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PROCESSUAL PENAL
Ação Penal
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ação Penal
Danielle Rolim
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 5
Ação Penal......................................................................................................................................... 8
1. Introdução...................................................................................................................................... 8
2. Conceito......................................................................................................................................... 9
3. Características do Direito de Ação.. ....................................................................................... 10
4. Espécies de Ação Penal.............................................................................................................13
5. Classificações Importantes. . .................................................................................................... 17
5.1. Ação Penal Popular.................................................................................................................. 17
5.2. Ação Penal Ex Officio..............................................................................................................19
5.3. Ação de Prevenção Penal.......................................................................................................19
5.4. Ação Penal Adesiva.................................................................................................................21
5.5. Ação Penal Secundária.......................................................................................................... 22
5.6. Ação Penal Extensiva. . ........................................................................................................... 24
5.7. Ação Penal de Segundo Grau................................................................................................ 24
5.8. Ação Penal Pública Subsidiária da Pública....................................................................... 25
6. Condições da Ação. . ................................................................................................................... 27
6.1. Noções Gerais.......................................................................................................................... 27
6.2. Teoria da Asserção................................................................................................................. 28
6.3. Condições da Ação Tradicionais.......................................................................................... 29
6.4. Condições Específicas da Ação ou Condições de Procedibilidade. . ............................. 41
7. Condições Próprias do Processo Penal................................................................................. 42
8. Princípios da Ação Penal.......................................................................................................... 43
8.1. Princípios Gerais..................................................................................................................... 43
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Ação Penal
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Apresentação
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Ação Penal
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prova objetiva, tem que fazer inúmeras, milhares de questões objetivas. Quando já estiver na
fase discursiva, será hora de escrever, de redigir peças práticas. E na oral, o seu treino vai ser
falando!
Então a proposta do material é que você tenha esse embasamento teórico e grande parte
da prática reunidos em um único “caderno”. Sim, esse vai ser o seu caderno. Aqui tem o que
você precisa para se preparar. Para conhecer o conteúdo, para treinar, para revisar.
E aqui tenho que te contar um segredo. Nem tenho como dizer aqui a alegria que é para
mim poder te ajudar com esse material. E por que isso? Eu lembro com dor no peito (eita pro-
fessora exagerada!) dessa fase de preparação para concurso. Das angústias, dos medos, das
incertezas! Eu, por exemplo, tinha certeza de que só passavam nesses concursos pessoas “do
além”, pessoas dotadas de conhecimentos extraordinários. E obviamente eu não me sentia as-
sim. Mas mais adiante eu percebi que a questão é uma só: preparação. E preparação exige que
você tenha em mãos um material de qualidade! Você não precisa estudar por cinco doutrinas
de processo penal, por exemplo (inicialmente eu cheguei a achar que era isso, que só “engolin-
do” todos os livros de todas as matérias é que eu teria condições de estar lá, ao lado daqueles
seres que eu considerava extraordinários). O que você precisa, em verdade, é ter o conteúdo
facilmente acessível, para que na hora da prova a resposta venha rapidamente. E como isso é
possível? Escolhendo uma única base de estudo, compreendendo o conteúdo e tendo condi-
ções de lembrar do que foi estudado no instante da prova. Só isso! E como faz para lembrar?
Revisando! Revisão é a palavra-chave aqui! Então você precisa de um material de qualidade,
com o máximo de conteúdo possível, mas que você tenha condições de ler e reler até que o
conhecimento nele disponível esteja acessível também na sua cabeça! Porque de nada adian-
ta dizer “estudei pelos doutrinadores A, B e C”, se você não conseguir lembrar sequer do que
consta na página 1 do livro A. Sabe aquela sensação de “eu já vi isso em algum lugar, mas não
lembro direito como é?”. Pois é, essa aí mesmo que eu quero que você não tenha mais!
Quando percebi tudo isso, minha vida mudou. No meu caso, que não tinha ainda à dispo-
sição o mundo dos “pdfs”, escolhi uma doutrina de cada matéria e me desdobrei sobre ela. Li,
grifei, revisei. Quantas vezes? Não tenho a menor ideia. Muitas. Diversas. Dezenas. Talvez cen-
tenas! A partir daí não teve mais erro! Chegava na prova e conseguia me recordar de tudo que
eu tinha estudado. E o que eu não tinha estudado, por que não estava no livro que eu escolhi?
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Ação Penal
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Eu errava (isso quando minha pontaria falhava, né?)! Mas e daí? Tenho certeza de que você
sabe que para ser aprovado não precisa gabaritar a prova, não precisa saber de tudo! Precisa
dar o seu melhor!
Então nosso combinado é o seguinte. Eu proponho que nosso material seja justamente
esse conteúdo que você precisa para sua prova de processo penal. Para isso eu vou continuar
me esforçando, dia e noite, para que você tenha em mãos um material de qualidade, profundo,
quando necessário, direto, quando bastar. Vou dar o meu melhor! E não tenha dúvida de que
isso é motivo de muita alegria para mim, poder estar aqui, contribuindo com sua aprovação! Aí
do outro lado é o lugar seguro para você dar o seu melhor. E como vai ser isso? Lendo e relendo
o material (Sabe aquelas centenas de vezes? Se for preciso, já pode começar a contagem!),
resolvendo as questões que estão aqui. Além disso, você vai estar com a leitura dos informa-
tivos de jurisprudência sempre em dia e vai treinar muito! Mas professora, o treino não é com
questões? Você já falou sobre isso! Falei e estou falando de novo, e sabe por quê? Porque é
importante demais! A hora de errar é agora!
Ah, e teve dúvidas? Eu estou bem aqui; por favor, pergunte!
Sem mais delongas, vamos começar a colocar tudo isso em prática? Daqui, já comecei
a trabalhar. Prova disso é esse nosso primeiro material, que está incrível. (Professora com a
modéstia em dia é outra coisa!) Agora é a sua vez. E o resultado desse nosso acordo só pode
ser um: a sua aprovação! E eu torço demais por isso. Nada me alegra tanto na vida profissional
como receber mensagens de alunos que foram aprovados e hoje estão felizes, realizados pro-
fissionalmente. Eu estou esperando a notícia da sua aprovação!
Então vamos começar os trabalhos? (Agora pra valer!).
Nessa primeira aula vamos tratar de ação penal, e também da denúncia e da queixa. Não
se assuste com o tamanho da aula! Isso se justifica pela importância do conteúdo para os
concursos da Magistratura e do Ministério Público. Além disso, estamos tratando de um tema
que é basilar para o entendimento do processo penal, motivo pelo qual precisa ser muito bem
compreendido. Isso tudo sem deixar de mencionar que é tema muito recorrente nas questões
de provas, certo? Vem comigo?
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Ação Penal
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AÇÃO PENAL
1. Introdução
Vamos começar a falar de ação penal, passando rapidamente pelo conceito de jus pu-
niendi, para que possamos organizar sistematicamente nosso tema dentro do processo penal.
O que é o jus puniendi? É o poder do Estado de punir, de exigir de quem quer que seja que
cometa um fato criminoso, que se sujeite às sanções previstas na legislação penal. Assim,
cometido um determinado fato criminoso, um fato que se amolde a um tipo penal incriminador
previsto no Código Penal, surge para o Estado o poder/dever de punir.
E em razão de uma série de princípios processuais e constitucionais, o poder punitivo es-
tatal demanda, para o seu exercício, que sejam seguidas determinadas regras, determinados
procedimentos. E sabe por que isso acontece? Porque o Estado está sim interessado na pu-
nição de quem comete um fato criminoso, mas está também interessado na preservação da
liberdade do indivíduo, bem maior, previsto constitucionalmente. Nem sempre aquele que é
suspeito da prática de um crime foi quem realmente o cometeu. Por isso, todas as garantias
previstas na Constituição precisam ser preservadas. Não se pode simplesmente aplicar uma
sanção imediata, mesmo para aqueles que tenham sido presos em flagrante delito.
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Ação Penal
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Então foca aqui! O exercício do direito de punir demanda um conjunto de atividades prati-
cadas pelo Estado, que se desenrolam precipuamente em duas fases:
1) na primeira fase, temos a investigação criminal, que, via de regra, desenvolve-se por
meio de um inquérito policial. A fase investigatória tem por fim colher materialidade e indícios
de autoria, para que uma ação penal seja instaurada no Poder Judiciário. Tem, pois, o inqué-
rito, o objetivo de buscar a denominada justa causa da ação penal: prova de materialidade e
indícios de autoria – elementos necessários para que o Poder Judiciário seja movimentado,
diante da prática de um fato criminoso – tema que se liga umbilicalmente com o direito de
ação, como veremos com o avançar dos estudos;
2) encerrado o inquérito, ou dispensado ele, partimos para a segunda fase da persecução
penal – a ação penal propriamente dita, objeto do nosso estudo. Antes disso: como assim
dispensado o inquérito? O que acontece é que em determinados casos eu posso não precisar
de uma investigação, por já ter em mãos elementos suficientes para iniciar minha ação penal:
indícios de autoria e a prova da materialidade. Veja bem, eu quero com a investigação buscar a
justa causa, mas se eu, titular da ação penal, já tiver em mãos os elementos necessários para
indicar que ocorreu um crime e demonstrar quem é seu autor, o inquérito será dispensado. Tan-
to assim que o art. 12 do Código de Processo Penal traz a previsão de que o inquérito policial
acompanhará a denúncia ou a queixa sempre que servir de base a uma ou outra, demonstran-
do não ser ele peça imprescindível. Então, encerrada a investigação criminal, ou desnecessária
ela, vamos iniciar a ação penal!
2. Conceito
Vamos avançar no nosso tema ação penal, começando justamente pelo conceito. O que é
ação penal?
Nos dizeres de Guilherme de Souza Nucci, ação penal é o direito do Estado-acusação ou da
vítima de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação
das normas de direito penal ao caso concreto.
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Ação Penal
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Portanto, por meio da ação penal, é possível se provocar o Estado juiz para que ele aplique
a lei ao caso concreto. O Estado vai aplicar a lei penal objetiva ao caso concreto, a partir da
provocação feita, seja pelo Ministério Público, nos casos de crimes de ação penal pública, seja
pelo ofendido, nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o que se dará por meio da ação
penal. Gosto bastante desse conceito do Nucci, porque ele já nos apresenta muitas das carac-
terísticas do direito de ação, objeto do nosso próximo item. Então vamos a elas?
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Ação Penal
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ao direito de ação – Ministério Público na ação penal de iniciativa pública; ofendido, na ação
penal de iniciativa privada.
Aury Lopes Jr. nos traz o seguinte ensinamento: a ação é ao mesmo tempo um direito subje-
tivo – em relação ao Estado-Jurisdição – e um direito potestativo em relação ao imputado.
A primeira hipótese (direito subjetivo) já compreendemos – direito de exigir do Estado a pres-
tação jurisdicional. O que quer ele dizer com relação a ser um direito potestativo em relação
ao imputado? Exercitada a ação processual penal, o réu passa a se sujeitar ao processo, vale
dizer, ele se sujeita às consequências processuais da ação, delas não podendo escapar. O réu
não pode, ao ser citado, dizer “não, não fui eu quem cometi esse crime, portanto eu nem quero
saber desse processo, não vou me defender e, se for condenado, sinto muito, mas eu não vou
cumprir a pena”. Isso é impossível! Dizer ele até pode, não é mesmo? Mas, a partir do instante
em que ele se torna réu naquela relação jurídico-processual, ele se sujeita a eventuais conse-
quências que decorram do processo, como por exemplo pode estar sujeito à prisão preventi-
va, ao dever de comparecer aos atos processuais, além da necessidade de cumprir eventual
pena imposta, em caso de condenação, dentre várias outras consequências.
O direito de ação não se confunde com o direito material que se pretende tutelar. O que
temos aqui é um direito (de ação) que vai ser o instrumento para viabilizar o pedido condena-
tório quanto a um determinado fato que foi praticado e que se entende criminoso, atribuído a
alguém. Portanto, tem autonomia em relação ao direito material, são direitos que não se con-
fundem!
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Ação Penal
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fato criminoso, não tenho como saber o resultado final do provimento jurisdicional. E seja
qual for ele, o direito de ação se exercitou. Explico: quando o Ministério Público, por exemplo,
aciona o Estado visando à responsabilização de alguém, essa pessoa pode ser ao final con-
denada ou absolvida.
Temos que lembrar que em uma ação penal condenatória o pedido é sempre de condena-
ção (ou de absolvição imprópria, no caso do inimputável que não tinha condições de entender
o caráter do fato criminoso, como falaremos adiante). Ninguém vai a juízo contando um fato
criminoso, atribuindo-o a alguém e, ao final, pedindo a absolvição, dizendo que foi a juízo só
fazer um desabafo. Não dá para ser assim! Claro que esse pedido pode ser feito mais à fren-
te, quando o promotor entende que as provas produzidas em juízo não são suficientes para
condenar o réu, mas não faz sentido que o faça já no oferecimento da denúncia! A despeito
de o pedido ser sempre condenatório (ou de absolvição imprópria), pode ser que o réu seja ao
final absolvido e isso em nada afeta o direito de ação – ele foi devidamente exercitado e não
se confunde com o pedido inicial, pois é abstrato. Vale dizer: a absolvição do réu não nega a
existência de um direito de ação.
O direito de ação, apesar de ser abstrato, apenas se desenvolve diante de um caso con-
creto. Apenas quando se tem um fato da vida que ofende, em tese, uma norma material, é que
se pode falar no direito de ação penal. Então, cometido um fato criminoso, é que se exercita o
direito de ação. A despeito disso, pouco importa a consequência do julgamento, pois o direito
de ação já foi exercido.
Também importa destacar aqui, no nosso estudo introdutório, que a ação penal tem assen-
to constitucional, no art. 5º, XXXV da CRFB, que diz que a lei não excluirá da apreciação do Po-
der Judiciário lesão ou ameaça a direito, no consagrado princípio da inafastabilidade da juris-
dição. Então vejam: a ação vai movimentar o Estado, justamente diante da característica que
vimos agora a pouco de ser um direito público, vai movimentar o Estado juiz para que ele diga
o direito, para que ele exerça a jurisdição – a jurisdição é monopólio do Estado. Só o Estado
pode punir, só o Estado pode, portanto, diante de um fato criminoso, aplicar o direito material.
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Ação Penal
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Como já deixamos antever, há mais de uma espécie de ação penal, ou melhor, há mais de
uma forma de se iniciar a ação penal, quando se está diante do cometimento de um fato cri-
minoso. Vamos ter agora um panorama geral dessas espécies e, mais adiante, vamos passar
ao estudo de cada uma delas individualmente, destacando legitimados, princípios, caracte-
rísticas e institutos aplicáveis, além de subclassificações. Por agora, nos interessa essa visão
geral.
Mas, professora, já ouvi falar de vários outros tipos de ação penal, por que elas não estão
aqui listadas?
Segura a ansiedade! Como eu disse, a classificação até aqui posta traz apenas o panorama
geral. Quando formos estudar cada uma delas, vamos verificar as subdivisões. Além disso,
vamos tratar também de algumas denominações bem diferentes apresentadas na doutrina e
que os examinadores adoram cobrar em provas de concurso.
Essa introdução feita agora foi justamente para que possamos avançar no próximo tópico,
que é o que busca analisar COMO SABER QUAL A ESPÉCIE DE AÇÃO PENAL?
A primeira regra a que devemos nos atentar é a disposta no art. 100 do Código Penal,
que diz:
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
O que leciona esse artigo? Que quando a lei não definir um crime como sendo de ação
penal privada, isso significa que o crime será de ação penal pública. Ou seja, se o crime for
de ação penal privada, a lei vai dizer expressamente que aquele crime apenas se processa
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Ação Penal
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mediante queixa. Se não houver essa previsão, o crime será de ação penal pública. Ótimo, até
aqui ficou fácil.
Mas, quando eu digo que, por exclusão, o crime se processará mediante ação penal públi-
ca, ainda resta uma dúvida: ação penal pública condicionada ou incondicionada? Atentem-se
a essa observação: antes de mais nada, quando a lei disser que determinada ação penal será
pública, sem especificar mais nada, ela está se referindo à ação penal pública incondicionada.
Guardem isso, porque vai ser bastante útil para analisar algumas situações mais adiante!
Portanto, quando o art. 100 diz que, quando a lei não definir um crime como de ação penal
privada, significa que ele será de ação pública, a interpretação que devemos fazer é: se a lei
não disser que um crime apenas se processa mediante queixa, a ação será pública incondicio-
nada. Ou melhor, no silêncio da lei, a ação penal quanto àquele específico crime será pública
incondicionada. No entanto, quando a lei quiser que o crime se processe mediante ação penal
pública condicionada, ela vai especificar, a lei vai dizer expressamente: o crime se processa
mediante representação ou mediante requisição do Ministro da Justiça. O que devemos fazer,
portanto, é analisar a estrutura do crime cometido pelo réu para, a partir daí, saber qual o tipo
de ação penal que se aplica àquele caso concreto, mediante a indicação feita pela lei.
Recapitulando:
• a lei diz que apenas se processa mediante queixa: ação penal privada;
• a lei diz que depende de representação ou de requisição: pública condicionada;
• a lei nada diz: ação penal será pública incondicionada.
Além dessa regra geral do diploma penal, temos também que nos ocupar de algumas nor-
mas próprias que se extraem de outras leis.
A primeira delas é o que dispõe o art. 24, § 2º do CPP, ao dizer que seja qual for o crime,
quando for praticado em detrimento de patrimônio ou interesse da União, Estado ou Município,
a ação penal será pública. E aqui eu te pergunto: Pública condicionada ou incondicionada?
Você já sabe! Se a lei parou por aqui, se a lei parou na afirmação de que será pública, a conclu-
são é de que será pública incondicionada.
Outra norma importante: art. 26 da Lei n. 9.605/1998, que trata dos crimes ambientais.
O dispositivo diz que, nos crimes ambientais, a ação penal será pública incondicionada. Por-
tanto, ocorrendo um crime ambiental, ele será processado mediante ação penal pública in-
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condicionada. Não preciso nem procurar nos tipos penais específicos para verificar se tem
alguma determinação diferente, porque não vou encontrar!
De igual modo, a Lei n. 13.869, de setembro de 2019 traz em seu art. 3º a informação de
que os crimes previstos naquela lei – abuso de autoridade – processam-se mediante ação
penal pública incondicionada. E acrescenta a específica previsão, no § 1º daquele mesmo
dispositivo, da admissão da ação penal privada subsidiária da pública, sobre o que comenta-
remos mais adiante.
Prosseguindo, o art. 17 Decreto-Lei n. 3688/1941 especifica que a ação penal será pública
incondicionada, no caso de cometimento de uma contravenção penal. Então, por expressa
previsão legal, a ação penal no caso de contrações penais será pública incondicionada. Mas
questiono a você, de antemão, com relação à contravenção penal de vias de fato, prevista no
art. 21 da Lei das Contravenções Penais, para saber se também aqui a ação penal será pública
incondicionada. E qual o motivo do meu questionamento?
Vamos lá. Em que consiste a contravenção de vias de fato? Aqui eu tenho o uso de violên-
cia pelo agente, mas sem causar lesão na vítima. Violência sem lesão. Por outro lado, na lesão
corporal leve, eu também tenho uso da violência, mas uma violência que gera lesão, ainda que
leve. A divergência surgiu – e daí o meu questionamento – porque em se tratando de lesão
leve, o crime passou a ser de ação penal pública condicionada à representação, nos termos
do disposto no art. 88 da Lei n. 9.099/1995. Sendo condicionada à representação, a lesão leve
admite a extinção da punibilidade em razão da decadência, ou seja, quando o ofendido ou seu
representante legal não efetivar a representação no prazo legal. Se admite decadência, a situ-
ação jurídica do autor deste crime é mais favorável, em razão da possibilidade de extinção da
punibilidade, por conta da decadência. Já a contravenção penal de vias de fato, que é infração
menos grave – violência sem lesão, não admitiria tal forma de extinção da punibilidade, por
se cuidar de infração que se processa mediante ação penal pública incondicionada. Assim,
o questionamento é: a alteração promovida pela Lei n. 9.099/1995 deve repercutir quanto à
ação penal da contravenção de vias de fato? O STJ e o STF foram chamados a decidir sobre
o tema. O STJ, ao apreciar o HC 136.732-MS, disse que era razoável a exigência da represen-
tação também para a contravenção de vias de fato. À época deste precedente, o STJ entendia
que a lesão leve contra a mulher era de ação penal pública condicionada à representação.
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Hoje, no entanto, sabemos que o entendimento é de que, sendo vítima mulher e cuidando-
-se de crime cometido no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, o crime
de lesão corporal leve se processa mediante ação penal pública incondicionada, tendo em
vista a vedação de aplicação da Lei n. 9.099/1995 aos casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher. Lembrando: foi a Lei n. 9.099/1995 que trouxe previsão, em seu art. 88, de que
a ação penal do crime de lesões corporais leves dependeria de representação. Como o Código
Penal não traz essa exigência, e a Lei Maria da Penha veda a aplicação da Lei n. 9.099/1995
aos casos de violência doméstica, o entendimento é de que – se for a lesão corporal leve
praticada no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher – vale a previsão do
Código Penal, qual seja, e o crime se processa mediante ação penal pública incondicionada.
Por isso, e ponderando a gravidade dos delitos, decidiu a Corte àquela época:
1. A Terceira Seção desta Corte Superior de Justiça, ao julgar o Recurso Especial n. 1.097.042/DF,
alçado à condição de recurso repetitivo representativo da controvérsia, entendeu que a ação penal
nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e fami-
liar, é pública condicionada à representação da vítima. 2. Na hipótese, o paciente se vê processado
pela suposta prática da contravenção penal de vias de fato contra sua amásia – portanto, um minus
em relação ao delito de lesão corporal leve – mesmo tendo a ofendida consignado o desejo de não
exercer seu direito de representação, entendendo o órgão acusatório e o juízo singular tratar-se de
ação penal pública incondicionada. 3. Carecendo o respectivo processo de condição de procedibili-
dade, eis que necessária a manifestação de vontade da vítima para que seja instaurada a persecu-
ção contra o paciente, evidente o constrangimento ilegal a que está submetido.
