Você está na página 1de 74

INTRODUÇÃO AO DIREITO

LIVRO TEXTO

INTRODUÇÃO AO DIREITO

1
INTRODUÇÃO AO DIREITO

SUMÁRIO

1. DEFINIÇÕES DE DIREITO ........................................................................................................................... 5


1.1 PRINCÍPIOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO ................................................................. 6
1.2 FONTES DO DIREITO ......................................................................................................................... 6
1.3 A LEI ................................................................................................................................................... 7
1.3.1 Características das Leis ............................................................................................................. 7
1.3.2 Processo de Elaboração da Lei .................................................................................................. 7
1.3.3 Classificação das Leis ................................................................................................................ 7
1.4 CONCEITO DE NORMA JURÍDICA ...................................................................................................... 8
1.4.1 Da Vigência, Eficácia, Legitimidade da Norma Jurídica ........................................................... 8
1.5 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ............................................................................................................ 8
1.5.1 Princípios Basilares da Constituição Federal ........................................................................... 9
1.5.2 Direito e Garantias Individuais-Art. 5º, CF/88 ......................................................................... 10
2. ATO E FATO JURÍDICO ............................................................................................................................ 11
2.1 NEGÓCIOS JURÍDICOS .................................................................................................................... 11
2.1.1 Requisitos dos Negócios Jurídicos.......................................................................................... 11
2.1.2 Classificação Dos Negócios Jurídicos ..................................................................................... 11
2.2 RELAÇÃO JURÍDICA-CONCEITO ...................................................................................................... 12
2.2.1 Elementos da Relação Jurídica ............................................................................................... 12
2.2.2 Defeitos dos Negócios Jurídicos ............................................................................................. 12
2.3 ATOS ILÍCITOS ................................................................................................................................. 13
2.3.1 Nulidade dos Atos Jurídicos .................................................................................................... 13
2.3.2 Anulação dos Atos Jurídicos ................................................................................................... 14
3. PRINCIPIO DA OBRIGATORIEDADE DA LEI ............................................................................................. 15
3.1 DA REVOGAÇÃO DA LEI.................................................................................................................... 15
3.1.1 Da Vigência da Lei .................................................................................................................... 15
3.1.2 Previsão Legal da Vigência da Lei............................................................................................ 15
3.1.3 Da Vigência e da Eficácia da Lei ............................................................................................... 16
3.2 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DAS LEIS. ............................................................................................. 16
3.3 HIERARQUIA DAS LEIS..................................................................................................................... 17
3.3.1 Da Retroatividade das Leis-art. 5º, XXXVI, CF/88 .................................................................... 17
3.3.2 Omissão da Lei ......................................................................................................................... 18
4. INSTITUIÇÕES OU DIVISÃO DO DIREITO PÚBLICO E DO DIREITO PRIVADO ......................................... 19

2
INTRODUÇÃO AO DIREITO

4.1 DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................. 20


4.2 CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS EXISTENTES.................................................................................. 21
4.3 ASPECTOS GERAIS DA CONSTITUIÇÃO VIGENTE ........................................................................... 21
4.4 DIREITO ADMINISTRATIVO .............................................................................................................. 22
4.4.1 Princípios da Administração Pública ...................................................................................... 22
4.5 LEGISLAÇÃO CONSTITUCIONAL-ART. 37, CF/88 ............................................................................ 22
5. DIREITO DO TRABALHO .......................................................................................................................... 24
5.1 FONTES DE DIREITO DO TRABALHO ............................................................................................... 24
5.1.1 Princípios da Proteção............................................................................................................. 24
5.2 CONCEITO DE EMPREGADO ............................................................................................................ 25
5.2.1 Conceito de Empregador ......................................................................................................... 25
5.2.2 Conceito de Contrato Individual de Trabalho ........................................................................ 25
5.2.3 Previsão Legal do Contrato por Prazo Determinado.............................................................. 26
5.2.4 Direitos do Empregado ............................................................................................................ 27
6. PRINCIPAIS ASPECTOS GERAIS DO DIREITO COMERCIAL ..................................................................... 31
6.1 DIREITO COMERCIAL ....................................................................................................................... 31
6.2 CONCEITO DE COMERCIANTE ......................................................................................................... 32
6.3 PRINCÍPIOS DO DIREITO COMERCIAL ............................................................................................. 32
6.3.1 Direito Comercial e Direito Empresarial ................................................................................. 33
6.3.2 Relação do Direito Comercial como Outros Ramos do Direito .............................................. 33
6.3.3 Diferença entre Comerciante e Prestador de Serviços........................................................... 34
7. NOÇÕES DE EMPRESÁRIO....................................................................................................................... 35
7.1 DA CAPACIDADE CIVIL DO TITULAR DO NEGÓCIO .......................................................................... 36
7.2 PESSOAS IMPEDIDAS DE EXERCER ATIVIDADE EMPRESARIAL ...................................................... 37
7.3 EIRELI - EMPRESÁRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA ......................................... 38
7.3.1 Microemprendedor Individual - MEI........................................................................................ 38
7.3.2 Microempresa - ME e EPP, EI ................................................................................................... 39
7.3.3 Tipos de Empresas Mais Usadas no Brasil .............................................................................. 39
7.4 LEGISLAÇÃO CIVIL SOBRE DIREITO DE EMPRESA .......................................................................... 40
8. SOCIEDADE.............................................................................................................................................. 42
8.1 LIVROS DO EMPRESÁRIO ................................................................................................................ 43
8.2 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS.................................................................................................. 43
8.3 DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES-ART. 1.033 CÓDIGO CIVIL ........................................................... 44
9. DIREITO DO CONSUMIDOR..................................................................................................................... 46

3
INTRODUÇÃO AO DIREITO

9.1 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ........................................................................................... 47


9.2 PROTEÇÃO CONTRATUAL ............................................................................................................... 49
9.3 DAS RELAÇÕES DE CONSUMO ........................................................................................................ 50
9.4 A LEI DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................................................................................................ 50
9.5 QUALIDADES DE PRODUTOS E SERVIÇOS E PREVENÇÃO .............................................................. 51
9.6 ARTIGOS DO CÓDIGO DEFESA DO CONSUMIDOR – LEI DE DEFESA DO CONSUMIDOR N. 8.078/90
53
10. DA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR ............................................................. 56
10.1 A TEORIA DO RISCO DA ATIVIDADE ................................................................................................. 57
10.2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO .................................... 57
10.3 FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO = ACIDENTE DE CONSUMO .................................................... 58
10.4 VÍCIO ≠ DEFEITO .............................................................................................................................. 59
10.4.1 Espécies de Defeitos: de Fabricação, de Concepção e de Comercialização .............. 60
10.5 EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE POR FATO DO PRODUTO (ART. 12, § 3º DO CDC) .......... 61
10.6 CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR-CULPA CONCORRENTE ..................................................... 61
10.7 RESPONSABILIDADE CIVIL POR VÍCIO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO ......................................... 62
10.8 DO PRAZO – DIREITO GARANTIDO AO CONSUMIDOR .................................................................... 63
10.9 DIREITO DE ARREPENDIMENTO...................................................................................................... 63
10.10 PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR ............................................................. 64
10.11 DA PROTEÇÃO CONTRATUAL E PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS PRÁTICAS COMERCIAIS ... 65
10.11.1 Da Oferta .................................................................................................................................. 65
10.11.2 Da Publicidade ......................................................................................................................... 66
10.12 DAS PRÁTICAS ABUSIVAS PREVISTAS NO CDC-CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ........... 67
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 74

4
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 01
PARTE 01

1. DEFINIÇÕES DE DIREITO

O direito é uma ciência social, que se preocupa com o estudo das normas que disciplinam
a conduta do homem em sociedade. É o conjunto de regras, leis criadas diretamente pela
sociedade ou por seus órgãos especializados, para impor a ordem a sociedade (direito objetivo).
O direito tem o poder de fazer valer os interesses individuais sobre pessoas e coisas, dentro do
campo de ação, o qual se divide em objetivo e subjetivo. O primeiro refere-se ao conjunto de
normas jurídicas, enquanto que o segundo, seria o interesse juridicamente protegido, conjugado
a vontade de agir ou deixar de agir do agente. Por exemplo: a lei impõe ao devedor a obrigação
de pagar a dívida ao credor. É o direito objetivo. Ao mesmo tempo faculta ao credor o poder de
cobrar a dívida ao devedor. É o direito subjetivo.

Fonte: https://bit.ly/2YoxgGB

5
INTRODUÇÃO AO DIREITO

1.1 PRINCÍPIOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO

I. Princípio da Igualdade

Art. 5º, cf/88: “Todos são iguais perante a lei...”

I. homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

II. Princípio da Legalidade da lei

ART.5º, II, CF/88 – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;

III. Princípio da livre a manifestação do pensamento. ART.5º, IV, CF/88;

IV. Princípio livre a locomoção no território nacional em tempo de paz -ART.5º, XV, CF/88 – “é
livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”;

V. Princípio da livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão- ART. 5º, XIII, CF/88;

VI. Princípio do direito de propriedade ART. 5º, XXII, CF/88;

VII. Princípio da casa como asilo inviolável-ART.5º, XI, CF/88;

VIII. Princípio da inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas- ART. 5º, XII, CF/88.

1.2 FONTES DO DIREITO

Fontes são meios que servem de origem do direito. São formas de manifestações do
direito, são divididas em: Fontes estatais: leis e jurisprudências, princípios gerais do direito,
tratados internacionais; e Fontes não-estatais: costume jurídico e doutrina.

