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PC – AM

Direito Penal,
Processual
Penal e Legislação
Extravagante
Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20
Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
Douglas Vargas

Sumário
Introdução.............................................................................................................................................................................5
Aula Essencial 80/20 – Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante. . .........6
Análise Estatística.. .........................................................................................................................................................6
Outros Aspectos Importantes. . .................................................................................................................................6
Dicas sobre Crimes em Espécie. . ..............................................................................................................................7
Dicas sobre os Crimes contra a Administração Pública............................................................................7
Concussão.............................................................................................................................................................................9
Excesso de Exação.. .......................................................................................................................................................12
Corrupção Passiva ........................................................................................................................................................13
Prevaricação......................................................................................................................................................................19
Condescendência Criminosa. . ..................................................................................................................................23
Advocacia Administrativa.. .......................................................................................................................................25
Abandono de Função.. ..................................................................................................................................................26
Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou Prolongado.............................................................. 28
Violação de Sigilo Funcional...................................................................................................................................29
Conceito de Funcionário Público...........................................................................................................................31
Principais Crimes Praticados por Particular contra a Administração Pública.........................35
Principais Crimes contra a Administração Da Justiça..............................................................................39
Crimes contra as Finanças Públicas. . .................................................................................................................45
Dicas sobre os Crimes contra a Vida..................................................................................................................50
Dicas sobre Crimes Contra o Patrimônio..........................................................................................................51
Teoria do Crime. . ..............................................................................................................................................................56
Outras Dicas sobre Teoria do Crime. . ..................................................................................................................62
Inquérito..............................................................................................................................................................................65
Conceito de Inquérito..................................................................................................................................................65
Natureza Jurídica. . ..........................................................................................................................................................66
Finalidade do IP e Valor Probatório....................................................................................................................66

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Valor Probatório & Pacote Anticrime.. ...............................................................................................................66


Características do Inquérito Policial. . ................................................................................................................ 67
Administrativo. . ............................................................................................................................................................... 67
Dispensável....................................................................................................................................................................... 67
Informativo........................................................................................................................................................................ 67
Sigiloso................................................................................................................................................................................68
Direitos do Defensor.................................................................................................................................................... 69
Outros Sujeitos com Acesso ao IP.......................................................................................................................70
Presidência do Inquérito Policial.........................................................................................................................70
Autoritariedade.. .............................................................................................................................................................70
Oficiosidade......................................................................................................................................................................70
Oficialidade.........................................................................................................................................................................71
Indisponibilidade.. ...........................................................................................................................................................71
Inquisitivo...........................................................................................................................................................................71
Escrito...................................................................................................................................................................................71
Esquematizando. . ........................................................................................................................................................... 72
Instauração do Inquérito........................................................................................................................................... 72
Indiciamento..................................................................................................................................................................... 74
Sujeito Passivo do IP................................................................................................................................................... 74
Arquivamento do IP & Pacote Anticrime..........................................................................................................75
Incomunicabilidade Durante o IP.. ........................................................................................................................ 76
Prazos para Conclusão do IP.................................................................................................................................. 76
Prisão em Flagrante.. ...................................................................................................................................................77
Competência..................................................................................................................................................................... 78
Influência da Ação Penal........................................................................................................................................... 78
Natureza da Prisão em Flagrante.. ....................................................................................................................... 79
Categorias ou Espécies das Prisões em Flagrante................................................................................... 79
Outras Modalidades de Flagrante.......................................................................................................................80
Auto de Prisão em Flagrante...................................................................................................................................81

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Regras Especiais.. .......................................................................................................................................................... 82


Outros Aspectos Importantes. . ..............................................................................................................................83
Alterações Importantes – Lei 13.964/19. .........................................................................................................83
Outros Aspectos Formais Relacionados à Prisão......................................................................................84
Interceptações Telefônicas – Lei 9.296/96. ...................................................................................................98
Demais Aspectos & Lei 13.964/19.....................................................................................................................106
Lei de Abuso de Autoridade – 13.869/19........................................................................................................115
Exercícios...........................................................................................................................................................................151
Gabarito.............................................................................................................................................................................163
Gabarito Comentado..................................................................................................................................................164

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Introdução
E aí queridos(as) aluno(as)!
Na aula de hoje vamos trazer uma abordagem inovadora, com um resumo caprichado dos
tópicos mais importantes sobre o Direito Penal, Direito Processual Penal e Leis Especiais com
foco total no nosso edital.
Preparamos um levantamento especial para você. Você verá um retrato bastante interes-
sante dos assuntos historicamente mais cobrados, com destaque para os campeões em ques-
tões, contando com algumas dicas bem direcionadas para essa reta final da sua preparação!
Ademais apresentaremos diversas dicas, de forma esquematizada, sempre com base nas
estatísticas mencionadas supra ao passo que também chamaremos a sua atenção para deta-
lhes importantes e específicos para o nosso certame.
A ideia por trás da aula essencial é apresentar o conteúdo com base no chamado princípio
de Pareto, ou regra 80-20, segundo a qual 80% dos efeitos advém de 20% das causas.
Nesse sentido, é imprescindível mencionar que a Aula essencial 80-20 não substitui o estu-
do integral da matéria, e que não se recomenda, de forma alguma, que você conte apenas com
o conteúdo aqui apresentado em sua preparação.
Ademais, nunca há garantias de que apenas o conteúdo mais cobrado continuará a ser
cobrado. Lembre-se, sempre: toda escolha é uma perda.
Mas dito isso, é claro que a presente aula contribui, sobremaneira, para que você tenha um
retrato sobre o histórico da banca e possa construir uma estratégia sobre o conteúdo previsto
em nosso edital.
Espero sinceramente que gostem dessa abordagem. Foi feita com muito carinho para
todos vocês!
Estamos juntos! Um abraço e bons estudos!
Professor Douglas Vargas

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AULA ESSENCIAL 80/20 – DIREITO PENAL,


PROCESSUAL PENAL E LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Análise Estatística
Em primeiro lugar, o objetivo da aula de hoje é apresentar para você quais são os assuntos
que compõem “a nata” do Direito Penal e Processual Penal.
Especificamente quanto às disciplinas em análise, trabalhar com a amostra de questões
da FGV envolvendo as três disciplinas é um pouco complicado, pois a banca tem variado seu
comportamento recentemente.
Assim sendo, verificamos que é melhor abordar os temas usualmente mais cobrados em
certames parecidos, sendo que o nosso material apresentará como principais os seguintes
tópicos do edital:
1) Os crimes contra a administração pública são tópico de destaque no estudo da discipli-
na do Direito Penal, compreendendo quase 15% das questões de Noções de Direito Penal;
2) Entre os demais crimes previstos no edital, crimes contra o patrimônio e contra a pes-
soa merecem destaque e possuem grande relevância temática;
3) Dentre os aspectos da parte geral do Direito Penal, no escopo do nosso edital, merecem
destaque os temas inerentes ao assunto teoria do crime.
4) Na parte processual, receberão destaque os tópicos inquérito, prisão em flagran-
te e prova.
5) Quanto aos tópicos de legislação especial, selecionamos duas leis daquelas previstas
no nosso edital: Interceptações Telefônicas e Abuso de Autoridade.
É claro que não se deve desconsiderar a importância dos demais tópicos previstos no edital.
Ademais, ressaltamos sempre que o estudo regular do curso merece sempre uma atenção
especial. Não há substituto para o estudo completo da íntegra do edital, principalmente em
um com tantos tópicos e tão extenso como o nosso. Mas a presente aula ajudará a apresentar
alguns tópicos usualmente presentes em provas de concursos sobre essa temática.

Outros Aspectos Importantes


Sabemos ainda que os examinadores usualmente mantêm um padrão na elaboração de
questões, mas não podemos esquecer de um detalhe importante: inovações legislativas são
sempre um assunto benquisto pelos examinadores.
Assim sendo, é importante considerar que alterações legislativas que ocorreram recente-
mente podem ser objeto de elaboração de questões.
Assim, é preciso ressaltar que as inovações legislativas tendem sempre a receber desta-
que, qualquer que seja a organizadora, de modo que devem ser priorizadas e que a familiari-

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dade com textos legais que sofreram alterações em 2018, 2019, 2020 e 2021 deve sempre ser
um dos nossos principais objetivos.
Excelente. Já temos um bom direcionamento sobre o qual trabalhar, concordam? Então
mãos à obra. Vamos ao conteúdo.

Dicas sobre Crimes em Espécie


Sem dúvidas os campeões em questões de concursos anteriores, os crimes em espécie
merecerão uma atenção especial em nosso resumo direcionado.
Trata-se, é claro, de assunto MUITO EXTENSO, de modo que iremos priorizar os crimes
mais cobrados e os detalhes que costumam despencar em provas, principalmente quanto aos
crimes contra a administração pública.

Dicas sobre os Crimes contra a Administração Pública


Peculato
• Conduta de um funcionário público que se apropria, desvia ou furta um bem do qual tem
posse em razão do cargo.
• O objeto subtraído, apropriado ou desviado pode ser tanto público quanto particular.

Peculato-Apropriação

• É de fundamental importância a expressão EM RAZÃO DO CARGO. Não basta SER fun-


cionário público para praticar a conduta. O autor tem que se valer de sua condição de
funcionário público para que se configure a conduta do art. 312!
• Essa condição inclusive é válida para todos os delitos praticados por funcionário público
contra a administração pública!

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• As questões costumam focar muito nesse ponto, tornando fundamental observar se a


conduta foi praticada por funcionário público e se a utilização do cargo influiu de algu-
ma forma no êxito da prática delitiva!

Entendendo as Modalidades

Furto e Peculato “de uso”


O furto de uso não é punível no Direito Penal (Não existe o fato típico de furto de uso). O pe-
culato de uso, na mesma esteira, também não é um delito previsto no CP – mas pode ensejar
responsabilidade por IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

Furto de Uso Peculato de Uso

Não é conduta típica Não é conduta típica

Particular sem vínculo com a


Pode resultar em
administração pública não está
responsabilização por
sujeito à lei de improbidades
improbidade administrativa.
administrativas
Crimes em Espécie
Sem dúvidas os campeões em questões de concursos anteriores, os crimes em espécie
merecerão uma atenção especial em nosso resumo direcionado.

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Trata-se, é claro, de assunto MUITO EXTENSO, de modo que iremos priorizar os crimes
mais cobrados e os detalhes que costumam despencar em provas, principalmente quanto aos
crimes contra a administração pública, contra a vida e contra a dignidade sexual.

Concussão

A concussão é um delito simples, cujo foco do aluno deve girar no núcleo do tipo penal:
o verbo EXIGIR. O funcionário público, em razão de seu cargo público, exige para si ou para
outrem, vantagem indevida.
Veja que o autor não pede, não solicita e tampouco sugere que deseja uma determinada
vantagem: Ele EXIGE, e pronto.

Segundo o STJ (HC 54776/2014), se o funcionário público usar de violência ou grave ameaça
para exigir a vantagem, haverá EXTORSÃO e não CONCUSSÃO. Esse entendimento do STJ já foi
objeto de prova por diversas vezes.

A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) alterou a PENA do delito de concussão, aumentando a


pena máxima cominada ao delito (de 8 para 12 anos).

Antes da Lei 13.964/19 Depois da Lei 13.964/19

Pena – 2 a 8 anos, e multa. Pena – 2 a 12 anos, e multa.


Segundo NUCCI, a mudança busca equalizar as penas da Corrupção Passiva e da Concus-
são, haja vista que no primeiro delito, cuja conduta é menos agressiva (solicitar ou receber) a
pena máxima já era de 12 anos, devendo a concussão (conduta mais agressiva, de quem EXI-
GE a vantagem) possuir ao menos a pena máxima equiparada.

Bem Jurídico Tutelado

O bem jurídico protegido pela norma é a moralidade administrativa.

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Sujeito Ativo

É o funcionário público (crime próprio). Entretanto, assim como nos demais delitos funcio-
nais impróprios, é possível a participação de particular que sabe que seu comparsa é funcio-
nário público.
Para fins de prova, merecem especial atenção os seguintes sujeitos ativos:

Todos os sujeitos listados são capazes de perpetrar a o delito de concussão, portanto,


fique atento.
Especialmente quanto ao funcionário público de férias e o indivíduo nomeado, mas ainda
não empossado, observe que o art. 316 do CP fala do indivíduo ainda fora da função ou antes
de assumi-la, o que possibilita a punição de tais autores.
Vejamos como seria tal conduta na prática:

EXEMPLO
Joseph, segundo colocado no concurso do DETRAN do Distrito Federal, nomeado mais ainda
não empossado, exige R$ 500,00 de seu vizinho, Capone, para não apreender o veículo deste
quando tomar posse em seu cargo público.

Na situação apresentada, Joseph praticou o delito de concussão antes mesmo antes de


assumir a função pública.
Observações sobre o delito de concussão
O delito de concussão merece as seguintes informações importantes:

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Sobre a concussão culposa, a resposta é simples, afinal de contas, não existe essa previ-
são em nosso ordenamento jurídico.
Já sobre a questão da tentativa, existe uma divisão na doutrina, da seguinte maneira:

Dificilmente esse tema será cobrado em provas de concursos (por conta da divergência
doutrinária, que pode ensejar uma chuva de recursos). No entanto, é importante que você saiba
ao menos sobre a existência desse conflito.
Antes de passarmos para o próximo crime, vejamos a primeira questão de nossa aula:

001. (CESPE/2019/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) Joaquim, fiscal de vigilância sanitária de de-


terminado município brasileiro, estava licenciado do seu cargo público quando exigiu de Paulo
determinada vantagem econômica indevida para si, em função do seu cargo público, a fim de
evitar a ação da fiscalização no estabelecimento comercial de Paulo. Nessa situação hipotéti-
ca, Joaquim praticou o delito de:
a) constrangimento ilegal.
b) extorsão.
c) corrupção passiva.
d) concussão.
e) excesso de exação.

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Perceba que, mesmo de licença, o servidor exigiu vantagem indevida em razão do cargo que
ocupa. Portanto, resta caracterizado o delito de concussão (Art. 316 do CP).
Letra d.

Excesso de Exação

Outro delito cujo foco está no verbo EXIGIR, previsto inclusive no mesmo artigo (porém em
seu parágrafo 1º). A diferença basicamente é a seguinte: no excesso de exação, o funcionário
público exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso não autorizado por lei.
Como seu examinador pode explorar este delito:

002. (CESPE/2019/SEFAZ-RS/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/ BLOCO I) Deter-


minado auditor fiscal da SEFAZ exigiu do contribuinte o pagamento de tributo que sabia ser
indevido, afirmando que iria recolher o valor aos cofres públicos. Nessa situação hipotética, o
auditor fiscal deverá responder pelo cometimento do crime de:
a) peculato.
b) excesso de exação.
c) corrupção passiva.
d) peculato mediante erro de outrem.
e) crime funcional contra a ordem tributária.

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Conforme estudamos, a conduta de funcionário público que exige pagamento de tributo inde-
vido amolda-se ao delito de excesso de exação (Art. 316, § 1º do CP).
Letra b.

Sujeito Ativo

Assim como na concussão, é o funcionário público.

Consumação, Tentativa e Forma Culposa

Aplicam-se as mesmas regras do delito de concussão, para todos os casos.

Forma Qualificada

O excesso de exação possui uma forma qualificada, prevista no § 2º do art. 316. Vejamos:
Portanto, se além de receber indevidamente o tributo ou contribuição social citados no
caput do artigo, o funcionário público desviar o valor recebido em proveito próprio ou de ou-
trem, incorrerá nas penas do § 2º, e não do caput.
CUIDADO!
Novamente, se houver violência ou grave ameaça, haverá o delito comum de extorsão, e não o
delito funcional de excesso de exação.

Corrupção Passiva

O delito de corrupção passiva é outro campeão em provas de concursos, juntamente com


a prevaricação e o peculato.

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Nessa infração penal, o agente público solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida – ou aceita promessa de tal vantagem.
É o famoso “suborno”, o “cafezinho”, no qual o agente público se vale de sua função para
obter uma vantagem indevida.

Segundo a doutrina, a vantagem indevida não precisa ser necessariamente uma vantagem
financeira – embora essa seja a forma mais comum.

Bem Jurídico Tutelado pela Norma

É a moralidade administrativa.

Sujeito Ativo

O sujeito ativo do delito de corrupção passiva, assim como nos demais delitos praticados
por funcionário público contra a administração pública, é o agente público.
No entanto, existe uma observação importante sobre o sujeito ativo do delito de corrupção
passiva (a qual também vale para o delito de concussão): O funcionário público deve possuir
atribuição de praticar o ato envolvido na conduta.

Professor, como assim?

Calma que eu explico! Imagine as duas situações a seguir:

Situação A Situação B

Policial Rodoviário, em abordagem


de trânsito, verifica que o motorista
Policial Rodoviário solicita R$ possui processo criminal em aberto
500,00 de motorista abordado para na justiça federal.
não o notificar por embriaguez ao De posse dessa informação,
volante. o policial solicita R$ 500,00 do
indivíduo para absolvê-lo da
denúncia existente contra ele.
Na situação A, note que o Policial Rodoviário possui a atribuição de notificar motorista
abordado embriagado ao volante. Dessa forma, poderá ser autuado pelo delito de corrupção
passiva ao solicitar R$ 500,00 para deixar de cumprir seu dever legal.

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Entretanto, na situação B, o policial não possui a atribuição legal para fazer o que está
prometendo (afinal de contas, absolver ou condenar cabe ao juiz de direito, e não ao policial
rodoviário).
Nessa situação, como o agente público não possui a prerrogativa necessária para perpe-
trar a ação envolvida na infração penal, não poderá ser autuado por corrupção passiva, e sim
por outro delito (por exemplo, tráfico de influência ou exploração de prestígio).

Participação de Particular

Também é possível, se este tiver ciência da condição de funcionário público de seu comparsa.

Classificações de Corrupção Passiva

O delito de corrupção passiva é classificado em quatro categorias pela doutrina. Vejamos


quais são elas:

Culpa e Tentativa

O delito de corrupção passiva não admite a modalidade culposa.


Quanto à tentativa, a doutrina diz ser admissível na modalidade solicitar apenas se a con-
duta for realizada por escrito (ato em que o delito se consumará quando o particular tomar
conhecimento da solicitação – ao ler a nota).
Se a solicitação for realizada verbalmente, a corrupção se consumará imediatamente, de
modo que não é necessário que o particular efetivamente dê a vantagem ao agente público
para que o delito se consume.

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Corrupção Passiva x Corrupção Ativa

Nesse primeiro momento, não iremos discorrer sobre o delito de corrupção ativa – que é
um crime praticado por particular contra a administração pública. É necessário apenas que
você entenda seu conceito:

Corrupção ativa

CP- Art. 333 - Oferecer ou prometer


vantagem indevida a funcionário público,
para determiná-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício.

Note, portanto, que em um contexto de corrupção, quando o particular oferece uma van-
tagem indevida ao funcionário público, e este recebe tal vantagem, cada um deles irá praticar
uma conduta diferente.
Isso ocorre porque os delitos de corrupção ativa e passiva caracterizam uma exceção à
regra da chamada teoria monista.

A teoria monista determina que, quando dois indivíduos são autores ou partícipes de uma de-
terminada conduta, respondem pelo mesmo crime.

A regra, como você já sabe, é que dois indivíduos que pratiquem uma determinada conduta
criminosa respondam pelo mesmo delito. É o que defende a teoria monista.
No caso da corrupção passiva e ativa, portanto, temos a aplicação da chamada teoria
pluralista, em que cada envolvido responderá por um crime diferente, em um mesmo con-
texto fático.
Tal exceção possibilita inclusive que o funcionário público pratique o delito de corrupção
passiva e que o particular não pratique crime algum.
Para ficar mais fácil de entender, veja a tabela a seguir:

Delito
Conduta do Conduta do Delito
(Agente
Agente Público Particular (Particular)
Público)

Corrupção
Recebe Oferece Corrupção Ativa
Passiva

Corrupção
Solicita Entrega Conduta Atípica
Passiva

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Delito
Conduta do Conduta do Delito
(Agente
Agente Público Particular (Particular)
Público)

Promete Corrupção
Aceita Promessa Corrupção Ativa
Vantagem Passiva
A tabela apresentada permite compreender de uma melhor forma o que acontece no con-
texto de corrupção passiva e ativa: Se a iniciativa não for do particular, apenas o agente públi-
co irá responder pela conduta de corrupção.
Ao ceder à solicitação do agente público, do qual partiu a iniciativa, e entregar a vantagem
indevida a ele solicitada, o particular não pratica o crime de corrupção ativa, por ausência de
previsão legal.
Isso ocorre simplesmente porque o examinador não incluiu o verbo dar no tipo penal de
corrupção ativa, justamente por considerar que o particular pode se sentir coagido pela inicia-
tiva do agente público.
No entanto, observe que se a iniciativa partir do particular (oferecendo ou prometendo van-
tagem), haverá a configuração de corrupção ativa, e o agente público que aceitar a promessa
ou receber a vantagem irá responder por corrupção passiva, não podendo alegar que ele sim-
plesmente aceitou o que lhe foi oferecido. O legislador exige maior moralidade na conduta do
agente público.

Forma Majorada

Temos ainda uma forma majorada específica do delito de corrupção passiva, prevista no
parágrafo 1º do art. 317:

O delito de corrupção passiva se consuma com a mera solicitação da vantagem indevida.


O funcionário público, portanto, pode ou não infringir seu dever funcional após receber a van-
tagem ou promessa de vantagem. O que o legislador fez, portanto, foi agravar a situação do
funcionário público que, além de solicitar a vantagem indevida, infringe seu dever funcional.

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Corrupção Passiva Privilegiada

O delito de corrupção passiva possui ainda uma forma privilegiada, pois o legislador consi-
derou que, no caso da conduta prevista no § 2º, a atitude do agente público pode ser conside-
rada menos reprovável.
Isso acontece pois, entre outros motivos, o legislador entende que quando o agente público
infringe seu dever funcional cedendo a pedido ou influência de outrem, e não para obter vanta-
gem pessoal, a conduta é menos ofensiva à moralidade da administração pública.
Vejamos um exemplo de corrupção passiva privilegiada:

EXEMPLO
Jason é Agente da PRF, e em uma abordagem de rotina, flagra Noah dirigindo com inúmeras
irregularidades em seu carro, que deveria ser apreendido e recolhido ao depósito.
No entanto, durante a autuação, Jason recebe um telefonema de Nicky, diretora da PRF, pedin-
do que Noah seja liberado, pois é seu amigo. Jason atende ao pedido.

Note, portanto, que Jason deixou de praticar o ato de ofício, mas não para receber vanta-
gem indevida, e sim cedendo a pedido ou influência de outrem. Dessa forma, não irá incorrer
nas penas do delito de corrupção passiva, e sim na sanção prevista no parágrafo 2º.
E assim já caiu em prova:

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003. (CESPE/2019/CGE/CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/ÁREA DE CORREIÇÃO)


Milton, valendo-se de sua condição de servidor público e cedendo a pedido de amigo íntimo,
deixou de cumprir seu dever funcional ao não ter promovido ação para apurar infração de de-
terminada empresa vinculada à administração pública. Nessa situação hipotética, apurada a
conduta de Milton, ele deverá responder pelo crime de:
a) advocacia administrativa qualificada.
b) corrupção passiva privilegiada.
c) corrupção ativa.
d) concussão.
e) condescendência criminosa.

Agora ficou fácil! Milton deixou de praticar seu dever funcional por ceder a pedido de amigo
íntimo. Assim, praticou o delito de corrupção passiva privilegiada.
Letra b.

Prevaricação

O delito de prevaricação é outro muito cobrado pelas bancas examinadoras, pois embora
apresente uma conduta simples, pode facilmente ser confundido com o delito de corrupção
passiva privilegiada.
Em primeiro lugar, note que a conduta é parecida com a de corrupção passiva, visto que o
agente também retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou o pratica contra
disposição expressa de lei. Entretanto, a diferença principal está na motivação do agente pú-
blico: Ele infringe seu dever funcional para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

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Dessa forma, note que o mero descuido ou esquecimento por parte do agente público não
irá ensejar a responsabilização penal por prevaricação – pois irá faltar uma das premissas do
tipo penal, que é o objetivo de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Muito cuidado com
esse detalhe.

Sujeito Ativo

O sujeito ativo, como você deve imaginar, é qualquer agente público, no exercício de suas
funções e competente para praticar um determinado ato de ofício.
Exemplo de Prevaricação
Para facilitar o entendimento do delito de prevaricação, vejamos um exemplo:

EXEMPLO
Craig é delegado de polícia, ao qual é apresentada uma situação de flagrante delito de lesões
corporais gravíssimas, cuja autora é Lúcia, sua ex-mulher.
Visto que ainda nutre sentimentos por Lúcia e espera impressioná-la para reatar seu casamen-
to, Craig decide não a autuar pela infração penal praticada, deixando de instaurar o inquérito
policial como deveria.

Veja que Craig, no exemplo apresentado, deixou de praticar ato de ofício, simplesmente para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Dessa forma, prevaricou, pura e simplesmente.
E assim caiu em prova. Vamos fixar:

004. (IBADE/2019/PREFEITURA DE JARU – RO/ANALISTA ADMINISTRATIVO) Mévio é fun-


cionário público municipal e retardou, indevidamente, ato de ofício, para satisfazer sentimento
pessoal. De fato, ele trabalha no setor de recursos humanos e atrasou a concessão das férias
de um colega de trabalho, desafeto seu, com o fim de fazê-lo perder a passagem aérea que ele
havia comprado para passar férias no exterior. Consequentemente, o colega perdeu a viagem,
o que satisfez o sentimento pessoal de Mévio de ver o colega infeliz. Considerando essa situ-
ação hipotética, é correto dizer que com essa conduta Mévio praticou crime contra a Adminis-
tração Pública, consistente no delito de:
a) concussão
b) corrupção
c) peculato
d) estelionato
e) prevaricação

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Acredito que depois de toda a nossa explicação, ficou claro que Mévio praticou o delito de
prevaricação. A dica para esse crime é: Dolo específico de praticar a conduta por interesse ou
sentimento pessoal.
Letra e.

Prevaricação x Corrupção Passiva Privilegiada

O delito de prevaricação em si é de simples entendimento. Mas é importante que você


seja orientado sobre a pequena diferença existente entre tal conduta e a corrupção passiva
privilegiada, visto que os examinadores costumam misturar os conceitos ao elaborar ques-
tões de prova.
Vejamos:

Note, portanto, que a conduta é basicamente a mesma – o que muda é a motivação do


agente público. Por isso, sempre faça a análise de assertivas sobre prevaricação e corrupção
passiva com cautela, procurando entender qual a motivação o examinador determinou para a
conduta apresentada.

Tentativa e Forma Culposa

O delito de prevaricação somente admite tentativa na forma comissiva – praticar. Deixar


de praticar e retardar o ato de ofício são formas omissivas, de modo que a tentativa não é ad-
mitida nesses casos.
Não existe previsão legal para a prevaricação culposa. O agente tem que infringir seu dever
de forma consciente e motivado por seu interesse ou sentimento pessoal.

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Prevaricação Especial (ou Imprópria)

Prevaricação imprópria é a denominação doutrinária para o delito previsto no art. 319-A do


CP. Ao contrário dos demais delitos estudados até o presente momento, note que essa nomen-
clatura não consta expressamente no Código Penal.
Entretanto, tal escolha é adequada. Afinal de contas, temos um delito que também envolve
uma falha do agente público no cumprimento de suas atribuições legais, no caso a de impedir
o acesso de pessoa presa à aparelhos telefônicos, de rádio ou similares.

Sujeito Ativo

Embora também considerado como um crime próprio de funcionário público, o tipo penal
do art. 319-A também sofre uma limitação em relação aos demais: O sujeito ativo não é qual-
quer funcionário público, e sim especificamente o diretor da penitenciária ou o agente públi-
co que tem entre suas funções, o dever de impedir que o preso tenha acesso aos aparelhos
listados na norma penal.

Características da Prevaricação Imprópria

A prevaricação imprópria é um delito omissivo próprio (caracterizado por uma omissão: O


agente simplesmente deixa de fazer o que manda a lei, que é cumprir seu dever de impedir o
acesso do preso ao aparelho telefônico).
Por se tratar de delito omissivo próprio, não admite a tentativa. Além disso, também não há
a previsão de forma culposa.
Perceba como os examinadores também cobram a literalidade do CP:

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005. (FCC/2019/AFAP/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO/ADAPTADA) É crime de pre-


varicação deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar
ao preso o acesso a aparelho eletrônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.

Exatamente isso. Trata-se da prevaricação imprópria (CP- Art. 319-A. ).


Certo.

Condescendência Criminosa

A condescendência criminosa é um delito cuja pena é mais leve (apenas detenção, de


quinze dias a um mês, ou multa). Isso ocorre pela menor reprovabilidade na motivação do
agente (indulgência), que nada mais é do que o sentimento de clemência, tolerância pelo erro
do subordinado.

Sujeito Ativo

O sujeito ativo do delito do art. 320 do CP é o agente público que possui hierarquia sobre o
indivíduo que cometeu a infração. Note, portanto, que não é qualquer servidor público que po-
derá ser responsabilizado ao deixar de levar a infração de um colega de trabalho à autoridade
competente – e sim o superior hierárquico do indivíduo.

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Indulgência

A indulgência é uma palavra-chave na configuração da condescendência criminosa. Se o


superior hierárquico deixa de punir ou de dar ciência à autoridade competente da falta de seu
subordinado, mas para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, não haverá o delito do art.
320, e sim uma conduta de prevaricação.

Tentativa e Forma Culposa

O delito de condescendência criminosa também é omissivo próprio, de modo que não ad-
mite a tentativa.
Também não há previsão legal de forma culposa.
Vejamos mais uma questão:

006. (FCC/2018/SEFAZ-SC/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/AUDITORIA E FIS-


CALIZAÇÃO) Patrícia, servidora pública chefe de determinada repartição, ao notar que seu
subordinado Bruno, também servidor público, praticou uma infração no exercício do cargo,
deixa de responsabilizá-lo por indulgência. Patrícia, com seu comportamento, praticou, em
tese, o crime de:
a) condescendência criminosa.
b) prevaricação.
c) tergiversação.
d) exploração de prestígio.
e) concussão.

Sem dúvidas, a conduta de Patrícia amolda-se ao delito de condescendência criminosa, pois


deixou de responsabilizar seu subordinado por indulgência (Art. 320 do CP).
Letra a.

