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DIREITO PENAL

A LEI PENA E SUA APLICAÇÃO

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A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO


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A LEI PENA E SUA APLICAÇÃO

Sumário
DIREITO PENAL: A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO ............................................................................................... 3
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL .............................................................................................................................. 3
1.1. Classificação das Leis Penais ................................................................................................................... 4
1.1.1 Leis Penais em Branco ....................................................................................................................... 5
1.2 Características da Lei Penal ..................................................................................................................... 7
2. LEI PENAL NO TEMPO .................................................................................................................................... 7
2.1. Teorias sobre a Eficácia da Lei Penal no Tempo ..................................................................................... 8
2.2. Abolitio Criminis ...................................................................................................................................... 9
2.3. Crime continuado, Crime permanente, Sucessão de leis penais ......................................................... 12
2.4. Lei Excepcional e Temporária ............................................................................................................... 14
2.5. Lei Intermediária .................................................................................................................................. 15
3. LEI PENAL NO ESPAÇO ................................................................................................................................. 16
3.1. Princípios .............................................................................................................................................. 17
3.2. Extraterritorialidade ............................................................................................................................. 18
3.3. Lugar Do Crime ..................................................................................................................................... 22
4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES) ............................................................ 23
4.1 Introdução ............................................................................................................................................. 23
4.2 Imunidades Diplomáticas ...................................................................................................................... 24
4.3 Imunidades Parlamentares .................................................................................................................... 26
4.3.1 Imunidade Parlamentar Absoluta / Material / Real / Substancial ou Inviolabilidade / Indenidade 26
4.3.2 Imunidade Parlamentar Relativa / Formal ...................................................................................... 27
4.3.3 Imunidade relativa ao processo ...................................................................................................... 28
4.3.4 Imunidade relativa à condição de testemunha ............................................................................... 28
4.3.5 Imunidades dos Parlamentares dos Estados (Deputados Estaduais) ............................................. 29
4.3.6 Imunidades dos Parlamentares dos Municípios (Vereadores) ....................................................... 30
5. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA ...................................................................................................... 30
6. CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA ............................................................ 31
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ................................................................................................................... 32
7.1 Espécies de Interpretação ..................................................................................................................... 32
7.2. Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X Analogia ........................................................... 34
8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS ............................................................................................................. 35

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DIREITO PENAL: A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 1º ao 12º, CP
⦁ Art. 71, CP
⦁ Art. 107, III, CP
⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 2°, Lei 9.455/97
⦁ Art. 53, CF/88
⦁ Decreto. 56.435/65
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

⦁ Art 1º ao 7º, CP (leitura indispensável)


⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 53, CF/88

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a
aplicação de lei mais benigna.
Súmula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da lei n. 11.343/06, desde que o resultado da incidência
de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n.
6.360/76, sendo vedada a combinação de leis.
Súmula 245-STF: A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa.
Súmula 420-STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado.

1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL

A lei penal é fonte formal imediata do direito penal e detém o monopólio para a criação de infrações
penais e cominação de penas.
No tocante à lei penal incriminadora, ela é formada por duas partes:
• Preceito primário: descrição da conduta típica (ex.: “matar alguém”);
• Preceito secundário: cominação da pena em abstrato (“reclusão de 6 a 20 anos”).

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O Brasil optou pelo sistema da proibição indireta, criado por Binding, segundo o qual a lei penal é
descritiva e não proibitiva. A lei não diz “não matar”, “não furtar”, ela apenas descreve as condutas proibidas.
O autor diferencia lei de norma.
A norma apresenta um comando, mandamental ou proibitivo. A exemplo, enquanto a lei descreve
como crime “matar alguém”, a norma que se extrai dela é “não matar”. Assim, quando o agente mata alguém,
ele realiza a lei e viola a norma. Logo, a lei é a forma de exteriorização da norma, como ela se apresenta para
a sociedade, e a norma precede à lei.
OBS.: A doutrina, na linguagem usual, mistura os conceitos, de modo que, embora seja necessário
conhecer a distinção, não se deve ficar adstrito ao sentido exato dos termos. Cuidado: Em uma prova, não
considere como errada uma alternativa na qual o termo “norma” é utilizado no sentido de “lei” e vice-versa.

1.1. Classificação das Leis Penais

De acordo com a doutrina, as leis penais podem ser classificadas da seguinte maneira:

A) INCRIMINADORAS: Criam crimes e cominam penas. Estão na Parte Especial do Código Penal e na
Legislação Penal Especial.

B) NÃO INCRIMINADORAS: Não criam crimes nem cominam penas, podendo ser subdividas em:

b.1) Justificantes: Autorizam a prática de condutas típicas em determinadas hipóteses, excluindo a


ilicitude. Em regra, estão previstas na Parte Geral do Código Penal (art. 23), mas algumas estão na
Parte Especial (art. 128 do CP) ou na Legislação Extravagante.

b.2) Exculpantes: Afastam a culpabilidade do agente ou estabelecem a impunidade de determinados


delitos. São exemplos: doença mental, menoridade, prescrição e perdão judicial.

Art. 25, parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes. Redação trazida pelo Pacote Anticrime.

OBS.: Parte da doutrina (Rogério Greco) classifica como normas permissivas as normas que afastam
a ilicitude (justificantes) e as que afastam a culpabilidade (exculpantes). Por sua vez, outra parte da
doutrina (Fernando Capez, Luiz Flávio Gomes) inclui nas normas permissivas apenas aquelas que
afastam a ilicitude do ato.

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b.3) Interpretativas: São normas que esclarecem o conteúdo e o significado de outras normas penais.
É o caso, por exemplo, do conceito de funcionário público para fins penais, previsto no art. 327 do
CP.

b.4) Finais (Complementares): Delimitam o campo de validade das leis incriminadoras, como os art.
2º e 5º do CP.

b.5) Diretivas: Estabelecem princípios, como o art. 1º do CP, que trata da reserva legal.

b.6) Integrativas (de Extensão): Complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal em crimes
omissivos impróprios, à tentativa e à participação (arts. 13, §2º, 14, II e 29, caput, do CP,
respectivamente).

c) COMPLETAS / PERFEITAS: Apresentam todos os elementos da conduta criminosa.

d) INCOMPLETAS / IMPERFEITAS: São normas que reservam a complementação da definição da conduta


criminosa a uma outra lei, a um ato da Administração Pública ou a análise do julgador. São leis penais em
branco, nos dois primeiros casos, e tipos penais abertos, no último.

1.1.1 Leis Penais em Branco

“A lei penal em branco é também denominada de cega ou aberta, e pode ser


definida como a espécie de lei penal cuja definição da conduta criminosa reclama
complementação, seja por outra lei, seja por ato da Administração Pública. O seu
preceito secundário é completo, o que não se verifica no tocante ao primário,
carente de implementação” (MASSON, 2017, p. 127).

Franz Von Liszt diz que “são corpos errantes em busca de alma”.

ESPÉCIES DE LEI PENAL EM BRANCO:

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I – Lei penal em branco EM SENTIDO LATO / HOMOGÊNEA / IMPRÓPRIA: O complemento tem a mesma
natureza jurídica e deriva do mesmo órgão que elaborou a lei incriminadora, ou seja, é outra lei. Ex.: art. 169,
§ único, I, do Código Penal, complementado pelo art. 1.264 do Código Civil. Podem ser de duas espécies:

a) Lei penal em branco em sentido lato HOMOVITELINA: A lei incriminadora e o complemento


estão no mesmo diploma legislativo. Ex.: Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados
ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302.
b) Lei penal em branco em sentido lato HETEROVITELINA: A lei incriminadora e o complemento
estão em diplomas normativos diversos. Ex.: art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior.
É complementado pelo CC.

II – Lei penal em branco EM SENTIDO ESTRITO / HETEROGÊNEA / FRAGMENTÁRIA / PRÓPRIA: O


complemento tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto do que elaborou a norma
incriminadora. Ex.: Lei de drogas e Portaria 344/98.

III – Lei penal em branco INVERSA ou AO AVESSO: O preceito primário é completo, mas o preceito
secundário (pena) depende de complementação. O complemento, nesse caso, deve ser uma lei, tendo em
vista o princípio da reserva legal. Ex.: genocídio.

IV – Lei penal em branco DE FUNDO CONSTITUCIONAL: O complemento do preceito primário é uma norma
constitucional. É o caso, de acordo com Cleber Masson (2017, p. 128), do crime de abandono intelectual,
definido no art. 246 do CP, uma vez que o conceito de “instrução primária” está previsto no art. 208, I, da CF.

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V – Lei penal em branco AO QUADRADO: É a norma cujo complemento também depende de


complementação. Ex.: art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar florestas de
preservação permanente. O conceito de "floresta de preservação permanente" é dado pelo Código Florestal,
que, dentre várias hipóteses, previu um caso em que a área de preservação permanente será assim
considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo.