A análise partiu daí. Para o STJ, pois, a contravenção de vias de fato demandaria represen-
tação, contrariamente ao que dispõe o art. 17 da lei de regência. Já o STF, no HC 80.617, trouxe
entendimento em sentido diverso, fazendo prevalecer o disposto no art. 17 da LCP, que não
fora alterado pela Lei n. 9.099/1995.
EMENTA: Ação penal pública incondicionada: contravenção de vias de fato (LCP, art. 17).
A regra do art. 17 LCP – segundo a qual a persecução das contravenções penais se
faz mediante ação pública incondicionada – não foi alterada, sequer com relação à de
vias de fato, pelo art. 88 L. 9.099/1995, que condicionou à representação a ação penal
por lesões corporais leves. (HC 80617, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Pri-
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5. Classificações Importantes
Conceitualmente, ação penal popular é aquela que pode ser iniciada por qualquer pessoa
do povo, visando à condenação do autor da infração penal, independentemente de quem seja
a vítima direta do fato criminoso, ou mesmo da existência de uma vítima direta. A questão que
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surge aqui é: temos essa previsão em nosso ordenamento jurídico? Há doutrina que defende
a existência de uma ação penal popular no Brasil, fazendo-o com base no disposto no art. 14
da Lei n. 1.079/1950, que diz: “é permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da Re-
pública ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputa-
dos”. Há também quem defenda que o habeas corpus é uma espécie de ação penal popular.
Isso porque, o habeas corpus pode ser manejado por qualquer pessoa, física ou jurídica, nos
interesses daquele que sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Esses exemplos te convenceram quanto à existência de ação penal popular em nosso or-
denamento jurídico? Vamos lá.
Quanto ao primeiro exemplo, o que temos que perceber é que o dispositivo legal mencio-
nado traz a previsão apenas de uma notitia criminis, que pode ser feita por qualquer pessoa
do povo. Não se cuida, em verdade, da possibilidade de qualquer pessoa do povo iniciar efe-
tivamente uma ação penal, oferecendo uma peça inicial acusatória junto ao Poder Judiciário,
visando à condenação do suposto autor de um fato criminoso. O que se tem aqui é uma incor-
reção técnica do legislador, ao confundir os termos denúncia (peça de início da ação penal pú-
blica, de titularidade exclusiva do Ministério Público) e notícia de crime. Como se não bastasse
isso, temos que ter em mente que os ilícitos dispostos na Lei n. 1.079/1950 não cuidam de
crimes propriamente ditos. Não há sequer a previsão de uma sanção penal para as condutas
lá disciplinadas. O que se tem naquela norma são infrações político-administrativas, punidas,
por consequência, também com sanções político-administrativas.
De igual forma, a classificação do habeas corpus como sendo exemplo de ação penal po-
pular não se esquiva de ser alvo de crítica da doutrina. E qual a razão disso? O habeas corpus
não se cuida, em verdade, de ação penal condenatória, mas sim de ação constitucional, que
tem por finalidade tutelar a liberdade de locomoção do indivíduo.
Assim, caso venha a expressão ação penal popular em uma prova de concurso, saiba que o
examinador está se referindo a essa possibilidade de qualquer pessoa poder dar início à ação
penal, visando à condenação de alguém, e também que há defensores da existência dela com
base nos dois institutos mencionados – os quais são, igualmente, rechaçados por aqueles
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que defendem a inexistência de exemplo dessa espécie de ação penal em nosso ordenamento
jurídico, conforme as críticas supradiscriminadas.
Art. 531. O processo das contravenções terá forma sumária, iniciando-se pelo auto de prisão em
flagrante ou mediante portaria expedida pela autoridade policial ou pelo juiz, de ofício ou a reque-
rimento do Ministério Público.
Trazia a Lei a previsão de uma ação penal, no caso de contravenção penal, que poderia ser
iniciada de ofício pelo juiz (ou por portaria da autoridade policial), em caso de contravenção
penal. Tal possibilidade não foi recepcionada pela Constituição Federal, que prevê no inciso
I do art. 129 que o Ministério Público é o titular da ação penal pública. Assim, antes mesmo
da revogação da norma, a doutrina já construía a impossibilidade do então chamado proces-
so judicialiforme (nome dado ao processo iniciado nos termos do previsto naquele art. 531
do CPP).
Dito isso, sobeja alguma hipótese de ação penal ex officio no nosso ordenamento jurí-
dico? Há quem diga que o art. 654, §2º do CPP traz previsão dessa ordem, ao disciplinar a
possibilidade de os juízes e tribunais concederem, de ofício, ordem de habeas corpus sempre
que alguém sofrer ou estiver na iminência de sofrer coação ilegal à liberdade de locomoção.
A crítica que se faz aqui é que não se tem, com tal previsão, o início de uma ação penal conde-
natória. O que o dispositivo permite é apenas a concessão da ordem de habeas corpus pelos
magistrados, em uma ação penal que já esteja em curso.
Para saber mais: Nestor Távora é um dos autores que traz a possibilidade de se consi-
derar o habeas corpus como exemplo de ação penal ex officio e assim explica: “não se deve
esquecer que o habeas corpus tem natureza de ação penal, sendo assim a vertente legal da
chamada ação ex officio no âmbito criminal”.
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Partindo do pressuposto que o crime é o fato típico, ilícito e culpável (apesar das divergên-
cias quanto ao conceito analítico de crime), se alguém comete um fato que seja típico, sem
qualquer causa excludente de antijuridicidade, mas não seja culpável, em razão da inimpu-
tabilidade, nos termos do art. 26 do CP (não tinha condições de entender, ao tempo da ação
ou omissão, o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento),
a consequência será uma sentença absolutória imprópria (art. 386, parágrafo único, III, CPP).
Ou seja: uma sentença que muito embora absolva o réu, por não vislumbrar o cometimento de
um fato criminoso (não é culpável), imponha a ele uma medida de segurança.
Dito isso, a doutrina denomina tal ação de ação de prevenção penal – já tenho o conheci-
mento, desde o início, de que o acusado não tinha, à época do fato, condições de compreen-
der o caráter ilícito do fato ou de se comportar conforme aquele entendimento (art. 26, CP).
A despeito disso, inicio uma ação penal visando não a que ele seja condenado, mas sim a que
se demonstre o cometimento por ele de um fato típico e ilícito e, com isso, possa ser a ele
aplicada uma medida de segurança.
Como as bancas de concurso estão cobrando o tema? No concurso para Promotor de
Justiça de Santa Catarina, de 2019, o examinador buscou explorar exatamente o conceito de
ação de prevenção penal, trazendo a seguinte indagação:
Certo.
Alternativa correta, pois apresenta justamente o conceito de ação de prevenção geral que
trouxemos em nosso curso. Lembrando: se eu tenho um fato típico e ilícito, mas praticado por
quem não tinha condições de entender o caráter ilícito ou fato ou de determinar-se de acordo
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com esse entendimento, a ação penal terá por objetivo a imposição de uma medida de segu-
rança, em uma sentença absolutória imprópria.
Aqui precisamos observar que a doutrina aborda essa espécie de ação penal sob duas
vertentes.
A primeira delas é a que se extrai do conceito trazido do direito alemão. Lá, se visuali-
zado um interesse público, o Ministério Público pode ingressar com ação penal pública até
mesmo nos casos de crimes que se processam mediante ação penal privada. Nesse caso,
o ofendido atua como acusador subsidiário, equiparando-se, grosso modo, à figura do assis-
tente de acusação do nosso ordenamento jurídico. Tourinho Filho, ao tratar do tema, traz a
informação de que na Alemanha a ação penal adesiva está relacionada à satisfação do dano
decorrente do crime já no juízo penal e não seria, propriamente, uma modalidade de ação,
operando-se uma mera intervenção adesiva facultativa. Fazendo um paralelo com o nosso
direito, teríamos hipótese que se assemelha à atuação do assistente de acusação, buscando
no processo uma justa indenização da vítima.
Obs.: Temos que ter o cuidado de não restringir a figura do assistente de acusação a um
“buscador” de indenização. Na aula em que falaremos sobre os sujeitos processu-
ais vamos desmistificar essa atuação restritiva do assistente de acusação e mos-
trar que ele pode (e está atrás de) bem mais do que isso!
A segunda das vertentes que encontramos na doutrina como sendo exemplo de ação
penal adesiva se dá na seguinte hipótese: a ação penal nos crimes de ação penal pública é
iniciada pelo Ministério Público, enquanto os crimes de ação penal privada são movimenta-
dos por iniciativa do ofendido ou representante legal. Pode ocorrer a hipótese em que um
crime de ação penal pública tenha sido cometido em conexão ou continência com um crime
de ação penal privada. Aqui, abre-se a possibilidade de caminharem lado a lado duas ações
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penais, uma de ação penal pública e outra de ação penal privada, em uma construção que
muito se assemelha ao litisconsórcio do processo civil. Mas perceba! Aqui eu não terei uma
peça inicial única!
Mas, professora, como o Ministério Público é o titular da ação penal pública (e ela costu-
ma se referir a crimes mais graves, ou pelo menos de maior interesse estatal), não pode ele já
incluir na denúncia o crime de ação penal privada cometido em conexão?
Não! Esse raciocínio não se aplica ao nosso processo penal. Se assim fosse, estaríamos
diante de uma hipótese de ilegitimidade ativa do Ministério Público para atuar com relação ao
crime que se processa mediante ação penal privada, acarretando com isso a rejeição parcial
da denúncia quanto àquele crime (de ação penal privada). Então, nessa hipótese, vamos ter
em verdade duas peças, que seguirão juntas posteriormente: a denúncia promovida pelo órgão
ministerial e a queixa pelo ofendido. Constatada a conexão, possibilita-se a reunião dos feitos.
Ah, e presta atenção aqui! Não confundir esse conceito de ação penal adesiva com recurso
adesivo! Lá na aula de recursos, vamos discutir sobre a possibilidade ou não de termos recurso
adesivo no processo penal. Fique ligado!
Aqui estamos diante de uma espécie de ação penal que se apresenta da seguinte forma:
o tipo penal é o local de onde vamos extrair a informação sobre qual o tipo de ação penal que
a ele se aplica. Ou seja: praticada aquela conduta descrita na norma, como se processará a
ação penal? Estaremos diante de um crime que se processa mediante ação penal pública
incondicionada, condicionada ou privada, a depender do que foi previsto naquele tipo penal.
Em algumas hipóteses, no entanto, após essa previsão expressa (ou a ausência dela, a nos
evidenciar que se cuida de crime de ação penal pública incondicionada – lembra disso???),
pode a lei agregar àquele fato criminoso algumas características específicas, que fazem com
que, presentes elas, seja alterada a espécie de ação penal que irá se aplicar justamente àquele,
digamos assim, fato modificado. Vamos aos exemplos? No crime de injúria, a ação penal é pri-
vada. Isso porque o art. 145 do Código Penal dispõe que os crimes previstos naquele Capítulo
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somente se processam mediante queixa. A injúria está lá, bem no mesmo capítulo em que está
o art. 145. Mas prossegue aquele dispositivo dizendo em seu parágrafo único que se procede
mediante representação do ofendido no caso do §3º do art. 140.
Então vamos lá. O parágrafo mencionado traz o crime de injúria racial (se a injúria consiste
na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pes-
soa idosa ou portadora de deficiência). Aqui, a ação penal será pública condicionada à repre-
sentação! Logo, na injúria comum, estaremos diante de um crime de ação penal de iniciativa
privada – essa é a ação penal primária. Já o crime de injúria racial, processa-se mediante ação
penal pública condicionada à representação do ofendido – aqui estamos diante de uma ação
penal secundária. É também o que ocorre no crime contra a honra que tem por vítima o presi-
dente da República. A ação penal que era privada (de acordo com a regra geral do art. 145 do
CP), passa a ser pública condicionada à requisição do ministro da Justiça (art. 145, parágrafo
único, CP) – ação penal secundária.
Ação penal secundária se dá, portanto, nos dizeres de Renato Brasileiro: “na hipótese em
que a lei estabelece uma espécie de ação penal para determinado crime, porém, em virtude do
surgimento de circunstâncias especiais, passa a prever, secundariamente, uma nova espécie
de ação penal para essa infração”.
Certo.
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A ação penal secundária é justamente aquela em que a lei, diante do surgimento de circuns-
tâncias especiais, prevê uma nova espécie de ação penal para a infração penal.
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O Código Penal dispõe em seu art. 101 que “quando a lei considera como elemento ou
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública
em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, deva-se proceder por iniciativa do
Ministério Público”.
O que temos aqui? Se eu estiver diante de um crime formado pelo somatório de condutas
que, sozinhas, também já seriam criminosas, se qualquer um deles se processar mediante
ação penal pública, o delito que decorre dessa soma também será de ação penal pública, o que
se dará por extensão – daí a denominação ação penal extensiva.
Exemplo disso vem da injúria real. O que temos lá? O parágrafo 2º do art. 140 traz a seguin-
te previsão:
se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
considerem aviltantes:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
O art. 145, por sua vez, diz que os crimes previstos naquele capítulo se processam median-
te queixa, salvo quando, no caso do art. 140, §2º, da violência resultar lesão corporal. O que
temos aqui? O somatório de injúria e lesão corporal. À época da edição do tipo penal, toda e
qualquer lesão corporal se processava mediante ação penal pública incondicionada. Assim,
o resultado dessa equação é que o crime de injúria real que, em razão da violência, resulta em
lesão corporal, processa-se mediante ação penal pública.
Ação penal de segundo grau é aquela ajuizada diretamente perante tribunal, não havendo
atuação de juiz de primeiro grau. Ocorre nas hipóteses de competência originária dos tribunais,
decorrente da previsão, para aquele caso concreto, de foro por prerrogativa de função.
Cuidado para não confundir com ação penal secundária! Como os nomes são um pouqui-
nho parecidos, não podemos dar chance para o examinador, não é?? Não custa avisar...
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Quanto a isso não podemos esquecer importante julgado do STF, que faz uma análise restritiva
da competência decorrente do foro por prerrogativa de função, no seguinte sentido:
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do
cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
Já ouviu falar sobre essa? Nem toda doutrina traz essa classificação, em razão de críticas
que traremos daqui a pouco. No entanto, vai que o examinador gosta justamente dessa e re-
solve te perguntar, não é mesmo? Para não correr o risco de não termos estudados, vamos em
frente! É chamada de ação penal pública subsidiária da pública aquela ajuizada pelo Ministério
Público Federal, em razão da inércia do Ministério Público Estadual, nos crimes praticados por
prefeitos, previstos no Decreto-Lei n. 201, de 27/2/1967. Isso porque, o § 2º do art. 2º daquele
decreto traz a seguinte previsão:
se as providências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal não forem
atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, poderão ser requeridas ao
Procurador-Geral da República.
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Qual a crítica que se faz aqui? Absoluta inexistência de atribuição do Procurador Geral da
República para atuar neste caso! Onde ficaria a independência funcional do Ministério Público
Estadual se entendêssemos como plausível essa previsão? Temos que lembrar: não existe hie-
rarquia entre o Ministério Público da União e os Ministérios Públicos Estaduais. Aqui temos o
famoso “cada um no seu quadrado”, cada um com suas específicas atribuições. E olhe para a
data do decreto-lei – 1967 – anterior à CRFB. Então o que temos aqui é uma previsão que não
foi recepcionada por nossa Carta Magna. Apesar disso, como eu já falei, importante que você
saiba dessa classificação, pois pode ser questionada pelo seu examinador.
Bom, eram essas as classificações que eu queria enfatizar aqui contigo. Fique muito atento
a essas nomenclaturas! Nós bem sabemos que os examinadores de concursos ADORAM no-
mes diferentes! E por mais que tenhamos estudado, não é incomum que na hora da prova fa-
çamos confusão, trocando os termos. Também estão sendo pontos bem cobrados em provas
subjetivas, em que precisamos do gatilho para saber como iniciar nossa resposta. Para ajudar
você nisso, fiz esse pequeno resumo. E qual a dica? Depois de estudar e entender o tema, fo-
car aqui no resumo, para que, quando você visualizar qualquer um desses nomes na prova, já
venha também o significado e os exemplos deles, ok? Vamos lá:
1. Ação Penal Popular – Pode ser iniciada por qualquer pessoa do povo. Exemplos? Art. 14
da Lei n. 1.079/1950 – é, em verdade, uma notitia criminis. Para alguns: habeas corpus.
2. Ação Penal Ex Officio – Iniciada de ofício pelo juiz. Art. 531, CPP foi REVOGADO Lei n.
11.719/2008 – trazia o processo judicialiforme. Doutrina traz como único exemplo na atualida-
de: concessão de HC de ofício pelos juízes e tribunais.
3. Ação Penal de Prevenção Geral – inimputável ao tempo do ato. Já inicia a ação penal
buscando uma sentença absolutória imprópria.
4. Ação Penal Adesiva – Ministério Público oferece a denúncia com relação a determinado
crime e o ofendido oferece uma queixa com relação a um outro crime, conexo àquele. Cami-
nharão juntos. Espécie de litisconsórcio no processo penal. Para alguns também a figura do
assistente de acusação, baseado no conceito do direito alemão.
5. Ação Penal Secundária – Tipo principal traz a previsão de uma ação penal. Surgidas
determinadas circunstâncias, é modificada a ação penal – ação penal secundária. Exemplo:
Injúria – ação penal privada. Injúria racial – ação penal pública condicionada.
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Ação Penal
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6. Condições da Ação
Aqui nós temos dois grandes grupos: condições genéricas – que precisam estar presentes
em todo e qualquer tipo de ação penal – e condições específicas, que como o nome indica,
apenas são necessárias em determinados crimes, ou seja, alguns crimes precisarão, para que
se inicie a respectiva ação penal, de condições específicas, além daquelas necessárias para
todo e qualquer crime.
Mas afinal de contas, o que são as condições da ação? Tratam-se, em verdade, de condi-
ções para o exercício regular do direito de ação. Mas preste atenção aqui! Como o direito de
ação é autônomo e abstrato, conforme vimos anteriormente, pode ser exercido mesmo que
as condições não estejam presentes. O direito de invocar a tutela estatal é constitucional e
incondicionado. Nada impede que o Ministério Público vá a juízo, pedindo a condenação de
alguém, mesmo que se cuide de uma denúncia totalmente “fora da casinha”, sem qualquer
sentido, sem a presença de qualquer condição, sem menor lastro em elementos de convicção
que possam conduzir a uma mínima justa causa. Então, professora, essas condições aí não
servem para nada, não é verdade? Servem sim! O que temos que diferenciar é o seguinte. Essa
chamada dimensão constitucional do poder de invocar a tutela estatal, nos dizeres de Aury
Lopes Jr, e a que nos referimos até agora, não se confunde com um segundo momento, que
não é mais um momento atrelado ao plano constitucional, mas sim diretamente ligado ao as-
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pecto processual penal. É aqui que saberei se terei ou não uma resposta jurisdicional. É aqui,
portanto, que adentro no campo das condições da ação. Quando falo em condições da ação
penal, pois, tenho que ter em mente que elas são indispensáveis, em verdade, para que a má-
quina estatal seja efetivamente movimentada, para que o processo penal se desenvolva e eu
possa ter, ao final, uma decisão sobre o mérito da causa. Resumindo: como o direito de ação é
abstrato, eu posso ir a juízo falando um disparate qualquer. Agora, se esse meu clamor vai ou
não seguir em frente, se vai ou não ser objeto de uma análise de mérito do Estado, isso sim é
que depende do atendimento das condições da ação. Ficou claro?
Dito isso, perceba o que diz o art. 395 do CPP:
Portanto, de acordo com o CPP, a presença das condições da ação é verificada por ocasião
da análise feita quando do oferecimento da peça acusatória. Ausente uma condição da ação,
deve o juiz rejeitar a peça acusatória. O direito de ação já se exercitou, em sua concepção de
direito público subjetivo (aspecto constitucional). Já fui a juízo pretendendo algo. No entanto,
por não estar presente alguma ou alguma das condições da ação, não vou ter o recebimento
da peça acusatória e o consequente prosseguimento do feito. A ausência de uma das condi-
ções da ação impede (veja que importante!) a análise sobre o mérito! Vale dizer, só vou ter uma
sentença condenando ou absolvendo o réu se lá atrás for verificada a presença das condições
da ação.
Outro ponto bem bacana aqui! A presença das condições da ação deve ser analisada pelo
juiz com base nos elementos fornecidos na peça acusatória, sem qualquer aprofundamento
probatório. Em outros termos, oferecida a inicial, o juiz deve analisar se as condições da ação
estão presentes ou não de acordo com o que foi narrado pelo autor da demanda. Assim, ofere-
cida denúncia em desfavor de “A”, como vou saber se ele é parte legítima para constar do polo
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passivo daquela demanda? A partir da análise dos documentos que acompanham a inicial acu-
satória (que pode ser o inquérito policial ou não, conforme já falamos). Isso não significa que
eu esteja dizendo que, por ser ele legítimo para estar no polo passivo da demanda, foi ele quem
cometeu o fato criminoso. Fosse assim e o recebimento da peça inicial acusatória já implicaria
em uma quase condenação do réu!
Desse modo é que a verificação das condições da ação é feita a partir de um juízo superfi-
cial, precário, prelibatório ou juízo de admissibilidade, mediante o qual, constatada a presença
das condições da ação, deve o juiz receber a inicial acusatória. No entanto, se ocorrer de após
a instrução criminal perceber a ausência de uma determinada condição da ação (como por
exemplo: a parte não é legítima porque demonstrado que não foi ela quem praticou o crime),
agora sim o juiz irá proferir um verdadeiro julgamento de mérito da causa, absolvendo o réu.
E isso em nada influencia aquela condição da ação lá atrás verificada, justamente porque a
análise se deu mediante esse juízo superficial, suficiente apenas e tão somente para deflagrar
a ação penal.
