, de todo
modo, justificativa para tal, causando aflição aos aspectos mais íntimos da
personalidade e à valoração social do agravante no meio em que vive e atua.
Diante disso, patente é o prejuízo que o agravante vem sofrendo, na
medida em que existe a possibilidade de reincidência de atos como estes já cometidos pelos
funcionários da agravada, que atingiram a honra, a dignidade e a imagem do agravante.
Nesse sentido, o pleito do agravante não destoa da razoabilidade,
tampouco é insensato haja vista ser vítima de todo o infortúnio já causado pelo conteúdo
dos vídeos elaborados e divulgados que lhe afrontam diretamente, e, não bastasse toda a
desventura, este tem ainda se desgastar perante o judiciário a fim de amenizar os efeitos de
toda a situação vivida, bem como investir na tentativa de resguardar os seus direitos já
tutelados pelo ordenamento jurídico pátrio.
Logo, manifesto é o preenchimento dos requisitos quanto à concessão
da liminar, não havendo qualquer fresta para entendimento diverso.
Neste diapasão, resta claro que toda a circunstância que o agravante tem
passado confere perigo de dano aos seus direitos fundamentais, direitos estes resguardados
pela legislação brasileira, logo atingindo toda a sua esfera extrapatrimonial, ao passo que
sendo o agravante a única vitima de toda a situação, esta não pode ficar à mercê de todas as
conseqüências e problemas já decorrentes da situação.
Em que pese todo o prejuízo já causado pela situação, seria de tamanha
irrazoabilidade deixar que o agravante permaneça vulnerável à possibilidade de lesões a sua
dignidade, haja vista a possibilidade de recaimento em situação da mesma natureza pelos
mesmos indivíduos que causaram o infortúnio já vivenciado pelo agravante. Até mesmo
pelo fato de que estes ao elaborarem o vídeo bem como ao publicarem, a única intenção,
de fato, afigurada era atingir o agravante e ofendê-lo.
Nesse sentido, considerar de forma diversa senão pela concessão
da liminar é dar respaldo a este tipo de conduta e invalidar os prejuízos quanto aos
direitos de personalidade quando violados, estendendo quiçá perpetuando os danos
já sofridos, através da possibilidade de os funcionários da agravada manterem o
mesmo comportamento de ofensas e insultos ao agravante, como já exposto.
Por fim, cabe destacar que o presente pedido não caracteriza, de forma
alguma, conduta irreversível, não conferindo nenhum dano à parte agravada. O que, diante
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de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano, sendo
imprescindível a concessão do pedido de liminar, em conformidade com o entendimento
jurisprudencial:
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IV
DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL; DO ART. 1.019 DO CPC
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mensagem, ou ainda áudio que possuam qualquer relação com o agravante, a fim de se
resguardar a sua imagem, honra, moral e dignidade em nada prejudicaria a agravada. O que,
de fato, verifica-se que o pleito do agravante em nada destoa da razoabilidade tampouco da
legalidade, como exaustivamente demonstrado. Ou seja, a concessão da liminar que tem
por finalidade o resguardo dos direitos do agravante, conforme supramencionado, é
medida que se impõe, não havendo qualquer óbice para tal, tendo-se a agravada enquanto
responsável pelos atos de seus funcionários.
Resta demonstrado, portanto, que a concessão da tutela provisória
recursal é medida que se faz necessária no caso em apreço. E assim, em sede de
tutela provisória, requer que sejam ATIVOS os seus efeitos, determinando que os
funcionários da agravada (Sr. Francisco Silva Liberato; Sr. Joel Pereira Leite da
Silva; Sr. Gilmar Mendes de Oliveira; Sr. Valdenilson de Almeida Ferreira e Sr.
Sharleandro Baldez do Vale) sejam compelidos a não elaborarem, tampouco
divulgarem qualquer vídeo, imagem, mensagem, ou, ainda, áudio que possua
qualquer relação com o agravante, a fim de se preservar a sua imagem, honra,
moral e dignidade, de forma imediata.
V
DOS PEDIDOS
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através de diversos meios de comunicação e ferramentas das mídias
sociais (vídeos, áudios, imagens, mensagens) que tenha relação à
parte agravante;
c) Que seja a agravada seja intimada para apresentar contrarrazões.
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