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Prefeitura Municipal de Curitiba

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ.

Excelentíssimo Senhor 1º Vice Presidente,


Desembargador Coimbra de Moura

Autos nº 0000451-61.2001.8.16.0004
De Apelação Cível

Recorrente: COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA - COHAB-CT


Recorrido: CONDOMÍNIO RESIDENCIAL MALIBU

COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA – COHAB-


CT, Sociedade de Economia Mista Municipal, criada pela Lei Municipal
nº 2.545, de 29/04/1965, inscrita no CNPJ/MF sob nº 76.495.696/0001-36, com sede na Rua
Barão do Rio Branco, nº 45, Centro, CEP 80010-180, Curitiba-PR, por seus
procuradores judiciais subscritos, com escritório profissional no endereço
supramencionado, onde recebem intimações e notificações, vem respeitosa e
tempestivamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 1.042 do CPC e
demais dispositivos legais aplicáveis ao caso, interpor o presente:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

em face da r. decisão monocrática proferida no pelo Em. Des. 1º Vice-Presidente deste


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que negou seguimento ao Recurso
Especial, incidindo a Súmula 284 e 282 do STF.
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Assim, requer sua remessa ao Insigne Superior Tribunal de Justiça –


STJ, para que seja recebido, processado e, ao final, julgado, dando-se integral provimento
aos pleitos constantes no mesmo.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba, 24 de setembro de 2019.

Daniel Brenneisen Maciel Cleverson Tuoto Benthien


OAB/PR 40.660 OAB/PR 45.001

Samir Braz Abdalla Rafael Fernando Portela


OAB/PR 31.374 OAB/PR 54.780
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COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Autos: 1.678.045-5/03 (0007611-93.2008.8.16.0004)


Agravante: COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA - COHAB-CT
Agravado: COND CONJ RESID TAMBAU COND I

RAZÕES DO AGRAVO

I. DO OBJETO DO PRESENTE RECURSO

Trata-se de ação de sumária de cobrança ajuizada pelo Conjunto Residencial


Moradias Malibu, em desfavor do Réu Ferenc Zink, com o objetivo de cobrar as taxas
condominiais em atraso dos meses de maio/84 a março/86, do apartamento 01, bloco 25
do mencionado Condomínio.

Em peça exordial (fls.02/03) alega o Condomínio autor que o réu é


proprietário do imóvel supramencionado e que contudo, deixou de efetuar o pagamento das
taxas de condomínio, estando desde então inadimplente.

O Réu Ferenc Zink foi citado por edital (f.78/85).

Realizada audiência, decretada a revelia do réu. Sobreveio sentença (f.86/87)


proferida em audiência, no dia 07/12/1990, que condenou o réu nos seguintes termos:

“Pelo exposto, e pelo que demais dos autos consta. Julgo procedente a ação
para condenar o requerido à pagar ao autor a importância constante na
inicial, acrescido de juros e correção monetária. Condeno também o
suplicado ao pagamento das custas processuais e honorários de advogado
do autor, que ficam em, digo, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor
da ação.”
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A sentença foi liquidada em novembro de 1991 (f. 91/92) atualizando os


valores devidos entre maio de 1984 a abril de 1986. O exequente, em dezembro de 1991,
concordou expressamente com os cálculos (f. 94).

Posteriormente, através de manifestação (fls. 102/104), o Requerente expôs


que o imóvel objeto da lide foi reintegrado pela COHAB, para tanto requereu a citação desta,
para o pagamento da importância de R$ 18.867,70 (dezoito mil oitocentos e sessenta e sete
reais e setenta centavos).

Foi determinada a citação da Companhia, para que pague a dívida sob pena
de penhora (fls.256).

Em manifestação (fls. 258), a COHAB nomeia bem a penhora para garantia


da dívida, bem como requer o “termo depósito” para o bem, a fim de que se abra prazo para
oposição de Embargos.

O Requerente manifestou-se concordando com a indicação de bens para


penhora (fls. 266). Em seguida, a COHAB requereu a lavratura do “termo de penhora” (fls.
271).