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Advocacia Administrativa

A conduta de advocacia administrativa, apesar do nome, não tem ligação alguma com o
exercício da advocacia propriamente dita. Um agente público, seja qual for sua função, irá de-
fender interesses privados perante a administração pública, aproveitando-se da qualidade de
funcionário público que ostenta.
Imagine a seguinte situação:

EXEMPLO
Luciano é servidor público do DETRAN. Sua amiga Mariana conta a ele que está precisando
fazer uma vistoria em seu carro, mas que a data está muito distante.
Luciano então, valendo-se da qualidade de funcionário público que ostenta, patrocina o inte-
resse de Mariana à administração pública, pedindo aos servidores da seção de vistorias que
atendam ao interesse de Mariana de ter a data da vistoria antecipada.

Observações Importantes

Embora o delito de advocacia administrativa seja de simples entendimento, alguns deta-


lhes são relevantes para que você não seja induzido em erro na hora da prova. São eles:

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A única diferença entre o interesse legítimo e o interesse ilegítimo está na pena que será
cominada ao agente público, que será maior se o interesse for ilegítimo, conforme expressa
previsão do parágrafo único do art. 321:

Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:


Pena – detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Tentativa e Forma Culposa

O delito de advocacia administrativa não possui forma culposa. A tentativa é possível.


Seguimos com uma questão interessantíssima:

007. (CESPE/2020/SEFAZ-AL/AUDITOR DE FINANÇAS E CONTROLE DE ARRECADAÇÃO


DA FAZENDA ESTADUAL) O agente que patrocina interesse privado junto à administração
fazendária valendo-se da qualidade de funcionário público comete o crime de advocacia admi-
nistrativa que, de acordo com o Código Penal, é punido com reclusão.

Questão que requer um pouco mais de cuidado por parte de candidato. O agente que patrocina
interesse privado junto à administração fazendária não comete o delito de advocacia adminis-
trativa (patrocina interesse privado perante a administração pública) e sim delito funcional con-
tra ordem tributária. Contudo, esse não é o único erro, pois de acordo com o CP o delito de ad-
vocacia administrativa é punido com detenção e não reclusão, conforme afirma o examinador.
Errado.

Abandono de Função

Conduta do funcionário público que, injustificadamente e fora dos casos permitidos em


nosso ordenamento jurídico, abandona o cargo público por ele ocupado.

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A razão de ser dessa infração penal é simples: Ela impede que a administração pública seja
prejudicada por mudanças na vida particular do agente público, ao garantir que o trâmite legal
para o desligamento do funcionário público seja respeitado.
A infração penal serve, por exemplo, para impedir que o servidor peça demissão e pare de
trabalhar imediatamente, prejudicando o andamento do serviço. Ele deverá protocolar o seu
requerimento e continuar exercendo sua função até que esteja formalmente desligado de seu
cargo, preservando assim a supremacia do interesse público sobre o privado.

Sujeito Ativo

É o agente público que está investido regularmente em seu cargo.

Forma Culposa e Tentativa

O delito do art. 323 não admite a tentativa, e nem a forma culposa.

Observações Relevantes

Temos ainda duas particularidades sobre o abandono de cargo público. Vejamos:

O legislador previu ainda duas modalidades qualificadas do delito de abandono de função,


se o agente público causar prejuízo público ou se perpetrar a conduta em faixa de fronteira. E
já caiu em prova:

008. (VUNESP/2017/TJ-SP/ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Assinale a alternativa que


indica o crime que tem como qualificadoras “resultar prejuízo público” e “ocorrer em lugar com-
preendido na faixa de fronteira”.
a) Corrupção passiva.
b) Exercício arbitrário das próprias razões.
c) Abuso de poder.
d) Violência arbitrária.

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e) Abandono de função.

Questão excelente para fixamos. Trata-se do delito de abandono de função (Art. 323 do CP).
Letra e.

Exercício Funcional Ilegalmente Antecipado ou Prolongado

Cuidado com o entusiasmo da aprovação. Entrar no exercício de função pública antes de


satisfazer as exigências legais é crime. Então nada de sair por aí praticando atos de ofício após
empossado se ainda não tiver preenchido os demais requisitos para assumir sua função públi-
ca. Brincadeiras à parte, note que o delito do art. 324 possui duas condutas possíveis:

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Sujeito Ativo

É o servidor público empossado que inicia o exercício de sua função sem preencher os de-
mais requisitos, ou o servidor removido, substituído ou exonerado que prolonga indevidamente
seu exercício funcional.

Tentativa e Forma Culposa

O delito do art. 324 não admite a prática culposa. Entretanto, a tentativa é admissível.

Violação de Sigilo Funcional

O delito de violação de sigilo funcional trata da conduta do funcionário público que toma
conhecimento de determinado fato sigiloso em razão do cargo por ele ocupado. O funcionário
público então descumpre seu dever funcional, revelando o fato ou facilitando-lhe a revelação.

Sujeito Ativo

Funcionário público.

Tentativa e Forma Culposa

O delito do art. 325 do CP não admite a forma culposa.


Se a revelação for realizada de forma escrita, admitirá a tentativa. No entanto, se for reali-
zada de forma verbal, a tentativa não será possível.

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Condutas Equiparadas

O parágrafo 1º do art. 325 do CP apresenta ainda condutas equiparadas (para as quais o


agente público incorrerá nas mesmas penas previstas no caput do artigo). Vejamos quais são:

Merece especial atenção a conduta prevista no inciso I do parágrafo apresentado. Funcio-


nário público que empresta senha de acesso que possui em razão do cargo a pessoas não
autorizadas pratica o delito de violação de sigilo funcional, em sua forma equiparada.

Forma Qualificada

O delito possui ainda uma forma qualificada, para a qual a norma comina uma pena ainda
mais gravosa:

Merece especial atenção o fato de que, no caso em que a ação ou omissão perpetrada
causar dano à Administração Pública ou a terceiro, o delito será apenado com reclusão, e não
com detenção.

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 Obs.: Tome cuidado. Repare que o delito de Violação de Sigilo Funcional é regido pela sub-
sidiariedade, de forma expressa, por força da expressão “se o fato não constitui crime
mais grave” contida em seu preceito secundário.

Conceito de Funcionário Público


Ao realizar nosso estudo, falamos muito sobre o funcionário público como sujeito ativo da
infração penal, mas em nenhum momento conceituamos exatamente o que é um funcionário
público para fins penais.
E é exatamente isso que faremos agora. Definir exatamente o que é um funcionário público
do ponto de vista do Código Penal, e você verá que o conceito é um pouco diferente daquele
previsto no Direito Administrativo.
Conceito de Funcionário Público (Art. 327 do CP)
Inicialmente, vejamos o que diz o Código Penal:

Funcionário público

CP- Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,


quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.

Mas professor, como assim embora transitoriamente ou sem remuneração?

O modo como o legislador optou por escrever o art. 327 do CP é realmente um pouco con-
fuso. Na verdade, o que ele quis dizer é que, para fins penais, todos os indivíduos que venham
a exercer uma atividade típica de serviço público devem ser considerados como agentes públi-
cos – mesmo que não recebam remuneração ou que trabalhem de forma transitória.
Dessa forma, o legislador não restringiu a responsabilidade penal aos funcionários públi-
cos de carreira. Pelo contrário, incluiu uma ampla gama de indivíduos como membros do ser-
viço público para fins penais.
Para ficar mais fácil de entender, veja a lista a seguir:

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Todo mundo listado acima é servidor público para fins penais. Portanto, podem praticar os
delitos listados no capítulo I do título XI do Código Penal.
O segredo é o seguinte: exerceu cargo, emprego ou função pública, entrou no art. 327 do
CP. Basta isso.

Servidores Públicos por Equiparação

Calma que a lista apresentada ainda vai aumentar. O legislador previu ainda a possibilidade
de responsabilizar penalmente os chamados servidores públicos por equiparação. Vejamos o
que diz o CP:

CP- Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em en-
tidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.

Mas professor, o que é uma paraestatal?

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Embora o conceito de paraestatal seja melhor estudado na disciplina de Direito Administra-


tivo, não faz mal que você o conheça, mesmo que de forma básica.
Paraestatal é a uma jurídica de direito privado, de criação autorizada por lei e que realiza
serviços, obras e atividades de interesse público. São exemplos de paraestatais o SESC, o SE-
NAI, o SESI..
Por força do §1º, portanto, todos os servidores do chamado “sistema S”, que são paraesta-
tais, estão sujeitos à responsabilização penal como se fossem funcionários públicos.
Além disso, o §1º inclui também os indivíduos que trabalham para empresa prestado de
serviço que executa atividade típica de administração pública. Com isso, até mesmo um in-
divíduo que trabalha para uma empresa privada, dependendo da atividade que exercer e da
existência de convênio com a Administração Pública, poderá praticar um delito próprio de fun-
cionário público.
Vejamos na prática:

009. (CESPE/2018/SEFAZ-RS/TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA ESTADUAL/PROVA 2)


Para efeitos penais, o conceito de funcionário público:
a) engloba somente os empregados públicos regidos pela CLT das empresas públicas.
b) abrange empregado de empresa prestadora de serviço público contratada pelo poder público.
c) não abrange aquele que exerce função pública de forma transitória.
d) não abrange aquele que exerce função pública de forma gratuita, sem remuneração.
e) não abrange ocupante de cargo eletivo.

A única assertiva correta é a letra B, a qual retrata uma hipótese de funcionário público por
equiparação.
Letra b.

Múnus Público – Tópico polêmico!


Ainda sobre o assunto servidor público para fins de aplicação da lei penal, segundo parce-
la da doutrina, aquele que exerce o chamado múnus público (indivíduo que exerce um cargo
imposto por juiz, ou por lei, para defesa de um interesse social ou particular) não deveria ser
considerado como funcionário público para fins de aplicação da lei penal.
Um exemplo clássico é o defensor dativo – advogado nomeado pelo juiz para defender um
indivíduo que não possua condições para contratar um defensor. Essa prática é muito comum
em municípios que não dispõem de defensoria pública, por exemplo.
Entretanto, cuidado!

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Há julgados no STJ, como o RHC 33.133/SC e o RHC 264.459/SP (Info 579), no qual a re-
ferida Corte considerou que o defensor dativo se enquadra no conceito de funcionário público
para fins penais:

JURISPRUDÊNCIA
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma
remunerada em defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistên-
cia judiciária gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais.
Sendo equiparado a funcionário público, é possível que responda por corrupção passiva
(art. 312 do CP). STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 10/3/2016 (Info 579).

Algumas bancas já cobraram o referido assunto algumas vezes, com posicionamentos


diferentes. Merece destaque uma ocasião em que a banca CESPE cobrou o referido entendi-
mento para o cargo de Procurador do Estado de Sergipe.
Na ocasião, a assertiva afirmava que o defensor dativo NÃO era funcionário público para
fins de aplicação da lei penal, e a questão acabou sendo anulada pela banca.
Não se sabe o que ocorrerá nos próximos certames, mas nos parece mais seguro respon-
der questões sobre esse assunto levando a posição do STJ (de que o defensor dativo é FP para
fins de aplicação da lei penal) para a prova.

Majorante Genérica

Para finalizar a nossa aula, você precisa saber que delitos praticados por funcionário pú-
blico contra a administração pública estão sujeitos a uma mesma causa de aumento de pena:

CP- Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos
neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramen-
to de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público.

Portanto, caso o funcionário público ocupe um cargo em comissão, ou de função de di-


reção ou assessoramento em órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação pública, terá sua pena aumentada em 1/3 ao praticar os delitos
previstos no capítulo.

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Principais Crimes Praticados por Particular contra a Administração


Pública
Usurpação de Função Pública

Art. 328 do CP

O particular deve, efetivamente, praticar um ato funcional como se


funcionário público fosse.

Funcionário público que praticar ato funcional que não é de sua


competência pode também responder por usurpação de função
pública.

Qualifica-se a conduta se do fato o autor aufere vantagem.


Resistência

Art. 329 do CP

Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a


funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando
auxílio.

A previsão é de violência ou AMEAÇA (não precisa ser grave).

Pode ser praticada pelo indivíduo que sofre a execução do ato ou mesmo
por terceiro.

A resistência é ativa (o indivíduo deve fazer algo para se opor à execução


do ato). Resistência passiva pode caracterizar desobediência.

Resistência à prisão em flagrante facultativo (executada por cidadão


comum) não caracteriza o delito do art. 329 do CP.

Qualifica-se a conduta se ela resultar na não execução do ato.


Desobediência

Art. 330 do CP

Desobedecer a ordem legal de funcionário público.

Não envolve violência ou ameaça para sua configuração.

É uma resistência passiva (o autor meramente não faz o que lhe é


legalmente ordenado).

Fugir de ordem de prisão não caracteriza desobediência.

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Desacato

Art. 331 do CP

Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela.

Não basta que a vítima seja funcionário público. O desacato deve ser
praticado em razão de sua função ou durante o exercício desta pela
vítima.

Outro requisito é o da prática do desacato na presença do agente


público.
Tráfico de Influência

Art. 332 do CP

Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem


ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público no exercício da função.

O autor não possui a capacidade de influir em ato praticado por


funcionário público.

É uma modalidade especial de estelionato.

A pena é aumentada se o agente alega ou insinua que a vantagem


também é destinada ao funcionário público.
Corrupção Ativa

Art. 333 do CP

Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para


determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

Aplica-se a teoria pluralista (exceção à teoria monista).

Quem oferece pratica corrupção ativa. O funcionário público que aceita ou


recebe pratica corrupção passiva.

Pedir favor não caracteriza o delito.

Oferecer a vantagem apenas depois que o funcionário público já praticou o


ato funcional também não.

O funcionário público deve ter competência para praticar o ato objeto da


corrupção.

A vantagem deve ser oferecida com a finalidade específica de influir no


ato a ser praticado ou omitido pelo agente público.

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Art. 333 do CP

A Pena é aumentada se o agente público efetivamente infringir seu dever


funcional.
Descaminho

Art. 334 do CP

Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido


pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

A mercadoria envolvida é lícita. O que ocorre é a sonegação de direito ou


imposto a ela relacionado.

Segundo o STF, aplica-se o princípio da insignificância até o valor máximo


de R$ 20.000 em tributos suprimidos.

Para o STJ, o valor máximo para aplicação do princípio da insignificância


também é de R$ 20.000.
Contrabando

Art. 334-A do CP

Importar ou exportar mercadoria proibida.

Difere do delito de descaminho pois a mercadoria é ilícita.

Se a mercadoria ilícita possuir lei especial sobre seu ingresso ou exportação,


incidirá a conduta na lei especial, e não em contrabando simples (Exemplo:
Tráfico de armas).

Delito de competência da Justiça Federal.

Não se aplica o princípio da insignificância.


Impedimento, Perturbação ou Fraude de Concorrência
*Delito revogado
Inutilização de Edital ou Sinal

Art. 336 do CP

Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado


por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal
empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público,
para identificar ou cerrar qualquer objeto.

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Art. 336 do CP

Autor deve ter ciência de que está agindo sobre edital afixado por
funcionário público, ou que o selo ou sinal que violou também decorre de
ordem de agente público ou de determinação legal.
Subtração ou Inutilização de Livro ou Documento

Art. 337 do CP

Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou


documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de
particular em serviço público.

Se o documento for destinado a provar relação jurídica, incide o art. 305 do


CP sobre a conduta.

Se o agente for funcionário público, incidirá no art. 314 CP.


Sonegação de Contribuição Previdenciária

Art. 337- A do CP

Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer


acessório.

Extingue-se a punibilidade caso o agente confesse espontaneamente


e declare as contribuições devidas.
Corrupção Ativa em Transação Comercial Internacional

Art. 337-B do CP

Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida


a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-
lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação
comercial internacional.

Delito praticado por particular contra a adm. pública estrangeira.

Deve envolver transação comercial internacional.


Tráfico de Influência em Transação Comercial Internacional

Art. 337-C do CP

Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas
funções, relacionado a transação comercial internacional.

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Art. 337-C do CP

É um tráfico de influência comum, porém praticado em contexto de


transação comercial internacional e a pretexto de influir em agente
público estrangeiro.

Principais Crimes contra a Administração Da Justiça

Reingresso de estrangeiro expulso- Art. 338 do CP

Caso expulso, o estrangeiro fica IMPEDIDO de retornar ao Brasil.

Se o fizer, incide nas penas do art. 338 do CP.

Denunciação Caluniosa - Art. 339 do CP

*Cuidado para não confundir com o delito de calúnia:

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 Obs.: Enquanto o delito de calúnia não se caracteriza com a imputação de contravenção


penal, a denunciação caluniosa também é aplicável às contravenções penais, porém
com pena diminuída.
• A denunciação caluniosa pode ocorrer em dois casos:

 Além disso, cabe observar que a doutrina entende que até mesmo imputar a prática de
um crime mais grave do que o realmente cometido poderá caracterizar a denunciação
caluniosa.

*Outras comparações relevantes para fins de prova:

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A denunciação caluniosa se consuma quando ocorre a instauração


da investigação policial, do processo judicial, da investigação
administrativa, do inquérito civil ou da ação de improbidade

A tentativa é possível.

Comunicação Falsa de Crime ou Contravenção- Art. 340 do CP

Não basta a mera comunicação: A autoridade deve tomar alguma


providência em razão do fato para que se configure o delito do art.
340.

Denunciação caluniosa: A acusação é contra uma pessoa determinada.


Comunicação falsa de crime: Não há acusação contra pessoa alguma, e sim
uma comunicação de crime ou contravenção penal que não existiu.

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Autoacusação Falsa- Art. 341 do CP

Se o indivíduo acusar-se da prática de uma contravenção penal, o fato é


atípico.

Consuma-se quando a autoridade toma ciência da autoacusação.

Ao contrário do que acontece com o delito de comunicação falsa de crime,


não há a necessidade de que tal autoridade tome alguma providência
quanto ao fato.

Falso Testemunho ou Falsa Perícia- Art. 342 do CP

É crime próprio.

Vítima não é testemunha e não pode ser responsabilizada pelo delito em


estudo.

Causa de extinção da punibilidade do delito: Testemunha que declare a


verdade ou se retrate antes da sentença no processo em que ocorreu o
ilícito.

*Segundo o STJ, embora o delito de falso testemunho ou falsa perícia


seja de mão própria, é admissível a participação do advogado em seu
cometimento.

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Corrupção Ativa de Testemunha, Perito, Contador, Tradutor ou


Intérprete- Art. 343 do CP

* Semelhante ao delito de corrupção ativa, no entanto apresenta uma conduta com uma
finalidade mais específica.

Coação no Curso do Processo- Art. 344 do CP

Exige um processo em curso. Se o indivíduo ameaçar ou lesionar um


indivíduo antes de iniciado o processo, por exemplo, deverá responder
pelas lesões corporais ou pela ameaça, a depender do caso

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Coação no Curso do Processo- Art. 344 do CP

A coação no curso do processo também é aplicável se a conduta for


praticada no decorrer de um PIC (Procedimento Investigatório Criminal), que
tramita diretamente no Ministério Público

Consuma-se quando o autor emprega a violência física ou moral para coagir


a vítima

Exercício Arbitrário das Próprias Razões- Art. 345 do CP

*A pretensão do autor, no delito do art. 345, deve ser legítima

Subtração ou dano de coisa própria em poder de terceiro- Art.


346 do CP

Trata-se de crime próprio, cujo sujeito ativo só pode ser o proprietário da


coisa.

Consuma-se no momento em que o autor danifica, destrói, subtrai ou


suprime o objeto.

Fraude Processual- Art. 347 do CP

Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não


iniciado, as penas aplicam-se em dobro.

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É importante ressaltar a diferença entre o estelionato e a fraude processual:

Crimes contra as Finanças Públicas

Contratação de operação de crédito- Art. 359-A do CP

*É crime próprio: Só pode ser praticado por integrante dos entes públicos a que se refere a
Lei de Responsabilidade Fiscal.
→Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno
ou externo:

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Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar- Art.


359-B do CP

Empenho é um ato praticado por uma autoridade competente que irá criar
para o Estado o dever de pagamento.

Liquidar uma despesa nada mais é do que confirmar o direito do credor de


receber a quantia empenhada.

As despesas empenhadas podem não ser pagas até o dia 31 de dezembro


de um determinado ano.

Nesse caso, estaremos diante dos chamados restos a pagar.

Se a autoridade competente decide inscrever em restos a pagar


(autorizando ou ordenando tal inscrição) de despesas que não foram
empenhadas ou que excedam o limite estabelecido em lei, irá incorrer no
delito do art. 359-B.

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Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura-


Art. 359-C do CP

Objetivo: evitar que o autor ordene despesas e obrigações


deixando o caixa “quebrado” para o próximo gestor que venha a
assumir o seu lugar, em eleições seguintes.

*É crime próprio, cujo sujeito ativo será o agente público que tenha poderes
para contrair obrigação em nome do ente por ele representado.

Ordenação de despesa não autorizada- Art. 359-D do CP

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Ordenação de despesa não autorizada- Art. 359-D do CP

É norma penal em branco, pois necessita da complementação de outros


diplomas legais.

O STJ já se manifestou que a denúncia realizada com base no art.


359-D do CP deve indicar a norma integradora (que define a despesa
realizada como não autorizada), pois do contrário a denúncia será
falha.

Prestação de garantia graciosa- Art. 359-E do CP

*O sujeito passivo desse delito é o próprio ente público. Dessa forma, se um Governador
pratica a conduta do 359-E, o sujeito passivo será o estado por ele governado.

Não cancelamento de restos a pagar- Art. 359-F do CP

Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do


montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei.

O delito não admite a tentativa, pois é omissivo puro.

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Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato


ou legislatura- Art. 359-G do CP

*O sujeito passivo será o ente público ao qual está vinculado o


autor do delito (União, Estados, DF ou Município).

Lembre-se de que a conduta só irá se configurar se tal ato for realizado


dentro do período de 180 dias que antecede o fim do mandato.

Oferta pública ou colocação de títulos no mercado- Art. 359-H do CP

*Segundo a doutrina, tal conduta só pode ser praticada por integrantes


do Poder Executivo, haja vista que os integrantes do Poder Legislativo,
Judiciário e do MP não tem atribuições para fazer tais operações.

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Dicas sobre os Crimes contra a Vida


Homicídio
• Conduta: Matar alguém;
• Sujeito ativo: Qualquer Pessoa;
• Sujeito passivo: Qualquer Pessoa;
• Bem jurídico protegido: Vida humana;
• Crime comum;
• Pode ser praticado por comissão (um fazer) ou omissão;
• Crime material;
• Hediondo quando qualificado ou praticado em atividade típica de grupos de extermínio.
• Aumento de pena:
− 1/3: Vítima menor de 14 anos ou maior de 60;
− 1/3 a 1/2: Quando praticado por milícia privada sob pretexto de prestação de serviço
de segurança ou por grupo de extermínio;
• Homicídio privilegiado
− Redução de 1/6 a 1/3, quando praticado:
◦ Por relevante valor social ou moral;
◦ Sob DOMÍNIO de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima;
• Homicídio qualificado
− Quando praticado:
◦ Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
◦ Por motivo fútil;
◦ Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso,
cruel ou de perigo comum;
◦ Com traição, emboscada, dissimulação ou recurso que dificulte ou torne impossí-
vel a defesa da vítima;
◦ Para assegurar a execução, ocultação ou impunidade de outro crime.
• Feminicídio
− Quando praticado:
◦ Contra mulher em razão da condição de sexo feminino;
− Aumento de 1/3 a 1/2 se:
◦ Durante a gestação ou até 3 meses após o parto;
◦ Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos;
◦ Na presença de ascendente ou descendente;
◦ É qualificadora objetiva seguindo o STJ.
• Homicídio Funcional
− Quando praticado, no exercício da função ou em razão dela:

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◦ Contra autoridade ou agente dos incisos 142 ou 144 da CF;


◦ Agentes do sistema prisional ou força nacional;
◦ Contra cônjuge, companheiro ou parente de até 3º grau;
• Homicídio Culposo:
− Quando praticado por:
◦ Negligência;
◦ Imprudência;
◦ Imperícia;
− Aumento de pena (1/3) quando o autor:
◦ Não observa regra técnica de profissão;
◦ Deixa de prestar socorro;
◦ Não procura diminuir as consequências de seus atos;
◦ Foge para evitar a prisão em flagrante.

Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio


• Sujeito ativo: Qualquer pessoa;
• Sujeito passivo: Qualquer pessoa;
• Bem jurídico tutelado: Vida humana;
• i. Há divergência quanto à automutilação;
• Lembre-se de que existem três possibilidades, cada qual com diferentes responsabili-
zações criminais (vítima capaz, vítima relativamente incapaz e vítima absolutamente
incapaz).

Infanticídio (Matar sob a influência do Estado Puerperal, Durante o Parto ou Logo Após)
• Sujeito ativo: A mãe;
• Sujeito passivo: Próprio filho;
• Bem jurídico tutelado: Vida humana;
• Permite o concurso de agentes;
• Admite a tentativa;

Dicas sobre Crimes Contra o Patrimônio


Furto (Art. 155 CP)
• Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel;

Elementares do Tipo:
• Coisa:
− Coisa é todo objeto de natureza corpórea.
− Pode ter valor financeiro ou sentimental.

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• Alheia:
− Coisa pertencente a um terceiro;
− Coisa sem dono não serve como objeto de furto;
− Coisa perdida não caracteriza o delito do art. 155 e sim o do artigo 169, II;
− Coisa própria também não enseja o delito de furto.
• Móvel:
− A coisa deve ser passível de remoção;
− Energia elétrica, sinal de telefone e redes de água são coisas móveis por equiparação;

Furto de uso
• É fato atípico em nosso ordenamento jurídico;

Tentativa e Consumação do Furto


• Delito de furto se consuma no momento em que o autor remove a coisa (quando essa
passa para sua posse);
• A posse não tem de ser mansa ou pacífica;
• Aplica a teoria da amotio ou apprehensio.

Crime impossível e Furto


• Sistema de vigilância ou segurança em estabelecimento comercial não enseja crime
impossível.

Furto noturno ou majorado


• A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

Furto Privilegiado
• Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente
a pena de multa.
• Cuidado: Se a coisa tiver uma valor INSIGNIFICANTE, ocorrerá a aplicação do princípio
da insignificância, que tornará a conduta atípica.

Furto Qualificado
• Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
• Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
• Com emprego de chave falsa;
• Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
• A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;

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• A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente do-


mesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
• Reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum.

Furto Privilegiado-Qualificado
• É possível segundo o STJ.

Furto de Coisa comum


• Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamen-
te a detém, a coisa comum;
• É crime próprio.

Inovação legislativa importante – 2021

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computa-
dores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso,
ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei n. 14.155, de 2021)
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Inclu-
ído pela Lei n. 14.155, de 2021)
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de
servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei n. 14.155, de 2021)
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (In-
cluído pela Lei n. 14.155, de 2021)

Roubo (Art. 157)


• Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência
a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resis-
tência;
• Destaca-se pela violência ou grave ameaça;
• Não admite a aplicação do princípio da insignificância;
• É um delito pluriofensivo;

Espécies de Roubo
• Roubo próprio: Violência ou grave ameaça aplicadas antes ou durante a conduta;
• Roubo improprio: Violência ou grave ameaça aplicadas logo depois da subtração;

Consumação
• Ocorre quando o indivíduo toma posse do bem subtraído.
• Aplica-se a teoria da amotio assim como no furto.

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Roubo Majorado
• Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
• Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstân-
cia.
• Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado
ou para o exterior;
• Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
• Subtração de substâncias explosivas;
• Com uso de arma branca.

Roubo Majorado 2/3 (§2º-A)


• Uso de arma de fogo de uso permitido;
• Destruição ou rompimento de obstáculo com emprego de explosivo;

Roubo Majorado com pena em dobro (§2º-B)


• Uso de arma de fogo de uso proibido ou restrito.

Roubo Qualificado
• Não se confunde com o roubo majorado;
• Ocorre na seguinte situação:
− Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
da multa.

Latrocínio
• É o roubo qualificado pela morte.
• É hediondo.
• Consumação ocorre com a morte da vítima.
• É de competência de juiz singular, e não do tribunal do júri.

Roubo de uso
• Não é atípico por conta do desvalor do emprego de violência ou grave ameaça.

Extorsão
• Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos,
além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da mul-
ta.
• Crime comum.
• Também é pluriofensivo;
• Se consuma independentemente da obtenção da vantagem.
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Extorsão majorada
• Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se
a pena de um terço até metade.

Extorsão qualificada
• Art. 158, § 2º: Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior.
− (Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo
da multa).

Extorsão com restrição de liberdade da vítima


• Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a
12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
• É o famoso sequestro-relâmpago;

Extorsão mediante sequestro


• Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate;
• É crime comum.

Qualificadoras do delito de extorsão mediante sequestro


• Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou qua-
drilha (associação criminosa).
• Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
• Se resulta a morte.

“Delação Premiada” & Extorsão Mediante Sequestro


• Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facili-
tando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Extorsão indireta
• Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento
que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro.
• Delito comum entre agentes de usura (agiotas).

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Teoria do Crime
Das Teorias sobre o Conceito de Crime

Teoria Majoritariamente Adotada pela Doutrina

Teoria Tripartite – Define-se crime como:

Elementos do Fato Típico

Conduta: Ação ou comportamento humano.

Resultado: Modificação do mundo exterior, causada pela conduta.

Nexo de Causalidade: Vínculo entre a conduta e o resultado.

Tipicidade: Adequação da conduta praticada com o modelo abstrato


previsto na lei.
Antijuridicidade (ou Ilicitude)
A ilicitude é, em regra, presumida! Ou seja, via de regra, o fato típico é antijurídico – e ape-
nas excepcionalmente (como no caso de legítima defesa) ocorrerá a chamada excludente de
ilicitude.
Culpabilidade
O Código Penal adota a chamada teoria normativa pura para definir a culpabilidade.
São Elementos da Culpabilidade:

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Imputabilidade: Capacidade de entender o caráter ilícito do fato


praticado.

Potencial Consciência da Ilicitude: O agente tem que praticar o fato


sabendo, ou ao menos tendo a possibilidade de saber que a conduta era
ilícita.

Exigibilidade de conduta diversa: A prática da conduta deve ser realizada


numa situação regular, normal.
Esquematizando a Teoria Tripartite

Classificação das Infrações Penais


• Divisão bipartida: As infrações penais se dividem em CRIMES e CONTRAVENÇÕES PE-
NAIS. É a adotada pelo CP.
• Divisão tripartida: As infrações penais se dividem em CRIMES, DELITOS e CONTRA-
VENÇÕES.

