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Responsabilidade Civil
Administrativa
Direito Administrativo Geral
Tomo IH
Inclui texto da Lei n. o 67/'.l,007, de 31 de DezeDlbro
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DIREITO ADMINISTRATIVO GERAL
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MARCELO REBELO DE SOUSA
Prof~ssor cat~drático da Faculdad~ d~ Dir~ito d~ Lisboa
ANDRE SALGADO DE MATOS
Assist~nt~
da Faculdad~ de Dir~ilo de Lisboa
Actividade administrativa
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DOM Q!]IXOTE
I
I
Nota prévia
I
chland, Heidelberga, VI, 1989, 1353; G. Bronzeui, La mponsabilità nella pubblica amminis- Enrique Sayaguls-Laso, Madrid, 1969, 871. Sobre a responsabilidade! civil pc:lo risco (gestão
públi~)~ C. A. Fernande~ .Cadilha, ICConvolação da responsabilidade civil extracontratual por As pretensões indemnizatórias pelo sacrifício de direitos patrimo-
f~c.to Illclt~ ~m rc:sp~nsablhdade pelo risco», CJA 57 (2006), 14; A. Dias Garcia, «A responsa-
bdldade c.l~d obJ~c~lVa do Estado e demais entidades públicas», in F. de Quadros (org.), niais privados
Rerponsabllidatú CIVt! nctracontratual da administração pública, Coimbra. 22004, 189; P. Amse-
lek, «La responsabilité sans faute des personnes publiques d'apres la jurisprudence administra- 1, Noção de pretensões indemnizatórias pelo sacrifício de direitos patri-
tive~,. in &cu~i: d'liU&s en Ho"'.mage à Charles Einsenmann, Paris. 1977. 233. Sobre a respon-
moniais privados e aspectos gerais
sabilidade avil por facto licito (gestão pública), J. J. Gomes Canotilho, O problema da
mponsabilidtuk civil do Estado por aetos IIcitor, Coimbra, 1974; M. ). Rangel de Mesquita,
«O fio da navalha: (ir)responsabilidade da administração por facto lícito», CJA 46 (2004), 41: Na esfera da administração pública em sentido material é inevitável a
J. L. Moreira da Silva, «Da responsabilidade civil da administração por actos licitos», in F. de existência de conflitos entre o interesse público e os interesses particulares,
Quadros (org.). &sponsabilidar.k civil nctracontratual da administração pública. Coimbra,
12004, 135: P. Amselek, «La responsabilité sans fame des personnes publiques d'apres la juris-
sendo que, frequentemente, os segundos devem ceder perante os primeiros.
prudence administrative», in Recueil d'études en Hommage à Charles Eimenmann. Paris, 1977, Isto significa que os direitos privados, em particular aqueles que têm carác-
233. Sobre a responsabilidade civil por não reconstituição legítima da situação actua1 ter patrimonial, podem ser restringidos ou mesmo extintos por decisões
hipot~ca, M. Aroso de Almeida. Anulação tk actos administrativos e rr/ações jurldicas emergen-
administrativas legítimas. Todavia, como consequência do princípio do
tes, COImbra, 2002, 771-831. Sobre a .erceira via da responaabilidade civil (gestão públi-
ca), M. Rebelo de Sousa. «Responsabilidade pré-contratual. Vertentes privatfstica e publicísti- Estado de direito e da sua decorrência do respeito pelas posições jurídicas
ca», 00 125 (19931 IH-IV), 383; S. Littbarski. «Die Haftung aus culpa in contrahendo im subjectivas dos particulares, a administração é obrigada a reparar os prejuí-
õ~endichen Recht" JuS (1979), 573. Sobre a responsabilidade civil por acto de gestão zos provocados pela sua actividade, ainda que juridicamente conforme, à
pnvada, A. Menez.es Cordeiro, Direito das obrigações, Lisboa, 11. 1980,257-432; L. Menezes
Leitão, Direito das obrigações. I, Coimbra, 42005, 349; F. Pires de Limai). M. Antunes Varela,
esfera patrimonial das pessoas. Ou seja, a afectação legítima de direitos
Código Civil anotado, I, Coimbra, 41987. sub arts. 500.°-501.0, 507-511; A. Vaz Serra. «Res- patrimoniais privados pela administração faz nascer na esfera dos particula-
ponsabilidade civil do Estado e dos seus órgãos ou agentes», BMJ 85 (1959), 476; idem, res em causa uma pretensão ao ressarcimento dos prejuízos provocados.