As fontes estatais do direito também são chamadas de fontes diretas, as quais destacam-
se as leis e os costumes; enquanto que, as fontes não-estatais também conhecidas como fontes
indiretas, se referem as doutrinas e jurisprudências. Além das fontes mencionadas, existem ainda
as fontes de explicitação ou de integração que são: analogia (semelhança) e os princípios gerais
do direito. A jurisprudência como fonte do direito, define-se, como sendo os julgados prolatados
pelos tribunais de Primeiro Grau.

6
INTRODUÇÃO AO DIREITO

1.3 A LEI

A lei é uma regra e medida dos atos, pela qual todos são levados à ação ou dela impedidos.
São normas solenemente formuladas e promulgadas pelo poder competente, sobre relações de
ordem interna e de interesse geral.

1.3.1 Características das Leis

A lei pode ser geral, ou seja, deve ser obedecida por todos, bilateral porque tem efeito para
ambas as partes, imperativa, a qual expressa uma ordem do poder que emana a lei, logo, deve
ser cumprida por todos. Pode ser também coercitiva, visto que exige uma imposição limitativa à
vontade das partes e abstrata que diz respeito às ações, que imputam uma sanção a conduta
descrita definida em lei.

1.3.2 Processo de Elaboração da Lei

O Poder Legislativo é o órgão competente para elaboração da lei, mas antes de entrar em
vigor, a lei passa pelos trâmites seguintes abaixo:

1. Iniciativa da lei, através da apresentação do projeto de lei;

2. Exame pelas comissões técnicas, discussões e aprovação;

3. Sanção (ato do chefe do Poder executivo manifestando a concordância com a lei


ou promulgação (é o ato que se atesta a existência da lei);

4. Publicação da lei (publicada no diário oficial);

1.3.3 Classificação das Leis

➢ Quanto à origem legislativa

✓ Federais: são normas que emanam do Congresso Nacional ou da Presidência da


República;

✓ Estaduais: são normas formuladas pelas Assembleias Legislativas Estaduais;

✓ Municipais: são normas oriundas das Câmaras Municipais;

➢ Quanto à duração

✓ Temporárias: são aquelas que possuem vigência previamente fixada;

✓ Permanentes: são leis que não contem prazo certo de vigência.

7
INTRODUÇÃO AO DIREITO

➢ Quanto à amplitude ou alcance

✓ Gerais: são normas que se destinam a todas as pessoas. Ex. código nacional de
trânsito;

✓ Especiais: são as que se destinam a certas pessoas. Ex. Clt, Lei militar;

✓ Singulares: são leis que se destinam a uma única pessoa ou a um número restrito
de pessoas. Ex. crimes de responsabilidade do Presidente da República.

1.4 CONCEITO DE NORMA JURÍDICA

Define-se como um comando, uma ordem imperativa dirigida as ações dos indivíduos. É
uma regra que regula a conduta social do homem, da sociedade. Conceitua-se ainda, como sendo
um instrumento de definição da conduta exigida pelo Estado, esclarecendo ao indivíduo como e
quando agir.

1.4.1 Da Vigência, Eficácia, Legitimidade da Norma Jurídica

A lei continua vigente até ser revogada por outra lei. A sua eficácia corresponde ao seu
vigor e abrangência no tempo e no espaço. Destina-se ao cumprimento imediato e geral em todo
o território da nação. E, sua legitimidade significa dizer que ela é criada pelo poder competente.
Porém, existe diferença entre NORMA e LEI. A primeira corresponde ao gênero, tudo que é
definido pelo Estado e juridicamente exigível o seu cumprimento. Já a segunda é uma espécie de
norma que é criada pelo poder legislativo (federal, estadual ou municipal).

1.5 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição Federal é a lei maior do país. Nenhuma lei criada poderá ser contra a
constituição federal, caso seja, será considerada inconstitucional. A Carta Magna, também
conhecida como Constituição Federal, foi promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, em
Brasília, no dia 5 de outubro de 1988. Apresenta como princípios fundamentais a união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se a República em
Estado democrático fundado na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e no pluralismo político.

Estabelece que todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de
representantes eleitos. A Constituição Federal estuda vários temas dos direitos, dentre eles os
direitos sociais tais como: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a

8
INTRODUÇÃO AO DIREITO

segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos


desamparados.

1.5.1 Princípios Basilares da Constituição Federal

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

§único. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos...”

O princípio da soberania do Estado, diz que o Estado é soberano para tomar decisões, o
da cidadania, diz respeito ao direito absoluto do Estado, na tomada de decisões e aplicação
relativa da lei no Estado Democrático de Direito brasileiro. O da dignidade da pessoa humana tem
por objetivo garantir uma vida digna para cada cidadão que vive em um Estado Democrático de
Direito.

Já o princípio dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, significa dizer que todos
são livres para escolher qualquer trabalho ou oficio licito, tendo em vista, ser um direito social
previsto no texto constitucional. Enquanto que o princípio da livre iniciativa, versa sobre a
liberdade do empresário de escolher uma atividade econômica para a produção ou circulação de
bens ou serviços, constituindo a base sobre a qual se constrói a ordem econômica, cabendo ao
Estado apenas uma função supletiva pois a Constituição Federal determina que a ele cabe apenas
a exploração direta da atividade econômica quando necessária a segurança nacional ou
relevante interesse econômico (CF, art. 173).

Por fim, o princípio do pluralismo político, reconhece que a sociedade é formada por
vários grupos, portanto, composta pela multiplicidade de vários centros de poder em diferentes

9
INTRODUÇÃO AO DIREITO

setores, trem como finalidade buscar assegurar a liberdade de expressão, manifestação e


opinião, garantindo-se a participação do povo na formação da democracia do país.

1.5.2 Direito e Garantias Individuais-Art. 5º, CF/88

I. Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta


Constituição;

II. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;

III. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

IV. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Os direitos e garantias fundamentais estão previstos no art. 5º, CF/88, e são considerados
como princípios absolutos que asseguram a todos os cidadãos brasileiros direitos e garantias
tuteladas e protegidas no ordenamento jurídico.

10
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 01
PARTE 02

2. ATO E FATO JURÍDICO

Atos jurídicos são aqueles que dependem da vontade do homem, quando praticados
geram efeitos jurídicos. Ex. ato de querer casar, adotar. Enquanto que os Fatos jurídicos são os
acontecimentos, que de forma direta ou indireta ocasionam efeitos jurídicos, através da criação,
modificação, extinção. Ex. casamento, testamento, adoção. Os Fatos jurídicos dividem-se em:
fatos jurídicos naturais (ex: nascimento, morte, terremoto); e fatos jurídicos humanos. Ex. atos
lícitos e atos ilícitos, negócios jurídicos.

2.1 NEGÓCIOS JURÍDICOS

São as declarações de vontade destinadas à produção de efeitos jurídicos pretendidos


pelo agente, pelas partes. Exemplos: contratos em geral.

2.1.1 Requisitos dos Negócios Jurídicos

Para que os negócios jurídicos tenham validade jurídica deverão apresentar os seguintes
requisitos presentes no artigo 104 do Código Civil:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I. agente capaz (capacidade plena para exercício do direito);

II. objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III. forma prescrita ou não defesa em lei (negócios jurídicos que não sejam proibidos
por lei).

2.1.2 Classificação Dos Negócios Jurídicos

➢ Os negócios jurídicos classificam-se em

✓ Negócio jurídico unilateral e bilateral: exs. Testamento, renúncia, contrato de


compra e venda.

✓ Negócio jurídico oneroso e gratuito: contrato de prestação de serviços, doação.

11
INTRODUÇÃO AO DIREITO

✓ Negócio jurídico inter vivos e mortis causa: testamento, seguro de vida.

✓ Negócio jurídico solene ou formal: casamento.

✓ Negócio jurídico típico e atípico: mandato, compra e venda; liberdade dos


nubentes na escolha do regime de bens.

2.2 RELAÇÃO JURÍDICA-CONCEITO

É o vínculo jurídico que une duas ou mais pessoas, cuja relação se estabelece por fato
jurídico, cuja amplitude relacional é regulada por normas jurídicas, que operam e permitem uma
série de efeitos jurídicos.

2.2.1 Elementos da Relação Jurídica

a. Sujeito ativo (capaz) e sujeito passivo: pessoas físicas ou jurídicas;

b. Objeto da relação jurídica: bem jurídico; valor; pessoas;

c. Forma prescrita em lei.

2.2.2 Defeitos dos Negócios Jurídicos

Os negócios jurídicos são fatos oriundos da vontade do homem, essa vontade deve ser
manifestada normalmente e não de forma defeituosa. Se houver defeito na manifestação de
vontade, o negócio jurídico que dela emana pode não ser válido.