Fases de Realização do Delito

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Cogitação
A cogitação é uma fase interna, na qual surge a intenção de praticar um determinado cri-
me. Por força do princípio da lesividade, a cogitação não é uma fase punível, pois ela não cau-
sa ofensa alguma a nenhum bem jurídico.
Preparação
O autor começa a trabalhar para que possa iniciar a execução do delito. O autor busca en-
contrar meios e locais que possibilitem lograr êxito no delito que está buscando cometer.
Via de regra, a preparação também não é punível – a não ser que o ato preparatório seja
um crime por si só!
Execução
O agente inicia, de fato, a execução da conduta criminosa. A fase de execução pode re-
sultar na próxima fase (a consumação) caso o agente logre êxito na prática da infração penal
pretendida por ele, ou em uma tentativa (quando o agente não logra êxito por circunstâncias
alheias à sua vontade).
Consumação
A consumação é a fase em que o agente atinge o resultado do crime, ou como define o
código penal, o crime reuniu todos os elementos de sua definição legal (Art. 14, inciso I, CP).
A consumação tem uma influência direta na classificação das condutas criminosas.
Exaurimento
Embora em regra não seja listado como uma das fases regulares do iter criminis, o exauri-
mento é uma fase específica de algumas infrações penais, que após sua consumação, ainda
não sofreram o completo esgotamento de seu potencial lesivo.

Resumo Esquematizado: Fato Típico

Elementos básicos que formam o fato típico:

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Conceito de conduta:

Podem excluir a conduta:

Elementos inerentes ao resultado:

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Nexo Causal

Relação entre a conduta e o resultado

Regra: Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais

Necessita de dolo ou culpa para evitar o regresso ao infinito.


Tipicidade

Tipo Penal
• Estrutura da Norma incriminadora. Descreve o fato que o Direito Penal quer inibir;
• Composto de Preceito primário (fato) e secundário (Sanção).

Tipo Penal Doloso

Tipo Penal Culposo


• Violação do dever de cuidado;
• Deve ser expressamente previsto pelo legislador;
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• A conduta é voluntaria e o resultado involuntário;


• O resultado culposo deve ser previsível.

Modalidades de Culpa

Crime Preterdoloso

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Aspectos Intermediários sobre o Fato Típico

Para fins de prova, sempre percorra os seguintes passos: Primeiro verifique se houve uma
conduta HUMANA, VOLUNTÁRIA e CONSCIENTE.
Após isso é que você deverá analisar se a ação foi DOLOSA (intencional) ou CULPOSA (pra-
ticada por negligência, imprudência ou imperícia).
Hipóteses em que não haverá CONDUTA
• Inconsciência: Agente inconsciente (como um indivíduo sonâmbulo ou hipnotizado, por
exemplo) não possui consciência, o que exclui a conduta.
• Atos Reflexos: Atos reflexos são considerados involuntários, e se não há voluntarieda-
de, também não há conduta!
• Coação FÍSICA irresistível: Hipótese muito cobrada em provas. Ocorre quando o agente
é forçado fisicamente a praticar a conduta criminosa.

Outras Dicas sobre Teoria do Crime


Excludentes de Ilicitude
• Legitima defesa
• Estado de necessidade
• Estrito Cumprimento do Dever legal
• Exercício Regular de um Direito

Legítima Defesa
• Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
• Recebeu nova previsão (parágrafo único) com a edição do pacote anticrimes.

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Requisitos
• Agressão Injusta
• Atual ou Iminente
• Em defesa de direito próprio ou alheio
• Usando moderadamente dos meios necessários

Excesso
• Ato praticado por agente que, inicialmente em legitima defesa, se excede nos atos des-
tinados à reprimir a agressão sofrida;

Legitima Defesa Putativa


• Agente não está diante de uma injusta agressão, mas acredita que está, motivo pelo
qual acaba repelindo a agressão inexistente.

Legítima Defesa Sucessiva


• É a legítima defesa perpetrada pelo agressor vítima de um excesso.

Legítima Defesa Subjetiva


• É a legítima defesa praticada com excesso por um agente que não percebeu, de forma
justificável, que a injusta agressão já cessou.

Estado de Necessidade
• Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Requisitos
• Ameaça a direito próprio ou alheio
• Situação de Perigo não causada voluntariamente pelo agente
• Perigo ATUAL
• Inevitabilidade da ação lesiva
• Inexigibilidade de sacrifício do direito ameaçado
• Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo

Exercício Regular de um Direito


• Agente atua amparado por um direito legalmente constituindo, não podendo ser respon-
sabilizado por seus atos

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Estrito Cumprimento do Dever Legal


• Agente atua por ordem legal, cumprindo seu dever, também não podendo ser responsa-
bilizado pelos atos praticados.

Culpabilidade
• Terceiro Elemento do Conceito Analítico de Crime.
• Trata do juízo de Reprovabilidade da Conduta do Agente.

Teoria da Culpabilidade
• CP adota a teoria normativa pura.
• Determina que a culpabilidade é composta por três elementos:
− Imputabilidade;
− Potencial Consciência da Ilicitude;
− Exigibilidade de conduta diversa.

Imputabilidade
• É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incomple-
to ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Imputável
• Aquele capaz de ser responsabilizado criminalmente por seus atos.
• Capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse en-
tendimento.

Inimputável
• Indivíduo inteiramente incapaz, ao tempo da ação ou da omissão, de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Excludentes de Imputabilidade
• Doença Mental que cause incapacidade ABSOLUTA de compreender a ilicitude do fato.
− Critério Biopsicológico.
• Menoridade
− Até completar 18 anos.
− Critério Biológico.
• Embriaguez Completa Acidental
− Proveniente de caso fortuito ou força maior.

Emoção, paixão e embriaguez voluntária não removem a imputabilidade do agente.

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Actio Libera in causa


• Embriaguez pré-ordenada para ter coragem de perpetrar a conduta delituosa.
• Agrava a pena do autor!

Potencial Consciência da Ilicitude


• Capacidade de reconhecer que a conduta praticada é ilícita, ilegal.
• O desconhecimento da lei não é justificativa para o seu não cumprimento.
• Entendimento deve ser analisado de acordo com o contexto social e cultural do autor
(conhecimento do profano).

Exigibilidade de Conduta Diversa


• Possibilidade de agir de outra forma, de acordo com as circunstâncias.
• Pode ser excluída pela inexigibilidade de conduta diversa.

Inexigibilidade de Conduta Diversa


• Pode ocorrer nos seguintes casos:
− Coação moral irresistível:
• Depende de ameaça grave;
• Ameaça perpetrada contra o agente ou contra terceiro;
• Deve ser irresistível.
− Obediência hierárquica:
• Deve emanar de um superior;
• Só se aplica em relações de direito público;
• Ordem não pode ser manifestamente ilegal.

Inquérito
Conceito de Inquérito
Trata-se de um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela
polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração pe-
nal e sua autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do representante do Ministério
Público, mas também a colheita de provas urgentes, que podem desaparecer, após o cometimento
do crime, bem como a composição das indispensáveis provas pré-constituídas que servem de base
à vítima, em determinados casos, para a propositura da ação privada.
Guilherme Nucci – Compêndio de Direito Penal

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Natureza Jurídica
Segundo a doutrina, o inquérito policial possui natureza administrativa. Não é processo
judicial, e não é processo administrativo, haja vista que não é dele que resulta a possível impo-
sição de sanções ao investigado, como veremos mais à frente.
O IP é, portanto, uma peça informativa, de natureza administrativa, características que estu-
daremos muito em breve, ainda nessa aula.

Finalidade do IP e Valor Probatório


O IP possui uma finalidade bastante peculiar: colheita de elementos de informação quanto
à autoria e a materialidade do delito.
Assim sendo, o IP fornece elementos importantes para formar a convicção do titular da
ação penal (via de regra, o Ministério Público), sendo útil também para subsidiar o magistrado
na decretação de medidas cautelares durante o curso da investigação.

É muito, MUITO importante que você não esqueça a expressão “elementos de informação”. No
IP, se busca colher elementos de informação, e não PROVAS propriamente ditas!

Com a vigência do pacote anticrimes, a sistemática do sistema acusatório ganhou desta-


que. Atualmente, a figura do juiz se dividiu (em juiz das garantias e juiz da instrução), sendo que
o CPP prevê inclusive que os autos da investigação ficarão arquivados na secretaria do juízo
das garantias.
Assim sendo, cria-se regra ainda mais severa para garantir o sistema acusatório, onde o
juiz responsável por sentenciar o acusado sequer terá contato com os autos da investigação,
mas tão somente com os autos do processo!

Valor Probatório & Pacote Anticrime


Como consequência dessa divisão entre os elementos de informação e as provas propria-
mente ditas, sempre prevaleceu que o inquérito policial possui valor probatório RELATIVO.
Entretanto, é preciso tomar cuidado e refazer a leitura dessa premissa conforme a doutrina
atual sobre o tema.

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Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
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Características do Inquérito Policial


Administrativo
A primeira característica é uma das mais cobradas em prova. Os examinadores adoram
dizer que o inquérito é um procedimento judicial, e isso não faz sentido algum.

Como você já aprendeu, O Inquérito Policial é um procedimento ADMINISTRATIVO, e


não JUDICIAL.

Dispensável
Outra característica da qual o examinador gosta muito é a dispensabilidade do inquéri-
to policial.
Estando presentes os elementos que compõem a justa causa, a denúncia possuirá o cha-
mado suporte probatório mínimo para seguir em frente, possibilitando a propositura da ação, o
que independente da existência de inquérito.

Informativo
O inquérito policial é uma peça informativa. Nesse sentido, seus vícios, via de regra, não
tem o poder de causar a nulidade da ação penal!
Dessa forma, não será possível anular o processo penal subsequente meramente argu-
mentando que foi encontrada uma irregularidade no IP que a precedeu.
Inclusive, este é o posicionamento do STF, publicado em seu Informativo 824. Para co-
nhecimento:

JURISPRUDÊNCIA
Vício em inquérito policial e nulidade de ação penal
É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada
em inquérito policial. Esse o entendimento da Segunda Turma, que, ao reafirmar a juris-
prudência assentada na matéria, negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus
em que se pleiteava a anulação de atos praticados em inquérito policial presidido por
delegado alegadamente suspeito).
Informativo 824/STF

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Sigiloso
A regra na administração pública, como aprendemos ao estudar Direito Constitucional, é
a publicidade dos atos. Entretanto, o IP não se submete a esse princípio, que fica temporaria-
mente mitigado, haja vista que o inquérito policial é um procedimento essencialmente sigiloso.

Acesso aos Autos do IP

O primeiro indivíduo que possui acesso aos autos do inquérito é, obviamente, o advogado,
por força do Estatuto da OAB.

“XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procu-
ração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda
que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direi-
tos de que trata o inciso XIV;
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advo-
gado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados
nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das
diligências.
Estatuto da OAB (Lei 8.906/94)

Note que o inciso XIV afirma que o advogado tem acesso mesmo sem procuração. E é
aqui que o assunto começa a ficar um pouco mais complexo, pois a definição do termo SIGILO
acaba complicando o entendimento do assunto:

§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direi-
tos de que trata o inciso XIV;

É necessário diferenciar os institutos do SIGILO INTERNO e do SIGILO EXTERNO.


Inicialmente, nos ensina a doutrina que o inquérito policial se submete ao chamado sigilo
externo, nos termos do art. 20 do Código de Processo Penal:

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido
pelo interesse da sociedade.

É esse o sigilo regular do inquérito policial, tutelado por tipos penais como o delito de Vio-
lação de Sigilo Funcional (Art. 325 do Código Penal).
Dito isso, pode acontecer que um determinado inquérito conte com informações sigilosas
em seus autos, tais como uma quebra de sigilo telefônico ou uma quebra de sigilo bancário. As-

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sim, não estamos diante do mero sigilo regular do IP, mas de sigilo dos próprios documentos
que integram os autos.
Nesse caso, a doutrina nos orienta que apenas o advogado que detém procuração poderá
examinar o referido inquérito, em razão do sigilo dos referidos documentos, e não do procedi-
mento em si.
Aplica-se, nesse diapasão, o mesmo entendimento aplicado ao exame de autos de termi-
nado processo em cartório judicial. O advogado possui acesso ao processo, sem procuração,
salvo na hipótese de segredo de justiça, na qual apenas o advogado constituído e munido de
procuração terá acesso aos referidos autos.
Por fim, é preciso observar uma exceção: No caso de diligências não documentadas, ainda
em andamento ou que ainda não foram realizadas, limita-se o acesso do advogado, para res-
guardar a eficácia da medida investigatória. Nesse sentido, Renato Brasileiro:

Logo, a despeito do art. 20 do CPP, e mesmo em se tratando de inquérito sigiloso, tem prevalecido o
entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos do procedimento investigatório, caso a
diligência realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada.

Note, portanto, que a autoridade competente tem o poder de delimitar esse acesso quando
houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.

Direitos do Defensor
Vamos fazer uma breve lista sobre as prerrogativas do defensor em relação ao Inquérito
Policial, que também podem ser objeto de prova:

Observe, no entanto, que as perguntas formuladas pelo defensor podem ser indeferidas
pela autoridade policial.

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Outros Sujeitos com Acesso ao IP


Além do advogado, existem outros sujeitos processuais que possuem acesso ao inquérito
policial, para que possam exercer suas atribuições no processo penal. São eles:
• O Ministério Público;
• O Juiz.

Em outras palavras, o sigilo do Inquérito Policial não se aplica ao Magistrado e nem ao


membro do Ministério Público.

Presidência do Inquérito Policial


O inquérito policial é um procedimento cuja responsabilidade é da polícia judiciária.
Nesse sentido, quem deve presidir o inquérito é o delegado de polícia (autoridade policial).

Autoritariedade
O inquérito policial também é regido pelo princípio da autoritariedade, o que significa sim-
plesmente que este é presidido por uma autoridade pública, que é o delegado de polícia.

Oficiosidade
Ao estudar ação penal, você aprende que em regra, os delitos são de ação penal pública
incondicionada. Ou seja: O titular da ação penal é o Estado, e não a vítima, e nem mesmo ela
tem o poder de impedir que o estado dê início à persecução penal.
Nesse sentido, o inquérito também é regido, via de regra, pela oficiosidade (pelo dever da
autoridade pública de agir de ofício).

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Assim, nesses crimes de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial terá o
dever de agir de ofício (sem ser provocada) e investigar os crimes dessa natureza de que ti-
ver notícia.

Oficialidade
Muito cuidado para não confundir a oficialidade com a oficiosidade. Enquanto a oficiosida-
de está relacionada com o dever da autoridade de agir de ofício (sem provocação), a oficiali-
dade está relacionada com a responsabilidade sobre o inquérito policial.
Por força da oficialidade, dizemos que o inquérito policial é de responsabilidade de um
órgão oficial do estado, especificamente a polícia judiciária!

Indisponibilidade
Essa é uma característica CAMPEÃ de provas de concursos. Por isso muita atenção ao
seu conceito!
A indisponibilidade do inquérito policial determina que a autoridade policial (o delegado de
polícia) não tem o poder de mandar arquivar os autos do inquérito!
Esse princípio não comporta exceção! Não importa a historinha que o examinador conte
para tentar te convencer – a autoridade policial não pode arquivar o inquérito, e pronto e acabou!

Inquisitivo
O IP é um procedimento considerado pela doutrina como inquisitivo, o que significar dizer
que, em seu tramite não são observados o contraditório e a ampla defesa.
Não se assuste com essa limitação. O objetivo do legislador, ao decidir tratar o inquérito
policial dessa forma, foi simplesmente o de privilegiar a eficiência da investigação, que seria
tolhida se a polícia tivesse que, a todo o tempo, observar o contraditório.

Escrito
O inquérito policial é um procedimento formal, e por isso, tem como característica básica,
ser escrito.
Em outras palavras, isso significa que todo tipo de ato que for realizado oralmente em um
inquérito policial deve ser reduzido a termo!
Assim, se a autoridade policial ouve uma testemunha, deverá reduzir a oitiva a termo (com o
auxílio do escrivão de polícia), de modo a respeitar a característica escrita do inquérito policial.

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Esquematizando

Instauração do Inquérito
Formas de Instauração
O inquérito policial pode ser iniciado (instaurado) de cinco maneiras diferentes. Vejamos
quais são elas:

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Denúncia anônima não é meio idôneo para justificar a instauração de inquérito policial!

Indiciamento
O indiciamento é um ato policial através do qual o presidente do inquérito concluir haver
suficientes indícios de autoria e materialidade do crime. É a imputação, a alguém, da prática
do ilícito investigado.
O indiciamento é um ato privativo do delegado de polícia. Não cabe ao promotor nem ao
juiz determinar que o delegado de polícia indicie um investigado. O delegado, portanto, ao fazer
o relatório final de seu inquérito, apenas indiciará se estiver convencido sobre a materialidade
e sobre os indícios de autoria do delito.

Sujeito Passivo do IP
Um ponto importante ao discutir a instauração do inquérito policial e o próprio indiciamen-
to está no sujeito passivo de tais atos.
Regra geral, qualquer pessoa pode ser indiciada. Na maioria dos casos, portanto, a auto-
ridade policial possui prerrogativa para instaurar o IP e, ao final, indiciar ou não o investigado.
Entretanto, existem algumas exceções à essa regra.
A primeira delas está prevista no art. 41 da Lei 8.625/93, a famosa Lei Orgânica do Minis-
tério Público:

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Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função,
além de outras previstas na Lei Orgânica:
II – não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo;

Assim sendo, caso a autoridade policial descubra, no curso de uma investigação, indício de
envolvimento de membro do MP, deverá imediatamente remeter os autos ao PGJ, o qual terá
atribuição para prosseguir na apuração dos fatos.

Tal entendimento se aplica também no caso de descoberta de indício de envolvimento de ma-


gistrado, ato em que a autoridade policial deverá remeter os autos do IP ao Tribunal ou órgão
competente para atuar na referida investigação.
Tal obrigação decorre da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC 35/79).

Arquivamento do IP & Pacote Anticrime


Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da
mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação,
na forma da lei.

A nova redação do art. 28 talvez consista no ponto mais confuso da nova Lei. Se anali-
sarmos os comentários realizados pela CCJ no âmbito do PL 6.341/19 (o qual deu origem à
legislação em estudo), verificamos que o legislador pugnou pela supressão da possibilidade
de que o magistrado venha a discordar do pedido de arquivamento, com a posterior remessa
ao procurador geral.
Nesse sentido, parece que a mudança na legislação busca alterar o fluxo procedimental do
arquivamento do IP, no qual o MP comunica à vítima, ao investigado e à autoridade policial so-
bre sua decisão, encaminhando os autos para instância de revisão ministerial e homologação.
Outra novidade bastante relevante foi trazida pela inserção dos parágrafos a seguir:

§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial,
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão
da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios,
a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial.

Anteriormente o CPP não facultava à vítima de um determinado delito recurso algum quan-
to ao pedido de arquivamento. A única possibilidade que existia se dava ante o silêncio do
órgão ministerial por prazo excessivo (na figura da ação penal privada subsidiária da pública).

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Com a nova legislação, surge a referida possibilidade (de requisição de revisão do pedido
de arquivamento à instância competente do órgão ministerial, por parte do ofendido).
Segundo NUCCI1, a mudança proposta pela nova legislação valoriza a vítima quanto ao
arquivamento, lhe permitindo recurso à órgão superior do MP, e retira o juiz do referido cenário,
garantindo o controle do inquérito arquivado ao próprio MP.
CUIDADO!
Veja que a previsão do art. 29 do CPP é distinta, e trata do caso de ação penal privada sub-
sidiária (quando o MP perde o prazo) e não do caso em que a vítima não concorda com o
arquivamento.

De certa forma, a redação do art. 28 e de seu §1º acaba se tornando bastante confusa (o
art. 28 trata da remessa para homologação, e o §1º cria a possibilidade de revisão em razão do
pedido da vítima). Eis outro ponto que necessitará de manifestação doutrinária para maiores
esclarecimentos.

Incomunicabilidade Durante o IP
Nosso último tópico dessa parte da aula é a incomunicabilidade do indiciado, prevista no
art. 21 do CPP. Vejamos o que diz a letra da lei:

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente
será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.

A incomunicabilidade prevista no art. 21 do CPP não existe mais. Esse artigo não foi recepcio-
nado pela CF/88!

Indo ainda mais longe, é correto afirmar que não existe mais nenhuma hipótese legal em
que um preso, sob a vigência da CF atual, possa ficar incomunicável. Portanto, desconsidere
o art. 21 do CPP ao estudar!

Prazos para Conclusão do IP


Mais um tópico da série que despenca em provas de concursos: Prazos de conclusão do
inquérito.
Os prazos receberam alteração SEVERA com a Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), o que
com certeza vai chamar a atenção do examinador em questões futuras.

1
Comentários ao Pacote Anticrime, p. 58.

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Tipo de Inquérito Investigado Preso Investigado Solto

10 dias, prorrogáveis
Comum (Justiça
uma vez por +15 30 dias, prorrogáveis
Estadual)
(10+15)

15 dias, prorrogáveis
Comum (Justiça
uma vez por +15 30 dias, prorrogáveis
Federal)
(15+15)

Lei de Tóxicos
30 dias + 30 90 dias + 90
(11.343/06)

IPM (Inquérito Militar) 20 dias 40 dias + 20

Crimes contra a
10 dias (improrrogáveis)
Economia Popular

Prisão Temporária
em Sede de Crimes 30 + 30 (Investigado PRESO)
Hediondos

Prisão em Flagrante
A prisão em flagrante é uma modalidade de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no
instante em que se desenvolve ou que se termina de concluir a infração penal.
Guilherme Nucci

CPP (principal artigo):

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
ele autor da infração.

No rol do art. 302 temos as situações em que iremos considerar que um indivíduo está em
flagrante delito (motivo pelo qual pode ser preso sem uma ordem judicial).
Veja como a narrativa do art. 302 está perfeitamente alinhada com o conceito doutriná-
rio da prisão realizada no instante em que se desenvolve ou que se termina de concluir a in-
fração penal.

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Competência
Agora que você já sabe um conceito mais completo sobre a prisão em flagrante, o próximo
passo é conhecer quem tem a capacidade e a legitimidade para prender um indivíduo que es-
teja em flagrante delito.
A resposta está expressamente prevista no art. 301 do CPP:

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem
quer que seja encontrado em flagrante delito.

Segundo a doutrina, integram o rol de agentes responsáveis pelo flagrante compulsório os po-
liciais civis, militares, federais, rodoviários e ferroviários.
Não há ainda manifestação doutrinária sobre a Polícia Penal (Emenda Constitucional de 2019).
Juízes e Promotores, por constituírem autoridades de natureza diferente da autoridade policial,
atuam em flagrante facultativo, e não obrigatório!

Influência da Ação Penal


Outro ponto que pode influenciar na atuação das autoridades policiais é a questão da na-
tureza da ação penal do delito. Sabemos que a regra são os delitos de ação penal pública
incondicionada, na qual o Estado tem o dever de agir sem necessitar de autorização de quem
quer que seja.
Mas e nos casos de ação penal pública condicionada à representação, ou mesmo de ação
penal privada? Pode a autoridade policial e seus agentes atuar para efetivar a prisão em fla-
grante do autor, sem o consentimento da vítima?

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O consenso doutrinário é que inicialmente as autoridades poderão realizar apenas a apre-


ensão física do autor do delito. Após isso, a lavratura do auto de prisão em flagrante (parte
formal do procedimento) só poderá ser realizada mediante a autorização da vítima, do mesmo
modo que se requer para a procedibilidade da ação penal em juízo.

Natureza da Prisão em Flagrante


Este ponto é bem simples, mas também costuma ser alvo dos examinadores. A prisão
em flagrante, segundo a doutrina, tem uma natureza administrativa e de ato complexo. Veja-
mos o motivo:

Categorias ou Espécies das Prisões em Flagrante


Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
ele autor da infração.

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Outras Modalidades de Flagrante

O flagrante preparado é aquele que ocorre quando um agente provocador induz o indivíduo
a cometer uma infração penal, para que possa efetuar sua prisão.
Tal tipo de flagrante é considerado como crime impossível pelo STF, conforme ressalta a
súmula 145:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 145/STF
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua con-
sumação.

Ressalte-se ainda que, segundo o STJ, em sua súmula 567, a existência de sistema de
vigilância composto por seguranças ou por câmeras não torna impossível a configuração do
crime de furto.
O flagrante forjado, por sua vez, também chamado de flagrante urdido, maquiado ou fa-
bricado, é aquele cuja materialidade foi inteiramente composta por terceiros. É um flagrante
totalmente artificial, uma verdadeira armação.

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Note que a grande diferença entre o flagrante forjado e o flagrante preparado é que no fla-
grante forjado sequer há uma conduta por parte do indivíduo que será preso. Exemplo clássico
é o do indivíduo que é preso pelo tráfico de drogas que foram colocadas em seu carro por um
agente da autoridade policial, por exemplo.
Já o flagrante esperado, também chamado de intervenção predisposta da autoridade poli-
cial, diferentemente das duas modalidades anteriores, é uma modalidade válida de flagrante.
Um bom exemplo é a campana, quando o agente policial se desloca a um determinado lo-
cal e fica observando de forma discreta, aguardando o início da prática de uma infração penal
da qual teve conhecimento através de uma denúncia.
Por último, temos o flagrante diferido, também chamado de flagrante prorrogado, pos-
tergado ou de ação controlada. Nesse caso a infração penal está em andamento, e a polícia
retarda a realização da prisão, pois considera que há um momento melhor para obter mais
informações sobre a prática delituosa.
Este tipo de flagrante possui previsão em algumas leis, como na lei de drogas (11.343) e na
lei de organizações criminosas (12.850). É importante observar que, no caso da lei de drogas,
exige-se a autorização judicial prévia e a oitiva do MP para autorizar a realização do flagrante
diferido. Já no caso da lei 12.850, basta prévia comunicação ao magistrado, não havendo que
se falar em autorização judicial ou oitiva do MP.

Auto de Prisão em Flagrante


Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde
logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida,
procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a au-
toridade, afinal, o auto.
§ 1º Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará re-
colhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do
inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que
o seja.
§ 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse
caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a
apresentação do preso à autoridade.
§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
§ 4º Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência
de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei n. 13.257, de
2016)
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavra-
rá o auto, depois de prestado o compromisso legal.

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Ambos os artigos são dignos de leitura e releitura, pois, como de praxe, costumam ser ob-
jeto de prova. Além disso, reforço os seguintes pontos como de especial importância:
1. A lavratura do auto de prisão em flagrante requer, em regra, duas testemunhas. Se não
estiverem disponíveis duas testemunhas do fato criminoso, a falta pode ser suprida por duas
testemunhas de apresentação do preso à autoridade policial. Curiosidade: Na prática, em dele-
gacias de polícia, quando não há testemunhas do povo disponíveis para lavratura do auto de pri-
são em flagrante, os próprios agentes da autoridade policial se apresentam como testemunhas.
2. Segundo o STJ, o próprio condutor do flagrante (o responsável pela apresentação do
preso à autoridade policial) pode contar como testemunha.
3. Via de regra, a autoridade policial realiza a oitiva do condutor, das testemunhas, depois
da vítima, e finalmente a do preso (cujo depoimento, obviamente, não é obrigatório, tendo em
vista o direito deste ao silêncio).

Regras Especiais
i. Menores de 18 anos: Por força do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), os me-
nores não são efetivamente presos, e sim apreendidos. Além disso, cumpre destacar que o
flagrante lavrado em relação a eles é de ato infracional.
ii. Condutores de veículos: Conforme já explicitamos anteriormente, o condutor de veículo
envolvido em acidente de trânsito com vítima, se prestar socorro integral à vítima, não poderá
ser submetido à lavratura do auto de prisão em flagrante.
iii. Advocacia Pública Federal: Membros da AGU não poderão ser presos por descumpri-
mento de determinação judicial no exercício da função. Soma-se a isso a prerrogativa de só
serem presos em flagrante de crime inafiançável ou por ordem escrita do juízo competente.
iv. Advogados em Geral: Se a causa da prisão for motivada pelo exercício da profissão, o
advogado só poderá ser preso em flagrante em casos de delitos inafiançáveis. Observação:
Caso não se encontre no exercício da profissão, o advogado pode ser preso regularmente, en-
tretanto ainda lhe resta o direito de que sua prisão seja comunicada à OAB;
v. Presidente da República: Conforme estabelece a Constituição Federal, enquanto não
houver uma sentença condenatória, o Presidente da República não estará sujeito a prisão, no
caso de crimes comuns.
vi. Membros do MP (Procuradores e Promotores): Só podem ser presos em flagrante de
crime inafiançável. Ainda nesses casos, devem ser encaminhados em até 24h para o PGJ ou
PGR (a depender se são membros do MP dos Estados ou da União);
vii. Magistrados em Geral: Assim como os membros do MP, só podem ser presos em fla-
grante de crime inafiançável, devendo também ser imediatamente encaminhados ao Presiden-
te do Tribunal a que estão vinculados.

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viii. Parlamentares Estaduais e Federais: Deputados e Senadores também só podem ser


presos em flagrante de crime inafiançável, devendo ser encaminhados, dentro de 24h, à res-
pectiva casa legislativa.
ix. Agentes Diplomáticos: Diplomatas, tais como embaixadores, possuem a famosa imu-
nidade diplomática, que nada mais é do que a imunidade, em território nacional, enquanto es-
tiverem a serviço de seu país de origem. Isso não significa, é claro, que os diplomatas podem
cometer crimes, e sim que não serão processados no Brasil e sim em seu país de origem, por
força da chamada Convenção de Viena.
x. Consul: Também possui a mesma imunidade processual que os diplomatas em geral,
entretanto sua imunidade se restringe a infrações praticadas no exercício de suas funções e
no território de seu consulado.

Outros Aspectos Importantes

Segundo o STJ, se a comunicação da prisão do indivíduo à família do preso ou à pessoa por


ele indicada ocorrer de forma tardia, tal irregularidade não contaminará o auto de prisão em
flagrante, que continuará válido.

Alterações Importantes – Lei 13.964/19


Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro)
horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do
acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério
Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:

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§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer
das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou
sem medidas cautelares.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custó-
dia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela
omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste
artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegali-
dade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imedia-
ta decretação de prisão preventiva.

Assim as seguintes mudanças se destacam:


• O art. 310 passa a citar expressamente a audiência de custódia;
• O art. 310 passa a citar expressamente o prazo para realização da referida audiência;
• Há previsão expressa de denegação de liberdade provisória para agentes reincidentes
ou que integram organizações criminosas, ou que portem arma de fogo de uso restrito;
• Há previsão de responsabilização de autoridades que derem causa sem motivação idô-
nea à não realização da audiência de custódia no prazo;
• Define-se que a prisão passa a se tornar ilegal no caso de não realização de audiência
de custódia no prazo.

