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Direito Penal,
Processual
Penal e Legislação
Extravagante
Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20
Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
Douglas Vargas
Sumário
Introdução.............................................................................................................................................................................5
Aula Essencial 80/20 – Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante. . .........6
Análise Estatística.. .........................................................................................................................................................6
Outros Aspectos Importantes. . .................................................................................................................................6
Dicas sobre Crimes em Espécie. . ..............................................................................................................................7
Dicas sobre os Crimes contra a Administração Pública............................................................................7
Concussão.............................................................................................................................................................................9
Excesso de Exação.. .......................................................................................................................................................12
Corrupção Passiva ........................................................................................................................................................13
Prevaricação......................................................................................................................................................................19
Condescendência Criminosa. . ..................................................................................................................................23
Advocacia Administrativa.. .......................................................................................................................................25
Abandono de Função.. ..................................................................................................................................................26
Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou Prolongado.............................................................. 28
Violação de Sigilo Funcional...................................................................................................................................29
Conceito de Funcionário Público...........................................................................................................................31
Principais Crimes Praticados por Particular contra a Administração Pública.........................35
Principais Crimes contra a Administração Da Justiça..............................................................................39
Crimes contra as Finanças Públicas. . .................................................................................................................45
Dicas sobre os Crimes contra a Vida..................................................................................................................50
Dicas sobre Crimes Contra o Patrimônio..........................................................................................................51
Teoria do Crime. . ..............................................................................................................................................................56
Outras Dicas sobre Teoria do Crime. . ..................................................................................................................62
Inquérito..............................................................................................................................................................................65
Conceito de Inquérito..................................................................................................................................................65
Natureza Jurídica. . ..........................................................................................................................................................66
Finalidade do IP e Valor Probatório....................................................................................................................66
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Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
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Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
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Introdução
E aí queridos(as) aluno(as)!
Na aula de hoje vamos trazer uma abordagem inovadora, com um resumo caprichado dos
tópicos mais importantes sobre o Direito Penal, Direito Processual Penal e Leis Especiais com
foco total no nosso edital.
Preparamos um levantamento especial para você. Você verá um retrato bastante interes-
sante dos assuntos historicamente mais cobrados, com destaque para os campeões em ques-
tões, contando com algumas dicas bem direcionadas para essa reta final da sua preparação!
Ademais apresentaremos diversas dicas, de forma esquematizada, sempre com base nas
estatísticas mencionadas supra ao passo que também chamaremos a sua atenção para deta-
lhes importantes e específicos para o nosso certame.
A ideia por trás da aula essencial é apresentar o conteúdo com base no chamado princípio
de Pareto, ou regra 80-20, segundo a qual 80% dos efeitos advém de 20% das causas.
Nesse sentido, é imprescindível mencionar que a Aula essencial 80-20 não substitui o estu-
do integral da matéria, e que não se recomenda, de forma alguma, que você conte apenas com
o conteúdo aqui apresentado em sua preparação.
Ademais, nunca há garantias de que apenas o conteúdo mais cobrado continuará a ser
cobrado. Lembre-se, sempre: toda escolha é uma perda.
Mas dito isso, é claro que a presente aula contribui, sobremaneira, para que você tenha um
retrato sobre o histórico da banca e possa construir uma estratégia sobre o conteúdo previsto
em nosso edital.
Espero sinceramente que gostem dessa abordagem. Foi feita com muito carinho para
todos vocês!
Estamos juntos! Um abraço e bons estudos!
Professor Douglas Vargas
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dade com textos legais que sofreram alterações em 2018, 2019, 2020 e 2021 deve sempre ser
um dos nossos principais objetivos.
Excelente. Já temos um bom direcionamento sobre o qual trabalhar, concordam? Então
mãos à obra. Vamos ao conteúdo.
Peculato-Apropriação
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Entendendo as Modalidades
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Trata-se, é claro, de assunto MUITO EXTENSO, de modo que iremos priorizar os crimes
mais cobrados e os detalhes que costumam despencar em provas, principalmente quanto aos
crimes contra a administração pública, contra a vida e contra a dignidade sexual.
Concussão
A concussão é um delito simples, cujo foco do aluno deve girar no núcleo do tipo penal:
o verbo EXIGIR. O funcionário público, em razão de seu cargo público, exige para si ou para
outrem, vantagem indevida.
Veja que o autor não pede, não solicita e tampouco sugere que deseja uma determinada
vantagem: Ele EXIGE, e pronto.
Segundo o STJ (HC 54776/2014), se o funcionário público usar de violência ou grave ameaça
para exigir a vantagem, haverá EXTORSÃO e não CONCUSSÃO. Esse entendimento do STJ já foi
objeto de prova por diversas vezes.
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Sujeito Ativo
É o funcionário público (crime próprio). Entretanto, assim como nos demais delitos funcio-
nais impróprios, é possível a participação de particular que sabe que seu comparsa é funcio-
nário público.
Para fins de prova, merecem especial atenção os seguintes sujeitos ativos:
EXEMPLO
Joseph, segundo colocado no concurso do DETRAN do Distrito Federal, nomeado mais ainda
não empossado, exige R$ 500,00 de seu vizinho, Capone, para não apreender o veículo deste
quando tomar posse em seu cargo público.
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Sobre a concussão culposa, a resposta é simples, afinal de contas, não existe essa previ-
são em nosso ordenamento jurídico.
Já sobre a questão da tentativa, existe uma divisão na doutrina, da seguinte maneira:
Dificilmente esse tema será cobrado em provas de concursos (por conta da divergência
doutrinária, que pode ensejar uma chuva de recursos). No entanto, é importante que você saiba
ao menos sobre a existência desse conflito.
Antes de passarmos para o próximo crime, vejamos a primeira questão de nossa aula:
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Perceba que, mesmo de licença, o servidor exigiu vantagem indevida em razão do cargo que
ocupa. Portanto, resta caracterizado o delito de concussão (Art. 316 do CP).
Letra d.
Excesso de Exação
Outro delito cujo foco está no verbo EXIGIR, previsto inclusive no mesmo artigo (porém em
seu parágrafo 1º). A diferença basicamente é a seguinte: no excesso de exação, o funcionário
público exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso não autorizado por lei.
Como seu examinador pode explorar este delito:
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Conforme estudamos, a conduta de funcionário público que exige pagamento de tributo inde-
vido amolda-se ao delito de excesso de exação (Art. 316, § 1º do CP).
Letra b.
Sujeito Ativo
Forma Qualificada
O excesso de exação possui uma forma qualificada, prevista no § 2º do art. 316. Vejamos:
Portanto, se além de receber indevidamente o tributo ou contribuição social citados no
caput do artigo, o funcionário público desviar o valor recebido em proveito próprio ou de ou-
trem, incorrerá nas penas do § 2º, e não do caput.
CUIDADO!
Novamente, se houver violência ou grave ameaça, haverá o delito comum de extorsão, e não o
delito funcional de excesso de exação.
Corrupção Passiva
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Nessa infração penal, o agente público solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida – ou aceita promessa de tal vantagem.
É o famoso “suborno”, o “cafezinho”, no qual o agente público se vale de sua função para
obter uma vantagem indevida.
Segundo a doutrina, a vantagem indevida não precisa ser necessariamente uma vantagem
financeira – embora essa seja a forma mais comum.
É a moralidade administrativa.
Sujeito Ativo
O sujeito ativo do delito de corrupção passiva, assim como nos demais delitos praticados
por funcionário público contra a administração pública, é o agente público.
No entanto, existe uma observação importante sobre o sujeito ativo do delito de corrupção
passiva (a qual também vale para o delito de concussão): O funcionário público deve possuir
atribuição de praticar o ato envolvido na conduta.
Situação A Situação B
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Entretanto, na situação B, o policial não possui a atribuição legal para fazer o que está
prometendo (afinal de contas, absolver ou condenar cabe ao juiz de direito, e não ao policial
rodoviário).
Nessa situação, como o agente público não possui a prerrogativa necessária para perpe-
trar a ação envolvida na infração penal, não poderá ser autuado por corrupção passiva, e sim
por outro delito (por exemplo, tráfico de influência ou exploração de prestígio).
Participação de Particular
Também é possível, se este tiver ciência da condição de funcionário público de seu comparsa.
Culpa e Tentativa
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Nesse primeiro momento, não iremos discorrer sobre o delito de corrupção ativa – que é
um crime praticado por particular contra a administração pública. É necessário apenas que
você entenda seu conceito:
Corrupção ativa
Note, portanto, que em um contexto de corrupção, quando o particular oferece uma van-
tagem indevida ao funcionário público, e este recebe tal vantagem, cada um deles irá praticar
uma conduta diferente.
Isso ocorre porque os delitos de corrupção ativa e passiva caracterizam uma exceção à
regra da chamada teoria monista.
A teoria monista determina que, quando dois indivíduos são autores ou partícipes de uma de-
terminada conduta, respondem pelo mesmo crime.
A regra, como você já sabe, é que dois indivíduos que pratiquem uma determinada conduta
criminosa respondam pelo mesmo delito. É o que defende a teoria monista.
No caso da corrupção passiva e ativa, portanto, temos a aplicação da chamada teoria
pluralista, em que cada envolvido responderá por um crime diferente, em um mesmo con-
texto fático.
Tal exceção possibilita inclusive que o funcionário público pratique o delito de corrupção
passiva e que o particular não pratique crime algum.
Para ficar mais fácil de entender, veja a tabela a seguir:
Delito
Conduta do Conduta do Delito
(Agente
Agente Público Particular (Particular)
Público)
Corrupção
Recebe Oferece Corrupção Ativa
Passiva
Corrupção
Solicita Entrega Conduta Atípica
Passiva
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Delito
Conduta do Conduta do Delito
(Agente
Agente Público Particular (Particular)
Público)
Promete Corrupção
Aceita Promessa Corrupção Ativa
Vantagem Passiva
A tabela apresentada permite compreender de uma melhor forma o que acontece no con-
texto de corrupção passiva e ativa: Se a iniciativa não for do particular, apenas o agente públi-
co irá responder pela conduta de corrupção.
Ao ceder à solicitação do agente público, do qual partiu a iniciativa, e entregar a vantagem
indevida a ele solicitada, o particular não pratica o crime de corrupção ativa, por ausência de
previsão legal.
Isso ocorre simplesmente porque o examinador não incluiu o verbo dar no tipo penal de
corrupção ativa, justamente por considerar que o particular pode se sentir coagido pela inicia-
tiva do agente público.
No entanto, observe que se a iniciativa partir do particular (oferecendo ou prometendo van-
tagem), haverá a configuração de corrupção ativa, e o agente público que aceitar a promessa
ou receber a vantagem irá responder por corrupção passiva, não podendo alegar que ele sim-
plesmente aceitou o que lhe foi oferecido. O legislador exige maior moralidade na conduta do
agente público.
Forma Majorada
Temos ainda uma forma majorada específica do delito de corrupção passiva, prevista no
parágrafo 1º do art. 317:
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O delito de corrupção passiva possui ainda uma forma privilegiada, pois o legislador consi-
derou que, no caso da conduta prevista no § 2º, a atitude do agente público pode ser conside-
rada menos reprovável.
Isso acontece pois, entre outros motivos, o legislador entende que quando o agente público
infringe seu dever funcional cedendo a pedido ou influência de outrem, e não para obter vanta-
gem pessoal, a conduta é menos ofensiva à moralidade da administração pública.
Vejamos um exemplo de corrupção passiva privilegiada:
EXEMPLO
Jason é Agente da PRF, e em uma abordagem de rotina, flagra Noah dirigindo com inúmeras
irregularidades em seu carro, que deveria ser apreendido e recolhido ao depósito.
No entanto, durante a autuação, Jason recebe um telefonema de Nicky, diretora da PRF, pedin-
do que Noah seja liberado, pois é seu amigo. Jason atende ao pedido.
Note, portanto, que Jason deixou de praticar o ato de ofício, mas não para receber vanta-
gem indevida, e sim cedendo a pedido ou influência de outrem. Dessa forma, não irá incorrer
nas penas do delito de corrupção passiva, e sim na sanção prevista no parágrafo 2º.
E assim já caiu em prova:
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Agora ficou fácil! Milton deixou de praticar seu dever funcional por ceder a pedido de amigo
íntimo. Assim, praticou o delito de corrupção passiva privilegiada.
Letra b.
Prevaricação
O delito de prevaricação é outro muito cobrado pelas bancas examinadoras, pois embora
apresente uma conduta simples, pode facilmente ser confundido com o delito de corrupção
passiva privilegiada.
Em primeiro lugar, note que a conduta é parecida com a de corrupção passiva, visto que o
agente também retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou o pratica contra
disposição expressa de lei. Entretanto, a diferença principal está na motivação do agente pú-
blico: Ele infringe seu dever funcional para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
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Dessa forma, note que o mero descuido ou esquecimento por parte do agente público não
irá ensejar a responsabilização penal por prevaricação – pois irá faltar uma das premissas do
tipo penal, que é o objetivo de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Muito cuidado com
esse detalhe.
Sujeito Ativo
O sujeito ativo, como você deve imaginar, é qualquer agente público, no exercício de suas
funções e competente para praticar um determinado ato de ofício.
Exemplo de Prevaricação
Para facilitar o entendimento do delito de prevaricação, vejamos um exemplo:
EXEMPLO
Craig é delegado de polícia, ao qual é apresentada uma situação de flagrante delito de lesões
corporais gravíssimas, cuja autora é Lúcia, sua ex-mulher.
Visto que ainda nutre sentimentos por Lúcia e espera impressioná-la para reatar seu casamen-
to, Craig decide não a autuar pela infração penal praticada, deixando de instaurar o inquérito
policial como deveria.
Veja que Craig, no exemplo apresentado, deixou de praticar ato de ofício, simplesmente para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Dessa forma, prevaricou, pura e simplesmente.
E assim caiu em prova. Vamos fixar:
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Acredito que depois de toda a nossa explicação, ficou claro que Mévio praticou o delito de
prevaricação. A dica para esse crime é: Dolo específico de praticar a conduta por interesse ou
sentimento pessoal.
Letra e.
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Sujeito Ativo
Embora também considerado como um crime próprio de funcionário público, o tipo penal
do art. 319-A também sofre uma limitação em relação aos demais: O sujeito ativo não é qual-
quer funcionário público, e sim especificamente o diretor da penitenciária ou o agente públi-
co que tem entre suas funções, o dever de impedir que o preso tenha acesso aos aparelhos
listados na norma penal.