Antes de tratarmos das condições da ação que tradicionalmente são aplicadas ao proces-
so penal, preciso chamar a sua atenção para o seguinte. O Código de Processo Civil de 2015
suprimiu qualquer menção ao termo “condição da ação”, apesar de ainda se referir à legitimi-
dade e ao interesse processual (art. 485, VI, CPC). Por outro lado, deixou de fazer qualquer re-
ferência à “possibilidade jurídica do pedido”. Tais alterações afetam o nosso direito processual
penal? Precisamos analisar o seguinte. O Código de Processo Penal disciplina que a denúncia
ou a queixa vai ser rejeitada quando ausente condição para o exercício da ação penal. Então
temos aqui regra própria, disciplinando as condições da ação penal como necessárias para
que a denúncia ou a queixa sejam devidamente recebidas pelo juiz. Mas quais seriam as con-
dições da ação?
Sempre bebemos da fonte do direito processual civil para de lá resgatar aquelas três fa-
mosas condições da ação, quais seja, legitimidade de parte, interesse de agir e possibilidade
jurídica do pedido. A ausência de previsão da possibilidade jurídica do pedido no Código de
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Processo Civil levantou vozes de parte da doutrina para dizer que ela agora também não mais
interessa ao processo penal. Vale dizer também que há diversos doutrinadores que criticam o
fato de irmos ao processo civil e pegar institutos que são próprios dele e aplicá-los sem uma
adaptação ao processo penal. Por isso que alguns defendem a existência de condições pró-
prias da ação para o processo penal.
A despeito de toda essa divergência, vamos combinar o seguinte: 1) vamos analisar as
condições da ação tradicionais, essas mesmas que vamos correndo lá no processo civil para
pegá-las emprestadas, porque muitos concursos seguem essa orientação; 2) nesse pegar
emprestado, vamos continuar tratando sobre a possibilidade jurídica do pedido, apesar de o
proprietário (o Código de Processo Civil), não ter mais essa condição disponível para emprés-
timo – o famoso “o seguro morreu de velho” explica os motivos de darmos uma passadinha
por esse tema; 3) vamos analisar também as condições trazidas por parte da doutrina como
sendo próprias do processo penal, desgarradas daquele simples crtl C + crtl V das ideias do
processo civil.
Dito tudo isso, vamos ao trabalho, explicando cada uma dessas condições da ação, em sua
aplicação no processo penal.
Aqui tratamos da pertinência subjetiva da ação. Vale dizer, preocupamos em saber quem
pode ingressar em juízo com determinada pretensão (legitimação ativa) e quem pode estar
como sujeito passivo daquela mesma demanda (legitimidade passiva).
Iniciemos pela legitimidade ativa, que diz respeito a quem pode ajuizar a ação penal. De
início vale ressaltar que a análise da legitimidade ativa confirma o aspecto subjetivo da ação
que mencionamos. Por quê? A ação penal já nasce ligada a um determinado sujeito que pode
movimentar a atuação estatal. E como saber quem é o legitimado ativo? Como saber quem é
o sujeito que pode ir a juízo pleiteando que o Estado-juiz aplique o direito penal ao caso con-
creto? Aqui depende da espécie de ação penal prevista na norma – se for ação penal pública,
o legitimado será o Ministério Público; se for privada, será o ofendido ou seu representante
legal. Pronto! Verifico isso com facilidade por meio de uma mera leitura da lei! Inclusive aqui
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já verificamos uma das funções da análise de qual o tipo de ação penal de determinado crime,
pois a partir dessa informação, vamos saber quem é legitimado para dar início à ação penal.
Então se, por exemplo, determinada pessoa foi vítima de crime de estelionato, e muito chatea-
da com aquele fato resolve contratar advogado para que ele promova uma ação penal privada,
isso não vai dar certo! E por que não? Porque o crime de estelionato apenas se processa, via
de regra, mediante ação penal pública condicionada, conforme as alterações promovidas pela
Lei n. 13.964, de 24 de dezembro de 2019! Então a vítima não tem legitimidade para ir a juízo,
promover a ação penal privada. Faltará uma das condições da ação: a legitimidade para agir.
E qual a consequência disso? A rejeição da peça inicial acusatória.
Obs.: Isso não significa que a vítima nunca possa iniciar a ação penal no caso de crime de
estelionato (ou outro crime que se processe mediante ação penal pública e que tenho
uma vítima certa). E por que não? Temos que lembrar da ação penal privada subsi-
diária da pública, da qual falaremos mais à frente. Portanto, constatada a inércia do
Ministério Público, pode sim a vítima ir a juízo para iniciar a ação penal privada subsi-
diária da pública no caso do crime do nosso exemplo, explicando que está agindo por
conta da inércia do órgão ministerial. Mais adiante trataremos de todos os detalhes
dessa iniciativa do ofendido. Segura aí!
Pessoa jurídica no polo ativo é possível quando, por exemplo, for ela vítima de crime contra
a honra. Nesse caso, como fica a atuação da pessoa jurídica em juízo? O art. 37 do CPP nos
responde:
E a legitimidade passiva? Aqui, diz respeito a quem pode ser réu no processo penal. Profes-
sora, pode ser réu no processo penal quem cometeu um crime, não é isso? Sem dúvida! Mas
aqui, ainda estamos analisando as condições da ação! Lembra o que falamos anteriormente?
É feita uma análise superficial, uma espécie de “cara crachá” para constatar se há elementos
mínimos que indiquem aquela pessoa como sendo a possível autora do fato criminoso. Se o
sujeito diz que não é o autor, que é inocente, isso é análise de mérito! Portanto, essa análise só
vai ser feita mais adiante, após a regular instrução do feito.
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Ação Penal
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E quanto vamos verificar a ilegitimidade no polo passivo? Uma hipótese que pode se dar é
a indicação na denúncia ou queixa de um homônimo. Você tem como réu de um determinado
processo Tício da Silva Pereira. O juiz recebe a denúncia, pois verifica, a partir da análise do in-
quérito, indícios de ter sido Tício da Silva Pereira o autor do fato criminoso em apuração. Mas
aí, citado, Tício demonstra que tem outra pessoa, com o mesmo nome dele, e que é o possível
autor do fato criminoso. Feita a análise das impressões digitais, constata-se que, de fato, houve
um equívoco na indicação do polo passivo daquela demanda, sendo acionada pessoa diversa
do possível autor do fato criminoso, em decorrência da confusão causada pelo homônimo. Aqui
estamos diante de uma clara ausência de condição da ação – legitimidade passiva. Também é
possível que tenha se dado a incorreta indicação do nome do réu na peça de início, em virtude
de erro no instante da confecção da denúncia ou queixa. O juiz analisa a peça e constata que foi
indicado como réu determinado indivíduo cujo nome não aparece em instante algum na investi-
gação criminal, sequer como testemunha. Isso pode acontecer? Ora, em tempos de Crtl v + Crtl
c, não se pode duvidar de nada! Então sim, é comum que esse erro ocorra, implicando na rejeição
da denúncia, pois indicado no polo passivo pessoa diversa do possível autor do fato criminoso.
Então, quem pode estar no polo passivo de uma ação penal é a pessoa com idade igual ou
superior a 18 anos, ainda que inimputável em razão de doença mental, e que seja o possível au-
tor do fato descrito na denúncia ou queixa. Lembra a ação de prevenção penal? O inimputável
(em razão de doença mental) pode sim ser processado criminalmente. O que muda é eventual
consequência da conclusão de ter sido ele efetivamente o autor da infração penal. Já quem
tem menos de 18 anos não pode estar no polo passivo da ação penal. Se por algum motivo
extraterreno resolver o Ministério Público denunciar um adolescente de 17 anos, não tem esca-
patória – essa ação penal vai ser rejeitada de plano! Portanto, pode ser réu no processo penal
o possível autor de um fato criminoso, que tenha mais de 18 anos.
E as pessoas jurídicas? Elas também podem estar no polo passivo de uma ação penal?
A Constituição da República diz no art. 173 que a pessoa jurídica pode ser responsabilizada
criminalmente quanto aos crimes ambientais, mas também quanto aos crimes contra a or-
dem econômica, financeira e contra a economia popular, na forma da lei. Não há lei ordinária
regulando a responsabilidade penal da pessoa jurídica no que diz respeito aos crimes contra a
ordem econômica, financeira e contra a economia popular.
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Ação Penal
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Quanto aos crimes ambientais, no entanto, a situação é diferente. De início, o art. 225
da Constituição da República, no seu parágrafo terceiro, fala sobre a responsabilidade pe-
nal da pessoa jurídica quanto aos crimes ambientais. A Lei n. 9.605/1998 regulamenta a
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Dessa forma, temos que no nosso ordenamen-
to jurídico é possível que a pessoa jurídica esteja no polo passivo de determinada ação
penal, desde que se cuide de crime ambiental.
Quanto a este ponto – responsabilização criminal da pessoa jurídica, vale a pena falar-
mos rapidamente da teoria da dupla imputação. O que significa isso? Durante algum tem-
po, os tribunais superiores entenderam que era necessário, para responsabilizar a pessoa
jurídica, que se indicasse também, no polo passivo da demanda, a pessoa física que agia
em nome dela. Ou seja, a pessoa jurídica só poderia ser responsabilizada se também hou-
vesse a imputação do fato a uma determinada pessoa física. A jurisprudência, entretanto,
evoluiu, tendo sido abandonada a teoria da dupla imputação. Nesse sentido:
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Ação Penal
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Alguns “entes” também podem ir a juízo no processo penal, mesmo que não possuam perso-
nalidade jurídica! Quando temos esse cenário? O Código de Defesa do Consumidor possibilita
que certas entidades e órgãos da administração pública, direta e indireta, ainda que sem per-
sonalidade jurídica, assim como as associações legalmente constituídas há pelo menos um
ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos
por aquele código, atuem como assistentes do Ministério Público e, também, olhem aqui a
importância, ajuízem a queixa-crime em caso de inércia do órgão ministerial! É isso mesmo!
Abre-se a possibilidade de tais entes virem a juízo, no polo ativo, promovendo a ação penal, na
chamada ação penal privada subsidiária da pública. Tal previsão está no art. 80 do CDC:
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e
contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministé-
rio Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor
ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
(...)
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem persona-
lidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este
código;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autori-
zação assemblear.
Outro ponto importante que temos que visitar são os conceitos de legitimação ordinária
e extraordinária. Na legitimação ordinária, alguém pede em seu próprio nome um direito
também próprio. Essa é a regra: ir a juízo defender um direito seu. É o caso da legitimação
do Ministério Público para iniciar a ação penal pública. Mas aqui pode surgir uma dúvida:
como assim dizer que o Ministério Público está defendendo interesse próprio? Ele foi a víti-
ma direta de um crime? Não é isso! O que você precisa lembrar aqui é que o poder punitivo é
do Estado! Quando o Ministério Público vai a juízo para pedir a condenação de alguém que
praticou um determinado crime que se processa mediante ação penal pública, ele está sim
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Ação Penal
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Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o di-
reito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão.
Mais adiante vamos tratar com detalhes como se opera essa sucessão, inclusive discutindo
sobre a ordem de preferência. Aqui importa saber: o sucessor assume a posição processual
do sucedido, operando-se a troca de sujeitos do processo.
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a um exemplo para deixar mais clara essa hipótese? Aqui temos como exemplo clássico o da
vítima que tem menos de 18 anos de idade, não tem representante legal (ou os interesses dela
colidem com o do representante legal), e o crime se processa mediante ação penal privada.
A vítima não pode ir sozinha a juízo, pois não tem capacidade processual. Como resolver esse
problema? O direito de queixa aqui pode ser exercido por curador especial, nos termos do
art. 33 do CPP. Vejam:
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não ti-
ver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá
ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo
juiz competente para o processo penal.
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Ação Penal
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mos um resultado prático eficaz, em que possa ser exercido o jus puniendi, com a respectiva
aplicação de uma sanção penal, caso demonstrado o fato criminoso e a respectiva autoria.
Aqui, a doutrina se refere à prescrição pela pena hipotética, virtual ou ideal ou em perspec-
tiva, ou pela pena provável como sendo o exemplo-mor em que se discute a utilidade da ação.
A questão que se faz é: se há prescrição por uma pena provável, a ação penal terá alguma
utilidade?
Antes de mais nada, o que é prescrição em perspectiva? É o reconhecimento antecipado
da prescrição, por verificar que, em caso de condenação, a possível pena a ser imposta estará
inevitavelmente atingida pela prescrição retroativa, mostrando ser inútil o início ou desenrolar
da ação penal.
Como isso ocorre? Vamos a um exemplo: consumação do crime de furto simples, cuja
pena varia de 1 a 4 anos de reclusão e multa. Tendo o crime de furto pena máxima de 4 anos,
pela regra do art. 109 do CP, prescreve em 8 anos. O réu é primário e de bons antecedentes.
Além disso, tinha menos de 21 anos à época dos fatos (o que repercute no prazo prescricio-
nal, lembra?). A partir da consumação do furto, começamos a contar o prazo prescricional.
Apenas 3 anos depois é que o Ministério Público tem todos os elementos para o oferecimento
da denúncia: o inquérito foi encerrado, com a indicação da prova de materialidade e indícios
suficientes de autoria. No entanto, analisando aquele caso e as circunstâncias pessoais da-
quele réu, o promotor de justiça conclui que a pena a ser aplicada, em caso de condenação,
será certamente de 1 ano. Pena de um ano irá prescrever em 4 anos – como o autor tinha me-
nos de 21 anos na data do fato, vai prescrever na metade, ou seja, em 2 anos. Daí o promotor
conclui: não há qualquer utilidade em oferecer essa denúncia, pois, em caso de condenação,
não haverá a aplicação da pena – fim máximo da ação penal condenatória.
Apesar de toda essa construção, a jurisprudência não admite a prescrição virtual ou da
pena em perspectiva. Inclusive, há entendimento sumulado do STJ nesse sentido:
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Ação Penal
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As alterações produzidas pela Lei n. 12.234/2010 tornam cada vez mais rara essa hipótese,
pois colocou fim à prescrição retroativa entre a data do fato e a data do recebimento da inicial
acusatória.
Interesse adequação – a ação penal utilizada é adequada ao fim pretendido? Quando trata-
mos do cometimento de um fato criminoso e do poder e dever do Estado de punir o eventual trans-
gressor da norma, fica fácil. O adequado aqui será sempre o manejo de uma ação penal conde-
natória. Se o fim visado for uma condenação, utiliza-se da ação penal condenatória. A adequação
diz respeito à obrigatoriedade de que o órgão de acusação promova a ação penal nos moldes pro-
cedimentais previstos no CPP, bem como com base em elementos de convicção pré-constituídos.
Há discussões quanto ao manejo do habeas corpus como ação adequada a determinadas
finalidades. Sabemos que o habeas corpus é ação constitucional que visa à tutela da liberdade
de locomoção, mas que constantemente é utilizada com outras finalidades, dando a jurispru-
dência resposta a essas questões. Podemos dar alguns exemplos:
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Ação Penal
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Nesses casos, portanto, estamos diante de hipóteses de carência de ação, por falta de
interesse de agir, na modalidade interesse-adequação.
De início temos que destacar o seguinte: a possibilidade jurídica do pedido sempre re-
cebeu severas críticas da doutrina em seu papel de condição da ação autônoma. Sequer
Liebman, que trouxe ao mundo as condições da ação, incluindo inicialmente a possibilidade
jurídica do pedido, manteve seu caso de amor com ela: ele próprio a abandonou como uma
categoria autônoma de condição, passando a afirmar que ela estaria dentro do interesse de
agir. Apesar disso, o Código de Processo Civil de 1973 a consagrou. O novo Código de Pro-
cesso Civil, no entanto, não se refere ao termo possibilidade jurídica do pedido, como vimos
na introdução do tema. Apesar disso, vamos tratar rapidamente dessa condição, pois, como
dito, o examinador pode gostar dela e você tem que estar apto a responder o que vier: nem
que seja para dizer tudo isso que foi dito até aqui com relação à possibilidade jurídica do
pedido!
E o que é a possibilidade jurídica do pedido? Aqui, temos que analisar se o pedido feito na
peça de início tem substrato na lei, no ordenamento jurídico. Exemplo de carência de ação
por impossibilidade jurídica do pedido: ação penal que requer a condenação de alguém por
fato atípico. Em razão do princípio da legalidade, não dá para inventar no processo penal!
O promotor de justiça pode não ter gostado da conduta do vizinho que mandou flores para
a esposa dele. Mas tal ação, por si só, não é criminosa! Então não adianta promover ação
penal, pedindo a condenação criminal do “vizinho pra-frente”, porque esse pedido é juridi-
camente impossível.
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Ação Penal
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Antes do advento da Lei n. 11.719/08, a doutrina afirmava que a justa causa não era uma
condição autônoma da ação, estando inserida no interesse de agir. Contudo, a referida lei
passou a tratar a justa causa como uma condição autônoma da ação, destacando-a no inciso
III do art. 395 do CPP, separando-a das demais condições da ação, que figuram genericamen-
te no inciso II daquele dispositivo legal.
E o que é a justa causa? Aqui tratamos do suporte mínimo de elementos que permita
concluir pelos indícios de autoria e prova de materialidade de um determinado fato crimino-
so, visando a evitar que ações penais temerárias sejam instauradas. Então o juiz vai verifi-
car, quando da análise da peça acusatória, se ela encontra substrato nos documentos que a
acompanham, produzidos em fase investigatória, ou que já sejam de conhecimento prévio e
lá estejam para permitir que o juiz faça essa verificação.
Questão que vem sendo cobrada em provas de concurso é aquela referente à justa causa
duplicada. Mas, afinal de contas, o que é isso? A Lei de Lavagem de Capitais nos traz essa
hipótese (Lei n. 9.613/1998). Antes da existência de um crime de lavagem de capitais, é ne-
cessária a existência de outro crime, que deu origem ao crime de lavagem de capitais. Por
que isso? Ali está prevista conduta em que alguém oculta ou dissimula a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores prove-
nientes, direta ou indiretamente, de infração penal. Por isso, a justa causa daquela infração
penal prévia também deve ser demonstrada. Assim, para que o juiz receba a denúncia quanto
a esse crime, é necessário que ele constate indícios mínimos da existência tanto da lavagem
de capitais, quanto da infração penal antecedente.
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Mas preste atenção! Não é necessário que tenha havido julgamento quanto ao crime
antecedente (o art. 2º, II da Lei n. 9.613/1998 deixa isso claro), mas sim indícios quanto
a ele (justa causa), para que possa demonstrar que posteriormente ocorreu o crime de
lavagem de dinheiro.
A lavagem de dinheiro é classificada como crime parasitário, acessório, que depende
da existência de crime anterior. Quando eu demonstro minimamente o delito anterior,
e os indícios de autoria e materialidade do crime de lavagem, estou diante da justa causa
duplicada.
Gostou disso aí? Pois é, mas tem mais. Agora falamos também em justa causa tripli-
cada! Professora, mas onde vai parar isso? Espero que por aqui! Afinal de contas, o que
é justa causa triplicada? Ela vai se evidenciar nas hipóteses em que o crime anterior ao
de lavagem também é parasitário, ou seja, também é um crime que depende de um crime
anterior para existir. Exemplo disso é o crime de receptação. Então, se a denúncia diz
respeito ao crime de lavagem de capitais, em que o indivíduo está ocultando valores pro-
venientes de uma receptação (adquiriu bem proveniente de roubo), tenho que demonstrar
três justas causas: quanto ao crime de lavagem de capitais, ao de receptação e ao de
roubo.
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Ação Penal
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depois de já iniciada a ação penal. Como seria isso? Imagine um determinado crime que se
processa mediante ação penal pública incondicionada. Em determinado momento, a lei pas-
sou a exigir a representação para o início da ação penal daquele crime. Foi o que aconteceu,
por exemplo, com a Lei n. 9.099/1995, que alterou a ação penal quanto aos crimes de lesões
corporais leves e culposas, dispondo que:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação penal
pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias,
sob pena de decadência.
Portanto, a representação, nestes casos, que antes não era necessária, culminando com
o início da ação penal sem qualquer atitude da vítima, passou a ser uma condição de pros-
seguibilidade. Vale dizer, para que a ação penal pudesse continuar, pudesse prosseguir, seria
necessário que a vítima demonstrasse o seu interesse, por meio da representação. Caso con-
trário, dar-se-ia a decadência, com a consequente extinção da punibilidade.
Condição de prosseguibilidade é, portanto, aquela que deve estar presente para que o pro-
cesso penal siga seu curso normal.
Como tratamos de introduzir o tema condições da ação, parte da doutrina fala que não
podemos apenas e tão somente ir ao processo civil e trazer para cá uma teoria sobre condi-
ções da ação. Aury Lopes Jr. é grande defensor dessa ideia, e diz que são condições próprias
do processo penal:
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Ação Penal
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• Prática de um fato aparentemente criminoso – apenas se pode iniciar uma ação penal
contra alguém a quem se atribua uma conduta que seja, em tese, típica, ilícita e cul-
pável. Assim, se o juiz vislumbra, ao analisar a inicial acusatória, que o acusado agiu
amparado por alguma causa excludente de ilicitude, a exemplo da legítima defesa, deve
rejeitar a peça acusatória. Ressalva se faz aqui ao inimputável a quem se atribui medi-
da de segurança – a aplicação da medida demanda o manejo de uma ação penal para
que, apenas ao final, se demonstrada a tipicidade e ilicitude da conduta, chegue-se a
uma sentença absolutória imprópria.
• Punibilidade concreta – estando extinta a punibilidade ou ausente condição objetiva de
punibilidade, a peça inicial acusatória também deve ser rejeitada, por falta de condição
da ação.
• Legitimidade de parte – nos termos que já a analisamos.
• Justa causa – também já estudada.
Feito o estudo das condições da ação, vamos analisar os princípios que regem a ação
penal.
Para evitar repetições desnecessárias, vamos tratar inicialmente dos princípios que se
aplicam a todas as espécies de ação penal. Em seguida, partiremos para a análise individuali-
zada quanto a cada tipo de ação penal. Conforme formos evoluindo, vou demonstrando a que
espécie de ação penal estou me referindo. Combinado assim? Então vamos lá!