1.2 Características da Lei Penal

a) Exclusividade: Somente a lei pode criar delitos e as penas correspondentes (art. 5º, XXXIX, da CF).

b) Imperatividade: Caso seja descumprida haverá a imposição de sanção (pena ou de uma medida).

c) Generalidade: Direciona-se a todas as pessoas, indistintamente, até mesmo aos inimputáveis.

d) Impessoalidade: Seus efeitos são projetados a fatos futuros, incidindo sobre qualquer pessoa que venha
a praticá-los, ressalvadas duas exceções: as leis de anistia e a abolitio criminis, as quais alcançam fatos
concretos.

e) Anterioridade: Somente pode ser aplicada se estava em vigor no momento da prática da infração penal,
ressalvado o caso da retroatividade benéfica.

2. LEI PENAL NO TEMPO

Em decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da


realização do fato criminoso (tempus regit actum).
Excepcionalmente, será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados,
desde que benéfica ao réu, de modo que NÃO há, no direito penal, irretroatividade maléfica ao réu.
Nesse contexto, a lei benéfica poderá retroagir mesmo que já tenha havido o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.
Essa sistemática se aplica a norma que tenha caráter material (direito penal) ou misto (direito penal
e processual penal). Apenas as normas de natureza processual (puras) NÃO se submetem à retroatividade
benéfica.

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.

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Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,


aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado.

Ressalta-se que NÃO se pode dizer o mesmo acerca da jurisprudência, tendo em vista que, de acordo
com o entendimento dos Tribunais Superiores, é possível a aplicação de novo entendimento jurisprudencial
para fatos ocorridos antes da mudança. Em outras palavras: a irretroatividade maléfica da norma não se
aplica aos entendimentos jurisprudenciais. Veja:

Não há se falar em irretroatividade de interpretação jurisprudencial, uma vez que


o ordenamento jurídico proíbe apenas a retroatividade da lei penal mais gravosa.
Os preceitos constitucionais relativos à aplicação retroativa da norma penal
benéfica, bem como à irretroatividade da norma mais grave ao acusado (art. 5º, XL,
da Constituição Federal), são inaplicáveis aos precedentes jurisprudenciais. STF. 1ª
Turma. HC 161452 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2020. STJ. 5ª Turma.
AgRg nos EDcl no AREsp 1361814/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
em 19/05/2020.

2.1. Teorias sobre a Eficácia da Lei Penal no Tempo

● Teoria da Atividade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta, ou seja, no momento


da ação ou da omissão.
● Teoria do Resultado (do Evento): Considera-se praticado o crime no momento do resultado.
● Teoria da Ubiquidade (Mista): Considera-se praticado o crime no momento da conduta OU do
resultado.

ATENÇÃO: O CP adotou a TEORIA DA ATIVIDADE, conforme artigo 4º, CP:

Art. 4º, CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

Essa definição só tem relevância em relação aos delitos materiais/causais, que demandam a
produção de resultado naturalístico, uma vez que, somente nestes, a consumação pode se dar em momento
diferente do da prática da conduta, qual seja, com a produção do resultado. Nos crimes formais e de mera
conduta, a consumação ocorre conjuntamente com a prática da ação ou omissão, não importando o
momento do resultado, por isso dispensa essa teoria.

Consequências da adoção da Teoria da Atividade:


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● Aplica-se a lei penal que estava em vigor no momento da conduta, salvo se a lei penal posterior for
mais favorável (irretroatividade maléfica ou retroatividade benéfica);
● A imputabilidade do agente deve ser analisada no tempo da conduta.

ATENÇÃO! Quanto ao termo inicial da prescrição da pretensão punitiva, o Código Penal adota a
TEORIA DO RESULTADO (art. 111, I, CP): A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa
a correr: I - do dia em que o crime se consumou.

Dica DD: Mnemônico LUTA


Lugar do crime = Ubiquidade
Tempo do crime = Atividade

2.2. Abolitio Criminis

É a supressão da figura criminosa, abolir do ordenamento a figura de um tipo penal incriminador,


aplicando-se a retroatividade benéfica. Assim, prevê o art. 2º, do CP:

Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória (ou seja, permanecem apenas os efeitos extrapenais – como civis,
administrativos, eleitorais etc).

ATENÇÃO! Se a lei descriminalizadora surgir na fase do inquérito policial já instaurado, os autos serão
relatados encaminhados ao Ministério Público (distribuição direta) ou ao judiciário (para envio ao Ministério
Público). E, conforme a sistemática atualmente vigente (à luz da suspensão da eficácia dos dispositivos
decorrentes da Lei 13.964/19 pelo STF), após a promoção de arquivamento pelo Ministério Público, o juiz
homologará e, se não concordar com o arquivamento, deverá aplicar a sistemática do artigo 28 do CPP.

a) Natureza jurídica

1ª Corrente: Causa de extinção da punibilidade. Parece ter sido a adotada pelo CP, conforme art.107,
III, CP. Prevalece na doutrina.

Extinção da punibilidade
Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade:
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

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2ª Corrente: Causa de exclusão de tipicidade gerando, por conseguinte, a extinção da punibilidade.


Só se extingue a punibilidade porque o fato deixou de ser típico (Flávio Monteiro de Barros). É uma crítica à
1ª corrente, pelo fato de que a extinção da punibilidade apenas tira o direito de punir do Estado, enquanto
o que ocorre aqui, na verdade, é a inexistência de crime. Não prevalece na doutrina.

O que é abolitio criminis temporária?

Com o Estatuto do Desarmamento, foi previsto um prazo para que proprietários de arma de fogo
entregassem ou regularizassem o registro da arma. Durante esse prazo, não incidiu o tipo penal respectivo,
o crime de posse irregular de arma de fogo ficaria “suspenso” por algum tempo. Esse prazo foi chamado de
“abolitio criminis temporária”.
Sobre o tema: Súmula 513 STJ: "A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao
crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005."
Essa abolitio criminis temporária se aplica a fatos praticados entre 23/12/2003 a 23/10/2005 para os crimes
de posse de arma de uso permitido e restrito, bem como as condutas equiparadas. Porém, a partir de
23/10/2005 a 31/12/2009, passou a incidir somente sobre a conduta de posse de uso permitido.

b) Abolitio Criminis X Princípio da continuidade normativo-típica

Na abolitio criminis há supressão da figura criminosa, pois a intenção do legislador é não mais
considerar o fato criminoso.
Já no princípio da continuidade normativo-típica há a migração do conteúdo criminoso para outro
tipo penal incriminador, pois a intenção é manter a natureza criminosa do fato. O STF também já utilizou o
termo transmudação geográfica do tipo penal.

ABOLITIO CRIMINIS PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-


TÍPICA
Supressão formal e material da figura criminosa. Supressão formal do tipo.

O fato deixa de ser criminoso. A intenção do legislador é manter a natureza


criminosa do fato, mas com outra roupagem, em
outro tipo penal.
A intenção é não mais considerar o fato criminoso Migração do conteúdo criminoso para outro tipo
penal incriminador.

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Ex.: art. 210 – Adultério. Houve supressão tanto Ex.: art. 214 - Atentado violento ao pudor. O que
material, quanto formal da conduta do campo de antes era este crime, agora é estupro. Não houve
incidência do direito penal, deixando de ser crime. abolitio.

Outros exemplos que sofreram a continuidade típica normativa:

1. Apropriação indébita previdenciária - Desde a lei 9.983/00, essa conduta está prevista no art. 168-
A do CP. Porém, antes de 2000, tínhamos o art. 95 da Lei 8.212/91. O STF entendeu que a lei
9.983/00, ao alterar essa figura típica de posição (da Lei 8212 para o art. 168-A), o fez com o intuito
de ter uma continuidade típico normativa, de modo que, a rigor, não há sucessão de leis no tempo,
mas sim o princípio da CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA.

2. Rapto violento era previsto no art. 219, 220, 221 e 222 no CP - Essa figura do rapto foi revogada pela
Lei 11.106/05. No entanto, essa mesma Lei inclui o inciso V no art. 148, §1º do CP – sequestro e
cárcere qualificado se o crime for praticado com fins libidinosos. O STF decidiu que houve uma
CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA.
Esse exemplo já foi cobrado na prova
de Delegado de Polícia Federal.

3. Corrupção de menores prevista na Lei 2.252/54 (art. 1°) - Essa lei também foi revogada pela Lei
12.015/08, incluindo no ECA o art. 224-B. STF e STJ entenderam que não houve abolitio criminis e
consequente extinção da punibilidade. Pois essa conduta apenas migrou de tipo penal, havendo o
princípio da CONTINUIDADE TÍPICO NORMATIVA.

c) Abolitio Criminis x Novatio Legis in Mellius (“lex mitior”)

A novatio legis in mellius é a nova lei que de qualquer modo favoreça o agente (art. 2°, §único, CP):
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos
por sentença condenatória transitada em julgado.

