Você está na página 1de 100

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE – ECA
LEI Nº 8.069 de 13 de julho de 1990

1
QUEM SOU EU E QUEM SÃO OS ALUNOS?

Como sou nova por aqui, quero conhecer cada um de


vocês.... E pra isso nada melhor do que uma boa
dinâmica.

2
COMO SERÃO MINISTRADAS NOSSAS AULAS?

Aulas expositivas-dialogadas e atividades baseadas em metodologias ativas de


aprendizagem.

Mas o que significa isso??

Quando falamos em aula expositiva e dialogada queremos dizer que a aula será
em grande parte expositiva, ou seja, o professor irá conduzir e repassar os
ensinamentos dados no entanto, para a boa condução da aula é preciso que o
aluno participe ativamente.

Então posso fazer perguntas o tempo todo?

Sim, as perguntas são sempre bem vindas, no entanto, temos que nos atentar de
fazermos perguntas relacionadas a matéria para não atrapalhar os demais.
Veja que o ponto forte desta estratégia é o dialogo entre alunos e professor, onde
há espaço para questionamentos, críticas, discussões e reflexões, onde o
3
conhecimento possa ser sintetizado por todos.
CONHECENDO NOSSA DISCIPLINA

Doutrina da situação irregular e o princípio da proteção integral. Das disposições


preliminares do estatuto da criança e do adolescente. Do direito à vida e à saúde. Defesa do
nascituro. Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Do direito à convivência familiar
e comunitária. Da família natural e da família substituta. Da guarda no Código civil e no E. C.
A. Da tutela no Código civil e no E. C. A. Da adoção no Código civil e no E. C. A. Do direito à
educação, à cultura, ao esporte e ao lazer. Os menores de conduta antissocial. Os atos
infracionais. Medidas socioeducacionais. Os crimes e as infrações administrativas contra os
menores. Declarações e convenções internacionais. Adoção internacional. Processo do
Menor: O juiz, o Ministério Público, a defesa. Procedimento infracional. Procedimentos
civis.

4
COMO SERÃO NOSSAS AVALIAÇÕES?

03 (três) Avaliações: contendo 20 questões abrangendo o conteúdo ministrado


até a data da prova, sendo que as questões serão mescladas em dissertativas
(subjetivas), objetivas e/ou “V” ou “F”.

1ª Avaliação – 07/05/2022
2ª Avaliação – 28/05/2022
3ª Avaliação – 02/07/2022

Todas as provas serão realizadas sem consulta.

100% de presença valerá 1,0 (um) ponto na média final.

5
OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM

Reconhecer o histórico e o avanço da legislação no que tange a proteção da criança e


adolescente.

Desenvolver reflexão crítica sobre a realidade sócio-política da condição da criança e do


adolescente.

Reconhecer os diferentes sistemas de proteção da criança e do adolescente.

Identificar as medidas restritivas de direito.

Demonstrar compreensão acerca da situação do menor encarcerado.

Identificar as diferentes frentes do processo judicial infantil.

Relacionar os novos direitos com as garantias instituídas no ECA.

6
BIBLIOGRAFIA

CURY, Munir (coord.). Estatuto da Criança e do


Adolescente Comentado. Malheiros.

ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do


Adolescente - Doutrina e Jurisprudência. Atlas.

CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo;


ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da Criança e do
Adolescente Comentado. Revista dos Tribunais.

MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos


em juízo. Saraiva

7
VAMOS AS AULAS?

8
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA
LEI Nº 8.069 de 13 de julho de 1990

9
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ESTATUTO DA CRIANÇA E
CÓDIGO DE MENORES
1988 DO ADOLESCENTE
1979
1990

MENOR INFRATOR
ABSOLUTA PRIORIDADE DA CRIANÇA
E
PROTEÇÃO INTEGRAL

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CRIANÇA 10


Art. 227. É dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à Art. 3º A criança e o adolescente gozam de
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao todos os direitos fundamentais inerentes à
respeito, à liberdade e à convivência familiar e pessoa humana, sem prejuízo da proteção
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda integral de que trata esta Lei, assegurando-
forma de negligência, discriminação, exploração, se-lhes, por lei ou por outros meios, todas
violência, crueldade e opressão. (Redação dada as oportunidades e facilidades, a fim de
Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e de dignidade.

11
PROTEÇÃO INTEGRAL

É O CONJUNTO AMPLO DE MECANISMOS JURÍDICOS VOLTADOS A TUTELA DA CRIANÇA

Estabeleço que a criança


é um sujeito de direitos
Forneço um arcabouço
legislativo de proteção
Responsabilizo a sociedade Crio um sistema jurídico
pelo crescimento da criança para a infração

ESTABELEÇO QUE TODOS OS SISTEMAS JURIDICOS DEVEM CONVERSAR COM ESTA CRIANÇA

12
Aliado ao principio da proteção integral temos ainda dois outros princípios que estabelecem a ótica do menor
no estatuto.

O principio da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento: Tal princípio é entendido como base
para a nova legislação somando-se à condição jurídica de sujeito de direito e à condição política de absoluta
prioridade. Ademais, tem-se que a criança e o adolescente não conhecem totalmente, nem possuem
condições de defender e de fazer valer plenamente seus direitos, e não tem ainda capacidades plenas de
suprir suas necessidades básicas.

O principio da intervenção mínima: O referido princípio busca orientar a intervenção mínima nas punições,
devendo apenas ser castigadas as infrações mais prejudiciais à sociedade e de relevância social mais
significativa, devendo ser imposto um castigo proporcional à gravidade do delito. Com isso, a norma penal
juvenil somente será utilizada para defender bens jurídicos essenciais de agressões mais gravosas, ou ainda,
ser usada de maneira secundaria em condutas que não possam ser tratadas por outros meios de controle
social.

13
ORGANIZAÇÃO DO ESTATUTO

a) o Sistema Primário, que dá conta das Políticas Públicas de Atendimento a crianças e


adolescentes (especialmente os arts. 4° e 85/87);

b) o Sistema Secundário que trata das Medidas de Proteção dirigidas a crianças e


adolescentes em situação de risco pessoal ou social, não autores de atos infracionais, de
natureza preventiva, ou seja, crianças e adolescentes enquanto vítimas, enquanto violados
em seus direitos fundamentais (especialmente os arts. 98 e 101);

c) o Sistema Terciário, que trata das medidas socioeducativas, aplicáveis a adolescentes


em conflito com a Lei, autores de atos infracionais, ou seja, quando passam à condição de
vitimizadores (especialmente os arts. 103 e 112) (SARAIVA, 2003, p.62).

14
MAS QUEM É A CRIANÇA E O ADOLESCENTE DO ECA?

IDADE NOME IURIS


De 0 a 12 anos incompletos Criança
De 12 a 18 anos incompletos Adolescente
A partir de 18 anos Maior plenamente capaz

É possível mudar este critério?

Ele impacta na menoridade penal?


15
A maioridade penal é a idade em que o indivíduo irá QUANDO FALAMOS NA REDUÇÃO DA
responder criminalmente como adulto (no caso, MENORIDADE PENAL, ESTAMOS
responder ao Código Penal). QUERENDO DIZER QUE O MENOR
PODERÁ SER RESPONSABILIZADO
Quando falamos em crianças e adolescentes são CRIMINALMENTE COM MENOR IDADE.
estamos no campo do Direito Penal, mas sim do
ESTATUTO!

O que não significa que a criança ou adolescente não


será responsabilizada, mas que esta responsabilização
estará dentro dos ditames da proteção integral do menor. ISTO É POSSIVEL?

É clausula pétrea? O artigo 228 da Constituição de 1988

16
IDADE NOMEN IURIS PENALIDADE?
0 a 12 anos Criança Inimputável
12 a 18 anos incompletos Adolescente Medida restritivas
A partir de 18 anos Adulto Responde criminalmente

É possível alguém maior de 18 anos ser responsabilizado pelo ECA?

SIM! No caso hipotético deste menor estar enfrentando um


processo e no seu decorrer ele atinja a maioridade, como
falamos na imputabilidade desde adolescente ele
responde pelo ECA, ainda que maior.