Outros Aspectos Formais Relacionados à Prisão


Requisitos Básicos
Em primeiro lugar, é importante ressaltar o que quase todo mundo já sabe: Fora os casos de
flagrante delito, uma prisão só pode ser realizada por ordem judicial escrita e fundamentada!
Ou seja, para que alguém seja preso preventivamente, temporariamente, ou em decorrência
do trânsito em julgado de sua sentença condenatória (prisão pena), será absolutamente neces-
sária a apresentação de mandado de prisão emanado por autoridade judiciária competente.
Mandado de Prisão, Horários e demais Tópicos
Em qual hora do dia pode ser realizada uma prisão? É óbvio que a prisão em flagrante de-
lito pode ser realizada a qualquer momento (seja do dia ou da noite), afinal de contas, o poder
público deve atuar para cessar a conduta delitiva do agente.
Já nos casos que necessitam de mandado de prisão, existem algumas limitações. Em re-
gra, se o agente público se deparar com um indivíduo para o qual existe mandado de prisão em
aberto, poderá proceder à sua prisão a qualquer hora do dia.
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Flagrante Delito & Domicílio

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condena-
ção criminal transitada em julgado. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for isolada,
cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei n. 12.403,
de 2011).
§ 2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições rela-
tivas à inviolabilidade do domicílio. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).

Lembre-se que, em casos de flagrante delito, não se aplica a restrição de horário e tampou-
co a de inviolabilidade de domicílio. Nesse sentido, se o agente público (como um policial) se
depara com um homicídio em andamento dentro de uma residência, por exemplo, pode usar
de todos os meios necessários para cessar a conduta delitiva e prender o autor em flagrante.
Emprego da Força

Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso.

A regra é não utilizar a força, salvo em caso de indispensabilidade da medida (resistência


ou tentativa de fuga).
Mandado de Prisão

Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.
Parágrafo único. O mandado de prisão:
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos;
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois da
prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o
preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será
mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o
preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a
realização de audiência de custódia. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

Quanto aos aspectos procedimentais previstos entre os artigos 285 e 287 do CPP, não
há remédio senão a leitura reiterada do texto legal. O tema costuma ser cobrado em sua li-
teralidade.

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Recolhimento à prisão

Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao respectivo diretor
ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia expedida
pela autoridade competente, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com declaração de
dia e hora.
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do mandado, se este for o docu-
mento exibido.

Recolhimento à prisão e assuntos correlatos

Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será
deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. (Redação dada
pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 1º Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, do qual
deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela Lei n.
12.403, de 2011).
§ 2º A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para averiguar a
autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 3º O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
contados da efetivação da medida. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).

O art. 289 rege sobre o procedimento relacionado a indivíduo que se encontre fora da juris-
dição do juiz que expediu o mandado de prisão (caso de deprecação da prisão), desde que o
procurado encontre-se ainda em território nacional.
A lei prevê, ainda, sobre o registro do mandado de prisão em banco de dados do CNJ:

Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em banco de
dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela Lei n. 12.403,
de 2011).

Tome cuidado. As formalidades acima mencionadas não impedem que qualquer agente
policial venha a efetuar a prisão determinada em mandado de prisão emanado fora da compe-
tência territorial do juiz que o expediu, conforme regem as normas abaixo:

§ 1º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de prisão registrado
no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz que o expediu.
(Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 2º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no Conselho
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade do man-
dado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do
mandado na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).

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§ 3º A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o qual
providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará ao juízo
que a decretou. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 4º O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5º da Constituição
Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria
Pública. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou sobre
a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2º do art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei n.
12.403, de 2011).
§ 6º O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de prisão a que se refere
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011).

Da mesma forma, continua sendo possível a prisão do réu perseguido que passa ao territó-
rio de outro município ou comarca, nos termos abaixo:

Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade lo-
cal, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em
tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
§ 2º Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa
do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que
fique esclarecida a dúvida.
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o executor, fazendo-se co-
nhecer do réu, Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determi-
nada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios
necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito
também por duas testemunhas.
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospita-
lares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres
durante o período de puerpério imediato. (Redação dada pela Lei n. 13.434, de 2017)

Por sua vez, o art. 293 apresenta os requisitos inerentes à prisão do réu que adentra uma
casa buscando fugir da ação da autoridade:

Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em
alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obede-
cido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não

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for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à pre-
sença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for
aplicável.

No que tange a prisão especial, prevê o texto legal, o qual merece ser lido na integra:

Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente,
quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I – os ministros de Estado;
II – os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus
respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Redação
dada pela Lei n. 3.181, de 11.6.1957)
III – os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias
Legislativas dos Estados;
IV – os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
(Redação dada pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
VI – os magistrados;
VII – os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII – os ministros de confissão religiosa;
IX – os ministros do Tribunal de Contas;
X – os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da
lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI – os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. (Redação
dada pela Lei n. 5.126, de 20.9.1966)
§ 1º A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhi-
mento em local distinto da prisão comum. (Incluído pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
§ 2º Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela
distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
§ 3º A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade
do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico ade-
quados à existência humana. (Incluído pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
§ 4º O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. (Incluído pela Lei n.
10.258, de 11.7.2001)
§ 5º Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. (Incluído
pela Lei n. 10.258, de 11.7.2001)
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabeleci-
mentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos.

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Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a autoridade policial
poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser fielmente repro-
duzido o teor do mandado original.
Art. 298. (Revogado pela Lei n. 12.403, de 2011).
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por qualquer meio de co-
municação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias para
averiguar a autenticidade desta. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).

Separação entre Presos Provisórios e Definitivos

Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamen-
te condenadas, nos termos da lei de execução penal. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será
recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades
competentes.

Outro ponto importante sobre formalidades da prisão trata da separação de presos pro-
visórios e definitivos. O CPP prevê expressamente, em seu art. 300, que o preso provisório
deverá ficar separado dos presos que já tiverem sido condenados!
Ainda sobre este mesmo assunto, militar preso em flagrante de crime militar não deve ser
conduzido ao cárcere comum – e sim ser recolhido ao quartel da instituição à qual pertence.
Prova
PROVA é um meio de se demonstrar uma verdade.
Destinatário
• Direto: Juiz
• Indireto: As Partes

Sistemas de Valoração da Prova


• Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em con-
traditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis
e antecipadas.
• Classificações:

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Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas


• Conceito:

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Meios de Prova

Ônus de Prova

Espécies de Prova
• Prova Pericial
− Quantidade de Peritos:

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• Exame de Corpo de Delito


• Exame de Lesões Corporais
− Em regra é obrigatório
− Pode ser suprido pela prova testemunhal

Finalidade da Prova
• “A finalidade da prova é convencer o juiz a respeito da verdade de um fato litigioso.”

Objeto da Prova
• Em regra são os fatos
• Excepcionalmente os Direitos

Independem de prova:
• Fatos impossíveis
• Fatos intuitivos
• Fatos com presunção legal absoluta
• Fatos Irrelevantes
• Verdades Sabidas

Classificações da prova

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Serendipidade
• A serendipidade é o fenômeno conhecido como encontro FORTUITO ou CASUAL de pro-
vas.

Prova Testemunhal

• Características dos depoentes:

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Classificação das Testemunhas

Sistemas de Formulação de Perguntas

Interrogatório do acusado
• É meio de prova e meio de defesa.
• Características:

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Etapas do Interrogatório

Confissão
• Características:

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• Classificações da Confissão:

Busca e Apreensão

• Comparativo entre a Busca Domiciliar e Busca Pessoal:

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Interceptações Telefônicas – Lei 9.296/96


CF/88 – Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e
na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

Por expressa disposição constitucional, as comunicações de diversas espécies (telegráfi-


cas, telefônicas, via correspondência, de dados) são sigilosas e invioláveis.
No entanto, a própria CF prevê uma exceção, permitindo a quebra do sigilo de comunica-
ções por ordem judicial e na forma que a lei estabelecer.
Tal lei, obviamente, é a Lei de Interceptações Telefônicas (Lei 9.296/96), a qual estudare-
mos detalhadamente nessa aula.
Esse diploma legal irá esclarecer diversos pontos essenciais para que a interceptação de
comunicações telefônicas seja realizada respeitando o devido processo legal. Entre eles, me-
recem destaque os seguintes tópicos:

Embora trate de vários tópicos diferentes, a Lei 9.296/96 é um diploma legal pequeno, com
apenas 12 artigos. Sua leitura é absolutamente obrigatória.
Eu chego a ser chato e repetitivo ao recomendar o estudo combinado de nossas aulas com
a leitura da lei “seca”, mas faço isso com a melhor das intenções. É por meio dessa estratégia
que vamos ter o domínio necessário para vencer qualquer tipo de questão que for proposta
pelo examinador.
Certo. Após essa breve contextualização e orientação sobre a melhor maneira de estudar
o conteúdo a seguir, vamos finalmente ao que interessa.
Conceitos Básicos

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em inves-


tigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de
ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sis-
temas de informática e telemática.

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Logo de cara, já podemos observar o seguinte: A Lei 9.296/96 não se aplica apenas à inter-
ceptação de comunicações telefônicas, mas também à interceptação de fluxo de comunica-
ções em sistemas de informática e telemática.

Sobre os casos em que é cabível a interceptação telefônica já podemos observar o seguin-


te posicionamento do STF:

Jurisprudência Relevante

Segundo o STF, é lícita a interceptação da correspondência de presos, por


razões de segurança pública, preservação da ordem jurídica e disciplina
prisional.
Correspondência e Interceptação
É importante fazer, desde logo, uma pequena observação sobre os conceitos de corres-
pondência e de interceptação do ponto de vista doutrinário:

E falando em interceptação, devemos fazer um quadro comparativo para que você não
confunda esse conceito com os de escuta e gravação:

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Uma vez que você conhece os conceitos acima, fica muito fácil diferenciar as três modali-
dades. A gravação é realizada pelo próprio indivíduo que faz parte da conversa. A intercepta-
ção e a escuta, por sua vez, são realizadas por terceiro. A única diferença entre as duas últimas
é que a escuta é realizada com a ciência de um dos interlocutores, enquanto a interceptação
é realizada sem a ciência de nenhuma das partes.
Como veremos mais a frente, a captação recebeu tratamento específico do legislador na
figura do novo art. 8º-A (adicionado pela lei 13.964/19). Estudaremos o referido artigo detalha-
damente em momento oportuno.
Autorização Judicial
Ainda sobre o teor do art. 1º, note que a lei é taxativa: A interceptação depende de ordem
do juiz competente, SOB SEGREDO DE JUSTIÇA.

Interceptações dependem de autorização judicial para que as provas colhidas durante a inves-
tigação sejam lícitas.

• Admissibilidade

Digamos que a polícia civil esteja realizando a investigação de um delito, e que a autoridade
policial entenda que uma interceptação telefônica pode ajudar a elucidar os fatos em apuração.

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Poderá o delegado de polícia, em qualquer caso, solicitar ao judiciário a interceptação tele-


fônica dos investigados?
A resposta, obviamente, é negativa. Se esse fosse o caso, a polícia simplesmente solicita-
ria interceptações para todas as investigações em andamento, de forma indiscriminada.
A interceptação de comunicações telefônicas, portanto, é uma medida excepcional, haja
vista a importância do direito fundamental à inviolabilidade das comunicações contido no
art. 5º da CF.
A regra é a inviolabilidade do sigilo!
Para tutelar essa característica, a Lei 9.296/96 apresenta um rol de situações em que a
interceptação telefônica não será admissível, contido em seu art. 2º.
Não é admissível a decretação de interceptação telefônica nos seguintes casos:

Uma vez que a interceptação telefônica seja admissível, o legislador ainda arrolou no pará-
grafo único os seguintes pré-requisitos:

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.

É muito importante notar que existe a possibilidade de não indicar e qualificar os investi-
gados, no caso de impossibilidade manifesta e devidamente justificada de fazê-lo.
• Entendendo melhor os requisitos

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Além das restrições previstas em lei, segundo a CF/88 são requisitos da quebra de sigilo
telefônico:

Nesse sentido, precisamos elaborar alguns comentários pontuais sobre a admissibilida-


de e os requisitos da interceptação telefônica, também do ponto de vista jurisprudencial e
doutrinário:

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Requerimento de Interceptação Telefônica


O art. 3º da lei trata dos responsáveis por requerer a interceptação telefônica ao poder ju-
diciário. Basicamente, temos o seguinte:

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Cabe ressaltar que a tanto a lei quanto a CF falam sobre investigação criminal e não sobre
o inquérito policial propriamente dito. Dessa forma, entende-se ser cabível a interceptação te-
lefônica durante qualquer tipo de procedimento investigativo, e não apenas durante o IP.
Outros procedimentos, como o PIC (procedimento investigatório criminal) que tramita no
MP, podem ser objeto de decretação de interceptação telefônica de forma lícita.

Não é cabível interceptação telefônica no curso de processos cíveis, trabalhistas, administrati-


vos... A interceptação telefônica deve ser excepcional, e só é cabível na esfera CRIMINAL.

Prazos
A lei de interceptações telefônicas rege alguns prazos peculiares em relação aos seus pro-
cedimentos. São eles:

Natureza Jurídica
Obviamente, ao realizar uma interceptação telefônica, o objetivo é ajudar a esclarecer os
fatos e proporcionar um meio de prova válido para utilização durante a persecução penal.

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Entretanto, entre a realização da interceptação e a concretização da prova, a doutrina divi-


de o processo em momentos, que afetam a natureza jurídica da interceptação. Veja só:

Do ponto de vista doutrinário, portanto, quem tem natureza jurídica de meio de prova é a
transcrição da interceptação realizada, e não a interceptação propriamente dita. Fique atento a
essa diferença, que é bastante sutil!
• Quebra de sigilo telefônico

Outro ponto que costuma causar confusão para os alunos é a diferenciação entre os insti-
tutos da quebra de sigilo telefônico e da interceptação telefônica:

A quebra de sigilo de dados telefônicos consiste no fornecimento, pelas operadoras do


serviço, de verdadeiros extratos com os dados relacionados aos telefonemas recebidos e rea-
lizados pelo usuário de um determinado prefixo.
Já a interceptação telefônica consiste no acesso ao conteúdo da conversação entre os
interlocutores (verdadeira captação do áudio transmitido entre os prefixos telefônicos).
É importante não confundir esses institutos pelo seguinte motivo:

A quebra de sigilo de dados telefônicos não é regulamentada pela Lei 9.296/96. Dessa forma,
não está submetida a cláusula de reserva de jurisdição (podendo ser determinada por CPI e
pelo Ministério Público).

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Demais Aspectos & Lei 13.964/19


• Art. 6º - Condução dos procedimentos da interceptação

Art. 6º Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando


ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
§ 1º No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada
a sua transcrição.
§ 2º Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,
acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
§ 3º Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8º, ciente o Ministério
Público.

Primeiramente, cabe observar que a providência prevista no art. 8º é a de juntar os dados


da interceptação em autos apartados. Essa medida é simples e necessária, haja vista que o
advogado tem acesso aos autos do inquérito e ao processo – mas não deve ter acesso aos
autos apartados sobre a interceptação, haja vista que isso prejudicaria a eficácia da medida.
Ademais, embora o art. 6º faça menção à autoridade policial (delegado de polícia federal
ou civil) como o indivíduo competente para conduzir os procedimentos de interceptação, o STJ
e o STF já admitiram a possibilidade de sua condução por outros órgãos, quais sejam:

• Apoio técnico

Art. 7º Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá
requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.

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Na prática, a polícia precisa interagir com as operadoras telefônicas, que por sua vez forne-
cem o aparato técnico necessário e o acesso às comunicações telefônicas nos termos ditados
pelo judiciário.
Uma vez que as operadoras interajam com a polícia no sentido efetivar a interceptação, são
os investigadores que irão atuar na investigação e na análise das comunicações interceptadas.
Nesse sentido, é importante observar o seguinte:

A transcrição das comunicações interceptadas não precisa ser feita por peritos oficiais. Os
próprios policiais têm autonomia para fazê-lo.

Uma vez que a interceptação está em andamento, temos normalmente a obtenção de


duas categorias de conteúdo, que pode ser relevante ou irrelevante para a investigação
em andamento
• Gravações relevantes

As gravações relevantes são transcritas e irão integrar o resultado da interceptação a


ser enviado ao magistrado, em conjunto com auto circunstanciado elaborado pela autorida-
de policial.
• Art. 8º-A

E eis que finalmente adentramos a primeira das alterações realizadas pela Lei 13.964/19
no diploma legal em estudo. Antes de mais nada, façamos a leitura do novo artigo:

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento
da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e (Incluí-
do pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do dis-
positivo de captação ambiental. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão ju-
dicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente
atividade criminal permanente, habitual ou continuada. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específica
para a interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

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Eu sei, são muitas previsões. Faremos uma análise detalhada. Em primeiro lugar, devemos
verificar que o art. 8º-A apresenta previsão específica sobre sinais eletromagnéticos, ópticos
ou acústicos.
Para Renato Brasileiro2, o art. 8º-A deve ser lido sob o prisma de que a captação ambiental
já era um meio rotineiro de produção de prova, previsto na Lei 12.850/13, porém sem regula-
mentação procedimental. Nesse sentido, o art. 8º-A supre uma lacuna na legislação, sistema-
tizando o meio de prova que anteriormente era regido pela aplicação da Lei 9.296/96 em sede
de analogia.
Para bem compreender o art. 8º-A, é preciso aprofundar na diferenciação entre a intercep-
tação ambiental, a escuta ambiental e a gravação ambiental. Tomando de empréstimo mais
ensinamentos do mestre Renato Brasileiro3:

Interceptação ambiental em sentido estrito: é a captação sub-reptícia de uma comunicação no


próprio ambiente em que ocorre, local público ou privado, feita por um terceiro sem o conhecimento
de nenhum dos comunicadores, com o emprego de meios técnicos, utilizados em operação oculta
e simultânea à comunicação. A título de exemplo, suponha-se que, no curso de investigação relativa
ao crime de tráfico de drogas, a autoridade policial realize a filmagem de indivíduos comercializando
drogas em uma determinada praça, sem que os traficantes tenham ciência de que esse registro está
sendo efetuado;
Escuta ambiental: é a captação de uma comunicação feita por terceiro em local público ou privado
com o consentimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro. Na escuta, um dos
comunicadores tem ciência da intromissão alheia na comunicação. Por exemplo, imagine-se a hi-
pótese de cidadão vítima de concussão que, com o auxílio da autoridade policial, efetue o registro
audiovisual do exato momento em que funcionário público exige vantagem indevida para si em
razão de sua função;
Gravação ambiental: é a captação da comunicação ambiental no ambiente em que ocorre feita por
um dos comunicadores sem o conhecimento do outro, daí por que é conhecida como gravação
clandestina (ex. gravador, câmeras ocultas etc.).

Veja que as classificações apresentadas seguem o padrão inserido no esquema apresen-


tado no começo de nossa aula. No entendimento do referido doutrinador, houve redundância
na edição do texto legal. Segundo ele, não havia necessidade de tratar de captação de si-
nais eletromagnéticos, ópticos e acústicos, posto que todas as modalidades estão abarcadas
pelo conceito de interceptação ambiental, às quais este chama de modalidades de vigilância
eletrônica.

Destaca a doutrina, no entanto, que a gravação ambiental clandestina não recebeu regime jurí-
dico na figura expressa do art. 8º-A.

2
Manual de Processo Penal, 2020, p. 850
3
Supra, p.851

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Nesse sentido, para doutrinadores como Renato Brasileiro, a gravação ambiental clandesti-
na (feita diretamente por um dos comunicadores sem a interveniência de terceiro) deve ter sua
licitude analisada caso a caso. Vejamos mais um trecho da referida obra:

“Prova disso, aliás, é o fato de, ao tratar do crime de captação ambiental sem autorização judicial, o
art. 10-A, §1º, da Lei n. 9.296/96, também incluído pelo Pacote Anticrime, dispor expressamente que
não haverá tal crime se a captação for realizada por um dos interlocutores. Evidentemente, por cau-
tela, nada impede que o juiz autorize a gravação ambiental, se houver requerimento nesse sentido.”4

No âmbito da discussão, é preciso fazer alguns apontamentos sobre a necessidade de


autorização judicial prévia para algumas modalidades de captação ambiental:
a) Captação realizada em locais abertos ao público: Prevalece que a prova é lícita, mesmo
quando produzida sem autorização judicial prévia.
b) Captação realizada em local aberto ao público, porém de conversa sigilosa (cujo caráter
foi admitido pelos participantes): Em regra, constitui invasão de privacidade.
a. Trata-se de entendimento prolatado pelo STJ em notório caso de reportagem do Fan-
tástico, no qual foi gravada uma conversa entre advogado e cliente (a cliente havia aceitado
conceder a entrevista para o fantástico em local público, mas não havia consentido sobre a
gravação da conversa privada com seu advogado).
c) Captação realizada em local privado: Se não produzida com autorização judicial, cons-
tituirá invasão de privacidade. Se houver autorização judicial, no entanto, é admitida (mesmo
que a filmagem e a gravação tenham sido realizadas no interior do local íntimo, e mesmo sen-
do realizada em sede de captação – realizada pelos presentes – ou em sede de interceptação
– realizada por terceiros.
Note-se, aqui, que um fator que conta bastante sobre a necessidade ou não de autorização
judicial está na expectativa de privacidade.
Na mesma esteira, cabe citar o Enunciado 38 do CNPG:

Enunciado n.38 do CNPG: “Não é exigida autorização judicial para captação ambiental de que trata
o art. 8º-A da Lei n. 9.296/96 na hipótese de ser realizada em local público ou de acesso público”.

Continuando nossa leitura do art. 8º-A, cabe destacar que para fins de investigação ou ins-
trução criminal, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos pode
ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do MP.
Nesse diapasão, a doutrina apresenta algumas observações importantes:
a) Finalidade: o legislador optou por dar à captação ambiental o mesmo tratamento da
interceptação telefônica, exigindo-lhe finalidade de investigação ou instrução criminal.
b) Não decretação de Ofício: Diferentemente do art. 3º da lei em estudo, a captação am-
biental não admite decretação ex officio;
4
Manual de Processo Penal, 2020, p. 852.

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• Requisitos

São requisitos específicos do art. 8º-A da Lei 9.296/96:

Segundo a doutrina, o referido regramento, dentre outras motivações, possui o condão de


impedir a utilização da captação ambiental como ponto de partida para uma investigação, o
que se chama de “fishing expedition”. 5
• Prazo

O §3º do art. 8º-A rege o prazo de 15 dias como limite para a medida de captação am-
biental, prazo este renovável por decisão judicial por iguais períodos, comprovados a indis-
pensabilidade do meio de prova e quanto presente atividade criminal permanente, habitual ou
continuada.
Semelhante ao art. 5º da lei em estudo, possui a peculiaridade de exigir que a prorrogação
ocorra apenas com o preenchimento dos requisitos, os quais são considerados cumulativos.
• Observações sobre as gravações ambientais “clandestinas”

Cabe, ainda, tecer algumas observações também extraídas da doutrina e da jurisprudência


sobre a licitude de gravações ambientais clandestinas.
Nesse sentido, embora de forma não pacificada em absoluto, via de regra a doutrina tem
se posicionado no sentido de que a gravação ambiental clandestina (realizada sem ciência do
outro interlocutor e mesmo que sem prévia autorização judicial) pode ser considerada lícita
nos casos a seguir:
• Quando não gerar violação de sigilo (ou seja, quando não houver violação do direito à
privacidade);
• Quando não houver reserva na conversação (o teor da conversa não envolver segredo);
• Quando a gravação é realizada em razão de uma investida criminosa (como por exemplo
no caso da vítima de extorsão que grava o autor do delito lhe extorquindo).

Por fim, cabe apontar para a previsão do §5º, o qual é autoexplicativo em sua essência:

§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação específica


para a interceptação telefônica e telemática. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
• Gravações irrelevantes

5
“Pesca predatória de provas”.

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Art. 9º A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inqué-
rito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
parte interessada.

Nos termos do art. 9º, a gravação que não interessa à prova deve ser inutilizada em qual-
quer dos três momentos acima (durante o IP, durante a instrução processual ou após), através
de requerimento do MP ou da parte interessada.

Contra a decisão de deferir ou indeferir a inutilização das gravações que não interessam à
prova, cabe apelação.

Dos Delitos
A Lei 9.296/96, por fim, apresenta algumas figuras típicas específicas envolvendo a sua
temática. Vejamos.
• Art. 10

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou tele-
mática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)

Este delito costuma ser cobrado em sua literalidade, cabendo, no entanto, algumas obser-
vações básicas a seu respeito:

Por fim, cabe destacar que o referido artigo sofreu alteração pela Lei 13.964/19, para adi-
cionar a expressão “promover escuta ambiental” como nova conduta também integrante do
referido tipo penal.
Nesse sentido, a Lei 13.964/19 inseriu também o parágrafo a seguir no art. 10, na busca
de responsabilizar a autoridade judicial que determina a execução da conduta do caput com
objetivo não autorizado em lei:

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Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta
prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. (Incluído pela Lei n. 13.869. de
2019)
• Art. 10-A

Por fim, há ainda que ser apresentado o novo delito do art. 10-A, específico para a realiza-
ção de captação ambiental sem autorização judicial:

Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para inves-
tigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Quanto ao referido delito, merecem destaque as previsões contidas nos parágrafos 1º e 2º.
Em primeiro lugar, temos a questão do §1º, segundo o qual não há crime no caso de cap-
tação realizada por um dos interlocutores:

§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)

Ademais, temos a previsão do §2º, na figura da aplicação de pena em dobro no se-


guinte caso:

§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo
das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações en-
quanto mantido o sigilo judicial. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Quebra do Sigilo de Dados Bancários, Financeiros e Fiscais


• Sigilo de dados bancários e financeiros

LC n. 105/2001- Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e


passivas e serviços prestados.

Acerca desse preceito extraído da lei que dispõe sobre o sigilo das operações de institui-
ções financeiras, podemos entender que as instituições financeiras possuem um dever jurídi-
co de proteger os dados bancários e financeiros de seus clientes, como depósitos, saques e
aplicações. Isso decorre do chamado sigilo bancário e financeiro.

Mas o que seria a quebra desse sigilo no âmbito processual penal?

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Trata-se de um meio de obtenção de prova, ou seja, uma ferramenta capaz de revelar infor-
mações acerca da utilização dos serviços disponibilizados pelas instituições financeiras.

Fundamentos para a proteção do sigilo financeiro:

Direito à intimidade do cliente e de possíveis terceiros envolvidos nas


operações efetuadas pelas instituições financeiras (CF, art. 5º, X);

Dever de sigilo do profissional: De acordo com a doutrina: O dever de sigilo


estende-se a todos os funcionários da instituição financeira cientes das
informações de clientes e de terceiros no exercício de sua atividade.
Nessa seara, a pergunta que devemos fazer é: quais as situações que admitem que essas
informações sejam acessadas de forma válida para fins de investigação ou instrução proces-
sual penal? Pois bem. Veremos cada uma delas a seguir:
1) Próprio investigado fornece voluntariamente seus dados bancários e financeiros:
Nessa hipótese, por óbvio, não há por que se exigir prévia autorização judicial.
2) Comissões Parlamentares de Inquérito:
A primeira observação que devemos fazer é de a quebra do sigilo de dados bancários e
financeiros não está sujeita à cláusula de reserva de jurisdição.
Conforme expresso na CF, as CPIs possuem poderes de investigação próprios das autori-
dades judiciais. Nesse sentido, elas poderão ter acesso a esses dados desde que observem:
a necessidade de motivar o ato; o caráter excepcional da medida e a existência concreta de
causa provável que a legitime.
Nesse sentido, a LC 105/01 disciplina as CPIs que obterão as informações e documentos
sigilosos de que necessitarem, diretamente das instituições financeiras, ou por intermédio do
Banco Central do Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários.
3) Ministério Público:
Por não possui atribuição constitucional expressa no que diz respeito à quebra de sigilo
financeiro, os tribunais superiores entendem que o MP só estará legitimado a requisitar in-
formações bancárias de titularidade de órgãos públicos para fins de apurar supostos crimes
praticados por agentes públicos contra a Administração Pública.

As contas públicas não estão protegidas pelo sigilo bancário em face da publicidade e da
moralidade que lhe são inerentes. Portanto, não possuem, em regra, proteção do direito à
intimidade.

Há precedentes do STF no sentido de que a requisição ministerial se estende ao acesso


dos registros das operações bancárias sucessivas, ainda que realizadas por particulares dian-
te do interesse da sociedade no que diz respeito ao destino de recursos públicos.
4) Autoridade judiciária competente:

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A LC 105/01 (art. 3 ) determina que: “Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela
º

Comissão de Valores Mobiliários e pelas instituições financeiras as informações ordenadas


pelo Poder Judiciário, preservado o seu caráter sigiloso mediante acesso restrito às partes,
que delas não poderão servir-se para fins estranhos à lide.”
Ademais, devemos ressaltar que a quebra de sigilo financeiro não se sujeita exclusivamen-
te aos crimes apenados com reclusão, conforme prevê a Lei 9.296/96, e poderão ocorrer em
qualquer fase da investigação ou do processo judicial.
5) Administração tributária:
Também serão legitimados:

LC 105/01- Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições
financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam consi-
derados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

Assim, é licito o fornecimento de informações sobre movimentações financeiras direta-


mente ao fisco, sem prévia autorização judicial.
• Sigilo Fiscal

De acordo com a doutrina, se materializa no dever de segredo e confidencialidade da situ-


ação tributária dos contribuintes, pessoas físicas ou jurídicas disposto no art. 198 do Código
Tributário Nacional (CTN). Possui como destinatários a Fazenda Pública (União, Estados, Dis-
trito Federal e Municípios) e seus agentes.
O entendimento jurisprudencial é no sentido de que é possível a requisição de informações
ao Fisco pelas Comissões Parlamentares
de Inquérito, o mesmo não se aplica ao MP. Além disso:

Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário,


telefônico e fiscal devem ser mantidos sob reserva.

Assim, a página do Senado Federal na internet não pode divulgar os


dados obtidos por meio da quebra de sigilo determinada por comissão
parlamentar de inquérito (CPI).

STF. Plenário. MS 25940, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/4/2018


(Info 899).

Fonte: Dizer o direito.