Sobre o tema em estudo, destaca-se trecho do livro do Prof. Cléber Masson, cobrado na última
prova de Delegado de Polícia do Paraná (2021):

Lei penal benéfica, também conhecida como lex mitior ou novatio legis in mellius,
é a que se verifica quando, ocorrendo sucessão de leis penais no tempo, o fato
previsto como crime ou contravenção penal tenha sido praticado na vigência da
lei anterior, e o novel instrumento legislativo seja mais vantajoso ao agente,
favorecendo-o de qualquer modo. A lei mais favorável deve ser obtida no caso
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concreto, aplicando-se a que produzir o resultado mais vantajoso ao agente


(teoria da ponderação concreta).

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCPR 2021): O que determina se a lei é mais favorável ao réu e com isso pode retroagir é a sua
aplicação ao caso concreto (e não a análise da norma em abstrato). (Item correto)

Semelhanças entre abolitio criminis e novatio legis:


● A retroatividade benéfica é automática, independente de cláusula expressa;
● Pode ser aplicada de ofício pelo juiz ou, ainda, mediante provocação das partes;
● Alcança, inclusive, fatos já definitivamente julgados, visto que a coisa julgada não é oponível à
retroatividade benéfica.

Juízo competente para a aplicação: Depende do momento em que se encontra a persecução penal.
a) Se estiver na fase do inquérito ou na ação penal de 1ª instância quem aplica é o juiz de 1ª grau.
b) Se estiver no Tribunal (recurso ou competência originária), será aplicada por ele.
c) Se a condenação já transitou em julgado, cabe ao juízo da execução, pouco importando a origem da
condenação.

Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao


JUÍZO DAS EXECUÇÕES a aplicação da lei mais benigna.

ATENÇÃO! A lei penal benéfica possui ULTRATIVIDADE, ou seja, pode ser aplicada mesmo após a sua
revogação, caso o fato tenha sido praticado durante a sua vigência.

2.3. Crime continuado, Crime permanente, Sucessão de leis penais

● Crime continuado: Previsto no art. 71 do CP, que assim o define:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

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A título de exemplo, imagine que o agente pratica 03 furtos, nas mesmas circunstâncias de tempo,
local e modo de execução. Quando começou a cadeia criminosa, o furto era punido pela lei “A”, com pena
de 1 a 4 anos. No meio da cadeia criminosa, veio a lei “B”, que previa a pena de 1 a 5 anos. No crime
continuado, por uma ficção jurídica, considera-se a ocorrência de um crime só.

● Crime permanente: Trata-se de crime cuja consumação é prolongada no tempo pela vontade do
agente. Ex.: extorsão mediante sequestro - a consumação já se deu com a privação da liberdade, mas
enquanto a vítima não é libertada o crime continua se consumando.

Nestes dois casos, considerando que o agente deu continuidade às condutas por opção, aplica-se
sempre a última lei vigente, mesmo que mais grave, conforme entendimento sumulado.

Súmula 711, do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.

CRIME PERMANENTE CRIME CONTINUADO


É aquele cuja consumação se prolonga no É aquele em que o agente pratica, mediante
tempo, por vontade do agente. mais de uma ação ou omissão, dois ou mais
Ex.: art. 159, CP (extorsão mediante sequestro). delitos da mesma espécie, e pelas condições de
O crime se consuma no momento em que o tempo, lugar, maneira de execução e outras
agente priva a liberdade da vítima, mas continua semelhantes, devem os subsequentes ser
se consumando até a libertação do ofendido. havidos como continuação do primeiro. Trata-
Se a vítima foi sequestrada enquanto estava em se de uma ficção jurídica.
vigor a lei menos gravosa, mas no período em Ex.: Caso o agente pratique cinco crimes, porém
que ficou sob o poder do agente entrou em vigor os quatro primeiros estavam sob a regência da
lei mais gravosa, aplica-se a última. lei menos gravosa, enquanto que o quinto é
praticado na vigência da lei mais gravosa, aplica-
se a última.

É possível a combinação de leis penais para favorecer o réu (lex tertia)?

1ª Corrente: Não é possível, pois o juiz, assim agindo, transforma-se em legislador, criando uma terceira lei.
(Nelson Hungria). Prevalece no STF e STJ. Nesse sentido, a Súmula 501, STJ: “É cabível a aplicação retroativa
da lei n. 11.343/06, desde que o resultado da incidência de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável
ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.360/76, sendo vedada a combinação de leis”.

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A LEI PENA E SUA APLICAÇÃO

2ª Corrente: É possível, visando atender os princípios constitucionais da ultratividade e retroatividade


benéfica. Não se trata de criação, mas combinação de leis (Luiz Flávio Gomes). Se o juiz pode aplicar o “todo”
de uma lei ou de outra para favorecer o agente, ele pode escolher “parte” de uma e de outra para o mesmo
fim. (Basileu Garcia).

Embora prevaleça a 1ª Corrente nas Cortes Superiores, não se pode ignorar que o próprio STJ tem
precedentes combinando leis. É o caso do art. 273 do CP e art. 33, Lei 11.343/06. Com alicerce no princípio
da proporcionalidade o STJ entendeu pela substituição do preceito secundário do art. 273, CP pelo do art.
33, Lei 11.343/06 (AgRg no REsp 1509051/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 03/09/2019, DJe 10/09/2019).

Em contraponto, julgado mais recente do STF vedou essa aplicação, conforme se verifica no Tema 1003 (RE
979962), cuja tese aprovada foi: “É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código
Penal, com redação dada pela Lei nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no
seu § 1º-B, I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária.
Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária
(reclusão, de 1 a 3 anos, e multa).” (aprovada em 24/03/2021).

2.4. Lei Excepcional e Temporária

● Lei temporária: É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. Logo, possui prazo
determinado na lei. Ex.: Lei 12.663/12 (Lei da FIFA).
● Lei excepcional: É a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerra, epidemias,
calamidades. Perdura por todo o tempo excepcional, que não é preestabelecido na lei. É editada em
função de algum evento transitório, sendo que perdura enquanto persistir o estado de emergência.

Art. 3º, CP: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.

Características:
. Autorrevogabilidade: Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei
temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional).
. Ultratividade: Os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que
revogadas as leis temporária ou excepcional.

ATENÇÃO! Estas leis NÃO se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se lei posterior for
expressa nesse sentido.
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A alteração de complemento de norma penal em branco, retroage?

Segundo o STF, depende. Em se tratando de norma penal em branco homogênea (imprópria), cujo
complemento será outra lei, deve retroagir para beneficiar o réu.
Já nos casos de norma penal em branco heterogênea, cuja complementação normalmente é feita por ato
administrativo, só retroagirá caso o ato não se dê em situação de excepcionalidade, ou seja, se for proferido
em situação de normalidade. Assim, temos as seguintes hipóteses:
- Ato não visa proteger situação excepcional, ou seja, proferido em situações de normalidade: Há
retroatividade da lei penal benéfica, a exemplo da retirada do cloreto de etila da lista da Portaria da Anvisa
que complementa a Lei de Drogas.
- Ato que visa proteger situação excepcional: Não retroage. Por exemplo, portarias que fazem tabelamento
de preços, para reger, por exemplo, crimes contra a ordem econômica. Nestas hipóteses, se não foi
obedecido o tabelamento daquela data, mas posteriormente houve a correção da tabela para um patamar
superior, não haverá a retroatividade da lei penal, vez que o que se buscava era tutelar aquela situação de
caráter excepcional.

2.5. Lei Intermediária

Vamos exemplificar para ficar mais fácil.


Fulano praticou um delito durante a vigência da Lei 1, que cominou para tal conduta a pena de 6 anos
de reclusão. Durante o processo, entra em vigor a Lei 2, modificando a respectiva pena para 3 anos. Por fim,
quando da sentença, já está em vigor a Lei 3, que pune a mesma conduta com 4 anos de reclusão.
Assim, podemos facilmente verificar que a lei mais benéfica a ele é a 2ª, certo? Porém, ela não estava
em vigor nem na data do fato, nem na data da sentença, sendo uma lei intermediária. E aí, será que ela pode
ser aplicada?
Tanto a doutrina, como o STF entendem que SIM, é possível aplicar a lei intermediária, desde que
seja a mais benéfica entre as 3 na sua integralidade. E esta é uma lei possui duplo-efeito: retroatividade -
retroage para alcançar o fato; e ultratividade - possui força para alcançar a sentença ou o julgamento.
Confira a dica do professor Marcelo Veiga:

https://youtu.be/QIi7-MlfCjk

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3. LEI PENAL NO ESPAÇO

Eventualmente, um fato criminoso pode atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente
soberanos. Assim, o estudo da lei penal no espaço visa a delimitar qual é o âmbito territorial de aplicação da
lei penal brasileira.
Vetores fundamentais para essa definição:
● Territorialidade (art. 5º, CP): Aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no
território brasileiro. REGRA GERAL.
● Extraterritorialidade (art. 7º, CP): Aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos do
exterior. EXCEÇÃO.
● Intraterritorialidade: Aplicação da lei estrangeira a crimes cometidos no Brasil. EXCEÇÃO.
Ex.: imunidades diplomáticas.

