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DIRETORIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR – PROCON – OURO

PRETO – MG

Ref.: FA nº 2306030900100358301

GIRARDI E LIMA COMERCIO E REDE DE ENSINO LTDA, já


devidamente qualificada nos autos que culminou na reclamação epigrafada, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, prestar informações, de acordo com as razões de
fato e de direito que passa a aduzir.

I - DOS FATOS

Trata-se de reclamação proposta por JOÃO MATHEUS SCHNEIDER

Em síntese, é o resumo dos fatos.

II – DA IMPOSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE
PROPOSTA DE ACORDO

Conforme se depreende dos fatos, o aluno, por motivo particulares,


desistiu do curso OU SEJA não houve uma falha na prestação de serviço ou irregularidade por
parte da empresa reclamada, que honrou com tudo que foi proposto pelo aluno em questão
(consumidor).

Há que se frisar que tal fato não provocou nenhum dano ao consumidor,
não caracterizando, em hipótese alguma, falha na prestação de serviços.
A peticionante organiza suas turmas com número delimitado de alunos,
que efetuam a matrícula e pagam as correspondentes mensalidades.

Para tal procedimento, a escola elabora planilha de custos, que entre


outras despesas encontram-se a remuneração de professores, aquisição de material didático e
aluguel de espaços físicos.

A desistência do curso, como no caso ora presente, provoca um grande


desequilíbrio contratual, comprometendo as contas da escola podendo prejudicar os demais
alunos que não participaram do evento danoso.

É notório que ninguém está obrigado a contratar, mas se o faz, deve


prevalecer o princípio da pacta sunt servanda, que norteia todos os contratos, inclusive aqueles
enquadrados na relação de consumo.

Diante de tais casos, a jurisprudência é no sentido que o aluno não tem


direito à devolução de dinheiro.

Aquele que pede a rescisão de contrato de prestação de serviços


educacionais, não faz jus à devolução de valores pagos a título de matrícula e mensalidade,
conforme previsto na clausula contratual.

Nesse sentido é a jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

APELAÇÃO - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS -


PAGAMENTO DE MATRÍCULA E MENSALIDADE - DESISTÊNCIA EM MOMENTO
POSTERIOR AO INÍCIO DAS AULAS - PEDIDO DE DEVOLUÇÃO DOS VALORES
PAGOS - RETENÇÃO CONTRATUALMENTE PREVISTA - IMPROCEDÊNCIA DO
PLEITO PRINCIPAL - PROCEDÊNCIA DA RECONVENÇÃO. 1. O aluno que requer a
rescisão do contrato de prestação de serviços educacionais em momento posterior ao início das
aulas não tem direito à devolução dos valores pagos a título de matrícula e mensalidade, conforme
expressa previsão contratual.

(TJ-MG - AC: 10003160008086001 MG, Relator: Alberto Diniz Junior, Data de


Julgamento: 07/11/0016, Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
23/11/2016)
Lado outro, não merece prosperar a fala de que a multa contratual prevista
em contrato é abusiva.

Conforme se verifica do entendimento adotado pelo TJRS, não se mostra


abusiva a multa de 20% pactuada em contrato.

Vejamos:

Ementa: RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. CURSO PREPARATÓRIO PARA O


VESTIBULAR. DESISTÊNCIA APÓS O INÍCIO DAS AULAS. DEVOLUÇÃO DE
VALORES CONFORME PREVISTO NO CONTRATO. EXPRESSA PREVISÃO LEGAL
PARA RETENÇÃO DA TAXA DE MATRÍCULA. MULTA DE 20% SOBRE O VALOR
DO CONTRATO QUE NÃO SE MOSTRA ABUSIVA, POIS EXPRESSA DE FORMA
CLARA E PRECISA. VALORES RELATIVOS A MATERIAL DIDÁTICO QUE NÃO
MERECEM DEVOLUÇÃO, POIS POSTOS À DISPOSIÇÃO DA CONTRATANTE.
SENTENÇA REFORMADA PARA JULGAR IMPROCEDENTE A AÇÃO. RECURSO
PROVIDO. (grifo nosso)

.(Recurso Cível, Nº 71009290610, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,


Relator: Oyama Assis Brasil de Moraes, Julgado em: 15-05-2020)

Em atenção a higidez das cláusulas contratuais, quando há desistência do


aluno, sem culpa da escola, como no caso ora em exame, o aluno não tem direito à devolução dos
valores pagos.

A jurisprudência não diverge desse entendimento.

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. ENSINO


PARTICULAR. CURSO DE PEDAGOGIA-EAD. DESISTÊNCIA DA GRADUAÇÃO
LOGO APÓS O INÍCIO DAS AULAS. CANCELAMENTO DO CURSO POR MOTIVOS
PESSOAIS. CULPA NÃO IMPUTADA A INSTITUIÇÃO DE ENSINO. RESCISÃO DO
CONTRATO IMOTIVADA. COBRANÇA DAS RESTANTES PARCELAS E MULTA.
CABIMENTO. HIGIDEZ DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS. DÉBITO EXIGÍVEL.
IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. APELAÇÃO DESPROVIDA.

(Apelação Cível, Nº 70079723839, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Vivian Cristina Angonese Spengler, Julgado em: 25-04-2019)
Diante disso, não há que se falar em devolução de valores, nem tampouco
em abusividade por parte da requerida.

III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, prestada as informações acima, requer que a promovente,


insistindo na devolução do valor pago, seja orientada a procurar o judiciário, que analisará a
questão.

A proveito ensejo para propor que caso seja possível, marca uma audiência de conciliação com
este consumidor por este respeitado órgão para verificamos a melhor opção juntos para sanarmos
está demanda.

Pede Deferimento.

Belo Horizonte, 28 de junho de 2023.

GIRARDI E LIMA COMERCIO E REDE DE ENSINO LTDA

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