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Condescendência Criminosa
Sujeito Ativo
O sujeito ativo do delito do art. 320 do CP é o agente público que possui hierarquia sobre o
indivíduo que cometeu a infração. Note, portanto, que não é qualquer servidor público que po-
derá ser responsabilizado ao deixar de levar a infração de um colega de trabalho à autoridade
competente – e sim o superior hierárquico do indivíduo.
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Indulgência
O delito de condescendência criminosa também é omissivo próprio, de modo que não ad-
mite a tentativa.
Também não há previsão legal de forma culposa.
Vejamos mais uma questão:
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Advocacia Administrativa
A conduta de advocacia administrativa, apesar do nome, não tem ligação alguma com o
exercício da advocacia propriamente dita. Um agente público, seja qual for sua função, irá de-
fender interesses privados perante a administração pública, aproveitando-se da qualidade de
funcionário público que ostenta.
Imagine a seguinte situação:
EXEMPLO
Luciano é servidor público do DETRAN. Sua amiga Mariana conta a ele que está precisando
fazer uma vistoria em seu carro, mas que a data está muito distante.
Luciano então, valendo-se da qualidade de funcionário público que ostenta, patrocina o inte-
resse de Mariana à administração pública, pedindo aos servidores da seção de vistorias que
atendam ao interesse de Mariana de ter a data da vistoria antecipada.
Observações Importantes
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A única diferença entre o interesse legítimo e o interesse ilegítimo está na pena que será
cominada ao agente público, que será maior se o interesse for ilegítimo, conforme expressa
previsão do parágrafo único do art. 321:
Questão que requer um pouco mais de cuidado por parte de candidato. O agente que patrocina
interesse privado junto à administração fazendária não comete o delito de advocacia adminis-
trativa (patrocina interesse privado perante a administração pública) e sim delito funcional con-
tra ordem tributária. Contudo, esse não é o único erro, pois de acordo com o CP o delito de ad-
vocacia administrativa é punido com detenção e não reclusão, conforme afirma o examinador.
Errado.
Abandono de Função
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A razão de ser dessa infração penal é simples: Ela impede que a administração pública seja
prejudicada por mudanças na vida particular do agente público, ao garantir que o trâmite legal
para o desligamento do funcionário público seja respeitado.
A infração penal serve, por exemplo, para impedir que o servidor peça demissão e pare de
trabalhar imediatamente, prejudicando o andamento do serviço. Ele deverá protocolar o seu
requerimento e continuar exercendo sua função até que esteja formalmente desligado de seu
cargo, preservando assim a supremacia do interesse público sobre o privado.
Sujeito Ativo
Observações Relevantes
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e) Abandono de função.
Questão excelente para fixamos. Trata-se do delito de abandono de função (Art. 323 do CP).
Letra e.
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Sujeito Ativo
É o servidor público empossado que inicia o exercício de sua função sem preencher os de-
mais requisitos, ou o servidor removido, substituído ou exonerado que prolonga indevidamente
seu exercício funcional.
O delito do art. 324 não admite a prática culposa. Entretanto, a tentativa é admissível.
O delito de violação de sigilo funcional trata da conduta do funcionário público que toma
conhecimento de determinado fato sigiloso em razão do cargo por ele ocupado. O funcionário
público então descumpre seu dever funcional, revelando o fato ou facilitando-lhe a revelação.
Sujeito Ativo
Funcionário público.
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Condutas Equiparadas
Forma Qualificada
O delito possui ainda uma forma qualificada, para a qual a norma comina uma pena ainda
mais gravosa:
Merece especial atenção o fato de que, no caso em que a ação ou omissão perpetrada
causar dano à Administração Pública ou a terceiro, o delito será apenado com reclusão, e não
com detenção.
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Obs.: Tome cuidado. Repare que o delito de Violação de Sigilo Funcional é regido pela sub-
sidiariedade, de forma expressa, por força da expressão “se o fato não constitui crime
mais grave” contida em seu preceito secundário.
Funcionário público
O modo como o legislador optou por escrever o art. 327 do CP é realmente um pouco con-
fuso. Na verdade, o que ele quis dizer é que, para fins penais, todos os indivíduos que venham
a exercer uma atividade típica de serviço público devem ser considerados como agentes públi-
cos – mesmo que não recebam remuneração ou que trabalhem de forma transitória.
Dessa forma, o legislador não restringiu a responsabilidade penal aos funcionários públi-
cos de carreira. Pelo contrário, incluiu uma ampla gama de indivíduos como membros do ser-
viço público para fins penais.
Para ficar mais fácil de entender, veja a lista a seguir:
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Todo mundo listado acima é servidor público para fins penais. Portanto, podem praticar os
delitos listados no capítulo I do título XI do Código Penal.
O segredo é o seguinte: exerceu cargo, emprego ou função pública, entrou no art. 327 do
CP. Basta isso.
Calma que a lista apresentada ainda vai aumentar. O legislador previu ainda a possibilidade
de responsabilizar penalmente os chamados servidores públicos por equiparação. Vejamos o
que diz o CP:
CP- Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em en-
tidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
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A única assertiva correta é a letra B, a qual retrata uma hipótese de funcionário público por
equiparação.
Letra b.
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Há julgados no STJ, como o RHC 33.133/SC e o RHC 264.459/SP (Info 579), no qual a re-
ferida Corte considerou que o defensor dativo se enquadra no conceito de funcionário público
para fins penais:
JURISPRUDÊNCIA
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma
remunerada em defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistên-
cia judiciária gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais.
Sendo equiparado a funcionário público, é possível que responda por corrupção passiva
(art. 312 do CP). STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 10/3/2016 (Info 579).
Majorante Genérica
Para finalizar a nossa aula, você precisa saber que delitos praticados por funcionário pú-
blico contra a administração pública estão sujeitos a uma mesma causa de aumento de pena:
CP- Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramen-
to de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.
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Art. 328 do CP
Art. 329 do CP
Pode ser praticada pelo indivíduo que sofre a execução do ato ou mesmo
por terceiro.
Art. 330 do CP
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Desacato
Art. 331 do CP
Não basta que a vítima seja funcionário público. O desacato deve ser
praticado em razão de sua função ou durante o exercício desta pela
vítima.
Art. 332 do CP
Art. 333 do CP
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Art. 333 do CP
Art. 334 do CP
Art. 334-A do CP
Art. 336 do CP
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Art. 336 do CP
Autor deve ter ciência de que está agindo sobre edital afixado por
funcionário público, ou que o selo ou sinal que violou também decorre de
ordem de agente público ou de determinação legal.
Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento
Art. 337 do CP
Art. 337- A do CP
Art. 337-B do CP
Art. 337-C do CP
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Art. 337-C do CP
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Além disso, cabe observar que a doutrina entende que até mesmo imputar a prática de
um crime mais grave do que o realmente cometido poderá caracterizar a denunciação
caluniosa.
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A tentativa é possível.
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É crime próprio.
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* Semelhante ao delito de corrupção ativa, no entanto apresenta uma conduta com uma
finalidade mais específica.
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*É crime próprio: Só pode ser praticado por integrante dos entes públicos a que se refere a
Lei de Responsabilidade Fiscal.
→Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno
ou externo:
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Empenho é um ato praticado por uma autoridade competente que irá criar
para o Estado o dever de pagamento.
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*É crime próprio, cujo sujeito ativo será o agente público que tenha poderes
para contrair obrigação em nome do ente por ele representado.
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*O sujeito passivo desse delito é o próprio ente público. Dessa forma, se um Governador
pratica a conduta do 359-E, o sujeito passivo será o estado por ele governado.
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Infanticídio (Matar sob a influência do Estado Puerperal, Durante o Parto ou Logo Após)
• Sujeito ativo: A mãe;
• Sujeito passivo: Próprio filho;
• Bem jurídico tutelado: Vida humana;
• Permite o concurso de agentes;
• Admite a tentativa;
Elementares do Tipo:
• Coisa:
− Coisa é todo objeto de natureza corpórea.
− Pode ter valor financeiro ou sentimental.
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• Alheia:
− Coisa pertencente a um terceiro;
− Coisa sem dono não serve como objeto de furto;
− Coisa perdida não caracteriza o delito do art. 155 e sim o do artigo 169, II;
− Coisa própria também não enseja o delito de furto.
• Móvel:
− A coisa deve ser passível de remoção;
− Energia elétrica, sinal de telefone e redes de água são coisas móveis por equiparação;
Furto de uso
• É fato atípico em nosso ordenamento jurídico;
Furto Privilegiado
• Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente
a pena de multa.
• Cuidado: Se a coisa tiver uma valor INSIGNIFICANTE, ocorrerá a aplicação do princípio
da insignificância, que tornará a conduta atípica.
Furto Qualificado
• Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
• Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
• Com emprego de chave falsa;
• Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
• A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
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Furto Privilegiado-Qualificado
• É possível segundo o STJ.
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computa-
dores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso,
ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei n. 14.155, de 2021)
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Inclu-
ído pela Lei n. 14.155, de 2021)
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei n. 14.155, de 2021)
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (In-
cluído pela Lei n. 14.155, de 2021)
Espécies de Roubo
• Roubo próprio: Violência ou grave ameaça aplicadas antes ou durante a conduta;
• Roubo improprio: Violência ou grave ameaça aplicadas logo depois da subtração;
Consumação
• Ocorre quando o indivíduo toma posse do bem subtraído.
• Aplica-se a teoria da amotio assim como no furto.
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Roubo Majorado
• Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
• Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstân-
cia.
• Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior;
• Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
• Subtração de substâncias explosivas;
• Com uso de arma branca.
Roubo Qualificado
• Não se confunde com o roubo majorado;
• Ocorre na seguinte situação:
− Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
da multa.
Latrocínio
• É o roubo qualificado pela morte.
• É hediondo.
• Consumação ocorre com a morte da vítima.
• É de competência de juiz singular, e não do tribunal do júri.
Roubo de uso
• Não é atípico por conta do desvalor do emprego de violência ou grave ameaça.
Extorsão
• Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos,
além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da mul-
ta.
• Crime comum.
• Também é pluriofensivo;
• Se consuma independentemente da obtenção da vantagem.
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Extorsão majorada
• Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.
Extorsão qualificada
• Art. 158, § 2º: Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior.
− (Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
da multa).
Extorsão indireta
• Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento
que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro.
• Delito comum entre agentes de usura (agiotas).
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Teoria do Crime
Das Teorias sobre o Conceito de Crime
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Cogitação
A cogitação é uma fase interna, na qual surge a intenção de praticar um determinado cri-
me. Por força do princípio da lesividade, a cogitação não é uma fase punível, pois ela não cau-
sa ofensa alguma a nenhum bem jurídico.
Preparação
O autor começa a trabalhar para que possa iniciar a execução do delito. O autor busca en-
contrar meios e locais que possibilitem lograr êxito no delito que está buscando cometer.
Via de regra, a preparação também não é punível – a não ser que o ato preparatório seja
um crime por si só!
Execução
O agente inicia, de fato, a execução da conduta criminosa. A fase de execução pode re-
sultar na próxima fase (a consumação) caso o agente logre êxito na prática da infração penal
pretendida por ele, ou em uma tentativa (quando o agente não logra êxito por circunstâncias
alheias à sua vontade).
Consumação
A consumação é a fase em que o agente atinge o resultado do crime, ou como define o
código penal, o crime reuniu todos os elementos de sua definição legal (Art. 14, inciso I, CP).
A consumação tem uma influência direta na classificação das condutas criminosas.
Exaurimento
Embora em regra não seja listado como uma das fases regulares do iter criminis, o exauri-
mento é uma fase específica de algumas infrações penais, que após sua consumação, ainda
não sofreram o completo esgotamento de seu potencial lesivo.
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Conceito de conduta:
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Nexo Causal
Tipo Penal
• Estrutura da Norma incriminadora. Descreve o fato que o Direito Penal quer inibir;
• Composto de Preceito primário (fato) e secundário (Sanção).
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Modalidades de Culpa
Crime Preterdoloso
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Para fins de prova, sempre percorra os seguintes passos: Primeiro verifique se houve uma
conduta HUMANA, VOLUNTÁRIA e CONSCIENTE.
Após isso é que você deverá analisar se a ação foi DOLOSA (intencional) ou CULPOSA (pra-
ticada por negligência, imprudência ou imperícia).
Hipóteses em que não haverá CONDUTA
• Inconsciência: Agente inconsciente (como um indivíduo sonâmbulo ou hipnotizado, por
exemplo) não possui consciência, o que exclui a conduta.
• Atos Reflexos: Atos reflexos são considerados involuntários, e se não há voluntarieda-
de, também não há conduta!
• Coação FÍSICA irresistível: Hipótese muito cobrada em provas. Ocorre quando o agente
é forçado fisicamente a praticar a conduta criminosa.
Legítima Defesa
• Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
• Recebeu nova previsão (parágrafo único) com a edição do pacote anticrimes.
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Requisitos
• Agressão Injusta
• Atual ou Iminente
• Em defesa de direito próprio ou alheio
• Usando moderadamente dos meios necessários
Excesso
• Ato praticado por agente que, inicialmente em legitima defesa, se excede nos atos des-
tinados à reprimir a agressão sofrida;
Estado de Necessidade
• Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Requisitos
• Ameaça a direito próprio ou alheio
• Situação de Perigo não causada voluntariamente pelo agente
• Perigo ATUAL
• Inevitabilidade da ação lesiva
• Inexigibilidade de sacrifício do direito ameaçado
• Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo
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AULA ESSENCIAL 80/20
Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
Douglas Vargas
Culpabilidade
• Terceiro Elemento do Conceito Analítico de Crime.
• Trata do juízo de Reprovabilidade da Conduta do Agente.
Teoria da Culpabilidade
• CP adota a teoria normativa pura.
• Determina que a culpabilidade é composta por três elementos:
− Imputabilidade;
− Potencial Consciência da Ilicitude;
− Exigibilidade de conduta diversa.
Imputabilidade
• É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incomple-
to ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Imputável
• Aquele capaz de ser responsabilizado criminalmente por seus atos.
• Capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse en-
tendimento.
Inimputável
• Indivíduo inteiramente incapaz, ao tempo da ação ou da omissão, de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Excludentes de Imputabilidade
• Doença Mental que cause incapacidade ABSOLUTA de compreender a ilicitude do fato.
− Critério Biopsicológico.
• Menoridade
− Até completar 18 anos.
− Critério Biológico.
• Embriaguez Completa Acidental
− Proveniente de caso fortuito ou força maior.