No ordenamento jurídico brasileiro, portanto, aplica-se a regra da TERRITORIALIDADE MITIGADA


(RELATIVIZADA / TEMPERADA).

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de


direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas
em porto ou mar territorial do Brasil.

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Cuidado: De forma diversa, no processo penal é adotado o princípio da territorialidade absoluta.

3.1. Princípios

● Princípio da Nacionalidade / Personalidade Ativa: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente,


não importando o local do crime, a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos lesados. Ou seja, a
lei brasileira é aplicada em razão da nacionalidade do sujeito ativo - art. 7º, II, b, CP.

● Princípio da Nacionalidade / Personalidade Passiva: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do sujeito


passivo. Ou seja, a lei brasileira é aplicada ao crime praticado por estrangeiro contra brasileiro - art.
7º, § 3º, CP.

● Princípio da Defesa Real / da Proteção / Real: Aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico
violado, não importando o local ou nacionalidade do agente. Ou seja, a lei brasileira é aplicada ao
crime cometido fora do Brasil, que afete interesse nacional - art. 7º, I, a, b, c, CP.

● Princípio da Justiça Universal / Universalidade / Justiça Cosmopolita: O agente fica sujeito à lei do
país em que for capturado, não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da
vítima. Este princípio está normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação de
repressão a determinados delitos de alcance transnacional. É pautado no direito de todos os países
em punir qualquer crime - art. 7º, I, d e II, a, CP (obs.: em relação ao inciso I, d, existem autores que
dizem que se trata do princípio do domicílio, mas a doutrina majoritária entende como justiça
universal).

● Princípio da Representação / da Bandeira / Subsidiário: A lei brasileira será aplicada aos crimes
cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas brasileiras, desde que não sejam
julgados no local do crime - art. 7º, II, c, CP.

O que é o território nacional para fins de limite de aplicação da lei?

Território é o espaço que o país exerce sua soberania política.


O território brasileiro abrange a superfície terrestre (solo e subsolo), as águas interiores, o mar
territorial (12 milhas marítimas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular - Lei n° 8.617/93, art. 1°)
e o espaço aéreo correspondente (teoria da soberania sobre a coluna atmosférica). No caso de território
neutro, aplica-se a lei do país do agente.
O conceito de território nacional abrange não apenas o espaço físico, mas, também, um espaço
jurídico por ficção, equiparação ou extensão, previsto no art. 5º, § 1º, CP.

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Para aeronaves e navios:


⋅ Se públicos ou a serviço do Brasil: considera-se território brasileiro onde quer que se encontre;
⋅ Se privada ou mercante: somente se tiver em alto-mar (aplica-se a bandeira).

EMBARCAÇÕES E AERONAVES SERÁ APLICADA A LEI BRASILEIRA


Públicas ou a serviço do governo estrangeiro. Quer se encontre em território nacional ou
estrangeiro.
Mercantes ou particulares brasileiras. Se estiverem em alto-mar ou no espaço aéreo
correspondente.
Estrangeiras. Apenas quando privadas em território nacional.

OBS.1: Princípio da reciprocidade


As embarcações e aeronaves estrangeiras, de natureza pública ou a serviço do governo estrangeiro,
são consideradas extensão do território estrangeiro, mesmo se estiverem em território brasileiro.

OBS.2: Embaixada é território nacional. NÃO é extensão do território que representa. No entanto, é
inviolável.

3.2. Extraterritorialidade

É a aplicação da lei brasileira ao CRIME praticado no estrangeiro.


ATENÇÃO! Não se aplica a lei brasileira às CONTRAVENÇÕES PENAIS praticadas no exterior (art. 2°,
DL 3.688/41).

A extraterritorialidade pode ser:

A) INCONDICIONADA: A simples prática do crime no exterior já autoriza a incidência da lei brasileira,


independentemente de qualquer requisito. As hipóteses estão previstas no art. 7°, I, CP:

● Crimes praticados contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (ATENÇÃO! NÃO é honra,
ou patrimônio. É apenas vida ou liberdade do PR);
∘ Princípio da defesa real ou proteção.

● Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,


de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
∘ Princípio da defesa real ou proteção.

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● Crimes praticados contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
∘ Princípio da defesa real ou proteção.

● Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.


∘ Princípios: cosmopolita ou universalidade (genocídio), personalidade ativa (agente
brasileiro), domicílio (domiciliado no Brasil).

A Lei de Tortura prevê mais uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada.

Art. 2°, Lei 9.455/97: (...) o disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
tenha sido cometido no território nacional, sendo a vítima brasileira ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

B) CONDICIONADA: Admissível nos crimes previstos no art. 7°, II, CP. É preciso respeitar as condições
cumulativas previstas no Código Penal.

● Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;


∘ Princípio da justiça universal.

● Crimes praticados por brasileiro;


∘ Princípio da personalidade / nacionalidade ativa.

● Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade


privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
∘ Princípio da representação / bandeira / pavilhão.

CONDIÇÕES (CUMULATIVAS):
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (PRINCÍPIO DA DUPLA TIPICIDADE)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.

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C) HIPERCONDICIONADA: Conforme previsão no art. 7°, §3°, CP, a lei brasileira aplica-se também ao
crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil - princípio da personalidade passiva -, se,
além de reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não tiver sido pedida ou foi negada a extradição;
b) ter havido requisição do Ministro da Justiça.
Parte da doutrina chama esse parágrafo de territorialidade hipercondicionada, tendo em vista que
além das condições previstas para a modalidade condicionada, precisa preencher uma dessas outras duas.

COMPETÊNCIA
Via de regra, a competência para julgar o indivíduo que praticou o crime fora do território nacional,
mas que está sujeito à aplicação da lei brasileira, será da Justiça Estadual. Contudo, excepcionalmente, se
estiver presente alguma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal, a competência será da Justiça
Federal.
Vale também a leitura do art. 88 do CPP, que determina que:

No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o


juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca
tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.

Ainda, conforme o art. 8º, do CP, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Sobre o tema, a jurisprudência:

O agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado


criminalmente, pelos mesmos fatos, em um Estado estrangeiro
O agente não pode responder à ação penal no Brasil se já foi processado
criminalmente, pelos mesmos fatos, em um Estado estrangeiro. O art. 5º do Código
Penal afirma que a lei brasileira se aplica ao crime cometido no território nacional,
mas ressalva aquilo que for previsto em “convenções, tratados e regras de direito
internacional”. A Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) e o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) proíbem de forma expressa a
dupla persecução penal pelos mesmos fatos. Desse modo, o art. 8º do CP deve
ser lido em conformidade com os preceitos convencionais e a jurisprudência da
Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vedando-se a dupla
persecução penal por idênticos fatos. Vale, por fim, fazer um importante alerta: a
proibição de dupla persecução penal em âmbito internacional deve ser ponderada
com a soberania dos Estados e com as obrigações processuais positivas impostas
pela CIDH. Isso significa que, se ficar demonstrado que o Estado que “processou” o
autor do fato violou os deveres de investigação e de persecução efetiva, o
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julgamento realizado no país estrangeiro pode ser considerado ilegítimo. Portanto,


se houver a devida comprovação de que o julgamento em outro país sobre os
mesmos fatos não se realizou de modo justo e legítimo, desrespeitando
obrigações processuais positivas, a vedação de dupla persecução pode ser
eventualmente ponderada para complementação em persecução interna. STF. 2ª
Turma. HC 171118/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/11/2019 (Info 959).