Termo de penhora expedido (fls.290). Autos de Embargos (n° 362/2000)


apensados aos presentes autos (fls. 291).

Termo de penhora e depósito lavrado (fls. 382). Expedido mandado de


avaliação (fls. 383/385).

O exequente apresentou duas planilhas de débitos atualizadas (fls.400/413 e


446/459).

Os autos foram remetidos ao Ministério Público (fls.460).

A COHAB-CT, por sua vez, apresentou impugnação ao cumprimento de


sentença (ref. 1.203), alegando, em síntese, que: a) não foi citada para compor a lide na
fase cognitiva; b) houve violação aos limites subjetivos da coisa julgada material; c) é parte
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ilegítima para figurar no polo passivo da presente demanda; d) o Condomínio não possui
legitimidade ativa para manejar a presente ação, eis que transferiu os créditos decorrentes
das taxas condominiais a empresa de administração de condomínios; e) ocorreu o instituto
da preclusão, sendo defeso tanto ao autor quanto à ré, reiterar o pedido de inclusão da
COHAB-CT no polo passivo da demanda, haja vista que, quando teve a oportunidade de
discutir o mérito, simplesmente não o fez; f) houve violação de título executivo judicial; g)
promissário vendedor não responde pela dívida condominial quando o contrato está
registrado na matrícula do imóvel; h) a ausência de força executiva dos boletos de cobrança
carreados aos autos. Houve réplica.

O contrato firmado com a Garante Serviços de Apoio S/C foi juntado ao


mov. 39.2.

Sobreveio a r. sentença de ref. 49.1, que declarou que a COHAB-CT parte


ilegítima para figurar no polo passivo da presente demanda e que o Condomínio não detem
legitimidade ativa para promover a cobrança, e, por consequência, extinguiu o processo sem
resolução de mérito. Condenou o exequente ao pagamento das custas processuais e de
honorários de sucumbência ao procurador da parte adversa, estes fixados em R$ 1.000,00
(um mil reais).

A COHAB-CT interpôs recurso para majorar a verba honorária e o


Condomínio apela para ver reconhecida sua legitimidade ativa.

Sobreveio acordão recorrido que deu provimento ao Recurso da Recorrida


por entender que não é possível conhecer matéria de ordem pública (ilegitimidade ativa) e
que a Recorrente como sucessora do devedor original não pode questionar matérias
apreciadas na fase de conhecimento.

Interposto Recurso Especial a fim de reconhecer o dissídio jurisprudencial


quanto a possibilidade de se alegar matéria de ordem pública através de objeção de não
executividade e de reconhecer a violação ao disposto no Arts. 41, 42 §3º e 568 do Código
de Processo Civil e art. 1.345 do Código Civil e nos ART. 346, INCISO III E ART. 349,
AMBOS DO CÓDIGO CIVIL.
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O presente Agravo volta-se contra a r. decisão do 1º Vice-Presidente do


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que, em exame de admissibilidade,
resolveu negar seguimento ao Recurso Especial, por incidir a Súmulas 284 e 282 do STF.

II. DAS RAZÕES DO INCONFORMISMO

DA INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 284 DO STF

Recurso Especial com fulcro no art. 105, III, "c", da Constituição Federal.

1. DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

O recurso especial foi interposto com fulcro na alínea “c” do inciso III do
art. 105 da Constituição Federal, inaplicável a súmula 284 do STF que exige descrição
pormenorizada nos recursos interpostos pela alínea a do referído artigo da Carta Magna.

A controvérsia esta absolutamente clara no recurso interposto e se


restringe ao consagrado conhecimento da objeção com vistas a sanear vício ou
matéria de ordem pública.

A Exceção de Pré-Executividade (Objeção de Pré-Executividade, como


alguns autores preferem) é medida consagrada pela doutrina e pela jurisprudência oposta
pelo Executado, no processo de execução, com vistas a arguir vício ou nulidade do título
executivo sobre o qual se funda a execução e, como tal, prescinde de garantia do Juízo.