➢ Os defeitos dos negócios jurídicos são

✓ Erro (ideia falsa a respeito de alguma coisa) ou ignorância (desconhecimento total


a respeito de alguma coisa). Ex. Alguém casa sem saber com pessoa portadora de
doença infecciosa;

✓ Dolo (intenção de praticar ato contrário a lei);

✓ Coação (ameaça, intimidação). Ex. Obtenção de vantagem mediante extorsão;

✓ Fraude contra credores. Ex. Devedor que age maliciosamente querendo prejudicar
terceiros;

✓ Lesão (inexperiência do declarante);

✓ Estado de perigo (alguém pratica negócio forçado pela necessidade de salvar-se ou


a pessoa de sua família);

12
INTRODUÇÃO AO DIREITO

✓ Simulação (declaração enganosa da vontade do agente).

2.3 ATOS ILÍCITOS

São atos ilícitos aqueles violadores da lei, e que produzem obrigações para os
agentes/partes. Caracterizam-se por serem atos provindo do comportamento do homem, mas
que se opõem a lei, moral, e aos bons costumes. (art.186, cc)

Previsão legal dos atos ilícitos está prevista nos artigos do Código Civil Brasileiro, senão
vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I. Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito


reconhecido;

II. A deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover


perigo iminente.

2.3.1 Nulidade dos Atos Jurídicos

Serão considerados nulos os atos viciados na sua substância e que de pleno direito, não
podem produzir efeitos. Exemplo: bem imóvel alienado por menor.

A Previsão legal da nulidade dos atos jurídicos está descrita no art. 166 Código Civil
Brasileiro:

É nulo o negócio jurídico quando:

I. celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II. for ilícito, impossível ou indeterminável o objeto;

III. o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

IV. não revestir a forma prescrita em lei;

13
INTRODUÇÃO AO DIREITO

V. for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

VI. tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VII. a lei taxativamente o declarar nulo, o proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

2.3.2 Anulação dos Atos Jurídicos

São os atos viciados apenas na sua forma ou de maneira a não atingir seriamente a sua
substância. Ex. casamento de menor de 16 anos sem consentimento dos pais.

A Previsão legal da anulação dos atos jurídicos está descrita no art. 171 Código Civil
Brasileiro:

“Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:

I. por incapacidade relativa do agente;

II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores”.

14
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 02
PARTE 01

3. PRINCIPIO DA OBRIGATORIEDADE DA LEI

A lei tem força obrigatória, está condicionada à sua vigência. Quando uma lei está sendo
elaborada, após a sanção do projeto por parte do Chefe do Poder Executivo, vem a sua publicação
no jornal oficial para dar conhecimento a todos do texto legislativo. Sua força obrigatória está
condicionada a sua vigência, ou seja, quando ela começa a vigorar, ou quando ela produz efeitos
jurídicos. Todos são obrigados a cumprir as leis. Esse princípio serve para colocar ordem nas
relações sociais, ou seja, para dar uma segurança jurídica.

3.1 DA REVOGAÇÃO DA LEI

Revogar uma lei, é o ato pelo qual se dá a extinção da vigência e eficácia da lei. É o ato pelo
qual a lei é retirada de circulação, visto que uma lei só é revogada por outra. Enquanto não for
publicada a lei nova, a lei antiga continua em vigor. A lei nova não adquire a sua força obrigatória
efetiva, e imperativa, enquanto não modificar, derrogar ou revogar a lei antiga.

3.1.1 Da Vigência da Lei

A lei começa a vigorar em todo o Estado Brasileiro quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada, a não ser que o legislador estipule no seu texto constitucional, outro
prazo de “vacatio legis”, ou desde que disponha que ela entre em vigor na data da sua publicação.
Se a lei brasileira tiver eficácia admitida em estados estrangeiros, a sua obrigatoriedade iniciará
três meses depois de oficialmente publicada. O período que vai da publicação da lei até a data de
início da vigência, chama-se Vacatio legis (vacância da lei), tem a finalidade de permitir que a lei
seja melhor conhecida pelos seus destinatários.

3.1.2 Previsão Legal da Vigência da Lei

Art. 1º - Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e
cinco) dias depois de oficialmente publicada.

15
INTRODUÇÃO AO DIREITO

§1º - Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade de lei brasileira, quando admitida, se


inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada.

§2º - A vigência das leis, que os governos estaduais elaborem por autorização do Governo
Federal, depende da aprovação deste e começará no prazo que a legislação estadual fixar.

§3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo deste Artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

3.1.3 Da Vigência e da Eficácia da Lei

As normas jurídicas tem “vida” própria, nascendo, existindo, alterando-se parcialmente e


morrendo. Existem dois tipos de vigência: a vigência temporal e a vigência no espaço. A primeira,
se refere a validade da lei e ao tempo de sua atuação; enquanto que a segunda, refere-se as
normas jurídicas que tem seu campo de abrangência limitado por espaço territoriais, em nível
nacional, pelas fronteiras de Estado, o que inclui sua extensão de águas territoriais e as ilhas
localizadas, aviões, navios e embarcações nacionais, áreas das embaixadas e consulados, etc.,
bem como o subsolo e a atmosfera.

A eficácia de uma lei tem relação com a vigência, mas com ela não se confunde. A primeira
atua tanto do presente para o futuro quanto para o passado, é aplicação concreta da norma
jurídica. É emanada de acordo com o ordenamento jurídico, tornar-se obrigatória, e todos devem
obedecer.

3.2 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DAS LEIS.

➢ Quanto à origem

✓ Federais, Estaduais, Municipais.

➢ Quanto à duração

✓ Temporárias e Permanentes.

➢ Quanto à natureza

✓ Substantiva: normas de direito material. Ex. código civil, código penal.

✓ Adjetiva: normas de direito formal, ex. código de processo civil, código de processo
penal.

16
INTRODUÇÃO AO DIREITO

➢ Quanto ao alcance

✓ Gerais: aplicada a todos, exemplo Código Civil.

✓ Especiais: regulam matérias com critérios particulares, exemplo: Código Brasileiro


de Aeronáutica.

✓ Particular: tem destino certo, determinado, exemplo: recebimento de pensão.

➢ Quanto aos efeitos

✓ Imperativa: todos devem cumprir, ex.art.5º da cf-88 “Todos são iguais perante a
lei”.

✓ Proibitivas: ex: transacionar com herança de pessoa viva.

✓ Facultativa: depende da vontade das partes. Ex: escolha do local do pagamento.

✓ Punitivas: penas, sanções, ex: cobrança indevida de banco em face do particular.

3.3 HIERARQUIA DAS LEIS

As leis possuem hierarquia entre si. A mais importante das leis é a Constituição Federal,
que não pode ser contrariada por nenhuma outra norma. Abaixo da Constituição vem a lei
ordinária (que é a lei propriamente dita, ex: código penal) e leis complementares. Depois vem o
decreto e, em seguida, o regulamento.

Em relação aos três âmbitos em que se divide a nação, a lei federal prevalece sobre a lei
estadual e ambos prevalecem sobre a municipal, guardadas as respectivas esferas de
competência. Exemplo de hierarquia das leis: Constituição federal, Leis ordinárias, Leis
complementares.

3.3.1 Da Retroatividade das Leis-art. 5º, XXXVI, CF/88

Retroatividade das leis é a possibilidade de a norma jurídica atingir situação pretérita, ter
efeitos sobre o passado. A legislação brasileira e a doutrina não admitem que as leis retroajam
ilimitadamente. A norma jurídica pode retroagir, mas não atinge certas garantias.

As normas jurídicas não podem retroagir atingindo o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada. O direito adquirido, torna-se adquirido por consequência concreta e
direta da norma jurídica ou pela ocorrência, em conexão com a imputação normativa, de fato
idôneo, que gera a incorporação ao patrimônio ou a personalidade do sujeito ou pessoa.

17
INTRODUÇÃO AO DIREITO

Exemplo: trabalhador que tem adquirido o direito de aposentar após 35 anos de serviço, surge lei
nova dizendo que a aposentadoria só será possível aos 40 anos de serviço efetivo. Nesse caso ele
não será atingido pela lei nova.

O ato jurídico perfeito é o ato já consumado, pelo exercício do direito estabelecido


segundo a norma vigente ao tempo em ele foi exercido. Exemplo: após de 1977, com a mudança
da lei, o regime legal de bens passou a ser o da comunhão parcial de bens, antes prevalecia o
regime da comunhão universal de bens. A coisa julgada é o caso julgado atribuído aos efeitos da
decisão judicial definitiva, significa dizer, que desta decisão, não cabe mais interposição de
recurso.

3.3.2 Omissão da Lei

O Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, nos seus art. 4o, 5 o, informam que:

“Art.4o.Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito”.

“Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”.

Os dispositivos legais acima citados informam que quando a lei apresenta lacuna,
omissão, significa dizer que houve falha para achar respostas na lei para julgamento dos casos
em concreto. A lacuna da lei é uma omissão involuntária, detectada no texto de uma lei, da
regulamentação de determinada espécie de caso. Tal omissão é resolvida mediante técnicas de
integração, ou seja, na falta da lei, caberá ao juiz recorrer as outras fontes do direito tais como:
analogia, costumes e aos princípios gerais do direito.