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Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
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Inquérito
Conceito de Inquérito
Trata-se de um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela
polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração pe-
nal e sua autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do representante do Ministério
Público, mas também a colheita de provas urgentes, que podem desaparecer, após o cometimento
do crime, bem como a composição das indispensáveis provas pré-constituídas que servem de base
à vítima, em determinados casos, para a propositura da ação privada.
Guilherme Nucci – Compêndio de Direito Penal
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Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
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Natureza Jurídica
Segundo a doutrina, o inquérito policial possui natureza administrativa. Não é processo
judicial, e não é processo administrativo, haja vista que não é dele que resulta a possível impo-
sição de sanções ao investigado, como veremos mais à frente.
O IP é, portanto, uma peça informativa, de natureza administrativa, características que estu-
daremos muito em breve, ainda nessa aula.
É muito, MUITO importante que você não esqueça a expressão “elementos de informação”. No
IP, se busca colher elementos de informação, e não PROVAS propriamente ditas!
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Dispensável
Outra característica da qual o examinador gosta muito é a dispensabilidade do inquéri-
to policial.
Estando presentes os elementos que compõem a justa causa, a denúncia possuirá o cha-
mado suporte probatório mínimo para seguir em frente, possibilitando a propositura da ação, o
que independente da existência de inquérito.
Informativo
O inquérito policial é uma peça informativa. Nesse sentido, seus vícios, via de regra, não
tem o poder de causar a nulidade da ação penal!
Dessa forma, não será possível anular o processo penal subsequente meramente argu-
mentando que foi encontrada uma irregularidade no IP que a precedeu.
Inclusive, este é o posicionamento do STF, publicado em seu Informativo 824. Para co-
nhecimento:
JURISPRUDÊNCIA
Vício em inquérito policial e nulidade de ação penal
É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada
em inquérito policial. Esse o entendimento da Segunda Turma, que, ao reafirmar a juris-
prudência assentada na matéria, negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus
em que se pleiteava a anulação de atos praticados em inquérito policial presidido por
delegado alegadamente suspeito).
Informativo 824/STF
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Sigiloso
A regra na administração pública, como aprendemos ao estudar Direito Constitucional, é
a publicidade dos atos. Entretanto, o IP não se submete a esse princípio, que fica temporaria-
mente mitigado, haja vista que o inquérito policial é um procedimento essencialmente sigiloso.
O primeiro indivíduo que possui acesso aos autos do inquérito é, obviamente, o advogado,
por força do Estatuto da OAB.
“XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procu-
ração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda
que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direi-
tos de que trata o inciso XIV;
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advo-
gado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados
nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das
diligências.
Estatuto da OAB (Lei 8.906/94)
Note que o inciso XIV afirma que o advogado tem acesso mesmo sem procuração. E é
aqui que o assunto começa a ficar um pouco mais complexo, pois a definição do termo SIGILO
acaba complicando o entendimento do assunto:
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direi-
tos de que trata o inciso XIV;
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido
pelo interesse da sociedade.
É esse o sigilo regular do inquérito policial, tutelado por tipos penais como o delito de Vio-
lação de Sigilo Funcional (Art. 325 do Código Penal).
Dito isso, pode acontecer que um determinado inquérito conte com informações sigilosas
em seus autos, tais como uma quebra de sigilo telefônico ou uma quebra de sigilo bancário. As-
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sim, não estamos diante do mero sigilo regular do IP, mas de sigilo dos próprios documentos
que integram os autos.
Nesse caso, a doutrina nos orienta que apenas o advogado que detém procuração poderá
examinar o referido inquérito, em razão do sigilo dos referidos documentos, e não do procedi-
mento em si.
Aplica-se, nesse diapasão, o mesmo entendimento aplicado ao exame de autos de termi-
nado processo em cartório judicial. O advogado possui acesso ao processo, sem procuração,
salvo na hipótese de segredo de justiça, na qual apenas o advogado constituído e munido de
procuração terá acesso aos referidos autos.
Por fim, é preciso observar uma exceção: No caso de diligências não documentadas, ainda
em andamento ou que ainda não foram realizadas, limita-se o acesso do advogado, para res-
guardar a eficácia da medida investigatória. Nesse sentido, Renato Brasileiro:
Logo, a despeito do art. 20 do CPP, e mesmo em se tratando de inquérito sigiloso, tem prevalecido o
entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos do procedimento investigatório, caso a
diligência realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada.
Note, portanto, que a autoridade competente tem o poder de delimitar esse acesso quando
houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
Direitos do Defensor
Vamos fazer uma breve lista sobre as prerrogativas do defensor em relação ao Inquérito
Policial, que também podem ser objeto de prova:
Observe, no entanto, que as perguntas formuladas pelo defensor podem ser indeferidas
pela autoridade policial.
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Autoritariedade
O inquérito policial também é regido pelo princípio da autoritariedade, o que significa sim-
plesmente que este é presidido por uma autoridade pública, que é o delegado de polícia.
Oficiosidade
Ao estudar ação penal, você aprende que em regra, os delitos são de ação penal pública
incondicionada. Ou seja: O titular da ação penal é o Estado, e não a vítima, e nem mesmo ela
tem o poder de impedir que o estado dê início à persecução penal.
Nesse sentido, o inquérito também é regido, via de regra, pela oficiosidade (pelo dever da
autoridade pública de agir de ofício).
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Assim, nesses crimes de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial terá o
dever de agir de ofício (sem ser provocada) e investigar os crimes dessa natureza de que ti-
ver notícia.
Oficialidade
Muito cuidado para não confundir a oficialidade com a oficiosidade. Enquanto a oficiosida-
de está relacionada com o dever da autoridade de agir de ofício (sem provocação), a oficiali-
dade está relacionada com a responsabilidade sobre o inquérito policial.
Por força da oficialidade, dizemos que o inquérito policial é de responsabilidade de um
órgão oficial do estado, especificamente a polícia judiciária!
Indisponibilidade
Essa é uma característica CAMPEÃ de provas de concursos. Por isso muita atenção ao
seu conceito!
A indisponibilidade do inquérito policial determina que a autoridade policial (o delegado de
polícia) não tem o poder de mandar arquivar os autos do inquérito!
Esse princípio não comporta exceção! Não importa a historinha que o examinador conte
para tentar te convencer – a autoridade policial não pode arquivar o inquérito, e pronto e acabou!
Inquisitivo
O IP é um procedimento considerado pela doutrina como inquisitivo, o que significar dizer
que, em seu tramite não são observados o contraditório e a ampla defesa.
Não se assuste com essa limitação. O objetivo do legislador, ao decidir tratar o inquérito
policial dessa forma, foi simplesmente o de privilegiar a eficiência da investigação, que seria
tolhida se a polícia tivesse que, a todo o tempo, observar o contraditório.
Escrito
O inquérito policial é um procedimento formal, e por isso, tem como característica básica,
ser escrito.
Em outras palavras, isso significa que todo tipo de ato que for realizado oralmente em um
inquérito policial deve ser reduzido a termo!
Assim, se a autoridade policial ouve uma testemunha, deverá reduzir a oitiva a termo (com o
auxílio do escrivão de polícia), de modo a respeitar a característica escrita do inquérito policial.
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Esquematizando
Instauração do Inquérito
Formas de Instauração
O inquérito policial pode ser iniciado (instaurado) de cinco maneiras diferentes. Vejamos
quais são elas:
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Denúncia anônima não é meio idôneo para justificar a instauração de inquérito policial!
Indiciamento
O indiciamento é um ato policial através do qual o presidente do inquérito concluir haver
suficientes indícios de autoria e materialidade do crime. É a imputação, a alguém, da prática
do ilícito investigado.
O indiciamento é um ato privativo do delegado de polícia. Não cabe ao promotor nem ao
juiz determinar que o delegado de polícia indicie um investigado. O delegado, portanto, ao fazer
o relatório final de seu inquérito, apenas indiciará se estiver convencido sobre a materialidade
e sobre os indícios de autoria do delito.
Sujeito Passivo do IP
Um ponto importante ao discutir a instauração do inquérito policial e o próprio indiciamen-
to está no sujeito passivo de tais atos.
Regra geral, qualquer pessoa pode ser indiciada. Na maioria dos casos, portanto, a auto-
ridade policial possui prerrogativa para instaurar o IP e, ao final, indiciar ou não o investigado.
Entretanto, existem algumas exceções à essa regra.
A primeira delas está prevista no art. 41 da Lei 8.625/93, a famosa Lei Orgânica do Minis-
tério Público:
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Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função,
além de outras previstas na Lei Orgânica:
II – não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo;
Assim sendo, caso a autoridade policial descubra, no curso de uma investigação, indício de
envolvimento de membro do MP, deverá imediatamente remeter os autos ao PGJ, o qual terá
atribuição para prosseguir na apuração dos fatos.
A nova redação do art. 28 talvez consista no ponto mais confuso da nova Lei. Se anali-
sarmos os comentários realizados pela CCJ no âmbito do PL 6.341/19 (o qual deu origem à
legislação em estudo), verificamos que o legislador pugnou pela supressão da possibilidade
de que o magistrado venha a discordar do pedido de arquivamento, com a posterior remessa
ao procurador geral.
Nesse sentido, parece que a mudança na legislação busca alterar o fluxo procedimental do
arquivamento do IP, no qual o MP comunica à vítima, ao investigado e à autoridade policial so-
bre sua decisão, encaminhando os autos para instância de revisão ministerial e homologação.
Outra novidade bastante relevante foi trazida pela inserção dos parágrafos a seguir:
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial,
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão
da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios,
a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial.
Anteriormente o CPP não facultava à vítima de um determinado delito recurso algum quan-
to ao pedido de arquivamento. A única possibilidade que existia se dava ante o silêncio do
órgão ministerial por prazo excessivo (na figura da ação penal privada subsidiária da pública).
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Com a nova legislação, surge a referida possibilidade (de requisição de revisão do pedido
de arquivamento à instância competente do órgão ministerial, por parte do ofendido).
Segundo NUCCI1, a mudança proposta pela nova legislação valoriza a vítima quanto ao
arquivamento, lhe permitindo recurso à órgão superior do MP, e retira o juiz do referido cenário,
garantindo o controle do inquérito arquivado ao próprio MP.
CUIDADO!
Veja que a previsão do art. 29 do CPP é distinta, e trata do caso de ação penal privada sub-
sidiária (quando o MP perde o prazo) e não do caso em que a vítima não concorda com o
arquivamento.
De certa forma, a redação do art. 28 e de seu §1º acaba se tornando bastante confusa (o
art. 28 trata da remessa para homologação, e o §1º cria a possibilidade de revisão em razão do
pedido da vítima). Eis outro ponto que necessitará de manifestação doutrinária para maiores
esclarecimentos.
Incomunicabilidade Durante o IP
Nosso último tópico dessa parte da aula é a incomunicabilidade do indiciado, prevista no
art. 21 do CPP. Vejamos o que diz a letra da lei:
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente
será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
A incomunicabilidade prevista no art. 21 do CPP não existe mais. Esse artigo não foi recepcio-
nado pela CF/88!
Indo ainda mais longe, é correto afirmar que não existe mais nenhuma hipótese legal em
que um preso, sob a vigência da CF atual, possa ficar incomunicável. Portanto, desconsidere
o art. 21 do CPP ao estudar!
1
Comentários ao Pacote Anticrime, p. 58.
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10 dias, prorrogáveis
Comum (Justiça
uma vez por +15 30 dias, prorrogáveis
Estadual)
(10+15)
15 dias, prorrogáveis
Comum (Justiça
uma vez por +15 30 dias, prorrogáveis
Federal)
(15+15)
Lei de Tóxicos
30 dias + 30 90 dias + 90
(11.343/06)
Crimes contra a
10 dias (improrrogáveis)
Economia Popular
Prisão Temporária
em Sede de Crimes 30 + 30 (Investigado PRESO)
Hediondos
Prisão em Flagrante
A prisão em flagrante é uma modalidade de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no
instante em que se desenvolve ou que se termina de concluir a infração penal.
Guilherme Nucci
No rol do art. 302 temos as situações em que iremos considerar que um indivíduo está em
flagrante delito (motivo pelo qual pode ser preso sem uma ordem judicial).
Veja como a narrativa do art. 302 está perfeitamente alinhada com o conceito doutriná-
rio da prisão realizada no instante em que se desenvolve ou que se termina de concluir a in-
fração penal.
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Competência
Agora que você já sabe um conceito mais completo sobre a prisão em flagrante, o próximo
passo é conhecer quem tem a capacidade e a legitimidade para prender um indivíduo que es-
teja em flagrante delito.
A resposta está expressamente prevista no art. 301 do CPP:
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem
quer que seja encontrado em flagrante delito.
Segundo a doutrina, integram o rol de agentes responsáveis pelo flagrante compulsório os po-
liciais civis, militares, federais, rodoviários e ferroviários.
Não há ainda manifestação doutrinária sobre a Polícia Penal (Emenda Constitucional de 2019).
Juízes e Promotores, por constituírem autoridades de natureza diferente da autoridade policial,
atuam em flagrante facultativo, e não obrigatório!
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O flagrante preparado é aquele que ocorre quando um agente provocador induz o indivíduo
a cometer uma infração penal, para que possa efetuar sua prisão.
Tal tipo de flagrante é considerado como crime impossível pelo STF, conforme ressalta a
súmula 145:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 145/STF
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua con-
sumação.
Ressalte-se ainda que, segundo o STJ, em sua súmula 567, a existência de sistema de
vigilância composto por seguranças ou por câmeras não torna impossível a configuração do
crime de furto.
O flagrante forjado, por sua vez, também chamado de flagrante urdido, maquiado ou fa-
bricado, é aquele cuja materialidade foi inteiramente composta por terceiros. É um flagrante
totalmente artificial, uma verdadeira armação.
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Note que a grande diferença entre o flagrante forjado e o flagrante preparado é que no fla-
grante forjado sequer há uma conduta por parte do indivíduo que será preso. Exemplo clássico
é o do indivíduo que é preso pelo tráfico de drogas que foram colocadas em seu carro por um
agente da autoridade policial, por exemplo.
Já o flagrante esperado, também chamado de intervenção predisposta da autoridade poli-
cial, diferentemente das duas modalidades anteriores, é uma modalidade válida de flagrante.
Um bom exemplo é a campana, quando o agente policial se desloca a um determinado lo-
cal e fica observando de forma discreta, aguardando o início da prática de uma infração penal
da qual teve conhecimento através de uma denúncia.