17
DIREITOS E GARANTIAS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITO A VIDA E A SAÚDE – Art. 7º ao 14º

DIREITO A LIBERDADE, RESPEITO E


DIGNIDADE - Art. 15º ao 18º

DIREITO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR - Art. 19 a 52º

DIREITO A EDUCAÇÃO, ESPORTE E LAZER – Art. 53 a 59

DIREITO A PROFISSIONALIZAÇÃO – Art. 60 a 69

18
DIREITO À VIDA

É delineado para a proteção integral da vida. Desde a sua fecundação até o atingimento da maioridade
do indivíduo.

Assegura a todas as mulheres o


acesso aos programas e às Institui um programa de
Adoção guiada
políticas de saúde da mulher e de prevenção da Gravidez
planejamento reprodutivo (Art. 8 na Adolescência. (Art. 9)
do ECA)

É obrigatória a vacinação das Identificação do Fornecer gratuitamente


crianças nos casos recomendados recém-nascido medicamentos
pelas autoridades sanitárias. (Art. 10 do ECA)
19
ADOÇÃO COMO UM DIREITO DA CRIANÇA

Positivo – politicas para engravidar


Assegura a todas as mulheres o
planejamento reprodutivo (Art. 8 do ECA) Negativo – politicas para não engravidar

Acompanhamento psicológico da mãe

Adoção Preservação da família natural ADOÇÃO É PARA A CRIANÇA E NÃO PARA A MÃE

É direito da criança estar inserido em um núcleo familiar.

20
IDENTIFICAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO (Art. 10 do ECA)

O registro é feito pelo cartório Oficial de Registro Civil das


Pessoas Naturais, da circunscrição de nascimento do “recém-
nascido” ou de residência dos pais.

Caso a mãe seja menor de 16 anos esta deverá comparecer


acompanhada de seus pais ou representante legal quando do
registro de nascimento

O Provimento nº 63/2017 CNJ autorizou o reconhecimento


voluntário da paternidade ou da maternidade socioafetiva
perante os oficiais de registro civil.
COMO FICA O INTERSEXO?
21
E OS NÃO BINÁRIOS?
No início de agosto de 2021 o CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) autorizou que crianças
intersexos, que nascem sem o sexo definido como
masculino ou feminino, sejam registradas com o
sexo “ignorado” na certidão de nascimento.

Pessoa não binária tem direito a ter gênero não


especificado no registro civil. Com esse
entendimento, a 3ª Câmara de Direito Privado do
Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que
registro civil de pessoas naturais retifique o nome de
uma pessoa não binária e inclua informação de
22
"gênero não especificado/agênero".
VACINA É OBRIGATORIA?

Essa decisão [da obrigatoriedade ou não] não está no


âmbito da discricionariedade [não depende] da autoridade
sanitária (ministério, Anvisa ou secretarias), pois já foi
antes definida por lei: uma vez recomendada para
crianças, a vacina passa a ser obrigatória”, afirma a nota
técnica

A vacina Covid-19 ainda não esta listada no Programa


Nacional de Imunizações (PNI), que coloca mais de 40
vacinas dentro do Calendário Nacional de Vacinação.
23
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente a
ação direta, para conferir interpretação conforme à Constituição ao
art. 3º, III, d, da Lei nº 13.979/2020, nos termos do voto do Relator e
da seguinte tese de julgamento: “(I) A vacinação compulsória não
significa vacinação forçada, porquanto facultada sempre a recusa
do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de
medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição
ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados Barroso afirmou que o direito
lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham à saúde coletiva,
como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, particularmente das crianças
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, e dos adolescentes, deve
segurança e contraindicações dos imunizantes, (iii) respeitem a prevalecer sobre a liberdade
dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas, (iv) de consciência e de
atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade e (v) convicção filosófica.
sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e (II) tais
medidas, com as limitações acima expostas, podem ser
implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal
e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência”.
Vencido, em parte, o Ministro Nunes Marques. Presidência do
Ministro Luiz Fux. Plenário, 17.12.2020 (Sessão realizada 24
inteiramente por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).
Supremo Tribunal Federal decidiu que a obrigatoriedade da vacinação é constitucional.
(ADIs) 6586 e 6587.

VACINA EM ESTÁGIO
NÃO HÁ OBRIGATORIEDADE
EXPERIMENTAL

SARS – COVID

VACINA INCLUSA NO SISTEMA


HÁ OBRIGATORIEDADE
NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO

"vacinar as crianças é uma decisão dos pais e responsáveis, mas pode o poder publico limitar este
direito"
25
DIREITO A LIBERDADE, RESPEITO E DIGNIDADE - Art. 15º ao 18º

Toque de recolher pode?

Eventual apreensão de crianças e adolescentes


decorrentes dos referidos "toques de recolher"
importa, em tese, na prática do crime tipificado no
Direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços art. 230, da Lei nº 8.069/90, posto que a privação
comunitários, ressalvadas as restrições legais de liberdade de criança ou adolescente somente
será legal quando configurado flagrante de ato
infracional ou quando da existência de ordem
legal, expressa, fundamentada e individualizada
de autoridade judiciária competente (o que não é
o caso, logicamente, de uma portaria genérica e
ilegal, expedida fora do âmbito da competência
normativa da Justiça da Infância e da Juventude
ou de uma lei manifestamente inconstitucional).
26
AUTORIZAÇÃO PARA VIAGENS
Viagem Nacional
Viagem internacional
A autorização é necessária para crianças menores
de 12 anos que forem viajar desacompanhadas ou A autorização é necessária para crianças e
na companhia de pessoas que não sejam seus adolescentes (0 a 17 anos) que forem viajar sem os
parentes até o terceiro grau (irmãos, tios e avós). pais, sendo dispensável quando na companhia de
ambos. Se na companhia de apenas um dos
O adolescente (maior de 12 anos) não necessita genitores, o outro deverá autorizar a viagem por
de autorização para viajar no território nacional, documento com firma reconhecida por
bastando portar documento de identidade original autenticidade ou semelhança.
ou certidão de nascimento (original ou cópia
autenticada). Os genitores podem autorizar a viagem ao exterior
de criança ou adolescente desacompanhado ou em
A autorização é dispensável quando a criança companhia de terceiros maiores e capazes. O
estiver na companhia dos pais, responsáveis, documento de autorização deve ser de ambos os
ascendente ou colateral maior até o terceiro grau, pais, com firma reconhecida por autenticidade ou
comprovado o parentesco por meio de semelhança. 27
documentos válidos legalmente.
DIREITO DE EXPRESSAR SUA OPINIÃO

A liberdade de expressão constitui um dos maiores Também não podem aparecer em programas
direitos garantidos pela Constituição do Brasil. É um tido como fora de sua faixa etária, isto porque o
princípio fundamental democrático que garante público infantojuvenil prima por conteúdos
diversidade de pensamentos e ideologias a qualquer artísticos, culturais com a finalidade educativa e
cidadão brasileiro. informativa, contudo, é válido ressaltar a
significância que se tem a classificação,
No entanto, como qualquer direito fundamental pode especificação primária, dispostas em
sofrer restrições neste caso no que tange ao direito de espetáculos públicos, rádios, filmes, séries, e
crianças e adolescentes se expressarem Estatuto da todos ali envolvidos sejam em espetáculos
Criança e do Adolescente traz certas restrições à abertos ou fechados, seja os reprodutores de
liberdade de expressão, como forma de assegurar o bem- conteúdos nas TVS como diretores por exemplo,
estar das crianças. devem compreender o horário da
disponibilização destes conteúdos, as faixas
Por exemplos crianças são proibidas de aparecem em etárias daqueles não recomendados, a natureza
comerciais ou programas que promovam o uso de cigarro e o mais importante, ressaltar a inadequação
e bebida. dos impróprios. 28
EXPOSIÇÃO DE CRIANÇAS E O ECA
As redes sociais têm tomado o espaço da
televisão e de outras mídias, por meio delas tem
se criado diversos “famosos” que têm suas vidas
acompanhadas diariamente por milhões de
pessoas. Ainda mais, por se tratar de meio que
integra o principal canal de comunicação e
armazenamento de informações, a internet.

Enquanto na televisão as pessoas interpretam


papéis, dão entrevistas sobre seus feitos com a
profissão e outros, as redes sociais causam
idolatria à própria pessoa, a sua rotina diária,
aos seus bens e ao que falam. Tanto que, o
serviço de propaganda deles, trabalha com a
influência do famoso sobre seus seguidores.
Ocorre com isso, exposição diária e muito
propícia a julgamentos especialmente quando
se trata de crianças. 29
Em vários casos, a opção de expor a criança ultrapassa o
limite da vontade do pai ou da mãe de mostrar a criança à
parentes, aos amigos e outros que integrem suas redes
sociais e passam a ser o meio pelo qual os pais geram
seus rendimentos.

