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Sociologia

Professorª: Myllena Leticia

MAIORIDADE PENAL

A maioridade penal ou maioridade criminal define a partir de qual idade o indivíduo responde pela violação da lei
penal na condição de adulto, sem qualquer garantia diferenciada reservada para indivíduos menores de idade.

Maioridade penal é o estabelecimento de uma idade a partir da qual os cidadãos sejam inteiramente responsáveis
pelos atos criminosos que cometem. A maioridade penal no Brasil e na maioria dos países ocidentais é de 18 anos.
Quando acontecem crimes praticados por menores de idade o tema da maioridade penal ganha destaque.

O que é Maioridade Penal?

O estabelecimento de uma idade mínima que determina que uma pessoa se torne adulta varia de acordo com a
cultura, momento histórico, gênero e religião. Na maioria dos países ocidentais, a maioridade vem a partir dos 18
anos. No entanto, no Japão, essa idade é 21 anos. Igualmente em algumas tribos indígenas a iniciação para a vida
adulta começa aos 13 anos. Para as meninas, em muitas culturas, o sinal da vida adulta seria a chegada da primeira
menstruação quando ela teria se transformado em mulher com capacidades reprodutivas. Por isso, devemos
entender a maioridade em múltiplos aspectos. No Brasil, apesar da maioridade penal vir aos 18 anos, o voto é
facultativo para os menores de 16 a 18 anos, por exemplo. Desta maneira, o conceito de maioridade pode vir ou não
acompanhado de mais responsabilidades na vida pública, social e política.

Maioridade penal no Brasil e em outros países

A maioridade penal a partir dos 18 anos está estabelecida na Constituição de 1988, no artigo 228, que afirma que os
menores de idade são inimputáveis e estão sujeitos a norma especial. Mas por que 18 anos, e não qualquer outra
idade? Isso tem a ver com a chamada doutrina da proteção integral, uma diretriz internacional criada a partir da
Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Organização das Nações Unidas em 1989. Apesar de
que a convenção não determina qual idade deve ser escolhida para a maioridade penal, ela define como criança
todo ser humano com menos de 18 anos de idade. O Brasil e quase todos os países do mundo são signatários deste
tratado e grande parte deles baseia seu sistema penal para jovens a partir dessa convenção. A doutrina da proteção
integral aparece mais claramente no artigo 227 da Constituição, que fala sobre a obrigação da família, da sociedade
e do Estado de assegurar, com prioridade absoluta, os direitos fundamentais da criança, do adolescente e do jovem.
Por tudo isso, antes de completar 18 anos de idade, uma pessoa não pode ser responsabilizada como um adulto no
Brasil. A maioria dos países adota a maioridade penal aos 18 anos, seguindo a Convenção dos Direitos da Criança.
Mas essa idade varia entre 12 e 21 anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, nove estados possuem maioridade penal
abaixo dos 18 anos. Nos demais, menores de 18 anos são encaminhados à Justiça juvenil. Porém, o sistema legal do
país permite que, dependendo da gravidade do crime, jovens a partir de 12 anos sejam julgados pela Justiça comum,
inclusive com possibilidade de prisão perpétua ou pena de morte, em alguns estados. Na Alemanha, a
responsabilidade penal juvenil começa aos 14 anos, enquanto a responsabilidade penal dos adultos começa aos 18.
A diferença é que existe um sistema de jovens adultos, para aqueles com idade entre 18 e 21 anos. Dependendo do
nível de discernimento e de estudo do infrator, ele pode ser julgado pela lei juvenil, mesmo já nessa faixa etária.
Vários países adotam esse tipo de sistema, com variação nas idades estabelecidas.

ECA e os crimes cometidos por menores

Essa norma é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O ECA foi promulgado em 1990 e é o instrumento legal
que consolida as garantias da Constituição aos jovens. Ele garante vários direitos para crianças e adolescentes, como
direito à saúde, à educação, à liberdade, entre outros. Além disso, ele determina as medidas que devem ser tomadas
quando o adolescente comete alguma infração. Como esse estatuto está baseado no que rege a Constituição, o seu
objetivo é que os jovens sejam protegidos e tenham seus direitos garantidos. Por isso, a lógica dele é diferente do
Código Penal, que tem como objetivo estabelecer punições adequadas para os vários tipos de crime. O ECA tem um
caráter protetivo e pedagógico. As medidas do ECA prezam pela educação do jovem, e não pela punição. Até a
linguagem adotada no Estatuto muda em relação ao Código Penal: o ECA não fala de crimes, e sim de infrações;
também não menciona penas, e sim medidas socioeducativas. As medidas socioeducativas do ECA (descritas dos
artigos 112 ao 125) são aplicadas para jovens que já têm idade para ser responsabilizados por uma infração, ou seja,
adolescentes com 12 anos a 17 anos de idade. Quando um menor de idade é pego participando de qualquer tipo de
crime, ele fica detido por no máximo 45 dias, que é o tempo que o Juiz da Infância e da Juventude tem para se
posicionar sobre o caso. Caso seja julgado culpado, o menor pode ser submetido a seis tipos diferentes de medidas
socioeducativas, segundo o ECA:

 Advertência;
 Obrigação de reparar o dano causado;
 Prestação de serviços à comunidade;
 Liberdade assistida;
 Semiliberdade;
 Internação.

As medidas são aplicadas de acordo com a gravidade do crime cometido. Na hipótese de internação, os menores
infratores ficam no máximo por três anos em centros de recuperação. Diferença entre a maioridade penal e
responsabilidade penal A maioridade penal se refere à idade em que a pessoa passa a ter de responder
criminalmente como um adulto, ou seja, quando ele passa a responder ao Código Penal. Já a responsabilidade penal
pode ser atribuída a jovens com idade inferior à da maioridade penal.

Consequência da Redução da Maioridade Penal

A redução da maioridade penal no Brasil é um assunto extremamente polêmico. Uma vez que, existem muitos
argumentos favoráveis e desfavoráveis. Por exemplo, a redução da maioridade penal não vai reduzir a violência, pois
a violência tem relação com o contexto social, familiar e cultural do indivíduo. Outro argumento que podemos citar
dentro deste tema, é que o sistema prisional não resolve o problema da violência no Brasil. Antes de construir mais
presídios para conter a violência, é necessário construir mais escolas. A educação tem impacto positivo na redução
dos índices de violência. As consequências não seriam positivas devido aos pontos citados anteriormente.

Argumentos prós Redução da Maioridade Penal

A discussão sobre a redução da maioridade penal em caso de crimes hediondos gera debates acalorados. Vários são
os argumentos a favor e contra a medida. Vejamos quais são os pontos de vistas defendidos por quem deseja a
redução da maioridade penal:

 Discernimento: um jovem de 16 a 18 já tem condições de saber o que é certo e errado. Assim é plenamente
capaz de ser responsabilizado por um crime hediondo.
 Medidas punitivas insuficientes: as medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente não dariam
conta e vários menores se aproveitavam disso para cometer crimes.
 Diminuição de aliciamento por parte do tráfico de drogas: muitos menores são recrutados porque os
narcotraficantes sabem que eles não irão para a cadeia.
 Argumentos contra Redução da Maioridade Penal
 Desigualdade: os problemas sociais do Brasil atingem principalmente os adolescentes negros e pobres o que
agravaria o racismo e marginalização deste grupo social.
 Educação: a criminalidade entre adolescentes e jovens deveria ser solucionada com investimentos em
educação e saúde e não com punição.
 Modelo prisional: os cárceres no país não são preparados para ressocializar adultos e muito menos estariam
adequadas para receber jovens.

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