Por último, temos o flagrante diferido, também chamado de flagrante prorrogado, pos-
tergado ou de ação controlada. Nesse caso a infração penal está em andamento, e a polícia
retarda a realização da prisão, pois considera que há um momento melhor para obter mais
informações sobre a prática delituosa.
Este tipo de flagrante possui previsão em algumas leis, como na lei de drogas (11.343) e na
lei de organizações criminosas (12.850). É importante observar que, no caso da lei de drogas,
exige-se a autorização judicial prévia e a oitiva do MP para autorizar a realização do flagrante
diferido. Já no caso da lei 12.850, basta prévia comunicação ao magistrado, não havendo que
se falar em autorização judicial ou oitiva do MP.
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Ambos os artigos são dignos de leitura e releitura, pois, como de praxe, costumam ser ob-
jeto de prova. Além disso, reforço os seguintes pontos como de especial importância:
1. A lavratura do auto de prisão em flagrante requer, em regra, duas testemunhas. Se não
estiverem disponíveis duas testemunhas do fato criminoso, a falta pode ser suprida por duas
testemunhas de apresentação do preso à autoridade policial. Curiosidade: Na prática, em dele-
gacias de polícia, quando não há testemunhas do povo disponíveis para lavratura do auto de pri-
são em flagrante, os próprios agentes da autoridade policial se apresentam como testemunhas.
2. Segundo o STJ, o próprio condutor do flagrante (o responsável pela apresentação do
preso à autoridade policial) pode contar como testemunha.
3. Via de regra, a autoridade policial realiza a oitiva do condutor, das testemunhas, depois
da vítima, e finalmente a do preso (cujo depoimento, obviamente, não é obrigatório, tendo em
vista o direito deste ao silêncio).
Regras Especiais
i. Menores de 18 anos: Por força do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), os me-
nores não são efetivamente presos, e sim apreendidos. Além disso, cumpre destacar que o
flagrante lavrado em relação a eles é de ato infracional.
ii. Condutores de veículos: Conforme já explicitamos anteriormente, o condutor de veículo
envolvido em acidente de trânsito com vítima, se prestar socorro integral à vítima, não poderá
ser submetido à lavratura do auto de prisão em flagrante.
iii. Advocacia Pública Federal: Membros da AGU não poderão ser presos por descumpri-
mento de determinação judicial no exercício da função. Soma-se a isso a prerrogativa de só
serem presos em flagrante de crime inafiançável ou por ordem escrita do juízo competente.
iv. Advogados em Geral: Se a causa da prisão for motivada pelo exercício da profissão, o
advogado só poderá ser preso em flagrante em casos de delitos inafiançáveis. Observação:
Caso não se encontre no exercício da profissão, o advogado pode ser preso regularmente, en-
tretanto ainda lhe resta o direito de que sua prisão seja comunicada à OAB;
v. Presidente da República: Conforme estabelece a Constituição Federal, enquanto não
houver uma sentença condenatória, o Presidente da República não estará sujeito a prisão, no
caso de crimes comuns.
vi. Membros do MP (Procuradores e Promotores): Só podem ser presos em flagrante de
crime inafiançável. Ainda nesses casos, devem ser encaminhados em até 24h para o PGJ ou
PGR (a depender se são membros do MP dos Estados ou da União);
vii. Magistrados em Geral: Assim como os membros do MP, só podem ser presos em fla-
grante de crime inafiançável, devendo também ser imediatamente encaminhados ao Presiden-
te do Tribunal a que estão vinculados.
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Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
Douglas Vargas
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§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer
das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou
sem medidas cautelares.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custó-
dia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela
omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste
artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegali-
dade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imedia-
ta decretação de prisão preventiva.
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Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condena-
ção criminal transitada em julgado. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for isolada,
cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei n. 12.403,
de 2011).
§ 2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições rela-
tivas à inviolabilidade do domicílio. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
Lembre-se que, em casos de flagrante delito, não se aplica a restrição de horário e tampou-
co a de inviolabilidade de domicílio. Nesse sentido, se o agente público (como um policial) se
depara com um homicídio em andamento dentro de uma residência, por exemplo, pode usar
de todos os meios necessários para cessar a conduta delitiva e prender o autor em flagrante.
Emprego da Força
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso.
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.
Parágrafo único. O mandado de prisão:
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos;
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da
prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o
preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será
mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o
preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a
realização de audiência de custódia. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
Quanto aos aspectos procedimentais previstos entre os artigos 285 e 287 do CPP, não
há remédio senão a leitura reiterada do texto legal. O tema costuma ser cobrado em sua li-
teralidade.
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Recolhimento à prisão
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo diretor
ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia expedida
pela autoridade competente, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com declaração de
dia e hora.
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do mandado, se este for o docu-
mento exibido.
Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será
deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. (Redação dada
pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 1º Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, do qual
deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela Lei n.
12.403, de 2011).
§ 2º A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para averiguar a
autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 3º O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
contados da efetivação da medida. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
O art. 289 rege sobre o procedimento relacionado a indivíduo que se encontre fora da juris-
dição do juiz que expediu o mandado de prisão (caso de deprecação da prisão), desde que o
procurado encontre-se ainda em território nacional.
A lei prevê, ainda, sobre o registro do mandado de prisão em banco de dados do CNJ:
Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de
dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela Lei n. 12.403,
de 2011).
Tome cuidado. As formalidades acima mencionadas não impedem que qualquer agente
policial venha a efetuar a prisão determinada em mandado de prisão emanado fora da compe-
tência territorial do juiz que o expediu, conforme regem as normas abaixo:
§ 1º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de prisão registrado
no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o expediu.
(Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 2º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do man-
dado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do
mandado na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
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§ 3º A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual
providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo
que a decretou. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 4º O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5º da Constituição
Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria
Pública. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou sobre
a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2º do art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei n.
12.403, de 2011).
§ 6º O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de prisão a que se refere
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
Da mesma forma, continua sendo possível a prisão do réu perseguido que passa ao territó-
rio de outro município ou comarca, nos termos abaixo:
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade lo-
cal, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em
tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
§ 2º Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa
do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que
fique esclarecida a dúvida.
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o executor, fazendo-se co-
nhecer do réu, Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determi-
nada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios
necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito
também por duas testemunhas.
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospita-
lares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres
durante o período de puerpério imediato. (Redação dada pela Lei n. 13.434, de 2017)
Por sua vez, o art. 293 apresenta os requisitos inerentes à prisão do réu que adentra uma
casa buscando fugir da ação da autoridade:
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em
alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obede-
cido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não
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for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à pre-
sença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for
aplicável.
No que tange a prisão especial, prevê o texto legal, o qual merece ser lido na integra:
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente,
quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I – os ministros de Estado;
II – os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Redação
dada pela Lei n. 3.181, de 11.6.1957)
III – os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias
Legislativas dos Estados;
IV – os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
(Redação dada pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
VI – os magistrados;
VII – os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII – os ministros de confissão religiosa;
IX – os ministros do Tribunal de Contas;
X – os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da
lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI – os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. (Redação
dada pela Lei n. 5.126, de 20.9.1966)
§ 1º A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhi-
mento em local distinto da prisão comum. (Incluído pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
§ 2º Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela
distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
§ 3º A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade
do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico ade-
quados à existência humana. (Incluído pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
§ 4º O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. (Incluído pela Lei n.
10.258, de 11.7.2001)
§ 5º Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. (Incluído
pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabeleci-
mentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos.
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Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a autoridade policial
poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser fielmente repro-
duzido o teor do mandado original.
Art. 298. (Revogado pela Lei n. 12.403, de 2011).
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por qualquer meio de co-
municação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para
averiguar a autenticidade desta. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamen-
te condenadas, nos termos da lei de execução penal. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será
recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades
competentes.
Outro ponto importante sobre formalidades da prisão trata da separação de presos pro-
visórios e definitivos. O CPP prevê expressamente, em seu art. 300, que o preso provisório
deverá ficar separado dos presos que já tiverem sido condenados!
Ainda sobre este mesmo assunto, militar preso em flagrante de crime militar não deve ser
conduzido ao cárcere comum – e sim ser recolhido ao quartel da instituição à qual pertence.
Prova
PROVA é um meio de se demonstrar uma verdade.
Destinatário
• Direto: Juiz
• Indireto: As Partes
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Meios de Prova
Ônus de Prova
Espécies de Prova
• Prova Pericial
− Quantidade de Peritos:
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Finalidade da Prova
• “A finalidade da prova é convencer o juiz a respeito da verdade de um fato litigioso.”
Objeto da Prova
• Em regra são os fatos
• Excepcionalmente os Direitos
Independem de prova:
• Fatos impossíveis
• Fatos intuitivos
• Fatos com presunção legal absoluta
• Fatos Irrelevantes
• Verdades Sabidas
Classificações da prova
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Serendipidade
• A serendipidade é o fenômeno conhecido como encontro FORTUITO ou CASUAL de pro-
vas.
Prova Testemunhal
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Interrogatório do acusado
• É meio de prova e meio de defesa.
• Características:
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Etapas do Interrogatório
Confissão
• Características:
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• Classificações da Confissão:
Busca e Apreensão
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Embora trate de vários tópicos diferentes, a Lei 9.296/96 é um diploma legal pequeno, com
apenas 12 artigos. Sua leitura é absolutamente obrigatória.
Eu chego a ser chato e repetitivo ao recomendar o estudo combinado de nossas aulas com
a leitura da lei “seca”, mas faço isso com a melhor das intenções. É por meio dessa estratégia
que vamos ter o domínio necessário para vencer qualquer tipo de questão que for proposta
pelo examinador.
Certo. Após essa breve contextualização e orientação sobre a melhor maneira de estudar
o conteúdo a seguir, vamos finalmente ao que interessa.
Conceitos Básicos
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Logo de cara, já podemos observar o seguinte: A Lei 9.296/96 não se aplica apenas à inter-
ceptação de comunicações telefônicas, mas também à interceptação de fluxo de comunica-
ções em sistemas de informática e telemática.
Jurisprudência Relevante
E falando em interceptação, devemos fazer um quadro comparativo para que você não
confunda esse conceito com os de escuta e gravação:
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Uma vez que você conhece os conceitos acima, fica muito fácil diferenciar as três modali-
dades. A gravação é realizada pelo próprio indivíduo que faz parte da conversa. A intercepta-
ção e a escuta, por sua vez, são realizadas por terceiro. A única diferença entre as duas últimas
é que a escuta é realizada com a ciência de um dos interlocutores, enquanto a interceptação
é realizada sem a ciência de nenhuma das partes.
Como veremos mais a frente, a captação recebeu tratamento específico do legislador na
figura do novo art. 8º-A (adicionado pela lei 13.964/19). Estudaremos o referido artigo detalha-
damente em momento oportuno.
Autorização Judicial
Ainda sobre o teor do art. 1º, note que a lei é taxativa: A interceptação depende de ordem
do juiz competente, SOB SEGREDO DE JUSTIÇA.
Interceptações dependem de autorização judicial para que as provas colhidas durante a inves-
tigação sejam lícitas.
• Admissibilidade
Digamos que a polícia civil esteja realizando a investigação de um delito, e que a autoridade
policial entenda que uma interceptação telefônica pode ajudar a elucidar os fatos em apuração.
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Uma vez que a interceptação telefônica seja admissível, o legislador ainda arrolou no pará-
grafo único os seguintes pré-requisitos:
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.
É muito importante notar que existe a possibilidade de não indicar e qualificar os investi-
gados, no caso de impossibilidade manifesta e devidamente justificada de fazê-lo.
• Entendendo melhor os requisitos
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Além das restrições previstas em lei, segundo a CF/88 são requisitos da quebra de sigilo
telefônico:
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Cabe ressaltar que a tanto a lei quanto a CF falam sobre investigação criminal e não sobre
o inquérito policial propriamente dito. Dessa forma, entende-se ser cabível a interceptação te-
lefônica durante qualquer tipo de procedimento investigativo, e não apenas durante o IP.
Outros procedimentos, como o PIC (procedimento investigatório criminal) que tramita no
MP, podem ser objeto de decretação de interceptação telefônica de forma lícita.
Prazos
A lei de interceptações telefônicas rege alguns prazos peculiares em relação aos seus pro-
cedimentos. São eles:
Natureza Jurídica
Obviamente, ao realizar uma interceptação telefônica, o objetivo é ajudar a esclarecer os
fatos e proporcionar um meio de prova válido para utilização durante a persecução penal.
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Do ponto de vista doutrinário, portanto, quem tem natureza jurídica de meio de prova é a
transcrição da interceptação realizada, e não a interceptação propriamente dita. Fique atento a
essa diferença, que é bastante sutil!
• Quebra de sigilo telefônico
Outro ponto que costuma causar confusão para os alunos é a diferenciação entre os insti-
tutos da quebra de sigilo telefônico e da interceptação telefônica:
A quebra de sigilo de dados telefônicos não é regulamentada pela Lei 9.296/96. Dessa forma,
não está submetida a cláusula de reserva de jurisdição (podendo ser determinada por CPI e
pelo Ministério Público).
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• Apoio técnico
Art. 7º Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá
requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
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Na prática, a polícia precisa interagir com as operadoras telefônicas, que por sua vez forne-
cem o aparato técnico necessário e o acesso às comunicações telefônicas nos termos ditados
pelo judiciário.
Uma vez que as operadoras interajam com a polícia no sentido efetivar a interceptação, são
os investigadores que irão atuar na investigação e na análise das comunicações interceptadas.
Nesse sentido, é importante observar o seguinte:
A transcrição das comunicações interceptadas não precisa ser feita por peritos oficiais. Os
próprios policiais têm autonomia para fazê-lo.
E eis que finalmente adentramos a primeira das alterações realizadas pela Lei 13.964/19
no diploma legal em estudo. Antes de mais nada, façamos a leitura do novo artigo:
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento
da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e (Incluí-
do pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dis-
positivo de captação ambiental. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão ju-
dicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente
atividade criminal permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específica
para a interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
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Eu sei, são muitas previsões. Faremos uma análise detalhada. Em primeiro lugar, devemos
verificar que o art. 8º-A apresenta previsão específica sobre sinais eletromagnéticos, ópticos
ou acústicos.