O juiz não pode dar início ao processo de ofício. Assim, para que seja iniciada a ação pe-
nal, necessária se faz a iniciativa do Ministério Público, nos crimes de ação penal pública, ou
do ofendido ou seu representante legal, nos crimes de ação penal privada. Isso não afasta
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Ação Penal
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Também vale ressaltar que o processo de execução, no processo penal, inicia-se de ofício! Ou
seja, condenado o réu, não se faz necessário qualquer pedido de qualquer das partes para que
a execução se inicie, mesmo que se cuide de ação penal de iniciativa privada.
A denúncia e a queixa só podem se voltar contra quem praticou, de algum modo, a in-
fração penal, pois nenhuma pena passará da pessoa do condenado. O art. 5º, XXXXV da
CRFB consagra o princípio penal da intranscedência da pena – se a pena não pode passar
da pessoa que cometeu o crime, a ação penal também só pode ser iniciada contra quem, de
alguma forma, teve alguma participação na infração penal. Temos que fazer aqui apenas uma
observação: certo é que efeitos não penais da condenação podem, de algum modo, atingir
terceiros – os sucessores do condenado respondem, até as forças da herança, por exemplo,
pela reparação do dano causado à vítima.
Não se pode processar duas vezes a mesma pessoa pelo mesmo fato criminoso. As ações
penais serão consideradas idênticas quando forem movimentadas contra o mesmo acusa-
do, atribuindo fatos criminosos idênticos. Imaginem que determinado indivíduo tenha sido
absolvido por um crime de roubo, por ausência de provas. A absolvição transitou em julgado.
Passado certo tempo, apareceu uma filmagem, com imagem clara e precisa, mostrando ter
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Ação Penal
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sido aquele mesmo réu que fora absolvido o autor da infração. Não bastasse isso, apareceu
também uma testemunha presencial, que até então não era conhecida, pois por medo se es-
condeu, e o réu, com crise de consciência, foi à delegacia com o firme propósito de confessar
a prática daquele roubo. Nada disso tem força para alterar aquela sentença anterior, transi-
tada em julgado, que absolveu aquele réu. Justamente porque ninguém pode ser processa-
do duas vezes pelo mesmo fato criminoso! Não há, no nosso ordenamento jurídico, revisão
criminal pro societate. Vale dizer: se alguém foi julgado e absolvido por determinado fato (ou
teve declarada a extinção da punibilidade), não há nada (ou quase nada, pois já vamos tratar
de uma exceção) que possa alterar aquele provimento jurisdicional anterior. E vejam: ainda
que a sentença anterior tenha sido proferida por juízo absolutamente incompetente! Como
assim? É isso mesmo! A força da coisa julgada se opera inclusive em decisões proferidas por
juízo absolutamente incompetente. Foi o que decidiu o Superior Tribunal de Justiça ao tratar
do tema:
Aqui vale uma ressalva: há entendimento dos tribunais superiores no sentido de que,
quando o réu tenta se beneficiar de sua própria torpeza, conseguindo a absolvição ou a de-
claração da extinção da punibilidade em razão disso, não há que se falar em coisa julgada em
sentido estrito. Ou seja, não teremos coisa julgada, quando a decisão advier de uma conduta
ilícita do réu, pois tal conduta não pode beneficiá-lo. Exemplo disso? A boa e velha certidão
de óbito falsa! Isso mesmo, o réu vai a juízo com uma certidão de óbito falsa, visando a ter
a declaração da extinção da punibilidade pelo evento morte – opa, vamos arrumar isso aqui,
o advogado do réu ou terceiro vai a juízo para juntar essa certidão, né? Porque não tem jeito
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de ele ir lá dizendo “vim aqui só avisar que eu morri”, já não ia colar! Então, nesses casos, pos-
teriormente descoberta a falsidade do documento que possibilitou a declaração da extinção
da punibilidade, aquela decisão anterior pode sim ser desconstituída, sendo determinado o
prosseguimento do feito. Nesse sentido:
A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade do réu
pode ser revogada, dado que não gera coisa julgada em sentido estrito. 2. Não é o habeas
corpus meio idôneo para o reexame aprofundado dos fatos e da prova, necessário, no
caso, para a verificação da existência ou não de provas ou indícios suficientes à pronún-
cia do paciente por crimes de homicídios que lhe são imputados na denúncia. 3. Habeas
corpus denegado. (HC 104998, Relator (a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado
em 14/12/2010, DJe-085 DIVULG 06-05-2011 PUBLIC 09-05-2011 EMENT VOL-02517-
01 PP-00083 RTJ VOL-00223-01 PP-00401).
Essa linha se evidencia em outros julgados das Cortes Superiores, demonstrando que, se
a decisão de absolvição ou extinção da punibilidade decorrer de meio fraudulento, não há que
se falar em coisa julgada propriamente dita. É o caso de acórdão publicado com conteúdo
modificado, diferente do resultado efetivamente obtido no julgamento, com o fim de benefi-
ciar ilicitamente o acusado. Esse é o entendimento do STJ, ao analisar caso concreto nesse
sentido:
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Como prometido, vamos agora adentrar nas particularidades dos princípios que se apli-
cam a cada espécie de ação penal, iniciando pela ação penal de iniciativa privada.
Obs.: Caso estejamos diante de uma ação penal privada subsidiária da pública, a consequ-
ência da inércia do ofendido (decadência) ou de eventual manifestação de renúncia
não seria a extinção da punibilidade. E por quê? O fato de a ação estar sendo movi-
mentada pelo particular, como veremos adiante, não implica em que a ação perca a
natureza de pública – ela apenas foi iniciada pelo ofendido, em razão da inércia do
órgão ministerial. Nesse caso, portanto, o que se dará é a retomada, pelo Ministério
Público, da titularidade da ação penal. Mas segura aí, que já, já vamos voltar nesse
tema e explicar minúcias relacionadas a essa questão.
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Ah, atenção também aqui! Muito embora estejamos tratando aqui de princípios que se
aplicam à ação penal de iniciativa privada, o princípio da oportunidade ou conveniência tam-
bém tem espaço na ação penal pública condicionada à representação ou à requisição! Esse
espaço, no entanto, é apenas no que diz respeito à representação ou à requisição propria-
mente ditas. Como assim? O ofendido, no caso da ação penal pública condicionada à repre-
sentação, e o Ministro da Justiça, na ação penal condicionada à requisição, podem decidir, de
acordo com critérios de conveniência e oportunidade, se irão ou não representar/requisitar.
No entanto, a partir do momento em que eles optam por tomar tais atitudes (representar/
requisitar), a atuação do órgão ministerial não é discricionária – fica o promotor de justiça
obrigado a agir, desde que presentes os demais requisitos (justa causa), pois aqui estamos de
uma ação penal que, muito embora condicionada, é pública! Se é pública, ela é pautada pelo
princípio da obrigatoriedade, conforme falaremos mais adiante. Portanto, feita a requisição
ou a representação, se estiverem presentes os elementos necessários para a instauração da
ação penal, o promotor de justiça não pode agir discricionariamente e deixar de dar início à
ação penal, pautado em critérios de oportunidade e conveniência. Ele pode sim deixar de ofe-
recer a denúncia se entender que não há justa causa para isso, hipótese em que pode promo-
ver o arquivamento do inquérito policial, ou mesmo solicitar mais diligências de investigação,
o que é diferente da possibilidade que tem a vítima de optar, simplesmente por um ato de
vontade seu, por não iniciar a ação penal (ou não representar).
Da mesma forma que o ofendido pode decidir se irá ou não iniciar a ação penal de ini-
ciativa privada, ele também tem a faculdade de dispor daquela ação penal que já tenha sido
iniciada. Antes de prosseguir já convém destacar: estamos tratando de princípio que se
aplica à ação penal exclusivamente privada e à ação penal privada personalíssima, estando
excluída a ação penal privada subsidiária da pública. Por quê? Na ação penal privada sub-
sidiária da pública, eventual manifestação do querelante no sentido de dispor da ação penal
já em curso importa na retomada, pelo Ministério Público, da titularidade da ação penal, na
assim chamada ação penal indireta.
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Portanto, ação penal indireta é aquela que decorre da retomada da titularidade, pelo Mi-
nistério Público, da ação penal pública que havia sido iniciada pelo particular, no exercício
da ação penal privada subsidiária da pública.
Portanto, cuidando-se de ação penal exclusivamente privada e ação penal privada per-
sonalíssima, o querelante pode desistir do processo em curso, e isso pode ocorrer da se-
guinte forma:
a) pelo perdão do ofendido – aqui demanda ação do ofendido/querelante, mas também
do querelado, que tem que aceitar o perdão, para que ele tenha efeito. Estudaremos com
cuidado mais adiante;
b) pela perempção – perda do direito de prosseguir com a ação penal de iniciativa priva-
da, em razão da desídia do querelante, tendo por consequência a extinção da punibilidade
do querelado. Logo, uma forma de desistir da ação penal privada é justamente essa: deixar
de tomar as providências necessárias para o andamento do feito, tendo comportamento
desidioso.
Fique ligado: o princípio da oportunidade se aplica antes do início da ação penal, en-
quanto o princípio da disponibilidade tem seu campo de atuação depois que a ação penal
já está iniciada!
O art. 48 do Código de Processo Penal dispõe que “a queixa contra qualquer dos autores
do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilida-
de”. O que temos aqui? O ofendido, em razão do princípio da oportunidade, pode decidir se vai
ou não oferecer queixa-crime. Mas, caso o faça, não pode escolher quem vai processar. Ou
seja, se mais de uma pessoa cometeu o fato criminoso, a queixa-crime deve abarcar todos os
autores, pois se cuida de ação penal indivisível. Assim é que a renúncia ao direito de queixa,
quanto a um dos autores, a todos aproveita.
De igual modo, o perdão concedido a um dos autores, aproveita a todos os demais (mas
sem produzir efeitos quanto àquele que não aceitar, conforme veremos adiante). Então, o que
importa até aqui é sabermos que na ação penal privada vige o princípio da indivisibilidade,
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não podendo existir queixa-crime contra parte dos autores, excluindo os demais, sob pena de
caracterizar renúncia, o que se estenderá a todos. Como isso funciona na prática?
De acordo com o Código de Processo Penal, cabe ao Ministério Público velar pela indivisi-
bilidade da ação penal privada. A atitude que deve ser tomada pelo Ministério Público, visando
a atingir essa finalidade, divide a doutrina. Parte dela diz que o Ministério Público, em razão
dessa função prevista pela lei, tem de aditar a queixa-crime, com o objetivo de incluir nela
eventual autor do crime que tenha sido deliberadamente excluído do polo passivo da ação
pelo querelante, quando do ajuizamento da queixa-crime.
Outra corrente, no entanto, defende que o Ministério Público não teria poder de aditar a
queixa-crime com essa finalidade (mais adiante falaremos sobre a atuação do Ministério Pú-
blico na ação penal privada, destacando o ponto referente ao aditamento). Então, conforme
essa segunda corrente, o que se permite ao Ministério Público é, verificando que a omissão
do querelante foi voluntária, ou seja, que ele deliberadamente deixou de incluir no polo pas-
sivo um ou uns dos autores/partícipes do fato delitivo, deve o Ministério Público oficiar pela
declaração da extinção da punibilidade de todos eles, pois se evidenciou a renúncia ao direito
de queixa, o que se estende a todos os autores da infração penal. Por outro lado, constatando
que a omissão do querelante foi involuntária, ou seja, que quando do oferecimento da quei-
xa-crime o querelante não tinha notícia quanto ao envolvimento de outros autores, deve o
Ministério Público requerer que o querelante seja intimando para proceder ao aditamento da
queixa-crime, com a inclusão dos demais autores. Apenas em caso de omissão do querelan-
te, a partir daí, é que se pode falar em renúncia ao direito de queixa, com extensão a todos os
demais autores e/ou partícipes.
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Cuidando-se de crime que se processa mediante ação penal pública, temos que observar que
esse princípio impõe a obrigatoriedade de agir tanto ao Ministério Público quanto às autori-
dades policiais. Vale dizer: diante da notícia de fato criminoso que se processe mediante ação
penal pública, as autoridades policiais devem proceder à investigação e, apurados os fatos,
presente a justa causa, o Ministério Público deve oferecer denúncia. A contrario sensu, se não
forem evidenciados os elementos necessários para o início da ação penal, ou seja, se o Minis-
tério Público não se convencer de materialidade e indícios suficientes de autoria delitiva para
iniciar a ação penal, ele poderá promover o arquivamento do inquérito policial.
Esse princípio aplica-se também à ação penal pública condicionada, mas no seguinte sen-
tido: o Ministério Público depende aqui da representação do ofendido ou do representante
legal, ou da requisição do Ministro da Justiça, para poder agir. Existindo a representação ou a
requisição e, mais uma vez, constatados os indícios de autoria e a materialidade delitiva, fica
o Ministério Público obrigado a agir. Em outras palavras: ele apenas passa a estar obrigado a
partir da representação ou requisição. A partir daí, vai verificar se os elementos necessários
para o oferecimento da denúncia estão presentes (na ação penal pública incondicionada, ele já
começa a análise bem aqui, pois não depende de qualquer ato prévio de quem quer que seja).
Estando presente a justa causa, o Ministério Público está obrigado a oferecer a denúncia.
Perceba: o fato de o Ministério Público ser obrigado a agir diante de um crime que se proces-
se mediante ação penal pública não implica que ele tenha que, ao final da instrução processual,
pedir a condenação do réu. E por que não? A obrigatoriedade de agir é justamente porque o
Ministério Público está diante de um fato criminoso, em que há demonstração de materialida-
de e indícios de autoria. Pode ser, no entanto, que ao final da instrução processual o Ministério
Público não reste convencido da existência de provas suficientes para uma condenação. Isso
porque aqueles indícios inicialmente existentes e que o levaram a denunciar o réu podem não
ter se comprovado em juízo – a condenação do réu exige juízo de certeza. Nesse instante, o Mi-
nistério Público pode pedir a absolvição do réu, o que não nega o princípio da obrigatoriedade
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justamente porque, repito por importante, este se evidencia quando há elementos para requerer
a condenação do réu.
Não se cuida de princípio absoluto, pois ele comporta algumas exceções. Quais são elas?
Em algumas situações, mesmo presentes as condições da ação, o Ministério Público não está
obrigado a oferecer denúncia, mas tudo isso a partir de regramento previsto em nossa legis-
lação processual. Vamos analisar:
1. Transação penal – Art. 76 da Lei n. 9.099/1995. A primeira exceção que temos quanto
ao princípio da obrigatoriedade é a transação penal. Quando a infração for de menor potencial
ofensivo, mesmo que presentes as condições da ação, mesmo evidenciada a justa causa, se
estiverem presentes os requisitos da transação penal, o Ministério Público poderá fazer uma
proposta ao autor do fato para cumprimento imediato de pena restritiva de direito ou multa.
Com o cumprimento, dar-se-á a extinção da punibilidade, e não haverá o oferecimento da de-
núncia. Aqui, aplica-se o princípio da obrigatoriedade mitigada ou da discricionariedade regra-
da.
A transação penal é proposta pelo Ministério Público, mas ele não é obrigado a isso. A ju-
risprudência é no sentido de que não se cuida de direito público subjetivo do autor do fato.
O Ministério Público, seguindo os critérios previstos em lei, vai verificar e decidir se é o caso
ou não de oferecimento da proposta ao autor do fato – discricionariedade, mas regrada, pois
pautada pelos critérios legais.
2. Acordo de leniência nas infrações contra a ordem econômica – Nas infrações contra
a ordem econômica, é possível que o autor da infração faça um acordo com o Conselho Ad-
ministrativo de Defesa Econômica (CADE) e então ficará suspensa a pretensão punitiva do
Estado. É, em verdade, uma espécie de acordo de delação premiada, que demanda a colabo-
ração efetiva com as investigações, daí decorrendo a identificação dos demais envolvidos na
infração e a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração. Está previsto
nos arts. 86 e 87 da Lei n. 12.529/2011. Aqui se opera a suspensão do prazo prescricional
quanto ao crime e também não se pode oferecer denúncia contra o beneficiário da leniência.
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A assinatura do termo de ajustamento de conduta com o órgão ambiental estadual não impede a
instauração da ação penal, pois não elide a tipicidade formal das condutas imputadas ao acusado,
repercutindo, na hipótese de condenação, na dosimetria da pena. (STJ, Corte Especial, APn 888/DF,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018)
4. Parcelamento do débito tributário nos crimes de sonegação fiscal – Nestes crimes, ha-
vendo o parcelamento do débito tributário, o Ministério Público não está obrigado a oferecer a
denúncia. E por que isso acontece? Nos termos da lei, opera-se a suspensão da pretensão pu-
nitiva do Estado enquanto a pessoa estiver incluída no parcelamento, desde que o pedido de
parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal. Vale dizer,
a contrario sensu, que, se o Ministério Público acaba de tomar conhecimento da existência
de crime da espécie e verifica que já houve o parcelamento do débito tributário, deixa de estar
obrigado ao oferecimento da denúncia. O pagamento integral dos valores devidos acarreta
extinção da punibilidade.
5. Colaboração premiada na Lei das Organizações Criminosas. De acordo com o art. 4º,
§4º da Lei n. 12.850/2013, o Ministério Público pode deixar de oferecer denúncia contra o
agente que colaborar com as investigações, resultando na identificação dos demais coau-
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tores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas, na
revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa, na recu-
peração total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela orga-
nização criminosa ou a localização de eventual vítima com sua integridade física preservada.
Ou seja, alcançados quaisquer destes resultados, a partir do que fora revelado pelo colabora-
dor, abre-se a possibilidade de não oferecimento da denúncia contra o colaborador, em uma
verdadeira exceção ao princípio da obrigatoriedade. Vale ressaltar que, para ser agraciado
com tal benesse, não pode ser o colaborador o líder da organização criminosa e deve ter sido
o primeiro a prestar efetiva colaboração, possibilitando atingir algum daqueles resultados
práticos elencados.
A ação penal privada subsidiária da pública, é importante mecanismo para garantir a apli-
cação do princípio da obrigatoriedade. Em que sentido? A legislação transfere ao ofendido a
possibilidade de, diante de inércia do órgão ministerial, movimentar o Estado-juiz, por meio
da ação penal privada subsidiária da pública. Então, aquela ação penal que deveria ter sido
iniciada por uma denúncia oferecida pelo Ministério Público, vai ser promovida pelo ofendido,
por meio da chamada queixa subsidiária, em um verdadeiro controle do princípio em estudo.
Atenção! O art. 28 do Código de Processo Penal também possui essa vertente: controlar a
obediência ao princípio da obrigatoriedade. No entanto, esse controle, de acordo com as alte-
rações promovidas pela Lei n. 13.964/2019, não seria mais feito pelo juiz, mas sim dentro da
própria estrutura do Ministério Público. Também pode ser provocado pela vítima. Mas aten-
ção! O Ministro Luiz Fux suspendeu por prazo indeterminado a aplicação da nova redação do
art. 28. Portanto, o que temos até agora, é a possibilidade de o Juiz, constatando que o Minis-
tério Público promoveu o arquivamento do inquérito de maneira indevida, deverá valer-se do
art. 28 do CPP, chamando o Procurador Geral de Justiça para que ele se manifeste, justamente
com o objetivo de resguardar o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.
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dado e punido. Lembrando que esse princípio apenas se aplica à ação penal pública INCON-
DICIONADA. Por quê? Na condicionada à representação ou requisição, o Ministério Público
só vai agir se o ofendido ou o representante legal, ou o Ministro da Justiça, manifestarem
interesse na persecução penal.
O que diz esse princípio? Existe um órgão oficial legitimado para iniciar a ação pública, qual
seja, o Ministério Público. Assim, a ação penal pública será iniciada por um órgão oficial que,
nos termos do art. 129, I, CRFB, é o Ministério Público.
Nessa toada, vale repetir: o art. 26 do Código de Processo Penal não foi recepcionado pela
CRFB/88. Ele diz que, nas contravenções penais, a ação penal seja instaurada por portaria do
delegado ou por ato do juiz. No entanto, a CRFB/1988 conferiu legitimidade privativa ao MP
para iniciar a ação penal pública.
O art. 42 do Código de Processo Penal dispõe que o Ministério Público não poderá desistir
da ação penal. Na mesma linha a previsão do art. 576 também da legislação processual penal,
disciplinando que o Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. Tudo
isso decorre do princípio da indisponibilidade da ação penal pública.
Aqui, já temos uma ação penal iniciada. O Ministério Público, assim como é obrigado a
iniciar a ação penal, se constatada a materialidade e indícios de autoria, não pode desistir da-
quela ação que iniciou, não pode dizer “cansei desse processo, não quero mais brincar disso”.
Não pode! Ele é também obrigado a continuar oficiando no feito até o final. E vale repetir: se
o promotor de justiça se convencer, no curso do processo, de que o réu é inocente, ele pode,
em alegações finais, pedir a absolvição do réu, sem com isso estar ferindo a indisponibilidade.
Aqui não está sendo violado o princípio, pois aqui a ação foi até o final, não houve desistência.
O que se deu, em verdade, foi o convencimento do órgão ministerial em sentido diverso da-
quele inicial. Inclusive o Código de Processo Penal prevê essa hipótese, conferindo ao juiz a
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possibilidade de condenar o réu mesmo diante do pedido de absolvição formulado pelo órgão
ministerial em alegações finais – art. 383 do Código de Processo Penal.
Exceção ao princípio da indisponibilidade é a suspensão condicional do processo. Por
quê? O que temos aqui? A ação penal já está iniciada. A denúncia já foi oferecida e recebi-
da. Mas, aqui, o Ministério Público não está obrigado a prosseguir, pois ele poderá oferecer
ao acusado uma proposta de suspensão condicional do processo, ou sursis processual, se
presentes os requisitos legais. Se o acusado aceitar a proposta, o processo ficará suspenso
pelo tempo fixado e, cumpridas as condições fixadas, ao final do prazo, opera-se a extinção
da punibilidade.