,Anotação" RLJ 103 (1971), 331; idem, «Anotação" RLJ 110 (1978), 308; J. M. Antunes
Varela, Das obrigações em geral, I. 1112000, 646-651. Em geral, sobre a responsabilidade civil
no. direito privado, E M. Pereira Coelho, O fUXO de causalidar.k na responsabilidade civil,
COImbra. 1951: A. Menezes Cordeiro, Direito das obrigações, Lisboa. 11, 1980. 257-432; idem, 2. Pretensões indemnizatórias pelo sacrifício de direitos patrimoniais
Da responsabilidat:k civil dos administradom das sociedades comerciais, Lisboa. 1997; M. Carnei- privados e responsabilidade civil
ro ~~ Frada: ~ontr~to e tkveres tk profecção. Coimbra. 1994; idem, Teoria da confiança e respon-
sab,bdade ctvll. COimbra, 200 I; H.-E. Hõrster, «Esboço esquemático da responsabilidade civil
de acordo com as regras do Código Civil», in Estudos em comemoração do dtcimo aniversdrio da Tradicionalmente, e ainda actualmente para a maior parte da doutrina,
licenciatura em dirrito da Universidtuk do Minho, Coimbra, 2004, 323; F. Pessoa Jorge, Ensaio as pretensões indemnizatórias emergentes pelo sacrifício de direitos patri-
sobre or prrsmpostos da rrsponsabilidade civil. 1968 (reimp. 1995); L. Menezes Leitão, Dirrito moniais privados são tratadas pela doutrina no capítulo da responsabili-
das obrigará", Coimbra, I, 42005, 267-382, 11, '2003, 243-281; F. Pires de LimalJ. M. Antu-
nes Varela, Código Civi/anotado, Coimbra, I, 41987, s~b arts. 483.°-510.°, 470-526, 11, 11986,
dade civil por facto lícito: o art. 16. 0 RRCEC inclui, em sede de responsa-
sub arts. 798.°-808. 0 , 54-72:). F. Sinde Monteiro. Responsabilidat:k por conselhos. recomendações bilidade civil administrativa por facto lícito, o dever administrativo de
e inf!rmações. Coimbra, 1989; M. Gomes da Silva, O dever de prestar e o her de indemnizar, indemnizar os particulares a quem, por razões de interesse público, impo-
I. Lisboa, 1944; J. M. Antunes Varela, Das obrigações em geral, I. 1°2000. 518-717.
nham encargos ou causem danos especiais ou anormais (supra), previsão
cujo texto é suficientemente amplo para abranger as lesões de bens, quer
pessoais, quer patrimoniais. A história da disposição, que tem origem no
pensamento de M. Caetano parece confirmar esse entendimento: a partir
de 1950, na ausência de normas gerais sobre a matéria, aquele autor defen-
deu a existência de um princípio geral de responsabilidade administrativa
por facto lícito com base no art. 2397. 0 do Código Civil então vigente, que
consagrava precisamente o dever de indemnização em caso de expropriação cedidos do pagamento de uma justa indemnização (sobre as noções de
(supra). Em 1998, sob influência do direito alemão, a autonomização das expropriação e requisição, supra, 19-65). E é precisamente este mecanismo
pretensões indemnizatórias pelo sacrifício de direitos patrimoniais privados que escapa totalmente aos quadros da responsabilidade civil, ainda que por
foi pela primeira vez expressamente defendida na doutrina nacional por fàcto lícito: na responsabilidade civil a indemnização é uma consequência
M. L. Amaral (Respomabilidade do Estada e dever de indemnizar do legisla- dos actos danosos e no art. 62.°, 2 CRP é um verdadeiro requisito de lega-
dor, esp. 414-423,561-581), embora o problema já tivesse sido analisado lidade daqueles actos.
anteriormente em abstracção dos quadros da responsabilidade civil admi- A interpretação jurisprudencial e doutrinai do art. 62.° CRP, não sem
nistrativa por fàcto lícito (E de Quadros, A protecção da propriedade privada algum paralelo com a evolução verificada no direito comparado, no direito
pelo direito internacional público, esp. 187-366). internacional público e no direito comunitário, foi mesmo mais longe do
A doutrina tradicional não é sustentável (e, provavelmente, nunca o foi) que o seu texto: por um lado, os conceitos de requisição e expropriação
no direito português. Com efeito, o tratamento das pretensões indemniza- passaram a ser entendidos num sentido material que não abrange apenas
tórias pelo sacrifício de direitos patrimoniais privados em sede de respon- os tipos de actos jurídico-públicos com essas designações mas quaisquer
sabilidade civil por facto lícito não tem qualquer fundamento teórico: actoS ablativos análogos, ainda que não administrativos, de alcance similar;
a afectação lícita e normal de posições jurídicas subjectivas alheias, mediante por outro lado, o conceito de propriedade privada passou a ser entendido
actos imperativos, não ocorre paradigmaticamente no direito privado, pelo num sentido amplo que inclui não apenas o direito de propriedade regu-
que os quadros gerais do instituto da responsabilidade civil, nele forjados, lado no CC como outros direitos de natureza real (usufruto, servidão) e
não estão vocacionados para o seu enquadramento. E também não tem mesmo direitos patrimoniais de carácter creditício, como os emergentes de
qualquer fundamento histórico: enquanto a responsabilidade civil do contratos (direitos pessoais de gozo, como o arrendamento, e puros direitos
Estado por actos de autoridade foi consistentemente negada durante todo de crédito).