Há casos em que: Crianças realizam sorteios em suas


redes sociais; são divulgadas em situações vexatórias;
são filmadas e fotografadas diariamente e de forma
constante ao longo do dia; fecham publicidades e fazem
divulgação de serviços ou produtos; sofrem linchamento
virtual; recebem críticas em suas redes sobre
comportamento, aparência, atitudes que toma; sem
contar que, em muitos casos passam por abusos físicos e
psicológicos de forma clara e exposta, além do que não é
filmado.
30
Independente do conteúdo que façam e da forma que
produzem, há um objetivo comum entre as partes, fechar
contratos de divulgação de produtos, serviços e lucrar
com isso.

Dessa forma, as crianças com perfis profissionais, estão


sim, realizando um trabalho e devem sim, ser amparadas
juridicamente quanto à duração deste, o limite para tanto,
a permissibilidade, o tipo de trabalho que podem realizar,
entre outros.

Da mesma forma que ocorreu permissão do trabalho de


atores e atrizes mirins, com diversos contrapontos para
que a profissão destes possa ser mantida, a nova
necessidade é a de criação de amparo às crianças que
da própria casa, com o uso do celular e com seus
genitores como “chefes”, trabalham diariamente gerando
conteúdo de entretenimento.
31
CASO ALICE: O QUE DIZ A LEI SOBRE USO DE IMAGENS EM MEMES!

O fato de uma imagem estar disponível ou circulando na


internet não a torna de domínio público. Sempre é
necessária a autorização para o uso e quando a violação
envolver menor de idade, a implicação pode ser mais
séria.

No caso de crianças, além de indenização pelo uso indevido da


imagem, os pais podem pleitear que os provedores de internet
onde as postagens foram efetuadas sejam obrigados a excluí-
los.

32
DIREITO DE CRENÇA E CULTO RELIGIOSO

Deve-se respeitar o consentimento livre e esclarecido


dos responsáveis legais pela criança ou adolescente –
ou mesmo do menor, caso possa exprimir suas
preferências?

Ou deve-se fazer valer o direito a vida em sua ultima


ratio, suprimindo o direito a liberdade religiosa do
menor?

33
DIREITO A PROFISSIONALIZAÇÃO – AR. 60 A 69

Criança não pode trabalhar


A constituição estabelece no art. 7 XXXIII que é
proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre
a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a Adolescente trabalha somente como aprendiz a partir dos 14
menores de 16 anos , salvo na condição de aprendiz
a partir dos 14 anos.

Adolescente a partir de 16 anos trabalha exceto em locais


insalubres ou no período noturno.

34
TRABALHO DE CRIANÇAS NA TV

A participação de crianças em teatro, programas de televisão


ou filmes não é considerado um trabalho regular na medida
em que se trata de uma manifestação artística. Mas é preciso
um alvará pedindo autorização para a Justiça da Infância e da
Juventude.

O caso MAISA:

Ao expor a menor Maisa repetidamente em seus programas o


apresentador Silvio Santos foi acusado de violar o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) ao expor a garota a uma
situação vexatória e que viola sua dignidade. Como resultado,
a justiça revogou a licença que permitia com que Maisa
participasse do programa no SBT.
35
DIREITO A CONVIVÊNCIA FAMILIAR

FAMÍLIA NATURAL FAMÍLIA SUBSTITUTA

AQUELA ONDE A CRIANÇA NASCE É AQUELA QUE ADVÉM DA PERDA DO PODER FAMILIAR
(AFETIVA OU SANGUINEA) (GUARDA, TUTELA, ADOÇÃO)

36
Art. 19. É direito da criança e do
adolescente ser criado e educado no seio
A colocação e m família substituta é um regime de de sua família e, excepcionalmente, em
programa protetivo dos direitos das crianças e dos família substituta, assegurada a
adolescentes que regulariza a permanência de crianças convivência familiar e comunitária, em
ou adolescentes em outra família distinta da natural, ambiente que garanta seu desenvolvimento
assegurando-lhes o direito à proteção integral e à integral.
convivência familiar e comunitária (...)
§ 1 o Toda criança ou adolescente que
estiver inserido em programa de
Existe sob três formas: guarda, tutela e adoção. acolhimento familiar ou institucional terá
sua situação reavaliada, no máximo, a
cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
Tendo em vista que é direito da criança e do adolescente judiciária competente, com base em
manter o convívio familiar o afastamento deve ser sempre relatório elaborado por equipe
medida excepcional, apenas em situações de grave risco a interprofissional ou multidisciplinar, decidir
sua integridade física. de forma fundamentada pela possibilidade
de reintegração familiar ou pela colocação
em família substituta, em quaisquer das
modalidades previstas no art. 28 desta Lei. 37
Oitiva da criança sempre que possível por equipe profissional e
do adolescente obrigatória.

Preferência por família substituta em relação de parentesco


FAMILIA -
SUBSTITUTA
Grupos de irmãos devem preferencialmente ficar juntos

Criança ou adolesce descentes de indígenas e/ou


quilombolas devem ficar juntos

38
GUARDA
A guarda é uma medida que visa proteger crianças e
adolescentes que não podem ficar com seus pais,
provisoriamente, ou em definitivo.

É a posse legal, que os cuidadores adquirem, a partir da


convivência com crianças/adolescentes. A guarda confere
responsabilidade pela assistência material, afetiva e É medida PROVISÓRIA, visto que
educacional de uma pessoa até 18 anos de idade. antecede a devolução da criança ou
do adolescente à família natural ou a
É uma medida onde o poder familiar e os vínculos com a família colocação em família substituta
de origem ficam preservados. O guardião pode renunciar ao definitiva.
exercício da guarda sem impedimento legal, diferente do que
ocorre com a adoção.

É concedida a abrigos, a famílias guardiãs e a candidatos a pais


adotivos, durante o estágio de convivência, até que a sentença
de adoção seja feita
39
GUARDA

Trata-se de regularização jurídica de uma situação NÃO É A GUARDA


já consolidada no mundo dos fatos, o que não DO CODIGO CIVIL
implica na perda do poder familiar.

Como não há perda de


Aqui a guarda é concedida a um terceiro como uma
poder familiar o direito de
das modalidades de colocação em família substituta,
visita de pais e parentes
que poderá inclusive opor-se a vontade dos pais.
subsiste.

40
TUTELA

Através da tutela uma pessoa maior assume o dever de prestar


assistência, material, moral e educacional a uma criança ou
adolescente que não esteja sob o poder familiar de seus pais.

O tutor tem a responsabilidade de administrar os bens e prestar


assistência a criança/adolescente em todos os atos da vida civil.

Cessa a tutela quando o menor atinge a maioridade civil – 18


anos.

POSSO DETERMINAR QUEM SERÁ O TUTOR DO MEU FILHO?

41
A tutela testamentária é instituí da por vontade dos pais,
em conjunto, valendo-se de um ato de disposição de
última vontade. O art. 37 do Estatuto da Criança e do
Adolescente determina que o tutor nomeado por tutela
testamentária, deverá, no prazo de trinta dias após a A tutela é ato transitório, até a
abertura da sucessão, ingressar com pedido de formalização do estabelecimento
colocação da criança e do adolescente em família de uma família substituta.
substituta, a fim de permitir que o judiciário aprecie os
requisitos para a formalização desta medida observando
o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA.

42
ADOÇÃO

A palavra adotar vem do latim adoptare que significa escolher, perfilhar, dar o seu nome a, optar,
ajuntar, escolher, desejar. Do ponto de vista jurídico, a adoção é um procedimento legal que
consiste em transferir todos os direitos e deveres de pais biológicos para uma família substituta,
conferindo para crianças/adolescentes todos os direitos e deveres de filho, quando e somente
quando forem esgotados todos os recursos oferecidos para que a convivência com a família original
seja mantida.

A adoção representa também a oportunidade do exercício da paternidade/maternidade para pais


que não puderam ter filhos biológicos ou que optaram por ter filhos sem vinculação genética, além
de eventualmente atender as necessidades da família de origem, que não pode cuidar de seu filho.

