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Estatuto da Criança

e do Adolescente
Amanda Máximo
APLICABILIDADE DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE

AULA 3
Aplicabilidade do
Estatuto da Criança e
do Adolescente
1. APLICAÇÃO

São consideradas crianças as pessoas com até 12 (DOZE)


anos incompletos e adolescentes aqueles entre 12 (DOZE) e
18 (DEZOITO) anos incompletos.

Em casos excepcionais, pode-se aplicar o Estatuto da


Criança e do Adolescente a pessoas com idade entre 18 e 21
anos.
Dispõe sobre os direitos dos jovens a Lei 12.852, de 5 de
agosto de 2013, traçando os princípios e diretrizes das
políticas públicas de juventude.

Além de criar o Sistema Nacional de Juventude –


SINAJUVE, também define pessoas jovens aquelas com
idade entre 15 e 29 anos.

A aplicação do Estatuto da Juventude, quando se tratar de


adolescentes com idade entre 15 e 18 anos incompletos, está
condicionada à não contrariedade ao Estatuto da Criança e
do Adolescente.
A determinação das idades para a aplicabilidade do Estatuto
de maneira correta é de suma importância. Isso também
corrobora para a abordagem adequada das medidas a serem
tomadas frente às situações apresentadas.

Deve-se delimitar e determinar a política pública pertinente


para cada fase da vida da criança e do adolescente.
Pela vulnerabilidade da pessoa, nessa fase da vida, requer
sejam adequadas todas as formas de garantia dos direitos à
criança e ao adolescente.

Mais importante ainda, é a forma como se aplicam os


determinados estatutos quando da repreensão e
ressocialização do adolescente infrator.
Quando uma criança ou adolescente necessita de ajuda ou de
uma forma mais incisiva de repreensão, por atos não aceitos
pela sociedade, não se pode adotar as políticas aplicadas aos
maiores de idade quando do cometimento de crimes e
infrações penais.

É necessário um cuidado na aplicação do ECA quando se


trata da criança e do adolescente em virtude de suas
particularidades.
Roberto Barbosa Alves (2008, p. 08) assim, argumenta:
O ECA permitiu que o direito dos menores cedesse lugar ao direito da infância e
da juventude. A opção teve como fundamento o abandono da doutrina da situação
irregular em favor da doutrina da proteção integral. Consequentemente substituiu-
se uma justiça de menores, tuitiva e paternalista, por uma justiça da infância e da
juventude adequado ao direito cientifico e as normas constitucionais. O estatuto
proscreveu o termo menor e preferiu os vocábulos crianças e adolescentes para
definir, respectivamente, as pessoas de até 12 anos e aquelas que tenham entre 12
e 18 anos (art. 2º). A distinção, a nosso ver, utiliza melhor técnica que a
Convenção da ONU e a maior parte das leis estrangeiras, que se referem ao menor
como toda pessoa de menos de 18 anos de idade. A superioridade do conceito
adotado pelo o Estatuto pode ser notada especialmente quando se fala do processo
por ilícito penal, cujo único sujeito ativo é o adolescente.
Ao longo dos anos, criou-se uma maior preocupação quanto
ao tratamento direcionado às crianças e aos adolescentes,
atendendo as suas necessidades através de políticas públicas
de atuação que garantissem o atingimento da finalidade de
proteger e cuidar das pessoas que se encontram nessas
idades e requerem maior atenção.
A evolução do direito e das relações sociais aumentou ainda
mais o cuidado com todas as classes mais vulneráveis, não
sendo diferente com aqueles outrora tratados como menores.

Hoje, os termos “criança” ou “adolescente” são os mais


corretos para o tratamento de pessoas nessa fase da vida.
Tratar a criança e o adolescente, atendendo o caráter de
formação presente em sua situação biológica e fisiológica, é
garantir que na medida de suas diferenças, todos sejam
tratados de forma igual.

Esta é a necessidade de um programa específico e diferente,


com legislação própria, que, se fosse orientado do mesmo
modo como se faz com os maiores de idade, não teria efeito
e nem atingiria o seu objetivo.
2. CARÁTER UNIVERSAL

Sem qualquer distinção, diferentemente do que se pregava e


de onde era visualizada a necessidade de atuação, todas as
crianças e adolescentes são englobadas pelo sistema de
garantia dos direitos fundamentais.

Há aqui uma proteção maior e mais eficaz quando da


aplicabilidade do direito a eles inerentes.
A universalidade no sistema de garantias nada mais é do que
garantir que todas as crianças e adolescentes, sem qualquer
discriminação por nascimento, situação familiar, etnia, cor,
crença, deficiência, condição econômica, deixem de ser
contemplados com todos os direitos pertencentes a eles.

Assim, não há falar em privilégios ou grupo específico de


atuação, mas a abrangência de todos que precisam ou irão
necessitar de seu amparo futuramente.
Todas as crianças e adolescente têm hoje um sistema de leis
e normas que pretendem garantir que nenhum de seus
direitos sejam violados, assim como não sejam expostos a
situações incompatíveis com a sua idade e formação.

A realidade hoje requer grande atenção, principalmente às


crianças e aos adolescentes, em que o risco de predisposição
para situações ruins, é bem maior.
Com isso, visa garantir o sistema de proteção universal, de
forma mais ampla, bem como que essas situações não
ocorram, assim como agir da forma correta a qualquer um
que necessitar de sua proteção.