o século XIX e durante parte do século xx (supra), o dever de indemnizar Desta evolução resultou a subordinação a um regime comum das pre-
por expropriações da propriedade privada é aceite e mesmo enfaticamente tensões indemnizatórias pelo sacrifício de todo e qualquer direito patrimo-
proclamado nos Estados europeus continentais desde a Revolução Fran- nial privado, situado à margem da lógica do art. 16.° RRCEC (aliás, sob
cesa; o art. 17.° da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do pena de inconstitucionalidade parcial deste, na medida em que o art. 62.°,
Cidadão (J 789), que ignorava a responsabilidade civil administrativa, esta- 2 CRP não exige a demonstração do carácter especial e anormal dos prejuí-
belecia que o sacrifício excepcional do «inviolável e sagrado» direito de zos provocados como condição da sua ressarcibilidade), que assim vê o seu
propriedade pelos poderes públicos só poderia fazer-se mediante «uma campo de aplicação restringido à responsabilidade civil pelo sacrifício de
justa e prévia indemnização». É desta norma que derivam em linha recta bens pessoais (supra).
disposições constitucionais contemporãneas como a do art. 62.°, 2 CRP
- dispositivo que, significativamente, foi autonomizado da previsão geral
da responsabilidade civil administrativa no art. 22.° CRP. 3. Fundamento das pretensões indemnizatórias pelo sacrifício de direi-
O art. 62.°, 2 CRP, relativo ao direito de propriedade privada, é actual- tos patrimoniais privados
mente a disposição-chave nesta matéria na ordem jurídica portuguesa.
Segundo este preceito, a requisição e a expropriação por utilidade pública As pretensões indemnizatórias pelo sacrifício de direitos patrimoniais
só podem ser efectuadas com base na lei e mediante o pagamento de justa privados têm a mesma função que a responsabilidade civil por facto lícito
indemnização: ou seja, para a Constituição, os actos de expropriação e e apresentam-se com uma acentuada afinidade estrutural em relação a este
requisição só são juridicamente conformes se forem acompanhados ou ante- instituto. Assim, se o seu fundamento imediato é o art. 62.°, 2 CRP, o seu
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fundamento último enContra .
d os encargo 'bl' ( -se também no princípio da justa distribuição b) Conformidade jurldica do focto voluntdrio. Para haver lugar a uma
s pu ICOS supra).
pretensão indemnizatória pelo sacrifício de direitos patrimoniais privados
o acto em que se traduz aquele sacrifício tem que ser conforme ao direito;
4. Fontes das pretensões esta conformidade não pode decorrer de justificação por estado de necessi-
indemnizatórias pelo sacrifício de direitos
patrimoniais privados dade, circunstância em que se recai no art. 16.° RRCEC. Tratando-se de
um acto ilegal, para além de ser possível a exigência da sua remoção, a
Em virtude da interpretaç d I pretensão reintegratória do particular lesado é a responsabilidade civil dei i-
( ) as pretensoes _. ao up amente extensiva do art. 62.°, 2 CRP
supra, Indemniza ' . lUa! (supra).
.. . d d tonas pelo sacrifício de direitos patrimo-
maIs priva os po em emer ir d c) Dano. Só a diminuição ou a supressão de vantagens patrimoniais
C E) ou d e actos anáIogos como g e actos de expropriação (arts. 1.°,23.°-32.°
.. _ podem ser considerados danos para efeitos desta pretensão reintegratória.
ção de servidões (art. 8.0 ~E a requl~lçao (art. 80.°, 1 CE), a constilUi- Ao contrário do que sucede na responsabilidade ci';'il por sacrifício de bens
do Decreto-L' ° 794/ 6 ), a ocupaçao temporária de imóveis (art. 54. ° pessoais, não se exige o carácter especial e anormal do dano (art. 16.°
eln. 7 d e 5d N b
de rescisão e modifi _ :1 e ovem ro; art. 18.°, 4 CE), os actos RRCEC).
lcaçao unI ateral d d .. .
312 o 1 CCP) . e Contratos a mmlstratIvos(arts. 293.°,
." . os Instrumentos d - ....
c_ 'd I' e gestao ternrorlal (ms!l!uto geralmente Para além disw, normas especiais delimitam os danos ressardveis em termos bastante dís-
rel~n o, com a guma Impro ri d d . .
ares. 143 ° 112 ° 6 RJIGT P ~ a e, como «mdemmzação pelos planos»: pares. consoante o alcance assumido pela função ressarcitória deste instituto: assim, os danos
. , . , ) a Im . - d d ressarcíveis são, em caso de expropriação (e também de constituição de servidões e de ocupação
d d Ib - I ' POSlçaO e me idas preventivas no qua-
ro a e a oraçao, a teração o . _ temporária de terrenos para operações de realojamemo: art. 8.°,2 CE, art. 54.°, 2 do Decre-
. ,. ( u revlsao de planos municipais de ordena-
ment o d o ternrorlO arts 112 ° 6 to-Lei n.O 794/76. de 5 de Novembro), «o prejuízo que para o expropriado advém da expro-
condutas le . d d .'. " , 116.°, 2 RJIGT), bem como outras priação. correspondente ao valor real e corrente do bem de acordo com o seu destino efectivo
gals a a mInIstra - . c .