Quem subscreve a denúncia na ação penal pública incondicionada é uma autoridade, qual
seja, o membro do Ministério Público.
Aqui já podemos sentir cheiro de confusão no ar, não é mesmo? Afinal de contas profes-
sora, estamos falando de indivisibilidade ou de divisibilidade? Vamos lá. De fato, o prenúncio
já indica o que realmente acontece: esse princípio causa muito problema, especificamente
quando estamos tratando da ação penal pública. Por quê?
A maioria da doutrina diz que se aplica à ação penal pública incondicionada ao princípio
da indivisibilidade. Ou seja, quando houver pluralidade de indiciados na investigação, indício
de autoria em relação a todos, o Ministério Público deverá denunciar todos, não podendo es-
colher contra quem irá oferecer a denúncia. Não há dúvida de que a ação penal deve se esten-
der a todos os que praticaram a infração penal! Isso, inclusive, também em razão do princípio
da obrigatoriedade, que já analisamos.
Mas não é essa a orientação dos tribunais superiores – dizem eles que na ação penal
pública aplica-se o princípio da divisibilidade. A despeito disso, ao analisarmos os julgados,
facilmente constatamos que os tribunais superiores não discordam de que a ação penal deve
se estender a todos os que praticaram a infração penal – o que conduziria ao entendimento
de que se aplica também na ação penal pública o princípio da indivisibilidade.
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No entanto, eles os fazem para dizer: aqui temos o princípio da divisibilidade. E em que
sentido dizem isso? Dizem os tribunais superiores: o Ministério Público pode sempre, até a
sentença final, incluir novas pessoas no polo passivo, fazendo-o por meio de aditamento à
denúncia ou por nova denúncia. Ou seja, não há impedimento que o Ministério Público ofereça
denúncia contra determinada ou determinadas pessoas e, após, constatando que outras tam-
bém participaram daquele fato criminoso, adite a denúncia, para incluir aqueles integrantes
até então desconhecidos (ou cuja atuação no fato ainda estava nebulosa), ou mesmo ofereça
nova peça acusatória.
Analisados os princípios que regem a ação penal, vamos agora tratar das particularidades
de cada uma delas.
Como já dissemos, a regra é que a ação penal seja pública incondicionada. Nada dizendo
a lei, o crime se processa mediante ação penal pública incondicionada.
Quem é o legitimado para ajuizar a ação penal pública incondicionada? O Ministério Pú-
blico, por expressa disposição constitucional, no art. 129, I da CRFB. É atribuição privativa do
Ministério Público.
Aqui não tem muito mistério. Os princípios estudados resolvem boa parte dos problemas
que envolvem a ação penal pública incondicionada. As causas extintivas da punibilidade (de-
cadência, renúncia, perdão e perempção) não tem campo de atuação por aqui. Então, vamos
prosseguir para analisar os pontos que demandam nossa atenção.
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10.1. Cabimento
Quando estaremos diante dessa modalidade de ação penal? A lei irá especificar, dizendo
“esse crime se processa mediante representação”. A lei, de forma expressa, vai dizer sobre a
necessidade de representação. Exemplos: ameaça, prevista no art. 147 do Código Penal.
Para evitar repetições desnecessárias, vamos tratar aqui de forma conjunta sobre as mi-
núcias referentes a quem pode representar e também quanto a quem pode oferecer a queixa-
-crime nos casos de ação penal de iniciativa privada, ok? Então vamos lá!
Via de regra, o legitimado para representar (na ação penal pública condicionada à repre-
sentação) ou para iniciar a ação penal privada é o ofendido ou o representante legal. E por que
via de regra? Há algumas situações que demandam a presença de outras pessoas para que a
ação penal possa ser iniciada. Vamos tratar de todas as hipóteses.
1ª) Ofendido com 18 anos completos ou mais. Ele mesmo vai iniciar a ação penal ou vai
representar. A Súmula 594 do STF que diz que “os direitos de queixa e de representação po-
dem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal” não
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tem mais aplicação. Essa Súmula foi elaborada para cuidar da situação do indivíduo que tinha
entre 18 e 21 anos, antes do novo Código Civil, pois ele era considerado relativamente inca-
paz. Hoje, portanto, aos 18 anos, a pessoa não tem mais representante legal e já pode, por si
só, representar ou iniciar a ação penal privada.
2ª) Vítima menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental. Quem vai ofe-
recer a representação e a queixa é o seu representante legal. Quem é o representante legal
do menor? Representante legal é qualquer pessoa que de algum modo seja responsável pelo
menor. Por exemplo, uma avó ou um tio com que o menor resida.
3ª) Menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental, que não tenha represen-
tante legal, ou cujos interesses colidirem com os do representante legal. Nomeação de curador
especial. Se o menor não tiver representante legal ou se os interesses dele colidirem com os
do representante legal (por exemplo, crime praticado pelo representante legal, contra o menor),
nomeia-se curador especial, nos precisos dizeres do art. 33 do Código de Processo Penal:
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado men-
tal, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de
queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, pelo juiz competente para o processo penal.
Esse curador especial é obrigado a oferecer a queixa ou a representar? Não, aqui vige a
conveniência, a autonomia da vontade, razão pela qual o curador vai exercer esse juízo e ana-
lisar o que mais atende aos interesses do menor.
4º) Menor emancipado, nos termos da lei civil. Apesar de ser dotado de capacidade civil
plena, o entendimento é de que não tem capacidade para oferecer representação ou queixa.
Aqui temos uma situação curiosa: esse menor não pode exercer seu direito pessoalmente
e sequer tem representante legal, em razão da emancipação. E agora? A doutrina traz duas
possibilidades. A primeira delas seria a nomeação de curador especial, nos moldes do art. 33
do CPP e a segunda seria aguardar que esse menor atinja os 18 anos, quando então vai poder
ir a juízo.
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5ª) Morte ou declaração de ausência do ofendido. Em caso de morte da vítima, vamos ter
a chamada “sucessão processual”. E quem são os sucessores? O Código de Processo Penal
traz tal previsão no art. 24, § 1º/CPP nos seguintes moldes:
Art. 24, § 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o di-
reito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Portanto, cônjuge, ascendente, descendente, ou irmão são as pessoas que podem suceder
a vítima, em caso de morte ou ausência declarada judicialmente.
Nessa previsão, também está incluído o companheiro? Aqui encontramos uma certa diver-
gência doutrinária. Os que são a favor da inclusão, fazem-no com base no disposto no art. 226,
§3º da Constituição Federal, que reconhece a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar. Outra parte da doutrina, no entanto, afirma que a inclusão do companheiro
no rol do art. 24 implicaria em analogia in malam partem, tendo em vista que ampliaria, sem
previsão legal, o rol de pessoas legitimadas a acionar o autor do fato criminoso, aumentando,
por consequência, a probabilidade de que ele possa ser acionado em juízo. Em recente julgado,
o Superior Tribunal de Justiça se posicionou pela possibilidade de inclusão da companheira,
no seguinte sentido:
No caso, trata-se de crime de calúnia contra pessoa morta, o que aponta que os quere-
lantes – mãe, pai, irmã e companheira em união estável da vítima falecida – são partes
legítimas para ajuizar a ação penal privada, nos termos do art. 24, § 1º, do CPP. Cumpre
anotar que a companheira, em união estável reconhecida, goza do mesmo status de
cônjuge para o processo penal, podendo figurar como legítima representante da fale-
cida. Vale ressaltar que a interpretação extensiva da norma processual penal tem
autorização expressa do art. 3º do CPP (“a lei processual penal admitirá interpretação
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de
direito”). APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Corte Especial, por unanimidade, julgado
em 07/08/2019, DJe 22/08/2019.
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Letra c.
Muito embora a alternativa não se refira ao companheiro, traz precisamente a previsão des-
crita na lei (art. 24, §1º CPP). Quanto às demais, ou incluem pessoas que não estão contem-
pladas pela norma, ou trazem apenas algumas delas.
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Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que
vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para
o oferecimento da denúncia.
Portanto, qual o prazo para representar e para ajuizar a queixa-crime, no caso de ação pe-
nal privada? O prazo, via de regra, é de 6 (seis) meses, contados do conhecimento da autoria.
Cuida-se de prazo de natureza penal, contado nos termos do art. 10 do Código Penal, ou seja,
inclui o dia do começo e exclui o dia do vencimento. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.
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É importante também lembrar: estamos diante de prazo que não se interrompe, não se sus-
pende, não se prorroga. Assim, se o prazo para representar se encerrar em dia não útil, ainda
assim a representação deve ser oferecida, sob pena de decadência! Não existe a hipótese de
se aguardar o dia útil seguinte.
Muito importante: o pedido de instauração de IP não interrompe ou suspende o prazo de-
cadencial de 6 meses para o oferecimento da Queixa ou da Representação.
E por que falamos que em regra o prazo se inicia do dia do conhecimento da autoria? Por-
que há prazos diferenciados, a exemplo daquele referente ao crime do art. 236/CP, em que o
prazo decadencial (aqui para iniciar a ação penal privada) começa a fluir a partir do trânsito em
julgado da decisão que anulou o casamento. Vamos ver o que diz a lei:
Código Penal
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe im-
pedimento que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada
senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o
casamento.
Ainda que a queixa-crime tenha sido apresentada perante juízo absolutamente incompetente, o seu
ajuizamento interrompe a decadência. Precedentes. (AgRg no REsp 1560769/SP, Rel. Ministro SE-
BASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 16/02/2016, DJe 25/02/2016)
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O prazo decadencial é uno para os sucessores! Assim, demonstrado que um deles já tinha
conhecimento da autoria, o início do prazo decadencial já se deu para todos.
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei,
só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Então na Lei Maria da Penha a retratação da representação será também possível, mas até
o RECEBIMENTO da denúncia, em audiência especialmente designada para essa finalidade,
ouvido o Ministério Público.
Obs.: Muito embora a Lei Maria da Penha fale em renúncia, quis se referir à retratação. Cui-
da-se, pois, de uma impropriedade técnica do legislador. A renúncia importa que você
abra mão de um direito que não exerceu. Não se pode renunciar a algo que já foi exer-
cido. O que se tem aqui, em verdade, é a retratação da representação.
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Mais uma pergunta para deixar você superafiado(a): é possível a retratação da retratação
da representação? Opa, professora, como seria isso? Vamos lá. A pessoa vai à delegacia de
polícia, por exemplo, e representa. Daí, em um momento de exacerbado amor no coração,
ela se arrepende. Como ainda não foi oferecida a denúncia, vai até a delegacia e diz: estou
me retratando daquela representação anteriormente formulada, não tenho mais interesse na
persecução penal contra a pessoa que praticou o crime contra mim. Mas, passados alguns
dias, o ódio volta ao coração daquela pessoa e ela diz: que bobagem eu fiz, o meu algoz pre-
cisa pagar pelo crime que cometeu. E então, aí que pergunto, essa vítima pode representar
novamente? A resposta é positiva! E isso nada mais vai ser do que uma nova representação
e, perceba: ela vai ter que ocorrer ainda dentro do prazo decadencial. Porque pode acontecer
que, dentro dessa oscilação de humor da vítima, tenha se passado prazo suficiente para que
tenha ocorrido a decadência. A impossibilidade aí não vai ser por não ser cabível a retratação
da retratação da representação (ou, simplificando, por não ser cabível nova representação),
mas sim em razão do decurso do prazo decadencial.
A representação é para cada crime. A representação feita contra um dos coautores esten-
de-se aos demais. Feita a representação em relação a um fato delitivo, esta não se estende aos
demais fatos, mas sim a todos os autores que eventualmente tenham praticado aquele fato
criminoso.
Vamos a um exemplo para facilitar.
Imagine que determinada pessoa tenha praticado contra você dois crimes que se processam
mediante ação penal condicionada à representação. Você ficou muito chateado com relação
a um dos crimes, mas com relação ao outro você nem se preocupou. Foi à delegacia e repre-
sentou quanto a um dos crimes. Pronto. O delegado de polícia nada pode fazer com relação
ao outro crime, mesmo que ele eventualmente tenha tomado conhecimento por outro meio
qualquer, pois quanto a ele não houve representação. Ah professora, mas foi praticado pelo
mesmo autor, nas mesmas condições de tempo, local e fúria. Não importa. Não há representa-
ção quanto àquele outro crime.
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Agora, nesse mesmo exemplo, se, em vez de termos um autor nesse crime, tivermos cinco,
o fato de você ter ido à delegacia de polícia e representado contra A, deixando de lado B, C, D
e E, não impede a atuação do Estado com relação a todos eles. Pelo contrário! Cuidando-se
de ação penal pública condicionada, que se rege pelo princípio da obrigatoriedade, e diante da
eficácia objetiva da representação, ela diz respeito ao fato criminoso, pouco importando quem
sejam os eventuais autores. Com isso, está o Ministério Público autorizado a agir em desfavor
de todos os autores daquele fato criminoso, pois há a representação do ofendido.
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando,
no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141,
e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo.
Você tem alguma dúvida de que o presidente da República, seja ele quem for, é vítima de
centenas de crimes contra a honra, a cada fração de segundo? Assim, cabe ao ministro da
Justiça ponderar se a hipótese demanda ou não a instauração de processo penal, visando a
responsabilizar o autor do crime. Daí o motivo pelo qual, por opção do legislador, tal crime de-
manda requisição do ministro da Justiça para que a ação penal possa ser iniciada.
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Obs.: A requisição não está sujeita a prazo decadencial, mas o crime praticado está sujeito
à prescrição. Outro ponto importante: tal qual a representação, a requisição tem efi-
cácia objetiva, conforme já estudamos.
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Quando pensamos em ação penal privada, a regra é que ela seja desse modelo aqui: exclu-
sivamente privada, também chamada de ação penal privada propriamente dita. Aqui, portanto,
aplicam-se as regras de sucessão processual, dispostas no art. 31 do CPP, diferentemente do
que ocorre na ação penal privada personalíssima, que passo a tratar.
Estamos aqui diante de uma espécie de ação penal que só pode ser ajuizada pelo ofendido.
Não temos a figura do representante legal, do curador, sequer do sucessor processual. Signifi-
ca dizer que em caso de morte da vítima, vai ocorrer a extinção da punibilidade do agente. Isso
mesmo que você “ouviu”. A morte da vítima aparece aqui como causa de extinção da punibi-
lidade do autor do crime! Também significa dizer que se a vítima tiver menos de 18 anos, há a
necessidade de se aguardar que ela complete a maioridade para que possa exercer o direito
de queixa.
Em nossa legislação penal só resta apenas um exemplo de crime dessa espécie, o qual
está disposto no art. 236 do CP, que trata do induzimento a erro essencial e ocultação de impe-
dimento ao casamento. Lá, apenas o cônjuge enganado é quem pode promover a ação penal.
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O que temos aqui? Uma espécie de ação penal a ser manejada diante da inércia do Mi-
nistério Público. Vamos lá. Você já sabe que a ação penal pública se rege pelo princípio da
obrigatoriedade. Vale dizer: presentes os requisitos para o ajuizamento da ação penal, o Mi-
nistério Público não pode, por pura discricionariedade, deixar de agir. Se ele entende que não
tem elementos para dar início à ação penal, pode até solicitar novas diligências ou promover
o arquivamento do inquérito. Também pode o Ministério Público declinar da competência ou
promover o conflito de competência. Mas ficar parado, sem nada fazer, isso ele não pode. E se
o fizer, aberta está a janela para o ofendido agir. A ação penal privada subsidiária da pública
serve para resolver a questão da inércia do órgão ministerial. Assim, passado o prazo para ofe-
recimento da denúncia, se o Ministério Público nada fizer, a vítima poderá apresentar a queixa
subsidiária.
Fiquem atentos a isso – a ação penal privada subsidiária da pública cabe em casos de inércia
do órgão ministerial. Quando o Ministério Público promove o arquivamento do inquérito, ele
agiu (ainda que a vítima não concorde com a atitude que foi tomada). Nesse caso, portanto,
não cabe a ação penal privada subsidiária da pública.
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Veja bem, a infração penal deve ter um ofendido/vítima que possa ser individualizado, para
que ele possa exercer o direito. Assim não cabe nos crimes em que não possa ser individuali-
zada uma vítima. O melhor exemplo de crime em que não é cabível a ação penal privada sub-
sidiária da pública é o crime de perigo, a exemplo do tráfico de drogas.
Temos hipóteses em que, mesmo não havendo vítima individualizada, abre-se a possibilidade
de ação penal privada subsidiária da pública. E qual seria?
1ª) Código de Defesa do Consumidor – arts. 80 e 82 III IV.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e
contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministé-
rio Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor
ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autoriza-
ção assemblear.
Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1º, sem que o representante do Mi-
nistério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá ofe-
recer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses.
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A doutrina diz que aqui acontece uma Decadência Imprópria porque não gera a extinção da
punibilidade. Então se você se deparar com o esse termo por aí, já sabe o que ele significa!
Outro ponto interessante: durante o período em que o ofendido pode apresentar a queixa
subsidiária, não está afastada a legitimidade do Ministério Público. Ou seja, antes de exaurido
o prazo do Ministério Público, só ele pode agir; ultrapassado o prazo do Ministério Público,
e durante o período de 6 meses, tanto o ofendido quanto o Ministério Público estão legitima-
dos a iniciar a ação penal. Após esse prazo, volta o Ministério Público a ser o único legitimado.
O fato de o Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo previsto em lei constitui mera
irregularidade, não sendo impeditivo ao recebimento da denúncia o fato de ela ter sido ofere-
cida após o prazo.
Obs.: Na ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério Público atua como interve-
niente adesivo obrigatório e deve intervir em todos os termos do processo, sob pena
de nulidade. O art. 29 do CPP traz os poderes do Ministério Público na ação penal pri-
vada subsidiária da pública:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Vamos destrinchar esses poderes, vem aqui comigo. O Ministério Público poderá:
1) opinar pela rejeição da queixa, caso constate alguma das hipóteses do art. 395 do Códi-
go de Processo Penal e que importam, justamente, na rejeição da peça acusatória;
2) repudiar a queixa, se o fizer até o recebimento da peça acusatória, demonstrando que
não houve inércia do órgão ministerial. Aqui, fica ele obrigado a oferecer denúncia substitutiva;
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3) aditar a queixa, tanto em seus aspectos formais como materiais. A atuação do Minis-
tério Público aqui é ampla: tanto para incluir coautores ou outros fatos delituosos como para
incluir circunstâncias de tempo ou de lugar. Essa atuação é mais ampla do que aquela que se
dá na ação penal privada personalíssima, em que o Ministério Público só pode aditar a queixa
para corrigir aspectos formais;
4) intervir em todos os termos do processo. O Ministério Público pode interpor recurso e
oferecer meios de prova. Inclusive, o art. 564, III, do CPP preconiza que haverá nulidade se não
houver a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação ajuizada pelo ofendi-
do, no caso de crime de ação penal pública;
5) se o querelante for negligente, o Ministério Público reassume o processo como parte
principal. Essa ação, que decorre da retomada, pelo órgão ministerial, da titularidade da ação
penal, denomina-se Ação Penal Indireta.
As causas extintivas da punibilidade que vamos agora estudar não se aplicam à ação penal
privada subsidiária da pública, pois lá remanesce a obrigatoriedade de atuação do Ministério
Público. Vamos às hipóteses.
11.4.1. Decadência
É a perda do direito de agir pelo decurso do tempo previsto em lei. Tem por consequência
a extinção da punibilidade. Como já falamos, o Código de Processo Penal traz a regra geral
de 6 meses, contados do conhecimento da autoria delitiva, como sendo o prazo decadencial
para oferecimento da queixa-crime (e também para a representação, lembra disso?). Exaurido
o prazo, opera-se a extinção da punibilidade, na ação penal privada personalíssima e na exclu-
sivamente privada. Vale lembrar: o prazo decadencial não se interrompe e nem suspende. Por-
tanto, a demora para concluir o inquérito não interrompe o prazo decadencial, sequer o pedido
para que sejam realizadas as diligências de investigação.
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11.4.2. Renúncia
É um ato unilateral e voluntário, por meio do qual a pessoa legitimada abre mão do seu
direito de queixa. É um desdobramento do princípio da oportunidade ou conveniência. Ou seja,
na ação penal privada, o ofendido pode escolher se vai ou não agir.
A renúncia não se confunde com o perdão, pois, ao contrário do perdão, não depende de
aceitação, é um ato unilateral. Ademais, a renúncia ocorre antes do início da ação penal, vale
dizer, sequer vai se iniciar a ação penal.
Em virtude do Princípio da Indivisibilidade da ação penal privada, se o indivíduo quiser pro-
cessar um dos coautores, ele é obrigado a processar todos. Portanto, em razão do Princípio da
Indivisibilidade a renúncia concedida a um dos coautores estende-se aos demais.
A renúncia pode ser:
• expressa: é aquela feita por declaração inequívoca do ofendido – art. 50/CPP.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante
legal ou procurador com poderes especiais.
• tácita: ocorre pela prática de ato incompatível com a vontade de processar. Exemplo: a
vítima convida o ofensor para ser padrinho de seu filho.
Vamos dar um pulo lá atrás na ação penal pública condicionada, porque aqui tem um ponto
que importa naquele tema. E qual é? Vamos lá.
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Obs.: É cabível a renúncia na ação penal pública? Em regra não, pois a renúncia está ligada
ao direito de queixa, está diretamente relacionado à ação penal de iniciativa priva-
da. Todavia, há exceção: na hipótese da composição civil dos danos, nos termos do
art. 74 da Lei n. 9.099/1995, visualiza-se a renúncia ao direito de representação.
Assim dispõe a lei:
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública con-
dicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.
Portanto, em regra não cabe renúncia ao direito de representação nas ações públicas con-
dicionadas à representação, salvo na hipótese de composição civil dos danos nos juizados
especiais criminais, por expressa disposição legal.
