e do Adolescente Amanda Máximo AULA 4 Princípios do Direito da Criança e do Adolescente 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Os princípios servem para valorar e fundamentar as regras,
dando segurança e efetividade a sua aplicação.
Ainda, fazem o papel de integrar todo o sistema de direitos e
deveres em nosso ordenamento jurídico. Além dos princípios do direito da criança e do adolescente, cada desdobramento da disciplina nos revela a aplicação de mais princípios específicos.
Sempre se faz necessária a aplicação e caracterização dos
princípios para que a norma em questão tenha um sentido de aplicabilidade e eficácia, justificando o seu objetivo. Há aqui, no estudo dos princípios, a concretização da proteção integral no direito infantojuvenil pátrio, com reflexo direto no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana para crianças e adolescentes.
Por meio deles é dada uma força de eficácia às normas, para
garantir que sejam realmente necessárias e úteis para aplicação no direito. Em termos gerais, os princípios são norteadores da boa aplicação e da execução do direito.
Primam e zelam pela melhor forma de atuação jurídica.
Tratando-se de crianças e adolescentes, auxiliam na
aplicação normativa, bem como na sua proteção. Qualquer área da ciência e do conhecimento necessita dos princípios para embasar o início e as premissas de seus estudos e aplicação.
Sendo jurídica ou não essa área, é através deles também que
há uma consciência de equidade para a melhor escolha na hora de atuação e de externar seus atos.
O ECA, pelos princípios que serão estudados, garante
tratamento diferenciado à criança e ao adolescente. O dicionário da Língua Portuguesa assim conceitua:
Princípios: são um conjunto de normas ou padrões de
conduta a serem seguidos por uma pessoa ou instituição. A conceituação dos princípios está relacionada ao começo ou início de algo. São os pontos considerados iniciais para um determinado assunto ou questão. 2. PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA
O Princípio da Prioridade Absoluta consta no art. 227 de
nossa Carta Magna, impondo ao Estado a obrigação de estabelecer como prioridade, políticas, planos, programas e serviços, visando atender às especificidades da primeira infância na integralidade de seu desenvolvimento.
É estabelecida a primazia, em todas as esferas de atuação,
em favor da criança e do adolescente. A Constituição Federal de 1988, nossa Lei Maior, em seu art. 227, traz o Princípio da Prioridade Absoluta estampado em seus preceitos que devem ser seguidos, assim como devem servir de orientação para as normas infraconstitucionais: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Não cabe questionamento quanto ao interesse a ser tutelado, já que é determinação constitucional e não há como retirar o seu patamar de prioridade.
O objetivo da prioridade é a concretização dos direitos do
art. 227 da Constituição Federal, através da proteção integral garantida.
Ainda, cabe ressaltar, que o art. 4º do ECA destaca a
importância do princípio no mesmo sentido. O art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente assim determina: Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
A. primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
B. precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância
pública;
C. preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
D. destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude. O que se leva em conta para a importância dada é a condição da pessoa em desenvolvimento, em que há uma fragilidade na formação da criança e do adolescente, que corre mais riscos que um adulto, por exemplo.
Essa prioridade deve ser assegurada por todos: poder
público, sociedade, família.
Só assim, serão garantidos os direitos inerentes ao menor de
idade, com o status trazido pela Constituição Federal. A família, como instituição primordial para a constituição da sociedade como um todo, já possui naturalmente um dever de zelar pelas crianças e adolescentes.
Mesmo com as previsões legais, que garantem a prioridade
na efetivação dos direitos estabelecidos na Constituição Federal e no ECA, não há que se questionar o papel da família que age com primazia para garantir a proteção ao desenvolvimento daqueles protegidos pelo direito infantojuvenil. Já em relação às comunidades, depois da família, por ser a parcela da sociedade mais próxima da criança e do adolescente, por se encontrarem na mesma região, compartilharem dos mesmos costumes e frequentarem os mesmos locais (escolas, igrejas), há uma maior facilidade em identificar a violação de direitos e os comportamentos anormais que possam trazer um risco ou comprometer a boa convivência.
Há aqui um conhecimento de seus membros, ao longo dos
anos, que através da convivência, facilitam o processo de reconhecimento. A sociedade, em geral, já impõe aos seus membros que possam agir de forma a não prejudicar a boa convivência.
De forma mais abrangente, além das comunidades onde se
criam vínculos e costumes próprios, há uma imposição maior de comportamento, que garante um mínimo de prudência nos atos particulares.
A sociedade como um todo cobra de seus componentes uma
proteção às crianças e aos adolescentes. Atualmente, fala-se muito em socializar o dano como forma de prevenir e reprimir novas ações danosas à sociedade.
Quando falamos nas crianças e nos adolescentes, tentamos
aqui socializar a responsabilidade, pois cabe a todos, de forma geral, garantir um ambiente saudável e todas as garantias para que, quando cheguem à fase adulta, estejam preparados para enfrentar os novos desafios e suas responsabilidade. Se as nossas crianças e adolescentes chegarem a fase adulta sem preparo, maculados por vários vícios, em virtude da falta de garantia dos direitos a eles dispensados, é porque houve uma falha de todos em garantir que influências danosas pudessem afetá-los.