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Lei de Abuso de Autoridade – 13.869/19


A tipificação penal das condutas conhecidas como “abuso de autoridade” não é novidade
no ordenamento jurídico brasileiro. Pelo contrário. O próprio Código Penal, antes mesmo da
existência da Lei 4.898/65, já apresentava um tipo penal relacionado ao tema, na figura do an-
tigo (e hoje revogado) art. 350 CP:

Exercício arbitrário ou abuso de poder


Art. 350 - (Revogado pela Lei n. 13.869, de 2019)

O referido artigo já há muito não possuía aplicabilidade, pois desde a vigência da Lei
4.898/65, parcela majoritária da doutrina entendia pela revogação implícita de seu texto, haja
vista que a referida Lei configurava diploma superveniente e especial para regular a matéria.
Para a alegria dos estudiosos do tema e principalmente dos concurseiros, a Lei 13.869/19
foi além, revogando tanto o art. 350 quanto a Lei 4.898/65 de forma expressa, o que torna
mais simples o estudo do assunto deste ponto em diante:

Lei 13.869/19, Art. 44. Revogam-se a Lei n. 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e o § 2º do art. 150 e
o art. 350, ambos do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

Uma vez que conhecemos um pouco o histórico legal do tema em estudo, podemos passar
a analisar estrutura do novo diploma legal, a qual nos oferecerá uma breve organização dos
tópicos que serão abordados a seguir:

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A parte mais importante, mais polêmica e mais extensa do diploma legal é sem dúvidas a
parte de Crimes e Penas, sobre os quais trataremos com tantos detalhes quanto for possível
no decorrer da aula de hoje.
Mas comecemos pelo básico: A definição do abuso de autoridade e dos sujeitos ativos da
referida conduta.
Abuso de Autoridade
Como nos ensina a literatura sobre o tema, o agente público deve se pautar sempre pelos
ditames legais, na figura da chamada legalidade estrita (a ele só é permitido fazer o que a lei
autoriza).
Nesse sentido, deve o agente público também pautar-se por outros preceitos constitucio-
nais da mais alta importância, tais como a moralidade e a impessoalidade.
Nesse contexto, atos abusivos praticados por agentes públicos são de especial interesse
para a sociedade, devendo ser reprimidos e punidos a contento. A existência de normas penais
como o antigo art. 350 do CP e da antiga Lei de Abuso de Autoridade busca justamente ofere-
cer tutela e vigilância contra possíveis práticas ilícitas.
No entanto, entendeu o Congresso Nacional que a Lei de Abuso de Autoridade necessitava
de modernização e atualização, processo este que acabou resultando na Lei 13.869/19.
Certo é que tanto o diploma legal antigo (4.898/65) quanto o novo (13.869/19) são alvos
de críticas e controvérsias. O anterior, por ser considerado demasiado leve (todas as infrações
penais de abuso de autoridade existentes anteriormente configuravam infrações de menor
potencial ofensivo).
Já o novo diploma legal padece de diversas outras críticas doutrinárias, como iremos ve-
rificar no decorrer dessa aula. Para citar um exemplo, há quem entenda que alguns dos novos
tipos penais são demasiado abertos, sem uma definição clara da conduta ilícita que se pro-
cura suprimir.
Compreendendo esse contexto torna-se mais clara a essência do art. 1º do diploma legal:

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
sido atribuído.

Veja que não é nada além do que apresentamos até agora (definição de crimes praticados
por agentes públicos que no exercício das funções abusam do poder que lhes foi atribuído pelo
ordenamento jurídico).
Nesse diapasão, tome nota da primeira observação importante:

Os delitos previstos na Lei n. 13.869/2019 são classificados como próprios, ou seja, só podem
ser praticados por um sujeito ativo específico: o agente público.

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Não se preocupe: a definição de agente público se dá nos termos do art. 2º, o qual estuda-
remos mais à frente. Antes disso, devemos fazer a leitura do §1º do art. 1º, o qual nos apresen-
ta uma importante definição:

Art. 1º, § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando pra-
ticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.

Aqui temos a preocupação do legislador em apresentar a necessidade do chamado dolo


específico para a configuração do delito de abuso de autoridade.
Em outras palavras, temos um elemento subjetivo especial, uma finalidade especial de
agir, de modo que o agente só praticará abuso de autoridade se o ato foi realizado para preju-
dicar outrem, beneficiar o agente público ou por capricho ou satisfação pessoal.
Ademais, é preciso ressaltar que há uma similaridade importante entre a antiga e a nova
Lei de Abuso de Autoridade: continuam não existindo crimes de abuso de autoridade na for-
ma CULPOSA.
A vedação ao “crime de hermenêutica”

Quando o projeto de lei estava ainda em análise pelas casas legislativas, Sérgio Moro, ain-
da juiz na época, foi convidado a comparecer e debater a temática do abuso de autoridade no
Congresso Nacional.
Na ocasião, uma das preocupações do então magistrado foi com a possibilidade de res-
ponsabilização dos agentes públicos pelo que chamou de crime de hermenêutica, ou seja, a
criminalização de mera interpretação divergente de dispositivos legais.
A preocupação era sem dúvidas razoável. Imagine a seguinte situação:

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EXEMPLO
Determinado magistrado, em primeira instância, decide condenar e prender preventivamente
alguém pela prática de um delito.
Em segunda instância, o Tribunal reconhece a conduta como fato atípico e revoga a prisão pre-
ventiva decretada em primeira instância.
A depender do texto da Lei de Abuso de Autoridade, a interpretação do magistrado na instância
inferior poderia configurar crime, unicamente por este divergir do entendimento exarado pos-
teriormente.

Essa situação poderia ter consequências graves, como por exemplo o condão de inibir que
os magistrados determinassem medidas de cunho pessoal por medo de serem responsabili-
zados posteriormente com a revisão de suas decisões.
Felizmente, o texto da nova Lei de Abuso de Autoridade foi editado de modo a evitar essa
possibilidade, conforme depreende-se dos dizeres do §2º:

Art. 1º, § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura
abuso de autoridade.

Logo, sem crime de hermenêutica no âmbito da nova Lei de Abuso de Autoridade.


Sujeito Ativo
Já compreendemos o histórico das leis de abuso de autoridade bem como o conceito do
abuso de autoridade em si. Também já estudamos a razão pela qual o §2º possui previsão tão
específica. Resta, agora, apresentar quem são os sujeitos ativos dos delitos de abuso de auto-
ridade, os quais, como você já sabe, são classificados como crimes próprios.

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer


agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta
ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo,
mas não se limitando a:

I – servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;

II – membros do Poder Legislativo;

III – membros do Poder Executivo;

IV – membros do Poder Judiciário;

V – membros do Ministério Público;

VI – membros dos tribunais ou conselhos de contas.

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Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer


agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta
ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo,
mas não se limitando a:

Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou
entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
O primeiro ponto do qual você precisa tomar nota é simples: o rol apresentado na lei é
considerado EXEMPLIFICATIVO para a doutrina. Tal natureza do referido rol se torna clara em
razão da expressão “compreendendo, mas não se limitando a”, no final do art. 2º.
Dito isso, usualmente em diplomas legais como a Lei de Abuso de Autoridade, o examina-
dor costuma gostar bastante de elaborar assertivas com base em um determinado rol de hi-
póteses. Por segurança, vamos esquematizar as previsões do art. 2º e de seu parágrafo único:

Quanto ao parágrafo único, temos o seguinte:

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Concurso de Pessoas & Abuso de Autoridade


A despeito da mudança na legislação, sempre foi (e até este momento continua sendo)
pacífico na doutrina o fato de que, regra geral, é possível a coautoria e a participação de parti-
culares em delitos de abuso de autoridade.
Tal responsabilização se torna possível em razão da previsão contida no art. 30 do Có-
digo Penal:

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CP, Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

Portanto, o particular poderá ser responsabilizado por abuso de autoridade em conjunto


com o agente público, desde que tenha o conhecimento da referida condição pessoal do autor
com o qual estão praticando a conduta delituosa.
1) Natureza da Ação Penal
Outro ponto simples, mas importante para provas de concursos está na natureza da ação
penal dos delitos de abuso de autoridade.
Por expressa previsão legal, todos os crimes previstos no referido diploma legal são de
ação penal pública incondicionada:

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.

A referida previsão, na prática, é desnecessária, pois a mera aplicação do Código Penal


já permitiria classificar os delitos previstos na legislação especial dessa forma (trata-se da
regra geral).
Outro ponto importante está na possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública
(também prevista expressamente no texto da lei em estudo):

Art. 3º, § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

Essa é outra previsão que não destoa da regra geral já prevista em nosso ordenamento
jurídico. O único cuidado especial que se recomenda está no requisito: a ação penal não pode
ter sido intentada no prazo legal.
Os examinadores gostam de sugerir, em casos assim, que surgiu o direito à ação subsidi-
ária por outro motivo que não o expressamente previsto em lei. Muito cuidado com esse tipo
de pegadinha.
Ademais, cabe apresentar o prazo que o ofendido ou seu representante possuem para in-
tentar a ação subsidiária:

Art. 3º, § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data
em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.

Mais uma vez estamos diante de normatização repetitiva (o CPP e a própria CF/88 já regu-
lavam a matéria a contento. Mas é importante saber que agora há previsão expressa também
na própria Lei de Abuso de Autoridade.

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Efeitos da Condenação

Art. 4º São efeitos da condenação:


I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
II – a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5
(cinco) anos;
III – a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.

Caso o indivíduo seja condenado por abuso de autoridade, a lei prevê três possibilidades:

É importante notar que os efeitos II e III, ou seja, a inabilitação para exercício do cargo ou a
perda do cargo não são efeitos automáticos. Ademais, ainda possuem um requisito especial:
a reincidência em abuso de autoridade, sendo que a sentença que os declarar deve fazê-lo
motivadamente.
Nesse diapasão, entende a doutrina ser possível que o indivíduo perda o cargo sem que
obrigatoriamente se veja impedido de ocupar outro cargo, haja vista que os efeitos podem ser
aplicados de forma alternativa ou cumulativa.

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É interessante notar que a primeira parte do inciso I (“tornar certa a obrigação de indenizar
o dano causado pelo crime”) é considerada um efeito automático da condenação. Já a segun-
da parte (“devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para
reparação dos danos”) é considerada efeito específico e não automático da sentença.
Esse ponto é curioso pois constitui uma diferença procedimental entre a Lei de Abuso de
Autoridade e o CPP. De forma diversa do que o faz a legislação em estudo, o CPP não exige re-
querimento da vítima para que o magistrado possa fixar o valor mínimo de reparação do dano
na sentença.
Penas Restritivas de Direitos

Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei
são:
I – prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II – suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) me-
ses, com a perda dos vencimentos e das vantagens;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamen-
te.

Temos ainda que verificar a existência das penas restritivas de direitos, substitutivas das
penas privativas de liberdade previstas na referida lei.
Denota-se aqui uma política de penas alternativas, na mesma esteira que diplomas penais
mais modernos tem seguido. São elas:
• A prestação de serviços comunitários ou a entidades públicas;
• A suspensão do exercício do cargo, da função ou mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses,
com perda dos vencimentos e vantagens.

Note, ainda, que as referidas penas podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente,
por expressa previsão legal.
O descumprimento injustificado das restrições em estudo resulta na conversão das penas
alternativas em penas privativas de liberdade. A regulação da matéria, no entanto, se dá de
forma subsidiária, nos termos do Código Penal.
Da mesma forma, os requisitos para substituição também estão previstos no art. 44 do CP,
de forma cumulativa. Mais uma vez estamos diante da aplicação subsidiária da norma geral
em razão do silêncio da lei especial quanto á material.
Dica: não confunda a suspensão do exercício do cargo (pena restritiva de direitos) com a
inabilitação para o exercício do cargo (efeito da condenação).

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Das Sanções
Em seguida, a lei passa a tratar, de forma geral, sobre as sanções civis e administrativas
cabíveis nos casos de abuso de autoridade:

Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza
civil ou administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão
informadas à autoridade competente com vistas à apuração.
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo
mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido deci-
didas no juízo criminal.
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Em primeiro lugar, devemos notar que a lei expressamente prevê aquilo que causa dúvida
para muitos: as sanções penais previstas na lei serão aplicadas independentemente das san-
ções cíveis ou administrativas cabíveis.
É o que chamamos, de forma simples, de independência das instâncias.
Entretanto, é preciso verificar que existem exceções a essa previsão, as quais encontram
guarida na própria legislação em estudo. São elas:
• Existência do fato e sua autoria: Havendo decisão sobre a existência do fato ou sobre
sua autoria no âmbito do juízo criminal, tal mérito não poderá mais ser discutido nas
esferas cível e administrativa;
• Coisa Julgada: Sentença penal que reconhecer que o fato foi praticado sob o manto de
excludente de ilicitude fará coisa julgada no âmbito cível e administrativo-disciplinar.

A previsão do art. 7º já encontrava guarida na jurisprudência, no âmbito dos Tribunais Su-


periores, que já apontava para a independência relativa entre as instâncias nos casos de reco-

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nhecimento de inexistência do fato ou de negativa de autoria, casos em que a esfera criminal


vinculava a decisão no âmbito cível.
Lembre-se, também, que de forma geral, ainda que o mesmo fato tenha o condão de gerar
efeitos em mais de uma esfera, não há obrigatoriedade de suspensão da ação civil para aguar-
dar o trâmite da ação penal respectiva.
Ademais, é preciso verificar que a lei determina que nos casos de faltas funcionais, a auto-
ridade competente para sua apuração (usualmente o órgão correcional respectivo) deverá ser
comunicado.
Abuso de Autoridade & Justiça Militar
O último ponto que precisamos abordar antes de tratar dos crimes propriamente ditos é a
competência da JM para tratar de casos de abuso de autoridade.
Antigamente (antes da vigência da Lei 13.491/2017, a qual alterou o Código Penal Militar),
o assunto estava pacificado através dos dizeres da Súmula 172 do STJ, segundo a qual com-
petia à Justiça COMUM julgar militar pela prática de abuso de autoridade.
No entanto, a Lei 13.491/17 (posterior à referida súmula) compatibilizou leis penais co-
muns (externas ao CPM) com o conceito de crimes militares. Ou seja: anteriormente, só havia
falar em crime militar se houvesse previsão no CPM. Atualmente, não mais.
Por esse motivo, a doutrina tem manifestado entendimentos de que a Súmula 172 do STJ
encontra-se superada, sendo que a Justiça Militar atualmente possui competência para julgar
crimes de abuso de autoridade.
É importante notar que não houve um cancelamento formal da súmula por parte do STJ.
Entretanto, é salutar ressaltar que já começam a surgir julgados remetendo à Justiça Militar
casos de abuso de autoridade.
Abuso de Autoridade em Espécie
Caro(a) aluno(a): De agora em diante, iremos abordar, um por um, os crimes previstos na
Lei 13.869/19.
Antes de mais nada, é preciso ressaltar o seguinte: se algum artigo ou inciso for ignorado,
é porque a referida norma foi vetada e não faz mais parte do diploma legal.
Ademais, nossa aula seguirá a uma estrutura padrão para todos os crimes:
• Sujeito Ativo;
• Sujeito Passivo;
• Elemento subjetivo;
• Comentários pertinentes.

Não iremos aprofundar em demasia cada um dos crimes. Historicamente, as questões


costumam se limitar às previsões legais contidas na legislação em estudo, fator ainda mais
provável haja vista que ainda não existem muitas obras doutrinárias ou jurisprudência farta
tratando da novel legislação.

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De todo modo, alguns pontos são bastante confusos (como por exemplo a questão do
horário para cumprimento de mandado de busca), e nesses aspectos buscaremos um maior
detalhamento para facilitar a compreensão da lei de uma forma geral.
Vamos juntos?
Art. 9º

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta


desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes
vetadas)

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


O primeiro delito consiste na decretação de medida de privação de liberdade em manifesta
desconformidade com as hipóteses legais.
O sujeito ativo do referido delito, portanto, é a autoridade pública responsável por decretar
a medida. Há quem entenda que a referida legitimidade ativa para prática do delito limita-se
à autoridade judicial, afinal de contas, o verbo nuclear é decretar, e os juízes em geral são os
servidores públicos com a referida competência.
Por outro lado, há quem entenda o termo decretar em sentido amplo, não limitando o al-
cance do tipo unicamente às autoridades judiciais. Nesse sentido, o mais seguro é esperar a
pacificação do tema na doutrina.
O sujeito passivo principal ou imediato é a pessoa física ou jurídica atingida pela conduta
abusiva. O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado.
A conduta admite apenas a forma dolosa, como os demais delitos em estudo, exigindo
ainda o elemento subjetivo especial previsto no art. 1º, §1º do diploma legal.
• Comentários Pertinentes:

Uma das dúvidas mais naturais ao analisar a conduta em questão surge ao tentar definir as
medidas de privação de liberdade que podem configurar a conduta. São exemplos:
1) Decretação de prisão cautelar;
2) Decretação de prisão pena;
3) Decretação de internação em razão de medida de segurança;
4) Decretação de internação psiquiátrica;
5) Decretação de semiliberdade ou internação no âmbito do ECA.
• Conduta equiparada:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária


que, dentro de prazo razoável, deixar de:

I – relaxar a prisão manifestamente ilegal;

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Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária


que, dentro de prazo razoável, deixar de:

II – substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de


conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;

III – deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente


cabível.
A conduta equiparada prevista no parágrafo único denota uma busca do legislativo em dar
maior força às disposições do art. 310 do CPP, prevendo sanções para o magistrado que deixa
tomar as providências em tempo considerado razoável.

Na conduta equiparada não há espaço para debates: temos como sujeito ativo apenas as au-
toridades judiciárias, por expressa previsão legal.

Entretanto, apesar da clareza para com o sujeito ativo do delito, é aqui que começam a
aparecer os problemas de falta de taxatividade da legislação. O que seria um prazo razoável?
Nesse sentido, doutrinadores como Greco e Sanches entendem que não há problema
quando a prisão é avaliada pelo magistrado na audiência de custódia. O problema se dá na
apreciação da medida fora da audiência.
Nesse contexto, não há ainda entendimento pacificado quanto ao prazo razoável, e tere-
mos que aguardar também o debate doutrinário e jurisprudencial sobre o caso.
De todo modo, lembre-se: Não é a mera decretação ou omissão em relaxar a prisão ou em
deferir medida de habeas corpus que irá configurar o delito: será sempre necessária a finali-
dade especifica de prejudicar outrem, beneficiar a si próprio ou o mero capricho/satisfação
pessoal previstos no art. 1º, §1º da legislação.
Art. 10º

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou


investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação
de comparecimento ao juízo:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


O próximo delito da lista consiste na decretação de condução coercitiva de testemunha ou
investigado manifestamente descabida ou sem previa intimação de comparecimento ao juízo.
Quanto ao sujeito ativo do delito, mais uma vez há ainda debate não pacificado. Trata-se
da autoridade pública responsável por decretar a medida, sendo que há posição na doutrina no
sentido de que apenas o magistrado é destinatário do tipo penal na qualidade de sujeito ativo.

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Por outro lado, há quem entenda o termo decretar em sentido amplo, abrangendo tam-
bém as figuras do Delegado de Polícia e do membro do MP. O mais seguro, mais uma vez,
é aguardar.
O sujeito passivo direto é a testemunha ou o investigado.

Note que o tipo penal fala em condução coercitiva de testemunha ou investigado.

É muito importante verificar que, para a doutrina, investigado é aquele que ainda não foi
denunciado. Após o oferecimento da denúncia, chama-se o investigado de denunciado, e após
seu recebimento, de réu.
É por isso que doutrinadores como Sanches e Greco entendem que o tipo penal não al-
cança a condução coercitiva manifestamente descabida de acusado, o que poderia configurar
analogia in malam partem.
O sujeito passivo principal ou imediato é a pessoa física ou jurídica atingida pela condu-
ta abusiva.
O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado.
Art. 12

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em


flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

A conduta do art. 12 consiste em deixar, de forma injustificada, de comunicar a prisão em flagrante à


autoridade judiciária no prazo legal.
O art. 306 do CPP apresenta os ditames de comunicação da prisão à autoridade judiciária. Nesse
diapasão, é interessante relembrar o que dispõe o referido código:

CPP, Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediata-
mente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
(Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011).
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
integral para a Defensoria Pública.

Esse é um ponto polêmico. A lei é clara: imediatamente. Já o parágrafo único também é claro:
O APF será encaminhado em até 24 horas.
Assim estamos diante de um aparente conflito de normas. Afinal de contas, o artigo e seu parágrafo
único parecem ditar prazos diferentes.

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No entanto, para a doutrina existente até o presente momento, o prazo legal a que se refere
o art. 12 da Lei 13.869/19 é o prazo legal de envio do APF à autoridade judiciária, qual seja o
prazo de 24h (Greco e Sanches nesse sentido).6
Esse é, de fato, um entendimento de difícil compreensão, haja vista o já citado aparente
conflito entre o caput do art. 306 e seu parágrafo 1º.
Sobre o prazo de 24 horas e no mesmo sentido de Sanches e Greco entende Guilherme
Nucci, em seu Código de Processo Penal Comentado, em uma leitura, nas palavras do doutri-
nador, “adaptada à realidade dos fatos”.
Para fins de prova, é mais seguro que o examinador se atenha ao texto legal do art. 12,
sem adentrar o mérito do prazo exato a ser descumprido pela autoridade para configuração
do delito.
Mas de todo modo, é importante que você tenha ao menos conhecimento de que existe
posição doutrinária no sentido do prazo de 24 horas.
O CEBRASPE, por exemplo, já cobrou o assunto duas vezes, uma delas adotando o prazo
de 24 horas, e em outra, o prazo imediato. Veja só essa questão:

EXEMPLO
CESPE – 2012 – TRE-RJ – Analista Judiciário A prisão de qualquer pessoa e o local onde ela
se encontrar presa devem ser comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Em até 24 horas após a realização
da prisão, o auto de prisão em flagrante deve ser encaminhado ao juiz competente e, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado, deve ser encaminhada cópia integral à defen-
soria pública.7

Agora vejamos essa aqui:

EXEMPLO
CESPE - 2018 - STJ - Técnico Judiciário A comunicação de prisão em flagrante deverá ocorrer
em até vinte e quatro horas após a sua efetivação: o auto de prisão deverá ser encaminhado
ao juízo competente para análise da possibilidade de relaxamento da prisão, de conversão da
prisão em liberdade provisória ou de decretação de prisão preventiva.8

Assim, veja que não há clareza sobre o assunto nem mesmo no âmbito de uma mesma
organizadora. É triste não poder apresentar um posicionamento sólido e seguro, mas nosso
dever é passar as informações exatamente como elas têm sido cobradas e interpretadas pelos
examinadores (ainda que tais opções sejam conflitantes).

6
Sanches; Greco; Lei de Abuso de Autoridade Comentada Artigo Por Artigo; p. 108
7
Gabarito: C
8
Gabarito: C

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Seguindo em frente, é preciso observar com atenção o termo injustificadamente. Não é


qualquer atraso, mas tão somente aquele sem motivo justificado ou plausível.
O sujeito ativo do caput é a autoridade ou agente sobre o qual recai a obrigação legal de
comunicar a prisão em flagrante à autoridade judiciária.
• Condutas Equiparadas

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

I – deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou


preventiva à autoridade judiciária que a decretou;

II – deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o


local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;

III – deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a


nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes
do condutor e das testemunhas;

IV – prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão


temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação,
deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso
quando esgotado o prazo judicial ou legal.
Já no âmbito das condutas equiparadas (parágrafo único), o sujeito ativo é variado:
Inciso I: qualquer agente ou autoridade que tenha cumprido a ordem de prisão e tenha dei-
xado de comunicar à autoridade judiciária;
Inciso II: qualquer agente ou autoridade que deixe de comunicar a prisão à família ou à
pessoa indicada pelo preso;
Inciso III: Autoridade responsável pela emissão e entrega da nota de culpa;
Inciso IV: Autoridade que prolonga indevidamente a execução da prisão. Por exemplo, po-
dem ser listados as autoridades policiais, os diretores prisionais, entre outros.
O sujeito passivo direto ou imediato das condutas em estudo é o preso ou internado. O
sujeito passivo indireto é o Estado.
Art. 13

Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência,


grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:

I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;

II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado


em lei;

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Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência,


grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:

III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: (Promulgação partes


vetadas)

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena


cominada à violência.
O art. 13 da Lei de Abuso de autoridade tipifica as condutas daquele que constrange preso
ou detento, mediante violência ou grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência
a praticar três ações distintas:
1) Exibir-se ou ter parte do corpo exibida à curiosidade pública;
2) Submeter-se à situação vexatória ou constrangimento não autorizado em lei;
3) Produzir prova contra si ou contra terceiro.
Dentre as três, a previsão que mais causou polêmica é a do inciso III, a qual, para alguns,
resultaria na criminalização de práticas lícitas tais como a identificação criminal por datilosco-
pia. Esse, inclusive, foi o motivo pelo qual a Presidência da República vetou o referido inciso,
veto esse que acabou sendo derrubado pelo CN.
Noutro giro, é muito importante que o estudante não se confunda ao fazer a leitura do art.
13, em razão de sua semelhança textual com os delitos previstos no art. 1º da Lei de Tortura:

Em primeiro lugar, note que no caso do art. 13, o legislador apresentou separadamente as
figuras do preso e do detento, enquanto a Lei de Tortura não faz distinção (fala apenas em
pessoa presa em seu §1º.
Ademais, verifica-se ainda que o requisito do sofrimento físico ou mental inexiste na legis-
lação de abuso de autoridade. E por fim, a finalidade do ato é diferente nas hipóteses da Lei
de Tortura.

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O sujeito ativo do delito é a autoridade pública que constrange o preso ou detento. O sujei-
to passivo direto é a própria pessoa presa. O sujeito passivo indireto é o Estado.
Art. 15

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que,


em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar
segredo ou resguardar sigilo:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


O art. 15 é o que chamamos de crime de ação vinculada, pois o legislador é específico
quanto à ação utilizada para constranger a vítima: ameaça de prisão.
A referida necessidade de guardar segredo ou sigilo em razão de função, ministério, ofício
ou profissão encontra previsão no CPP (art. 207), na figura dos chamados indivíduos proibi-
dos de depor.
Assim sendo, a previsão legislativa em estudo busca reprimir a conduta daquele que, com
ameaça de prisão, visa constranger o indivíduo proibido de depor a revelar determinado segre-
do ou sigilo.
No mesmo sentido estão as condutas equiparadas:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o


interrogatório:

I – de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou

II – de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor
público, sem a presença de seu patrono.
O sujeito ativo da conduta é o agente público que constrange a pessoa interrogada. Veja
que esse rol é amplo, podendo figurar no polo ativo da conduta indivíduos como delegados,
magistrados, promotores, entre outros. Ademais, o procedimento no qual se pretende ouvir a
vítima não necessariamente precisa ser de natureza penal.
O sujeito passivo direto do delito é a pessoa que sofre o constrangimento. O sujeito pas-
sivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo, como nos demais delitos, é o dolo, com a finalidade especial prevista
no §1º do art. 1º da lei em estudo.
Art. 16

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao


preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante
sua detenção ou prisão:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


O art. 16 é outra disposição polêmica, a qual havia sido vetada pelo PR – veto este que
também foi derrubado pelo Congresso Nacional.
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Existem duas formas com que o agente público pode praticar o delito em estudo:
• Ao deixar de identificar-se ao preso;
• Ao identificar-se falsamente.

Veja que a conduta deve ser praticada por ocasião da captura do preso ou quando deva o
agente público fazê-lo durante sua detenção ou prisão.
Ademais, a previsão do parágrafo único apresenta uma conduta equiparada daquele que,
na qualidade de responsável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de
infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo
ou função:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
falsa identidade, cargo ou função.

O que causa estranheza ao realizar a leitura do parágrafo único está no ponto do cargo ou
função. Isso porque enquanto o caput fala apenas em identificar-se falsamente, o parágrafo
único detalha mais o ato ao dividir a conduta em atribuir a si falsa identidade, cargo ou função.
Assim sendo, é possível realizar uma leitura na qual:
• Na previsão do caput, o crime limita-se a deixar de identificar-se ou identificar-se falsa-
mente.
• Na previsão do parágrafo único, em tese o crime alcançaria tanto a atribuição de falsa
identidade quanto de cargo ou função.

Assim, ingressa na conduta do caput aquele que alega, por exemplo, ser Delegado de Polí-
cia quando na verdade é Agente de Polícia; aquele que alega ser escrivão quando na verdade é
investigador, e assim por diante.
Para doutrinadores como Rogério Greco e Rogério Sanches, no entanto, o termo identidade
previsto no caput do artigo abrange também as características funcionais (como o cargo e a
função), permitindo a mesma responsabilização apesar do texto ter sido elaborado de forma
diferente.
Observamos aos alunos, no entanto, o de sempre: trata-se de assunto ainda muito “verde”
e sem pacificação na doutrina, o qual por hora dificilmente será cobrado em provas por conta
da possibilidade de recursos. Mas é importante que você conheça a existência dessa possibi-
lidade de debate.
O sujeito ativo do crime é o agente que atua na captura, prisão ou detenção de pessoa, no
caso do caput, ou aquele que atua em seu interrogatório em sede de investigação de infração
penal (no caso do parágrafo único).

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O sujeito passivo principal ou imediato é a pessoa física ou jurídica atingida pela condu-
ta abusiva.
O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado.
A conduta admite apenas a forma dolosa, como os demais delitos em estudo, exigindo
ainda o elemento subjetivo especial previsto no art. 1º, §1º do diploma legal.

Repare que no parágrafo único, o tipo penal prevê a prática da conduta em sede de interrogató-
rio de investigado PRESO. Assim sendo, se o interrogatório é de investigado SOLTO, não irá se
configurar o referido tipo previsto no parágrafo único (não havendo, no entanto, prejuízo para a
configuração de outros crimes previstos na legislação penal nacional).

Art. 18

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período


de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se
ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


Mais um para a série de delitos com tipificação confusa. Afinal de contas, a lei não define
qual o período de repouso noturno a ser considerado para a configuração do crime.
De todo modo, em primeiro lugar devemos dar atenção para uma ressalva importantíssima
prevista no tipo: salvo se capturado em flagrante delito ou se, devidamente assistido, consen-
tir em prestar declarações.
Tornar-se-ia inviável a atuação das autoridades policiais, em sede de flagrante delito, se a
lei vedasse a realização de interrogatório policial de forma absoluta durante a noite, haja vista
que uma boa parte dos flagrantes são realizados nesse período.
De todo modo, o problema se mantém na regra geral, posto que é complicado definir re-
pouso noturno para a aplicação do referido tipo.
Por exemplo: no caso do furto majorado pelo repouso noturno, doutrinadores como Da-
másio de Jesus e Rogério Sanches entendem que o critério é variável, consistindo no período
que as pessoas se recolhem, à noite, para descansar, de modo que o seu reconhecimento
dependerá do costume do local ou de foi praticada a conduta.
Entretanto, em sua mais recente obra comentando a Lei de Abuso de Autoridade, Rogério
Sanches (em conjunto com Rogério Greco), entenderam que, em razão da própria lei tipificar
como abuso de autoridade o cumprimento de mandado antes das 5h e após as 21h, a inter-
pretação sistêmica da lei requer que seja compreendido como repouso noturno o referido
período (21h as 5h).