Ah, mas presta atenção aqui, porque aí vai uma informação extremamente relevante! O
recebimento de indenização, em regra, não significa renúncia tácita. Isso é o que diz o pará-
grafo único do art. 104 do Código Penal. Então, caso a vítima receba indenização em razão de
determinado fato, não há impedimento de que ela movimente o juízo criminal, oferecendo uma
queixa-crime. A previsão da Lei n. 9.099/1995, que trata da composição civil dos danos nas
infrações de menor potencial ofensivo, configura-se, portanto, como uma exceção. Vale dizer,
no contexto das infrações penais de menor potencial ofensivo, havendo a composição civil de
danos, aí sim essa indenização vai importar em renúncia.
Quer mais uma questão boa para ser cobrada? A Renúncia NÃO ADMITE RETRATAÇÃO.
E por que isso é um ponto bom para cair da sua prova? Porque é fácil de confundirmos! A repre-
sentação admite retratação, lembra-se disso? Mas a renúncia não! Então, havendo renúncia,
a consequência é a extinção da punibilidade do agente, não existindo a hipótese de o ofendido
se retratar.
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É o ato bilateral e voluntário pelo qual o ofendido (querelante) ou seu representante legal
desiste de prosseguir com o processo já em andamento, perdoando o seu ofensor. Tem por
consequência a extinção da punibilidade, caso o perdão seja aceito. Também aqui, só se aplica
para as ações exclusivamente privada e privada personalíssima.
O perdão também está ligado ao Princípio da Disponibilidade e só pode ser concedido du-
rante o curso do processo, ou seja, depois de iniciada a ação penal.
O perdão, por força do Princípio da Indivisibilidade, se concedido a um dos querelados,
estende-se aos demais, produzindo efeito quanto a todos os que o aceitarem. Ou seja, se um
dos querelados aceitar o perdão e o outro não, a extinção da punibilidade apenas se dará com
relação àquele que aceitou. E por que isso acontece? Porque o perdão depende de aceitação,
que pode ser expressa ou tácita. É o que dispõe o art. 106 do Código Penal.
Obs.: Cuidado com o inciso II. O perdão dado por uma das vítimas, não atinge o direito
das demais vítimas em prosseguir na ação penal. ISTO É, se concedido por um dos
ofendidos, não prejudica o direito dos outros. Isso é excelente para nos confundir em
prova. Por quê? Basta o examinador misturar os nomes querelante e querelado, para
que a confusão esteja pronta. Então vamos deixar bem claro: o perdão concedido a
um querelado, estende-se aos demais, produzindo efeito quanto aos que o aceitarem.
O perdão concedido por um querelante, não prejudica o direito dos demais querelan-
tes, que podem prosseguir normalmente com a ação penal.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado
a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu
silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
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Então o querelado vai ser intimado quanto ao perdão concedido, bem como pode, em 3
dias, recusar o perdão. Havendo manifestação expressa do querelado no prazo assinalado,
a ação penal segue normalmente. Caso ele não se manifeste, ou venha aos autos dizendo que
concorda com o perdão concedido, opera-se a extinção da punibilidade.
O perdão do ofendido na ação penal privada NÃO se confunde com o perdão judicial, que
é concedido pelo juiz, tendo como melhor exemplo o homicídio culposo – art. 121, § 5º/CP:
Quanto ao momento, o perdão pode se dar no curso da ação penal, até o trânsito em julga-
do da sentença condenatória.
Letra d.
Conforme estudamos, no caso de infração de menor potencial lesivo, a composição amigável
dos danos civis homologada pelo juízo acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representa-
ção, nos termos do parágrafo único do art. 74 da Lei n. 9.099/1995.
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11.4.4. Perempção
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deu início à ação penal e perde o direito de continuar; na decadência você perde o direito de
iniciar a ação penal.
A perempção é instituto próprio da ação penal privada (não se aplica à ação penal pública).
Tanto assim que o art. 60 do CPP, ao tratar das hipóteses de perempção, diz expressamente
“nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação
penal”. De mais a mais, não vai ter qualquer aplicação na ação penal privada subsidiária da pú-
blica, pois a desídia do querelante, naquela ação, importa em que o Ministério Público retome
a titularidade da ação penal.
São hipóteses de perempção previstas na lei:
I – quando, iniciada a ação penal, o querelante deixar de promover o andamento do processo duran-
te 30 dias seguidos;
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III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo
a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
A primeira parte do inciso é clara ao dizer que a ausência que leva à perempção é
aquela que não tem um motivo justificado. Assim, se o querelante demonstra o motivo
de sua impossibilidade de comparecer ao ato a que deveria estar presente, não há que se
falar em aplicação da penalidade. Qual a consequência da ausência do querelante à au-
diência de conciliação nos procedimentos de crimes contra a honra? Essa ausência não
é causa de perempção, devendo ser entendida como ausência de interesse de conciliar.
A segunda parte do inciso diz que também se dará a perempção quando o querelante dei-
xar de formular o pedido de condenação nas alegações finais. Aqui vale a pena ressaltar:
esse pedido de condenação não precisa ser expresso. Ou seja, pode ser que o advogado
do querelante deixe de pedir expressamente a condenação em suas alegações finais,
mas deixe claro, por todo o contexto de sua manifestação, que é esse o seu pleito, pois
reforça que o crime foi comprovado, que está claro que o querelado foi o autor, e que não
há qualquer causa extintiva da ilicitude ou da culpabilidade. Nesse caso, portanto, não há
que se falar em aplicação da perempção. Qual é a consequência da ausência do advoga-
do do querelante à audiência de instrução e julgamento? A audiência é una de instrução
e julgamento. Significa dizer que, se o advogado do querelante não estiver presente, não
vai haver sustentação oral para pedir a condenação do querelado. Assim, cuidando-se
de crime de ação penal privada vai haver a perempção, pois não haverá advogado para
pedir a condenação.
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Letra c.
Única alternativa que traz a decisão correta a ser tomada pelo juiz. Vejamos. Na ação pe-
nal privada, se o querelante deixa de formular pedido de condenação, opera-se a perempção
(art. 60, III, segunda parte, CPP). Logo, se o querelante, em alegações finais, pediu a absolvi-
ção, deve o juiz considerar perempta a ação penal, com a consequente extinção da punibili-
dade do querelado. Perceba a diferença do que ocorre na ação penal pública, em que diante
de um pleito absolutório nas alegações finais do Ministério Público, o juiz pode condenar ou
absolver o réu. Aqui não há margem para essas possibilidades.
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IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
É um caso mais difícil de acontecer, pois poucas são as ações penais que tem pessoas
jurídicas como querelantes. Podemos pensar em crimes contra a honra. Caso a pessoa jurídica
venha a ser extinta sem deixar sucessor, vai gerar a extinção da punibilidade.
Errado.
Veja aqui o perigo da questão: confunde os prazos que estão previstos no art. 60 do CPP. O in-
ciso I fala em deixar de dar andamento ao processo durante 30, e não 60 dias como consta
na alternativa.
O Ministério Público atua obrigatoriamente na ação penal privada, mas como fiscal da
lei. A inobservância dessa regra implica em nulidade relativa, devendo ser demonstrado o
prejuízo.
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E quais são os poderes do Ministério Público na ação penal privada? De início, já vamos
fazer uma observação. Não vamos tratar aqui da ação penal privada subsidiária da pública.
Por quê? Sobre ela já falamos de maneira individualizada, inclusive tratando sobre o que pode
fazer o órgão ministerial – lá a atuação do Ministério Público é bem mais ampla, lembra-se
disso? Então vamos em frente.
O Código de Processo Penal dispõe que o órgão ministerial pode aditar a queixa no prazo
de 3 dias. E o que pode fazer o Ministério Público nesse aditamento? Poderá fazer correções
de ordem formal e incluir novos fatos delitivos. Na ação exclusivamente privada, não pode o
Ministério Público incluir coautor que o ofendido não incluiu, sequer fato, pois isso violaria o
princípio da oportunidade. Assim, tendo em vista que há aqui a briga com outro princípio, qual
seja, o da indivisibilidade, o Ministério Público poderá, constatando que a omissão foi invo-
luntária, oficiar para que o querelante adite a queixa, incluindo o coautor que não foi acionado,
sob pena de renúncia ao direito de queixa que, como vimos, vai se estender aos demais. Por
outro lado, se o querelante havia excluído os demais coautores voluntariamente, o órgão mi-
nisterial deve se pronunciar já de plano pela extinção da punibilidade pela renúncia, em face
de todos os autores. Mais adiante falaremos mais sobre o aditamento feito pelo Ministério
Público na queixa crime.
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Questão 7 (MPF/2007) Para persecução penal de crimes contra a honra de funcionário pú-
blico em razão ade suas funções:
a) Somente se procede mediante ação penal pública condicionada à representação do
ofendido;
b) É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condi-
cionada à representação do ofendido;
c) A exigência de representação do ofendido para a iniciativa do Ministério Público se estende
aos crimes de imprensa e aos crimes eleitorais;
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Letra b.
A questão é respondida a partir do enunciado 714 da Súmula do STF, que diz que “É concor-
rente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à
representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções”. As demais alternativas contrariam esse entendimento.
11.340/2006
A Lei n. 9.099/1995 dispôs que os crimes de lesões corporais leves e culposas são de
ação penal pública condicionada à representação do ofendido, alterando a previsão inicial do
Código Penal (ação penal pública incondicionada). A despeito disso, em razão de vedação
expressa contida no art. 41 da Lei Maria da Penha, não se aplicam os dispositivos da Lei
n. 9.099/1995 aos crimes cometidos no contexto da violência doméstica e familiar contra a
mulher. Chamados para se manifestarem quanto a isso, os tribunais superiores confirmaram
a constitucionalidade daquela vedação. Por conta de tal fato, os crimes de lesões corporais
leves e culposas cometidos no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher
continuam sendo processados conforme o Código Penal, ou seja, mediante ação penal pública
incondicionada. Tanto assim que o STJ editou a súmula 542, cujo enunciado dispõe: “a ação
penal relativa ao crime de lesão corporal, resultante de violência doméstica contra a mulher,
é pública incondicionada”.
Mas atenção aqui! Já vi muita gente fazendo confusão com esse ponto, por achar que no
contexto da Lei Maria da Penha nunca vai caber ação penal pública condicionada ou mesmo
ação penal privada! Não é isso! Se o crime, nos termos do Código Penal, demanda representa-
ção ou iniciativa da vida, nada altera por se tratar de violência doméstica. Tanto assim que o
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lhor, sob a perspectiva dele. Se a nova lei melhora a situação do réu, aí ela vai retroagir
para atingir aquele fato praticado no passado. Tendo isso em mente, fica bem mais fácil
de resolvermos questões relacionadas à evolução da lei no tempo, não só no que diz
respeito aos crimes contra a dignidade sexual, mas em todo e qualquer caso.
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Conforme já falei, a denúncia é a peça de início da ação penal pública, enquanto a queixa-
-crime é a peça de início da ação penal privada. Vamos estudá-las em conjunto, destacando
as particularidades da queixa-crime sempre que necessário. Ah, e nem preciso dizer, né? Se
você quer ser promotor de justiça, tem que saber os requisitos da inicial acusatória de ponta
a ponta! Vai precisar disso na sua prova objetiva, na peça escrita e, principalmente, na vida
real, quando for elaborar as suas denúncias (já se imagina aí ocupando seu cargo!). E o futu-
ro juiz? Da mesma forma, vai ser cobrado em sua prova e, na prática, você quem vai ter que
verificar se a denúncia ou a queixa estão aptas a serem recebidas. Então já vamos começar
a treinar aqui, para não ter nenhuma dúvida na vida real! Vem comigo!
Vale lembrar que no processo penal é possível o litisconsórcio ativo entre o Ministério
Público e o querelante. Isso vai ocorrer quando houver a conexão entre um crime que se pro-
cessa mediante ação penal pública e outro que se processa mediante ação penal privada.
Vamos ter aqui uma denúncia e uma queixa, cada uma elaborada por quem tem legitimidade,
e que vão caminhar lado a lado.
Mais uma observação inicial: tanto a denúncia quanto a queixa, via de regra, devem ser
feitas por escrito. Por que eu digo via de regra? A Lei n. 9.099/1995 traz um permissivo para
que a denúncia ou a queixa possam ser feitas de forma oral e, posteriormente, reduzida a
termo.
O art. 41 do Código de Processo Penal traz os requisitos da peça acusatória. Assim dispõe:
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstân-
cias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classifica-
ção do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
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A peça acusatória deve narrar o fato delituoso detalhadamente. Não podemos nos esque-
cer de que no processo penal o acusado se defende dos fatos que constam da denúncia ou
queixa. Por conta disso, ele deve saber exatamente qual é a imputação que lhe é dirigida, de-
vendo a imputação ser clara, precisa, sob pena de inviabilizar o direito de defesa. Se a narrativa
for defeituosa, isso vai implicar em inépcia da inicial acusatória.
Quando eu falo em exposição do fato criminoso, estou me referindo ao fato propriamente
dito (e não à mera descrição do tipo) – nesse sentido, a peça deve conter respostas para per-
guntas como “o que”, “onde”, “quando” e “como foi”. Também importa dizer que, se houver mais
de um réu, é preciso descrever a conduta de cada um deles, obviamente se já for possível essa
individualização. Também devem estar narrados os fatos que impliquem em qualificadoras,
em causas de aumento e de diminuição de pena, dentre outros.
Para verificar se a denúncia é inepta, temos que diferenciar os elementos essenciais dos
elementos acidentais. O que é isso? É o seguinte. Elementos essenciais são aqueles que de-
vem estar presente em toda e qualquer peça acusatória, pois é necessário para identificar o
fato típico praticado pelo agente. A falta do elemento essencial vai dar ensejo à nulidade abso-
luta. É o que ocorre, por exemplo, na narrativa de um crime culposo, em que o autor deve dizer
precisamente em que consiste a imprudência, a negligência ou a imperícia. Se não o fizer, isso
afeta diretamente a figura típica, pois o crime culposo demanda a narrativa de alguma dessas
modalidades de culpa. Por outro lado, elementos acidentais são aqueles que importam para
identificar o fato criminoso no tempo ou no espaço, cuja ausência nem sempre afeta o exercí-
cio do direito de defesa. A ausência do elemento acidental vai dar ensejo à nulidade relativa,
devendo ser comprovado o prejuízo. Assim, se, por exemplo, o promotor de justiça não souber
o horário exato em que se deu o fato criminoso, poderá não constar tal informação na peça de
início. Se os elementos essenciais estiverem presentes e permitirem o direito de defesa, não há
qualquer problema, podendo a denúncia ser recebida, dando início à ação penal. Obviamente
que, se esses elementos acidentais forem conhecidos, deverão constar da peça acusatória.
Caso contrário, nada impede o oferecimento da peça sem eles.
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Olha aqui que interessante! Você sabe o que é “CRIPTO IMPUTAÇÃO”? Aqui estamos diante
de uma narrativa contaminada por grave deficiência, inviabilizando o exercício do direito de de-
fesa, a exemplo de uma denúncia mal redigida, mal elaborada. A denúncia está criptografada,
ou seja, não permite que o réu entenda do que se trata! A deficiência da exposição do fato de-
lituoso é causa de inépcia da peça acusatória e essa inépcia é causa de rejeição de denúncia.
Esse ponto foi objeto de prova discursiva do Concurso do Ministério Público de Goiás
(2013). Veja o que o examinador perguntou: o que se entende por criptoimputação? Qual(is)
a(s) sua(s) consequência(s) para o processo penal? Como deve agir o Promotor de Justiça a
fim de evitá-la?
Há divergência na doutrina quanto à necessidade ou não de as circunstâncias agravantes
constarem da peça acusatória. Os tribunais superiores entendem que, na ação penal pública,
as agravantes podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz, mesmo que não tenham constado
da peça acusatória, em razão do que dispõe o Código de Processo Penal:
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o
Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora ne-
nhuma tenha sido alegada.
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minha ação penal. Mas não sei indicar qualquer dado dela. Aqui se permite a informação de
dados que permitam a individualização. Estou tratando aqui da chamada pessoa incerta, que
é considerada aquela fisicamente certa (aquele moço que está preso na delegacia) sobre a
qual não há elementos quanto à identificação. Assim, de acordo com o artigo 41 do CPP, não
havendo a qualificação completa do acusado, e não sendo possível sua identificação criminal,
é possível que sejam apontados esclarecimentos pelos quais se possa identificar o acusado.
Essa possibilidade, no entanto, é rechaçada por parte da doutrina, que entende que tal
sistemática é incompatível com a nossa ordem constitucional, o que se evidencia pelas al-
terações promovidas no Código de Processo Penal. Assim é que dispõe o art. 259 do CPP,
dizendo:
Ademais, certo que também revogado o art. 363, II, do CPP, o qual possibilitava a citação
por edital de pessoa incerta. Hoje não cabe mais citação de pessoa incerta, o que reforça a
corrente doutrinária que afirma ser inviável a denúncia de pessoa incerta.
É a tipicidade, a indicação do dispositivo legal que capitula o crime praticado pelo agente.
A classificação equivocada do crime não autoriza a rejeição da peça acusatória, pois o
acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados. Assim, caso o magistrado discorde da
imputação feita na peça de início, tem a possibilidade de corrigi-la por ocasião da sentença,
por meio do instituto da emendatio libelli, nos termos do art. 383 do CPP. O entendimento dos
tribunais superiores, portanto, é de que o momento adequado para se proceder à emendatio
libelli é, via de regra, por ocasião da sentença.
No entanto, se for para beneficiar o réu ou para acertar a competência ou o procedimento,
ou mesmo para decidir questões de ordem pública, é possível que o juiz faça a correção já
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Também dentro desse ponto, vale ressaltar a possibilidade de rejeição parcial da inicial
acusatória, por exemplo, para decotar uma qualificadora, por falta de justa causa. Nesse caso,
o juiz recebe a denúncia parcialmente, apenas quanto à descrição que se amolda ao tipo pe-
nal primário, mas entende que a qualificadora não está demonstrada. Essa rejeição parcial
acaba por também repercutir na capitulação do crime feita na denúncia ou na queixa.
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Informativo n. 577 – STJ A intimação do Ministério Público para que indique as provas
que pretende produzir em Juízo e a juntada do rol de testemunhas pela acusação, após
a apresentação da denúncia, mas antes da formação da relação processual, não são
causas, por si sós, de nulidade absoluta. Isso porque, a despeito da previsão legal do
momento processual adequado para o arrolamento das testemunhas tanto para a acu-
sação (art. 41 do CPP) quanto para a defesa (arts. 396 e 396- A), aspectos procedimen-
tais devem ser observados pelas partes, devendo-se proceder a uma visão global do
todo previsto, interpretando sistematicamente o CPP. E, nos termos do art. 284 do CPC,
aplicado subsidiariamente ao processo penal, por força do art. 3º do Diploma Proces-
sual Penal, “verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos
nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de
10 dias” e, acaso se mantenha inerte a parte autora, deverá o magistrado, aí sim, nos
termos do parágrafo único do art. 284 do CPC, indeferir a petição inicial.
Mas atenção! A questão não é pacífica! Há julgado daquele mesmo tribunal falando sobre
a impossibilidade de se emendar a peça acusatória com essa finalidade, dizendo ter ocorrido
a preclusão.
Há que se atentar também que o juiz, com base no princípio da busca da verdade, pode
ouvir como suas as testemunhas que foram “esquecidas” pelo autor quando da confecção da
peça inicial acusatória.
Esse requisito é apontado pela doutrina, muito embora não se extraia da redação do art. 41
do CPP. E qual o objetivo? Verificar qual a autoridade judiciária competente. Então, a inicial
acusatória deve apontar o órgão jurisdicional a quem se direciona.
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Cuida-se de pedido genérico, não havendo necessidade de que seja indicada a pena.
A fixação da pena é atribuição do juiz, de acordo com os parâmetros fixados em lei. O pe-
dido de condenação não precisa ser expresso, pode ser extraído da narrativa constante
da inicial acusatória. Também pode haver pedido de absolvição imprópria, quando se
tratar de réu inimputável.
Errado.
Na inicial acusatória, não há a necessidade de o promotor de Justiça individualizar quais as
eventuais penalidades aplicáveis ao réu. Essa é tarefa do juiz, no instante de aplicar a pena,
em caso de condenação.
O Promotor de Justiça irá dispor o seu nome e assinar a denúncia, isso sob pena de ser
considerada inexistente a peça inicial acusatória, salvo se puder ser identificado o Promotor de
Justiça que praticou o ato, hipótese em que se estará diante de mera irregularidade.
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cia, mas não havendo dúvida quanto à autenticidade da peça acusatória, constitui mera
irregularidade, não acarretando, portanto, a sua nulidade (Precedentes do STF e do STJ).
Recurso provido.(REsp 939.971/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, jul-
gado em 09/10/2007, DJ 19/11/2007, p. 283)
No que diz respeito à queixa, no entanto, se não há a identificação do querelante, ela será
considerada sempre inexistente.
Letra d.
Conforme prevê a jurisprudência dominante, na situação narrada no item, a denúncia
será meramente irregular, pois permite a identificação da pessoa que está iniciando a
peça acusatória.
Aqui estamos diante da famosa “justa causa”. É importante trazer elementos de autoria
e materialidade que permitam saber que o crime possivelmente aconteceu e que o autor é a
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pessoa que está sendo acionada. Em paralelo ao que acontece no processo civil, a denúncia
ou a queixa poderiam ser comparadas a uma “petição inicial”, e os documentos que devem
acompanhar essa petição inicial seriam os elementos de justa causa produzidos na investi-
gação criminal.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do ins-
trumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais es-
clarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Obs.: Se a questão perguntar sobre a literalidade do CPP, está lá escrito “nome do que-
relante”.
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Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da
data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o
réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade poli-
cial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente
os autos.
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Se o inquérito policial for dispensado, o prazo conta da data em que o Ministério Público tiver
recebido as peças de informação ou a representação.
Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério Público, responsáveis
pelo retardamento, perderão tantos dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem
do tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a perda será do dobro dos dias
excedidos.
