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A Origem do Conceito Menor - Fernando Torres Londono

O conceito de menor surgiu no final do século XIX

O Código Criminal do Império de 1830 através de seus artigos definiu, de fato, três períodos de
idade antes dos 21 anos, com respeito à responsabilidade penal e às penas. Primeiro, os
menores de 14 anos não têm responsabilidade penal, o que só terá validade para os escravos a
partir de 1885.3 Segundo, os maiores de 14 e menores de 17 anos que "podera o juiz
parecendo-lhe justo, impôr-lhe as penas de cumplicidade".4 Terceiro, o limite de 21 anos para
a imposição de penas drásticas como as galés que será estendida também aos maiores de
sessenta. Contudo, estabelecendo-se que os menores de 14 anos atuavam com discernimento,
o código admitia que fossem recolhidos a casas de correção a critério do juiz, até os 17 anos.
Isso permitiria que os menores de 17 anos fossem condenados, sendo a prisão comum o
destino destas crianças, já que só no fim do século surgem as casas de correção para menores

Assim, a pessoa ficava submetida ao pátrio poder até os 21 anos, enquanto sua
responsabilidade penal podia começar aos 7 ou 9 anos, dependendo do juiz.

Menor ainda não era uma categoria comum. Existia o filho de familia e o órfao

O novo Código Penal de 1890 também não contribuiu muito para melhorar a situação da
criança com respeito a sua responsabilidade penal. Estabeleceu em 9 anos o limite mínimo da
imputabilidade do agente do crime. O menor de 14 anos só devia ser punido quando obrava
com discernimento, o que deveria ser perguntado pelo JUiZ ao jiúri: "o réu obrou com
discernimento?"13 - devendo os maiores de 9 e menores de 14 ficar submetidos a um regime
educativo e disciplinar.

A crítica de tais critérios etários foi feita pelo eminente jurista Tobias Barreto na sua obra
clássica Menores e loucos

Para Tobias Barreto, a questão sobre obrar ou não com discernimento era mais uma questão
de instrução escolar do acusado do que consciência do dever. A instrução daria ao reu a
consciencia de si necessária para

Desde o fim do século XIX, a categoria menor passa a figurar no discurso de juristas e políticos
que faziam críticas ao crescente número de crianças moralmente abandonadas, sujeitas à
corrupção e criminalidade. Nesse contexto, antes da primeira legislação específica, surge o
Instituto Disciplinar de São Paulo, em 1902.

Os discursos sobre os menores também enfatizavam a necessidade de prevenir as situações


que os levariam ao abandono e delinquência.

No entanto, a prevenção, para ter sucesso, exigia um plano de Assistência e Proteção à


Infancia E isso pressupunha necessariamente o aparecimento de uma legislação que lhe desse
sustentação e que removesse empecilhos como a inquestionabilidade da pátrio poder, para
poder tirar filhos de pais viciosos e o aumento da idade até 18 anos para a responsabilidade
criminal, o que devia afastar os menores das perniciosas prisões de adultos. Isso começou a ser
conseguido a partir de 1921, com a lei orçamentária 4.242 de 5/1 que autorizou o Serviço de
Assistência e Protecção à Infancia Abandonada e aos Delinqüentes e que foi regulamentado
em 20/11/1923 pelo decreto 16.272.44

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