Explicação Dizer o Direito:


O STF já teve a oportunidade de se manifestar a respeito dessas regras, e, ao fazê-
lo obstou o prosseguimento de processo penal quanto a fatos já julgados por
jurisdição diversa: (...) Ninguém pode expor-se, em tema de liberdade individual, a
situação de duplo risco. Essa é a razão pela qual a existência de hipótese
configuradora de “double jeopardy” atua como insuperável obstáculo à
instauração, em nosso País, de procedimento penal contra o agente que tenha sido
condenado ou absolvido, no Brasil ou no exterior, pelo mesmo fato delituoso.
A cláusula do Artigo 14, n. 7, inscrita no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, qualquer que seja a
natureza jurídica que se lhe atribua (a de instrumento normativo impregnado de
caráter supralegal ou a de ato revestido de índole constitucional), inibe, em
decorrência de sua própria superioridade hierárquico-normativa, a possibilidade
de o Brasil instaurar, contra quem já foi absolvido ou condenado no exterior, com
trânsito em julgado, nova persecução penal motivada pelos mesmos fatos
subjacentes à sentença penal estrangeira. STF. 2ª Turma. Ext 1223, Rel. Min. Celso
de Mello, julgado em 22/11/2011.

Cuidado: O STJ já decidiu que: A pendência de julgamento de litígio no exterior não


impede, por si só, o processamento da ação penal no Brasil, não configurando bis
in idem. STJ. 6ª Turma. RHC 104.123-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
17/09/2019 (Info 656). Embora o caso concreto julgado pelo STJ tivesse algumas
peculiaridades, existe a dúvida se esse entendimento irá permanecer a partir
daquilo que decidiu o STF no HC 171118/SP.

Veja a dica do professor Marcelo Veiga:

https://youtu.be/QXy87jzOj8o

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3.3. Lugar Do Crime

Pelo art. 6º, CP, adota-se a teoria da ubiquidade ou mista:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,


no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado. (Aplica-se a crimes à distância).

OBS.1: Lugar do delito x Locus comissi delicti


Cuidado para não confundir o lugar do delito para o Código Penal (teoria da ubiquidade) com locus
comissi deliciti para o código de Processo Penal (teoria do resultado):
● Lugar do delito: serve para os crimes à distância (crimes que perpassam mais de um país).
. Tema de direito penal (art. 6º, CP);
. Adota a Teoria da Ubiquidade.
● Locus comissi delicti: lugar onde se consuma o crime.
. Tema de direito processual penal (art. 70, CPP);
. Adota a Teoria do Resultado.

OBS.2: Crime à distância x Crime plurilocal


● Crime à distância (espaço máximo): percorre territórios de dois Estados soberanos. Envolve
conflito internacional de jurisdição que se resolve com base no art. 6º, CP (teoria da
ubiquidade).
● Crime plurilocal: Percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado Soberano. Aplica-se o
art. 70, do CPP (teoria do resultado).

DICA DD: De acordo com o CP o crime cometido dentro do território nacional, a bordo de navio que apenas
passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porque o crime tocou o nosso território.
Atualmente, aplica-se a chamada PASSAGEM INOCENTE, dispondo que quando um navio passa no território

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nacional somente como passagem necessária para chegar ao seu destino, não há necessidade de autorização
do Governo Brasileiro para tanto, hipótese em que NÃO se aplica a lei brasileira. A passagem inocente
somente se refere a navio, segundo Rogério Sanches os aviões não desfrutam da passagem inocente (art. 3º
da Lei nº 8.617/93).

DICA DD: Mnemônico LUTA


Lugar do crime = Ubiquidade
Tempo do crime = Atividade

4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES)

4.1 Introdução

Vejamos o artigo 5º, caput e inciso I, CF:

Art. 5º, CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;

Imunidade diplomática/parlamentar x Artigo 5º, caput, e inciso I, da CF:


Nesse ponto, deve-se analisar que a isonomia garantida constitucionalmente é substancial,
permitindo tratar os desiguais de forma desigual, na medida de sua desigualdade. Além disso, a imunidade
leva em conta dados objetivos e não subjetivos do agente, haja vista que a imunidade é uma prerrogativa
funcional, e não um privilégio da pessoa. Nesse sentido, é possível dizer que a lei penal se aplica a todos,
nacionais ou estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais.
Há, no entanto, pessoas que, em virtude de suas funções, ou em razão de regras internacionais,
desfrutam de imunidades. Logo, longe de ser uma garantia pessoal, trata-se de necessária PRERROGATIVA
FUNCIONAL, proteção ao cargo ou função desempenhada pelo seu titular. Por isso, a doutrina entende que
NÃO se deve falar em “foro privilegiado”, mas sim em “foro por prerrogativa de função”.

PRIVILÉGIO PRERROGATIVA
É uma exceção da lei comum deduzida da É o conjunto de precauções que rodeiam a
situação de superioridade das pessoas que a função. Servem para o exercício da função.

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desfrutam. O privilégio trabalha com a ideia de


que há pessoas superiores a outras.

É subjetivo e anterior à lei. É objetiva e deriva da lei.


Tem uma essência pessoal. É um anexo à qualidade do órgão.
É poder frente à lei. É conduto para que a lei se cumpra.
É próprio da aristocracia das ordens sociais É próprio das aristocracias das instituições
(nobreza, clero). governamentais.

4.2 Imunidades Diplomáticas

São imunidades de direito público internacional de que desfrutam:

i. Chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva;


ii. Embaixador e sua família;
iii. Funcionários do corpo diplomático e suas respectivas famílias;
iv. Funcionários das organizações internacionais, quando em serviço (ex. funcionários da ONU).

A imunidade diplomática garante o que? O diplomata deve obediência à nossa lei?


Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes diplomáticos devem obediência
ao preceito primário do país em que se encontram. Escapam, no entanto, da sua competência jurídica, ou
seja, da punição (preceito secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem
(INTRATERRITORIALIDADE).
Primeiramente, é importante observar que a lei penal é formada pelo preceito primário (que possui
o conteúdo criminoso) e pelo preceito secundário (que traz a consequência jurídica, a sanção penal).
O diplomata deve sim obedecer ao preceito primário. O que a imunidade lhe garante é exatamente
escapar das consequências jurídicas, ficando sujeito às consequências do seu país de origem. Então, o
diplomata que mata alguém comete crime sim. O que fica diferente é a consequência jurídica.
E se no país de origem da diplomata não houver punição? Haverá, então, um conflito de direito
internacional, que, ao ser resolvido pelas imunidades, pode levar ao fato de o diplomata não ser punido.
OBS.: Por disposição expressa, o agente diplomático NÃO poderá ser objeto de nenhuma forma de
detenção ou prisão. Veja o art. 29 do Decreto 56.435:

A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma


forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o devido respeito
e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa,
liberdade ou dignidade.

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Note, ainda, que esta inviolabilidade a que estão sujeitos se estende à sua residência particular,
documentos, correspondências e bens (art. 30, Decreto 56.435)

A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e


proteção que os locais da missão.
2. Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do disposto no parágrafo
3 do artigo 31, seus bens gozarão igualmente de inviolabilidade.

OBS.: A imunidade diplomática NÃO impede a investigação policial!

Qual a natureza jurídica da imunidade diplomática? Existem duas correntes discutindo esse assunto.
1ª Corrente (majoritária): causa pessoal de isenção de pena.
2ª Corrente: causa impeditiva de punibilidade.

É possível renunciar à imunidade?


O diplomata NÃO pode renunciar à sua imunidade, pois é uma prerrogativa do cargo. Contudo, o
país de origem pode renunciar a imunidade do seu diplomata.
Ex. caso nos EUA em que um diplomata da Geórgia dirigindo embriagado atropelou a brasileira. O
país renunciou a imunidade do diplomata e ele respondeu de acordo com uma lei americana.
Em resumo: A imunidade é irrenunciável. É vedado ao seu destinatário abdicar da prerrogativa (pois
esta é do cargo e não da pessoa). Poderá haver renúncia por parte do Estado de origem, ficando o diplomata
sujeito à lei do país em que ocorreu o crime (art. 32, Dec. 56.435/65):

1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes


diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos termos do artigo 37.
2. A renuncia será sempre expressa.
3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição
nos termos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a
imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal.
4. A renuncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas
não implica renúncia a imunidade quanto as medidas de execução da sentença para
as quais nova renúncia é necessária.

Os agentes consulares desfrutam de imunidade?


O agente consular possui imunidade somente nos delitos praticados em razão da função, NÃO
abrangendo os crimes praticados fora da função.

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EMBAIXADOR AGENTE CONSULAR

Possui imunidade: Possui imunidade somente nos delitos


a) Nos crimes comuns; praticados em razão da função.
b) Nos crimes praticados em razão da
função.

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCRJ 2022): Em viagem ao Rio de Janeiro, Paolo, italiano, filho do embaixador da Itália no Brasil,
registrado como dependente deste, com quem vive, foi à Lapa, onde se embriagou. Com a capacidade
psicomotora comprometida, assumiu a direção de um veículo e, em seguida, devido à embriaguez, atropelou
e matou uma pessoa. Nessa situação hipotética: Paolo não poderá ser punido pela lei brasileira, pois, salvo
em caso de renúncia, possui imunidade diplomática, embora possa ser punido pelas leis do Estado
acreditante. (Item correto)

A embaixada é extensão do território que representa?