Para Renato Brasileiro2, o art. 8º-A deve ser lido sob o prisma de que a captação ambiental
já era um meio rotineiro de produção de prova, previsto na Lei 12.850/13, porém sem regula-
mentação procedimental. Nesse sentido, o art. 8º-A supre uma lacuna na legislação, sistema-
tizando o meio de prova que anteriormente era regido pela aplicação da Lei 9.296/96 em sede
de analogia.
Para bem compreender o art. 8º-A, é preciso aprofundar na diferenciação entre a intercep-
tação ambiental, a escuta ambiental e a gravação ambiental. Tomando de empréstimo mais
ensinamentos do mestre Renato Brasileiro3:
Destaca a doutrina, no entanto, que a gravação ambiental clandestina não recebeu regime jurí-
dico na figura expressa do art. 8º-A.
2
Manual de Processo Penal, 2020, p. 850
3
Supra, p.851
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Nesse sentido, para doutrinadores como Renato Brasileiro, a gravação ambiental clandesti-
na (feita diretamente por um dos comunicadores sem a interveniência de terceiro) deve ter sua
licitude analisada caso a caso. Vejamos mais um trecho da referida obra:
“Prova disso, aliás, é o fato de, ao tratar do crime de captação ambiental sem autorização judicial, o
art. 10-A, §1º, da Lei n. 9.296/96, também incluído pelo Pacote Anticrime, dispor expressamente que
não haverá tal crime se a captação for realizada por um dos interlocutores. Evidentemente, por cau-
tela, nada impede que o juiz autorize a gravação ambiental, se houver requerimento nesse sentido.”4
Enunciado n.38 do CNPG: “Não é exigida autorização judicial para captação ambiental de que trata
o art. 8º-A da Lei n. 9.296/96 na hipótese de ser realizada em local público ou de acesso público”.
Continuando nossa leitura do art. 8º-A, cabe destacar que para fins de investigação ou ins-
trução criminal, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos pode
ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do MP.
Nesse diapasão, a doutrina apresenta algumas observações importantes:
a) Finalidade: o legislador optou por dar à captação ambiental o mesmo tratamento da
interceptação telefônica, exigindo-lhe finalidade de investigação ou instrução criminal.
b) Não decretação de Ofício: Diferentemente do art. 3º da lei em estudo, a captação am-
biental não admite decretação ex officio;
4
Manual de Processo Penal, 2020, p. 852.
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• Requisitos
O §3º do art. 8º-A rege o prazo de 15 dias como limite para a medida de captação am-
biental, prazo este renovável por decisão judicial por iguais períodos, comprovados a indis-
pensabilidade do meio de prova e quanto presente atividade criminal permanente, habitual ou
continuada.
Semelhante ao art. 5º da lei em estudo, possui a peculiaridade de exigir que a prorrogação
ocorra apenas com o preenchimento dos requisitos, os quais são considerados cumulativos.
• Observações sobre as gravações ambientais “clandestinas”
Por fim, cabe apontar para a previsão do §5º, o qual é autoexplicativo em sua essência:
5
“Pesca predatória de provas”.
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Nos termos do art. 9º, a gravação que não interessa à prova deve ser inutilizada em qual-
quer dos três momentos acima (durante o IP, durante a instrução processual ou após), através
de requerimento do MP ou da parte interessada.
Contra a decisão de deferir ou indeferir a inutilização das gravações que não interessam à
prova, cabe apelação.
Dos Delitos
A Lei 9.296/96, por fim, apresenta algumas figuras típicas específicas envolvendo a sua
temática. Vejamos.
• Art. 10
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou tele-
mática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)
Este delito costuma ser cobrado em sua literalidade, cabendo, no entanto, algumas obser-
vações básicas a seu respeito:
Por fim, cabe destacar que o referido artigo sofreu alteração pela Lei 13.964/19, para adi-
cionar a expressão “promover escuta ambiental” como nova conduta também integrante do
referido tipo penal.
Nesse sentido, a Lei 13.964/19 inseriu também o parágrafo a seguir no art. 10, na busca
de responsabilizar a autoridade judicial que determina a execução da conduta do caput com
objetivo não autorizado em lei:
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Por fim, há ainda que ser apresentado o novo delito do art. 10-A, específico para a realiza-
ção de captação ambiental sem autorização judicial:
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para inves-
tigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Quanto ao referido delito, merecem destaque as previsões contidas nos parágrafos 1º e 2º.
Em primeiro lugar, temos a questão do §1º, segundo o qual não há crime no caso de cap-
tação realizada por um dos interlocutores:
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo
das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações en-
quanto mantido o sigilo judicial. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Acerca desse preceito extraído da lei que dispõe sobre o sigilo das operações de institui-
ções financeiras, podemos entender que as instituições financeiras possuem um dever jurídi-
co de proteger os dados bancários e financeiros de seus clientes, como depósitos, saques e
aplicações. Isso decorre do chamado sigilo bancário e financeiro.
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Trata-se de um meio de obtenção de prova, ou seja, uma ferramenta capaz de revelar infor-
mações acerca da utilização dos serviços disponibilizados pelas instituições financeiras.
As contas públicas não estão protegidas pelo sigilo bancário em face da publicidade e da
moralidade que lhe são inerentes. Portanto, não possuem, em regra, proteção do direito à
intimidade.
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A LC 105/01 (art. 3 ) determina que: “Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela
º
LC 105/01- Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições
financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam consi-
derados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
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O referido artigo já há muito não possuía aplicabilidade, pois desde a vigência da Lei
4.898/65, parcela majoritária da doutrina entendia pela revogação implícita de seu texto, haja
vista que a referida Lei configurava diploma superveniente e especial para regular a matéria.
Para a alegria dos estudiosos do tema e principalmente dos concurseiros, a Lei 13.869/19
foi além, revogando tanto o art. 350 quanto a Lei 4.898/65 de forma expressa, o que torna
mais simples o estudo do assunto deste ponto em diante:
Lei 13.869/19, Art. 44. Revogam-se a Lei n. 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e o § 2º do art. 150 e
o art. 350, ambos do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
Uma vez que conhecemos um pouco o histórico legal do tema em estudo, podemos passar
a analisar estrutura do novo diploma legal, a qual nos oferecerá uma breve organização dos
tópicos que serão abordados a seguir:
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A parte mais importante, mais polêmica e mais extensa do diploma legal é sem dúvidas a
parte de Crimes e Penas, sobre os quais trataremos com tantos detalhes quanto for possível
no decorrer da aula de hoje.
Mas comecemos pelo básico: A definição do abuso de autoridade e dos sujeitos ativos da
referida conduta.
Abuso de Autoridade
Como nos ensina a literatura sobre o tema, o agente público deve se pautar sempre pelos
ditames legais, na figura da chamada legalidade estrita (a ele só é permitido fazer o que a lei
autoriza).
Nesse sentido, deve o agente público também pautar-se por outros preceitos constitucio-
nais da mais alta importância, tais como a moralidade e a impessoalidade.
Nesse contexto, atos abusivos praticados por agentes públicos são de especial interesse
para a sociedade, devendo ser reprimidos e punidos a contento. A existência de normas penais
como o antigo art. 350 do CP e da antiga Lei de Abuso de Autoridade busca justamente ofere-
cer tutela e vigilância contra possíveis práticas ilícitas.
No entanto, entendeu o Congresso Nacional que a Lei de Abuso de Autoridade necessitava
de modernização e atualização, processo este que acabou resultando na Lei 13.869/19.
Certo é que tanto o diploma legal antigo (4.898/65) quanto o novo (13.869/19) são alvos
de críticas e controvérsias. O anterior, por ser considerado demasiado leve (todas as infrações
penais de abuso de autoridade existentes anteriormente configuravam infrações de menor
potencial ofensivo).
Já o novo diploma legal padece de diversas outras críticas doutrinárias, como iremos ve-
rificar no decorrer dessa aula. Para citar um exemplo, há quem entenda que alguns dos novos
tipos penais são demasiado abertos, sem uma definição clara da conduta ilícita que se pro-
cura suprimir.
Compreendendo esse contexto torna-se mais clara a essência do art. 1º do diploma legal:
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
sido atribuído.
Veja que não é nada além do que apresentamos até agora (definição de crimes praticados
por agentes públicos que no exercício das funções abusam do poder que lhes foi atribuído pelo
ordenamento jurídico).
Nesse diapasão, tome nota da primeira observação importante:
Os delitos previstos na Lei n. 13.869/2019 são classificados como próprios, ou seja, só podem
ser praticados por um sujeito ativo específico: o agente público.
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Não se preocupe: a definição de agente público se dá nos termos do art. 2º, o qual estuda-
remos mais à frente. Antes disso, devemos fazer a leitura do §1º do art. 1º, o qual nos apresen-
ta uma importante definição:
Art. 1º, § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando pra-
ticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
Quando o projeto de lei estava ainda em análise pelas casas legislativas, Sérgio Moro, ain-
da juiz na época, foi convidado a comparecer e debater a temática do abuso de autoridade no
Congresso Nacional.
Na ocasião, uma das preocupações do então magistrado foi com a possibilidade de res-
ponsabilização dos agentes públicos pelo que chamou de crime de hermenêutica, ou seja, a
criminalização de mera interpretação divergente de dispositivos legais.
A preocupação era sem dúvidas razoável. Imagine a seguinte situação:
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EXEMPLO
Determinado magistrado, em primeira instância, decide condenar e prender preventivamente
alguém pela prática de um delito.
Em segunda instância, o Tribunal reconhece a conduta como fato atípico e revoga a prisão pre-
ventiva decretada em primeira instância.
A depender do texto da Lei de Abuso de Autoridade, a interpretação do magistrado na instância
inferior poderia configurar crime, unicamente por este divergir do entendimento exarado pos-
teriormente.
Essa situação poderia ter consequências graves, como por exemplo o condão de inibir que
os magistrados determinassem medidas de cunho pessoal por medo de serem responsabili-
zados posteriormente com a revisão de suas decisões.
Felizmente, o texto da nova Lei de Abuso de Autoridade foi editado de modo a evitar essa
possibilidade, conforme depreende-se dos dizeres do §2º:
Art. 1º, § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura
abuso de autoridade.
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Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou
entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
O primeiro ponto do qual você precisa tomar nota é simples: o rol apresentado na lei é
considerado EXEMPLIFICATIVO para a doutrina. Tal natureza do referido rol se torna clara em
razão da expressão “compreendendo, mas não se limitando a”, no final do art. 2º.
Dito isso, usualmente em diplomas legais como a Lei de Abuso de Autoridade, o examina-
dor costuma gostar bastante de elaborar assertivas com base em um determinado rol de hi-
póteses. Por segurança, vamos esquematizar as previsões do art. 2º e de seu parágrafo único:
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Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Art. 3º, § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Essa é outra previsão que não destoa da regra geral já prevista em nosso ordenamento
jurídico. O único cuidado especial que se recomenda está no requisito: a ação penal não pode
ter sido intentada no prazo legal.
Os examinadores gostam de sugerir, em casos assim, que surgiu o direito à ação subsidi-
ária por outro motivo que não o expressamente previsto em lei. Muito cuidado com esse tipo
de pegadinha.
Ademais, cabe apresentar o prazo que o ofendido ou seu representante possuem para in-
tentar a ação subsidiária:
Art. 3º, § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data
em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
Mais uma vez estamos diante de normatização repetitiva (o CPP e a própria CF/88 já regu-
lavam a matéria a contento. Mas é importante saber que agora há previsão expressa também
na própria Lei de Abuso de Autoridade.
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Efeitos da Condenação
Caso o indivíduo seja condenado por abuso de autoridade, a lei prevê três possibilidades:
É importante notar que os efeitos II e III, ou seja, a inabilitação para exercício do cargo ou a
perda do cargo não são efeitos automáticos. Ademais, ainda possuem um requisito especial:
a reincidência em abuso de autoridade, sendo que a sentença que os declarar deve fazê-lo
motivadamente.
Nesse diapasão, entende a doutrina ser possível que o indivíduo perda o cargo sem que
obrigatoriamente se veja impedido de ocupar outro cargo, haja vista que os efeitos podem ser
aplicados de forma alternativa ou cumulativa.
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É interessante notar que a primeira parte do inciso I (“tornar certa a obrigação de indenizar
o dano causado pelo crime”) é considerada um efeito automático da condenação. Já a segun-
da parte (“devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para
reparação dos danos”) é considerada efeito específico e não automático da sentença.
Esse ponto é curioso pois constitui uma diferença procedimental entre a Lei de Abuso de
Autoridade e o CPP. De forma diversa do que o faz a legislação em estudo, o CPP não exige re-
querimento da vítima para que o magistrado possa fixar o valor mínimo de reparação do dano
na sentença.
Penas Restritivas de Direitos
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei
são:
I – prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II – suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) me-
ses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamen-
te.
Temos ainda que verificar a existência das penas restritivas de direitos, substitutivas das
penas privativas de liberdade previstas na referida lei.
Denota-se aqui uma política de penas alternativas, na mesma esteira que diplomas penais
mais modernos tem seguido. São elas:
• A prestação de serviços comunitários ou a entidades públicas;
• A suspensão do exercício do cargo, da função ou mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses,
com perda dos vencimentos e vantagens.
Note, ainda, que as referidas penas podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente,
por expressa previsão legal.
O descumprimento injustificado das restrições em estudo resulta na conversão das penas
alternativas em penas privativas de liberdade. A regulação da matéria, no entanto, se dá de
forma subsidiária, nos termos do Código Penal.
Da mesma forma, os requisitos para substituição também estão previstos no art. 44 do CP,
de forma cumulativa. Mais uma vez estamos diante da aplicação subsidiária da norma geral
em razão do silêncio da lei especial quanto á material.
Dica: não confunda a suspensão do exercício do cargo (pena restritiva de direitos) com a
inabilitação para o exercício do cargo (efeito da condenação).
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Das Sanções
Em seguida, a lei passa a tratar, de forma geral, sobre as sanções civis e administrativas
cabíveis nos casos de abuso de autoridade:
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza
civil ou administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão
informadas à autoridade competente com vistas à apuração.
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo
mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido deci-
didas no juízo criminal.
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Em primeiro lugar, devemos notar que a lei expressamente prevê aquilo que causa dúvida
para muitos: as sanções penais previstas na lei serão aplicadas independentemente das san-
ções cíveis ou administrativas cabíveis.
É o que chamamos, de forma simples, de independência das instâncias.