Nesse sentido, é de ser observado que se há processo de execução em


relação ao qual faltam requisitos intrínsecos à sua constituição e desenvolvimento válido e
regular — quais sejam, certeza, liquidez e exigibilidade — seria injustificável suplício ao
devedor submeter seu patrimônio à constrição.

Na doutrina, Ovídio Baptista da Silva, no seu Curso de Processo Civil,


Execução Obrigacional, Execução Real, Ações Mandamentais, 3ª ed. São Paulo, Ed. RT,
1998, vol. 2, expressa seu posicionamento afirmando que:

"(...) a proposição dos embargos do devedor nem sempre será necessária


para que o executado impeça o desenvolvimento da demanda executiva,
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ainda que essa reação oposta pelo executado seja uma autêntica defesa
de mérito, como quando ele – no interregno entre a citação e a penhora –
demonstrada cabalmente que o documento exigido pelo credor não é título
executivo ou lhe falta, evidentemente, legitimidade ad causam". (p. 35)

"Tem-se verificado, na verdade, que os limites de cognição do juiz da


execução, que deveria limitar-se às defesas processuais, ou como lhes
chama o direito italiano, defesas contra os atos executivos e não defesas
de mérito contra a execução, tem-se alargado para permitir que o
executado, nos autos do processo de execução, suscite determinadas
exceções que digam respeito ao meritum causae". (p. 36)

No mesmo diapasão, assevera Humberto Theodoro Júnior em seu clássico


Curso de Direito Processual Civil, Processo de Execução e Processo Cautelar, na 22ª ed.,
Rio de Janeiro, Forense, vol. II, 1998, (p. 145, n.º 774) dispõe:

"a nulidade é vício fundamental e, assim, priva o processo de toda e


qualquer eficácia. Sua declaração, no curso da execução, não exige forma
ou procedimento especial. A todo momento o juiz pode declarar a nulidade
do feito tanto a requerimento da parte como ex officio. Não é preciso,
portanto, que o devedor utilize dos embargos à execução. Poderá argüir a
nulidade em simples petição, nos próprios autos da execução".

No presente caso, estando presente circunstância que incumbe ao


Magistrado conhecer e declarar de ofício, mister se faz a análise do ilegitimidade ad causam
do Condomínio para figurar no pólo ativo do presente feito, em razão de ter havido sub-
rogação dos direitos creditícios em favor da empresa de cobrança, portanto não merece
reforma a sentença recorrida neste ponto.

O Superior Tribunal de Justiça é unissono acerca da possibilidade do uso


da objeção para apreciar matérias de ordem pública:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO


EM RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
(OBJEÇÃO DE NÃO EXECUTIVIDADE). PAGAMENTO.
SUPERVENIENTE AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO DA AÇÃO
EXECUTIVA. INTERESSE DE AGIR. QUESTÃO DE ORDEM
PÚBLICA. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS APTOS A INFIRMAR OS
FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO. 1. A exceção de pré-executividade (objeção de não
executividade) é cabível em qualquer tempo e grau de jurisdição,
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quando a matéria nela invocada seja suscetível de conhecimento de


ofício pelo juiz e a decisão possa ser tomada sem necessidade de
dilação probatória. Precedentes da Primeira e Segunda Seções. 2.
Admite-se a exceção de pré-executividade (objeção de não
executividade) nas hipóteses em que é apresentada para alegar fato
que caracteriza superveniente ausência de condição da ação
executiva, como o interesse de agir. Nessas hipóteses, não se
rediscute questão preclusa pela imutabilidade da coisa julgada
material, mas se examina matéria de ordem pública. 3. Se o agravante
não traz argumentos aptos a infirmar os fundamentos da decisão
agravada, deve-se negar provimento ao agravo regimental.
Precedente. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.

(STJ - AgRg no AREsp: 647896 SP 2014/0346471-6, Relator: Ministro


MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 04/08/2015, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/08/2015)

Transcrevo um trecho do voto do relator a fim de demonstrar e


evidente disparidade na interpretação jurisprudencial sobre o tema:

“é perfeitamente possível, de acordo com a jurisprudência pacífica


desta Casa, segundo a qual "a exceção de pré-executividade é
cabível em qualquer tempo e grau de jurisdição, quando a matéria
nela invocada seja suscetível de conhecimento de ofício pelo juiz e
a decisão possa ser tomada sem necessidade de dilação
probatória"

No caso em tela, a afastou-se a apreciação da objeção porque se


entendeu que o sucessor processual não poderia manejar objeção para enfrentar
matérias de ordem pública.