São exemplos de vigência das leis o Código Civil/2002, a Lei de defesa do consumidor, a
Lei Maria da penha, a CLT e o ECA - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

18
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 02
PARTE 02

4. INSTITUIÇÕES OU DIVISÃO DO DIREITO PÚBLICO E DO DIREITO PRIVADO

Os ramos do direito público dividem-se em:

Direito público Interno direito constitucional

Direito administrativo

Direito financeiro

direito penal

direito processual: civil e penal

direito do trabalho

Externo-Direito internacional: público e privado

Direito constitucional, é o conjunto de normas que instituem a organização do Estado, que


regula a divisão e atuação dos poderes legislativo, executivo e judiciário, os órgãos do governo,
além dos direitos e garantias individuais, entre outras coisas. O estatuto básico do direito
constitucional é a Constituição.

O direito administrativo, estuda as atividades do Estado para o alcance de seus fins, tais
como a administração pública e a execução das leis. O direito financeiro estuda a estrutura
jurídica da atividade financeira do Estado, em seu aspecto econômico. Direito penal, é o estudo
das normas pelas quais o Estado mantém a ordem jurídica, prevendo os delitos e as penas para
os atos infracionais. Exemplo: código penal O direito processual visa a forma pela qual o Estado
cumpre a sua função de distribuir justiça. Estuda os processos de natureza criminal e civil.
Exemplos: código de processo penal e código de processo civil.

O direito do trabalho estuda as relações entre empregados e empregadores e tudo quanto


a eles interesse. A lei básica é a CLT- Consolidação das Leis Trabalhistas. O direito internacional
constitui-se de normas atinentes às relações exteriores do Estado, neste caso se refere ao direito

19
INTRODUÇÃO AO DIREITO

internacional público. Nos casos, que visam a solução dos conflitos de leis que interessam a
cidadãos pertencentes a Estados diversos, trata-se de direito internacional privado.

Os ramos do direito privado dividem-se em:

Direito privado direito civil

Direito comercial terrestre

Marítimo

Aeronáutico

O direito civil estuda as relações entre pessoas e entre estas e os bens de que se servem.
Exemplos de bens civis: bens materiais (móveis); bens imóveis (terrenos, apartamentos); bens
imateriais (direitos autorais, nome comercial, marcas, invenção, etc); bens públicos (Art. 99.
Código civil cc. rios, mares, estradas, ruas e praças).

O direito comercial estuda as atividades dos comerciantes. Sua lei básica é o velho código
comercial brasileiro, promulgado em 25 de junho de 1850. O direito comercial subdivide-se em
direito comercial terrestre, marítimo e aeronáutico. O primeiro trata dos atos de comércio
comum; o segundo e o terceiro dos atos de comercio em que intervêm embarcações marítimas
ou fluviais e aeronaves, respectivamente, com as implicações jurídicas inerentes, inclusive
quanto a frete, avarias, seguro e outros.

4.1 DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO ADMINISTRATIVO

Define-se Constituição, como sendo a lei básica e suprema de uma sociedade


politicamente organizada. É o conjunto de normas que estruturam o Estado e os direitos e
garantias individuais e coletivas. Também chamada de lei maior do país.

As constituições podem ser divididas em: formais, que podem ser escritas (são aquelas
resultantes de textos de leis) ou costumeiras (são baseadas em costumes); rígidas (não admitem
mudanças no seu texto constitucional) ou flexíveis (admitem mudanças); históricas; dogmáticas
(são aquelas elaboradas pelas assembleias constituintes), outorgadas (são aquelas impostas ao
povo).

20
INTRODUÇÃO AO DIREITO

4.2 CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS EXISTENTES

✓ 824; outorgada pelo imperador D. Pedro I

✓ 1891; oriunda do poder constituinte

✓ 1934; oriunda do poder constituinte

✓ 1937; outorgada por Getúlio Vargas

✓ 1946; oriunda do poder constituinte

✓ 1967; criada pelo regime militar

✓ 1969; surgiu da emenda constitucional

✓ 1988; oriunda do poder constituinte

4.3 ASPECTOS GERAIS DA CONSTITUIÇÃO VIGENTE

Os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, estão previstos no artigo 1º


da Carta Magna, senão vejamos:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I. a soberania;

II. a cidadania;

III. a dignidade da pessoa humana;

IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V. o pluralismo político.

§único. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos...”

A Constituição de 1988, admite a intervenção do Estado na ordem privada e, além de fixar


seus fins jurídicos, permite-lhe o cumprimento de fins sociais. Desse modo, o papel do Estado no
Direito Constitucional é zelar pela efetividade da lei no contexto social, lutar para que não haja
desrespeito às normas por ele impostas e buscar sempre a proteção e a segurança para a
sociedade.

21
INTRODUÇÃO AO DIREITO

4.4 DIREITO ADMINISTRATIVO

É a ciência da administração que disciplina as atividades do Estado para cumprimento dos


seus fins; toda atividade do Estado é política. A função da administração do Estado é dar garantia
do bem-estar social, defender os interesses da comunidade, zelar pelo bem comum da
coletividade assim como defender o interesse público.

Neste contexto, existem ao Atos Administrativos, os quais, são toda manifestação


unilateral de vontade da administração pública que, agindo nesta qualidade, tenha por fim
imediato resguardar, adquirir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria. Ex. Município que cobra ICMS, enquanto que a competência é do
Estado.

4.4.1 Princípios da Administração Pública

✓ Princípio da legalidade: atos do Estado devem ser legais;

✓ Princípio da moralidade: ética, prática de atos lícitos;

✓ Princípio da impessoalidade: administração tem que tratar a todos os


administrados sem discriminações;

✓ Princípio da razoabilidade e proporcionalidade: apreciações do ato administrativo


com limitações;

✓ Princípio da Publicidade: todos têm direito a receber dos órgãos públicos


informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo.

4.5 LEGISLAÇÃO CONSTITUCIONAL-ART. 37, CF/88

CAPÍTULO VII Da Administração Pública

SEÇÃO I Disposições Gerais

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada
pela EC n. 19/1998).

22
INTRODUÇÃO AO DIREITO

I. os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação
dada pela EC n. 19/1998).

II. a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso


público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela EC n.
19/1998).

23
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 03
PARTE 01

5. DIREITO DO TRABALHO

O Direito do trabalho é o ramo do direito que regula as relações de emprego e outras


situações semelhantes. Engloba as normas jurídicas que regulam as relações entre o empregado
e o empregador (patrão), compreendendo o contrato de trabalho, o registro do empregado, a
rescisão, a despedida, as verbas trabalhistas, os salários e seus reajustes, a duração da jornada
de trabalho, entre outros. Tem como finalidade estabelecer medidas protetoras ao trabalho,
assegurando condições dignas de labor.

5.1 FONTES DE DIREITO DO TRABALHO

1. Constituição federal

2. Leis - CLT

3. Atos do poder executivo: regulamentos e decretos

4. Sentença Normativa: sentença proferidas de dissídio coletivo

5. Jurisprudência

6. Sentença arbitral: forma de solução de conflitos

7. Convenções e acordos coletivos

8. Usos e costumes

9. Regulamentos de empresa

10. Contrato de trabalho

11. Princípios jurídicos

5.1.1 Princípios da Proteção

O princípio da proteção engloba três vertentes: princípio do in dúbio pro operário (a


norma deve ser interpretada em favor do empregado), princípio da aplicação da norma mais

24
INTRODUÇÃO AO DIREITO

favorável (havendo diversas normas sobre a relação de emprego, aplica-se a mais benéfica ao
empregado), princípio da condição mais benéfica (assegura ao empregado a manutenção de
direitos mais vantajosos).

5.2 CONCEITO DE EMPREGADO

De acordo com o art. 3º, CLT, “considera-se empregado, toda pessoa física que prestar
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
A doutrina acrescenta a essa definição um outro requisito: a prestação pessoal do serviço, a qual
tem como requisitos imprescindíveis para a caracterização do empregado a pessoalidade
(natureza personalíssima), a habitualidade (o contrato de trabalho é de prestação sucessiva), a
subordinação, o salário e a pessoa física (a CLT não considera empregado pessoas jurídicas).

Além disso, são considerados os tipos de empregados. Abrange o empregado em domicilio


e teletrabalho (aquele que trabalha em sua própria residência), o empregado doméstico, o regido
pela CLT, o rural (aquele que presta serviços para empregador rural), o público (empregado que
o contrato de trabalho é regido pela CLT) e o menor aprendiz.

5.2.1 Conceito de Empregador

O ART. 2º, CLT dispõe, “considera-se empregador, a empresa individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de
serviços” (art. 2º). E, o ART. 2°§1°, CLT, preconiza, “equiparam-se ao empregador, para os efeitos
exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
associações recreativas e outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados” Deste modo, deve haver a identificação profissional pela empresa através da
carteira de trabalho e previdência social (ctps)-art.13, clt, livro ou ficha de registro de
empregados-art.41, clt.

