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Belo Horizonte
2023
Este trabalho é dedicado a todos que de alguma maneira cooperaram para sua
elaboração e desenvolvimento.
Para as teorias de controle, o crime é fruto de um desequilíbrio entre os impulsos
em direção à atividade e os controles sociais ou físicos que a detém. Isso quer dizer
que, as pessoas normalmente agem de forma racional, no entanto, dada a
oportunidade, qualquer um se envolveria em atos desviantes.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Crime de Perseguição (Stalking)
Art. 147-A do Código Penal – Lei 14.132/2021
È notório que certos crimes são mais recorrentes nas redes sociais que no
mundo físico. Segundo Mariana Lucena, estudos têm constatado que alguns
indivíduos se tornam mais propensos a desvios online que off-line. Por meio da
teoria subcultural do desvio e da pesquisa do psicanalista John Suler , é constatado
que indivíduos aparentemente normais passam a ter comportamentos online que
jamais teriam no dia a dia, O que faz com que as pessoas demonstrem-se tão
distintas nestes dois mundos, o real e o virtual?
Por exemplo, jovens que são tidos como bons alunos e que mantêm boas
relações com seus pares e professores no dia-a-dia escolar são agentes do crime
de cyberbullying. “A conclusão a que se chega é que os agressores virtuais, na
maioria das vezes, não têm nenhum registro de acusações e condenações por
qualquer realização de crime no mundo off-line, dada a desproporção com que
ocorrem os dois tipos de crime (o online e o off-line)... E mais, no bullying, os
agressores costumam ter relações ruins com os professores, ao passo que os
agressores digitais podem ter boas relações com eles.” Lucena (2012, p.8).
No final do século XIX, o criminologista italiano Cesare Lombroso, acreditava
que os tipos criminosos pudessem ser identificados através de características
físicas, como o formato do crânio e da testa, o tamanho do maxilar e a extensão do
braço. Por meio da biologia buscavam características inatas para certos desvios de
padrão, mas tais teorias foram descredibilizadas. Já para Durkheim, tais desvios, se
justificam pela ausência de regulação normativa e moral,
Segundo psicanalista John Suler da Rider University de New Jersey, é
possível desvendar alguns fenômenos do comportamento na rede, através do que
ele chamou de "efeito desibinitivo online". Para as teorias das subculturas há uma
ideia fundamental: o desvio de comportamento não é produto da desorganização ou
ausência de valores, mas de uma ordem social diversificada e fragmentada, onde
há valores distintos ("subculturais"), que são aprendidos mediante socialização. E
nesse caso, tanto pode ser uma conduta normal como irregular ou desviada.
Alguns usuários da Internet defendem que existe a moral do mundo da Internet e a
moral do mundo físico, logo são toleráveis certos crimes quando cometidos no
mundo virtual
3.2. Quais as razões que levam uma pessoa cujo comportamento no dia a dia
e nas relações com as pessoas seja tão gentil e até cordial, a ter um
comportamento tão desviante do padrão moral a das normas éticas da
coletividade?
4. CONCLUSÃO:
Não é plausível aceitar que pessoas que se desviam de um padrão aceitável
e normativo no mundo virtual, tenham uma propensão inata a este comportamento
subcultural virtual como pensava Cesare Lombroso. Tampouco há de se supor que
esse desvio se dê pela ausência normativa. Contudo, existe sim uma falsa ideia de
que a internet, por ser considerado o mundo da invisibilidade, não tem limites e
impedimentos aos desejos humanos de auto-realização pessoal que proporcione
auto-estima ao indivíduo que a utilize. A repressão sexual, o medo de se expor e a
timidez são postas de lado num mundo onde o virtual parece melhor que o real. Os
crimes não são avaliados por quem os pratica na mesma proporção como se os
praticassem diretamente com alguém no mundo físico. Assim se eximem de suas
culpas.
Logicamente essa argumentação e reflexão não se referem a todo tipo de
crimes virtuais ou a todos os usuários das redes sociais, pois muitos o fazem com
plena consciência de seus atos, estando dispostos a executá-los no mundo virtual
ou real. Mas trata-se, de situações em que os usuários, sem qualquer patologia ou
desvios no mundo real, têm comportamentos desviantes nesse mundo em que se
constata essa subcultura criminal virtual.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. A criminalização do stalking
Lúcia Helena Oliveira (Defensora Pública - RJ) e Isabel de Oliveira Schprejer (Defensora
Pública - RJ)
Fonte: www.conjur.com.br - Publicado em 27/04/2021
1. LUCENA, Mariana Barrêto Nóbrega. O desvio social na rede mundial de computadores.: Aspectos
sociológicos e psicológicos dos indivíduos pertencentes às subculturas criminais da internet. Revista
Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3128, 24 jan. 2012. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/20921. Acesso em: 12 abr. 2023.