A adoção é portanto um procedimento legal que transfere ao adotado t odos os direitos e deveres
de filho, estabelecendo relação de parentesco civil entre adotante e adotado.

43
EU POSSO ADOTAR? QUEM PODE SER ADOTADO?

• Qualquer pessoa maior de 18 anos (casados, Podem ser adotados crianças e adolescentes
viúvos, divorciados e solteiros) e com situação com até 18 anos à data do pedido de adoção
socioeconômica estável pode adotar. e que foram destituídos do poder familiar ou
entregues à adoção.
• O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis
anos mais velho do que o adotando. Quando o adotando for maior de doze anos,
o seu consentimento será necessário.
• Para adoção conjunta, é indispensável que os
adotantes sejam casados civilmente ou Há situações especiais em que maiores de
mantenham união estável, comprovada a 18 anos também podem ser adotados,
estabilidade da família. (Atualmente é possível mesmo assim há a exigência de o adotando
adoção por famílias plurais) ser 16 anos mais novo que o adotante.

44
A ADOÇÃO DEPENDE DO CONSENTIMENTO DOS PAIS BIOLÓGICOS?

Segundo o ECA, em princípio, a adoção depende do consentimento dos pais ou dos


representantes legais de quem se deseja adotar, e é uma decisão revogável até a publicação da
sentença constitutiva da adoção.

Mas, o consentimento será dispensado se os pais da criança/adolescente forem desconhecidos


ou tiverem desaparecido, se tiverem sido destituídos do Poder Familiar ou se o adotando for órfão
e não tenha sido reclamado por qualquer parente, por, no mínimo, um ano.

ATENÇÃO: A perda do poder familiar é a medida mais grave imposta pela legislação
brasileira nos casos de descumprimento de relevantes deveres que foram incumbidos aos
pais em relação aos filhos menores não emancipados, destituindo os genitores de todas as
prerrogativas decorrentes da autoridade parental.

45
MODALIDADES DE ADOÇÃO

É a hipótese em que o casal se apresenta como postulante a adoção de


uma criança ou adolesce com a qual nenhum deles possui vinculo. Para
tanto o estatuto exige que ambos estejam casados ou mantenham união
estável com a devida comprovação da estabilidade da família.
ADOÇÃO POSTUMA:
Excepcionalmente é possível que o ex-casal já divorciado ou que já não
viva em união estável, realize a adoção conjunta desde que (i) haja
prévio acordo sobre a guarda; (ii) o estagio de convivência com o
adotando tenha se iniciado no período em que estavam juntos; (iii) que
fique comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com
quem não detenha a guarda.

46
Ocorre quando um cônjuge ou companheiro adota o filho do outro. exemplo
homem após casar-se com mulher que já tinha filha adota a criança. Nesse
ADOÇÃO UNILATERAL
caso, subsistem os vínculos de filiação entre a adotada e a cônjuge ou
companheira do adotante

O estatuto traz a possibilidade expressa de que a adoção seja levada a efeito


ainda que adotante venha a falecer no curso do procedimento. O requisito
ADOÇÃO PÓSTUMA para o deferimento da adoção póstuma é que tenha havido a manifestação
inequívoca da vontade de adotar.

47
É a adoção em que a mãe biológica determina para quem deseja entregar o seu
filho, também chamada de “intuito personae”. Na maioria dos casos, a mãe
procura a Vara da Infância e da Juventude, acompanhada do pretendente à
adoção, para legalizar uma convivência que já esteja acontecendo de fato. É um
tema bastante polêmico. Há juízes que entendem que a adoção pronta é sempre
desaconselhável, pois é difícil avaliar se a escolha da mãe é voluntária ou foi
ADOÇÃO PRONTA induzida ou se os pretendentes à adoção são adequados, além da possibilidade
OU DIRETA de uma situação de tráfico de crianças.

Por outro lado, há juízes que consideram a necessidade de se avaliar caso a


caso o direito da mãe biológica escolher para quem entregar seu filho, levando
em conta a importância da preservação dos laços afetivos já existentes entre a
criança e os
adotantes.

48
A expressão “adoção tardia”, bastante utilizada, refere-se
à adoção de crianças maiores ou de adolescentes.
Remete à discutível idéia de que a adoção seja uma
prerrogativa de recém-nascidos e bebês e de que as
ADOÇÃO TARDIA crianças maiores seriam adotadas fora de um tempo
ideal. Desconsidera-se, com isso, que grande parte das
crianças em situação de adoção tem mais de 2 anos de
idade e que nem todos pretendentes à adoção desejam
bebês como filhos.

49
O QUE É “ADOÇÃO À BRASILEIRA”?

É utilizada a expressão “adoção à brasileira” para designar uma forma de procedimento,


que desconsidera os trâmites legais do processo de adoção. Este procedimento consiste
em registrar como filho biológico uma criança, sem que ela tenha sido concebida como tal.
O que as pessoas que assim procedem em geral desconhecem é que a mãe biológica tem
o direito de reaver a criança se não tiver consentido legalmente com a adoção ou se não
tiver sido destituída do Poder Familiar.

Para os adotantes, a legalização da filiação adotiva favorece o surgimento de uma condição


subjetiva de paternidade. A falta de amparo legal para a guarda da criança pode gerar nos
adotantes a intensificação das fantasias de ter roubado a criança e de não ter legitimidade
sobre ela. As fantasias de roubo podem ser vividas como uma apropriação indevida da
criança ou então como um receio de que a família de origem possa vir a reclamar por ela,
realçando a presença de sentimentos ambivalentes em relação à criança e comprometendo
os investimentos psíquicos necessários para que ela seja considerada como filho próprio.

50
ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA

Como forma de preparação para a formação do Art. 46. A adoção será precedida de
vinculo definitivo da adoção o estatuto prevê que estágio de convivência com a criança ou
as partes adotante e adotando devem passar por adolescente, pelo prazo máximo de 90
um período de convivência, que será (noventa) dias, observadas a idade da
acompanhado e relato pela equipe criança ou adolescente e as peculiaridades
interprofissional do juízo da infância e da do caso.
juventude
(..)

51
COMO INGRESSAR COM O PROCESSO DE ADOÇÃO?

A primeira coisa a ser feita por quem deseja adotar é


procurar a Vara da Infância e da Juventude mais próxima,
levando os seguintes documentos:

Cópias autenticadas: da Certidão de nascimento ou Com essa documentação os pais


casamento, ou declaração relativa ao período de união passaram a integrar o cadastro
estável; nacional, estadual e municipal e
Cópias da Cédula de identidade e da Inscrição no adoção.
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF);
Comprovante de renda e de residência;
Atestados de sanidade física e mental;
Certidão negativa de distribuição cível;
Certidão de antecedentes criminais.

52
O próximo passo do processo é a avaliação técnica. Essa é uma fase muito importante, onde os
candidatos serão avaliados por uma equipe multidisciplinar do Poder Judiciário. Nessa fase serão
observadas as motivações e expectativas dos candidatos em relação à adoção, será realizada a
análise da realidade sociofamiliar e definido se os interessados possuem ou não os requisitos
que a lei exige para adotar.

A participação no programa de preparação para a adoção também é uma exigência da lei para
quem quer adotar. O programa fornece informações que podem ajudar os adotantes a decidirem
com mais segurança sobre a adoção e os prepara para que sejam capazes de passar por
possíveis dificuldades em relação a convivência inicial com a criança/adolescente. Além disso, o
programa estimula e orienta para a adoção interracial, de crianças ou de adolescentes com
deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades específicas de saúde, e de grupos de
irmãos.

53
A partir deste momento o convívio com crianças de lares adotivos é estimulado e sempre que a
Vara de Infância obtiver informações sobre uma criança adotável irá informar os postulantes.

Nesse momento também é informado o histórico de vida da criança e será estimulado o estagio de
convivência monitorado.

Se o relacionamento correr bem, a criança é liberada e o pretendente ajuizará a ação de adoção.


Ao entrar com o processo, o pretendente receberá a guarda provisória, que terá validade até a
conclusão do processo. Nesse momento, a criança passa a morar com a família. A equipe técnica
continua fazendo visitas periódicas e apresentará uma avaliação conclusiva.

Por fim, o juiz profere a sentença de adoção e determina a lavratura do novo registro de
nascimento, já com o sobrenome da nova família. Existe a possibilidade também de trocar o
primeiro nome da criança. Nesse momento, a criança passa a ter todos os direitos de um filho
biológico.