5.2.2 Conceito de Contrato Individual de Trabalho

O Art. 442, CLT, estabelece que “contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou
expresso, correspondente à relação de emprego”. Assim, a natureza jurídica do contrato de
trabalho, como doutrina predominante, entende que o contrato de trabalho tem natureza
contratual.

25
INTRODUÇÃO AO DIREITO

Para tanto, exige requisitos para o contrato de trabalho como pessoa natural (empregado
sempre é pessoa física), pessoalidade (prestação de serviços pelo próprio empregado), não
eventualidade (trabalho habitual), subordinação (prestação de serviços é feita de forma dirigida
pelo empregador), onerosidade (os serviços prestados têm como contraprestação o recebimento
da remuneração).

Como características, o contrato de trabalho deve ser bilateral, ou seja, produz obrigações
para as partes contratantes, oneroso porque contrato não é gratuito, comutativo visto que
produz prestações para as partes, consensual, pois contrato é amigável, oriundo da vontade das
partes, um contrato de trato sucessivo, uma vez que os contratos apresentam duração, um
contrato de atividade, já que tem como objeto a prestação de serviços.

Os contratos de trabalho também têm tempo de duração. Podem ser por prazo
determinado (art. 443, CLT) e por prazo indeterminado. Contratos por prazos determinados, são
aqueles que possuem prazo pré-estabelecido de vigência, prazos pré-fixados de duração. E, os
por prazo indeterminado, são aqueles que apresentam apenas prazo inicial, não apresentando
prazo de término. É importante ressaltar que a CLT fixa o prazo máximo de dois anos para os
contratos a prazo determinado em geral, e de noventa dias para os contratos de experiências
(arts. 445 e 451, clt).

5.2.3 Previsão Legal do Contrato por Prazo Determinado

O Art. 443, clt, define o contrato a prazo determinado como “o contrato de trabalho poderá
ser acordado tácita ou expressamente verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou
indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente.” Assim, apresentam-se hipóteses
que autorizam celebração válida do contrato por prazo determinado, que são em caso de serviço
cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo, de atividades
empresariais de caráter transitório e de contrato de experiência” (art. 443, § 2º).

Sobre a alteração do contrato de trabalho, o Art. 468, CLT dispõe que “nos contratos
individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo
consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia”.

Ressalta-se que este artigo se refere aos princípios: da imodificabilidade ou


inalterabilidade das condições de trabalho (contratos não podem ser mudados sem

26
INTRODUÇÃO AO DIREITO

consentimento do empregado e do empregador), princípio da proteção aos direitos do


empregado, princípio da lei mais favorável ao empregado.

➢ Exemplos de contrato de trabalho determinado

DE EXPERIÊNCIA - prazo Máximo de vigência de 90 dias, admite apenas uma única


prorrogação (art. 443, § 2º).

INTERMITENTE - contrato realizado por tarefas, semana, meses, horas (art. 443, § 3º,
inserido pela lei 13.46714/2017).

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - é um contrato determinado, com prazo de duração.

TEMPORÁRIO - contrato que atende as necessidades transitórias do empregador, ex:


contratação de empregados para trabalharem durante as festas natalinas.

DE ESTÁGIO (LEI 11.788/2008) - são contratos determinados, realizados entre o estudante


de nível superior, a empresa e a instituição de ensino.

DE APRENDIZAGEM - contrato realizado com menores aprendizes.

5.2.4 Direitos do Empregado

São direitos dos trabalhadores previstos na Clt e no art. 7º, da Constituição Federal soa
eles: jornada de trabalho(8h diárias), salário, 13º salário, férias +1/3, FGTS +40, aviso prévio,
seguro-desemprego, horas extras, adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de
periculosidade, condições salubre de trabalho.

➢ LEGISLAÇÃO TRABALHISTAS-CLT. DECRETO 5. 452 DE 1 DE MAIO DE 1943.

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os


riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os


profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras
instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. § 2o Sempre
que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria,
estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo
guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis

27
INTRODUÇÃO AO DIREITO

solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017) (Vigência)

§3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias,
para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de
interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)

Art. 3º - Considera-se empregado, toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de


trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à


disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial
expressamente consignada.

§1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e


estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço
militar e por motivo de acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
(Vigência)

§2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como
período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco
minutos previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha
própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições
climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer
atividades particulares, entre outras:(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

I. práticas religiosas; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

II. descanso; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

III. lazer; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

IV. estudo; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

V. alimentação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

28
INTRODUÇÃO AO DIREITO

VI. atividades de relacionamento social; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)


(Vigência)

VII. higiene pessoal; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

VIII. troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca
na empresa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

Art. 5º - A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo.

Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o


executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam
caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (Redação dada pela Lei nº 12.551, de
2011)

Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e


supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de
comando, controle e supervisão do trabalho alheio. (Incluído pela Lei nº 12.551, de 2011)

Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando fôr em cada caso,
expressamente determinado em contrário, não se aplicam: (Redação dada pelo Decreto-lei nº
8.079, 11.10.1945)

a. aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que prestam


serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas;

b. aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções


diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que,
pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas
operações, se classifiquem como industriais ou comerciais;

c. aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios e aos respectivos
extranumerários em serviço nas próprias repartições;(Redação dada pelo Decreto-lei nº
8.079, 11. 10. 1945)

d. aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de


proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários públicos.
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.079, 11. 10. 1945)

29
INTRODUÇÃO AO DIREITO

e. aos empregados das empresas de propriedade da União Federal, quando por esta ou pelos
Estados administradas, salvo em se tratando daquelas, cuja propriedade ou
administração resultem de circunstâncias transitórias.

f. às atividades de direção e assessoramento nos órgãos, institutos e fundações dos


partidos, assim definidas em normas internas de organização partidária. (Incluído pela Lei
nº 13.877, de 2019)

Parágrafo único (Revogado pelo Decreto-lei nº 8.249, de 1945)

Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições


legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade
e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de
acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum
interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

§ 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017) (Vigência)

§2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do


Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente
previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017) (Vigência)

§3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho


analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico,
respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e
balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

30
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 03
PARTE 02

6. PRINCIPAIS ASPECTOS GERAIS DO DIREITO COMERCIAL

Nas sociedades primitivas, os povos buscavam produzir os bens que necessitavam, tais
como: bens extraídos da natureza, através da caça, pesca, pecuária, ou cultivo agrícola e vegetal.
Com o passar dos tempos, na antiguidade, começou a permuta do excedente de produção entre
sociedades, quando elas tentavam suprir a carência na produção de certos artigos, ofertando
aquilo que tinha em abundância. No entanto, este tipo de comércio mostrou-se ineficaz, logo,
tornou-se então, imperiosa a criação de uma unidade comum de valor- a moeda. A moeda foi
fator determinante para o surgimento do comércio ou atividade comercial.

6.1 DIREITO COMERCIAL

É o ramo do Direito Privado que regula os atos de comércio e disciplina o exercício da


profissão do comerciante. O direito comercial é a parte de direito privado que tem por objeto
regular as relações jurídicas que surgem do exercício do comércio. Pode ser entendido como
direito dos comerciantes ou o direto que regula os atos de comércio, ou ainda, o direito das
empresas.

Suas características são a simplicidade ou informalismo, o que corresponde à adoção de


formulas simples para solução de conflitos. A internacionalidade que está regulamentada por
normas de alcance internacional, por exemplo, a Lei Uniforme de Genebra, a qual dispõe sobre
notas promissórias e cheque. Há ainda a Elasticidade que permanece em constante processo de
mudanças, adaptando-se a evolução das relações de comércio, como os contratos de leasing. A
onerosidade, quando tem o lucro como finalidade da atividade dos empresários. O
individualismo, que o lucro ligado ao interesse do comerciante. Além do fragmentarismo que é
um complexo de normas, lacunas na lei e a solidariedade presumida, ou seja, solidariedade dos
sócios presumida nas operações comerciais.

31
INTRODUÇÃO AO DIREITO

6.2 CONCEITO DE COMERCIANTE

O artigo Art. 966, diz, considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. De acordo com o
dispositivo legal, define-se comerciante como sendo toda pessoa capaz que pratica,
profissionalmente, atos de intermediação na troca, com intuito de lucro.

➢ Conceito de comércio

É a atividade humana de intermediação entre produtores e consumidores para a


realização de trocas. Também se define como sendo a prática de uma série de atos visando a
aproximar os produtos do consumidor para que se efetue a troca.

➢ Ato de comércio-conceito

“São atos praticados pelo comerciante ou não comerciante com finalidade lucrativa”. Por
exemplo, pessoa que emite um cheque, nota promissória, prestador de serviços.

➢ Fontes do direito comercial

O direito comercial constitui-se de duas fontes. As formais primárias como leis, código
comercial (1850), leis comerciais, regulamentos, tratados internacionais. E as formais
secundárias que são usos e costumes comerciais, jurisprudência, analogias, doutrina, princípios
gerais do direito comercial.