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Atenção: Mais uma vez, trata-se de assunto novo, sem amplo debate envolvendo os demais
mestres de Direito Penal do país. Assim sendo, é importante asseverar que existirá discussão a
respeito do melhor critério a ser adotado para definição do referido repouso noturno.
Ademais, lembre-se que, em caso de flagrante delito, a referida limitação de horário NÃO
SE APLICA, por expressa previsão contida no tipo penal.
O sujeito ativo do delito é o agente público responsável pelo interrogatório.
O sujeito passivo principal ou imediato é o preso atingido pela conduta abusiva.
O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado.
A conduta admite apenas a forma dolosa, como os demais delitos em estudo, exigindo
ainda o elemento subjetivo especial previsto no art. 1º, §1º do diploma legal.
Art. 19º

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito


de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da
legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

No art. 19 temos a conduta daquele que impede, injustificadamente, o envio de pleito de


preso à autoridade judiciária para apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstân-
cias de sua custódia.
Na mesma esteira está a conduta equiparada do parágrafo único, o qual busca responsabi-
lizar o magistrado que deixa de tomar as providências necessárias para sanar o impedimento
ou a demora, seja no sentido de decretar uma medida ou no mínimo de enviar o pleito à autori-
dade competente (no caso incompetência):

Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora,
deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.

Primeiramente, note que em relação ao caput, há a previsão de que o impedimento ou re-


tardamento deve ser injustificado, do contrário, não se configura o delito.
Ademais, é importante notar que os sujeitos ativos irão variar. No caso da conduta do
caput, é o agente ou autoridade pública que impediu ou retardou o envio do referido pleito à
autoridade judiciária.
Já no caso do parágrafo único, o sujeito ativo é especificamente o magistrado.
Como de praxe, o sujeito passivo imediato é o preso, e o sujeito passivo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo também é o mesmo dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista na legislação em estudo (Art. 1º, §1º).

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Art. 20º

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada


do preso com seu advogado:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


Eis outro artigo que havia sido vetado pela Presidência da República e que acabou retor-
nando com a derrubada do veto pelo CN.
Aqui se pune aquele que age para impedir a entrevista pessoal e reservada do preso com
seu advogado. A lei é clara ao determinar que só configura o crime caso a referida ação seja
realizada sem justa causa.

Caso exista justa causa para impedir a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advo-
gado, não se configura o delito.

O direito de entrevista pessoal do preso com seu advogado está previsto em diversos ins-
titutos jurídicos, tais como o Pacto de San José da Costa Rica, a Lei de Execuções Penais e até
mesmo no Estatuto da OAB.
Nesse diapasão, é interessante verificar que os termos “pessoal e reservada” possuem sig-
nificados distintos. Por pessoal entende-se o direito de que o próprio preso, em pessoa, esteja
presente no ato. Por reservada entende-se a característica da entrevista que ocorre apenas na
presença do preso e de seu defensor.
• Conduta Equiparada

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de en-
trevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no
curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.

No parágrafo único o legislador demonstra uma preocupação especial: o de tutelar tanto o


direito de entrevista antes da audiência judicial quanto o direito de comunicação entre indiví-
duo e defensor durante a audiência.
Os sujeitos mais uma vez irão variar a depender da conduta.
Para o caput, o sujeito ativo é qualquer agente público que impedir o direito de entrevista,
sem justa causa.
Para o parágrafo único, a doutrina ainda debate quem é o agente público responsável no
caso concreto, pois o tipo penal é aberto (“quem impede o preso”). Analisando a quem compe-
te tal ato, entende Sanches que o sujeito ativo pode ser tanto o magistrado quanto o servidor
público lotado no estabelecimento em que o indivíduo está preso, no caso de videoconferência.

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Quanto ao sujeito passivo, entende-se que é qualquer indivíduo envolvido na referida priva-
ção (podendo se consubstanciar na figura do preso, do investigado, do réu solto e do defensor
ou advogado, a depender do caso).
O elemento subjetivo também é o mesmo dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista na legislação em estudo (Art. 1º, §1º).
Art. 21

Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou


espaço de confinamento:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Teve grande repercussão em 2007 o caso da garota de 15 anos que foi mantida presa em
uma cela com 20 homens. É claro que a legislação penal vigente, na figura da Lei de Execuções
Penais, prevê diversas situações em que a separação dos presos por determinado critério é
obrigatória (sendo a separação das mulheres uma dessas previsões).
Não obstante à existência da referida restrição legal, casos como o de 2007 ainda acabam
acontecendo, e certamente buscando reprimir esse tipo de acontecimento o legislador crimi-
nalizou a conduta através do artigo 21 do diploma legal em estudo.
O parágrafo único, por sua vez, trata da figura do adolescente:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei n. 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Há entendimento doutrinário no sentido de que a violação da regra de separação que resulta


também em sofrimento físico ou mental da pessoa custodiada pode resultar em crime de tor-
tura, a depender do caso concreto.

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Por exemplo, no caso narrado (ocorrido em 2007), foi justamente essa a tipificação recebi-
da pelo delito praticado (tortura).
O sujeito ativo do delito é o agente ou autoridade que determinar a manutenção de presos
de ambos os sexos em mesmo espaço ou cela. Assim, a doutrina entende que tanto a autori-
dade policial, o diretor de sistema prisional e até mesmo o magistrado podem figurar no polo
ativo da conduta.
Rogério Greco e Rogério Sanches (os primeiros a se manifestar sobre o tema) tem enten-
dido no sentido de que o sujeito passivo imediato são os presos submetidos à medida (tanto
homens quanto mulheres).
O sujeito passivo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo também é o mesmo dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista na legislação em estudo (Art. 1º, §1º).
Art. 22

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente,


ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas
dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Forma especial do delito de violação de domicílio previsto no Código Penal, a conduta do
artigo 22 da Lei 13.869/19 tipifica como abuso de autoridade invadir, adentrar e permanecer,
de forma clandestina, astuciosa ou à revelia da vontade do ocupante, em imóvel alheio sem
determinação judicial ou fora das condições legais.
Em primeiro lugar, precisamos diferenciar os verbos nucleares do tipo em estudo:
• Invadir: Ingresso ostensivo, violento;
• Adentrar: Ingresso sem violência;
• Permanecer: Comportamento negativo. Segundo a doutrina, só permanece quem entrou
licitamente, e se nega a sair.
• Condutas equiparadas

§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste


artigo, quem:

I – coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o


acesso a imóvel ou suas dependências;
• Coação para franquear o acesso

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Buscando mais uma vez proteger a inviolabilidade de domicílio, o legislador criminalizou


como abuso de autoridade condutas que não se enquadram no tipo penal do caput mas que
tem o condão de resultar no mesmo efeito.
Nesse sentido, incorre nas mesmas penas aquele que coage, mediante violência ou grave
ameaça, o indivíduo a franquear o acesso ao imóvel.
• Horário de cumprimento de mandado

III – cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).

Sem dúvidas o ponto mais complexo e controverso do artigo em questão, a conduta equi-
parada do inciso III determina ser abuso de autoridade o cumprimento de mandado de busca
e apreensão após às 21h ou antes das 5h.
Como sabemos, a regra constitucional sobre o tema é que a ordem judicial deve ser cum-
prida durante o dia, salvo se o morador concordar com sua realização à noite.
Sempre foi objeto de debate na doutrina o critério para determinar o que é “DIA” e assim
definir as balizas para o cumprimento do mandado judicial.
São dois os critérios conhecidos sobre o tema:
1) Critério CRONOLÓGICO: DIA é o horário compreendido entre 6h da manhã e 18h.
2) Critério FISICO-ASTRONOMICO: DIA é o espaço entre a aurora e o crepúsculo.
A doutrina, como sempre, diverge entre os critérios. Na jurisprudência, há manifestações
mais contundentes no sentido de que deve prevalecer o critério físico-astronômico, sendo dia
o espaço entre o nascimento e o pôr-do-sol.
Já não bastasse a complicação do assunto, o legislador nos brinda um critério totalmente
novo para configuração do abuso de autoridade, ao restringir a configuração do crime ao cum-
primento realizado antes das 5h e depois das 21h.
Não se sabe ainda como a doutrina se posicionará sobre o assunto. Há quem entenda que
a janela temporal alterou a sistemática atual, como Greco e Sanches. Nesse sentido, o mais
seguro é aguardar as manifestações dos tribunais e dos demais juristas do país.
O sujeito ativo é o agente ou autoridade que cumpre o mandado judicial na forma vedada
pelo tipo penal.
O sujeito passivo imediato é aquele que tem seu imóvel violado pela conduta. O sujeito
passivo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo também é o mesmo dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista na legislação em estudo (Art. 1º, §1º).
De certa forma sendo prolixo e repetindo a legislação já consolidada sobre o tema, o le-
gislador inseriu ainda o §2º, que trata das exceções de ingresso em domicílio em casos de
desastre, flagrante delito ou para prestar socorro:

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§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.

Art. 23

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de


investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou
de pessoa, com o fim de eximir se de responsabilidade ou
de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar lhe a
responsabilidade:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


A redação do tipo penal, “inovar artificiosamente” indica que o delito em questão é uma
modalidade especial do delito de fraude processual previsto no Código Penal, no entanto dire-
cionada ao agente público que, durante diligência, utiliza de meio enganoso para se eximir de
responsabilidade ou para responsabilizar ou agravar a responsabilidade de terceiro.
Mais uma vez é importante notar a abrangência do tipo. O termo diligência é amplo e
abrange diversos atos praticados no âmbito de investigações e processos diversos.
Ademais, como a inovação artificiosa é elementar do tipo, entende-se que deve ser capaz
de enganar, pois do contrário, não se configura o delito em estudo.
Há ainda a previsão do parágrafo único, na qual existem duas condutas equiparadas
distintas:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
I – eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligên-
cia;

Primeiramente temos a conduta equiparada daquele que, se excede durante o curso de


diligência regular, e inova artificiosamente para eximir-se de responsabilidade civil ou admi-
nistrativa.

II – omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o cur-
so da investigação, da diligência ou do processo.

Ademais, o inciso II apresenta a conduta daquele que omite dados ou os divulga incomple-
tos para desviar curso de investigação, diligência ou processo.

O art. 24, o qual estudaremos a seguir, apresenta uma modalidade especial da inovação arti-
ficiosa prevista no art. 23. Cuidado para que o examinador não te induza em erro elaborando
situações hipotéticas sobre o tema.

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O sujeito ativo da conduta é a autoridade pública que pratica a inovação artificiosa com a
finalidade prevista no tipo penal.
O sujeito passivo direto é a pessoa prejudicada pela inovação. O sujeito passivo indireto
é o estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir. Entretanto, no caso do art. 23, a finalidade especial foi
detalhada no próprio tipo penal, conforme já apresentamos anteriormente.
Art. 24

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário


ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a
admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com
o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua
apuração:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena


correspondente à violência.

De uma forma simplificada, a conduta do art. 24 consiste em remover de um determina-


do local de crime o cadáver de alguém, apresentando-o em seguida em instituição hospitalar
como se ainda fosse vítima viva, assim fraudando a apuração criminal através de uma chan-
cela hospitalar contaminada.
Trata-se, portanto, de modalidade especial do art. 23 supramencionado, atingindo de forma
específica a conduta do agente público que constrange, com violência ou grave ameaça, um
funcionário ou empregado de instituição hospitalar para que realize a referida admissão da
pessoa morta como se vítima viva fosse.

É necessário que o agente tenha ciência de que o indivíduo apresentado à instituição hospita-
lar já está morto. Se o agente público considera que a vítima ainda está viva, por erro, não se
configura o delito em estudo.

O sujeito ativo é o agente público que pratica a referida conduta.


O sujeito passivo ou imediato é o funcionário ou empregado da instituição hospitalar que
foi constrangido pela ação do agente público.
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O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,


acrescido da finalidade especial de agir. Entretanto, assim como ocorre com o art. 23, a finali-
dade especial foi detalhada no próprio tipo penal, conforme apresentado.
Art. 25

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de


investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


A conduta do art. 25 atinge o agente público que procede à obtenção de prova, em proce-
dimento de investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito.
Em primeiro plano, verifique que a conduta não se limita ao âmbito de investigações, mas
também à atividade de fiscalização.
Em outro giro, merece especial atenção o termo selecionado pelo legislador: meio mani-
festamente ilícito.
É preciso lembrar, para adequadamente interpretar o referido tipo penal, que prova ilegal é
gênero, do qual são espécies as provas ilícitas e provas ilegítimas:

Nesse sentido, o legislador cuidou da criminalização da conduta praticada em relação à


prova ilícita (aquela que viola princípios constitucionais) mas não em relação à prova ilegítima.
Ademais, é importante ressaltar que fazer uso da prova ilícita, com ciência dessa condi-
ção, é também conduta criminalizada nos termos do parágrafo único:

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.

Outro ponto que certamente irá gerar debate está na questão da prova ilícita por derivação.
Mais uma vez, a manifestação existente até o momento está na obra brilhantemente elaborada
por Greco e Sanches, na qual os doutrinadores se posicionam no sentido de que o uso de pro-
va derivada também está abrangido pelo tipo em comento, desde que o agente que a utiliza
tenha conhecimento dessa condição.
O sujeito ativo é o agente público que pratica a conduta.

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Em caso de ação penal privada, na qual o advogado do querelante utiliza prova ilícita, por
exemplo, não há falar especificamente no delito em estudo, posto que este não é agente públi-
co nos termos da legislação em estudo.

É o que ensina a doutrina existente até o momento.


O sujeito passivo ou imediato é a pessoa atingida pela conduta delituosa.
O sujeito passivo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no §1º do art. 1º da lei em estudo.
No caso da conduta equiparada, há um dolo específico ainda mais detalhado: a finalidade
de prejudicar investigado ou fiscalizado.
Art. 27

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento


investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de
alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


Outro tipo penal bastante confuso, o artigo 27 prevê a conduta daquele que requisita ou
instaura procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, à falta de qualquer
indício pertinente.
Assim sendo, são atingidas as autoridades competentes para requisitar ou para instaurar
efetivamente o procedimento.
O requisito essencial, note-se, é a falta de qualquer indício. Assim sendo, a instauração
ainda que diante de indícios mínimos não configurará o crime em estudo.
Ademais, o parágrafo único ressalta ainda não haver crime quando se tratar de instauração
de “sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada”:

Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.

O sujeito ativo do delito é o agente público que instaura ou requisita a instauração dos re-
feridos procedimentos.
O sujeito passivo imediato é a pessoa objeto da investigação em questão. O sujeito passi-
vo mediato é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista nas elementares do tipo em questão.

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Art. 28

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação


com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou
a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou
acusado:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Em 2016 teve enorme repercussão em nosso país a divulgação de uma gravação realizada,
em sede de interceptação telefônica, de telefonema realizado entre o ex-presidente Lula e a
então presidente Dilma sobre um suposto termo de posse.
Na ocasião, a referida conduta não possuía qualquer previsão na Lei de abuso de autori-
dade vigente (4.898/65), sendo que o fato foi discutido no âmbito da legislação penal vigente
bem como no âmbito correcional, pelo órgão responsável (CNJ).
No entanto, em 2019, a Lei 13.869/19 passa a contar com um delito específico de abuso de
autoridade por parte daquele que divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com
a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade, a vida privada ou ferindo a honra ou
imagem do investigado.
Não estou afirmando que a ideia para esse tipo penal surgiu do fato de 2016. Trata-se ape-
nas de uma curiosa coincidência.
Dito isso, o sujeito ativo da conduta será qualquer agente público a quem incumbe asse-
gurar o sigilo de determinada gravação: juízes, delegados, membros do MP, da Defensoria
Pública, entre outros.
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela conduta. O sujeito passivo indireto
é o Estado.

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O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,


acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo.
Art. 29

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial,


policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse
de investigado:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


O art. 29 tipifica a conduta daquele que presta informação falsa sobre procedimento ju-
dicial, policial, fiscal ou administrativo, com a finalidade específica de prejudicar interesse de
investigado.
Estamos diante de modalidade especial do delito de falsidade ideológica previsto no Có-
digo Penal.
O sujeito ativo da conduta será qualquer agente público que prestar a referida informação
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela conduta.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista próprio tipo penal (finalidade de prejudicar
interesse do investigado).
Art. 30

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou


administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem
sabe inocente:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


O art. 30 apresenta como abuso de autoridade a conduta daquele que dá início ou procede
à persecução penal, civil ou administrativa, sem justa causa fundamentada ou contra quem
sabe inocente.
Estamos diante de modalidade especial do delito inspirado no art. 339 do Código Penal
(denunciação caluniosa). Entretanto, a previsão é ainda mais abrangente, posto que no art. 339
CP há a exigência de que a imputação seja de crime.
Já no tipo penal do art. 30 da Lei 13.869/19, basta a instauração dos procedimentos em
questão “sem justa causa” ou contra pessoa que se sabe inocente.
Mais uma vez a técnica legislativa peca quanto à taxatividade: como definir o que é justa
causa para fins da criminalização da conduta?
Em tese o debate pode ser realizado de forma bastante ampla. Imagina-se ainda maior o
problema no caso concreto. Nesse sentido, Sanches e Greco levantam, já em sede doutrinária,
dúvidas sobre a constitucionalidade do dispositivo. No entanto, note que ainda não há ma-

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nifestação jurisprudencial sobre o tema, nem em sede de controle difuso, nem em sede de
controle concentrado de constitucionalidade.
O sujeito ativo da conduta será o agente público com atribuição para iniciar a referida per-
secução penal.
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela conduta.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo.
Art. 31

Art. 31. Estender injustificadamente a investigação,


procrastinando a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para


execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada,
procrastinando o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.
Mais uma tipificação confusa para a conta do legislador. O termo injustificadamente (pre-
visto no caput) e a expressão de forma imotivada prevista no parágrafo único são de difícil
definição, tornando o tipo bastante aberto.
Ademais, o fato de o parágrafo único utilizar a expressão “inexistindo prazo para execução
ou conclusão do procedimento” leva a crer que a conduta punida no caput é aquela da autori-
dade que extrapola o prazo legal para conclusão dos procedimentos.
Sobre isso, no entanto, devemos novamente aguardar os debates doutrinários que certa-
mente virão nos próximos meses.
A manifestação que já existe, no entanto, é no sentido de que o simples decurso do prazo
não deverá configurar o delito. Por exemplo, em casos de difícil elucidação os quais implicam
em atuação de maior complexidade por parte dos órgãos envolvidos na persecução penal, não
há falar na conduta do art. 31.
O sujeito ativo da conduta será o agente público com atribuição para conduzir os referidos
procedimentos.
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela conduta.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo. Mais
uma vez há ainda uma restrição excedente, consubstanciada no tipo penal (“finalidade de pre-
judicar interesse do investigado ou fiscalizado”).

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Art. 32

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso


aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado,
ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório
de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir
a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências
futuras, cujo sigilo seja imprescindível:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


No art. 32 há a tipificação de duas ações distintas: A negativa de acesso aos autos de in-
vestigação, ao TC, ao inquérito ou a outro procedimento investigatório, e a atuação no sentido
de impedir a obtenção de cópias.
O referido tipo penal guarda intrínseca relação com a Súmula Vinculante 14 do STF, a saber:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 14
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”

No mesmo sentido o Estatuto da OAB, ao tratar dos direitos do advogado:

Art. 7º São direitos do advogado:


XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procu-
ração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda
que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;

Logo, a violação aos direitos do advogado ou defensor, no sentido de obter acesso aos au-
tos dos procedimentos em questão, as quais antes encontravam amparo em remédios como
mandado de segurança e reclamação ao STF (e até mesmo em sede de HC, a depender do
risco para a liberdade do investigado) agora também encontra guarida na Lei de Abuso de
Autoridade.
Noutro giro, cabe chamar a sua atenção para a exceção prevista no caput:

[...]ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de


diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível[...]

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É sabido que no caso de diligências em curso, cuja ciência pela parte investigada pode pre-
judicar sua eficácia (v.g.: interceptação telefônica em andamento), os autos ficam apartados do
procedimento principal, não sendo entregues ao defensor enquanto durar a medida.
Tais autos, felizmente, continuam a integrar exceção à regra geral, como não poderia dei-
xar de ser.
O sujeito ativo da conduta será o agente público com atribuição para presidir o procedi-
mento sobre o qual se nega o referido acesso.
O sujeito passivo direto é a pessoa atingida pela recusa.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo.
Art. 33

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive


o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função


pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação
legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.
O art. 33 configura uma modalidade especial de constrangimento ilegal, na qual o agente
público exige informação ou cumprimento de obrigação sem expresso amparo legal.
Especial atenção deve se dar ao verbo escolhido pelo legislador: exigir. Da mesma forma
com que ocorre no delito de concussão, a exigência possui caráter de imposição, de ordem.
Consubstancia-se também o delito no caso do agente que utiliza sua condição de agente
público para eximir-se de obrigação legal ou obter vantagem ou privilégio indevido.
A conduta do parágrafo único, nos ensina a doutrina, é a famosa “carteirada”, na qual o
agente público se utiliza de sua condição para se eximir de obrigação ou para obter privilégios
em razão do cargo que ocupa.
Nunca é demais ressaltar que a referida conduta, prevista no parágrafo único, já era objeto
de severa reprimenda na esfera administrativa, pelos entes correcionais dos mais diversos ór-
gãos da administração pública. Ademais, a própria lei de improbidade prevê sanções aplicadas
à referida prática.
Nesse diapasão, a tipificação em questão com certeza será objeto de aprofundado debate
jurídico nos próximos meses. Mais uma vez, o tipo penal é aberto, e a análise de casos concre-
tos será necessária para tornar mais claros os cenários e situações que se coadunam ao tipo
penal em estudo.
O sujeito ativo da conduta será qualquer agente público.
O sujeito passivo direto é a pessoa constrangida pela referida ação.

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O sujeito passivo indireto é o Estado.


O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo.
No caso do parágrafo único, há também a finalidade específica de obter vantagem ou pri-
vilégio indevido, ou de se eximir de obrigação legal.
Art. 36

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de


ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente
o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de
corrigi-la:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

O art. 36 da legislação em estudo pune o magistrado que decretar, em processo judicial, a


indisponibilidade de ativos financeiros no termo previsto no tipo penal.
Como ocorreu em alguns outros crimes previstos na legislação em estudo, já existem algu-
mas manifestações no sentido de que o referido tipo penal seria inconstitucional, em razão do
termo “exacerbadamente”, que não apresenta a taxatividade que se espera do legislador em
sede de direito penal.
Por hora, é claro, o mais seguro é se ater ao texto de lei.
O sujeito ativo da conduta não é qualquer agente público, mas o juiz, haja vista a narrati-
va do tipo.
O sujeito passivo direto é a pessoa constrangida pela referida ação.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo.
Art. 37

Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de


processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o
intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


O art. 37 trata da conduta do agente público que demorar demasiadamente e injustificada-
mente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com a finali-
dade específica de procrastinar seu andamento ou retardar seu julgamento.
Mais uma vez, estamos diante de tipo penal polêmico, que com certeza será objeto de
debates sobre sua constitucionalidade, por conta do termo “demasiadamente”. Questiona a
doutrina: o que seria demorar demasiadamente?

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Novamente, por hora, o mais seguro é conhecer o tipo penal e acompanhar as manifesta-
ções judiciais e do magistério penal de nosso país.
O sujeito ativo da conduta é o agente público que pratica a ação definida no tipo.
O sujeito passivo direto é a pessoa prejudicada pela omissão e pela demora narradas
no art. 37.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
O elemento subjetivo se coaduna com o dos demais crimes: consubstancia-se no dolo,
acrescido da finalidade especial de agir prevista no art. 1º, §1º da legislação em estudo. Ade-
mais, há ainda a finalidade específica cumulativa de “procrastinar o processo ou retardar seu
julgamento”.
Art. 38

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de


comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
concluídas as apurações e formalizada a acusação:

Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


Mais um dispositivo legal que havia sido vetado pela Presidência e cujo veto foi derrubado
pelo CN, o art. 38 pune a conduta da autoridade responsável por investigações que antecipa
por meio de comunicação a atribuição de culpa antes de concluídas as apurações e formaliza-
da a acusação.
A doutrina existente se manifesta no sentido de que o que não é cabível é a atribuição de
culpa, sendo que a mera publicidade do indivíduo como suspeito não configura meio idôneo
de configuração do delito.
O sujeito ativo é a autoridade com atribuição para ser responsável pelas investigações.
O sujeito passivo direto é a pessoa prejudicada pela omissão e pela demora narradas
no art. 37.
O sujeito passivo indireto é o Estado.
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EXERCÍCIOS
Exercícios FGV

001. (FGV/2016/MPE-RJ/TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/ADMINISTRATIVA) Os cri-


mes contra as finanças públicas, trazidos pela Lei n. 10.028/2000, têm como um dos bens
jurídicos protegido a probidade administrativa, em especial relativamente às operações reali-
zadas no âmbito das finanças públicas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Com
relação a essas infrações e com as previsões do Código Penal, é correto afirmar que:
a) nenhum dos delitos previstos admite a modalidade tentada;
b) por serem crimes que atentam contra a probidade administrativa, não se admite a aplicação
de quaisquer dos institutos despenalizadores, independente da pena prevista;
c) são crimes impróprios, eis que somente praticados por funcionário com atribuição específica;
d) todos os delitos exigem conduta dolosa do agente, já que não previstas modalidades culposas;
e) todos os delitos são trazidos por normas classificadas pela doutrina como normas penais
em preto, já que necessitam de complementação.

002. (FGV/2015/TJ-PI/ANALISTA JUDICIÁRIO/ANALISTA JUDICIAL) O delito de ordenação


de despesa não autorizada (artigo 359-D do CP) é apenado com:
a) detenção;
b) reclusão;
c) multa;
d) detenção e multa;
e) reclusão e multa.

003. (FGV/2015/TCM-SP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO/CIÊNCIAS JURÍDICAS) Visando dar


concretude à Lei de Responsabilidade Fiscal, foi introduzido no Código Penal o artigo 359-D,
que prevê o crime de “ordenação de despesa não autorizada”.
Sobre esse tema, é correto afirmar que:
a) trata-se de crime próprio, logo nunca poderá ser praticado por particular, ainda que em con-
curso de agentes com o funcionário público;
b) trata-se de norma penal em branco, tendo em vista que independe de norma integradora
para sua integral compreensão e aplicação;
c) o crime se consuma quando o funcionário ordenar a despesa não autorizada em lei, ainda
que esta não venha efetivamente a ser realizada;
d) estará configurado o delito do artigo 359-D, CP, caso seja ordenada despesa não autorizada
em regulamento interno, ainda que omissa a lei sobre tal vedação;
e) de acordo com o Código Penal, admite-se a modalidade culposa do delito.

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004. (FGV/2015/TCE-RJ/AUDITOR SUBSTITUTO) Com relação aos crimes contra as finan-


ças públicas inseridos no Código Penal pela Lei n. 10.028/2000 (artigo 359-A/H), é correto
afirmar que:
a) admite-se, excepcionalmente, a forma culposa;
b) em razão de sua gravidade, não se admite a substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos;
c) a tentativa não é admitida em qualquer de suas hipóteses;
d) a suspensão condicional do processo não é cabível em qualquer de suas formas;
e) trata-se de crime próprio, eis que praticado por funcionário público que tenha atribuição le-
gal ou titular de mandato ou legislatura.

005. (FGV/2015/TJ-SC/ODONTÓLOGO) O Art. 359-D do Código Penal prevê o crime de Orde-


nação de despesa não autorizada, prevendo o preceito primário “ordenar despesa não autori-
zada por lei”.
Sobre tal delito, é correto afirmar que:
a) é norma penal em preto, já que a Lei de Responsabilidade Fiscal é utilizada para complemen-
tar o tipo;
b) admite a modalidade culposa de acordo com o Código Penal;
c) é classificado como crime de conduta omissiva;
d) consuma-se apenas quando é efetivada a despesa não autorizada por lei, não bastando a
simples ordenação;
e) é crime próprio, pois o sujeito ativo é o funcionário público competente para ordenar despesa.

006. (FGV/2015/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Douglas, funcionário público com


competência para ordenar a assunção de obrigação pela Administração, autorizou a realiza-
ção de despesa no primeiro quadrimestre do último ano da legislatura. Ocorre que a despesa
autorizada, apesar de prevista em lei, não poderia ser paga no mesmo exercício financeiro e
nem havia contrapartida suficiente em caixa para pagamento no exercício seguinte. Diante
dessa situação, é correto afirmar que Douglas:
a) praticou crime de ordenação de despesa não autorizada;
b) não pode ser considerado funcionário público para fins penais;
c) não praticou crime contra finanças públicas previsto no Código Penal;
d) praticou crime de assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura;
e) praticou crime de inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar.

007. (FGV/2018/MPE-AL/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/ÁREA JURÍDICA) Em seu


primeiro evento na faculdade, Rodrigo ingeriu, com a intenção de comemorar, grande quantida-
de de bebida alcoólica. Apesar de não ter intenção, a grande quantidade de álcool fez com que
ficasse embriagado e, em razão desse estado, acabou por iniciar discussão desnecessária e

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causar lesão corporal grave em José, ao desferir contra ele dois socos. Todas as informações
acima são confirmadas em procedimento de investigação criminal. Ao analisar as conclusões
do procedimento caberá ao Promotor de Justiça reconhecer
a) a ausência de culpabilidade do agente diante da situação de embriaguez culposa.
b) a ausência de culpabilidade do agente em razão da embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito, aplicando-se medida de segurança.
c) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, inclusive com presença da agravante da
embriaguez pré-ordenada.
d) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, pois a embriaguez foi culposa, não sendo
possível imputar a agravante da embriaguez pré-ordenada.
e) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, pois a embriaguez foi voluntária, não sendo
possível imputar a agravante da embriaguez pré-ordenada.

008. (FGV/2015/DPE-RO/ANALISTA DA DEFENSORIA PÚBLICA/ ANALISTA JURÍDICO) Jo-


ana foi para a festa de aniversário de sua melhor amiga em uma boate e, feliz pela comemo-
ração, passou a ingerir bebida alcoólica em quantidade exagerada. Ao final da festa, Joana
estava completamente alcoolizada, apesar de ela não ter tido intenção de ficar nesse estado.
Saindo da boate, deparou-se com sua inimiga Gabriela e, alterada pela bebida, jogou um copo
de vidro na cabeça desta, causando-lhe lesões graves. Diante dessa situação, considerando
apenas os fatos narrados e que esses foram provados, é correto afirmar que Joana:
a) deverá ser absolvida impropriamente, com aplicação de medida de segurança, pois estava
inimputável no momento dos fatos;
b) deverá ser condenada, pois houve embriaguez voluntária e apenas a embriaguez culposa
exclui a imputabilidade;
c) deverá ser condenada, pois a embriaguez culposa não exclui a imputabilidade;
d) deverá ser absolvida, pois houve embriaguez completa e decorrente de caso fortuito ou
força maior;
e) deverá ser absolvida por ausência de culpabilidade, sem aplicação de medida de segurança,
já que a inimputabilidade era apenas momentânea.