, "aI çao cUJos erellos sobre direitos alheios de ou possível numa utilização económica normal, à data da publicação da declaração de utilida-
caracter patrlmOnI sejam si '1 de pública. tendo em consideração as circunstâncias e condições de faCto existentes naquela
. d 'I ml ares aos dos actos indicados (sobre o con-
ceito e actos ana ogos à ex ro . _ data» (art. 23.°. 1 CE) e «os prejuízos directa e necessariamente resultantes de o bem ter estado
. J _J . J _ l P pnaçao, F. de Quadros, A protecção da pro- sujeito a expropriação (art. 4.°, 6 CE), do que resulta a exclusão da ressarcibilidade dos lucros
Przeuaae przvaua pe o dire't . .
, o tnternaclOnal público, esp. 205-220). cessantes, salvo se as obras não tiverem início dentro do prazo estabelecido (art. 19.°,4 CE);
em (:3$0 de requisição, «o capitaj empregue para a construção ou aquisição e manutenção dos
bens requisitados e o seu normal rendimento, a depreciação derivada do respectivo uso e, bem
5. Pressupostos das pretens- . d . . assim, o lucro médio que o particular deixa de perceber por virtude de requisição» (art. 84.°,
. .. oes In emnlzatÓrlas pelo sacrifício de direi- 3 CE); em caso de ocupação temporária de prédios vizinhos de prédios expropriados. oS mes-
tos patrImonIaIs privados
mos danos ressardveis nos termos gerais do direito da responsabilidade civil (art. 18.°,4 CE);
em caso de indemnização por instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares,
Em virtude das semelhan s ~ . . as «restrições singulares às possibilidades objectivas de aproveitamento do solo, preexistentes e
pon sab I'l'd d "1 ça unClonals e estruturais em relação à res- juridicamente consolidadas, que comportem uma restrição significativa na sua utilização de
I a e CIVI por facto ]( .
nizatórias pelo 'fi!' d .Clto, os pressupostos das pretensões indem- efeitos equivalentes a uma expropriação» (art. 143.°,2 RJIGT) e, nas revisões de instrumentos
sacCl CIO e dl relt '. . de gestão territorial. apenas quando a revisão ocorra dentro dos cinco anos subsequentes à sua
funda I '. os patrImonIaIs privados são, portanto,
menta mente cOlncldent entrada em vigor e determine a caducidade ou a alteração das condições de um licenciamento
es com os daquele instituto
a) Facto voluntdrio. O fàcto vol ' . . prévio válido (art. 143.°,2 RJIGT), não sendo em caso algum ressarcfveis os danos passíveis
(nos casos d a req ulslção
..
da mod' fi
Untarlo pode ser um acto administrativo
_ de compensação mediante distribuição perequativa dos benefícios e encargos decorrentes dos
to d " . )' I Icaçao e da rescisão unilateral de contra- instrumentos em causa (art. 143.°, 1 RJIGT); em caso de imposição de medidas preventivas,
s a ffilfllstratlVOS Ou um re uI os mesmos danos que dão origem a indemnização por instrumentos de gestão territorial
g amento (no caso dos inSlrumencos de
gestão territorial). vinculativos dos particulares, designadamente a restrição ou supressão substancial de díreitos
de uso do solo preexistentes e juridicamente consolidados. designadamente mediante licença
ou autorização [are 116.°, 2, b) RjIGTJ e. quando tais medidas sejam impostas dentro apenas obrigada a fazer um depósito da quantia em que se estima que tal
do prazo de quatro anos após a caducidade das medidas anteriores, o prejuízo efectivo provo_
indemnização venha a ser fixada [arts. 19.°,20.°,1, b) CE].
cado às pessoas afectadas por aquelas em virtude de terem estado provisoriamente impedidas
de utilizar o seu solo para a finalidade para ele admilida (art. 112. 0 ,6,7 RJIGT); em caso de A exigência de contemporaneidade da indemnização em relação ao
modificação unilateral de contratos administrativos, o desequilíbrio financeiro do COnlrato dano implica três consequências. Primeira, antes do pagamento de indem-
[art. 180.0 , a) CPAJ; em caso de rescisão unilateral de contratos administrativos, aparente_ nização não pode em circunstância alguma ser permitida a extinção, mas
mente, os mesmos prejuízos passíveis de ressarcimento em sede de responsabilidade civil.