➢ Divisão direito comercial

O direito comercial divide-se em: terrestre, marítimo e aeronáutico. O direito comercial


terrestre abrange normas jurídicas relativas aos comerciantes, contratos e obrigações comerciais
em geral, falência e títulos de crédito. Já o direito comercial marítimo abrange as atividades sobre
as águas navegáveis, como mares, e rios. O direito comercial aeronáutico tem por objeto o
transporte aéreo.

6.3 PRINCÍPIOS DO DIREITO COMERCIAL

1. Princípio da Força Obrigatória dos Contratos: “pacta sunt servanda”; os contratos devem
ser cumpridos.

2. Princípio da livre iniciativa: independe de autorização prévia do Estado.

32
INTRODUÇÃO AO DIREITO

3. Princípio Livre Movimentação de Capitais: o empresário é livre para movimentar o capital


da sua empresa.

4. Princípio da Função Social: engloba a ideia de que a empresa não deve visar somente o
lucro, mas também preocupar-se com os reflexos das decisões tomadas na sociedade de
modo que, traga realização social ao empresário e para todos aqueles que colaboraram
para alcançar tal fim.

5. Princípio da Liberdade de Contratar: diz respeito ao direito de o indivíduo de poder


celebrar contratos, ou seja, vem da capacidade civil e ainda da possibilidade de se
escolher o conteúdo do contrato.

6.3.1 Direito Comercial e Direito Empresarial

Os dois institutos englobam normas jurídicas que regulam a atividade comercial ou


empresarial, entendida esta como a de fabricação, produção, montagem, distribuição,
comercialização de produtos, nas relações estabelecidas entre pessoas capazes civilmente
(art.966, caput, CC) que praticam atividades comerciais ou empresariais. Ambos tratam das
relações entre empresários, que exercem atividades visando lucro. No direito comercial ainda
continua vigente esta expressão usada no código comercial de 1850. Enquanto que o direito de
empresa previsto no art. 966 do código civil e seguintes, afirma a unificação de ambos os ramos
no sentido formal.

6.3.2 Relação do Direito Comercial como Outros Ramos do Direito

1. Direito econômico: engloba normas jurídicas que regulam a produção e circulação de


bens e serviços, com intuito ao desenvolvimento econômico do País.

2. Direito do trabalho: engloba normas jurídicas de relação de emprego, compreendendo


contrato de trabalho, registro do empregado, salários, rescisão, jornada de trabalho, etc.

3. Direito civil: engloba os contratos comerciais realizados.

4. Direito internacional: engloba as relações contratuais realizadas com empresas


estrangeiras.

5. Direito tributário: engloba o exercício d atividade empresarial organizada. Exemplo,


pagamento dos tributos em dia.

33
INTRODUÇÃO AO DIREITO

6. Direito Previdenciário: engloba normas jurídicas que cuidam da seguridade social, tais
como: benefícios: salário maternidade, auxílio-doença, aposentadoria, pensão, etc.

7. Direito do Consumidor: engloba as relações de consumo, operações de compra e venda


de produtos e serviços.

6.3.3 Diferença entre Comerciante e Prestador de Serviços

O comércio baseia-se na troca voluntária de produtos. Enquanto que a prestação


de serviços é entendida como a realização de trabalho oferecido ou contratado por terceiros
(comunidade ou empresa), incluindo assessorias, consultorias e cooperação interinstitucional. O
contrato de prestação de serviços caracteriza-se por ser um contrato determinado e com data
pré-fixada para execução dos serviços, uma vez realizados, termina a relação contratual
estabelecida entre as partes.

Fonte: https://bit.ly/2NlmR8b

34
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 04
PARTE 01

7. NOÇÕES DE EMPRESÁRIO

O art. 966, CC, dispõe, “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. O novo código
civil considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para
a produção ou a circulação de bens ou de serviços, conforme descrito no artigo 966, do código
Civil. A legislação civil, também enuncia no art. 966§ único do Código Civil, senão vejamos, art.
966, §único, cc, não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa”.

De acordo com o dispositivo legal citado, as pessoas indicadas, em hipótese alguma,


poderão exercer atividade empresarial, salvo, se as suas atividades apresentarem elementos de
empresa que são: capacidade plena, profissionalismo, atividade organizada e lucro.

➢ São requisitos para exercer atividade empresarial

1. Profissionalismo: o titular do negócio assume o oficio como sua profissão.

2. Organização: refere-se à necessidade do titular do negócio em exercer a atividade


econômica de forma adequada com a sua profissão.

3. Atividade econômica: elementos característicos ao empresário segundo o art. 966, cc.

4. Capacidade: o titular do negócio deve possui capacidade para assumir direitos e


obrigações.

35
INTRODUÇÃO AO DIREITO

7.1 DA CAPACIDADE CIVIL DO TITULAR DO NEGÓCIO

De acordo com o Art. 1º, do código civil diz que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres
na ordem civil.”. O dispositivo legal afirma que qualquer indivíduo, independente da sua idade,
saúde mental ou vícios possui capacidade civil plena para exercer todos os atos da vida civil, bem
como assumir obrigações nos contratos empresariais. O exercício da capacidade de acordo com
a lei pode ser restringido por algum fator genérico como o tempo (maioridade ou menoridade da
pessoa natural) ou ainda, devido a uma incapacidade mental da pessoa (deficiência mental).
Razão a qual, caso haja alguns desses fatores, o sujeito ficará impedido de exercer atividade
empresarial.

O artigo 5º, do Código Civil enuncia que: “a menoridade cessa aos dezoito anos completos,
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil”. Isso significa dizer que,
ao completar dezoito anos completos, a pessoa fica habilitada a exercer todos os atos da vida
civil pessoalmente sem representação ou assistência de terceiros. No entanto, no mesmo
dispositivo legal, o seu parágrafo único traz a hipótese para aquisição da capacidade civil antes
da maioridade, quando estabelece:

Art. 5 o Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I. pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se
o menor tiver dezesseis anos completos;

II. pelo casamento;

III. pelo exercício de emprego público efetivo;

IV. pela colação de grau em curso de ensino superior;

V. pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde


que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Os incisos do artigo acima citado, trata dos casos de emancipação, em que o menor
poderá exercer atividade empresarial se for emancipado de acordo com os motivos descritos.

36
INTRODUÇÃO AO DIREITO

7.2 PESSOAS IMPEDIDAS DE EXERCER ATIVIDADE EMPRESARIAL

“Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. De acordo com o artigo, o exercício da
atividade empresarial é proibido aos empresários juridicamente incapazes. Para a lei civil, são
considerados pessoas incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: os
ébrios habituais e os viciados em tóxico; aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade; os pródigos (art.4º, cc).

Ainda o artigo 3º, do Código Civil, também explicita que os absolutamente incapazes são
pessoas impedidas de exercer pessoalmente os atos da vida civil, em especial, os menores de 16
(dezesseis) anos, logo, eles são proibidos por lei de exercer atividade empresarial. De acordo com
entendimento da legislação civil, são considerados absolutamente incapazes os menores que
não possuem discernimento mental completo, ou seja, não respondem pelos seus atos. Todos os
atos praticados por esses menores deverão ser representados pelos seus pais, ou representante
legal.

A doutrina ainda informa que existem pessoas que são impedidas de exercer atividade
empresarial, no entanto, esse impedimento não tem nada a ver com a incapacidade prevista nos
artigos 3 º e 4 º do código civil, mas sim, pela circunstância em que se encontram, são eles:

1. Funcionários públicos (são impedidos pelo seu estatuto).

2. Presidente da república, governador, prefeito;

3. Magistrados e membros do Ministério Público (são impedidos pelo seu estatuto);

4. Falidos (art. 102 da lei de falências-lei n.11.101/2005; com a decretação da falência o


falido fica impossibilitado de exercer atividade empresarial);

5. Médicos (quando houver o exercício simultâneo da medicina com a farmácia)

Sobre os Princípios do Direito Empresarial, classificam-se em princípio da função social da


empresa, princípio da preservação da empresa, princípio da livre iniciativa e princípio da livre-
concorrência; art. 170, cf-88 e princípio da boa-fé objetiva. E, os tipos de tipos de empresários são
empresário individual, por exemplo, EIRELI, MEI, empresário rural e empresário na forma de
sociedade

37
INTRODUÇÃO AO DIREITO

7.3 EIRELI - EMPRESÁRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

De acordo com a Lei 12.441/2011, a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, e


pela destinação da EIRELI, são permitidas por lei a constituir e a exercer esta atividade de
pequenos e médios empreendimentos, pessoas físicas que queiram praticar atividade
empresarial sem comprometer todo o seu patrimônio pessoal.

A EIRELI é constituída por uma única pessoa titular, ou seja, a pessoa do próprio do
empresário, titular do negócio. Para constituição dessa empresa, o código civil exige um capital
mínimo de 100 vezes o maior salário mínimo vigente do país, devidamente integralizado no ato
da sua constituição.

A responsabilidade da EIRELI é limitada, ou seja, o titular não responderá com seus bens
pessoais pelas dívidas da empresa, em caso de inadimplência da empresa, apenas o patrimônio
social da empresa será passível de pagamento das dívidas, que poderão ser oferecidos como
pagamento, quando autorizados por processos judiciais, bens estes em nome da empresa, é que
responderão pelas dívidas da empresa.