Grande parte da doutrina processualista penal defende que esse art. 801 do CPP não foi
recepcionado pela Constituição da República pelo princípio da irredutibilidade de vencimentos.
Todavia, o artigo está em pleno vigor.
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3ª) Caso o excesso seja abusivo, a prisão deve ser objeto de relaxamento, sem prejuízo da
continuidade do processo.
4ª) Se a inércia do promotor de justiça for doloso, se ele tiver agido para atender interesse
pessoal, pode caracterizar o crime de prevaricação.
O art. 806 do CPP dispõe que, ressalvada a hipótese de vítima pobre, nas ações intentadas
mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório
a importância das custas e também que nenhum ato requerido no interesse da defesa será re-
alizado sem o prévio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre. Logo, todo ato que
venha a ser praticado em ação penal privada, demanda o pagamento de custas, a exemplo das
custas para citação do querelado em Estado estrangeiro, por meio de carta rogatória. Sendo
pública a ação penal, apenas se exige o pagamento das custas processuais após a condena-
ção, nos termos do art. 804 do CPP.
Um dos requisitos da denúncia é a descrição do fato delituoso com todas as suas circuns-
tâncias. Importante lembrar que, se houver mais de um autor do fato criminoso, é necessário
que se tenha a descrição da conduta de cada um dos agentes. Se, por exemplo, várias pessoas
praticaram um roubo, eu preciso descrever na denúncia a conduta de cada um deles. Mas per-
ceba: sempre que isso for possível! E quando não seria possível?
Vamos a um exemplo que gosto muito e que já vi acontecer na vida real.
Imagine que 10 pessoas entram em uma agência bancária, todas encapuzadas e usando
luvas, e praticam o crime de roubo. Algumas estão com armas, outras com bolsas para reco-
lher dinheiro. Outras ficam na porta, para vigiar eventual chegada de policiais. Acontece que,
quando estão saindo da agência bancária, são presos em flagrante por policiais que estavam
passando pela região. Obviamente eles tentaram fugir e dispensaram os bens e as armas. To-
dos serão processados pelo crime de roubo. Mas o promotor de justiça não tem condições de
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individualizar na denúncia a conduta de cada um deles. Como dizer quem abordou as vítimas
com arma? E quem estava recolhendo o dinheiro? Nesse caso, vai ser feita uma denúncia que
indica para todos os acusados um fato criminoso: o crime de roubo praticado mediante grave
ameaça com uso de arma de fogo. Todos os réus sabem que tem que se defender de um rou-
bo, ocorrido no local X, no dia X, praticado mediante grave ameaça, com arma, e que teve por
objeto dinheiro subtraído de agência bancária. Essa denúncia não é genérica. Não há nenhum
problema nela, porque permite a ampla defesa dos acusados.
Eugênio Pacceli diz ser possível a denúncia geral, que é diferente da genérica. Nos dizeres
de Pacceli, eu tenho denúncia geral quando o órgão acusatório imputa a todos, indistintamen-
te, o mesmo fato criminoso, independentemente das funções por eles exercida na sociedade
– a peça não é inepta, desde que certo e induvidoso o fato atribuído. Quer mais um exemplo?
Veja. Nos crimes denominados societários ou “crimes de gabinete” encontramos problema
semelhante. O que eu tenho aqui? Imagine que está sendo atribuído um crime contra a ordem
tributária contra um sócio administrador da pessoa jurídica. Nessa denúncia, o Ministério Públi-
co vai colocar aquela pessoa como ré e dizer que, em razão de uma conduta dela, foi praticado
o fato criminoso, a supressão de tributo. Eu preciso verificar um liame mínimo entre a pessoa e
o fato criminoso que está sendo imputado. Se há vários sócios, todos com capacidade de ad-
ministração, todos podem ser acionados, exatamente com essa imputação – em razão de um
ato da administração daquela pessoa jurídica, os livros não foram devidamente escriturados,
provocando a supressão do imposto. Não tenho como saber, no ato do oferecimento da denún-
cia, qual réu praticou de forma direta aquela conduta. Mas todos eles sabem que precisam se
defender precisamente daquela imputação. Eu tenho aqui uma denúncia que não detalha minu-
dentemente a conduta dos acusados, mas liga a conduta deles com o fato delitivo.
Diferente é a denúncia genérica, que é aquela que “imputa a existência de vários fatos típi-
cos, genericamente, a todos os integrantes da sociedade, sem que se possa saber quem teria
agido de tal ou qual maneira”. Aqui, eu imputo vários fatos diversos e genéricos, e não tenho a
menor ideia de quem praticou cada uma das condutas. Isso não é admitido, porque impossibi-
lita a ampla defesa. Como o réu A vai saber do que deve se defender? Deve se preocupar com
o fato X, Y ou Z? Isso não é admitido.
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A teor da jurisprudência desta Corte, “nos chamados crimes societários, embora a vesti-
bular acusatória não possa ser de todo genérica, é válida quando, apesar de não descre-
ver minuciosamente as atuações individuais dos acusados, demonstra um liame entre
o seu agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da imputação e
possibilitando o exercício da ampla defesa, caso em que se consideram preenchidos os
requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal.” (...) 6 (RHC 99.543/MG, Rel. Minis-
tro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 26/02/2019).
Não se pode confundir a denúncia genérica com a denúncia geral, pois o direito pátrio
não admite denúncia genérica, sendo possível, entretanto, nos casos de crimes socie-
tários e de autoria coletiva, a denúncia geral, ou seja, aquela que, apesar de não deta-
lhar minudentemente as ações imputadas aos denunciados, demonstra, ainda que de
maneira sutil, a ligação entre sua conduta e o fato delitivo. (RHC 96.738/RS, Rel. Minis-
tro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe
07/05/2018).
A denúncia pode ter cumulação de imputações, ou seja, trazer mais de um fato, hipótese
em que temos cumulação objetiva, ou mais de um sujeito, quando terei cumulação subjetiva.
Não é possível imputação implícita, ou seja, aquela que não vem expressa na denúncia.
Também não é possível a imputação alternativa. O que seria isso? Eu digo na denúncia:
A ou B praticaram o furto do celular que estava em cima da mesa. Eu já investiguei, mas não
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tenho certeza ainda se foi A ou foi B, sequer se os dois agiram em conluio. Então, por via das
dúvidas, denuncio os dois. Isso não é possível! A investigação tem que trazer indícios de auto-
ria quanto a um ou outro, ou quanto aos dois em caso de concurso, é claro, mas não dizer que
foi um ou outro, mas ainda não se sabe quem foi.
Também não é possível a alternatividade quanto às condutas. Por exemplo, denúncia que
descreve que o réu foi encontrado na posse de um aparelho celular que havia sido subtraído
dias antes. Não foi possível ter certeza se ele subtraiu o celular ou receptou. Se não há de-
monstração de que furtou, e há elementos dizendo que ele receptou, a denúncia deve ser por
receptação. Não se pode denunciar dizendo que ele furtou no dia X ou receptou dias depois.
O réu precisa saber do que vai se defender. A denúncia pode ter mais de um fato, caso tenham
sido cometidos crimes em concurso, mas não um OU outro. Obviamente, pode surgir fato novo
durante o processo, aí sim pode haver aditamento da denúncia para incluir esse fato novo. Ou
para modificar a imputação. Por exemplo, o réu estava sendo processado por receptação, mas
se comprovou no curso do processo que foi ele quem roubou o aparelho celular. Aqui tudo
muda, permitindo o aditamento da denúncia, que é o que passamos a estudar agora.
Obs.: O Ministério Público não pode aditar a denúncia para diminuir a quantidade de réus
ou a narrativa de crimes. Não se pode desistir da ação penal. O que vai ocorrer com
relação ao réu que não teve a autoria comprovada ou o fato não demonstrado é a
absolvição do réu.
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ção, ser realizado o aditamento, para que o réu possa se defender quanto aos fatos que lhes
são imputados.
O aditamento também pode ser feito apenas para retificar ou esclarecer a peça inicial –
por exemplo, o nome do réu está grafado incorretamente. O aditamento vai servir aqui apenas
para corrigir o erro material.
Quando pode ser aditada a denúncia? Desde o oferecimento da peça acusatória até o mo-
mento imediatamente anterior à sentença.
Espécies de aditamento:
a) Quanto ao objeto do aditamento:
I – Aditamento próprio – acréscimo de fatos ou sujeitos não contidos na peça inicial.
Pode ser:
• Real – quando acrescenta fatos, qualificadoras ou causas de aumento de pena. Pode
ser material ou legal. No material incluo um fato, uma situação naquela denúncia. No
legal, o Ministério Público faz correção da capitulação do crime.
• Pessoal – quando acrescenta coautores ou partícipes.
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inclusão de outras pessoas, isso em nada altera a interrupção da prescrição que já ocorreu lá
atrás, quando do recebimento da denúncia.
Qual o fundamento disso? O Art. 117, §1º do CP prevê que a interrupção da prescrição é
com relação ao crime, e produz efeito com relação a todos os autores! Se a denúncia foi re-
cebida, quanto àquele fato, pouco importa quem são os autores – vai ter efeito com relação
a todos eles. Se houve aditamento para incluir corréu, isso em nada repercute no campo da
prescrição. No entanto, se o aditamento é para incluir fato, aquele fato novo que foi incluído vai
ter a interrupção da prescrição quando do recebimento do aditamento. Quanto ao fato que já
estava narrado, teve a interrupção da prescrição lá atrás, quando recebida a denúncia.
Recapitulando: se o aditamento é para incluir fato novo, vai haver a interrupção da prescri-
ção quanto ao fato novo. O fato já narrado teve a interrupção da prescrição lá atrás, quando
foi recebida a denúncia. Já o aditamento para incluir corréu ou partícipe, não tem o condão de
interromper a prescrição.
O aditamento da queixa é possível?
Quanto ao aditamento impróprio, não há qualquer problema. Ele pode ser feito a qualquer
tempo, seja pelo Ministério Público, seja pelo querelante. O grande problema, no entanto, está
no aditamento próprio. O aditamento próprio pelo Ministério Público, à queixa-crime, é possível?
O art. 45 do CPP diz que a queixa pode ser aditada pelo Ministério Público.
Aqui temos que diferenciar as espécies de ação penal privada. Na ação penal privada sub-
sidiária da pública, o Ministério Público tem amplos poderes para aditar a queixa, seja para o
que for: incluir novos réus, novos fatos, corrigir erros materiais e tudo mais que for necessário.
Mas na ação penal exclusivamente privada e na privada personalíssima, o Ministério Público
não pode incluir fatos ou autores, apenas correções de ordem material e circunstâncias de
tempo e de lugar.
E o querelante, na ação penal privada, pode aditar a queixa crime, para incluir fatos ou pes-
soas? Em se tratando de aditamento impróprio, não há dúvida de que ele pode. Mas e o adita-
mento próprio? Parte da doutrina diz que não pode, ao argumento de que, se o querelante deixou
de incluir determinada pessoa, renunciou ao direito de queixa quanto àquela pessoa, o que se
estenderia aos demais autores do crime. A mesma coisa ocorreria com relação ao fato. A outra
parte da doutrina diz o seguinte: se a vítima demonstra que na época do oferecimento da queixa
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crime não tinha conhecimento quanto a um fato ou a uma pessoa, ela tem como aditar a queixa
posteriormente, caso venha a tomar conhecimento quanto a esse fato ou pessoa.
É isso! Esgotamos o tema ação penal, além de denúncia e queixa! Tudo o que você precisa
está aqui. Qualquer dúvida, me chama pelo portal do Gran Cursos Online, que estou pronta para
te ajudar!
Ah! Vamos treinar mais? Seguem questões extraídas de concursos para Magistratura e Mi-
nistério Público, estaduais e federais, sobre o tema em estudo. Ao final, está o gabarito (delas e
daquelas questões propostas dentro do nosso conteúdo). Várias delas estão também comen-
tadas. Não deixe de conferir! E não se assuste se não conseguir resolver algumas. É normal
que você erre nas primeiras tentativas. Também há questões que estão misturadas com outros
temas que talvez você ainda não tenha estudado. E por que estão aqui? Porque algumas pro-
vas fazem essa mescla de assuntos. Além disso, quando você tiver estudado todos os pontos,
essas questões serão excelentes para revisar todo o conteúdo estudado. Então, mãos à obra!
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Tendo como fundamento
a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta, a respeito de ação penal.
a) Em razão do princípio da indivisibilidade, o não ajuizamento de ação penal contra todos os
coautores de crime de roubo implicará o arquivamento implícito em relação àqueles que não
forem denunciados.
b) A inexistência de poderes especiais na procuração outorgada pelo querelante não gerará
a nulidade da queixa-crime quando o consequente substabelecimento atender às exigências
expressas no art. 44 do CPP.
c) Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo querelante, de algum coautor implicará o re-
conhecimento da renúncia tácita do direito de queixa pelo juiz e resultará na extinção da puni-
bilidade.
d) No caso de ação penal privada, eventual omissão de poderes especiais na procuração outor-
gada pelo querelante poderá ser sanada a qualquer tempo por iniciativa do querelante.
e) No caso de crime praticado contra a honra de servidor público no exercício de suas funções,
a vítima tem legitimação concorrente com o MP para ajuizar ação penal.
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c) proceder, por analogia, na forma do art. 28 do CPP, para que o Procurador-Geral de Justiça
tome as providências legais.
d) reconhecer a prefacial e, através de habeas corpus de ofício, determinar a liberdade do réu.
e) reconhecer a prefacial e impor ao Ministério Público a perda de 10 dias de vencimentos.
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c) Se o juiz decidir pela rejeição da denúncia ou queixa por entender que o fato narrado na peça
acusatória não constitui crime, consequentemente, estará prejudicada a possibilidade de pro-
positura de ação cível indenizatória.
d) Não impede a propositura da ação civil indenizatória, a decisão que julgar extinta a punibili-
dade do agente.
e) Se o juiz julgar pela improcedência da ação penal pública ou privada por entender que o
acusado agiu acobertado pelo estado de necessidade putativo, tal sentença não impede ação
indenizatória.
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b) O arquivamento do inquérito policial, por atipicidade do fato, não faz coisa julgada, não po-
dendo ser invocado como exceção de coisa julgada.
c) A citação por hora certa não está prevista, expressamente, no Código de Processo Penal,
sendo aplicável por analogia no processo penal em decorrência das disposições do Código de
Processo Civil.
d) Não se admite a rejeição da denúncia, com base na prescrição virtual do crime objeto da
acusação.
e) O vício quanto à regularidade da procuração na ação penal privada pode ser emendado (ca-
pacidade postulatória), mesmo após o transcurso do prazo decadencial.
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com intuito de lucro, por meio de cabo ou satélite, é crime movido por ação penal pú-
blica condicionada à representação.
II – Conforme a doutrina tradicional, são condições da ação o interesse, a legitimidade,
a capacidade postulatória e a possibilidade jurídica do pedido.
III – Nos termos do Código de Processo Penal, o Ministério Público não pode desistir da
ação penal pública, mas pode pedir absolvição, hipótese em que, ainda assim, poderá
o Juiz proferir sentença condenatória.
IV – No caso de ação penal privada, caso sejam dois os autores identificados de um crime,
o oferecimento de queixa contra apenas um deles não é permitido, pois a renúncia ao
direito de ação contra um deles estende-se ao outro.
V – Caso o querelante abandone a causa, sem promover o andamento do processo
durante trinta dias seguidos, considerar-se-á perempta a ação penal, não podendo
ser ajuizada novamente.
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algo grave viesse a lhe acontecer, contatou com o promotor de Justiça da comarca de São
Sebastião do Caí, que o enquadrou na Lei Maria da Penha. Depois de alguns procedimentos
policiais e judiciais, o Magistrado sentenciou, sendo o réu condenado a 3 meses de detenção.
Houve apelação da defesa, e o novo órgão do Ministério Público recebeu os autos para contrar-
razoar. O Parquet deve opinar
a)pela anulação do feito por ausência de representação.
b) pela manutenção da decisão por se tratar de ação penal pública incondicionada.
c) pela suspensão do processo para aguardar o resultado de decisão do STF a respeito da
constitucionalidade da Lei Maria da Penha.
d) pela anulação do feito para que o processo inicie no Juizado Especial Criminal.
e) pela anulação do feito por se tratar de caso que só se procede mediante ação privada.
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a) considerar que houve perdão com relação a João e extinguir sua punibilidade; determinar
a citação e intimação de José para apresentação de resposta escrita.
b) intimar Luís para que se manifeste expressamente acerca da ausência de João no polo pas-
sivo; determinar a citação e intimação de José para apresentação de resposta escrita.
c) considerar que houve renúncia com relação a João, estender tal entendimento a José e ex-
tinguir a punibilidade de ambos.
d) considerar que houve renúncia com relação a João e extinguir sua punibilidade; determinar
a citação e intimação de José para apresentação de resposta escrita.
e) considerar que houve perdão com relação a João, estender tal entendimento a José e inti-
má-los para que se manifestem no sentido de aceitar ou recusar a benesse oferecida por Luís.
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e) Considere que Joana tenha oferecido representação contra sua vizinha Maria por crime
de ameaça. Nessa situação, consoante previsão expressa no CPP, a representação ofereci-
da por Joana deve ser considerada retratável até o recebimento da denúncia pela autorida-
de judicial.
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II – O Supremo Tribunal Federal entende que a representação é peça sem rigor formal, que
pode ser apresentada oralmente ou por escrito, tanto na delegacia, quanto perante o
magistrado ou membro do Ministério Público.
III – A representação é condição de procedibilidade para que se possa instaurar persecu-
ção penal em crime de ação penal pública condicionada. De acordo com o Código de
Processo Penal, ela pode ser oferecida pessoalmente ou por procurador com poderes
gerais.
Assinale:
a) se somente a afirmativa II estiver correta
b) se somente a afirmativa III estiver correta.
c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas
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atrelado à legalidade estrita. Com os novos institutos, o Ministério Público não mais precisa
registrar e documentar todas as diligências realizadas, bastando que demonstre eficiência no
alcance dos resultados.
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c) o direito de representação é do ofendido, salvo nos crimes patrimoniais, que passa também
ao cônjuge
d) o direito de representação deve ser exercido pela FUNAI, quando o ofendido é indígena
e) a representação será retratável até a publicação da sentença.
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c) O prazo de cinco dias para oferecimento da denúncia, nas hipóteses de réu preso, a fim de
evitar a restrição prolongada à liberdade sem acusação formada, configura prazo próprio.
d) A queixa-crime apresentada perante juízo incompetente não obsta a decadência, se tiver
sido observado o prazo de seis meses previsto no CPP.
e) O ato de recebimento da denúncia veicula manifestação decisória do Poder Judiciário, e não
apenas simples despacho de caráter ordinatório.
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GABARITO
1. e 28. b
2. a 29. e
3. b 30. a
4. d 31. b
5. c 32. c
6. b 33. a
7. d 34. d
8. a 35. c
9. a 36. E
10. c 37. b
11. b 38. b
12. b 39. e
13. d 40. e
14. c 41. a
15. a 42. d
16. b 43. d
17. c 44. c
18. d 45. c
19. c 46. E
20. a 47. c
21. a 48. c
22. a 49. e
23. d 50. E
24. a
25. d
26. c
27. b
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Ação Penal
Danielle Rolim
GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESPE/TJ-BA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Tendo como fundamento
a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta, a respeito de ação penal.
a) Em razão do princípio da indivisibilidade, o não ajuizamento de ação penal contra todos os
coautores de crime de roubo implicará o arquivamento implícito em relação àqueles que não
forem denunciados.
b) A inexistência de poderes especiais na procuração outorgada pelo querelante não gerará
a nulidade da queixa-crime quando o consequente substabelecimento atender às exigências
expressas no art. 44 do CPP.
c) Na queixa-crime, a omissão involuntária, pelo querelante, de algum coautor implicará o re-
conhecimento da renúncia tácita do direito de queixa pelo juiz e resultará na extinção da puni-
bilidade.
d) No caso de ação penal privada, eventual omissão de poderes especiais na procuração outor-
gada pelo querelante poderá ser sanada a qualquer tempo por iniciativa do querelante.
e) No caso de crime praticado contra a honra de servidor público no exercício de suas funções,
a vítima tem legitimação concorrente com o MP para ajuizar ação penal.
Letra e.
Alternativa que também traz o entendimento contido no enunciado 714 da Súmula do STF na
alternativa correta. Então, atenção para essa Súmula.
A alternativa A está incorreta, pois contraria o entendimento dos tribunais superiores, de que
na ação penal pública, o princípio que se aplica é o da divisibilidade.
O erro da alternativa B consiste na afirmação de que o substabelecimento que contenha as exi-
gências do art. 44 do CPP supriria a ausência de poderes especiais da procuração outorgada
para o oferecimento de queixa-crime. E qual o erro? Não se pode transferir mais do que se tem.
Assim, se o advogado não tem poderes especiais, o substabelecimento feito por ele também
não confere tais poderes.
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Alternativa C fala sobre renúncia tácita do direito de queixa em caso de omissão involuntária
de um dos coautores. Conforme estudamos, é a omissão voluntária que terá esse feito.
Alternativa D está incorreta, pois o entendimento dos tribunais é no sentido de que a omissão
pode ser suprida a todo tempo, mas até a sentença final, nos termos do art. 569 do CPP.
Letra a.
A alternativa traz exatamente o que está descrito no art. 41 do CPP sobre quais os requisitos
da peça inicial acusatória. As demais alternativas omitem alguns dos requisitos ou acrescen-
tam requisitos inexistentes. Típica questão que se resolve apenas com a lei.
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Letra b.
Cuidando-se de crime de lesão corporal cometido no contexto de violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, por não se aplicar a Lei n. 9.099/1995 (que tornou os crimes de lesão leve
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Letra d.
A denúncia deve narrar o fato criminoso de forma escorreita. O réu se defende dos fatos, por
isso é necessário que a denúncia traga o fato criminoso com todas as suas circunstâncias.