009. (FGV/2015/TCM-SP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO/CIÊNCIAS JURÍDICAS) Dois prefei-


tos de cidades vizinhas, Ricardo e Bruno, encontram-se em um bar, após uma reunião cansativa
de negócios. Ricardo bebia doses de whisky e, mesmo não sendo essa sua intenção, acabou
ficando embriagado. Enquanto isso, Bruno bebia apenas refrigerante, mas foi colocado em seu
copo um comprimido de substância psicotrópica por um eleitor de sua cidade, que também o
deixou completamente embriagado. Após, ainda alterados, cada um volta para a sede de sua
prefeitura e apropriam-se de bens públicos para proveito próprio.
Considerando o fato narrado, é correto afirmar que:
a) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez de ambos decorreu de força maior;

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b) Ricardo deverá responder pelo crime praticado, enquanto Bruno é isento de pena;
c) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a embriaguez nunca exclui
a imputabilidade penal;
d) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente perante a Câmara de
Vereadores;
e) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi culposa e do segun-
do decorreu de força maior.

010. (FGV/2014/MPE-RJ/ESTÁGIO FORENSE) Entende-se por culpabilidade:


a) a relação de contrariedade formal entre uma conduta típica e o ordenamento jurídico, tendo
como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a inexigibilidade de
conduta diversa;
b) a relação de contrariedade formal e material entre uma conduta típica e o ordenamento
jurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a inexi-
gibilidade de conduta diversa;
c) a adequação formal e material entre uma conduta dolosa e/ou culposa frente a uma norma
legal incriminadora, pressupondo-se ainda a sua prévia antijuridicidade;
d) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um fato
típico e antijurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitu-
de e a exigibilidade de conduta diversa;
e) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um
fato típico e ilícito, tendo como requisitos a imputabilidade, a consciência plena da ilicitude e a
inexigibilidade de conduta diversa.

011. (FGV/2017/TRT/12ª REGIÃO (SC)/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVA-


LIADOR FEDERAL) Oficial de Justiça ingressa em comunidade no interior do Estado de Santa
Catarina para realizar intimação de morador do local. Quando chega à rua, porém, depara-se
com a situação em que um inimputável em razão de doença mental está atacando com um
pedaço de madeira uma jovem de 22 anos que apenas caminhava pela localidade. Verificando
que a vida da jovem estava em risco e não havendo outra forma de protegê-la, pega um outro
pedaço de pau que estava no chão e desfere golpe no inimputável, causando lesão corporal de
natureza grave.
Com base apenas nas informações narradas, é correto afirmar que, de acordo com a doutrina
majoritária, a conduta do Oficial de Justiça:
a) não configura crime, em razão da atipicidade;
b) não configura crime, em razão do estado de necessidade;
c) configura crime, mas o resultado somente poderá ser imputado a título de culpa, em razão
do estado de necessidade;
d) não configura crime, em razão da legítima defesa;

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e) configura crime, tendo em vista que não havia direito próprio do Oficial de Justiça em risco
para ser protegido.

012. (FGV/2016/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XX/PRIMEIRA FASE) Miguel, com 27


anos de idade, pratica conjunção carnal com Maria, jovem saudável com 16 anos de idade, na
residência desta, que consente com o ato. Na mesma data e também na mesma residência,
a irmã de Maria, de nome Marta, com 18 anos, permite que seu namorado Alexandre quebre
todos os porta-retratos que estão com as fotos de seu ex-namorado.
O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Miguel pelo crime de estupro. Marta, após
o fim da relação, ofereceu queixa pela prática de dano por Alexandre.
Os réus contrataram o mesmo advogado, que deverá alegar que não foram praticados crimes,
pois, em relação às condutas de Miguel e Alexandre, respectivamente, estamos diante de
a) causa supralegal excludente da ilicitude e causa supralegal de excludente da culpabilidade.
b) causa excludente da tipicidade, em ambos os casos.
c) causa excludente da tipicidade e causa supralegal de excludente da ilicitude.
d) causa supralegal de excludente da ilicitude, em ambos os casos.

013. (FGV/2015/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XVI/PRIMEIRA FASE) Carlos e seu


filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e bastante escura, já de ma-
drugada, quando são surpreendidos com a vinda de um cão pitbull na direção deles. Quando
o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para
assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando
a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo
em sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a
falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão
contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada.
Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta situação jurídica de Carlos.
a) Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela morte
de Leandro.
b) Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém, pela morte
de Leandro.
c) Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro.
d) Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela
morte de Leandro.

014. (FGV/2013/SEGEP-MA/AGENTE PENITENCIÁRIO) Assinale a alternativa que apresenta


causas de excludente da ilicitude.
a) O estado de necessidade e a ausência de dolo.
b) A legítima defesa e o exercício regular de direito.

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c) A obediência hierárquica e o estrito cumprimento do dever legal.


d) A coação moral irresistível e a obediência hierárquica.
e) O consentimento do ofendido quando o dissenso da vítima faz parte do tipo, estado de ne-
cessidade e a legítima defesa.

015. (FGV/2018/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Durante uma tragédia causa-


da pela natureza, Júlio, que caminhava pela rua, é arrastado pela força do vento e acaba se
chocando com uma terceira pessoa, que, em razão do choque, cai de cabeça ao chão e vem
a falecer.
Sobre a consequência jurídica do ocorrido, é correto afirmar que:
a) a tipicidade do fato restou afastada por ausência de tipicidade formal, apesar de haver con-
duta por parte de Júlio;
b) a tipicidade do fato restou afastada, tendo em vista que não houve conduta penal por par-
te de Júlio;
c) o fato é típico, ilícito e culpável, mas Júlio será isento de pena em razão da ausência
de conduta;
d) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica e ilícita, não é culpável, devendo esse ser
absolvido;
e) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica, não é ilícita, devendo esse ser absolvido.

Exercícios Complementares

016. (INÉDITA/2022) No que se refere à teoria do crime, é possível asseverar a conduta é ação
ou comportamento de qualquer espécie, não necessariamente um comportamento humano.

017. (INÉDITA/2022) Ainda sobre a teoria do crime, é correto afirmar que não existe presun-
ção de ilicitude do fato típico. Assim sendo, apenas excepcionalmente é que a prática de fato
previsto na parte especial do Código Penal será considerada um ato ilícito.

018. (INÉDITA/2022) A respeito da culpabilidade, o Código Penal, para a maioria da doutrina,


adota a chamada teoria normativa pura

019. (INÉDITA/2022) Infração penal é gênero que, segundo a divisão tripartida, possui três
espécies: Crime, delito e contravenção. Este é o modelo adotado pelo Código Penal Brasileiro

020. (INÉDITA/2022) No que se refere às fases de realização do delito, não é possível, em


nenhum caso, a punição de atos preparatórios em nosso ordenamento jurídico.

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021. (INÉDITA/2022) José estava na fazenda de sua tia, dona Vitimilda. Enquanto descascava
uma laranja, acabou dormindo em uma rede na varanda. Vitimilda, determinada a pregar um
susto em José, corre para acordá-lo com um grito.
Ao acordar, José acaba se assustando muito com a brincadeira de Vitimilda, e em ato reflexo
acaba movimentando seu braço e cortando o pescoço de sua tia, que vem a falecer em razão
dos ferimentos.
Nessa situação, é correto afirmar que José praticou o delito de homicídio culposo, pois não
teve a intenção de matar.

022. (INÉDITA/2022) A legitima defesa putativa é aquela que ocorre quando o agente não se
encontra diante de verdadeira injusta agressão, mas acredita, em razão da situação de fato,
que está diante da justificante.

023. (INÉDITA/2022) A culpabilidade se constitui em verdadeiro juízo de reprovabilidade da


conduta do agente, e é composta, nos dizeres da doutrina majoritária, de três elementos: A
imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa.

024. (INÉDITA/2022) A embriaguez pré-ordenada (aquela na qual o agente se embriaga


para “criar coragem” de cometer o delito) é causa de redução de pena em nosso ordenamen-
to jurídico.

025. (INÉDITA/2022) Jhonny, agente do Detran, decide subtrair rodas aro 20’ de um veículo
apreendido no pátio do órgão público. Haja vista que as rodas do referido veículo não são pa-
trimônio público, não há que se falar no delito de peculato, mas sim no delito de furto comum.

026. (INÉDITA/2022) Se o funcionário público exige, para sim ou para outrem, em razão de
sua função, vantagem indevida, em tese configura-se o delito de concussão. Entretanto, segun-
do entendimento emanado pelo STJ, caso o delito seja praticado mediante violência ou grave
ameaça, a tipificação adequada é a de extorsão.

027. (INÉDITA/2022) Se o agente público retarda a prática de ato de ofício por sentimento
pessoal, em tese praticará o delito de prevaricação. Entretanto, caso pratique a mesma con-
duta cedendo a pedido ou influência de um terceiro, incorrerá no delito de corrupção passiva
privilegiada.

028. (INÉDITA/2022) Atualmente, todo delito de homicídio praticado contra mulher será en-
quadrado como feminicídio, independentemente da motivação do agente delitivo.

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029. (INÉDITA/2022) O chamado homicídio funcional pode ser praticado contra autoridade ou
agente dos incisos 142 e 144 da CF/88. Dessa forma, sempre que um agente delitivo praticar
um homicídio cuja vítima é Policial Civil do Distrito Federal, configurar-se-á a qualificadora.

030. (INÉDITA/2022) A prática do delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio é


passível de duplicação da pena caso o delito seja praticado por motivo egoístico.

031. (INÉDITA/2022) O aborto possui três previsões legais, contidas entre os artigos 124 e
126 do Código Penal. Dentre essas condutas, no entanto, o sujeito ativo é sempre o médico ou
responsável pela prática das manobras abortivas.

032. (CESPE/TER-BA-TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2010) A subtração


de energia elétrica pode tipificar o crime de furto.

033. (CESPE/PC-TO/DELEGADO DE POLÍCIA/2008) O roubo nada mais é do que um furto as-


sociado a outras figuras típicas, como as originárias do emprego de violência ou grave ameaça.

034. (CESPE/TER-BA/TÉCNICO JUDICIÁRIO/SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2010) Para que o


crime de extorsão seja consumado é necessário que o autor do delito obtenha a vantagem
indevida.Parte superior do formulário

035. (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/AUXILIAR/2012) Na madrugada de 20 de agos-


to de 2012, Francisco escalou o muro que cercava determinada residência e conseguiu entrar
na casa, onde anunciou o assalto aos moradores.
Francisco ameaçou cortar a garganta das vítimas com um caco de vidro, caso elas gritassem
por socorro ou tentassem chamar a polícia. Ele então amarrou as vítimas, explodiu o cofre
localizado no andar de cima da casa e subtraiu as joias que encontrou. Essas joias foram ven-
didas a Paulo, que desconhecia a origem do produto por ele adquirido.
Com base na situação hipotética apresentada, é correto afirmar que Francisco praticou o cri-
me de roubo.

036. (INÉDITA/2022) Sobre o inquérito policial, é correto afirmar que se trata de procedimento
dispensável, informativo, sigiloso e judicial, pois tramita sob supervisão da autoridade judici-
ária e do Ministério Público.

037. (INÉDITA/2022) Por força do Estatuto da OAB, tanto investigado quanto o seu defensor
possuem acesso integral aos autos do IP em andamento.

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038. (INÉDITA/2022) Por força de sua prerrogativa de titular da ação penal o Ministério Públi-
co possui diversas atribuições relacionadas ao inquérito policial, inclusive a de determinar à
autoridade policial que indicie o investigado em seu relatório final.
Tal prerrogativa denota a hierarquia existente entre o MP e a Polícia Judiciária.

039. (INÉDITA/2022) Via de regra, o inquérito policial será arquivado mediante pedido do
Membro do MP, por determinação da autoridade judiciária. Excepcionalmente, no entanto, po-
derá o Delegado de Polícia arquivar os autos de inquérito, como por exemplo nos casos em que
este identificar a presença de manifesta excludente de ilicitude.

040. (INÉDITA/2022) Uma vez arquivado o inquérito policial, é possível seu desarquivamento
caso se tenha notícia de novas provas. Tal situação, no entanto, não será possível caso o IP
tenha sido arquivado com base na atipicidade do fato.

041. (INÉDITA/2022) Via de regra, o IP que tramita na Justiça Estadual deverá ser finalizado
em 10 dias, no caso de investigado preso, e em 30 dias, no caso de investigado solto. Em am-
bos os casos é cabível a prorrogação.

042. (CESPE/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA/2013) Após a prisão em flagrante, a autoridade


policial deverá entregar ao preso a nota de culpa em até vinte e quatro horas, pois não é permi-
tido que alguém fique preso sem saber o motivo da prisão.

043. (CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA/2013) Mário foi surpreendido no momento em


que praticava crime de ação penal pública condicionada à representação. A partir dessa situa-
ção hipotética, julgue os itens a seguir.
A prisão em flagrante é ilegal, por ser vedada em caso de crimes que se submetem à ação pe-
nal pública condicionada. Nesse caso, para apurar a conduta de Mário, o delegado poderá, ex
officio, instaurar inquérito policial.

044. (CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA/2013) Na hipótese de ser o crime inafiançável,


Mário permanecerá preso durante toda a investigação criminal.

045. (CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA/2013) A nota de culpa deve ser entregue a Ma-


rio no momento da prisão em flagrante, sob pena de a autuação posterior tornar-se ilegal e
passível de livramento imediato por habeas corpus.

046. (CESPE/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2013) Após denúncia anônima, João foi


preso em flagrante pelo crime de moeda falsa quando fazia uso de notas de cem reais falsi-
ficadas. Ele confessou a autoria da falsificação, confirmada após a perícia. Com base nessa

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situação hipotética e nos conhecimentos específicos relativos ao direito processual penal, jul-
gue o item subsecutivo.
O delegado tem competência para arbitrar a fiança de João, visto que se trata de crime
afiançável.

047. (CESPE/MPU/ANALISTA/DIREITO/2013) Considerando que um servidor público tenha


sido preso em flagrante pela prática de peculato cometido em desfavor da Caixa Econômica
Federal, tendo sido o crime facilitado em razão da função exercida pelo referido servidor.
Julgue os itens a seguir, com base na legislação processual penal.
Ao receber o auto de prisão em flagrante do servidor, o juiz deverá converter a prisão em fla-
grante em preventiva e, então, se for o caso, deliberar pela aplicação de medidas cautelares
diversas da prisão, como a suspensão do exercício da função pública.

048. (CESPE/PRF/2019/CURSO DE FORMAÇÃO) Marcela e Pablo se conheceram em uma


festa e após conversarem, Pablo a chamou para ir à casa dele. Ao chegarem à casa, Marcela,
aproveitando-se da ida de Pablo ao banheiro, trancou-o lá dentro e foi embora levando consigo
a carteira, o telefone celular e um computador de Pablo. Ao ouvi-lo gritar, sua vizinha entrou
em contato com policiais do posto da PRF que fica próximo a sua residência, os quais se diri-
giram ao local. Ao chegarem, os policiais encontraram o documento de identidade de Marcela
e o documento de seu veículo. Irradiados os dados do veículo, Marcela foi abordada enquanto
dirigia em uma rodovia federal, tendo sido encontrados em sua posse os itens subtraídos de
Pablo. Marcela foi presa em flagrante por policiais rodoviários federais na mesma noite do
acontecimento.
Com base na situação hipotética precedente, julgue o item.
Como Marcela já havia saído da vigilância da vítima, a prisão dela foi ilegal, pois, no momento
em que foi abordada, não estava em situação de flagrância.

049. (CEBRASPE/TJAM/2019/ASSISTENTE) Acerca de prisão, medidas cautelares e liberda-


de provisória, julgue o item subsecutivo.
A prisão em flagrante do autor de crime de ação penal pública condicionada à representação
substitui a necessidade de manifestação do ofendido para instauração de inquérito policial.

050. (CEBRASPE/PRF/2019/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A entrada forçada em de-


terminado domicílio é lícita, mesmo sem mandado judicial e ainda que durante a noite, caso
esteja ocorrendo, dentro da casa, situação de flagrante delito nas modalidades próprio, impró-
prio ou ficto.

051. (CEBRASPE/PRF/2019/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Em decorrência de um ho-


micídio doloso praticado com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais foram co-

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municados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e
características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários federais em
um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais acredita-
vam estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreen-
dida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utilizada no crime.
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
Durante o procedimento de lavratura do auto de prisão em flagrante pela autoridade policial
competente, o policial rodoviário responsável pela prisão e condução do preso deverá ser ou-
vido logo após a oitiva das testemunhas e o interrogatório do preso.

052. (CEBRASPE/PRF/2019/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2019) Em decorrência de


um homicídio doloso praticado com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais fo-
ram comunicados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja
placa e características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários fe-
derais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais
acreditavam estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo,
foi apreendida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utiliza-
da no crime.
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
De acordo com a classificação doutrinária dominante, a situação configura hipótese de fla-
grante presumido ou ficto.

053. (CESPE/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA/2015) Conforme a teoria dos fru-


tos da árvore envenenada, adotada pelo Código de Processo Penal, a prova ilícita produzida no
processo criminal tem o condão de contaminar todas as provas dela decorrentes, devendo, en-
tretanto, ficar evidenciado o nexo de causalidade entre elas, considerando-se válidas, ademais,
as provas derivadas que possam ser obtidas por fonte independente da prova ilícita.

054. (CESPE/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) No caso de haver resistência do mora-


dor, permite-se o uso da força na busca domiciliar iniciada de dia e continuada à noite, com a
exibição de mandado judicial, devendo a diligência ser presenciada por duas testemunhas que
poderão atestar a sua regularidade.

055. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) A fim de evitar constrangimentos e garantir


os direitos da mulher, a legislação pertinente veta a realização de busca pessoal em mulher por
profissional do sexo masculino.

056. (CESPE/TER-GO-ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) Considerando que, em audiência de ins-


trução e julgamento à qual compareceu a mãe do acusado como testemunha de acusação

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arrolada pelo Ministério Público, a defesa tenha, imediatamente, suscitado questão de ordem
requerendo ao juiz que não tomasse seu depoimento por notório impedimento, julgue o próxi-
mo item conforme as normas previstas no Código de Processo Penal sobre provas.
Nessa situação, o juiz deve indeferir a questão de ordem suscitada pela defesa, mas deve
informar à mãe do réu que ela pode abster-se de depor e que, mesmo que tenha interesse em
prestar seu depoimento, não estará compromissada a dizer a verdade.

057. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Pedro, sem autorização judicial, inter-


ceptou uma ligação telefônica entre Marcelo e Ricardo. O conteúdo da conversa interceptada
constitui prova de que Pedro é inocente do delito de latrocínio do qual está sendo processado.
Nessa situação, embora a prova produzida seja manifestamente ilícita, em um juízo de propor-
cionalidade, destinando-se esta a absolver o réu, deve ser ela admitida, haja vista que o erro
judiciário deve ser a todo custo evitado.

058. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE/2014) No que se refere ao exame de corpo de de-


lito, julgue o item seguinte.
A autoridade providenciará que, em dia e hora previamente marcados, seja realizada a dili-
gência de exumação para exame cadavérico, devendo-se lavrar auto circunstanciado da sua
realização.

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GABARITO
1. d 37. E
2. b 38. E
3. c 39. E
4. e 40. C
5. e 41. C
6. c 42. C
7. d 43. E
8. c 44. E
9. b 45. E
10. d 46. E
11. d 47. E
12. c 48. E
13. c 49. E
14. b 50. C
15. b 51. E
16. E 52. C
17. E 53. C
18. C 54. C
19. E 55. E
20. E 56. C
21. E 57. C
22. C 58. C
23. C
24. E
25. E
26. C
27. C
28. E
29. E
30. C
31. E
32. C
33. C
34. E
35. C
36. E

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AULA ESSENCIAL 80/20
Direito Penal, Processual Penal e Legislação Extravagante
Douglas Vargas

GABARITO COMENTADO
Exercícios FGV

001. (FGV/2016/MPE-RJ/TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/ADMINISTRATIVA) Os cri-


mes contra as finanças públicas, trazidos pela Lei n. 10.028/2000, têm como um dos bens
jurídicos protegido a probidade administrativa, em especial relativamente às operações reali-
zadas no âmbito das finanças públicas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Com
relação a essas infrações e com as previsões do Código Penal, é correto afirmar que:
a) nenhum dos delitos previstos admite a modalidade tentada;
b) por serem crimes que atentam contra a probidade administrativa, não se admite a aplicação
de quaisquer dos institutos despenalizadores, independente da pena prevista;
c) são crimes impróprios, eis que somente praticados por funcionário com atribuição específica;
d) todos os delitos exigem conduta dolosa do agente, já que não previstas modalidades culposas;
e) todos os delitos são trazidos por normas classificadas pela doutrina como normas penais
em preto, já que necessitam de complementação.

Todos os delitos contra as finanças públicas incluídos no CP pela lei 10.028/2000 só admitem
a modalidade dolosa.
Letra d.

002. (FGV/2015/TJ-PI/ANALISTA JUDICIÁRIO/ANALISTA JUDICIAL) O delito de ordenação


de despesa não autorizada (artigo 359-D do CP) é apenado com:
a) detenção;
b) reclusão;
c) multa;
d) detenção e multa;
e) reclusão e multa.

Esse tipo de questão é absurdo, não beneficia o aluno estudioso, e exige que o candidato fique
decorando tipos de penas cominados a cada tipo de delito (o que é virtualmente impossível).
Mas, se os examinadores elaboram questões assim, temos que infelizmente lidar com elas.
O art. 359-D do CP, conforme estudamos, é apenado com reclusão, nos termos da lei.
Letra b.

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003. (FGV/2015/TCM-SP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO/CIÊNCIAS JURÍDICAS) Visando dar


concretude à Lei de Responsabilidade Fiscal, foi introduzido no Código Penal o artigo 359-D,
que prevê o crime de “ordenação de despesa não autorizada”.
Sobre esse tema, é correto afirmar que:
a) trata-se de crime próprio, logo nunca poderá ser praticado por particular, ainda que em con-
curso de agentes com o funcionário público;
b) trata-se de norma penal em branco, tendo em vista que independe de norma integradora
para sua integral compreensão e aplicação;
c) o crime se consuma quando o funcionário ordenar a despesa não autorizada em lei, ainda
que esta não venha efetivamente a ser realizada;
d) estará configurado o delito do artigo 359-D, CP, caso seja ordenada despesa não autorizada
em regulamento interno, ainda que omissa a lei sobre tal vedação;
e) de acordo com o Código Penal, admite-se a modalidade culposa do delito.

Conforme estudamos, o delito do art. 359-D se consuma com a mera ordenação da despesa –
sem que haja necessidade de sua efetiva realização.
Letra c.

004. (FGV/2015/TCE-RJ/AUDITOR SUBSTITUTO) Com relação aos crimes contra as finan-


ças públicas inseridos no Código Penal pela Lei n. 10.028/2000 (artigo 359-A/H), é correto
afirmar que:
a) admite-se, excepcionalmente, a forma culposa;
b) em razão de sua gravidade, não se admite a substituição da pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos;
c) a tentativa não é admitida em qualquer de suas hipóteses;
d) a suspensão condicional do processo não é cabível em qualquer de suas formas;
e) trata-se de crime próprio, eis que praticado por funcionário público que tenha atribuição le-
gal ou titular de mandato ou legislatura.

Efetivamente, todos os delitos previstos no CP entre os artigos 359-A e 359-H são crimes pró-
prios, praticáveis apenas pelo agente público com a atribuição legal para tal, ou por titular de
mandato ou legislatura, a depender do caso.
Letra e.

005. (FGV/2015/TJ-SC/ODONTÓLOGO) O Art. 359-D do Código Penal prevê o crime de Orde-


nação de despesa não autorizada, prevendo o preceito primário “ordenar despesa não autori-
zada por lei”.

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Sobre tal delito, é correto afirmar que:


a) é norma penal em preto, já que a Lei de Responsabilidade Fiscal é utilizada para complemen-
tar o tipo;
b) admite a modalidade culposa de acordo com o Código Penal;
c) é classificado como crime de conduta omissiva;
d) consuma-se apenas quando é efetivada a despesa não autorizada por lei, não bastando a
simples ordenação;
e) é crime próprio, pois o sujeito ativo é o funcionário público competente para ordenar despesa.

Assim como os demais delitos do capítulo, o delito do art. 359-D é sim crime próprio, praticável
apenas pelo funcionário público com atribuição legal para ordenar a despesa em questão.
Letra e.

006. (FGV/2015/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Douglas, funcionário público com


competência para ordenar a assunção de obrigação pela Administração, autorizou a realiza-
ção de despesa no primeiro quadrimestre do último ano da legislatura. Ocorre que a despesa
autorizada, apesar de prevista em lei, não poderia ser paga no mesmo exercício financeiro e
nem havia contrapartida suficiente em caixa para pagamento no exercício seguinte. Diante
dessa situação, é correto afirmar que Douglas:
a) praticou crime de ordenação de despesa não autorizada;
b) não pode ser considerado funcionário público para fins penais;
c) não praticou crime contra finanças públicas previsto no Código Penal;
d) praticou crime de assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura;
e) praticou crime de inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar.

Para que meu xará tivesse praticado o delito previsto no art. 359-C do CP, deveria ter praticado
a conduta nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura.
Como praticou a conduta no primeiro quadrimestre, não resta configura o delito contra finanças
públicas previsto no CP.
Letra c.

007. (FGV/2018/MPE-AL/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/ÁREA JURÍDICA) Em seu


primeiro evento na faculdade, Rodrigo ingeriu, com a intenção de comemorar, grande quantida-
de de bebida alcoólica. Apesar de não ter intenção, a grande quantidade de álcool fez com que
ficasse embriagado e, em razão desse estado, acabou por iniciar discussão desnecessária e
causar lesão corporal grave em José, ao desferir contra ele dois socos. Todas as informações

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acima são confirmadas em procedimento de investigação criminal. Ao analisar as conclusões


do procedimento caberá ao Promotor de Justiça reconhecer
a) a ausência de culpabilidade do agente diante da situação de embriaguez culposa.
b) a ausência de culpabilidade do agente em razão da embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito, aplicando-se medida de segurança.
c) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, inclusive com presença da agravante da
embriaguez pré-ordenada.
d) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, pois a embriaguez foi culposa, não sendo
possível imputar a agravante da embriaguez pré-ordenada.
e) a existência de conduta típica, ilícita e culpável, pois a embriaguez foi voluntária, não sendo
possível imputar a agravante da embriaguez pré-ordenada.

Vamos lá: Note que há fato típico e antijurídico na conduta de Rodrigo. Quanto a isso, não há dú-
vidas. O que precisamos então é de nos lembrar sobre o que estudamos quanto à embriaguez.
E conforme ressaltamos na aula de hoje, a embriaguez culposa não exclui a culpabilidade.
Por fim, não há que se falar em embriaguez preordenada (actio libera in causa), pois Rodrigo
não se embriagou para praticar o crime. Ele se embriagou com o objetivo de comemorar, o que
não configura a agravante em questão.
Letra d.

008. (FGV/2015/DPE-RO/ANALISTA DA DEFENSORIA PÚBLICA/ ANALISTA JURÍDICO) Jo-


ana foi para a festa de aniversário de sua melhor amiga em uma boate e, feliz pela comemo-
ração, passou a ingerir bebida alcoólica em quantidade exagerada. Ao final da festa, Joana
estava completamente alcoolizada, apesar de ela não ter tido intenção de ficar nesse estado.
Saindo da boate, deparou-se com sua inimiga Gabriela e, alterada pela bebida, jogou um copo
de vidro na cabeça desta, causando-lhe lesões graves. Diante dessa situação, considerando
apenas os fatos narrados e que esses foram provados, é correto afirmar que Joana:
a) deverá ser absolvida impropriamente, com aplicação de medida de segurança, pois estava
inimputável no momento dos fatos;
b) deverá ser condenada, pois houve embriaguez voluntária e apenas a embriaguez culposa
exclui a imputabilidade;
c) deverá ser condenada, pois a embriaguez culposa não exclui a imputabilidade;
d) deverá ser absolvida, pois houve embriaguez completa e decorrente de caso fortuito ou
força maior;
e) deverá ser absolvida por ausência de culpabilidade, sem aplicação de medida de segurança,
já que a inimputabilidade era apenas momentânea.

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Questão com longa narrativa, mas que na verdade requer que você se lembre apenas de que a
embriaguez culposa não tem o condão de excluir a imputabilidade do autor.
Letra c.

009. (FGV/2015/TCM-SP/AGENTE DE FISCALIZAÇÃO/CIÊNCIAS JURÍDICAS) Dois prefei-


tos de cidades vizinhas, Ricardo e Bruno, encontram-se em um bar, após uma reunião cansativa
de negócios. Ricardo bebia doses de whisky e, mesmo não sendo essa sua intenção, acabou
ficando embriagado. Enquanto isso, Bruno bebia apenas refrigerante, mas foi colocado em seu
copo um comprimido de substância psicotrópica por um eleitor de sua cidade, que também o
deixou completamente embriagado. Após, ainda alterados, cada um volta para a sede de sua
prefeitura e apropriam-se de bens públicos para proveito próprio.
Considerando o fato narrado, é correto afirmar que:
a) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez de ambos decorreu de força maior;
b) Ricardo deverá responder pelo crime praticado, enquanto Bruno é isento de pena;
c) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a embriaguez nunca exclui
a imputabilidade penal;
d) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente perante a Câmara de
Vereadores;
e) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi culposa e do segun-
do decorreu de força maior.

Quanto à Ricardo, não restam dúvidas: Sua embriaguez é culposa, e não tem o condão de afas-
tar sua imputabilidade. Mas já no caso de Bruno (que estava apenas bebendo refrigerante e
foi alvo de uma má conduta de um eleitor), pode-se determinar que sua embriaguez se deu em
razão de caso fortuito, motivo pelo qual este ficará isento de pena.
Letra b.

010. (FGV/2014/MPE-RJ/ESTÁGIO FORENSE) Entende-se por culpabilidade:


a) a relação de contrariedade formal entre uma conduta típica e o ordenamento jurídico, tendo
como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a inexigibilidade de
conduta diversa;
b) a relação de contrariedade formal e material entre uma conduta típica e o ordenamento
jurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a inexi-
gibilidade de conduta diversa;
c) a adequação formal e material entre uma conduta dolosa e/ou culposa frente a uma norma
legal incriminadora, pressupondo-se ainda a sua prévia antijuridicidade;

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d) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um fato
típico e antijurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitu-
de e a exigibilidade de conduta diversa;
e) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que pratica um
fato típico e ilícito, tendo como requisitos a imputabilidade, a consciência plena da ilicitude e a
inexigibilidade de conduta diversa.