Entretanto, é preciso verificar que existem exceções a essa previsão, as quais encontram
guarida na própria legislação em estudo. São elas:
• Existência do fato e sua autoria: Havendo decisão sobre a existência do fato ou sobre
sua autoria no âmbito do juízo criminal, tal mérito não poderá mais ser discutido nas
esferas cível e administrativa;
• Coisa Julgada: Sentença penal que reconhecer que o fato foi praticado sob o manto de
excludente de ilicitude fará coisa julgada no âmbito cível e administrativo-disciplinar.
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De todo modo, alguns pontos são bastante confusos (como por exemplo a questão do
horário para cumprimento de mandado de busca), e nesses aspectos buscaremos um maior
detalhamento para facilitar a compreensão da lei de uma forma geral.
Vamos juntos?
Art. 9º
Uma das dúvidas mais naturais ao analisar a conduta em questão surge ao tentar definir as
medidas de privação de liberdade que podem configurar a conduta. São exemplos:
1) Decretação de prisão cautelar;
2) Decretação de prisão pena;
3) Decretação de internação em razão de medida de segurança;
4) Decretação de internação psiquiátrica;
5) Decretação de semiliberdade ou internação no âmbito do ECA.
• Conduta equiparada:
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Na conduta equiparada não há espaço para debates: temos como sujeito ativo apenas as au-
toridades judiciárias, por expressa previsão legal.
Entretanto, apesar da clareza para com o sujeito ativo do delito, é aqui que começam a
aparecer os problemas de falta de taxatividade da legislação. O que seria um prazo razoável?
Nesse sentido, doutrinadores como Greco e Sanches entendem que não há problema
quando a prisão é avaliada pelo magistrado na audiência de custódia. O problema se dá na
apreciação da medida fora da audiência.
Nesse contexto, não há ainda entendimento pacificado quanto ao prazo razoável, e tere-
mos que aguardar também o debate doutrinário e jurisprudencial sobre o caso.
De todo modo, lembre-se: Não é a mera decretação ou omissão em relaxar a prisão ou em
deferir medida de habeas corpus que irá configurar o delito: será sempre necessária a finali-
dade especifica de prejudicar outrem, beneficiar a si próprio ou o mero capricho/satisfação
pessoal previstos no art. 1º, §1º da legislação.
Art. 10º
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Por outro lado, há quem entenda o termo decretar em sentido amplo, abrangendo tam-
bém as figuras do Delegado de Polícia e do membro do MP. O mais seguro, mais uma vez,
é aguardar.
O sujeito passivo direto é a testemunha ou o investigado.
É muito importante verificar que, para a doutrina, investigado é aquele que ainda não foi
denunciado. Após o oferecimento da denúncia, chama-se o investigado de denunciado, e após
seu recebimento, de réu.
É por isso que doutrinadores como Sanches e Greco entendem que o tipo penal não al-
cança a condução coercitiva manifestamente descabida de acusado, o que poderia configurar
analogia in malam partem.
O sujeito passivo principal ou imediato é a pessoa física ou jurídica atingida pela condu-
ta abusiva.
O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado.
Art. 12
CPP, Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediata-
mente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
integral para a Defensoria Pública.
Esse é um ponto polêmico. A lei é clara: imediatamente. Já o parágrafo único também é claro:
O APF será encaminhado em até 24 horas.
Assim estamos diante de um aparente conflito de normas. Afinal de contas, o artigo e seu parágrafo
único parecem ditar prazos diferentes.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No entanto, para a doutrina existente até o presente momento, o prazo legal a que se refere
o art. 12 da Lei 13.869/19 é o prazo legal de envio do APF à autoridade judiciária, qual seja o
prazo de 24h (Greco e Sanches nesse sentido).6
Esse é, de fato, um entendimento de difícil compreensão, haja vista o já citado aparente
conflito entre o caput do art. 306 e seu parágrafo 1º.
Sobre o prazo de 24 horas e no mesmo sentido de Sanches e Greco entende Guilherme
Nucci, em seu Código de Processo Penal Comentado, em uma leitura, nas palavras do doutri-
nador, “adaptada à realidade dos fatos”.
Para fins de prova, é mais seguro que o examinador se atenha ao texto legal do art. 12,
sem adentrar o mérito do prazo exato a ser descumprido pela autoridade para configuração
do delito.
Mas de todo modo, é importante que você tenha ao menos conhecimento de que existe
posição doutrinária no sentido do prazo de 24 horas.
O CEBRASPE, por exemplo, já cobrou o assunto duas vezes, uma delas adotando o prazo
de 24 horas, e em outra, o prazo imediato. Veja só essa questão:
EXEMPLO
CESPE – 2012 – TRE-RJ – Analista Judiciário A prisão de qualquer pessoa e o local onde ela
se encontrar presa devem ser comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Em até 24 horas após a realização
da prisão, o auto de prisão em flagrante deve ser encaminhado ao juiz competente e, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado, deve ser encaminhada cópia integral à defen-
soria pública.7
EXEMPLO
CESPE - 2018 - STJ - Técnico Judiciário A comunicação de prisão em flagrante deverá ocorrer
em até vinte e quatro horas após a sua efetivação: o auto de prisão deverá ser encaminhado
ao juízo competente para análise da possibilidade de relaxamento da prisão, de conversão da
prisão em liberdade provisória ou de decretação de prisão preventiva.8
Assim, veja que não há clareza sobre o assunto nem mesmo no âmbito de uma mesma
organizadora. É triste não poder apresentar um posicionamento sólido e seguro, mas nosso
dever é passar as informações exatamente como elas têm sido cobradas e interpretadas pelos
examinadores (ainda que tais opções sejam conflitantes).
6
Sanches; Greco; Lei de Abuso de Autoridade Comentada Artigo Por Artigo; p. 108
7
Gabarito: C
8
Gabarito: C
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Em primeiro lugar, note que no caso do art. 13, o legislador apresentou separadamente as
figuras do preso e do detento, enquanto a Lei de Tortura não faz distinção (fala apenas em
pessoa presa em seu §1º.
Ademais, verifica-se ainda que o requisito do sofrimento físico ou mental inexiste na legis-
lação de abuso de autoridade. E por fim, a finalidade do ato é diferente nas hipóteses da Lei
de Tortura.
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O sujeito ativo do delito é a autoridade pública que constrange o preso ou detento. O sujei-
to passivo direto é a própria pessoa presa. O sujeito passivo indireto é o Estado.
Art. 15
II – de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor
público, sem a presença de seu patrono.
O sujeito ativo da conduta é o agente público que constrange a pessoa interrogada. Veja
que esse rol é amplo, podendo figurar no polo ativo da conduta indivíduos como delegados,
magistrados, promotores, entre outros. Ademais, o procedimento no qual se pretende ouvir a
vítima não necessariamente precisa ser de natureza penal.
O sujeito passivo direto do delito é a pessoa que sofre o constrangimento. O sujeito pas-
sivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo, como nos demais delitos, é o dolo, com a finalidade especial prevista
no §1º do art. 1º da lei em estudo.
Art. 16
Existem duas formas com que o agente público pode praticar o delito em estudo:
• Ao deixar de identificar-se ao preso;
• Ao identificar-se falsamente.
Veja que a conduta deve ser praticada por ocasião da captura do preso ou quando deva o
agente público fazê-lo durante sua detenção ou prisão.
Ademais, a previsão do parágrafo único apresenta uma conduta equiparada daquele que,
na qualidade de responsável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de
infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo
ou função:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
falsa identidade, cargo ou função.
O que causa estranheza ao realizar a leitura do parágrafo único está no ponto do cargo ou
função. Isso porque enquanto o caput fala apenas em identificar-se falsamente, o parágrafo
único detalha mais o ato ao dividir a conduta em atribuir a si falsa identidade, cargo ou função.
Assim sendo, é possível realizar uma leitura na qual:
• Na previsão do caput, o crime limita-se a deixar de identificar-se ou identificar-se falsa-
mente.
• Na previsão do parágrafo único, em tese o crime alcançaria tanto a atribuição de falsa
identidade quanto de cargo ou função.
Assim, ingressa na conduta do caput aquele que alega, por exemplo, ser Delegado de Polí-
cia quando na verdade é Agente de Polícia; aquele que alega ser escrivão quando na verdade é
investigador, e assim por diante.
Para doutrinadores como Rogério Greco e Rogério Sanches, no entanto, o termo identidade
previsto no caput do artigo abrange também as características funcionais (como o cargo e a
função), permitindo a mesma responsabilização apesar do texto ter sido elaborado de forma
diferente.
Observamos aos alunos, no entanto, o de sempre: trata-se de assunto ainda muito “verde”
e sem pacificação na doutrina, o qual por hora dificilmente será cobrado em provas por conta
da possibilidade de recursos. Mas é importante que você conheça a existência dessa possibi-
lidade de debate.
O sujeito ativo do crime é o agente que atua na captura, prisão ou detenção de pessoa, no
caso do caput, ou aquele que atua em seu interrogatório em sede de investigação de infração
penal (no caso do parágrafo único).
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O sujeito passivo principal ou imediato é a pessoa física ou jurídica atingida pela condu-
ta abusiva.
O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado.
A conduta admite apenas a forma dolosa, como os demais delitos em estudo, exigindo
ainda o elemento subjetivo especial previsto no art. 1º, §1º do diploma legal.
Repare que no parágrafo único, o tipo penal prevê a prática da conduta em sede de interrogató-
rio de investigado PRESO. Assim sendo, se o interrogatório é de investigado SOLTO, não irá se
configurar o referido tipo previsto no parágrafo único (não havendo, no entanto, prejuízo para a
configuração de outros crimes previstos na legislação penal nacional).
Art. 18
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Atenção: Mais uma vez, trata-se de assunto novo, sem amplo debate envolvendo os demais
mestres de Direito Penal do país. Assim sendo, é importante asseverar que existirá discussão a
respeito do melhor critério a ser adotado para definição do referido repouso noturno.
Ademais, lembre-se que, em caso de flagrante delito, a referida limitação de horário NÃO
SE APLICA, por expressa previsão contida no tipo penal.
O sujeito ativo do delito é o agente público responsável pelo interrogatório.
O sujeito passivo principal ou imediato é o preso atingido pela conduta abusiva.
O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado.
A conduta admite apenas a forma dolosa, como os demais delitos em estudo, exigindo
ainda o elemento subjetivo especial previsto no art. 1º, §1º do diploma legal.
Art. 19º
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora,
deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.
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Art. 20º
Caso exista justa causa para impedir a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advo-
gado, não se configura o delito.
O direito de entrevista pessoal do preso com seu advogado está previsto em diversos ins-
titutos jurídicos, tais como o Pacto de San José da Costa Rica, a Lei de Execuções Penais e até
mesmo no Estatuto da OAB.
Nesse diapasão, é interessante verificar que os termos “pessoal e reservada” possuem sig-
nificados distintos. Por pessoal entende-se o direito de que o próprio preso, em pessoa, esteja
presente no ato. Por reservada entende-se a característica da entrevista que ocorre apenas na
presença do preso e de seu defensor.
• Conduta Equiparada
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de en-
trevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no
curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
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Quanto ao sujeito passivo, entende-se que é qualquer indivíduo envolvido na referida priva-
ção (podendo se consubstanciar na figura do preso, do investigado, do réu solto e do defensor
ou advogado, a depender do caso).
O elemento subjetivo também é o mesmo dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista na legislação em estudo (Art. 1º, §1º).
Art. 21
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei n. 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
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Por exemplo, no caso narrado (ocorrido em 2007), foi justamente essa a tipificação recebi-
da pelo delito praticado (tortura).
O sujeito ativo do delito é o agente ou autoridade que determinar a manutenção de presos
de ambos os sexos em mesmo espaço ou cela. Assim, a doutrina entende que tanto a autori-
dade policial, o diretor de sistema prisional e até mesmo o magistrado podem figurar no polo
ativo da conduta.
Rogério Greco e Rogério Sanches (os primeiros a se manifestar sobre o tema) tem enten-
dido no sentido de que o sujeito passivo imediato são os presos submetidos à medida (tanto
homens quanto mulheres).
O sujeito passivo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo também é o mesmo dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista na legislação em estudo (Art. 1º, §1º).
Art. 22
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III – cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).
Sem dúvidas o ponto mais complexo e controverso do artigo em questão, a conduta equi-
parada do inciso III determina ser abuso de autoridade o cumprimento de mandado de busca
e apreensão após às 21h ou antes das 5h.
Como sabemos, a regra constitucional sobre o tema é que a ordem judicial deve ser cum-
prida durante o dia, salvo se o morador concordar com sua realização à noite.
Sempre foi objeto de debate na doutrina o critério para determinar o que é “DIA” e assim
definir as balizas para o cumprimento do mandado judicial.
São dois os critérios conhecidos sobre o tema:
1) Critério CRONOLÓGICO: DIA é o horário compreendido entre 6h da manhã e 18h.
2) Critério FISICO-ASTRONOMICO: DIA é o espaço entre a aurora e o crepúsculo.
A doutrina, como sempre, diverge entre os critérios. Na jurisprudência, há manifestações
mais contundentes no sentido de que deve prevalecer o critério físico-astronômico, sendo dia
o espaço entre o nascimento e o pôr-do-sol.
Já não bastasse a complicação do assunto, o legislador nos brinda um critério totalmente
novo para configuração do abuso de autoridade, ao restringir a configuração do crime ao cum-
primento realizado antes das 5h e depois das 21h.
Não se sabe ainda como a doutrina se posicionará sobre o assunto. Há quem entenda que
a janela temporal alterou a sistemática atual, como Greco e Sanches. Nesse sentido, o mais
seguro é aguardar as manifestações dos tribunais e dos demais juristas do país.
O sujeito ativo é o agente ou autoridade que cumpre o mandado judicial na forma vedada
pelo tipo penal.
O sujeito passivo imediato é aquele que tem seu imóvel violado pela conduta. O sujeito
passivo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo também é o mesmo dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista na legislação em estudo (Art. 1º, §1º).
De certa forma sendo prolixo e repetindo a legislação já consolidada sobre o tema, o le-
gislador inseriu ainda o §2º, que trata das exceções de ingresso em domicílio em casos de
desastre, flagrante delito ou para prestar socorro:
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Art. 23
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
I – eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligên-
cia;
II – omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o cur-
so da investigação, da diligência ou do processo.
Ademais, o inciso II apresenta a conduta daquele que omite dados ou os divulga incomple-
tos para desviar curso de investigação, diligência ou processo.
O art. 24, o qual estudaremos a seguir, apresenta uma modalidade especial da inovação arti-
ficiosa prevista no art. 23. Cuidado para que o examinador não te induza em erro elaborando
situações hipotéticas sobre o tema.