54
A FAMÍLIA BIOLÓGICA PODE CONSEGUIR SEU FILHO DE VOLTA DEPOIS DA ADOÇÃO?

Não, depois de dada a sentença da adoção pelo juiz, ela é irreversível, e a família biológica perde
todo e qualquer direito sobre a criança/adolescente. Mas a família biológica poderá ter sua criança
de volta se a sentença não tiver ainda sido dada e se, por ato judicial, provar que tem condições de
cuidar de seu filho.

55
EFEITOS DA ADOÇÃO

A sentença que julga a adoção tem natureza constitutiva, ou seja opera uma modificação no
estado jurídico das pessoas envolvidas criando para as partes um vinculo jurídico antes
inexistente –e desfazendo o vinculo anterior da criança ou adolescente.

Considerando que a adoção faz nascer um novo vinculo jurídico, todos os vínculos jurídicos
com os pais biológicos e parentes são anulados com a adoção, salvo os impedimentos
matrimoniais (para evitar casamentos entre irmãos e entre pais e filhos consanguíneos). Cabe
lembrar que o rompimento dos vínculos jurídicos não apaga a história pessoal anterior à
adoção da criança/adolescente, que, portanto, deve ser considerada.

A Adoção é irretratável e irrevogável!

56
ADOÇÃO
MEDIDA EXCEPCIONAL PRAZO PARA A CONCLUSÃO DA
ADOÇÃO 120 DIAS

Através da adoção uma pessoa assume


para si a responsabilidade de criar uma VEDADA A ADOÇÃO
criança dando-lhe um novo vinculo familiar POR PROCURAÇÃO
afetivo, por isso somente pode ocorrer nos
VÍNCULO
casos onde há a destituição do poder
IRREVOGAVEL
familiar.

PODE SER REALIZADA NO


CARTORIO

ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA
DIFERENÇA MINIMA DE 16 ANOS
PELO PRAZO MAXIMO DE 90
ENTRE O ADOTANTE E ADOTADO 57
(NOVENTA DIAS)
ADOÇÃO INTERNACIONAL

É chamada adoção internacional a adoção de crianças/adolescentes por estrangeiros.

Considera-se adoção internacional aquela na qual o pretendente possui residência


habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à
Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada
pelo Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte
da Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

A adoção internacional somente ocorre quando todos os meios para manter a criança em
seu país natal foram esgotados.

Devendo a criança ou adolescente se manifestar com relação ao seu desejo de ser


adotado.

58
CABE ÀS AUTORIDADES COMPETENTES DO ESTADO DE ORIGEM:

Determinar que a criança é adotável;

Verificar as possibilidades de manter a criança em seu Estado de origem, e só


então afirmar que uma adoção internacional atende as necessidades e
interesses superiores da criança;

Assegurar mediante observância da idade e o grau de entendimento da criança


que a mesma tenha sido orientada e informada sobre o processo, levando em
consideração suas vontades e opiniões e que quando exigido o seu
consentimento, tenha sido feito de maneira livre e cônscia por escrito.

Assegurar que as pessoas, instituições e autoridades envolvidas tenham


consentido conhecendo as consequências do mesmo, como por exemplo a
ruptura dos vínculos jurídicos entre a criança e a sua família de origem;
59
HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO INTERNACIONAL

A adoção internacional segue o mesmo procedimento da adoção nacional com


determinadas peculiaridades estabelecidas no art. 52 do ECA.

Para adoção internacional o procedimento se inicia com o pedido de habilitação


no pais de origem onde os postulantes residem e naturalmente para onde a
criança será levada.

Deferida a habilitação que demanda estudo psicossocial por profissionais


habilitados a autoridade do pais de origem emitira relatório pormenorizado acerca
dos postulantes e encaminhará as autoridades estaduais e federais com copia da
legislação pertinente do pais de origem e prova de sua vigência.

A autoridade estadual pode solicitar a complementação dos estudos já realizados


caso os entenda insuficientes. Verificada a acuidade de toda a documentação
apresentada a autoridade central estadual expede lado de habilitação à adoção
internacional cuja validade é de no máximo 01 ano e encaminha o postulante ao
juízo da infância e adolescência do local onde se encontra a criança. 60
A adoção normalmente é intermediada por organismo credenciado nacional ou estrangeiro desde
que a legislação do pais de origem admita essas entidades e que haja o devido credenciamento
junto a autoridade central brasileira.

A solicitação de credenciamento para que um organismo estrangeiro possa atuar em matéria de


adoção internacional no Brasil possui três etapas principais:

a) Pedido de autorização para atuar no Brasil, no Departamento de Promoção de Políticas de


Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública;

b) Pedido de cadastramento da entidade, na Polícia Federal;

c) Pedido de credenciamento para atuar em matéria de adoção internacional no Brasil, junto à


Autoridade Central Administrativa Federal – ACAF. A entidade deverá perseguir unicamente fins
não lucrativos e garantir a preservação dos direitos e das garantias individuais das crianças e dos
adolescentes aptos para adoção internacional, observada a Convenção Relativa à Proteção das
Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, concluída na Haia, em 29 de maio
de 1993 (Convenção da Haia de 1993 sobre Adoção Internacional), o Estatuto da Criança e do
Adolescente - Lei 8069/1990 bem como dispositivos específicos da legislação de regência,
61
nacional e estrangeira
ENTREGA VOLUNTÁRIA DE BEBÊS PARA ADOÇÃO

O art. 13,§1o, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece a obrigatoriedade de


encaminhar à Justiça da Infância e Juventude as mães ou gestantes que manifestem o desejo
de entregar seu filho em adoção. De acordo com Veronese (2011, p. 59),a previsão da
obrigatoriedade do encaminhamento da gestante busca evitar as “adoções à brasileira”, entre
outras irregularidades no cadastro de pretendentes à adoção, como a venda de bebês em
hospitais e maternidade.

Por meio desse encaminhamento, a gestante receberá da equipe técnica interprofissional


do Poder Judiciário instruções jurídicas e psicológicas, de modo que as entregas
desesperadas de bebês em adoção, passíveis de posterior arrependimento.

Embora haja todo respaldo legal para a entrega voluntária de crianças, a legislação não
detalha a forma pela qual esta deve ser conduzida pelas varas da infância e juventude.
Portanto, compete a cada estado a elaboração de atos normativos para
regulamentar os procedimentos nas varas da infância e juventude.
62
De acordo com os regulamentos, a gestante que, perante os hospitais e demais
estabelecimentos de assistência social ou de atenção à saúde, públicos ou particulares,
manifestar vontade de entregar seu filho para adoção deverá ser encaminhada às
varas da infância e juventude.

O setor técnico da vara da infância e juventude deverá realizar entrevista pessoal


com a genitora, como forma de assegurar que a entrega da criança à adoção reflete a real
manifestação da vontade da mãe. A equipe, nesse momento, deve ainda averiguar
se todos os esforços foram envidados para a manutenção da criança na família
natural ou extensa.

Não havendo resistência justificada da gestante, os setores técnicos poderão solicitar ao


Juízo da Infância e Juventude a oitiva dos familiares extensos, como tentativa de avaliar a
possibilidade do infante permanecer no seio da família, em observância ao disposto no
art. 19, caput, do ECA.

Caso seja ratificado o desejo de entrega à adoção, a gestante deverá ser


imediatamente encaminhada ao Juízo da Infância e Juventude, para que, na
presença do representante do Ministério Público, manifeste essa intenção, nos
termos do art. 166 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 63
Vale ressaltar que a entrega da criança, nos casos de mãe adolescente, só pode ocorrer
com autorização dos pais desta. Na f alta deles, será necessária a concordância de um
responsável legal (guardião, tutor, curador nomeado pelo juiz)

Após o nascimento de infante cuja genitora ratificou ou manifestou vontade de entrega à


adoção, os setores técnicos do Juízo da Infância e Juventude deverão orientar a genitora
sobre a entrega voluntária e seus direitos, especialmente o previsto no art. 8o, § 5o,do ECA,
que assegura assistência psicológica à gestante, bem como à mãe no período pós-natal, para
que esta possa elaborar o luto pela separação do filho.

Nesse momento, a equipe técnica deve ainda colher todas as informações necessárias
sobre o histórico de vida e de saúde tanto da genitora como da família biológica, materna e
paterna, para subsidiar cuidados à criança em caso de eventual adoção.