Quanto à territorialidade das embaixadas, mesmo havendo divergências entre alguns doutrinadores,
decidiu o STF que as mesmas NÃO FAZEM parte do território do país que representam, tendo em vista que
as sedes diplomáticas, de acordo com a Convenção de Viena, possuem apenas inviolabilidade. Então, a
embaixada não é extensão do território, mas é inviolável. Diante disso, para se cumprir a lei do país no
interior da embaixada, deve primeiro se passar pelas regras de direito internacional, NÃO se podendo
cumprir a lei do país nem mesmo se houver mandado judicial, ou flagrante delito.

4.3 Imunidades Parlamentares

4.3.1 Imunidade Parlamentar Absoluta / Material / Real / Substancial ou Inviolabilidade / Indenidade

Art. 53, caput, CF - Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e


penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

Há diversas correntes acerca da natureza jurídica da imunidade parlamentar absoluta:


1ª Corrente: É causa excludente de crime (Pontes de Miranda).
2ª Corrente: É causa que se opõe à formação do crime (Basileu Garcia).
3ª Corrente: É causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno).
4ª Corrente: É causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha).
5ª Corrente: É incapacidade pessoal penal por razões políticas (Frederico Marques).
6ª Corrente: É causa de atipicidade (Luis Flávio Gomes e STF).

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Súmula 245, STF: A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa
prerrogativa.

ATENÇÃO! A súmula só se aplica no caso de imunidade parlamentar relativa (NÃO se aplica para a imunidade
parlamentar absoluta).

A imunidade só se aplica quando verificado o nexo causal com o exercício da função parlamentar.
OBS.: Segundo a jurisprudência dominante, nas dependências do parlamento, o nexo causal é
presumido. Fora das dependências do parlamento, o nexo deve ser comprovado.
Logo, os deputados e senadores não são imunes somente nas dependências do parlamento. São
imunes dentro e fora do parlamento. Ocorre que, dentro do parlamento, o nexo causal entre a prática do
delito e o exercício da função é presumido (facilitando a incidência da imunidade) e fora do parlamento, esse
nexo deve ser comprovado.
Não obstante, há jurisprudência do STF na qual foi afastada a incidência da imunidade por fato
ocorrido na Casa Legislativa. Isso porque a 1ª Turma salientou que o fato de o parlamentar estar na Casa
legislativa no momento em que proferiu as declarações não afasta a possibilidade de cometimento de crimes
contra a honra, nos casos em que as ofensas são divulgadas pelo próprio parlamentar na Internet:

O Parlamento é o local por excelência para o livre mercado de ideias – não para o
livre mercado de ofensas. A liberdade de expressão política dos parlamentares,
ainda que vigorosa, deve se manter nos limites da civilidade. Ninguém pode se
escudar na inviolabilidade parlamentar para, sem vinculação com a função, agredir
a dignidade alheia ou difundir discursos de ódio, violência e discriminação.
PET 7174/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,
julgamento em 10.3.2020. (PET-7174)

4.3.2 Imunidade Parlamentar Relativa / Formal

Art.53, §2º, CF - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional


não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os
autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que,
pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela
EC nº 35, de 2001)

O termo inicial dessa imunidade é desde a expedição do diploma e a garantia por ela prevista é a de
que o parlamentar só pode ser preso em flagrante delito de crime inafiançável. Em todos os demais casos,
NÃO é cabível a prisão, pois incide a imunidade!
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No caso de flagrante em crime inafiançável, a Casa Legislativa faz um juízo político da prisão. O juízo
NÃO é jurídico, mas político, ou seja, conforme a conveniência e oportunidade de se manter o parlamentar
preso.

4.3.3 Imunidade relativa ao processo

Art.53, CF, §3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da
ação. (Redação pela EC nº 35, de 2001)
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
(Redação pela EC nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
(Redação pela EC nº 35, de 2001)

A garantia funcional consiste no fato de a Casa Legislativa respectiva (Câmara ou Senado) poder
sustar o andamento do processo, o que também suspende a prescrição.
Cuidado: A imunidade NÃO impede a instauração de Inquérito Policial e nem a realização de
investigação penal (STF).

4.3.4 Imunidade relativa à condição de testemunha

Art.53, §6º, CF - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar


sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem
sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação
dada pela EC nº 35, de 2001)

Os deputados e senadores, quando arrolados, são obrigados a servir como testemunha. Eles prestam
o compromisso de dizer a verdade. Contudo, NÃO estão obrigados a testemunhar sobre as informações
recebidas ou prestadas em razão do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
as informações.
Ressalta-se que os Congressistas serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
eles e o juiz, nos termos do art.221, do CPP.

Art. 221, CPP - O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e


deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e
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Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos


Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do
Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos
Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos
em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.

OBS.1: O parlamentar indiciado (sujeito à investigação policial) NÃO tem a prerrogativa a que se
refere o art. 221, do CPP. Essa prerrogativa é apenas para testemunha.
OBS.2: O STF, na AP 421, mitigou a prerrogativa do art.221, do CPP, pois utilizada para procrastinar
intencionalmente o regular andamento e desfecho do processo (caso concreto: o parlamentar ficou
marcando e desmarcando o horário e data da inquirição, então, o juiz designou dia e horário e determinou a
inquirição no dia e horário e local por ele determinados):

QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL ARROLADO COMO


TESTEMUNHA. NÃO INDICAÇÃO DE DIA, HORA E LOCAL PARA A OITIVA OU
NÃO COMPARECIMENTO NA DATA JÁ INDICADA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA
PARA O NÃO ATENDIMENTO AO CHAMADO JUDICIAL. DECURSO DE MAIS DE
TRINTA DIAS. PERDA DA PRERROGATIVA PREVISTA NO ART. 221, CAPUT, DO
CPP. Passados mais de trinta dias sem que a autoridade que goza da
prerrogativa prevista no caput do art. 221 do CPP tenha indicado dia, hora e
local para a sua inquirição ou, simplesmente, não tenha comparecido na data,
hora e local por ela mesma indicados, como se dá na hipótese, impõe-se a
perda dessa especial prerrogativa, sob pena de admitir-se que a autoridade
arrolada como testemunha possa, na prática, frustrar a sua oitiva,
indefinidamente e sem justa causa. Questão de ordem resolvida no sentido de
declarar a perda da prerrogativa prevista no caput do art. 221 do CPP, em
relação ao parlamentar arrolado como testemunha que, sem justa causa, não
atendeu ao chamado da justiça, por mais de trinta dias.

4.3.5 Imunidades dos Parlamentares dos Estados (Deputados Estaduais)

Art. 27, §1º, da CF: Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

Os parlamentares dos Estados possuem as mesmas imunidades dos deputados federais, em razão
do princípio da simetria. Vejamos o entendimento do STF sobre o tema:
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Deputados Estaduais gozam das mesmas imunidades formais previstas para os


parlamentares federais no art. 53 da CF/88. São constitucionais dispositivos da
Constituição do Estado que estendem aos Deputados Estaduais as imunidades
formais previstas no art. 53 da Constituição Federal para Deputados Federais e
Senadores. A leitura da Constituição da República revela, sob os ângulos literal e
sistemático, que os Deputados Estaduais também têm direito às imunidades formal
e material e à inviolabilidade que foram conferidas pelo constituinte aos
congressistas (membros do Congresso Nacional). Isso porque tais imunidades
foram expressamente estendidas aos Deputados pelo § 1º do art. 27 da CF/88. STF.
Plenário. ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min.
Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgados em 8/5/2019 (Info 939).

4.3.6 Imunidades dos Parlamentares dos Municípios (Vereadores)

Eles só possuem imunidade material, limitada aos atos praticados no exercício do mandato e dentro
da circunscrição do município. Então, essa é uma imunidade material limitada. Os vereadores NÃO possuem
imunidade formal ou relativa.

Cabe prisão cível alimentícia contra Congressista devedor de alimentos?

Há três correntes:
1ª Corrente: A imunidade abarca qualquer ato de privação da liberdade (Gilmar Mendes).
2ª Corrente: Há que se fazer distinção entre a natureza provisória dos alimentos e definitiva, cabendo a prisão
somente para o último caso tendo em vista que, quanto aos provisórios, ainda não se exauriu a prova (Rogério
Sanhes).
3ª Corrente: Cabível a prisão cível por dívida de alimentos independente da natureza observando o interesse do
alimentando (Novelino).

5. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

Dispõe o art. 9º, do CP: A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie
as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

Obrigar o condenado à:
I- ● Reparação de danos civis; Depende de requerimento da parte interessada
● Restituições;

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● Outros efeitos civis.