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O sujeito ativo da conduta é a autoridade pública que pratica a inovação artificiosa com a
finalidade prevista no tipo penal.
O sujeito passivo direto é a pessoa prejudicada pela inovação. O sujeito passivo indireto
é o estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir. Entretanto, no caso do art. 23, a finalidade especial foi
detalhada no próprio tipo penal, conforme já apresentamos anteriormente.
Art. 24
É necessário que o agente tenha ciência de que o indivíduo apresentado à instituição hospita-
lar já está morto. Se o agente público considera que a vítima ainda está viva, por erro, não se
configura o delito em estudo.
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Outro ponto que certamente irá gerar debate está na questão da prova ilícita por derivação.
Mais uma vez, a manifestação existente até o momento está na obra brilhantemente elaborada
por Greco e Sanches, na qual os doutrinadores se posicionam no sentido de que o uso de pro-
va derivada também está abrangido pelo tipo em comento, desde que o agente que a utiliza
tenha conhecimento dessa condição.
O sujeito ativo é o agente público que pratica a conduta.
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Em caso de ação penal privada, na qual o advogado do querelante utiliza prova ilícita, por
exemplo, não há falar especificamente no delito em estudo, posto que este não é agente públi-
co nos termos da legislação em estudo.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.
O sujeito ativo do delito é o agente público que instaura ou requisita a instauração dos re-
feridos procedimentos.
O sujeito passivo imediato é a pessoa objeto da investigação em questão. O sujeito passi-
vo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista nas elementares do tipo em questão.
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Art. 28
Em 2016 teve enorme repercussão em nosso país a divulgação de uma gravação realizada,
em sede de interceptação telefônica, de telefonema realizado entre o ex-presidente Lula e a
então presidente Dilma sobre um suposto termo de posse.
Na ocasião, a referida conduta não possuía qualquer previsão na Lei de abuso de autori-
dade vigente (4.898/65), sendo que o fato foi discutido no âmbito da legislação penal vigente
bem como no âmbito correcional, pelo órgão responsável (CNJ).
No entanto, em 2019, a Lei 13.869/19 passa a contar com um delito específico de abuso de
autoridade por parte daquele que divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com
a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade, a vida privada ou ferindo a honra ou
imagem do investigado.
Não estou afirmando que a ideia para esse tipo penal surgiu do fato de 2016. Trata-se ape-
nas de uma curiosa coincidência.
Dito isso, o sujeito ativo da conduta será qualquer agente público a quem incumbe asse-
gurar o sigilo de determinada gravação: juízes, delegados, membros do MP, da Defensoria
Pública, entre outros.
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela conduta. O sujeito passivo indireto
é o Estado.
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nifestação jurisprudencial sobre o tema, nem em sede de controle difuso, nem em sede de
controle concentrado de constitucionalidade.
O sujeito ativo da conduta será o agente público com atribuição para iniciar a referida per-
secução penal.
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela conduta.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo.
Art. 31
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Art. 32
JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 14
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
Logo, a violação aos direitos do advogado ou defensor, no sentido de obter acesso aos au-
tos dos procedimentos em questão, as quais antes encontravam amparo em remédios como
mandado de segurança e reclamação ao STF (e até mesmo em sede de HC, a depender do
risco para a liberdade do investigado) agora também encontra guarida na Lei de Abuso de
Autoridade.
Noutro giro, cabe chamar a sua atenção para a exceção prevista no caput:
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É sabido que no caso de diligências em curso, cuja ciência pela parte investigada pode pre-
judicar sua eficácia (v.g.: interceptação telefônica em andamento), os autos ficam apartados do
procedimento principal, não sendo entregues ao defensor enquanto durar a medida.
Tais autos, felizmente, continuam a integrar exceção à regra geral, como não poderia dei-
xar de ser.
O sujeito ativo da conduta será o agente público com atribuição para presidir o procedi-
mento sobre o qual se nega o referido acesso.
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela recusa.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo.
Art. 33
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Novamente, por hora, o mais seguro é conhecer o tipo penal e acompanhar as manifesta-
ções judiciais e do magistério penal de nosso país.
O sujeito ativo da conduta é o agente público que pratica a ação definida no tipo.
O sujeito passivo direto é a pessoa prejudicada pela omissão e pela demora narradas
no art. 37.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo. Ade-
mais, há ainda a finalidade específica cumulativa de “procrastinar o processo ou retardar seu
julgamento”.
Art. 38
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EXERCÍCIOS
Exercícios FGV
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causar lesão corporal grave em José, ao desferir contra ele dois socos. Todas as informações
acima são confirmadas em procedimento de investigação criminal. Ao analisar as conclusões
do procedimento caberá ao Promotor de Justiça reconhecer
a) a ausência de culpabilidade do agente diante da situação de embriaguez culposa.
b) a ausência de culpabilidade do agente em razão da embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito, aplicando-se medida de segurança.
c) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, inclusive com presença da agravante da
embriaguez pré-ordenada.
d) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, pois a embriaguez foi culposa, não sendo
possível imputar a agravante da embriaguez pré-ordenada.
e) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, pois a embriaguez foi voluntária, não sendo
possível imputar a agravante da embriaguez pré-ordenada.
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b) Ricardo deverá responder pelo crime praticado, enquanto Bruno é isento de pena;
c) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a embriaguez nunca exclui
a imputabilidade penal;
d) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente perante a Câmara de
Vereadores;
e) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi culposa e do segun-
do decorreu de força maior.
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e) configura crime, tendo em vista que não havia direito próprio do Oficial de Justiça em risco
para ser protegido.
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Exercícios Complementares
016. (INÉDITA/2022) No que se refere à teoria do crime, é possível asseverar a conduta é ação
ou comportamento de qualquer espécie, não necessariamente um comportamento humano.
017. (INÉDITA/2022) Ainda sobre a teoria do crime, é correto afirmar que não existe presun-
ção de ilicitude do fato típico. Assim sendo, apenas excepcionalmente é que a prática de fato
previsto na parte especial do Código Penal será considerada um ato ilícito.
019. (INÉDITA/2022) Infração penal é gênero que, segundo a divisão tripartida, possui três
espécies: Crime, delito e contravenção. Este é o modelo adotado pelo Código Penal Brasileiro
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021. (INÉDITA/2022) José estava na fazenda de sua tia, dona Vitimilda. Enquanto descascava
uma laranja, acabou dormindo em uma rede na varanda. Vitimilda, determinada a pregar um
susto em José, corre para acordá-lo com um grito.
Ao acordar, José acaba se assustando muito com a brincadeira de Vitimilda, e em ato reflexo
acaba movimentando seu braço e cortando o pescoço de sua tia, que vem a falecer em razão
dos ferimentos.
Nessa situação, é correto afirmar que José praticou o delito de homicídio culposo, pois não
teve a intenção de matar.
022. (INÉDITA/2022) A legitima defesa putativa é aquela que ocorre quando o agente não se
encontra diante de verdadeira injusta agressão, mas acredita, em razão da situação de fato,
que está diante da justificante.
025. (INÉDITA/2022) Jhonny, agente do Detran, decide subtrair rodas aro 20’ de um veículo
apreendido no pátio do órgão público. Haja vista que as rodas do referido veículo não são pa-
trimônio público, não há que se falar no delito de peculato, mas sim no delito de furto comum.
026. (INÉDITA/2022) Se o funcionário público exige, para sim ou para outrem, em razão de
sua função, vantagem indevida, em tese configura-se o delito de concussão. Entretanto, segun-
do entendimento emanado pelo STJ, caso o delito seja praticado mediante violência ou grave
ameaça, a tipificação adequada é a de extorsão.
027. (INÉDITA/2022) Se o agente público retarda a prática de ato de ofício por sentimento
pessoal, em tese praticará o delito de prevaricação. Entretanto, caso pratique a mesma con-
duta cedendo a pedido ou influência de um terceiro, incorrerá no delito de corrupção passiva
privilegiada.
028. (INÉDITA/2022) Atualmente, todo delito de homicídio praticado contra mulher será en-
quadrado como feminicídio, independentemente da motivação do agente delitivo.
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029. (INÉDITA/2022) O chamado homicídio funcional pode ser praticado contra autoridade ou
agente dos incisos 142 e 144 da CF/88. Dessa forma, sempre que um agente delitivo praticar
um homicídio cuja vítima é Policial Civil do Distrito Federal, configurar-se-á a qualificadora.
031. (INÉDITA/2022) O aborto possui três previsões legais, contidas entre os artigos 124 e
126 do Código Penal. Dentre essas condutas, no entanto, o sujeito ativo é sempre o médico ou
responsável pela prática das manobras abortivas.
036. (INÉDITA/2022) Sobre o inquérito policial, é correto afirmar que se trata de procedimento
dispensável, informativo, sigiloso e judicial, pois tramita sob supervisão da autoridade judici-
ária e do Ministério Público.
037. (INÉDITA/2022) Por força do Estatuto da OAB, tanto investigado quanto o seu defensor
possuem acesso integral aos autos do IP em andamento.
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038. (INÉDITA/2022) Por força de sua prerrogativa de titular da ação penal o Ministério Públi-
co possui diversas atribuições relacionadas ao inquérito policial, inclusive a de determinar à
autoridade policial que indicie o investigado em seu relatório final.
Tal prerrogativa denota a hierarquia existente entre o MP e a Polícia Judiciária.
039. (INÉDITA/2022) Via de regra, o inquérito policial será arquivado mediante pedido do
Membro do MP, por determinação da autoridade judiciária. Excepcionalmente, no entanto, po-
derá o Delegado de Polícia arquivar os autos de inquérito, como por exemplo nos casos em que
este identificar a presença de manifesta excludente de ilicitude.
040. (INÉDITA/2022) Uma vez arquivado o inquérito policial, é possível seu desarquivamento
caso se tenha notícia de novas provas. Tal situação, no entanto, não será possível caso o IP
tenha sido arquivado com base na atipicidade do fato.
041. (INÉDITA/2022) Via de regra, o IP que tramita na Justiça Estadual deverá ser finalizado
em 10 dias, no caso de investigado preso, e em 30 dias, no caso de investigado solto. Em am-
bos os casos é cabível a prorrogação.
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situação hipotética e nos conhecimentos específicos relativos ao direito processual penal, jul-
gue o item subsecutivo.
O delegado tem competência para arbitrar a fiança de João, visto que se trata de crime
afiançável.
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municados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e
características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários federais em
um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais acredita-
vam estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreen-
dida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utilizada no crime.
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
Durante o procedimento de lavratura do auto de prisão em flagrante pela autoridade policial
competente, o policial rodoviário responsável pela prisão e condução do preso deverá ser ou-
vido logo após a oitiva das testemunhas e o interrogatório do preso.
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arrolada pelo Ministério Público, a defesa tenha, imediatamente, suscitado questão de ordem
requerendo ao juiz que não tomasse seu depoimento por notório impedimento, julgue o próxi-
mo item conforme as normas previstas no Código de Processo Penal sobre provas.
Nessa situação, o juiz deve indeferir a questão de ordem suscitada pela defesa, mas deve
informar à mãe do réu que ela pode abster-se de depor e que, mesmo que tenha interesse em
prestar seu depoimento, não estará compromissada a dizer a verdade.
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GABARITO
1. d 37. E
2. b 38. E
3. c 39. E
4. e 40. C
5. e 41. C
6. c 42. C
7. d 43. E
8. c 44. E
9. b 45. E
10. d 46. E
11. d 47. E
12. c 48. E
13. c 49. E
14. b 50. C
15. b 51. E
16. E 52. C
17. E 53. C
18. C 54. C
19. E 55. E
20. E 56. C
21. E 57. C
22. C 58. C
23. C
24. E
25. E
26. C
27. C
28. E
29. E
30. C
31. E
32. C
33. C
34. E
35. C
36. E
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GABARITO COMENTADO
Exercícios FGV
Todos os delitos contra as finanças públicas incluídos no CP pela lei 10.028/2000 só admitem
a modalidade dolosa.
Letra d.
Esse tipo de questão é absurdo, não beneficia o aluno estudioso, e exige que o candidato fique
decorando tipos de penas cominados a cada tipo de delito (o que é virtualmente impossível).
Mas, se os examinadores elaboram questões assim, temos que infelizmente lidar com elas.
O art. 359-D do CP, conforme estudamos, é apenado com reclusão, nos termos da lei.
Letra b.
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Conforme estudamos, o delito do art. 359-D se consuma com a mera ordenação da despesa –
sem que haja necessidade de sua efetiva realização.
Letra c.
Efetivamente, todos os delitos previstos no CP entre os artigos 359-A e 359-H são crimes pró-
prios, praticáveis apenas pelo agente público com a atribuição legal para tal, ou por titular de
mandato ou legislatura, a depender do caso.
Letra e.
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Assim como os demais delitos do capítulo, o delito do art. 359-D é sim crime próprio, praticável
apenas pelo funcionário público com atribuição legal para ordenar a despesa em questão.
Letra e.
Para que meu xará tivesse praticado o delito previsto no art. 359-C do CP, deveria ter praticado
a conduta nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura.
Como praticou a conduta no primeiro quadrimestre, não resta configura o delito contra finanças
públicas previsto no CP.
Letra c.
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Vamos lá: Note que há fato típico e antijurídico na conduta de Rodrigo. Quanto a isso, não há dú-
vidas. O que precisamos então é de nos lembrar sobre o que estudamos quanto à embriaguez.
E conforme ressaltamos na aula de hoje, a embriaguez culposa não exclui a culpabilidade.
Por fim, não há que se falar em embriaguez preordenada (actio libera in causa), pois Rodrigo
não se embriagou para praticar o crime. Ele se embriagou com o objetivo de comemorar, o que
não configura a agravante em questão.
Letra d.
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Questão com longa narrativa, mas que na verdade requer que você se lembre apenas de que a
embriaguez culposa não tem o condão de excluir a imputabilidade do autor.
Letra c.
Quanto à Ricardo, não restam dúvidas: Sua embriaguez é culposa, e não tem o condão de afas-
tar sua imputabilidade. Mas já no caso de Bruno (que estava apenas bebendo refrigerante e
foi alvo de uma má conduta de um eleitor), pode-se determinar que sua embriaguez se deu em
razão de caso fortuito, motivo pelo qual este ficará isento de pena.
Letra b.