As demais alternativas estão erradas, pois tentam fazer crer que a denúncia pode se conten-
tar com uma narrativa rasa sobre o fato criminoso.
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c) a inclusão, por Lino, dos poderes especiais deve ser considerada inexistente.
d) a queixa-crime padece de irregularidade, ante a natureza jurídica da representação.
e) a queixa-crime poderia ter sido oferecida tanto por Lino quanto por Rafael.
Letra c.
Aqui, mais uma vez, estamos diante de um advogado que não possui poderes especiais. Se
não os tem, não há como transferi-los, por meio de substabelecimento, para outro advogado.
O advogado não transfere maiores poderes do que aqueles que possui.
Letra b.
Os prazos para oferecimento da denúncia, previstos na lei processual penal, não implicam em
que, se não obedecidos, seja a denúncia rejeitada. O que podemos ter é, por exemplo, eventual
reconhecimento do excesso de prazo da prisão, a ensejar o relaxamento da custódia cautelar.
Assim, desde que oferecida a denúncia antes da prescrição, ela será recebida, pois se cuida
de mera irregularidade.
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Letra d.
O crime de ameaça se processa mediante ação penal pública condicionada à representação.
A representação deve ser oferecida em até 6 meses a contar do conhecimento da autoria.
O prazo decadencial não se interrompe e não se suspende.
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Letra a.
No crime de ação penal pública, se o promotor ficar inerte no prazo para oferecer denúncia,
abre-se a possibilidade de a vítima oferecer ação penal privada subsidiária da pública.
b) Errada. A alternativa B está equivocada, pois coloca a requisição do ministro da Justiça
como ordem, porém cuida-se de mera condição de procedibilidade, devendo o Ministério Pú-
blico verificar se há elementos suficientes para oferecer a ação penal.
c) Errada. Quanto à alternativa C, equivoca-se ao dizer que o princípio da indivisibilidade da
ação privada não comporta exceções, pois vimos que em caso de omissão involuntária, ou
mesmo quando o querelante desconhecer um dos coautores, oportuniza-se o oferecimento da
queixa-crime.
Crime de lesões corporais leves quando envolver violência doméstica contra a mulher é de
ação penal pública incondicionada, pois não se aplica à Lei n. 9.099/1995 aos crimes cometi-
dos no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher.
e) Errada. O art. 268 trata da assistência apenas para as ações penais públicas, o que torna
incorreta a alternativa E.
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Letra a.
Reprodução do art. 33 do CPP.
b) Errada. A letra B está incorreta, pois o prazo para aditamento da queixa é de 3 dias, nos ter-
mos do art. 46, §3º. Não confundir com o prazo previsto no art. 384 do CPP – aditamento para
mutatio libeli, e não aditamento da queixa pelo Ministério Público!
c) Errada. A opção de iniciar a ação penal, nos casos de contravenção penal, por portaria da au-
toridade policial, além de não ter sido recepcionada pela CRFB, foi revogada de nosso diploma
processual penal. Assim, incorreta a letra C.
d) Errada. A alternativa D está incorreta, pois o prazo para a queixa subsidiária é decadencial,
de 6 meses, a contar da inércia do Ministério Público.
e) Errada. A letra E está incorreta, pois o art. 37 do CPP admite que os contratos ou estatutos
designem quem possa representar a pessoa jurídica no exercício da ação penal. Logo, não
devem ser sempre representadas pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
Letra c.
Em razão do princípio da indivisibilidade da ação penal privada, a queixa contra qualquer dos
autores do crime obrigará ao processo de todos.
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a) Errada. A alternativa A está incorreta, pois o art. 47 do CPP dispõe que, se o Ministério Pú-
blico julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos
elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades ou fun-
cionários que devam ou possam fornecê-los. Não se cuida, pois, de hipótese de aditamento da
queixa.
b) Errada. Letra B está incorreta, pois a renúncia, diferentemente do perdão, não depende de
aceitação.
d) Errada. Em caso de abandono da ação penal privada pelo querelante, vai se operar a pe-
rempção. O Ministério Público apenas assume a acusação caso se cuide de ação penal priva-
da subsidiária da pública.
e) Errada. Na hipótese de perempção, não há necessidade de ouvir o Ministério Público para
que seja declarada a extinção da punibilidade do querelado, devendo o juiz reconhecer de ofí-
cio, nos termos do art. 61 do CPP.
Letra b.
O perdão do ofendido apenas terá eficácia quanto aos querelados que o aceitarem. Só com a
aceitação vai haver a extinção da punibilidade. Portanto, essa a alternativa incorreta.
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Letra b.
Art. 24, §1º do Código de Processo Penal traz expressamente essa ordem. Lembrando que a juris-
prudência inclui o companheiro ao lado do cônjuge.
Letra d.
Se a punibilidade do agente está extinta, o Ministério Público deve proceder ao arquivamento
do inquérito policial. A ação penal, nesse caso, seria inútil.
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Letra c.
A alternativa C contraria a regra disposta no art. 67, III do CPP. O tema será estudado na
nossa próxima aula. O objetivo da questão nesta aula é confirmar o tema aqui estudado nas
alternativas corretas. De fato, caso o juiz constate que há causa excludente de ilicitude ou de
culpabilidade, pode rejeitar a denúncia ou queixa. Isso só não acontecerá em caso de inimpu-
tabilidade do réu – recebe a denúncia, e ao final, se for o caso, profere sentença absolutória
imprópria (letra a). Se a causa excludente da ilicitude ou culpabilidade apenas for constatada
após a denúncia já recebida, o juiz absolverá sumariamente o réu (letra b). As demais alterna-
tivas estão em conformidade com a lei: art. 67, II (letra d); art. 65 (letra a), com as observações
sobre o estado de necessidade putativo que constam em nossa próxima aula).
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razão pela qual esta não pode mais ser considerada causa interruptiva da prescrição, passan-
aditamento.
b) O Superior Tribunal de Justiça compreende que não se pode falar na existência de uma
nulidade absoluta, sem o que não se declara a nulidade, aplicando-se o dogma fundamental da
c) Segundo o Supremo Tribunal Federal, nos crimes contra a liberdade sexual cometidos me-
diante grave ameaça ou com violência presumida, não se impõe, necessariamente, o exame
de corpo de delito direto, revelando-se o exame de corpo de delito indireto, fundado em prova
sação, plenamente justificada, em razão do acúmulo de comarcas, não causa prejuízo à defesa
do acusado, não podendo ser indicada como causa de nulidade por este, ainda que sobrevenha
sentença condenatória.
e) Não é causa de nulidade por violação à incomunicabilidade dos jurados quando um dos
jurados, após ser sorteado para compor o Conselho de Sentença, fazendo uso de aparelho
celular, comunica-se com terceira pessoa para informar que foi sorteado e tratar de assuntos
Letra a.
prazo prescricional que se deu lá atrás não é alterada. Assim, a alternativa a está incorreta e
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Letra b.
A questão é respondida com o conhecimento do enunciado 714 da Súmula do STF.
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Letra c.
A exceção da verdade não é SEMPRE cabível. As exceções ao cabimento dela estão discipli-
nadas no art. 138, §3º do Código Penal.
Letra d.
A alternativa D traz o entendimento exposto no enunciado 438 da Súmula do STJ: é inad-
missível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento
em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. A alter-
nativa a está incorreta, pois após a resposta à acusação, pode o juiz reconsiderar a decisão
anterior, que recebeu a denúncia, e rejeitá-la, caso constante alguma das hipóteses legais
para isso. Diferentemente do que expõe a letra b, o arquivamento do inquérito por atipici-
dade faz coisa julgada material. A alternativa c está errada, por a citação por hora certa
encontra guarida no art. 362 do CPP. A decadência gera a extinção da punibilidade do agen-
te. Assim, eventual vício da peça de início não pode ser sanado após o prazo decadencial,
o que torna incorreta a alternativa E.
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Letra c.
Na ação penal privada personalíssima, o início do prazo decadencial é diferente: conta da data
do trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casa-
mento. Portanto, a alternativa c está incorreta e deve ser assinalada.
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III – Nos termos do Código de Processo Penal, o Ministério Público não pode desistir da
ação penal pública, mas pode pedir absolvição, hipótese em que, ainda assim, poderá
o Juiz proferir sentença condenatória.
IV – No caso de ação penal privada, caso sejam dois os autores identificados de um crime,
o oferecimento de queixa contra apenas um deles não é permitido, pois a renúncia ao
direito de ação contra um deles estende-se ao outro.
V – Caso o querelante abandone a causa, sem promover o andamento do processo du-
rante trinta dias seguidos, considerar-se-á perempta a ação penal, não podendo ser
ajuizada novamente.
Letra a.
Apenas o item II está incorreto, pois traz condição que não é apontada pela doutrina tradicio-
nal como sendo condição da ação, qual seja, a capacidade postulatória.
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c) No CPP está prevista a apelação como recurso cabível do não recebimento da denúncia ou
queixa.
d) Inexiste possibilidade de litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante.
e) A queixa, ainda que a ação penal seja privativa do ofendido, não poderá ser aditada pelo MP.
Letra a.
O laudo de constatação é suficiente para evidenciar o lastro probatório mínimo do crime de trá-
fico. A condenação demanda proba robusta. Assim, correta a alternativa A. A alternativa B se
pautou em julgado do STF que dizia não ser necessária fundamentação da denúncia. No entanto,
os julgados mais recentes ressaltam essa necessidade, apenas afirmando não ser necessária
fundamentação complexa. A alternativa C está incorreta, pois nos termos do art. 581, I do CPP,
da decisão que não recebe a denúncia ou a queixa cabe recurso em sentido estrito. É possível
litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante, quando houver reunião dos feitos em razão de
conexão ou continência entre crime que se processa mediante ação penal pública e outro que
se processa mediante ação penal de iniciativa privada. Assim, incorreta a alternativa D. A queixa
pode sim ser aditada pelo Ministério Público. O que muda é o poder de atuação dele, a depender
de se tratar de ação penal privada propriamente dita, ou subsidiária da pública. Por isso, incorreta
a alternativa E.
Letra a.
Como vimos, a regra geral em termos de decadência é que ela seja de seis meses, a contar do
conhecimento da autoria delitiva.
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Letra d.
a) Errada. A alternativa A está errada, pois o aditamento próprio admite alteração substancial
da denúncia, inclusive acrescentando fatos ou pessoas.
b) Errada. A letra B está incorreta porque o aditamento impróprio não permite a inclusão de
novas pessoas ou fatos.
c) Errada. A decisão que admite aditamento é irrecorrível, não está no rol de decisões impug-
náveis pelo Recurso em Sentido Estrito. A jurisprudência admite o RESE para o caso de rejei-
ção do aditamento. Assim, incorreta a alternativa C.
d) Certa. A alternativa D é a correta, pois traz precisamente o conceito de aditamento próprio
real material, conforme explicado em nossa aula, qual seja, aquele que inclui fato novo.
e) Errada. A alternativa E está incorreta, pois nas ações acidentalmente privadas, quais sejam,
ações penais privadas subsidiárias da pública, o poder de atuação do Ministério Público para
aditar a queixa subsidiária é pleno.
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Letra a.
O crime de ameaça apenas se processa mediante representação. Assim, a falta da condição
de procedibilidade demanda que a atuação do parquet seja pela anulação do feito.
Letra d.
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Letra c.
Em razão do princípio da indivisibilidade, a não inclusão de um dos autores do fato delituoso
na peça de início importa em renúncia ao direito de queixa, a qual se estende a todos os de-
mais. A consequência da renúncia é a extinção da punibilidade do agente.
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Letra b.
A Lei Maria da Penha dispõe que aos crimes por ela regrados não se aplicam as previsões da
Lei n. 9.099/1995. O STF disse que essa regra é constitucional. Assim, cuidando-se de lesão
corporal leve ou culposa, cometidos no contexto da violência doméstica e familiar contra a
mulher, a ação penal continua a ser incondicionada, tal qual previsto inicialmente no Código
Penal. Isso porque, foi a Lei n. 9.099/1995 que disse que tais crimes demandam representa-
ção. No caso do crime de ameaça, por outro lado, o Código Penal prevê que demanda repre-
sentação, o que não é diferente se a ameaça for praticada no contexto da Lei Maria da Penha.
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Letra b.
A alternativa b é correta, pois traz a regra prevista no art. 25 do Código de Processo Penal.
Letra e.
A alternativa E está incorreta, portanto deve ser assinalada. A decadência obsta também a
ação penal pública condicionada. Perceba, não oferecida a representação dentro do prazo de
6 meses do conhecimento da autoria, opera-se a decadência.
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Assinale:
a) se somente a afirmativa II estiver correta
b) se somente a afirmativa III estiver correta.
c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas
Letra a.
O item I está incorreto. A titularidade da ação penal pública condicionada é do Ministério Pú-
blico, e não do ofendido! Este apenas irá representar. A partir daí, implementada a condição de
procedibilidade, o Ministério Público irá denunciar. O item II está correto, pois o entendimento
do STF, assim como do STJ, é de que a representação não demanda rigor formal, e que pode
ser feita perante o MP, o juiz ou a autoridade policial. O item III está incorreto, pois fala em
procurador com poderes gerais, enquanto a lei diz serem necessários poderes especiais.
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Letra b.
Constatando que se cuida de um fato criminoso e que não cabe transação penal, deve o
MP, em razão do princípio da obrigatoriedade, oferecer denúncia (essa alternativa deve ser
vista hoje com cuidado, diante da previsão do acordo de não-persecução penal, previsto no
art. 28-A do CPP). Os arts. 42 e 576 do CPP dispõem, respectivamente, que o MP não pode
desistir de ação que tenha iniciado ou de recurso que haja interposto. O Ministério Público
pode impetrar habeas corpus em favor de réu ou indiciado, nos termos do art. 654 do CPP.
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Letra c.
a) Errada. Apenas é necessária a intimação da parte contrária, no caso de embargos de decla-
ração, quando eles tiverem efeito infringente (tema a ser estudado adiante).
b) Errada. A intimação das partes apenas é necessária na mutatio libelli, e não na emendatio.
c) Certa. A alternativa está em conformidade com o art. 384 do CPP.
d) Errada. Em se cuidando de ação penal privada, havendo pedido de absolvição feito pelo
querelante, o juiz deve extinguir a punibilidade do querelado, em razão da perempção, não
podendo absolver nem condenar o querelado.
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c) Em nosso sistema processual penal, que segue o sistema acusatório puro, não pode o juiz
determinar de ofício a produção de quaisquer provas.
d) Prevalece no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de
que o princípio da indivisibilidade da ação penal também se aplica às ações penais públicas.
e) Da decisão do juiz singular que julgar procedente a exceção de suspeição, cabe recurso em
sentido estrito; da sentença que pronunciar o réu, cabe apelação.
Letra a.
Alternativa a traz a previsão do art. 185, §2º do CPP. Para o nosso tema, importa analisar a
alternativa D, que traz afirmação incorreta. Os tribunais superiores entendem que se aplica às
ações penais públicas o princípio da divisibilidade, e não o da indivisibilidade da ação penal.
Este último é princípio que se aplica às ações penais privadas.
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da iniciativa penal, sendo, todavia, o instituto da delação premiada uma hipótese de exceção
ao referido princípio no ordenamento jurídico brasileiro.
e) A interposição de um recurso incabível em lugar daquele legalmente previsto para impug-
nar determinada decisão, ainda que protocolizado tempestivamente, segundo a atual juris-
prudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, tem como consequência prática o não
conhecimento da irresignação da parte em decorrência do princípio da unirrecorribilidade.
Letra d.
Havendo prova de materialidade e indícios de autoria de um fato criminoso (típico, ilícito e
culpável), não há margem para discricionariedade: o promotor de justiça deve denunciar o réu,
cuidando-se de crime que se processe mediante ação penal pública, em razão do princípio da
obrigatoriedade. A delação premiada autoriza que não seja oferecida a denúncia, preenchidos
os requisitos legais do §4º do art. 4º da Lei 12.850, alterado pela Lei n. 13.964/2019.
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Letra c.
A alternativa I está incorreta, pois a ação penal privada subsidiária da pública cabe diante da
inércia do Ministério Público. Afirmar que cabe quando não oferece denúncia está incorreto,
pois o MP pode não ter oferecido denúncia, mas ter promovido o arquivamento do inquérito,
ou ter requisitado novas diligências, o que não significa inércia e impede a ação penal privada
subsidiária. O item II está incorreto, pois o ofendido menor de 18 anos pode ajuizar a ação
penal privada subsidiária, por seu representante legal. O erro do item III decorre de não se cui-
dar de um interesse privado. O interesse de punir quem praticou um fato criminoso é estatal.
Ademais, trata-se de controle externo. Por fim, correto o item IV, pois traz a regra prevista no
Código de Defesa do Consumidor, em seus arts. 80 e 82.
Errado.
A alternativa foi considerada errada pela banca, tendo em vista a possibilidade de ser profe-
rida também sentença declaratória da extinção da punibilidade. Seria o caso, por exemplo, de
culposa.
c) pública incondicionada somente quando a lesão corporal for de natureza grave ou gravíssima
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Letra b.
Os tribunais superiores confirmaram que não se aplica a Lei n. 9.099/1995 aos crimes prati-
cados no contexto da Lei Maria da Penha. Assim, a alteração promovida por aquela lei quan-
to à ação penal dos crimes de lesão corporal leve e culposa não tem qualquer repercussão
condicionada,
b) o direito de representação deve ser exercido dentro do prazo de seis meses, contado do dia
Letra b.
A regra é que a representação do ofendido ocorra no prazo de 6 meses a contar do conheci-
mento da autoria.
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Letra e.
Essa questão exige do candidato conhecimento sobre a ação penal de diversos crimes. Como
a regra é a ação penal pública incondicionada, o caminho mais fácil é tentar memorizar ao
máximo quais crimes demandam representação ou que apenas se processam mediante quei-
xa. O crime previsto no art. 150 do CP é de ação penal pública incondicionada.
Letra e.
A ação penal privada rege-se, dentre outros princípios, pelos da disponibilidade, pois o que-
relante pode dispor da ação a qualquer instante, assim como pela da indivisibilidade, fazendo
com que não possa o querelante escolher quem processar. Assim, caso deixa de fora da ação
penal um dos autores do crime, importará em renúncia ao direito de queixa, o que se estende
aos demais autores.
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no CPP, não é necessária a descrição pormenorizada do delito, desde que haja, pelo menos,
a menção do fato criminoso ou o nomen juris.
b) Em habeas corpus, pode-se discutir a ausência de justa causa para a propositura da ação
penal, mesmo nas hipóteses em que seja necessário um exame minucioso do conjunto fático-
-probatório em que ocorreu a infração.
c) O prazo de cinco dias para oferecimento da denúncia, nas hipóteses de réu preso, a fim de
evitar a restrição prolongada à liberdade sem acusação formada, configura prazo próprio.
d) A queixa-crime apresentada perante juízo incompetente não obsta a decadência, se tiver
sido observado o prazo de seis meses previsto no CPP.
e) O ato de recebimento da denúncia veicula manifestação decisória do Poder Judiciário, e não
apenas simples despacho de caráter ordinatório.
Letra a.
A alternativa A está em conformidade com o entendimento dos tribunais superiores, confor-
me já destacamos em questões anteriores.
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cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, salvo nos casos de ação penal privada persona-
líssima.
e) nos casos de ação penal privada, ocorrendo a morte do ofendido, se comparecer mais de
uma pessoa com direito de queixa, a preferência será definida pela ordem de manifestação.
Letra d.
Certa. O item D está correto, em conformidade com o art. 24, §1º do CPP.
a) Errada. A alternativa A está em desconformidade com o art. 39 do CPP.
b) Errada. O erro da alternativa B se evidencia, porque a ação penal privada subsidiária da pú-
blica apenas tem campo em caso de inércia do órgão ministerial, e não quando ele promove
o arquivamento do feito.
c) Errada. O item C está errado, pois a ação penal privada subsidiária também está atrelada
ao prazo decadencial de 6 meses, porém, expirado ele, o que se tem é a decadência imprópria,
remanescendo a possibilidade de o Ministério Público iniciar a ação penal.
e) Errada. O item E está incorreto, pois a ordem de preferência para a sucessão processual é
aquela descrita na lei: cônjuge, ascendente, descendente, irmão.
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Letra d.
A hipótese está descrita no art. 60, III do CPP. As demais alternativas confundem as outras
hipóteses do art. 60.
Letra c.
Certa. A alternativa C está correta, em conformidade com o art. 29 do CPP.
a) Errada. O item A está em desconformidade com o art. 32 do CPP, pois o requerimento é da
parte.
b) Errada. Item B está errado, pois a representação se submete ao prazo decadencial de 6 me-
ses (art. 38 do CPP).
d) Errada. O item D está em desacordo com a previsão do art. 46 do CPP.
e) Errada. Em razão do princípio da indivisibilidade, não pode o querelante escolher processar
apenas um dos autores do fato criminoso, o que torna incorreta a alternativa E.
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Letra c.
O silêncio do querelado quanto ao perdão implica em aceitação. A consequência é a declara-
ção da extinção da punibilidade, nos termos do art. 58 e parágrafo único do CPP.
Errado.
O STJ confirma a possibilidade de incidência de ônus da sucumbência na ação penal privada,
conforme previsão do art. 806 do CPP.
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Letra c.
A alternativa está em conformidade com o art. 49 do CPP.
Letra c.
A alternativa está em conformidade com o art. 46, §1º do CPP.
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e) se mantiver inerte, não oferecendo a denúncia, no prazo legal, desde que não tenha ele,
tempestivamente, pugnado pela necessidade de novas diligências a serem realizadas pela
autoridade policial, nem tenha se manifestado pelo arquivamento dos autos.
Letra e.
A ação penal subsidiária da pública apenas é cabível em caso de inércia do órgão ministerial.
As demais alternativas trazem um “fazer” do Ministério Público.
Errado.
A ação penal sem demanda, também conhecida por ação judicialiforme, não foi recepcionada
pela Constituição da República.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. Salvador: Ed. JusPodi-
vm, 2019.
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2014.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2015.
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