Entregue a criança pela genitora para adoção, será imediatamente providenciadaa


inscrição nos Cadastros de Crianças Aptas para Adoção (CNA)7, observadas as demais
disposições regulamentares aplicáveis, a fim de que se localizemos pretendentes
compatíveispara assumir a guarda para fins de adoção.
64
GUARDA TUTELA ADOÇÃO
Obriga a prestar assitencia Engloba o dever de guarda Forma vinculo de família
material moral e e administração dos bens.
educacional

Não implica na perda do Não implica na perda do Implica na perda do poder


poder familiar poder familiar familiar
É revogável É revogável Não irrevogável
Não há mudança do nome Não há mudança do nome Há mudança do nome

65
MEDIDAS DE PROTEÇÃO APLICAVEIS A CRIANÇAS EM
SITUAÇÃO DE RISCO

O Estatuto da Criança e do Adolescente garante a todo


menino e menina o direito à proteção à vida e à saúde,
mediante a efetivação de políticas públicas que permitam
seu nascimento e desenvolvimento sadio e harmonioso. A Além das marcas físicas, quando
força da lei, no entanto, não tem sido sufi ciente. Nossas não leva à morte, a violência deixa
crianças e nossos adolescentes, todos os dias, são sequelas emocionais que podem
vítimas de diversos tipos de violência. Têm seus direitos comprometer de forma permanente
violados, sua vida ameaçada, seus sonhos interrompidos. as crianças e os adolescentes. Ela
prejudica o aprendizado, as relações
sociais, o pleno desenvolvimento
O cenário de violência começa, muitas vezes, na casa da
criança, passa por escolas e suas redondezas, pela
comunidade, por outras instituições.

66
A busca de soluções para o problema é, portanto, um
problema de responsabilidade pública.

Isso porque o conceito central disciplinado em nossa


legislação baseia-se na doutrina da proteção integral, Art. 227 É dever da família, da sociedade e
consagrada na Convenção Internacional sobre os Direitos do Estado assegurar à criança e ao
da Criança e da ONU (1989) e na Declaração Universal adolescente, com absoluta prioridade, o
dos Direitos da Criança (1959), assim como pela direito à vida, à saúde, à alimentação, à
Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do educação, ao lazer, à cultura, à profi
Adolescente. ssionalização, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e
opressão.

67
Nesse viés foram criadas as normas de proteção a criança e ao
adolescente em situação de risco.

Assim, as medidas de proteção podem ser definidas como providências


que visam salvaguardar qualquer criança ou adolescente cujos direitos
tenham sido violados ou estejam ameaçados de violação.

São portanto instrumentos colocados à disposição dos agentes


responsáveis pela proteção das crianças e dos adolescentes em
especial, dos conselheiros tutelares e da autoridade judiciaria a fim de
garantir no caso concreto a efetividade dos direitos da população infanto
juvenil.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO SÃO SALVAGUARDAS AOS DIREITOS


DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES.
68
A situação de risco é caracterizada quando os direitos da criança e ou do adolescente estão ameaçados
ou foram violados. Assim, o objetivo das medidas de proteção é sanar a violação do direito ou impedir
que tal dano ocorra.

Considera-se como violência todas as formas de


relações, de ações ou omissões realizadas por
indivíduos, grupos, classes, nações que ocasionam danos
físicos, emocionais, morais e espirituais a si próprio ou
aos outros.

Violência intrafamiliar e institucional são formas agressivas e cruéis de se relacionar no interior das
famílias, na escola e em instituições como albergues e internatos, produzindo danos físicos, emocionais,
sexuais e, por vezes, até a morte. A violência intrafamiliar e a violência institucional são produzidas
frequentemente tendo como justificativa educar e corrigir erros de comportamentos de crianças e
adolescentes.
69
As violências social, intrafamiliar e institucional se expressam sob diferenciadas formas e, quando
relacionadas às crianças e adolescentes, costumam ser classificadas como negligência, abuso
físico, abuso sexual e abuso psicológico.

Negligência é o termo internacionalmente adotado para se nomearem as omissões


dos pais ou de outros responsáveis (inclusive institucionais) pela criança ou
adolescente, quando esses adultos deixam de prover as necessidades básicas para
seu desenvolvimento físico, emocional e social. O abandono é considerado uma forma
extrema de negligência.

Nessa categoria se incluem a omissão de cuidados básicos como a privação de


medicamentos, a falta de atendimento à saúde, o descuido com a higiene, a ausência
de proteção contra as inclemências do meio como o frio e o calor, o não provimento de
estímulos e de condições para a frequência à escola e a falta de atenção necessária
para o desenvolvimento físico, moral e espiritual desses seres em formação.

70
Abuso físico é todo ato violento com uso da força física de forma intencional, não
acidental, praticada por pais, responsáveis, familiares ou por outras pessoas, com o
objetivo de ferir, lesar ou destruir a criança ou adolescente, deixando ou não marcas
evidentes em seus corpos e, muitas vezes, provocando a morte. Essa é a forma de
violência mais frequentemente identificada, inclusive pelos serviços de atendimento à
saúde.

Algumas síndromes provocadas pela violência física já foram identificadas pela literatura
médica, tais como a síndrome do bebê sacudido. Essa é decorrente das fortes sacudidas
no bebê, geralmente menor de 6 meses.

Abuso sexual constitui todo ato ou jogo sexual com intenção de estimular sexualmente a
criança ou o adolescente, ou visando a utilizá-los para obter satisfação sexual. Essa
categoria abrange as relações hétero ou homossexuais, cujos agressores estão em estágio
de desenvolvimento psicossocial mais adiantado que o da criança ou do adolescente.

71
O abuso sexual é um problema de saúde pública, definido como todas as formas de atividades
sexuais, nas quais, as crianças e adolescentes não têm condições maturacionais e psicobiológicas
de enfrentamento. O abuso pode ocorrer contra a vontade da criança ou adolescente ou pela
indução de sua vontade, através das relações de poder e confiança entre a vítima e o agressor, bem
como, pelo uso de violência física ou psicológica (ameaças e barganhas).

O abuso sexual pode ocorrer em dois diferentes contextos, o intrafamiliar e o extrafamiliar. O abuso
intrafamiliar ou incestuoso ocorre dentro do ambiente doméstico, no qual o abusador exerce uma
função de confiança, cuidado e poder em relação à criança. O abuso extrafamiliar é perpetrado fora
das relações familiares, envolvendo, por exemplo, vizinhos ou desconhecidos e os casos de
pornografia infantil e exploração sexual comercial.

Abuso psicológico consiste em toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito,


cobranças exageradas, punições humilhantes e utilização da criança ou do adolescente para
atender às necessidades psíquicas do adulto.

72
SINDROME DE MUNCHAUSEN

A síndrome de Munchausen por procuração é um tipo de


abuso infantil, em que um dos pais, geralmente a mãe,
simula sinais e sintomas na criança, com a intenção de
chamar atenção pra si. Como consequência, a vítima é
submetida a repetidas internações e exposição a exames
e tratamentos potencialmente perigosos e
desnecessários, gerando sequelas psicológicas e físicas,
podendo levar a morte.

Esta doença é muitas vezes subnotificada devido a pouca


relevância ou mesmo ausência de conhecimento acerca
do assunto pelos profissionais de saúde.

73
Um estudo realizado por Rosenberg reuniu 117 casos em que foi possível traçar os perfis do
perpetrador e da vítima.

1) a maioria dos casos são provocados pela mãe, 2) a mãe é afetuosa, cuidadosa e permanece
quase todo tempo com a criança hospitalizada, 3) a mãe nega simular os sintomas nos filhos, mesmo
quando confrontada, 4) a mãe apresenta tratamento psicoterápico prévio, 5) a aparente devoção da
mãe sensibiliza e engana a equipe de saúde, 6) a mãe aprecia e estimula procedimentos médicos
sofisticados, ainda que potencialmente perigosos, 7) a preocupação do perpetrador não parece
proporcional à aparente gravidade da doença, 8) várias visitas ao médico, estudos e internações
hospitalares, 9) doença da vítima é incomum e de difícil diagnóstico, 10) várias recaídas da vítima e
má resposta ao tratamento, 11) elaboração de várias hipóteses diagnósticas inconsistentes, 12)
exames complementares não concordam com estado físico da criança, 13) 44% dos sintomas
encontrados nesta síndrome são de sangramentos e 42% são depressão do sistema nervoso central.