Logo, a divergência pretoriana é específica:


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1) enquanto o Acórdão paradigma diz taxativamente que “é


perfeitamente possível, de acordo com a jurisprudência pacífica
desta Casa, segundo a qual "a exceção de pré-executividade é
cabível em qualquer tempo e grau de jurisdição, quando a
matéria nela invocada seja suscetível de conhecimento de ofício
pelo juiz”
2) a v. Decisão recorrida postula que não há que se falar em
ilegitimidade passiva dado que “Portanto, sendo necessário
dilação probatória, deveria o executado ter alegado a questão
nos embargos à execução, o que não fez.
Assim, considerando que não havia informação se, ao tempo da
inadimplência do condômino, existia contrato firmado entre o
Condomínio e terceiro (Garante), bem como sobre os termos do
contrato para se confirmar sobre a cessão de crédito alegada,
necessária a dilação probatória.
Logo, não sendo a exceção de pré-executividade a via adequada
para discutir a legitimidade ativa do Condomínio Conjunto
Residencial Malibu I, é de rigor a reforma da r. sentença que
julgou extinto o feito sem resolução de mérito.
Desta forma, o recurso deve ser acolhido para rejeitar a exceção
de pré-executividade, por não ser a via adequada para discutir a
legitimidade ativa do condomínio em razão da necessidade de
dilação probatória.”

Admissível, pois, a interposição de Recurso Especial quanto ao tema


também pela letra "c" do inciso III do art. 105 da Constituição Federal para que se reforme a
decisão recorrida para que se de seguimento ao recurso especial interposto.

II.2. DA INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 282 DO STF

Ao contrário do apontado na decisão agravada toda matéria esta


devidamente prequestionada posto que apresentada a colenda Câmara que deixou de
acolher a pretensão da Recorrente.
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2. INAPLICABILIDADE DE PRECLUSÃO A PESSOA QUE NÃO PARTICIPOU DO


PROCESSO DE CONHECIMENTO.

A exequente argumenta que a Recorrente não poderia apresentar defesa


pois incluída já na fase executiva, Contudo, uma vez que não lhe foi oportunizado o
contraditório na fase de conhecimento não permitir sua defesa na execução violaria
frontalmente o princípio da ampla defesa.

2.1. Da Violação aos Arts. 41, 42 §3º e 568 do Código de Processo Civil e art. 1.345 do
Código Civil.

Existe nos Autos comprovação incontroversa a respeito da existência de


Contrato de Compromisso de Compra e Venda incidente sobre a unidade geradora dos
alegados débitos condominiais com cláusula de irretratabilidade e relativo ao período de
cobrança de taxas condominiais; e, de igual forma, é irrefutável que o uso e fruição do
bem sempre foi exclusivamente dos compromissários compradores. Igualmente
inquestionável é o fato da promitente vendedora ter sido incluída na lide apenas em
fase de execução do título executivo judicial. Pretende o exequente que a Apelada seja
obrigada a responder pelo pretenso débito condominial, violando assim aos Arts. 41, 42 §3º
e 568 do Código de Processo Civil e art. 1.345 do Código Civil.

Note-se que não se está diante de nenhum dos casos do art. 568 do
CPC, sendo certo que a COHAB-CT não é sucessora a qualquer título dos executados, não
podendo assim, sequer figurar como executada.

Não se olvide, outrossim, o disposto no art. 41 do CPC, sendo


certo que não se está diante do caso do art. 42, §3º, já que a COHAB-CT não adquiriu
o bem no curso do processo, mas já era proprietária desde antes da proposição da
ação de incidência.