apenas a restrição, do direito patrimonial a sacrificar. Segunda, o paga-
mento da indemnização tem, em regra, que ser anterior à produção do
d) Nexo de causalidade. A exigência de nexo de causalidade entre o facto
dano ou simultâneo em relação a ela; por aplicação do princípio da propor-
lícito e o dano retira-se implicitamente de todas as disposições citadas a
cionalidade, na sua dimensão de necessidade, tal só poderá não acontecer
propósito do dano ressarcível. Por vezes, a exclusão expressa da ressarcibili-
quando o diferimento da quantificação da indemnização para depois da
dade de alguns danos tem implícita a inexistência de nexo de causalidade
produção do dano seja estritamente necessário para á prossecução do in te-
[assim, na expropriação não são ressardveis os danos relativos a benfeitorias
resse público em causa. Terceira, no caso de a indemnização não ser paga
úteis ou voluptuárias posteriores à notificação da decisão de expropriar, até à produção do dano, pelo menos o procedimento para a sua quantifi-
porque aqueles não são imputáveis em termos causais ao acto expropriató- cação tem que ser iniciado até àquele momento [assim, a resolução de
rio: art. 23.°, 2, c) CE]. A averiguação do nexo de causalidade não apre- expropriar deve logo conter uma previsão dos encargos a suportar com a
senta especificidades em relação à responsabilidade civil (supra). exptopriação, baseada na avaliação prévia do bem objecto da expropriação:
art. 10.°, 1, c), 4 CE)].
Se a indemnização não for contemporânea da produção do dano, no
6. A indemnização pelo sacrifício de direitos patrimoniais privados sentido referido, o acto danoso é ilegal, pelo que a reintegração da esfera
jurídica lesada se fará através da responsabilidade extracontratual delitual
a) A exigência de uma indemnização contemporânea do sacrificio (supra).
Ao contrário do que sucede na responsabilidade civil, a indemnização b) A exigência de uma indemnização justa
por sacrifício de direitos patrimoniais privados tem que ser contemporânea
desse sacrifício, como se depreende da determinação constitucional de que o art. 62.°, 2 CRP exige que a indemnização tenha um carácter justo,
este se faça mediante justa indemnização (art. 62.°, 2 CRP; supra). A exi- o que parece conter uma remissão para o princípio da justiça (art. 266.°,
gência de contemporaneidade da indemnização em relação ao dano é 2 CRP). Contudo, o alcance da disposição constitucional não pode ser
expressamente reiterada por algumas disposições legais, como sucede em esse, na medida em que a densidade do princípio da justiça enquanto
matéria de expropriações (art. 1.0 CE). A exigência do carácter contempo- limite da margem de livre decisão administrativa é tão reduzido (supra, I,
râneo da indemnização tem, no entanto, que ser entendida com alguma 10-42) que, na prática, tal equivaleria a um largo campo de incontrolabí-
cautela, pois pode suceder que o interesse público imponha a efectivação lidade jurisdicional da actividade administrativa e, em consequência, aO
do sacrifício do direito num praw em que não é possível concluir as ope- esvaziamento da garantia constitucional da propriedade privada. Assim, a
rações de quantificação do dano, por aquelas serem particularmente com- referência à justiça da indemnização deve entender-se, pura e simples-
plexas ou controvertidas. Isto passa-se por vezes em casos de expropriação, mente, como uma exigência de que a indemnização reintegre a esfera
nos quais a prática de actos ablativos do direito sobre o bem expropriado jur{dica do lesado em toda a medida dos danos patrimoniais sofridos e
podem anteceder a fixação da indemnização; neste caso a administraçãO é imPUtáveis ao acto danoso (como, a propósito da expropriação e da requi-
sição, em concretização da disposição constitucional, confirmam os arts. o bem a expropriar após depósito do montante previsível da indemnização
23.°, 1,84.°,2 CE). a suportar [arts. 19.°, 20.°, 1, b) CE]. Estas normas devem aplicar-se à
Se a indemnização administrativamente fixada não for justa, no sentido constituição de servidões (art. 8.°, 3 CE). O regime é diferente na genera-
referido, o acto danoso é ilegal, pelo que a reintegração da esfera jurídica lidade das outras situações, como sucede no caso paradigmático da requi-
lesada se fará através da responsabilidade extracontratual delitual (supra). sição, em que o montante da indemnização é fixado unilateralmente pela
administração [art. 84.°, 4, b) CE].