II - ● Sujeitar o condenado à medida Depende da existência de tratado de extradição entre o BR
de segurança. e o país de origem OU requisição do MJ.
OBS.: Efeitos incondicionados
● Reincidência; INDEPENDEM de homologação.
● Detração.

Em regra, a sentença estrangeira NÃO precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos, bastando
prova legal da existência de condenação. No entanto, a sentença estrangeira necessita ser homologada no
Brasil pelo STJ (art. 105, I, “i”, da CF/88) para gerar:
● Efeitos civis, a exemplo da reparação de danos, dependendo, ainda, de pedido da parte interessada;
● Sujeição à medida de segurança:
∘ Se existir tratado de extradição: mediante requisição do PGR;
∘ Se inexistir tratado de extradição: mediante requisição do Ministro de Justiça.

ATENÇÃO! A súmula 420 do STF diz o seguinte: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro
sem prova do trânsito em julgado”.
Porém, com a entrada em vigor do CPC/2015, que trouxe previsão dos requisitos para a homologação
da sentença estrangeira, foi tacitamente revogado o art. 216-D, III, do RISTJ, que exigia o trânsito em julgado.
Agora, basta apenas que ela seja eficaz em seu país de origem. (Info 626 do STJ).

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCMS 2021): A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil, para obrigar o condenado à reparação do dano, a
restituições e a outros efeitos civis e, ainda, sujeitá-lo à medida de segurança. (Item correto)

6. CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA

Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.

Ao contrário dos prazos processuais, os prazos penais são improrrogáveis e, na sua contagem, o dia
de início se inclui no cálculo.

Frações não computáveis da pena

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Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de


direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

Interpretar é identificar a vontade da lei, definir seu conteúdo, seu significado, seu alcance.
Na atividade interpretativa deve-se buscar sempre a mens legis, ou seja, a vontade da lei e não a
mens legislatoris, que é a vontade do legislador.
É de cunho obrigatório, ainda que a lei pareça clara.

7.1 Espécies de Interpretação

A) QUANTO AO SUJEITO (ORIGEM):

● Autêntica / Legislativa: Dada pela própria lei, ou seja, realizada pelo legislador, que edita uma lei
com a finalidade de explicar o significado de outra norma. É de aplicação obrigatória e RETROAGE,
mesmo que em prejuízo do réu, vez que não cria novo crime ou comina pena, apenas interpreta (só
não se aplica fatos transitados em julgado). Ex.: art. 327 do CP - conceito de funcionário público.
Divide-se em contextual (quando a norma interpretativa é editada no momento da norma
interpretada) e posterior (quando é criada depois da norma interpretada).
● Doutrinária / Científica: Dada pelos estudiosos, doutrinadores do direito penal. Ex.: exposição de
motivos do Código Penal, vez que dada pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. (OBS.: a do
CPP é autêntica).
● Judicial / Jurisprudencial: Realizada pelos magistrados na decisão das causas que lhes são
submetidas ou fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes. Exceção (são
vinculantes): sentença de caso concreto após o trânsito em julgado e súmulas vinculantes editadas
pelo STF.

B) QUANTO AO MODO ou MEIOS E MÉTODOS:


● Literal / Gramatical: Considera o sentido literal das palavras.
● Teleológica: Considera à vontade ou intenção objetivada na lei, sua finalidade, utilizando-se de vários
elementos (é a sugerida pelo artigo 5º da LINDB).
● Histórica: Busca a origem da lei, o fundamento de sua criação.
● Sistemática: Conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito, sistema em que a norma está
inserida como um todo.
● Progressiva: A lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência que está progredindo.

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C) QUANTO AO RESULTADO:
● Declarativa: A letra da lei corresponde aquilo que o legislador quis dizer.
● Extensiva: Amplia o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto.
Corrige a lei tímida, visto que ela disse menos do que gostaria.
● Restritiva: Reduz o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. A lei
disse mais do que desejava.
● Progressiva / Adaptativa / Evolutiva: Busca amoldar a lei à realidade atual, de acordo com os
progressos da cultura, da sociedade, da tecnologia, das ciências etc. O fundamento está no princípio
dinâmico.
OBS.: A interpretação progressiva decorre de um modelo mais recente de interpretação,
desvinculado da Escola da Exegese, fundada em um raciocínio puramente silogista, mas valendo-se de uma
abertura do sistema jurídico e uso de recursos axiológicos.

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCBA 2022): Relativamente aos métodos de interpretação da lei penal, assinale a alternativa
incorreta:
a) Interpretação contextual é realizada dentro do próprio texto elaborado, como no caso do art. 327 do
Código Penal, que explica o conceito de funcionário público para fins penais
b) A interpretação evolutiva é a forma de interpretação que, ao longo do tempo, vai se adaptando às
mudanças político-sociais e às necessidades do momento, como no caso da aplicação do crime de ato
obsceno, previsto no art. 233 do Código Penal, em que no passado se entendia que condutas como o beijo
lascivo se enquadravam em tal delito, mas, no presente, devido à maior “liberdade sexual”, entende-se que
o beijo lascivo, por si só, ainda que praticado em via pública, não configura o crime
c) A interpretação doutrinária paralela é aquela que surge simultaneamente a um texto legal. Em resumo, o
legislador edita determinada norma e, junto a ela, traz ensinamentos doutrinários sobre a sua matéria.
Exemplo nítido de interpretação doutrinária simultânea é a Exposição de Motivos do Código Penal
d) A interpretação teleológica-objetiva busca a vontade da lei em si, por meio da análise da exposição de
motivos da lei, por exemplo
e) A interpretação lógico-sistemática procura o sentido da lei, através da função gramatical dos vocábulos.
Trata-se da primeira etapa do processo interpretativo, pois as palavras podem ser equívocas, não espelhando
com fidelidade a vontade da lei
GABARITO: E - a interpretação sistemática conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito, sistema
em que a norma está inserida como um todo.

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7.2. Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X Analogia

● Interpretação Extensiva: Existe norma para o caso concreto, mas amplia-se o alcance da norma,
podendo ser feita até mesmo in malam partem.
Ex.: antigo art. 157, §2º, II, CP, hoje revogado, que utilizava o termo “arma” e a interpretação era de
que qualquer arma estaria abarcada;

ATENÇÃO! Esse entendimento, embora prevaleça em parte da doutrina, encontra precedente em


sentido contrário no STJ, entendendo pela proibição da interpretação extensiva in malam partem.

STJ entende que em direito penal, não é permitida a interpretação extensiva para
prejudicar o réu, impondo-se a integração da norma mediante a analogia in bonam
partem, devendo a lei penal ser interpretada restritivamente quando prejudicial ao
réu e extensivamente quando a ele favorável. (EDcl no AgRg no HC 651.765/SP, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 07/12/2021,
DJe 14/12/2021).

● Interpretação Analógica: Existe norma para o caso, mas o legislador previu uma fórmula casuística
seguida de uma genérica, permitindo ao juiz encontrar outros casos similares. Também pode ser in
malam partem
Ex.: art.121, §2º, I, CP
“Paga, promessa de recompensa” – fórmula casuística
“Ou outro motivo torpe” – fórmula genérica
As duas opções citadas acima, são FORMAS DE INTERPRETAÇÃO.

● Analogia: NÃO existe norma para o caso concreto, e o juiz aplica a lei prevista para outro caso quando
verificada lacuna legislativa. Não é forma de interpretação, é FORMA DE INTEGRAÇÃO, de suprir
lacunas. Só é possível em benefício do réu.

Características:
∘ Não é forma de interpretação, mas de integração;
∘ Pressupõe lacuna;
∘ Parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo
pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar.

Pressupostos para aplicar a analogia:


∘ Certeza de que sua aplicação é favorável ao réu (analogia in bonan partem);
∘ Existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida.
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Para finalizarmos o assunto, vamos a uma tabelinha excelente para revisão, elaborada pelo professor
Rogério Sanches.

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA


É forma de interpretação É forma de interpretação É forma de integração do direito.
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o caso
concreto. concreto. concreto.
Amplia-se o alcance da palavra Utilizam-se exemplos seguidos de Cria-se uma nova norma a partir de
(não importa no surgimento de uma forma genérica para alcançar outra (analogia legis) ou do todo do
uma nova norma). outras hipóteses. ordenamento jurídico (analogia iuris)
Prevalece ser possível sua É possível sua aplicação no Direito É possível sua aplicação no Direito
aplicação no Direito Penal in Penal in bonam ou in malam Penal somente in bonam partem.
bonam ou in malam partem. partem.
Ex.: a antiga expressão “arma” no Ex.: Homicídio mediante paga ou Ex.: isenção de pena, prevista nos
crime de roubo majorado (art. promessa de recompensa, ou por crimes contra o patrimônio, para
157, §2º, II, CP – hoje revogado). outro motivo torpe (art. 121, §2º, cônjuge e, analogicamente, para o
I, III e IV do CP) companheiro (art. 181, I do CP).

