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Pois bem.
Em que pese os serviços prestados pela reclamada sejam de atividade de meio e não de fim,
a publicidade que apresenta trata da redução do valor do financiamento a partir de negociações
extrajudiciais. Contudo, na prática não houve demonstrações de estudo do contrato ou negociações com o
banco Banco OMNI S/A, bem como se evidencia pelos registros de negociações que a estratégia da
reclamada limita-se a formular proposta de quitação em valores baixíssimos para forçar uma redução
robusta da dívida junto à financeira. Assim, é notório que a requerente não se desincumbiu de seu ônus.
Embora a parte recorrida aduza que prestou o serviço contratado, e considera que os
documentos juntados nos movs. 29.4;5 como provas do alegado, o que se observa é que apenas houve
envio de email ao banco oferecendo proposta de quitação na data de 28/09/21 e 11/10/2021, não tendo sido
colacionada nenhuma resposta à proposta; e mensagem enviada por funcionário da ré à autora no dia 13/10
/21 informando em qual setor do banco ela deveria ligar.
"Embora a ré tenha apresentado prints de sua tela sistêmica do chat com conversas informando à autora
sobre a suposta proposta do banco no Seq. 29.4, pelas próprias conversas apresentadas pela ré é possível
verificar que a requerida estava forçando a autora a contatar o banco mantenedor do contrato de
financiamento para negociar uma dívida que a ré foi contratada para negociar.
Não fosse isto, pela análise da proposta apresentada no Seq. 29.5 não é possível concluir que o e-mail
tenha sido efetivamente enviado para um endereço eletrônico do da instituição responsável pelo contrato de
financiamento da autora, não sendo possível sua aceitação como meio de prova capaz de modificar,
extinguir ou impedir a execução do direito da autora.
Desta forma, fica evidente que a ré não cumpriu com sua obrigação de negociar com a instituição
responsável pelo contrato de financiamento da autora, razão pela qual não pode exigir da autora o
pagamento do valor pactuado."
Nesse ponto, destaca-se o áudio de mov. 1.25 em que a autora foi compelida a entrar em
contato com a instituição para confirmar o valor “em mãos” para efetuar a quitação, sendo certo que o banco
informou que não realiza negociação com terceiros (mov. 1.26).
Observa-se que a estratégia prática da reclamada é de alto risco, pois ameaça o patrimônio
do consumidor, afinal, o inadimplemento enseja a busca e apreensão do bem, a qual ocorreu.
Por fim, também restou comprovado que a atuação da empresa foi preponderante para os
danos morais suportados pela reclamante, os quais ultrapassaram o mero dissabor cotidiano, afetando a
esfera personalíssima desta, no que diz respeito ao descaso para com a cliente, na medida em que o
veículo foi apreendido pelo banco.
Nesse sentido:
Ante o exposto, esta 5ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade
dos votos, em relação ao recurso de SOLUÇÃO FINANCEIRA - SERVIÇOS DE RECUPERAÇÃO DE
CRÉDITO EIRELI, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Maria Roseli Guiessmann, com voto, e dele
participaram os Juízes Manuela Tallão Benke (relator) e Júlia Barreto Campêlo.
26 de maio de 2023
Juíza Relatora