Por outro lado, não tem cabimento a incidência do art. 1.345 1 do Código
Civil Brasileiro, já que a Recorrente jamais deixou de ser proprietária do imóvel. Como de
1
Art.1.345 do Código Civil - O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante em relação ao condomínio, inclusive multas e
juros moratórios.
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praxe, a COHAB-CT firma contrato de compromisso e compra e venda ou ainda, como no


caso em questão, firma acordo com a finalidade de compor amigavelmente a inadimplência
de contrato de financiamento. Desta forma, o ocupante é imitido na posse do imóvel e em
contraprestação dá quitação às parcelas do financiamento.

Assim, não há o que se falar em “adquirente'', posto que é assegurado à


proprietária as medidas possessórias cabíveis quando do descumprimento de cláusulas
contratuais para se reaver a posse plena do imóvel que sempre foi de sua propriedade.

Recurso Especial com fulcro no art. 105, III, "a", da Constituição Federal.

3. DA ILEGITIMIDADE ATIVA POR TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE DE CRÉDITOS


- VIOLAÇAO AOS ART. 346, INCISO III E ART. 349, AMBOS DO CÓDIGO CIVIL

Ainda que superada a violação a coisa julgada as parcelas vencidas após


dezembro de 1986 (f.123) não podem ser exigidas ante flagrantes indicios de cessão de
crédito entre o condomínio e empresa administradora de condomínio.

Sem a possibilidade de dilação probatória, por não ter sido demandada na


fase de cognição, A COHAB-CT deixou de produzir provas acerca da ilegitimidade ativa do
condomínio autor.

No entanto, compulsando os autos, é plenamente possível observar que os


boletos de cobranças (fls. 124/246) relativos às taxas condominiais passam a apontar outra
conta (que não aquela do condomínio) para depósito das parcelas, também há mudança do
endereço para pagamento (passou a ser realizado no centro ora na marechal floriano 170 e
posteriormente na marechal deodoro n. 17, Galeria Ritz, 17 andar sala 17001) e finamente
nos boletos de f. 221/248 têm como cedente a empresa GARANTE SERVIÇOS DE APOIO
S/C LTDA., e não o Condomínio Autor, servindo de forte indício de que a sub-rogação de
fato aconteceu.

Ressalte-se que, no presente caso, tal crédito restou satisfeito pela


empesa de cobrança que, se sub-rogando em todos os direitos e ações do credor primitivo,
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retirou deste a legitimidade para a postulação em mesa, sendo, por esta razão, vedado ao
condomínio pleitear em nome próprio o mesmo crédito, por falecer-lhe o necessário
interesse.

Os documentos de cobrança indicam que houve transferência de direitos


creditícios entre uma empresa de cobrança e o condomínio, uma vez que se verifica a
existência de “taxa de cobrança” além da “taxa de condomínio”. Se tal fato não faz prova
cabal da sub-rogação, pelo menos serve como indicativo de que ela efetivamente ocorreu.

O artigo 346, inciso III, c/c o artigo 349, ambos do Código Civil, prescrevem
o seguinte:

Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:


(…)
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia
ser obrigado, no todo ou em parte.

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos,


ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o
devedor principal e os fiadores.

Pois bem, como demonstra corriqueiramente a jurisprudência,


independentemente do nome que deem as partes ao contrato, aprofundando nos
seus elementos essenciais, bem como averiguando o comportamento dos
contraentes é que se extrai as suas reais intenções e se define o seu verdadeiro
espírito, qual seja, o de eximir o risco de inadimplência ao Condomínio, ao mesmo
tempo que transfere os direitos e ações às empresas garantidoras para cobrar os
débitos, agora, com a abusiva incidência de juros moratórios e taxas extras.

Cabe repisar que o crédito do Condomínio restou satisfeito pela


empresa garantidora do condomíno, e que considerando essa evidência, entende-se
pela operação da sub-rogação nos direitos do crédito e sua respectiva cobrança,
restando plenamente caracterizada a ilegitimidade ativa ad causam do Recorrido.

Os valores cobrados nessa ação necessariamente serão pagos não ao


Condomínio, mas à empresa administradora de condomínio, pois assim estabelecido
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contratualmente entre as partes. E, por meio do contrato firmado entre as partes, é


que se caracteriza a figura do terceiro interessado (art. 346, inciso III Código Civil),
pois obrigatoriamente a Empresa Garantidora do crédito deve antecipar os valores
das taxas condominiais, sob pena do contrato ser rescindido pelo Condomínio com,
posterior, cobrança de perdas e danos.