8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Verifica-se quando há um só fato e, aparentemente, duas ou mais normas vigentes são aplicáveis a
ele.
ATENÇÃO! Trata-se de tema com alta incidência em provas.

a) Requisitos:
● Unidade de fato (fato único);
● Pluralidade de normas;
● Vigência simultânea de todas elas.

Cuidado: Aqui NÃO se trata de sucessão de leis penais no tempo, mas de duas leis penais que estão em vigor
simultaneamente. Se NÃO estão vigentes, aí sim o assunto é o conflito de leis penais no tempo, que se
resolverá, em regra, pela posterioridade; e, excepcionalmente, pela lei penal mais benéfica (art. 4º do CP).

b) Princípios Orientadores:

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● PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE:
Como explica Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando ambas tratam de
estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada
de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida na subsidiária, ficando a
aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra.
A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é a
norma principal, devendo então ser aplicada a norma subsidiária, que segundo Hungria funciona como
“soldado de reserva”.
A subsidiariedade pode ser:
∘ Expressa: Ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não houver crime mais
grave”, como por exemplo, temos o crime de dano qualificado, previsto no art. 163, p. único,
II do CP (...) “se o crime é cometido com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
o fato não constitui crime mais grave”.
∘ Tácita: Ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível perceber o caráter de
subsidiariedade da norma. Ex.: roubo e furto, a depender de haver ou não a violência ou
grave ameaça.

ATENÇÃO: No contexto da incidência do princípio da subsidiariedade o delito menos grave funcionará como
CRIME DE PASSAGEM ou TIPO PENAL DE PASSAGEM.

Crime de Passagem ou Ubi Major Mino Cessati: O delito de menor gravidade é subsidiário diante de um
delito de maior gravidade. É o crime que eu pratico quando quero praticar um crime mais grave.

Ex.: Crime de dano é subsidiário ao crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Ora, para o
indivíduo praticar o furto pelo rompimento de obstáculo, ele necessariamente tem que praticar um dano.
Assim, o dano é um elemento qualificador da figura típica do furto qualificado. Pelo princípio da

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subsidiariedade, o indivíduo responde apenas pelo furto qualificado. Se, eventualmente faltar uma
elementar para o crime de furto, há o soldado de reserva: crime de dano.

● PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE:
A lei especial derroga a lei geral. O princípio da especialidade é de utilização obrigatória e prevalece
sobre os demais. Destaque-se que se exclui a aplicação da lei geral no caso concreto, mas não há revogação.
É a soma dos elementos da lei geral com elementos especializantes. Pode estar no mesmo diploma
legislativo ou diversos. Ex.: homicídio e infanticídio; omissão de socorro do CP e omissão de socorro de idoso
e vários outros.

ATENÇÃO! O princípio da especialidade é o único que se aplica sempre de maneira abstrata. Ou seja: a
comparação entre a norma geral e a norma especial é feita no plano abstrato. Todos os outros princípios
são aplicados em concreto (comparação em concreto)

● PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO:
Verifica-se quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização
do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma norma de transição para o último (crime
progressivo). A consunção pressupõe que esses crimes protejam o mesmo bem jurídico. Aplica-se às
seguintes hipóteses:
∘ Crime progressivo: Quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave,
precisa passar por um crime menos grave. Ex.: Para o homicídio, passa-se pela lesão corporal.
∘ Progressão criminosa: Há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir um
resultado e, depois de alcançá-lo opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra
conduta, produzindo um evento mais grave. É uma nova vontade que surge na execução. O
fato inicial fica absorvido só respondendo pelo último.
∘ Fato anterior impunível (ante factum impunível): São fatos anteriores que estão na linha de
desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo o crime
anterior era obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex.:
Súmula 17, STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é
por este absorvido”. O agente pratica falsidade documental, visando cometer um
estelionato. A falsidade foi um crime-meio para prática do estelionato, desse modo, é um
ante factum impunível.
∘ Fato simultâneo impunível: Também chamado de concomitante impunível, é aquele
praticado no mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex.: estupro em via
pública (o ato obsceno é um meio para prática do estupro).
∘ Fato posterior impunível (post factum impunível): O fato posterior impunível retrata o
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido. Aqui
se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido. Ex.: falsificação de documento
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e uso de documento falso – quando praticados pelo mesmo agente, ele só responde pela
falsificação.

Hipóteses casuísticas de incidência do princípio da consunção ou absorção:


(1): O crime consumado (delito perfeito) absorve o crime tentado (delito imperfeito).

(2): O crime de dano absorve o crime de perigo.

(3): Porte ilegal de arma e receptação dolosa - NÃO SE APLICA (Info 433 STJ).
A receptação e o porte ilegal de arma de fogo configuram crimes de natureza autônoma, com
objetividade jurídica e momento consumativo diversos. Tribunais vêm afirmando que os crimes de porte
ilegal de arma e receptação dolosa possuem bens jurídicos distintos, vítimas distintas, momentos de
consumação diferentes, motivo pelo qual NÃO há consunção entre eles.
Não há o que se falar em esgotamento de potencialidade lesiva da receptação no crime de porte
(como um crime de dano será absorvido pelo crime de perigo, embora de menor gravidade?)
Embora haja uma relação de meio-fim e múnus-plus, não há o respeito ao esgotamento da
potencialidade lesiva.

(4): Legítima defesa e uso de arma de fogo (Info 775 STF)


Contexto fático: Indivíduo pratica um fato típico, mas não ilícito (amparado por uma excludente de
ilicitude da legítima defesa). Ocorre que, o meio pelo qual ele utilizou para repelir a injusta agressão era uma
arma de fogo com numeração raspada, do qual ele não tinha o devido registro.
A discussão era: O delito de porte/posse de arma de fogo com numeração raspada resta absorvido
pelo crime de homicídio? Se sim, como o homicídio fora praticado em legítima defesa, a excludente de
ilicitude atingiria também o crime de porte de arma de fogo com numeração raspada?
A jurisprudência do STJ e STF sempre tiveram a posição de que seria possível a absorção, pelo
homicídio, de eventual porte de arma, se aquela arma for usada exclusivamente para a prática do homicídio,
ou seja, se a potencialidade lesiva daquela arma se esgotasse no homicídio.
Nesse julgado específico, o STF entendeu que a consunção NÃO alcançaria a posse ilegal de arma de
fogo com numeração raspada. Isso porque, nesse caso, o indivíduo efetivamente não teria “portado aquela
arma de fogo exclusivamente para repelir a agressão”. A rigor, o indivíduo já portava a arma com a
numeração raspada, e então utilizou a arma para repelir a injusta agressão, de modo que a potencialidade
lesiva da arma não se esgotou no ato de legítima defesa.

CAIU EM PROVA:

(Delegado de PCRO 2022): O cotejo se dá entre fatos concretos, de modo que o mais completo, o inteiro,
prevalece sobre a fração. Não há um único fato buscando se abrigar em uma ou outra lei penal caracterizada
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por notas especializantes, mas uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o mais amplo
consome o menos amplo, evitando-se que este seja duplamente punido, como parte de um todo e como
crime autônomo. Cleber Masson (com adaptações). No conflito aparente de normas, o trecho apresentado
explica o princípio da consunção. (item correto)

● PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE:
a) Própria: Tem aplicação nos crimes plurinucleares, ou seja, crimes de ação múltipla ou conteúdo
variado, que são crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Nesse caso, o
crime permanece único, não desnatura a unidade do crime. Ex.: art. 33 da Lei de Drogas. Ex.:
importar, guardar, transportar e vender a droga.
b) Imprópria: Quando duas ou mais normas penais disciplinam o mesmo fato.

Este último princípio não é unânime, não sendo aceito por relevante parcela da doutrina. Na
alternatividade própria não haveria conflito, não havendo pluralidade de normas aplicáveis, vez que a
conduta está no mesmo tipo penal. Na imprópria, se há duas leis tratando do mesmo fato, haveria, na
verdade, um conflito de leis penais no tempo, em que a segunda revogou a primeira.

DICA DD: Mnemônico SECA


S ubsidiariedade
E specialidade
C onsunção
A lternatividade

Os 3 primeiros são unânimes na doutrina e o 4º não. Então na hora de marcar, fique atento ao
comando da questão.
O objetivo do instituto é evitar o bis in idem e manter a unidade lógica e a coerência do sistema
penal. Pode até haver conflitos entre normas, mas o sistema é único, perfeito e apresenta ele próprio meios
para solucioná-los.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha;

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