Como diz o próprio princípio, deve haver a prioridade nos
cuidados infantojuvenis. O poder público, em todas as suas esferas (judiciária, administrativa e legislativa), deve efetivar a aplicação das leis, da elaboração e execução das políticas públicas, garantindo que o Princípio da Prioridade Absoluta seja respeitado.
Infelizmente, não é o que ocorre. Há uma deficiência em
todas as áreas de atuação do poder público em nossa país que, além de gerar um atraso, traz grandes consequências para a nossa sociedade. A lei elencou um rol mínimos de preceitos a serem seguidos para a efetivação do princípio estudado.
Não se esgota neste rol as possibilidades de atuação e
exigências, havendo outras possibilidades de efetivação.
De todo modo, devem ser assegurados tais direitos com
prioridade. A primazia em relação às crianças e aos adolescentes deve ser buscada em todos os âmbitos, garantindo sua prioridade frente às situações apresentadas.
Se não tivermos sucesso na formação dos nossos jovens,
teremos uma sociedade futura fadada ao fracasso e com enormes problemas sociais. 3. PRINCÍPIO DO INTERESSE SUPERIOR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A sua origem está atrelada à antiga responsabilidade do
Estado na guarda dos juridicamente limitados – “menores e loucos”.
Com a verificação da sua importância, ele foi incluído na
Declaração dos Direitos da Criança em 1959.
Quando foi adotada a proteção integral, na Convenção
Internacional Sobre os Direitos da Criança, houve a mudança em seu enfoque. Antes, apenas aqueles caracterizados como em situação de risco ou desprotegidos, eram abrangidos pela proteção das normas que cuidavam dos direitos da criança e do adolescente.
Agora, com a proteção integral, todos serão alcançados pelos
efeitos e imposições legais pertinentes.
Aumentou-se a amplitude de sua aplicação com passar dos
anos, inclusive no ambiente familiar, garantindo que todo o público infantojuvenil pudesse ser tocado por seus preceitos. A preocupação em relação ao interesse da criança e do adolescente deve ter prioridade, prezando-se pela boa formação moral, social e psíquica deles. Nas palavras de DA CUNHA PEREIRA:
“É a busca da saúde mental, a preservação da estrutura
emocional e de seu convívio social.” O princípio em estudo é orientador para o legislador e para o aplicador, indicando a necessidade em priorizar as questões infantojuvenis e os interesses a ele relacionados.
Esse princípio é utilizado também como critério de
interpretação das normas, resolução de conflitos e elaboração de regras futuras. Todos aqueles que atuam, direta ou indiretamente, com os direitos da criança e do adolescente devem ter a consciência de que seus interesses devem ser sempre almejados.
Jamais podemos afastar tais imposições. O princípio norteia
a sua aplicação, mas a exteriorização é um dever de todos. 4. PRINCÍPIO DA MUNICIPALIZAÇÃO
A política assistencial foi descentralizada pela Constituição
Federal de 1988, colocando assim a sua execução na responsabilidade de todos os entes, em todas as esferas.
Restou concorrente a atribuição para a execução de tais
sistemas e políticas, onde cabe à União a competência para dispor sobre normas gerais e aos Estados e Municípios a sua execução. Fica clara a importância do governo local (municipal) na execução das políticas públicas, pela proximidade que possui com a realidade, sabendo a melhor forma de agir.
Há uma facilidade em tratar aqueles que convivem na
mesma realidade, no mesmo espaço territorial e de tempo, permitindo maior eficácia à execução das políticas públicas. Foi criado, por meio da da Lei 12.594, de 18 de janeiro de 2012, o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), cabendo aos municípios sua formulação, coordenação e aplicação.
A criação dos Conselhos Municipais e a delegação da
execução de medidas socioeducativas aos municípios são exemplos essenciais que retratam a aplicação do Princípio da Municipalização para garantir os direitos infantojuvenis. É no meio em que vivem, que as crianças e os adolescentes são expostos aos riscos sociais criados.
Portanto, cabe ao poder público local, através dos órgãos
responsáveis, resolver as questões que prejudicam ou possam prejudicar as garantias legais da criança e do adolescente. Ainda há muito o que melhorar quanto à municipalização da execução das políticas públicas e dos sistemas que protegem o menor de idade.
Porém, mesmo sendo o poder público local o garantidor da
boa e eficaz execução dessas políticas, não se pode excluir a atuação e a parceria dos Estados e da União para, de uma forma geral, garantir o pleno desenvolvimento, a tutela e o resguardo dos direitos infantojuvenis. REFERÊNCIAS
BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,
1988. Site da Presidência da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçãoompilado.htm >. Acesso em 30/10/2018;
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
Site da Presidência da República Federativa do Brasil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 30/10/2018.
DA CUNHA PEREIRA, Rodrigo. Princípios Fundamentais Norteadores do
Direito de Família. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. Pg. 127.