Como vimos, não cabe fazer juízo de preferências e


urgências.
Todas as crianças e os adolescentes estão sujeitos às normas
e garantias que as guardam de problemas que podem vir a
aparecer.

Neste contexto, todos devem ser resguardados de tudo que


possa prejudicar a sua formação regular e correta.
3. CRITÉRIO NO ÂMBITO DE APLICAÇÃO

Para ser fixado no âmbito de aplicação e atuação do Estatuto


da Criança e do adolescente, levou-se em consideração o
critério biológico.

Vislumbrou-se uma maior segurança por ser mais objetivo e


igualitário, quando da determinação do grupo sobre o qual
recai.
Através de estudos, confirmou-se que a formação completa
do cérebro e a totalidade de capacidade de responsabilidade
por seus atos só se perfaz na fase adulta.

Ainda, na fase da infância e da adolescência, a pessoa recebe


diversos impulsos, em que na maioria das vezes ainda não
possui o discernimento correto para correspondê-lo da forma
mais adequada.
Nessa fase da vida, o cérebro não freia muitos impulsos e
emoções, o que pode levar a pessoa a fazer o que não é
correto.

Também, é reduzida a nossa facilidade na sensação de


prazer e satisfação, mais frequentes na infância,
impulsionando sempre novos estímulos.
O tratamento diferenciado se dá pelas características
peculiares nessa fase.

Variações hormonais, de humor, são comuns nesta fase


juvenil, em que há a necessidade de tratamento diferenciado
por meio de lei especial para ampará-los.

As atitudes impensadas, frente aos motivos e especificações


já expostos, demonstram o ensejo de atenção especial.
Assim, quando se fala de atos e fatos que se enquadram no
ECA, há todo um enquadramento em princípios e regras
específicas, que norteiam a adequação da aplicação da
norma à pessoas ainda em desenvolvimento fisiológico,
biológico e psicológico.
4. EMANCIPAÇÃO

O instituto da Emancipação ocorre quando o menor de idade


atinge a capacidade civil por concessão dos pais, que através
do poder familiar e cumprindo os requisitos impostos por lei,
autorizam sua efetivação.

Apenas nas hipóteses apresentadas em lei e por causas que


justifiquem a ratificação do ato é que que se pode emancipar
um menor de idade.
As hipóteses de emancipação estão elencadas no Art. 5º do
Código Civil Brasileiro:
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I. pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II. pelo casamento;
III. pelo exercício de emprego público efetivo;
IV. pela colação de grau em curso de ensino superior;
O Código Civil traz as hipóteses e causas em que ocorre a
emancipação.

Não é apenas a mera existência de vontade de emancipar ou


de ser emancipado.

Deve haver uma justificativa amparada de forma legal para


sua confirmação.
A emancipação cessa o poder familiar dos pais ou
responsáveis, dando ao menor o poder de realizar atos
negociais sem assistência, bem como agir com lhe aprouver,
sem a necessidade de autorização, que seria necessário no
caso contrário, qual seja, a inexistência de emancipação.

Há uma liberdade do menor, quando emancipado, de realizar


atos, tidos como ilegítimos, caso não houvesse a
emancipação.
O que não se pode confundir é a autorização para realização
de atos da vida civil, com a antecipação da maturidade
fisiológica do menor.

Não há como acelerar o crescimento do adolescente em


todos os seus aspectos: biológico, físico, químico,
psicológico, emocional, entre outros.
O que a lei permite é que, frente a casos específicos, com
autorização de quem detém o poder familiar, ou por
situações específicas, o menor tome providências de sua
vida, sem ter que passar pelo crivo de quem possui a
responsabilidade por seus atos.

Por ainda se encontrar em formação, não há como antecipar


o seu amadurecimento natural.
De acordo com Maria Helena Diniz a incapacidade é a
restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, devendo
ser sempre encarada estritamente, considerando-se o
princípio de que, a capacidade é a regra e a incapacidade a
exceção (2015,p.170).

A emancipação pode ser voluntária ou judicial. Este último


caso ocorre quando há necessidade de intermédio da justiça
por falta da participação dos pais ou destituição do poder
familiar.
Quanto aos efeitos da sentença que homologa a emancipação
cabe destacar:

Quando concedida por sentença, deve o juiz comunicar, de


ofício, a concessão ao oficial de Registro Civil. A
emancipação legal (casamento, emprego público etc.)
independe de registro e produzirá efeitos desde logo, isto é, a
partir do ato ou fato que a provocou. [...] A emancipação
legal decorre, [...], de determinados acontecimentos a que a
lei atribui esse efeito. (GONÇALVES, 2013, p.135).
A emancipação é irrevogável. Mesmo cessando os motivos
ou circunstâncias que a ensejaram, não volta ao status
anterior aquele que foi emancipado.

Daí o total cuidado que deve ter quem vai emancipar um


menor e ao menor que será emancipado, uma vez que este
deverá arcar com todas as responsabilidades por seus atos
após a homologação da emancipação.
Todos os direitos e garantias fundamentais, aplicados à
criança e ao adolescente não são afastados do indivíduo após
sua emancipação. Continuam inerentes a ele até sua
total maturidade fisiológica.

Caso seja necessário invocar tais preceitos e normas, estes


estarão sempre prontos para aplicação.
REFERÊNCIAS

ALVES, Roberto Barbosa. Direito da infância e da juventude.


São Paulo: Saraiva, 2008;

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro Teoria


Geral do Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2015;

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Parte


Geral 1. São Paulo: Saraiva, 2013.

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