7.3.1 Microemprendedor Individual - MEI

De acordo com a lei o microemprendedor indivudual será pessoa natural capaz para
exercer atividade de empresa. A atividade exercida deverá ser realizada em caráter profissional,
ou seja, com a presença de todos os elementos de empresa (profissionalismo, lucro,atividade
organizada, produção de bens e serviços) conforme preceitua o artigo 966 do código civil
brasileiro.

A legislação que prevê a atuação do microemprendedor individual é a Lei Complementar


nº 128/2008 e informa que o empresário que optar por este instituto tem direito a um CNPJ, e é
obrigado a contribui para o INSS, a lei também veda que este empresário tenha sócios. O
faturamento do microemprendedor individual, de acordo com a lei, tem que ter o limite de
faturamento de no máximo R$ 81.000,00/ano.

38
INTRODUÇÃO AO DIREITO

7.3.2 Microempresa - ME e EPP, EI

A Microempresa - ME: são empresas que admite um ou mais sócios, o seu faturamento
anual poderá chegar até R$ 360 mil/ano. Já a Empresa de Pequeno Porte - EPP: é aquela que tem
faturamento superior R$ 360 mil reais e que fica até R$ 4,8 milhões. Enquanto que Empresário
Individual: é titular da empresa; exerce atividade empresarial sob a sua pessoa física; seu
patrimônio pessoal responde por dívidas da empresa.

7.3.3 Tipos de Empresas Mais Usadas no Brasil

Os tipos de empresas mais usadas no Brasil são: Sociedade Limitada-LTDA:art.1.052/CC,


Sociedade anônima, regida pela Lei no6.404/76, Sociedade Simples, por exemplo, médicos,
músicos, escritores, Sociedade Cooperativa, preconizada no art.1.094, II, CC, Microempresa – ME,
estabelecida pela Lc nº 123/2006, Empresa de Pequeno Porte-EPP, regida pela Lc nº 123/2006,
Microempreendedor individual, normatizada pela Lei Complementar nº 128/2008, Empresário
Individual, regida pelo art. 966, CC e EIRELI: Lei 12.441/2011.

➢ Registro do Empresário e Empresas

Toda empresa antes de iniciar suas atividades empresariais, primeiramente deve ser fazer
a sua inscrição na junta comercial, para que então tenha a tutela jurídica da lei, e possa
tranquilamente praticar atos de comércio. O artigo 967, do código civil, é bastante taxativo
quanto a inscrição do empresário senão vejamos: “é obrigatória a inscrição do empresário no
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”.

➢ Estabelecimento Comercial

Define-se estabelecimento comercial como sendo conjunto de bens tangíveis e intangíveis


que o empresário reúne para exploração da atividade empresariais. O Art. 1. 142, CC, ainda
enuncia, “considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.

O estabelecimento comercial de acordo com o dispositivo acima, não pode ser entendido
como apenas o local onde se exerce a atividade. O estabelecimento não pode se confundir com a
coisa comercial, com local físico do exercício da atividade. O complexo de bens que se refere o
art. 1. 142, cc, necessariamente não precisa pertencer ao empresário que pode locar bens, ou seja,

39
INTRODUÇÃO AO DIREITO

sede da empresa locada. O importante é que esse complexo de bens seja organizado pelo
empresário para o bom exercício da atividade empresarial.

7.4 LEGISLAÇÃO CIVIL SOBRE DIREITO DE EMPRESA

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de


natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores,
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas


Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:

I. o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;

II. a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura
autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua
autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1 o do art. 4 o da Lei Complementar
n o 123, de 14 de dezembro de 2006 ; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
2014)

III. o capital;

IV. o objeto e a sede da empresa.

Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a
de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas
Mercantis.

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma
única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será
inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de
2011) (Vigência)

40
INTRODUÇÃO AO DIREITO

§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada


somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.441,
de 2011) (Vigência)

§ 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa


individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer
situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude. (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)

41
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 04
PARTE 02

8. SOCIEDADE

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a


contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados. O diploma legal afirma claramente, como nasce uma sociedade, e vai mais além,
TEMA
quando caracteriza uma sociedade empresarial pelo exercício de atividade econômica. 4
Por outro
lado, as sociedades simples são aquelas que se caracterizam também pelo exercício da atividade
econômica, no entanto, não se enquadram como atividade empresarial sujeita a registro.

Sendo assim, a definição de sociedade deve ser atrelada sempre na ideia de mencionar a
sua composição de duas ou mais pessoas que se reúnem com a intenção de formar uma
sociedade seja ela empresarial ou simples. Portanto, os elementos de composição de uma
sociedade pressupõem a existência do consenso (vontade das partes), objeto licito e forma
prescrita em lei (pode decorrer de acordo expresso ou tácito).

➢ Da Personalidade Jurídica Das Sociedades

A personalidade jurídica das sociedades define-se com: aptidão genérica para adquirir
direitos e contrair obrigações. No ordenamento jurídico brasileiro, significa dizer que a sociedade
adquire a sua personalidade jurídica a partir do momento em que ela é registrada, após este ato
ela está pronta para iniciar as suas atividades. Conforme o Art. 967, é obrigatória a inscrição do
empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua
atividade.

➢ Alguns Tipos De Sociedades Empresariais

1. Sociedades civis: são aquelas que tem por objeto atividade civil. Exemplo, atividades
de profissionais liberais, porque não apresentam elementos de empresa.

2. Sociedades empresariais: são aquelas que exercem atividades comerciais, que tem
como objeto a intenção de lucro.

3. Sociedade comum: art. 986, cc.

42
INTRODUÇÃO AO DIREITO

4. Sociedade simples: são sociedades simples aquelas que exercem as atividades não
empresariais ou atividades de empresário rural sem se registrar na junta comercial
(art.997 a 1. 038, cc).

5. Sociedade em nome coletivo: art.1. 039, cc, são sociedades de pessoas, que possuem
responsabilidade solidária e ilimitada.

6. Sociedade limitada: são aquelas onde os sócios são responsáveis apenas pelo valor
da sua quota social integralizada- art. 1. 052, cc.

7. Sociedade anônima: lei 6.404/76, lei n.10.303/2001.

8.1 LIVROS DO EMPRESÁRIO

De acordo com a lei, o empresário e a sociedade empresária têm obrigações de cumprir


com todas as formalidades legais previstas no ordenamento jurídico, com a finalidade de usufruir
dos benefícios que o diploma legal exige e oferece. Logo, a manutenção de um sistema contábil
correto baseado na escrituração de seus livros, para comprovar a atividade empresarial se faz
necessário para o empresário. Os livros empresariais são livros obrigatórios (livro diário, de
registro de duplicatas), livros não obrigatórios (livros de registro de empregados, e fiscais) e livros
facultativos (livro-caixa, etc.).

8.2 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

A responsabilidade social dos sócios deverá está descrita no contrato social informando
qual tipo de responsabilidade recai sobre os sócios, elas se dividem em:

1. Solidária: todos os sócios são responsáveis pelo ativo (lucro) e passivo (dividas) da
empresa, de acordo com a quota integralizada no contrato social.

2. Limitada: a responsabilidade está limitada ao patrimônio social da empresa, ou seja,


limita-se aos bens da empresa, não se estende aos bens pessoais dos sócios.

3. Subsidiária: significa a responsabilidade de segundo plano, afirmada apenas quando a


pessoa jurídica, efetivamente, não tem como saldar as suas dívidas.

43
INTRODUÇÃO AO DIREITO

8.3 DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES-ART. 1.033 CÓDIGO CIVIL

De acordo com o art. 1. 033, cc, são hipóteses de dissolução total da sociedade:

I. o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo
indeterminado;

II. o consenso unânime dos sócios;

III. a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

IV. a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V. a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Ainda existem as hipóteses de dissolução parcial da sociedade são elas:

• Morte de um dos sócios, sem aceitação de herdeiros;

• Penhora e arrematação de quota de sócio;

• Retirada de sócio;

• Exclusão de sócio.

O contrato social da empresa é resolúvel, ou seja, comporta uma solução jurídica, um fim.
Esta resolução diante do exposto acima poderá ser total ou parcial, no primeiro caso, gera
extinção da pessoa jurídica, da empresa; enquanto que no segundo caso implica na extinção de
alguns sócios, conservando o elo de ligação contratual entre os demais sócios. Conclui-se que
qualquer modalidade de dissolução da empresa, exige bastante atenção a regras precisas para
preservação da empresa e proteção da sociedade e de seus sócios. E quando houver
procedimentos de liquidação será feito conforme descreve o artigo abaixo:

Art. 1.038. Se não estiver designado no contrato social, o liquidante será eleito por
deliberação dos sócios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à sociedade.

§1º liquidante pode ser destituído, a todo tempo:

I. se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberação dos sócios;

II. em qualquer caso, por via judicial, a requerimento de um ou mais sócios, ocorrendo
justa causa.

44
INTRODUÇÃO AO DIREITO

§2º A liquidação da sociedade se processa de conformidade com o disposto no Capítulo


IX, deste Subtítulo.