c) O conteúdo da indemnização pelo sacriftcio de direitos patrimoniais
privados Bibliografia. Sobre as pretensões indemnizatórias pelo sacrific::io de direitos patrimo-
niais privados, além das obras acima referidas a propósito da responsabilidade civil por facto
lícito, F. AJves Correia, As garantias do particular na expropriarão por utilidade pública, Coim-
Em regra, a indemnização pelo sacrifício de direitos patrimoniais priva- bra, 1982; *M. L. Abrantes Amaral Pinto Correia, Responsabilidade do Estado e dever de indem-
dos é paga em dinheiro (assim, para a expropriação, art. 67.°, 1 CE); desde nizardo legislador, Coimbra, 1998, esp. 411-467, 517-631; R. Medeiros, Ensaio sobre a respon-
sabilidade civil do Estado por actos legislativos, Coimbra, 1992, esp. 235-331; F. P. Oliveira,
logo, a reintegração específica do dano seria impossível em virtude do
«Medidas preventivas de planos urbanísticos e indemnização», CEDOUA 1 (1998), 53: F. de
carácter lícito do acto danoso da administração. Todavia, não está excluída Quadros, «Expropriação por utilidade pública», DJAP IV (1991), 306; A protecrão da proprie-
a possibilidade do seu pagamento em espécie: na expropriação amigável, a dade privada pelo direito internacional público. Coimbra, 1998, esp. 187-366; J. Miranda,
entidade expropriante, o expropriado e os demais interessados podem acor- «Apreciação da dissertação de doutoramento da mestra Maria Luísa da Conceição Duarte»,
RFDUL (I998), 399; R. Medeiros. Ensaio sobre a responsabilidade civil do EstadD por actos
dar no pagamento da indemnização através da cedência de bens ou direitos
kgislativos, 235-354.
(arts. 67.°, 2, 69.° CE); a reposição do equilíbrio financeiro na sequência
da modificação unilateral de contratos administrativos pode consistir na
atribuição de novos créditos contratuais à contraparte, desde que essa nisso
acorde. A legislação relativa à expropriação contém regras particularmente
complexas de cálculo da indemnização (arts. 23.°-32.° CE).
Artigo l,tI
ApI"OV8fÕO
É aprovado o Regime da Responsabilidade Civil Extracomratual do Estado e Demais Emida-
des Públicas, que se publica em anexo à presente lei e que dela faz parte imegrame.
Artigo 2.°
Regimes especiais
- O disposto na presente lei salvaguarda os regimes especiais de responsabilidade civil por
danos decorrentes do exercício da função administrativa.
2 - A presente lei prevalece sobre qualquer remissão legal para o regime de responsabilidade
civil extracontratual de direito privado aplicável a pessoas coleçtivas de direito público.
Artigo 3.°
Pagamento de indemnizaçóes
1 - Quando haja lugar ao pagamento de indemnizações devidas por pessoas colectivas perten-
centes à administração indirecta do Estado ou à administração autónoma e a competente
sentença judicial não seja espontaneamente executada no prazo máximo de 30 dias, o crédito
indemnizatório só pode ser satisfeito por conta da dotação orçamental inscrita à ordem do
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais (CSTAF) a título subsidiário quan-
do. através da aplicação do regime da execução para pagamento de quantia cena regulado na
lei processual civil. não tenha sido possível obter o respectivo pagamento junto da entidade
responsável.
2 - O disposto no número anterior não prejudica a possibilidade de o interessado solicitar
directamente a compensação do seu crédito com eventuais dívidas que o onerem para com a
mesma pessoa colectiva. nos termos do anigo 170. 0 do Código de Processo nos Tribunais
Administrativos. sem necessidade de solicitar previamente a satisfação do seu crédito indemni-
zatório através da aplicação do regime da execução para pagamento de quantia certa previsto
na lei processual civil.
3 - Nas situações previstas no n.O 1. caso se mostrem esgotadas as providências de execução para
pagamento de quantia certa previstas na lei processual civil sem que tenha sido possível obter o
respectivo pagamento através da entidade responsável, a secretaria do tribunal notifica imediata-
mente o CSTAF para que emita a ordem de pagamento da indemnização. independentemente
de despacho judicial e de tal ter sido solicitado, a título subsidiário, na petição de execução.
4 - Quando ocorra a satisfação do crédito indemnizatório por via do Orçamento do Estado, ANEXO
nos termos do n. O 1, o Estado goza de direito de regresso, incluindo juros de mora, sobre a REGIME DA RESPONSABILIDADE CML EXTRACONTRATUAL
entidade responsável, a exercer mediante uma das seguintes formas: DO ESTADO E DEMAIS ENTIDADES PÚBLICAS
a) Descamo nas transferências a efectuar para a entidade em causa no Orçamento do
Estado do ano seguinte; CApITULO I
b) Tratando-se de entidade pertencente à Administração indireC(a do Estado, inscrição Disposições gerais
oficiosa no respectivo orçamento privativo pelo órgão tmelar ao qual caiba a aprovação
do orçamento; ou Artigo 1. 0
c) Acção de regresso a intentar no tribunal competente. Âmbito d. aplicação
I - A responsabilidade dvil extracontratual do Estado e das demais pessoas colectivas de direi-
Artigo 4. 0 to público por danos resultantes do exercIcio da função legislativa. jurisdicional e administra_
Sexta alteração ao Estatuto do Ministério Público tiva rege-se pelo disposto na presente lei, em tudo o que não esteja previsto em lei especial.