Ademais, no sentido de desmascarar a verdadeira intenção dos


contraentes e demonstrar a operação do instituto da sub-rogação, observa-se nos
boletos de cobrança acostados pelo Condomínio na exordial qual é o legítimo titular
dos créditos condominiais, onde, no campo ''cedente'' claramente consta o nome da
administradora.

Inclusive, o próprio Egrégio Tribunal a quo, em recente decisão,


manifestou-se um entendimento na mesma linha de raciocínio, conforme trechos
transcritos abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL E AGRAVO RETIDO AÇÃO DE COBRANÇA


TAXAS DE CONDOMÍNIO ILEGITIMIDADE ATIVA CONFIGURADA
EMPRESA RAMPANELLI QUE É A REAL TITULAR DO CRÉDITO
FALTA DE INTERESSE DO CONDOMÍNIO - PRELIMINAR ACOLHIDA
EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO INVERSÃO
DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA RECURSOS CONHECIDOS E
PROVIDOS (DECISÃO POR MAIORIA)
(TJPR - 10ª C.Cível - AC 757977-3 - Foro Central da Comarca da
Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Domingos José Perfetto - Por
maioria - J. 09.06.2011)

Extrai-se do corpo do acórdão:

''(…) De fato, apesar de não ter sido acostado aos autos o contrato
firmado entre a empresa Rampanelli Cobranças S/C LTDA, os boletos
de fls. 37/52 demonstram, com clareza, o objeto da cobrança e a
referida empresa como sua real credora.
É evidente a obrigação da empresa contratada pelo condomínio de
antecipar, sempre que solicitada, o valor das taxas condominiais
encaminhadas para cobrança.
Mesmo que, hipoteticamente falando, haja pacto com alguma previsão
expressa acerca da ausência de sub-rogação do direito, cessão dos
respectivos créditos e etc. A verificação de que os mencionados boletos
de cobrança (fls. 37/52) foram emitidos pela própria empresa de
cobrança e em seu nome, impõe conclusão diversa.
Tal particularidade permite que se reconheça a titularidade da empresa
Rampanelli no direito do crédito e de sua respectiva cobrança.''
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No mesmo sentido, o seguinte julgado:

AÇÃO DE COBRANÇA – TAXAS CONDOMINIAIS - SUB-ROGAÇÃO


DE CRÉDITO - CARACTERIZAÇÃO - ILEGITIMIDADE ATIVA AD
CAUSAM RECONHECIDA. RECURSO DA RÉ PROVIDO.
''(…) Restando demonstrado que houve a celebração de contrato de
prestação de serviços para cobrança de taxas condominiais,
materializada nos boletos que instruem o processo, e que não obstante
a revelia, cabia ao condomínio autor comprovar de que utiliza a
empresa “DUPLIQUE CRÉDITOS E COBRANÇAS S/C LTDA” apenas
para cobrança de taxas condominiais, ônus do qual não se
desincumbiu, aliado às outras particularidades, fica caracteriza a sub-
rogação do crédito, donde resulta a ilegitimidade ativa ad causam do
primitivo credor, in casu, o Condomínio.''
(TJPR - 10ª C.Cível - AC 731.994-4 - Foro Central da Comarca da
Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Luiz Lopes - J. 03.03.2011)

Pelo exposto acima, com o devido acatamento, o v. Acórdão deve ser reformado,
com o consequente, reconhecimento da operação, de pleno direito, da sub-rogação (art.
346, inciso III e art. 349, ambos do Código Civil) e nesse sentido dar provimento as
razões da Recorrente para julgar improcedente o pedido do Condomínio Recorrido, em
razão de carecer-lhe legitimidade ativa.