74
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

PRINCIPIO DA INAFASTABILIDADE DA JUSRISDIÇÃO

75
A violência que atinge crianças e adolescentes tem muitas faces e aqui se abordam suas principais
manifestações: estrutural, intrafamiliar, institucional e delinqüencial.

A violência estrutural é aquela que incide sobre a condição de vida das crianças e
VIOLÊNCIA adolescentes, a partir de decisões histórico-econômicas e sociais, tornando
ESTRUTURAL vulneráveis suas condições de crescimento e desenvolvimento.

A maior expressão desse tipo de violência é o fato de, dentre 60 mil crianças e
adolescentes brasileiros de 0 a 17 anos (Censo de 2000), 20 milhões (34,8%) se
encontrarem em situação de pobreza.

A violência intrafamiliar é aquela que ocorre no lar. Quando numa casa se


observam maus-tratos e abusos contra algum de seus moradores, é quase certo
VIOLÊNCIA
de que todos acabam sofrendo agressões, embora com diferenciações
INTRAFAMILIAR
hierárquicas. Estudos têm mostrado que as crianças são as maiores vítimas, pois
a raiva, os ressentimentos, as impaciências e as emoções negativas dos outros
membros as atingem como se elas fossem uma válvula de escape 76
Entende-se como delinquência o ato de resistir ou infringir as regras morais ou
VIOLÊNCIA normas convencionadas em uma sociedade. É um comportamento
DELINQUENCIAL geralmente associado aos jovens, portanto aqui vemos a violência voltada ao
incentivo da pratica de delitos.

A QUEM SÃO APLICADAS AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO?

O Estatuto da Criança e do Adolescente traz três espécies de medidas: medidas de proteção,


medidas socioeducativas e medidas aplicáveis aos pais ou responsável.

A separação entre medidas socioeducativas e medidas de proteção traz importante diferenciação


entre a criança que tem seus direitos violados e o adolescente que comete ato infracional

77
Nas medidas de proteção encontra-se o “coração do Estatuto” definindo precisamente as condições
em que se autoriza ao Conselho Tutelar, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário buscar os fins a
que o Estatuto se dirige, isto é, sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto forem ameaçados ou
violados.

As medidas socioeducativas são voltadas para adolescentes infratores, como forma ressocialização
social.

As medidas aplicáveis aos pais ou responsável importam na percepção de que a criança e o


adolescente não estão isolados em sua “situação irregular”, e que muitas vezes a família também
carece de atendimento, sem o qual o atendimento à criança e ao adolescente será inútil.

78
PESSOA LEGISLAÇÃO ATO PRATICADO MEDIDA
APLICAVEL
CRIANÇA (ATÉ 12 ECA ATO INFRACIONAL MEDIDA DE PROTEÇÃO
ANOS)
ADOLESCENTE (12 A ECA ATO INFRACIONAL MEDIDA DE PROTEÇÃO E
18 INCOMPLETOS MEDIDA SOCIEDUCATIVA
MAIOR CAPAZ CODIGO CRIME OU PENA PRIVATIVA DE
PENAL CONTRAVENÇÃO LIBERDADE OU RESTRITIVA
DE DIREITO – MULTA.

79
CARACTERISTICAS:

A primeira característica das medidas de proteção é que elas podem ser aplicadas de forma
preventiva, para evitar a violação de um direito que está ameaçado, ou corretiva, para
remediar os efeitos da violação de um direito e restabelecer (ou estabelecer) a ordem jurídica
justa – o estado em que a criança tem todos os seus direitos fundamentais garantidos e
atendido

A segunda característica que diferencia o regime estatutário do anterior está na identificação


dos agentes responsáveis pela ameaça ou violação aos direitos da criança ou adolescente.
Segundo a disposição legal, as medidas de proteção são aplicáveis sempre que os direitos de
crianças e adolescentes forem ameaçados ou violados a) por ação ou omissão da sociedade
ou do Estado; b) por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; c) em razão de sua
conduta.

80
PRINCÍPIOS DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Responsabilidade primária e solidária do poder público

A responsabilidade é primária porque a maioria das situações de vulnerabilidade que ameaçam


ou violam os direitos das crianças e adolescentes decorrem da omissão do Estado no dever de
garantir os direitos, seja pela destinação correta de recursos ou pela implementação de políticas
públicas, ou mesmo na capacidade de dar efetividade aos instrumentos criados na legislação
para garantia e efetivação de direitos, como os órgãos da Rede de Proteção.

Nesse sentido falamos que a responsabilidade do Poder Público é solidária, porque


compromete todos os entes federativos – União, Estados e Municípios. Todos podem ser
cobrados, inclusive judicialmente, pelo cumprimento dos deveres constitucionais e
infraconstitucionais.
81
Intervenção mínima e precoce

Embora o Estado tenha o dever de participar, sendo o primeiro responsável pela efetivação de
direitos das crianças e adolescentes, sua atuação na vida dos cidadãos deve ser limitada. Por
isso, a política de atendimento deve ser pautada na intervenção mínima e precoce.

Deste modo, a intervenção deve ser precoce, mas nem tanto de modo a interferir de forma
desnecessária na dinâmica familiar, sem fundamentos claros e legítimos para intervir em relação
à ameaça ou violação a um direito. Por outro lado, a intervenção precoce pretende a eficiência
máxima da medida interventiva.

82
Privacidade, proporcionalidade e atualidade

No mesmo sentido, e em decorrência desses princípios, a intervenção deve respeitar a privacidade, a


proporcionalidade e a atualidade. Isso significa que deve haver uma proporção entre a ameaça ou
violação do direito e a medida interventiva, de forma que a intervenção seja adequada ao dano
enfrentado. A intervenção deve respeitar a privacidade da criança, pois o fato de se tratar de uma
pessoa em desenvolvimento não autoriza ingerências em sua personalidade e intimidade.

Responsabilidade parental e Prevalência da família

De outro lado, a lei não omite a responsabilidade parental, de modo que a intervenção familiar para
aplicação de medidas de proteção deve ser feita de tal forma que os pais assumam a sua
responsabilidade para com a criança, e não de modo a eximi-los dos deveres que decorrem do poder
familiar.
83
MEDIDAS DE PROTEÇÃO EM ESPÉCIE

O Estatuto da Criança e do Adolescente traz, no seu art. 101, um rol exemplificativo das medidas
aplicáveis nas hipóteses de ameaça ou violação de direitos da criança e do adolescente por ação ou
omissão da sociedade, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, ou em razão de sua própria
conduta.

Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade

A primeira medida proposta pela lei é de encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade. Trata-se da mais branda entre as medidas de proteção, objetivando a assunção pelos
pais da responsabilidade que possuem em seu papel parental com a repactuação de suas
responsabilidades familiares e, ao mesmo tempo, concretizando o direito da criança e do adolescente à
convivência familiar.
84
Orientação, apoio e acompanhamento temporários

Em seguida, o ECA prevê a medida de orientação, apoio e acompanhamento temporários,


medida voltada às famílias de crianças e adolescentes que necessitam de um suporte próximo e
continuado.

Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental

A medida descrita no terceiro inciso é de matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento


oficial de ensino fundamental. A medida vincula não apenas o Estado, que deverá providenciar a
vaga em escola próxima à residência da criança ou transporte escolar gratuito para garantir o
direito à educação do infante e do adolescente, mas também a família, que tem a responsabilidade
de efetuar a matrícula e fiscalizar não apenas a frequência, mas também o aproveitamento escolar
da criança e do adolescente. A referência ao ensino fundamental não exclui a obrigatoriedade do
ensino infantil e do ensino médio, pois o Estado se obriga na Constituição a garantir a todos o
acesso à educação em sua integralidade. 85
Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
adolescente

A inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente é


a quarta medida de proteção arrolada no Estatuto. A disposição legal é ampla o suficiente para
abrigar a inclusão em programas oficiais oferecidos pelo SUAS e programas comunitários
desenvolvidos em comunidades, associações, igrejas, entre outras instituições, desde que visem
a promoção da família, da criança e do adolescente.

Importante destacar que a aplicação da medida não cria o programa, mas depende de um
programa já existente em funcionamento. A eficácia da medida, portanto, depende da sociedade
e do Estado, através da atuação do Poder Executivo.