O artigo 77. 0 do Estatuto do Ministério Público (Lei n. O 47/86, de 15 de Outubro, rectificada 2 - Para os efeitos do disposto no número anterior. correspondem ao exercício da função
no Didrio tÚz República, I.a série, n. O 263, de 14 de Novembro de 1986, e alterada pelas Leis administrativa as acções e omissões adoptadas no exercicio de prerrogativas de poder público
n.~ 2/90. de 20 de Janeiro, 23/92, de 20 de AgOsto, 33 -A/96, de 26 de Agosto, 60/98, de 27 ou reguladas por disposições ou principias de direito administrativo.
de Agosto, e 4212005, de 29 de Agosto), passa a ter a segui me redacção: 3 - Sem prejuízo do disposto em lei especial, a presente lei regula também a responsabilidade
civil dos titulares de órgãos, funcionários e agentes públicos por danos decorrentes de acções
«Artigo 77. 0 ou omissões adoptadas no exerclcio das funções administrativa e jurisdicional e por causa desse
[",J exercido.
Fora dos casos em que a falta constitua crime, a responsabilidade civil apenas pode ser efecti- 4 - As disposições da presente lei são ainda aplicáveis à responsabilidade civil dos demais tra-
vada, mediante acção de regresso do Estado, em caso de dolo ou culpa grave.» .. balhadores ao serviço das entidades abrangidas. considerando-se extensivas a estes as referências
feitas aos titulares de órgãos, funcionários e agentes.
Artigo 5. 0 5 - As disposições que. na presente lei. regulam a responsabilidade das pessoas colectivas de
Norma revogatória direito público, bem como dos titulares dos seus órgãos, funcionários e agentes, por danos
São revogados o Decreto -Lei n. ° 48 051. de 21 de Novembro de 1967. e os artigos 96. 0 e 97. 0 decorrentes do exercIcio da função administrativa. são também aplicáveis à responsabilidade
da Lei n. O 169/99. de 18 de Setembro. na redacção da Lei n. O 5-A/2002. de II de Janeiro. civil de pessoas colectivas de direito privado e respectivos trabalhadores. titulares de órgãos
sociais, representantes legais ou auxiliares, por acções ou omissões que adoptem no exerclcio de
Artigo 6. 0 prerrogativas de poder público ou que sejam reguladas por disposições ou princIpios de direito
Entrada em vigor administrativo.
A presente lei entra em vigor no prazo de 30 dias após a data da sua publicação.
Artigo 2. 0
Aprovada em 18 de Outubro de 2007. Danos ou encargos especiais e anormais
O Presidente da Assembleia da República, Jaim~ Gama. Para os efeitos do disposto na presente lei, consideram-se especiais os danos ou encargos que
Promulgada em 10 de D=mbro de 2007. incidam sobre uma pessoa ou um grupo. sem afectarem a generalidade das pessoas. e anormais
Publique -se. os que. ultrapassando os custos próprios da vida em sociedade, mereçam. pela sua gravidade, a
O Presidenre da República, ANISAL CAVACO SILVA. tutela do direito.
Referendada em 10 de Dezembro de 2007.
O Primeiro-Ministro. Josl Sócrat~s Carvalho Pinto de Sousa. Artigo 3. 0
i:)':; Obrigação de indemnizar
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I - Quem esteja obrigado a reparar um dano, segundo o disposto na presente lei, deve recon.s-
tituir a situação que existiria se não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação.
2 - A indemnização é fIxada em dinheiro quando a reconstituição natural não seja possível.
não repare integralmente os danos ou seja excessivamente onerosa.
-3 - A responsabilidade prevista na presente lei compreende os danos pauimoniais e não patri-
moniais. bem como os danos já produzidos e os danos futuros, nos termos gerais de direito.
Artigo 4.° Artigo 8.°
Culpa do lesado Responsabilidade solidária em caso de dolo ou culpa grave
Quando o comportamento culposo do lesado tenha concorrido para a produção ou agrava- I - Os titulares de órgãos, funcionários e agentes são responsáveis pelos danos que resultem de
mento dos danos causados, designadameme por não ter utilizado a via processual adequada à acções ou omissões ilfcitas, por eles cometidas com dolo ou com diligência e zelo manifesta-
eliminação do acto jurídico lesivo, cabe ao tribunaJ determinar, com base na gravidade das meme inferiores àqueles a que se encomravarn obrigados em razão do cargo.
culpas de ambas as panes e nas consequências que delas tenham resultado, se a indemnização 2 - O Estado e as demais pessoas colectivas de direito público são responsáveis de forma soli-
deve ser totalmeme concedida, reduzida ou mesmo exclufda. dária com os respectivos titulares de órgãos, funcionários e agemes, se as acções ou omissões
referidas no número anterior tiverem sido cometidas por estes no exerdcio das suas funções e
Artigo 5.° por causa desse exerdcio.