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d) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um fato
típico e antijurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitu-
de e a exigibilidade de conduta diversa;
e) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um
fato típico e ilícito, tendo como requisitos a imputabilidade, a consciência plena da ilicitude e a
inexigibilidade de conduta diversa.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro.
d) Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela
morte de Leandro.
Eis uma questão mais simples: basta lembrar que o rol de excludentes de ilicitude é taxativo,
e possui apenas quatro espécies. Dentre elas, conforme estudamos, estão a legítima defesa e
o exercício regular de direito.
Letra b.
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c) o fato é típico, ilícito e culpável, mas Júlio será isento de pena em razão da ausência
de conduta;
d) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica e ilícita, não é culpável, devendo esse ser
absolvido;
e) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica, não é ilícita, devendo esse ser absolvido.
Exercícios Complementares
016. (INÉDITA/2022) No que se refere à teoria do crime, é possível asseverar a conduta é ação
ou comportamento de qualquer espécie, não necessariamente um comportamento humano.
Na verdade, a conduta é uma ação ou comportamento humano. De outro modo, não há que se
falar em crime. É por esse motivo que um animal (como um cão) não comete crime – pois há
ataque, e não agressão. Lhe falta o fator humano para que se possa falar em conduta!
Errado.
017. (INÉDITA/2022) Ainda sobre a teoria do crime, é correto afirmar que não existe presun-
ção de ilicitude do fato típico. Assim sendo, apenas excepcionalmente é que a prática de fato
previsto na parte especial do Código Penal será considerada um ato ilícito.
Na verdade, a regra é que a ilicitude é presumida. Se o fato é típico, em regra será também an-
tijurídico (ilícito), e apenas excepcionalmente (na presença de alguma excludente) é que não
haverá ilegalidade ou antijuridicidade.
Errado.
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019. (INÉDITA/2022) Infração penal é gênero que, segundo a divisão tripartida, possui três
espécies: Crime, delito e contravenção. Este é o modelo adotado pelo Código Penal Brasileiro
De forma alguma. Não confunda a teoria tripartida sobre o conceito analítico de crime (como
fato típico, antijurídico e culpável) adotado pelo CP com a divisão tripartida da infração penal
(a qual não é adotada pelo nosso ordenamento jurídico.
No Brasil, adotamos a divisão bipartida, na qual crime é sinônimo de delito, e a infração penal
se divide apenas entre crimes e contravenções.
Errado.
Muito embora em regra seja impossível realizar a punição de atos preparatórios para a prática
de uma infração criminal, é preciso lembrar da exceção: nos casos em que os atos preparató-
rios constituem crime autônomo (como no caso do porte ilegal de arma de fogo) existe possi-
bilidade de punição.
Errado.
021. (INÉDITA/2022) José estava na fazenda de sua tia, dona Vitimilda. Enquanto descascava
uma laranja, acabou dormindo em uma rede na varanda. Vitimilda, determinada a pregar um
susto em José, corre para acordá-lo com um grito.
Ao acordar, José acaba se assustando muito com a brincadeira de Vitimilda, e em ato reflexo
acaba movimentando seu braço e cortando o pescoço de sua tia, que vem a falecer em razão
dos ferimentos.
Nessa situação, é correto afirmar que José praticou o delito de homicídio culposo, pois não
teve a intenção de matar.
Na situação hipotética narrada não há CONDUTA por parte de José (que acabou praticando o
delito em um ato reflexo, involuntário). Assim sendo, não há que se falar em crime de homicí-
dio, mesmo na modalidade culposa.
Errado.
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022. (INÉDITA/2022) A legitima defesa putativa é aquela que ocorre quando o agente não se
encontra diante de verdadeira injusta agressão, mas acredita, em razão da situação de fato,
que está diante da justificante.
Exatamente! A diferença entre a legitima defesa real e a legitima defesa putativa está na exis-
tência da injusta agressão, sendo que no caso da descriminante putativa, o agente acredita
que está sendo agredido, quando na verdade, não está.
Certo.
Pelo contrário! A chamada actio libera in causa aumenta a reprovabilidade do agente, que aca-
ba tendo sua pena agravada em razão da embriaguez!
Errado.
025. (INÉDITA/2022) Jhonny, agente do Detran, decide subtrair rodas aro 20’ de um veículo
apreendido no pátio do órgão público. Haja vista que as rodas do referido veículo não são pa-
trimônio público, não há que se falar no delito de peculato, mas sim no delito de furto comum.
Uma vez que Jhonny utilizou de sua qualidade de funcionário público para subtrair as rodas do
veículo apreendido, está configurado o delito de peculato. A natureza do objeto subtraído (se
bem público ou particular) é irrelevante para a configuração do tipo penal.
Errado.
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026. (INÉDITA/2022) Se o funcionário público exige, para sim ou para outrem, em razão de
sua função, vantagem indevida, em tese configura-se o delito de concussão. Entretanto, segun-
do entendimento emanado pelo STJ, caso o delito seja praticado mediante violência ou grave
ameaça, a tipificação adequada é a de extorsão.
027. (INÉDITA/2022) Se o agente público retarda a prática de ato de ofício por sentimento
pessoal, em tese praticará o delito de prevaricação. Entretanto, caso pratique a mesma con-
duta cedendo a pedido ou influência de um terceiro, incorrerá no delito de corrupção passiva
privilegiada.
Exatamente isso. A motivação do agente ao retardar ou deixar de praticar ato de ofício (infrin-
gindo seu dever funcional) é elemento constitutivo do tipo penal. Assim sendo, se a motiva-
ção foi interesse ou sentimento pessoal ocorrerá o delito de prevaricação, enquanto que se
a motivação for um pedido ou influência de outrem, configura-se o delito de corrupção ativa
privilegiada.
Certo.
028. (INÉDITA/2022) Atualmente, todo delito de homicídio praticado contra mulher será en-
quadrado como feminicídio, independentemente da motivação do agente delitivo.
Muito cuidado. Na verdade, para que o homicídio seja caracterizado como feminicídio é neces-
sário que seja praticado contra mulher em razão da condição de sexo feminino. Assim sendo,
nem todo caso irá configurar a qualificadora em questão.
Errado.
029. (INÉDITA/2022) O chamado homicídio funcional pode ser praticado contra autoridade ou
agente dos incisos 142 e 144 da CF/88. Dessa forma, sempre que um agente delitivo praticar
um homicídio cuja vítima é Policial Civil do Distrito Federal, configurar-se-á a qualificadora.
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Muito embora os Policiais Civis do DF incluam-se no rol de agentes públicos do art. 144 da
CF/88, a configuração da qualificadora do homicídio funcional depende da prática do delito em
razão da função ocupada pela vítima ou contra a vítima no exercício de sua função.
Errado.
De fato, essa é a previsão expressa contida no Código Penal. Outra hipótese de duplicação da
pena seria no caso de vítima menor (de 14 a 17 anos) ou de reduzida capacidade de resistência.
Certo.
031. (INÉDITA/2022) O aborto possui três previsões legais, contidas entre os artigos 124 e
126 do Código Penal. Dentre essas condutas, no entanto, o sujeito ativo é sempre o médico ou
responsável pela prática das manobras abortivas.
Na verdade, a conduta prevista no art. 124 do Código Penal tem como sujeito ativo a gestante,
a qual provoca o próprio aborto ou consente que um terceiro pratique as manobras abortivas.
Errado.
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Certo.
Isso mesmo!
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Negativo! O delito de extorsão é classificado como FORMAL, e se consuma com a mera exigên-
cia da vantagem indevida. Recebê-la ou não é mero exaurimento – o delito já estará consumado!
Errado.
Com certeza. Francisco subtraiu, mediante violência ou grave ameaça, coisa alheia móvel. Inci-
diu, portanto, no crime de roubo. Se é qualificado ou não, é outra história – e como o examinador
não especificou que “Francisco praticou o delito de roubo SIMPLES”, a assertiva está correta.
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Certo.
036. (INÉDITA/2022) Sobre o inquérito policial, é correto afirmar que se trata de procedimento
dispensável, informativo, sigiloso e judicial, pois tramita sob supervisão da autoridade judici-
ária e do Ministério Público.
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A assertiva estava indo bem ao caracterizar o inquérito policial, no entanto há um erro grave:
O IP é um procedimento administrativo, e não judicial, como afirma o item. Questão incorreta.
Errado.
037. (INÉDITA/2022) Por força do Estatuto da OAB, tanto investigado quanto o seu defensor
possuem acesso integral aos autos do IP em andamento.
Em primeiro lugar, quem possui a prerrogativa de acesso aos autos do IP é o defensor (e não o
investigado). Ademais, o acesso garantido ao defensor sofre uma única limitação: diligências
em andamento que possam vir a ser prejudicadas.
É o caso, por exemplo, de uma interceptação telefônica em andamento. Se o defensor tomar
ciência da medida, sua eficácia poderá ser amplamente prejudicada – motivo pelo qual o de-
fensor não terá acesso a essa informação enquanto não for finalizada a interceptação.
Errado.
038. (INÉDITA/2022) Por força de sua prerrogativa de titular da ação penal o Ministério Públi-
co possui diversas atribuições relacionadas ao inquérito policial, inclusive a de determinar à
autoridade policial que indicie o investigado em seu relatório final.
Tal prerrogativa denota a hierarquia existente entre o MP e a Polícia Judiciária.
De forma alguma. Em primeiro lugar, o indiciamento é ato privativo da autoridade policial. Ade-
mais, não há que se falar em hierarquia entre MP e Polícia Judiciária.
Lembre-se, no entanto, de que o indiciamento não vincula o órgão do Ministério Público.
Errado.
039. (INÉDITA/2022) Via de regra, o inquérito policial será arquivado mediante pedido do
Membro do MP, por determinação da autoridade judiciária. Excepcionalmente, no entanto, po-
derá o Delegado de Polícia arquivar os autos de inquérito, como por exemplo nos casos em que
este identificar a presença de manifesta excludente de ilicitude.
A Autoridade Policial não pode mandar arquivar os autos de inquérito em hipótese alguma.
Essa regra não comporta exceção – não importa o que a assertiva faça para te convencer do
contrário!
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040. (INÉDITA/2022) Uma vez arquivado o inquérito policial, é possível seu desarquivamento
caso se tenha notícia de novas provas. Tal situação, no entanto, não será possível caso o IP
tenha sido arquivado com base na atipicidade do fato.
Exatamente. Se o IP foi arquivado por atipicidade do fato, a notícia de novas provas se torna
irrelevante (o fato continuará sendo atípico). Assim sendo, o STF entende que mesmo com o
surgimento de novas provas, o IP não poderá ser desarquivado (nesse caso).
Certo.
041. (INÉDITA/2022) Via de regra, o IP que tramita na Justiça Estadual deverá ser finalizado
em 10 dias, no caso de investigado preso, e em 30 dias, no caso de investigado solto. Em am-
bos os casos é cabível a prorrogação.
Art. 306. Dentro em 24 (vinte e quatro) horas depois da prisão, será dada ao preso nota de culpa
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Certo.
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A prisão em flagrante é ilegal, por ser vedada em caso de crimes que se submetem à ação pe-
nal pública condicionada. Nesse caso, para apurar a conduta de Mário, o delegado poderá, ex
officio, instaurar inquérito policial.
Nada disso! A prisão em flagrante só não será possível se a vítima não comparecer à delega-
cia. Se a vítima estiver presente e informar a autoridade policial que quer representar, o auto de
prisão em flagrante será lavrado normalmente.
Errado.
Não necessariamente! Até pode ser que ele permaneça preso durante toda a investigação cri-
minal – mas existe a possibilidade de que lhe seja concedida liberdade provisória sem fiança,
mesmo diante da prática de delito inafiançável.
Errado.
Cuidado! A nota de culpa deve ser entregue em até 24 horas, e não no exato momento da pri-
são em flagrante, como afirmou o examinador.
Errado.
Negativo! O delito de moeda falsa possui pena máxima cominada em abstrato SUPERIOR a 4
anos, de modo que o delegado não poderá arbitrar a fiança para tal delito – apenas o magis-
trado poderá fazê-lo.
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Questão pesada, ao requerer que o candidato saiba a pena do delito de moeda falsa.
Errado.
Conforme estudamos, a prisão é a última das medidas cautelares, e só será decretada se ne-
nhuma outra medida cautelar foi suficiente para tutelar os direitos e bens jurídicos ameaçados.
Dessa forma, o juiz primeiro irá deliberar pela aplicação de outras medidas cautelares, para só
depois decidir pela decretação da preventiva!
Errado.
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Negativo. Inclusive, não se pode formalizar a lavratura do APF sem a manifestação do ofendi-
do, nesse caso.
Errado.
Sem dúvidas. Havendo flagrante de delito, em qualquer modalidade, é lícita a entrada narrada
pelo examinador.
Certo.
Negativo. O policial será o primeiro a ser ouvido, nos termos do art. 304 do CPP.
Errado.
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foi apreendida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utiliza-
da no crime.
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
De acordo com a classificação doutrinária dominante, a situação configura hipótese de fla-
grante presumido ou ficto.
Exatamente! Não houve perseguição, mas os objetos fazem crer ser o indivíduo o autor da in-
fração. Flagrante ficto ou presumido!
Certo.
Exatamente! A prova ilícita irá contaminar todas as provas que decorrerem dela, desde que
fique comprovado que há nexo de causalidade entre a prova ilícita e as derivadas.
Entretanto, se houver maneira de obter a prova derivada por fonte independente, tais provas
serão consideradas válidas, independentemente de existir uma prova originária ilícita.
Certo.
Perfeito!
É o que rege o art. 245 do CPP:
Art. 245, CPP. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que
se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao
morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§ 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior
da casa, para o descobrimento do que se procura.
Certo.
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Negativo. Embora seja recomendável que a busca pessoal em mulher seja feita por outra mu-
lher, em caso de necessidade (se por exemplo, importar prejuízo à diligência), a busca poderá
ser realizada por profissional do sexo masculino.
Errado.
Exatamente! Aqui estamos tratando das testemunhas que não são obrigadas a depor e que,
quando obrigadas por não haver outro meio de prova, não são obrigadas a prestar o compro-
misso de dizer a verdade. Vejamos:
Art. 206, CPP. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recu-
sar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado,
o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo,
obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Art. 208, CPP. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes men-
tais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.
Certo.
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Isso mesmo! Quando em benefício do réu, para comprovar sua inocência, a prova de origem
ilícita será admitida no processo, de forma excepcional!
Certo.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em
dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Certo.
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