86
Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou
ambulatorial

A quinta medida importa na requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em


regime hospitalar ou ambulatorial. Destaca-se que o dispositivo legal fala em requisição do
serviço público, pois é uma prerrogativa médica avaliar, diagnosticar e decidir quanto à
necessidade e ao tipo de tratamento a ser aplicado

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a


alcoólatras e toxicômanos

Com relação ao tratamento da drogadição, o Estatuto fala em inclusão em programa oficial ou


comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos. Por “programas”,
subentendem-se grupos de apoio e comunidades terapêuticas, que não necessariamente
envolvem um tratamento médico, mas também os tratamentos fornecidos pela Rede de Saúde,
ambulatoriais ou com internação hospitalar. Novamente, nesses casos específicos, é o médico
quem decide a necessidade e a forma do tratamento. 87
Acolhimento institucional e familiar

O acolhimento institucional é uma das medidas mais sensíveis e interventivas, pois retira a
criança e do adolescente do convívio familiar para inseri-la em um ambiente institucional. Pode
ser aplicada pelo Conselho Tutelar em caráter emergencial, comunicando imediatamente o
Ministério Público para que este ingresse com a ação de Medida de Proteção para homologação
e acompanhamento da medida aplicada.

A inclusão em programa de acolhimento familiar, que embora não tenha um caráter de


institucionalização, retira a criança de sua família para uma família que não é a dela, com a qual
não pode consolidar vínculos e ter uma relação estável de filiação.

88
Colocação em família substituta

A última medida aplicável arrolada pelo Estatuto é a colocação em família substituta89, que se dá
nas modalidades de guarda, tutela ou adoção. É medida de aplicação exclusiva pelo Poder
Judiciário, e não poderá ocorrer sem a instauração do devido processo legal.

89
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL

O Ato infracional é “ação condenável, de desrespeito às


leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou ao
patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes”.

A criança e o adolescente podem vir a cometer


crime, mas não preenchem o requisito da
culpabilidade, pressuposto da aplicação da pena, por
Significa dizer que o fato atribuído à criança ou ao terem agindo um dos requisitos: agente culpável!
adolescente, embora enquadrável como crime ou
contravenção, só pela circunstância de sua idade, não
constitui crime ou contravenção, mas, simples ato
infracional.

POR ISSO AS MEDIDAS SOCIEDUCATIVAS SÃO APLICAVEIS SOMENTE A MAIORES DE 12 ANOS 90


Art. 112. Verificada a pratica de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas:

I – advertência;

II – obrigação de reparar o dano;

III – prestação de serviços a comunidade;

IV – liberdade assistida;

V – inserção em regime de semiliberdade;

VI – internação em estabelecimento educacional;

VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

§1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as


circunstâncias e a gravidade da infração.

§2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.

§3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e 91


especializado, em local adequado às suas condições (BRASIL. Lei n. 8.069/90).
DA ADVERTÊNCIA

Dispõe o art. 115 do ECA, que “A advertência consistirá


na admoestação verbal, que será reduzida a termo e
assinada.

É a primeira das medidas aplicáveis ao menor que revela


comportamento antissocial, mas de menor gravidade. O
menor será entregue a seus responsáveis, mediante
advertência verbal, reduzida a termo e assinada pela
autoridade judicia

Sendo a advertência a mais leve das medidas


socioeducativas, sua imposição dispensa a sindicância ou
o procedimento contraditório.
92
DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO

Preconiza o art. 116 do Estatuto que “em se tratando de


ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade
poderá determinar, se for o caso, que o adolescente
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

Trata-se de forçar o adolescente a recompor o dano que


ele mesmo criou, como por exemplo pintar paredes
pixadas.

93
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE

A prestação de serviços à comunidade obriga ao


adolescente o cumprimento de tarefas de caráter coletivo,
A supervisão será realizada pela
visando interesses e bens comuns. Essa prestação é
autoridade judiciária, do Ministério
realizada gratuitamente, com o fim de proporcionar ao
Público!
adolescente a possibilidade de adquirir valores sociais
positivos, por meio da vivência de relações de
solidariedade.

As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do


adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada
máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos Prazo máximo de 06 meses
e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicara
frequência à escola ou jornada normal de trabalho
94
DA LIBERDADE ASSISTIDA

Trata-se de medida mais rígida dentre as não privativas de liberdade, pois importa em maior numero de
obrigações ao menor.

Em regra, essa medida é aplicada a menores que são reincidentes em infrações menos gravosas,
entretanto também pode ser aplicada aos que cometeram infrações mais graves, mas que, realizado o
estudo social, foi verificado que a melhor opção é deixá-los com sua família, para que possam se
reintegrar à sociedade. Também é aplicado aos que estavam em regime de semiliberdade ou de
internação, quando é constatado que já se recuperaram parcialmente e não são um perigo à sociedade.

Durante o período de liberdade assistida o menor é acompanhado por uma equipe interdisciplinar
responsável por promover socialmente o menor, fiscalizar sua frequência escolar, a família, o trabalho
etc.

95
DO REGIME DE SEMILIBERDADE

O regime de semiliberdade é a medida mais rigorosa da liberdade


pessoal depois da internação. Entre as medidas previstas no ECA,
é uma das únicas medidas que geram a institucionalização.
Exigindo para tanto provas suficientes da autoria e da materialidade
da infração.

Compreende-se, por semiliberdade, como uma medida


socioeducativa destinada a adolescentes infratores, que trabalham
e estudam durante o dia, e à noite recolhem-se a uma entidade
especializada. São obrigatórias a escolarização e a
profissionalização

96
DA INTERNAÇÃO

É a medida socioeducativa mais gravosa para o


adolescente, pois lhe cerceia amplamente a liberdade,
isto porque, a medida de internação combina com a
idéia de retirar o adolescente infrator do convívio com a
Ao atingir o limite máximo de 3 anos, o
sociedade.
adolescente deverá ser liberado, posto
em regime de semiliberdade ou de
Em decorrência do princípio da brevidade, a internação liberdade assistida, sendo a liberação
deve ser mantida pelo menor espaço de tempo possível, compulsória aos 21 anos de idade.
sendo que, de acordo com o artigo 121 § 2º e § 3º, 3 anos Assim, após essa idade não poderá ser
é o limite máximo de duração da medida, de forma que a aplicada qualquer medida
cada período de, no máximo, 6 meses, deve ocorrer uma socioeducativa.
reavaliação para verificar a necessidade de manter o
adolescente internado
97
SEMILIBERDADE INTERNAÇÃO
Imposta desde o inicio ou como forma de Imposta desde o inicio ou diante do
transição para um meio aberto descumprimento reiterado e
injustificável de medida anterior
Atividades externas não dependem de Atividades externas dependem de
autorização judicial autorização da equipe técnica da
entidade mas podem ser vedadas.
Obriga a escolarização e Recebe escolarização e
profissionalização profissionalização
Prazo de cumprimento indeterminado Prazo de cumprimento indeterminado
Reavaliação a cada 06 meses Reavaliações a cada 06 meses
Reduz o direito de liberdade Suprime o direito de liberdade

98
REMISSÃO

Remissão significa clemência, indulgência, perdão, renúncia. O artigo 126 do Estatuto prevê a
remissão como maneira de exclusão, suspensão ou extinção do processo para apuração do ato
infracional.Trata-se portanto, de um perdão dado ao adolescente.

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para


apuração de ato infracional, o representante do Ministério DEPOIS
Público poderá conceder a remissão, como forma de do INICIO
exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e processo
consequências do fato, ao contexto social, bem como à
ANTES do JUIZ
personalidade do adolescente e sua maior ou menor
INICIO do
participação no ato infracional.
processo
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
MP
da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo (BRASIL. Lei n.
99
8.069/90).
O artigo 128 do Estatuto dispõe que a medida aplicada devido
a remissão poderá ser reanalisada judicialmente, em qualquer
momento, mediante pedido expresso do adolescente ou de
seu representante legal, ou do Ministério Público.

Ao decidir a revisão, a autoridade judiciária poderá:

a) cancelar a medida aplicada, sendo retornada à situação


processual anterior;

b) substituí-la por outra, com exceção do regime de


semiliberdade e da internação;

c) convertê-la em perdão.

10
0

Você também pode gostar