4. DA ESTRATÉGIA DAS GARANTIDORAS DO CONDOMÍNIO E DO TERMO DE AJUSTE


DE CONDUTA FIRMADO JUNTO A CPI DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO PARANÁ

Nota-se pelo contrato que o Apelante contratou o Dr. LUIZ FERNANDO


DE QUEIROZ, OAB/PR 5.560, que é um empresário de grande sucesso e proprietário
administrador de diversas empresas “garantidoras de condomínio” dentre as quais se
destacam as Empresas GARANTE e DUPLIQUE.

Esclarece-se que as administradoras de condomínio por muito


tempo atuaram de forma ilegal, ajuizando ações de cobrança de condomínio em face
da população carente de Curitiba. Nessas ações há cobrança de dívidas prescritas,
juros excessivos, multas e honorários indevidos. O fato de litigarem em face da
população carente, revela uma estratégia perversa, pois diante da hipossuficiência
econômica e social dessa parcela da população, na maioria dos casos as partes não
comparecem no processo e são revéis. Com a revelia não há questionamento dos
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valores cobrados, consolidando essa cobrança ilegal, no nítido intuito de obter a


propriedade dos imóveis.

Essas práticas têm sido combatidas através dos advogados


concursados da COHAB-CT, que desde 2009 apontam essas práticas ilegais e tem obtido
êxito no Poder Judiciário.

Esclarece-se que os fatos apontados, tamanha sua gravidade,


foram objeto de CPI pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, que culminou
em um Termo de Compromisso Público assinado pelo Dr. Luiz Fernando Queiroz ,
subscritor da defesa e sócio das Administradoras de Condomínio Garante Serviços de
Apoio Ltda. e Duplique Créditos e Cobranças Ltda., documentos anexos. Nesse Termo
de Compromisso Público, as empresas se comprometeram a deixar de aplicar taxas
abusivas, juros excessivos, cobrar honorários advocatícios indevidamente, bem como
utilizar práticas que inflavam as dívidas e estimulavam a inadimplência2. Sobre esses fatos,
foram juntados no anexo dados sobre a CPI. O relatório final pode ser lido no site da
Assembleia Legislativa do Estado do Paraná3.

Nessa visão, o fato das ações de cobrança serem ajuizadas


somente em face dos promitentes compradores faz parte de uma estratégia judicial
perversa. Essas práticas, buscam consolidar dívidas exorbitantes, que somente
podem ser pagas com a venda do imóvel. Ou seja, sua finalidade é a obtenção do imóvel.
Tendo em vista que se sabe de antemão que os credores não têm condições financeiras de
arcar com as dívidas, essa é a única explicação plausível para a cobrança das dívidas
condominiais não serem voltadas contra os promitentes vendedores, tendo em vista que os
promitentes vendedores podem figurar como devedores subsidiários.

Diante desses graves fatos, a COHAB-CT ainda tem sido surpreendida


pela venda de seus imóveis em processos de cobrança dos quais não fez parte. Essa
prática abusiva deve ser repelida pelo Poder Judiciário.

http://www.assembleia.pr.leg.br/divulgacao/noticias/garantidoras-e-administradora-assinam-
termo-de-compromisso-publico-na-cpi-dos-condominios-1
3

http://www.assembleia.pr.leg.br/atividade_parlamentar/comissoes/cpi-condominios
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III. DOS PEDIDOS

Do exposto, a COHAB-CT requer respeitosamente a essa Egrégia


Corte: a) para que seja recebido e processado o presente Agravo; b) sejam os autos
apresentados em mesa, para ser a decisão apreciada, sem audiência da parte contrária e
independentemente de inscrição em pauta; c) sejam conhecidas e acatadas as razões
apresentadas, dando-se, no mérito, por todas ou quaisquer dos fundamentos invocados,
total provimento ao Agravo para o fim de reformar a r. decisão agravada, admitindo à
apreciação e julgamento do Recurso Especial, com a reforma do decisum, e, consequente
improcedência do pedido inicial.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba, 25 de novembro de 2020

Daniel Brenneisen Maciel Cleverson Tuoto Benthien


OAB/PR 40.660 OAB/PR 45.001

Samir Braz Abdalla Rafael Fernando Portela


OAB/PR 31.374 OAB/PR 54.780

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