Prescrição 3 - Sempre que satisfaçam qualquer indemnização nos termos do número anterior. o
O direito à indemnização por responsabilidade civil extracontratual do Estado. das demais Estado e as demais pessoas colectivas de direito público gozam de direito de regresso con-
pessoas colectivas de direito público e dos titulares dos respectivos órgãos, funcionários e agen- tra os titulares de órgãos, funcionários ou agentes responsáveis. competindo aos titulares
tes bem como o direito de regresso prescrevem nos termos do anigo 498.° do Código Civil. de poderes de direcção, de supervisão, de superintendência ou de tutela adaptar as provi-
sendo-lhes aplicável o disposto no mesmo Código em matéria de suspensão e imerrupção da dências necessárias à efectivação daquele direito, sem prejuízo do eventual procedimento
prescrição. disciplinar.
4 - Sempre que, nos termos do n.O 2 do anigo 10.°, o Estado ou uma pessoa colectiva de
Artigo 6.° direito público seja condenado em responsabilidade civil fundada no componamento ilícÍlo
Direito de regresso adaptado por um litular de órgão, funcionário ou agente, sem que tenha sido apurado o grau
- O exercício do direito de regresso, nos casos em que este se encontra previsto na preseme de culpa do titular de órgão, funcionário ou ageme envolvido, a respectiva acção judicial pros-
lei. é obrigatório, sem prejuízo do procedimento disciplinar a que haja lugar. segue nos próprios autos. entre a pessoa colectiva de direito público e o titular de órgão, fun-
2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, a secretaria do tribunaJ que tenha conde- cionário ou agente, para apuramento do grau de culpa deste e, em função disso, do evemual
nado a pessoa colectiva remete certidão da semença, logo após o trânsito em julgado. à entida- exerdcio do direito de regresso por pane daquela.
de ou às entidades competentes para o exercício do direüo de regresso.
Artigo 9.°
CApITULO II Ilicitude
Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função administrativa I - Consideram-se jllcitas as acções ou omissões dos titulares de órgãos, funcionários e agentes
que violem disposições ou princípios consrimcionais, legais ou regulamentares ou infrinjam
SECÇÃO I regras de ordem técnica ou deveres objectivos de cuidado e de que resulte a ofensa de direitos
Responsabilidade por facto ilícito ou interesses legalmente protegidos.
2 - Também existe ilicitude quando a ofensa de direitos ou interesses legalmente protegidos
Artigo 7.° resulte do funcionamento anormal do serviço, segundo o disposto no n.O 3 do artigo 7.°
Responsabilidade adtuiva do Estado. demais pessoas colectivas d. direito público
I - O Estado e as demais pessoas colectivas de direito público são exclusivamente responsáveis Artigo 10.°
pelos danos que resultem de acções ou omissões ilícitas. cometidas com culpa leve, pelos titu- Culpa
lares dos seus órgãos. funcionários ou agentes, no exercício da função administrativa e por 1 - A culpa dos titulares de órgãos, funcionários e agemes deve ser apreciada pela diligência e
causa desse exercício. aptidão que seja razoável exigir, em função das circunstâncias de cada caso. de um titular de
2 - É concedida indernnizaçao às pessoas lesadas por violação de norma ocorrida no âmbito de órgão. funcionário ou agente zeloso e cumpridor.
procedimento de formação dos contratos referidos no artigo 100.° do Código de Processo nos 2 - Sem prejufzo da demonstração de dolo ou culpa grave, presume-se a existência de culpa
Tribunais Administrativos, nos termos da presente lei. leve na prática de actos jurídicos ilícitos.
3 - O Estado e as demais pessoas colectivas de direito público são ainda responsáveis quando 3 - Para aJém dos demais casos previstos na lei, também se presume a culpa leve, por aplicação
os danos nao tenham resultado do comportamento concreto de um titular de órgão. funcioná- dos princIpias geraís da responsabilidade civil, sempre que tenha havido incumprimento de
rio ou agente determinado, ou não seja possível provar a autoria pessoaJ da acção ou omissão. deveres de vigilância.
mas devam ser atribuídos a um funcionamento anormaJ do serviço. 4 - Quando haja pluralidade de responsáveis, é aplicável o disposto no artigo 497.° do Código
4 - Existe funcionamento anormaJ do serviço quando, atendendo às circunstâncias e a padrões Civil.
médios de resultado, fosse razoavelmente exigível ao serviço uma actuação susceptível de evitar
os danos produzidos.
SECçAO 11 CApITULO IV
Responsabilidade pelo risco Responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da função político-legislativa