Conforme estudamos, a culpabilidade constitui juízo de reprovação da conduta exercido sobre


determinada atitude de alguém, sendo que tal juízo é constituído por três elementos: imputabi-
lidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
Letra d.

011. (FGV/2017/TRT/12ª REGIÃO (SC)/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVA-


LIADOR FEDERAL) Oficial de Justiça ingressa em comunidade no interior do Estado de Santa
Catarina para realizar intimação de morador do local. Quando chega à rua, porém, depara-se
com a situação em que um inimputável em razão de doença mental está atacando com um
pedaço de madeira uma jovem de 22 anos que apenas caminhava pela localidade. Verificando
que a vida da jovem estava em risco e não havendo outra forma de protegê-la, pega um outro
pedaço de pau que estava no chão e desfere golpe no inimputável, causando lesão corporal de
natureza grave.
Com base apenas nas informações narradas, é correto afirmar que, de acordo com a doutrina
majoritária, a conduta do Oficial de Justiça:
a) não configura crime, em razão da atipicidade;
b) não configura crime, em razão do estado de necessidade;
c) configura crime, mas o resultado somente poderá ser imputado a título de culpa, em razão
do estado de necessidade;
d) não configura crime, em razão da legítima defesa;
e) configura crime, tendo em vista que não havia direito próprio do Oficial de Justiça em risco
para ser protegido.

Não deixe o examinador te distrair tratando da inimputabilidade do indivíduo agressor.


Existe agressão, humana e voluntária, contra a vítima de 22 anos. O Oficial de Justiça agiu para
proteger terceiro de agressão atual ou iminente, e usou dos meios necessários para tanto.
Trata-se de caso de legitima defesa de terceiro, nos termos da assertiva D.
Letra d.

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012. (FGV/2016/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XX/PRIMEIRA FASE) Miguel, com 27


anos de idade, pratica conjunção carnal com Maria, jovem saudável com 16 anos de idade, na
residência desta, que consente com o ato. Na mesma data e também na mesma residência,
a irmã de Maria, de nome Marta, com 18 anos, permite que seu namorado Alexandre quebre
todos os porta-retratos que estão com as fotos de seu ex-namorado.
O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Miguel pelo crime de estupro. Marta, após
o fim da relação, ofereceu queixa pela prática de dano por Alexandre.
Os réus contrataram o mesmo advogado, que deverá alegar que não foram praticados crimes,
pois, em relação às condutas de Miguel e Alexandre, respectivamente, estamos diante de
a) causa supralegal excludente da ilicitude e causa supralegal de excludente da culpabilidade.
b) causa excludente da tipicidade, em ambos os casos.
c) causa excludente da tipicidade e causa supralegal de excludente da ilicitude.
d) causa supralegal de excludente da ilicitude, em ambos os casos.

Conforme estudamos, quando o dissentimento da vítima integra a descrição do tipo penal, a


prova de seu consentimento irá ser causa de exclusão da tipicidade. Já no caso em que o dis-
sentimento não integra o tipo penal, o consentimento poderá configurar causa supralegal de
excludente da ilicitude, desde que presentes todos os requisitos para tal.
Nesse sentido, temos que a conduta de Miguel não será típica (pois o art. 213 do CP contém o
dissentimento da vítima em seu tipo penal). Já no caso de Alexandre, o crime de dano por ele
praticado pode ser objeto da aplicação do consentimento como causa supralegal de exclusão
da ilicitude – motivo pelo qual a assertiva C está correta.
Letra c.

013. (FGV/2015/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO/XVI/PRIMEIRA FASE) Carlos e seu


filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e bastante escura, já de ma-
drugada, quando são surpreendidos com a vinda de um cão pitbull na direção deles. Quando
o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para
assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando
a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo
em sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a
falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão
contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada.
Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta situação jurídica de Carlos.
a) Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela morte
de Leandro.
b) Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém, pela morte
de Leandro.

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c) Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro.
d) Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela
morte de Leandro.

Conforme estudamos, a chave para diferenciar a legítima defesa e o estado de necessidade


está em identificar uma agressão humana.
O referido pitbull não foi ordenado por ninguém a atacar a criança. Dessa forma, não há condu-
ta humana, o que descaracteriza a possibilidade de legítima defesa.
De fato, independentemente do resultado trágico (a morte de Leandro), a conduta de Carlos foi
perfeitamente lícita e tinha como objetivo proteger a vida de seu filho contra perigo ATUAL e
em situação cujo sacrifício não era razoável exigir-se. Assim, estamos diante de um caso claro
de estado de necessidade.
Letra c.

014. (FGV/2013/SEGEP-MA/AGENTE PENITENCIÁRIO) Assinale a alternativa que apresenta


causas de excludente da ilicitude.
a) O estado de necessidade e a ausência de dolo.
b) A legítima defesa e o exercício regular de direito.
c) A obediência hierárquica e o estrito cumprimento do dever legal.
d) A coação moral irresistível e a obediência hierárquica.
e) O consentimento do ofendido quando o dissenso da vítima faz parte do tipo, estado de ne-
cessidade e a legítima defesa.

Eis uma questão mais simples: basta lembrar que o rol de excludentes de ilicitude é taxativo,
e possui apenas quatro espécies. Dentre elas, conforme estudamos, estão a legítima defesa e
o exercício regular de direito.
Letra b.

015. (FGV/2018/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR) Durante uma tragédia causa-


da pela natureza, Júlio, que caminhava pela rua, é arrastado pela força do vento e acaba se
chocando com uma terceira pessoa, que, em razão do choque, cai de cabeça ao chão e vem
a falecer.
Sobre a consequência jurídica do ocorrido, é correto afirmar que:
a) a tipicidade do fato restou afastada por ausência de tipicidade formal, apesar de haver con-
duta por parte de Júlio;
b) a tipicidade do fato restou afastada, tendo em vista que não houve conduta penal por par-
te de Júlio;

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c) o fato é típico, ilícito e culpável, mas Júlio será isento de pena em razão da ausência
de conduta;
d) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica e ilícita, não é culpável, devendo esse ser
absolvido;
e) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica, não é ilícita, devendo esse ser absolvido.

a) Errada. Não há de se falar em conduta por parte de Júlio, faltou-lhe a voluntariedade.


b) Certa. O que houve foi uma ação da natureza causando o choque, por acidente. E nesse sen-
tido, assim como em um ato reflexo, não pode haver crime, por ausência de conduta.
c) Errada. Não haverá fato típico e por consequência, não há crime.
d) Errada. Júlio não praticou conduta. Logo, fato atípico.
e) Errada. Lembram-se quando eu disse para iniciar a análise sempre buscando uma conduta
humana, voluntária e consciente? Esse raciocínio se aplica nesse caso.
Letra b.

Exercícios Complementares

016. (INÉDITA/2022) No que se refere à teoria do crime, é possível asseverar a conduta é ação
ou comportamento de qualquer espécie, não necessariamente um comportamento humano.

Na verdade, a conduta é uma ação ou comportamento humano. De outro modo, não há que se
falar em crime. É por esse motivo que um animal (como um cão) não comete crime – pois há
ataque, e não agressão. Lhe falta o fator humano para que se possa falar em conduta!
Errado.

017. (INÉDITA/2022) Ainda sobre a teoria do crime, é correto afirmar que não existe presun-
ção de ilicitude do fato típico. Assim sendo, apenas excepcionalmente é que a prática de fato
previsto na parte especial do Código Penal será considerada um ato ilícito.

Na verdade, a regra é que a ilicitude é presumida. Se o fato é típico, em regra será também an-
tijurídico (ilícito), e apenas excepcionalmente (na presença de alguma excludente) é que não
haverá ilegalidade ou antijuridicidade.
Errado.

018. (INÉDITA/2022) A respeito da culpabilidade, o Código Penal, para a maioria da doutrina,


adota a chamada teoria normativa pura

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Exatamente! Embora existam algumas divergências, prevalece na doutrina que o CP adotou


expressamente a teoria normativa pura na conceituação da culpabilidade.
Certo.

019. (INÉDITA/2022) Infração penal é gênero que, segundo a divisão tripartida, possui três
espécies: Crime, delito e contravenção. Este é o modelo adotado pelo Código Penal Brasileiro

De forma alguma. Não confunda a teoria tripartida sobre o conceito analítico de crime (como
fato típico, antijurídico e culpável) adotado pelo CP com a divisão tripartida da infração penal
(a qual não é adotada pelo nosso ordenamento jurídico.
No Brasil, adotamos a divisão bipartida, na qual crime é sinônimo de delito, e a infração penal
se divide apenas entre crimes e contravenções.
Errado.

020. (INÉDITA/2022) No que se refere às fases de realização do delito, não é possível, em


nenhum caso, a punição de atos preparatórios em nosso ordenamento jurídico.

Muito embora em regra seja impossível realizar a punição de atos preparatórios para a prática
de uma infração criminal, é preciso lembrar da exceção: nos casos em que os atos preparató-
rios constituem crime autônomo (como no caso do porte ilegal de arma de fogo) existe possi-
bilidade de punição.
Errado.

021. (INÉDITA/2022) José estava na fazenda de sua tia, dona Vitimilda. Enquanto descascava
uma laranja, acabou dormindo em uma rede na varanda. Vitimilda, determinada a pregar um
susto em José, corre para acordá-lo com um grito.
Ao acordar, José acaba se assustando muito com a brincadeira de Vitimilda, e em ato reflexo
acaba movimentando seu braço e cortando o pescoço de sua tia, que vem a falecer em razão
dos ferimentos.
Nessa situação, é correto afirmar que José praticou o delito de homicídio culposo, pois não
teve a intenção de matar.

Na situação hipotética narrada não há CONDUTA por parte de José (que acabou praticando o
delito em um ato reflexo, involuntário). Assim sendo, não há que se falar em crime de homicí-
dio, mesmo na modalidade culposa.
Errado.

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022. (INÉDITA/2022) A legitima defesa putativa é aquela que ocorre quando o agente não se
encontra diante de verdadeira injusta agressão, mas acredita, em razão da situação de fato,
que está diante da justificante.

Exatamente! A diferença entre a legitima defesa real e a legitima defesa putativa está na exis-
tência da injusta agressão, sendo que no caso da descriminante putativa, o agente acredita
que está sendo agredido, quando na verdade, não está.
Certo.

023. (INÉDITA/2022) A culpabilidade se constitui em verdadeiro juízo de reprovabilidade da


conduta do agente, e é composta, nos dizeres da doutrina majoritária, de três elementos: A
imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa.

De fato, o conceito de culpabilidade relaciona-se diretamente com o juízo de reprovabilidade da


conduta do agente. Os elementos narrados pela assertiva são efetivamente os que compõem
o conceito de culpabilidade.
Certo.

024. (INÉDITA/2022) A embriaguez pré-ordenada (aquela na qual o agente se embriaga


para “criar coragem” de cometer o delito) é causa de redução de pena em nosso ordenamen-
to jurídico.

Pelo contrário! A chamada actio libera in causa aumenta a reprovabilidade do agente, que aca-
ba tendo sua pena agravada em razão da embriaguez!
Errado.

025. (INÉDITA/2022) Jhonny, agente do Detran, decide subtrair rodas aro 20’ de um veículo
apreendido no pátio do órgão público. Haja vista que as rodas do referido veículo não são pa-
trimônio público, não há que se falar no delito de peculato, mas sim no delito de furto comum.

Uma vez que Jhonny utilizou de sua qualidade de funcionário público para subtrair as rodas do
veículo apreendido, está configurado o delito de peculato. A natureza do objeto subtraído (se
bem público ou particular) é irrelevante para a configuração do tipo penal.
Errado.

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026. (INÉDITA/2022) Se o funcionário público exige, para sim ou para outrem, em razão de
sua função, vantagem indevida, em tese configura-se o delito de concussão. Entretanto, segun-
do entendimento emanado pelo STJ, caso o delito seja praticado mediante violência ou grave
ameaça, a tipificação adequada é a de extorsão.

Efetivamente, existe entendimento jurisprudencial do STJ no sentido de que, se o agente públi-


co exigir vantagem mediante ameaça ou violência configura-se o delito de extorsão, e não o de
concussão previsto no art. 316 do CP.
Certo.

027. (INÉDITA/2022) Se o agente público retarda a prática de ato de ofício por sentimento
pessoal, em tese praticará o delito de prevaricação. Entretanto, caso pratique a mesma con-
duta cedendo a pedido ou influência de um terceiro, incorrerá no delito de corrupção passiva
privilegiada.

Exatamente isso. A motivação do agente ao retardar ou deixar de praticar ato de ofício (infrin-
gindo seu dever funcional) é elemento constitutivo do tipo penal. Assim sendo, se a motiva-
ção foi interesse ou sentimento pessoal ocorrerá o delito de prevaricação, enquanto que se
a motivação for um pedido ou influência de outrem, configura-se o delito de corrupção ativa
privilegiada.
Certo.

028. (INÉDITA/2022) Atualmente, todo delito de homicídio praticado contra mulher será en-
quadrado como feminicídio, independentemente da motivação do agente delitivo.

Muito cuidado. Na verdade, para que o homicídio seja caracterizado como feminicídio é neces-
sário que seja praticado contra mulher em razão da condição de sexo feminino. Assim sendo,
nem todo caso irá configurar a qualificadora em questão.
Errado.

029. (INÉDITA/2022) O chamado homicídio funcional pode ser praticado contra autoridade ou
agente dos incisos 142 e 144 da CF/88. Dessa forma, sempre que um agente delitivo praticar
um homicídio cuja vítima é Policial Civil do Distrito Federal, configurar-se-á a qualificadora.

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Muito embora os Policiais Civis do DF incluam-se no rol de agentes públicos do art. 144 da
CF/88, a configuração da qualificadora do homicídio funcional depende da prática do delito em
razão da função ocupada pela vítima ou contra a vítima no exercício de sua função.
Errado.

030. (INÉDITA/2022) A prática do delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio é


passível de duplicação da pena caso o delito seja praticado por motivo egoístico.

De fato, essa é a previsão expressa contida no Código Penal. Outra hipótese de duplicação da
pena seria no caso de vítima menor (de 14 a 17 anos) ou de reduzida capacidade de resistência.
Certo.

031. (INÉDITA/2022) O aborto possui três previsões legais, contidas entre os artigos 124 e
126 do Código Penal. Dentre essas condutas, no entanto, o sujeito ativo é sempre o médico ou
responsável pela prática das manobras abortivas.

Na verdade, a conduta prevista no art. 124 do Código Penal tem como sujeito ativo a gestante,
a qual provoca o próprio aborto ou consente que um terceiro pratique as manobras abortivas.
Errado.

032. (CESPE/TER-BA-TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2010) A subtração


de energia elétrica pode tipificar o crime de furto.

Com certeza. Há expressa previsão legal nesse sentido:

Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Certo.

033. (CESPE/PC-TO/DELEGADO DE POLÍCIA/2008) O roubo nada mais é do que um furto as-


sociado a outras figuras típicas, como as originárias do emprego de violência ou grave ameaça.

Isso mesmo!

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Tal relação se dá por força do princípio da subsidiariedade. Algumas condutas consideradas


menos graves são subsidiárias de condutas mais graves (como é o caso do roubo, cujas ele-
mentares envolvem o furto e delitos como o constrangimento ilegal ou o de ameaça)
Certo.

034. (CESPE/TER-BA/TÉCNICO JUDICIÁRIO/SEGURANÇA JUDICIÁRIA/2010) Para que o


crime de extorsão seja consumado é necessário que o autor do delito obtenha a vantagem
indevida.Parte superior do formulário

Negativo! O delito de extorsão é classificado como FORMAL, e se consuma com a mera exigên-
cia da vantagem indevida. Recebê-la ou não é mero exaurimento – o delito já estará consumado!
Errado.

035. (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO/AUXILIAR/2012) Na madrugada de 20 de agos-


to de 2012, Francisco escalou o muro que cercava determinada residência e conseguiu entrar
na casa, onde anunciou o assalto aos moradores.
Francisco ameaçou cortar a garganta das vítimas com um caco de vidro, caso elas gritassem
por socorro ou tentassem chamar a polícia. Ele então amarrou as vítimas, explodiu o cofre
localizado no andar de cima da casa e subtraiu as joias que encontrou. Essas joias foram ven-
didas a Paulo, que desconhecia a origem do produto por ele adquirido.
Com base na situação hipotética apresentada, é correto afirmar que Francisco praticou o cri-
me de roubo.

Com certeza. Francisco subtraiu, mediante violência ou grave ameaça, coisa alheia móvel. Inci-
diu, portanto, no crime de roubo. Se é qualificado ou não, é outra história – e como o examinador
não especificou que “Francisco praticou o delito de roubo SIMPLES”, a assertiva está correta.

Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Certo.

036. (INÉDITA/2022) Sobre o inquérito policial, é correto afirmar que se trata de procedimento
dispensável, informativo, sigiloso e judicial, pois tramita sob supervisão da autoridade judici-
ária e do Ministério Público.

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A assertiva estava indo bem ao caracterizar o inquérito policial, no entanto há um erro grave:
O IP é um procedimento administrativo, e não judicial, como afirma o item. Questão incorreta.
Errado.

037. (INÉDITA/2022) Por força do Estatuto da OAB, tanto investigado quanto o seu defensor
possuem acesso integral aos autos do IP em andamento.

Em primeiro lugar, quem possui a prerrogativa de acesso aos autos do IP é o defensor (e não o
investigado). Ademais, o acesso garantido ao defensor sofre uma única limitação: diligências
em andamento que possam vir a ser prejudicadas.
É o caso, por exemplo, de uma interceptação telefônica em andamento. Se o defensor tomar
ciência da medida, sua eficácia poderá ser amplamente prejudicada – motivo pelo qual o de-
fensor não terá acesso a essa informação enquanto não for finalizada a interceptação.
Errado.

038. (INÉDITA/2022) Por força de sua prerrogativa de titular da ação penal o Ministério Públi-
co possui diversas atribuições relacionadas ao inquérito policial, inclusive a de determinar à
autoridade policial que indicie o investigado em seu relatório final.
Tal prerrogativa denota a hierarquia existente entre o MP e a Polícia Judiciária.

De forma alguma. Em primeiro lugar, o indiciamento é ato privativo da autoridade policial. Ade-
mais, não há que se falar em hierarquia entre MP e Polícia Judiciária.
Lembre-se, no entanto, de que o indiciamento não vincula o órgão do Ministério Público.
Errado.

039. (INÉDITA/2022) Via de regra, o inquérito policial será arquivado mediante pedido do
Membro do MP, por determinação da autoridade judiciária. Excepcionalmente, no entanto, po-
derá o Delegado de Polícia arquivar os autos de inquérito, como por exemplo nos casos em que
este identificar a presença de manifesta excludente de ilicitude.

A Autoridade Policial não pode mandar arquivar os autos de inquérito em hipótese alguma.
Essa regra não comporta exceção – não importa o que a assertiva faça para te convencer do
contrário!

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Ademais, o pacote anticrimes mudou a dinâmica de arquivamento retirando do juiz a participa-


ção no ato do arquivamento do IP (lembrando que por hora a nova redação da norma do art. 28
está suspensa temporariamente pelo STF, assim como ocorre com o art. 3-ºA).
Errado.

040. (INÉDITA/2022) Uma vez arquivado o inquérito policial, é possível seu desarquivamento
caso se tenha notícia de novas provas. Tal situação, no entanto, não será possível caso o IP
tenha sido arquivado com base na atipicidade do fato.

Exatamente. Se o IP foi arquivado por atipicidade do fato, a notícia de novas provas se torna
irrelevante (o fato continuará sendo atípico). Assim sendo, o STF entende que mesmo com o
surgimento de novas provas, o IP não poderá ser desarquivado (nesse caso).
Certo.

041. (INÉDITA/2022) Via de regra, o IP que tramita na Justiça Estadual deverá ser finalizado
em 10 dias, no caso de investigado preso, e em 30 dias, no caso de investigado solto. Em am-
bos os casos é cabível a prorrogação.

Exatamente! Esses prazos DESPENCAM em provas de concursos, e recomenda-se a leitura da


tabela contida nesse resumo por DIVERSAS VEZES! Lembre-se ainda que a possibilidade de
prorrogação do IP com investigado preso surgiu com o pacote anticrimes.
Certo.

042. (CESPE/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA/2013) Após a prisão em flagrante, a autoridade


policial deverá entregar ao preso a nota de culpa em até vinte e quatro horas, pois não é permi-
tido que alguém fique preso sem saber o motivo da prisão.

Exatamente! É o que prevê o art. 306 do CPP:

Art. 306. Dentro em 24 (vinte e quatro) horas depois da prisão, será dada ao preso nota de culpa
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Certo.

043. (CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA/2013) Mário foi surpreendido no momento em


que praticava crime de ação penal pública condicionada à representação. A partir dessa situa-
ção hipotética, julgue os itens a seguir.

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A prisão em flagrante é ilegal, por ser vedada em caso de crimes que se submetem à ação pe-
nal pública condicionada. Nesse caso, para apurar a conduta de Mário, o delegado poderá, ex
officio, instaurar inquérito policial.

Nada disso! A prisão em flagrante só não será possível se a vítima não comparecer à delega-
cia. Se a vítima estiver presente e informar a autoridade policial que quer representar, o auto de
prisão em flagrante será lavrado normalmente.
Errado.

044. (CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA/2013) Na hipótese de ser o crime inafiançável,


Mário permanecerá preso durante toda a investigação criminal.

Não necessariamente! Até pode ser que ele permaneça preso durante toda a investigação cri-
minal – mas existe a possibilidade de que lhe seja concedida liberdade provisória sem fiança,
mesmo diante da prática de delito inafiançável.
Errado.

045. (CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA/2013) A nota de culpa deve ser entregue a Ma-


rio no momento da prisão em flagrante, sob pena de a autuação posterior tornar-se ilegal e
passível de livramento imediato por habeas corpus.

Cuidado! A nota de culpa deve ser entregue em até 24 horas, e não no exato momento da pri-
são em flagrante, como afirmou o examinador.
Errado.

046. (CESPE/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2013) Após denúncia anônima, João foi


preso em flagrante pelo crime de moeda falsa quando fazia uso de notas de cem reais falsi-
ficadas. Ele confessou a autoria da falsificação, confirmada após a perícia. Com base nessa
situação hipotética e nos conhecimentos específicos relativos ao direito processual penal, jul-
gue o item subsecutivo.
O delegado tem competência para arbitrar a fiança de João, visto que se trata de crime
afiançável.

Negativo! O delito de moeda falsa possui pena máxima cominada em abstrato SUPERIOR a 4
anos, de modo que o delegado não poderá arbitrar a fiança para tal delito – apenas o magis-
trado poderá fazê-lo.

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Questão pesada, ao requerer que o candidato saiba a pena do delito de moeda falsa.
Errado.

047. (CESPE/MPU/ANALISTA/DIREITO/2013) Considerando que um servidor público tenha


sido preso em flagrante pela prática de peculato cometido em desfavor da Caixa Econômica
Federal, tendo sido o crime facilitado em razão da função exercida pelo referido servidor.
Julgue os itens a seguir, com base na legislação processual penal.
Ao receber o auto de prisão em flagrante do servidor, o juiz deverá converter a prisão em fla-
grante em preventiva e, então, se for o caso, deliberar pela aplicação de medidas cautelares
diversas da prisão, como a suspensão do exercício da função pública.

Conforme estudamos, a prisão é a última das medidas cautelares, e só será decretada se ne-
nhuma outra medida cautelar foi suficiente para tutelar os direitos e bens jurídicos ameaçados.
Dessa forma, o juiz primeiro irá deliberar pela aplicação de outras medidas cautelares, para só
depois decidir pela decretação da preventiva!
Errado.

048. (CESPE/PRF/2019/CURSO DE FORMAÇÃO) Marcela e Pablo se conheceram em uma


festa e após conversarem, Pablo a chamou para ir à casa dele. Ao chegarem à casa, Marcela,
aproveitando-se da ida de Pablo ao banheiro, trancou-o lá dentro e foi embora levando consigo
a carteira, o telefone celular e um computador de Pablo. Ao ouvi-lo gritar, sua vizinha entrou
em contato com policiais do posto da PRF que fica próximo a sua residência, os quais se diri-
giram ao local. Ao chegarem, os policiais encontraram o documento de identidade de Marcela
e o documento de seu veículo. Irradiados os dados do veículo, Marcela foi abordada enquanto
dirigia em uma rodovia federal, tendo sido encontrados em sua posse os itens subtraídos de
Pablo. Marcela foi presa em flagrante por policiais rodoviários federais na mesma noite do
acontecimento.
Com base na situação hipotética precedente, julgue o item.
Como Marcela já havia saído da vigilância da vítima, a prisão dela foi ilegal, pois, no momento
em que foi abordada, não estava em situação de flagrância.

O flagrante permanece, na modalidade de flagrante presumido, na qual o indivíduo é encontra-


do logo depois com objetos relacionados ao delito.
Errado.

049. (CEBRASPE/TJAM/2019/ASSISTENTE) Acerca de prisão, medidas cautelares e liberda-


de provisória, julgue o item subsecutivo.

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A prisão em flagrante do autor de crime de ação penal pública condicionada à representação


substitui a necessidade de manifestação do ofendido para instauração de inquérito policial.

Negativo. Inclusive, não se pode formalizar a lavratura do APF sem a manifestação do ofendi-
do, nesse caso.
Errado.

050. (CEBRASPE/PRF/2019/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) A entrada forçada em de-


terminado domicílio é lícita, mesmo sem mandado judicial e ainda que durante a noite, caso
esteja ocorrendo, dentro da casa, situação de flagrante delito nas modalidades próprio, impró-
prio ou ficto.

Sem dúvidas. Havendo flagrante de delito, em qualquer modalidade, é lícita a entrada narrada
pelo examinador.
Certo.

051. (CEBRASPE/PRF/2019/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Em decorrência de um ho-


micídio doloso praticado com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais foram co-
municados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e
características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários federais em
um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais acredita-
vam estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreen-
dida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utilizada no crime.
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
Durante o procedimento de lavratura do auto de prisão em flagrante pela autoridade policial
competente, o policial rodoviário responsável pela prisão e condução do preso deverá ser ou-
vido logo após a oitiva das testemunhas e o interrogatório do preso.

Negativo. O policial será o primeiro a ser ouvido, nos termos do art. 304 do CPP.
Errado.

052. (CEBRASPE/PRF/2019/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL/2019) Em decorrência de


um homicídio doloso praticado com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais fo-
ram comunicados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja
placa e características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários fe-
derais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais
acreditavam estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo,

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foi apreendida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utiliza-
da no crime.
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.
De acordo com a classificação doutrinária dominante, a situação configura hipótese de fla-
grante presumido ou ficto.

Exatamente! Não houve perseguição, mas os objetos fazem crer ser o indivíduo o autor da in-
fração. Flagrante ficto ou presumido!
Certo.

053. (CESPE/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA/2015) Conforme a teoria dos fru-


tos da árvore envenenada, adotada pelo Código de Processo Penal, a prova ilícita produzida no
processo criminal tem o condão de contaminar todas as provas dela decorrentes, devendo, en-
tretanto, ficar evidenciado o nexo de causalidade entre elas, considerando-se válidas, ademais,
as provas derivadas que possam ser obtidas por fonte independente da prova ilícita.

Exatamente! A prova ilícita irá contaminar todas as provas que decorrerem dela, desde que
fique comprovado que há nexo de causalidade entre a prova ilícita e as derivadas.
Entretanto, se houver maneira de obter a prova derivada por fonte independente, tais provas
serão consideradas válidas, independentemente de existir uma prova originária ilícita.
Certo.

054. (CESPE/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) No caso de haver resistência do mora-


dor, permite-se o uso da força na busca domiciliar iniciada de dia e continuada à noite, com a
exibição de mandado judicial, devendo a diligência ser presenciada por duas testemunhas que
poderão atestar a sua regularidade.

Perfeito!
É o que rege o art. 245 do CPP:

Art. 245, CPP. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que
se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao
morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§ 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior
da casa, para o descobrimento do que se procura.
Certo.

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055. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) A fim de evitar constrangimentos e garantir


os direitos da mulher, a legislação pertinente veta a realização de busca pessoal em mulher por
profissional do sexo masculino.

Negativo. Embora seja recomendável que a busca pessoal em mulher seja feita por outra mu-
lher, em caso de necessidade (se por exemplo, importar prejuízo à diligência), a busca poderá
ser realizada por profissional do sexo masculino.
Errado.

056. (CESPE/TER-GO-ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) Considerando que, em audiência de ins-


trução e julgamento à qual compareceu a mãe do acusado como testemunha de acusação
arrolada pelo Ministério Público, a defesa tenha, imediatamente, suscitado questão de ordem
requerendo ao juiz que não tomasse seu depoimento por notório impedimento, julgue o próxi-
mo item conforme as normas previstas no Código de Processo Penal sobre provas.
Nessa situação, o juiz deve indeferir a questão de ordem suscitada pela defesa, mas deve
informar à mãe do réu que ela pode abster-se de depor e que, mesmo que tenha interesse em
prestar seu depoimento, não estará compromissada a dizer a verdade.

Exatamente! Aqui estamos tratando das testemunhas que não são obrigadas a depor e que,
quando obrigadas por não haver outro meio de prova, não são obrigadas a prestar o compro-
misso de dizer a verdade. Vejamos:

Art. 206, CPP. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recu-
sar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado,
o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo,
obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Art. 208, CPP. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes men-
tais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.
Certo.

057. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Pedro, sem autorização judicial, inter-


ceptou uma ligação telefônica entre Marcelo e Ricardo. O conteúdo da conversa interceptada
constitui prova de que Pedro é inocente do delito de latrocínio do qual está sendo processado.
Nessa situação, embora a prova produzida seja manifestamente ilícita, em um juízo de propor-
cionalidade, destinando-se esta a absolver o réu, deve ser ela admitida, haja vista que o erro
judiciário deve ser a todo custo evitado.

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Isso mesmo! Quando em benefício do réu, para comprovar sua inocência, a prova de origem
ilícita será admitida no processo, de forma excepcional!
Certo.

058. (CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE/2014) No que se refere ao exame de corpo de de-


lito, julgue o item seguinte.
A autoridade providenciará que, em dia e hora previamente marcados, seja realizada a dili-
gência de exumação para exame cadavérico, devendo-se lavrar auto circunstanciado da sua
realização.

Questão extraída do art. 163 do CPP:

Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em
dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Certo.

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Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).

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