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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA de Caieiras
FORO DE CAIEIRAS
1ª VARA
AVENIDA DR. ARMANDO PINTO, 360, CAIEIRAS - SP - CEP
07700-175
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1003384-92.2021.8.26.0106 e código A4B1724.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1003384-92.2021.8.26.0106


Classe - Assunto Mandado de Segurança Cível - Garantias Constitucionais
Impetrante: Ggmix Caieiras Artefatos de Concreto Ltda
Impetrado: Lagoinha, registrado civilmente como Gilmar Soares Vicente e outros

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GABRIELA DE OLIVEIRA THOMAZE, liberado nos autos em 15/09/2022 às 14:14 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Gabriela de Oliveira Thomaze

Vistos.

Trata-se de mandado de segurança impetrado por GGMIX CAIEIRAS


ARTEFATOS DE CONCRETO LTDA em face de GILMAR SOARES VICENTE, prefeito
do município de Caieiras, e de FELIPE SÁTIRO NASCIMENTO, Secretário de Obras e Meio
Ambiente do município de Caieiras. Em resumo, narra a impetrante que é empresa de pequeno
porte (EPP) no ramo de fabricação de artefatos de cimento para uso na construção civil,
constituída desde maio de 2021. Afirma que após obter "Certidão de Uso e Ocupação do Solo"
com atestado de compatibilidade da área, de "Licença do Corpo de Bombeiros, e de inscrições
cadastrais federal e estadual, ingressou, em 21/06/2021, com projeto de aprovação de construção
civil junto ao município de Caieiras ( Processo nº 9119/2021). Alega, contudo, que no dia
02/08/2021, foi entregue na sede da empresa, para Gerson Moreira Romero, ex-prefeito de
Caieiras, pessoa não integrante do quadro social da empresa, a Notificação nº 26022,
determinando a paralisação imediata da edificação, sob pena de multa e embargo. Alega que em
razão de não ter sido deliberado sobre a aprovação do projeto, e porque havia atendido o
comunique-se, deu continuidade às obras. Em razão disso, em 21/10/2021, foi novamente
notificada para apresentar licença da Cetesb e outros documentos, tendo o seu engenheiro
comparecido à Prefeitura para esclarecer que não havia movimentação de terra nem
terraplanagem, e que o projeto há havia sido apresentado, inclusive com manifestação do Setor de
licença ambiental. Mesmo assim, a autoridade coatora teria lavrado, em 21/10/2021, o AIME nº
03942, aplicando multa no valor de R$ 119.871,95. Afirma que a multa foi aplicada um dia antes
de aberto o processo municipal nº 14018/21, que tratou do assunto e, sem apreciação do recurso
administrativo, determinaram o embargo e lacração da sede da empresa em 05/11/2021 (AIME nº
03944). Requereu, por isso, a concessão de liminar para anular o AIMÉ nº 0681/2021 e a multa

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aplicada (fls. 01/17). Com a inicial juntaram documentos e recolheram custas (fls.18/30).

O Ministério Público informou que não possui interesse na causa (fls. 35/36).

A liminar foi parcialmente deferida (fls. 38/39).

Foram juntados documentos (fls. 50/55).

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A municipalidade se manifestou e prestou as informações (fls. 56/294).

A impetrante requereu a decretação de revelia porque não foram as autoridades


coatoras que prestaram as informações (fls. 295/298).

Novos documentos juntados às fls. 305/309.

É o relatório.

Fundamento e Decido.

A segurança pleiteada não comporta acolhida.

Isso porque, prestadas as informações pela municipalidade (fls.56/298), não restou


demonstrado o direito líquido e certo da impetrante, nem tampouco a prática, pelas autoridades
coatoras, de ato revestido de ilegalidade ou de abuso de poder.

E não há que se falar em revelia, pois o direito da autoridade coatora não é


disponível, e a municipalidade pode atuar como assistente litisconsorcial, ante o interesse na
causa, nos termos do artigo 119 do Código de Processo Civil c/c artigo 24 da Lei 12.016/2009.

Nesse ponto, a manifestação e documentação juntada pela municipalidade, à qual


encontram-se vinculadas as autoridades coatoras (fls. 56/294), abrangeu todas as informações
necessárias, inclusive cópia do processo administrativo e laudo de vistoria em que fundamentado o
ato administrativo impugnado.

O laudo de vistoria de fls. 230/262, demonstra exatamente o contrário das


alegações da impetrante, especialmente a existência de movimentação de terras e terraplanagem
no local, além da supressão de vegetação próxima ao rio existente no local e outras infrações
ambientais, o que, a princípio, justifica as exigências por parte da autoridade coatora.

Assim, para questionar a decisão adotada pela administração pública, a qual goza
de presunção relativa de legitimidade e veracidade, mostra-se necessária dilação probatória,

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inclusive pericial, o que não é permitido em sede de mandado de segurança.

Em relação ao artigo 10 do Código de Obras do Município de Caieiras, Lei nº


274/1963 (fl. 279), de fato o referido artigo autoriza a continuidade das obras no caso do projeto
não ser aprovado no prazo de 20 dias, contudo, o mesmo artigo exige comunicação prévia da
administração pública antes de dar continuidade às obras, o que não foi comprovado pela

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impetrante.

Cabe anotar, ainda, que no presente caso deve ser levado em consideração que
houve expressa e prévia notificação da impetrante para que paralisasse as obras, o que deveria ter
sido observado por ela antes de dar continuidade às obras.

Quanto a Licença Prévia da Cetesb, juntada às fls. 306/307, a mesma deixa claro
que foi concedida com base apenas nas informações apresentadas pela parte impetrante, e que tal
licença não dispensa nem substituí quaisquer outras.

Por fim, quanto ao fato da notificação do dia 02/08/2021 ter sido endereçada a
Gerson Moreira Romero, ex-prefeito de Caieiras, em vez de constar o nome da impetrante, não foi
circunstância que impediu o exercício dos direitos da impetrante frente à municipalidade, pois
consta que o Sr. Gerson é o proprietário do terreno (fls. 91/104), além de ser genitor da
representante da impetrante (fls. 19/21).

Por isso, não se identificando nas provas documentais apresentadas direito líquido
e certo da impetrante ou qualquer ilegalidade ou abuso perpetrado pela autoridade impetrada, a
ordem deve ser denegada, sem prejuízo da reapreciação do mérito pela via de conhecimento
adequada.

Ante o exposto, DENEGO a segurança pleiteada e, em consequência, revogo a


liminar concedida e extingo o processo, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, I, do
Código de Processo Civil.

Custas pela impetrante, na forma da lei, não havendo condenação em honorários


advocatícios (artigo 25 da Lei n. 12.016/2009, Súmula n. 105 do STJ e Súmula n. 512 do STF).

Sentença não sujeita ao reexame necessário (CPC, art. 496, § 4º, inc. II), de modo
que, inexistindo recurso voluntário, certifique-se o trânsito em julgado e, após recolhimento das
custas, arquive-se.

P.I.C.

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Caieiras, 15 de setembro de 2022.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GABRIELA DE OLIVEIRA THOMAZE, liberado nos autos em 15/09/2022 às 14:14 .

1003384-92.2021.8.26.0106 - lauda 4

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