45
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 05
PARTE 01

9. DIREITO DO CONSUMIDOR

Neste contexto, é importante conhecer o significado de direito do consumidor, de


consumidor, fornecedor e de produtos e serviços. O primeiro, trata-se do ramo do direito que
regula as relações potenciais ou efetivas entre consumidores e fornecedores de produtos e
serviços. As normas do direito do consumidor são instituídas para proteção e defesa do
consumidor, estas normas são de ordem pública e interesse social.

O segundo, descortina sobre toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final(art.2º do código de defesa do consumidor-CDC), ao qual se
equipara a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações
de consumo(art.2º,parágrafo único). De acordo com o art.17 do CDC, equiparam-se também ao
consumidor todas as vítimas de evento danoso, bem como “todas as pessoas determináveis ou
não, expostas às práticas” comerciais (art. 29 do código de defesa do consumidor).

O terceiro, versa sobre “toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços” (art.3º do código de defesa do
consumidor).

O último, trata-se de “qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”(§1º do art.3º,


do código de defesa do consumidor), e serviço “é qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancaria, financeira, de credito e
securitária”.(§2º do art.3º, do código de defesa do consumidor). O Código de defesa do
consumidor, exclui a prestação de serviços oferecida a título gratuito. As de caráter trabalhistas
também são excluídas, tendo em vista serem regidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas-
CLT.

46
INTRODUÇÃO AO DIREITO

9.1 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

1. Direito à proteção da vida, saúde e segurança

De acordo com o artigo 6º, inciso I do Código de Defesa do Consumidor considera como
direitos básicos do consumidor: "a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou
nocivos". Esses direitos também estão previstos no caput do artigo 4º do CDC. Cabe ao
fornecedor, alertar o consumidor na compra de um produto ou utilização de qualquer serviço, e
ainda de todos os possíveis riscos que podem oferecer à sua saúde ou segurança. Trata-se da
dignidade da pessoa humana, é garantia fundamental que respalda todos os demais princípios e
normas e refere-se àquela estabelecida pela Constituição Federal (art. 1º, III da CF).

2. Direito à educação sobre o consumo, liberdade de escolha e igualdade nas contratações

De acordo como o artigo 6º, inciso II do CDC, todo consumidor tem o direito de ser
orientado sobre o uso dos produtos e serviços, o direito de escolher o produto ou serviço que
achar melhor, senão vejamos: “II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos
produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações”.

3. Direito à informação

O direito à informação está previsto também no art. 6º, inciso III do CDC:

“III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com


especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes
e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”. Significa dizer que o consumidor precisa
estar bem informado, antes de executar qualquer compra de um produto ou contratar
qualquer serviço. Desta forma, cabe ao fornecedor a obrigação de esclarecer com linguagem
clara e de fácil entendimento, tudo o que for necessário sobre o produto e o serviço apresentado
ao consumidor, mesmo que este ainda não tenha sido adquirido por ele.

4. Direito de proteção contra publicidade enganosa ou abusiva

Ainda no inciso IV artigo 6º do CDC, os direitos básicos estão disciplinados e embasados


na boa-fé e na transparência na relação de consumo. O dispositivo legal prevê que o consumidor
tem o direito de exigir que tudo o que for anunciado seja cumprido, caso contrário, é seu direito
cancelar o contrato e receber o valor pago de volta.

47
INTRODUÇÃO AO DIREITO

A publicidade enganosa está presente quando as informações sobre o produto/serviço


oferecidas pelo fornecedor não correspondem à realidade, enquanto que, a propaganda abusiva
é aquela identificada pela agressividade, podendo causar ao consumidor algum comportamento
prejudicial ou ameaçador à sua saúde. Destaca-se ainda, que a publicidade enganosa e a
publicidade abusiva são proibidas também pelo artigo 67 do CDC, senão vejamos: Art. 67. Fazer
ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de
três meses a um ano e multa.

5. Direito à proteção contratual

A lei de proteção ao consumidor, tutela o direito quanto a proteção contratual,


protegendo o consumidor quando as cláusulas do documento não são cumpridas ou, ainda,
quando forem prejudiciais ao consumidor, podendo ser anuladas ou modificadas por ordem
judicial (processo judicial). Esse direito está instituído no artigo 6º, inciso V do CDC. Destaca-se
ainda que, quando os contratos não estiverem escritos de forma clara, esclarecida, e com
linguagem de fácil entendimento adequada, o contrato não obriga o consumidor caso este não
tenha conhecimento de tudo o que está escrito no documento.

6. Direito à prevenção e reparação de danos

A previsão legal quanto ao direito à reparação civil disciplinada no art. 6º, inciso VI do CDC,
resguarda o direito do consumidor de receber indenização pelos danos e prejuízos sofridos –seja
material ou moral – bem como ter caráter punitivo e pedagógico para que o fornecedor, evite
reincidências a outrem. O artigo é bem claro ao informar que caso o consumidor tenha sido
prejudicado por determinada situação, tem o direito de ser indenizado com a aplicação da
responsabilidade civil objetiva do fornecedor – o que significa dizer, que o fornecedor responderá
independentemente de culpa pelos danos causados ao consumidor.

7. Direito de acesso à Justiça

Unânime o art. 6º, inciso VII do CDC, quando declara que é direito básico do consumidor
“acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados”. Conforme o artigo acima citado, o consumidor
quando tiver seus direitos violados, poderá ele recorrer aos órgãos judiciários para pedir

48
INTRODUÇÃO AO DIREITO

reparação pelos danos sofridos, ou ainda, prevenir ou reprimir qualquer insatisfação em relação
ao produto ou serviço, seja pela falsa expectativa, seja pela existência de vício ou defeito.

8. Direito à inversão do ônus da prova

O artigo 6º, inciso VIII do CDC facilitou a defesa dos direitos do consumidor, permitindo a
inversão do ônus da prova, ou seja, a critério do Juiz, sendo identificadas a verossimilhança das
alegações e a hipossuficiência do consumidor, é possível determinar que o fornecedor produza
as provas. O código de defesa do consumidor, foi muito feliz em trazer essa proteção importante
para o consumidor, estabelecendo a igualdade e o equilíbrio da relação processual entre
consumidores e fornecedores.

9. Direito à adequada e eficaz prestação dos serviços públicos

O CDC traz normas que asseguram a qualidade de prestação de serviços públicos, bem
como o bom atendimento ao consumidor em serviços públicos – tanto os serviços da
Administração Pública, quanto por suas concessionárias.

9.2 PROTEÇÃO CONTRATUAL

O art. 46, CDC, diz que:

“Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se


não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e
alcance”.

O Direito do Consumidor dá aos consumidores o direito de tomar conhecimento prévio do


conteúdo do contrato decorrente da obrigação assumida entre ele e o fornecedor, cabendo a este
último o dever de entregar uma via do contrato ao consumidor. Ex.: o fornecedor compromete-
se a enviar pelos correios uma via do contrato, após o consumidor ter assinado, e não cumpre o
prometido. O consumidor não ficará obrigado pelos seus termos, já que não teve acesso ao
contrato. Caso os contratos sejam redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido
e alcance pelos consumidores, serão consideradas inválidas as cláusulas, nos termos do art. 47,
CDC.

Quanto às cláusulas contratuais, o art. 47, CDC, informa, “as cláusulas contratuais serão
interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”. O artigo cita o princípio da

49
INTRODUÇÃO AO DIREITO

interpretação mais favorável ao consumidor. Esse princípio possibilita que o consumidor tome
prévio conhecimento do conteúdo do contrato, atuando conscientemente no mercado de
consumo. Se o fornecedor se vale de cláusula dúbia e mal redigida, a solução será interpretá-la
contra quem a estipulou, ou seja, favoravelmente ao consumidor.

O art. 48, CDC, cita também que: “As declarações de vontade constantes de escritos
particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor,
ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos”. Isto significa dizer,
que toda proposta ou declaração constante de escritos particulares, recibos ou pré-contratos, em
decorrência do princípio da vinculação imprimida pelo art. 30, CDC, faz com que o fornecedor seja
compelido ao dever de prestá-los, já que essas estipulações integrarão o contrato, podendo, por
isso, sofrer execução específica nos termos do art. 84 da lei do consumidor.

9.3 DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

As relações existentes entre fornecedores, ou seja, de fornecedor a fornecedor, continuam


sendo regidas pelo Código Civil, código comercial e código penal e outros. Define-se relação de
consumo, como negócio jurídico no qual o vínculo entre as partes se estabelece pela aquisição
ou utilização de um produto ou serviço, sendo o consumidor como adquirente na qualidade de
destinatário final e o fornecedor na qualidade de vendedor.

O direito do consumidor também se refere às operações de compras e venda de produtos


e serviços estão submetidas à legislação consumerista. A Relação jurídica de Consumo possui três
elementos: a)elementos subjetivos: fornecedor e consumidor; b) elementos objetivos: produtos
e serviços, objetos da relação de consumo; c) elemento finalístico ou teleológico: traduz a ideia
de que o consumidor deve adquirir ou utilizar o produto ou serviço como destinatário final.

9.4 A LEI DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Em 1990, foi criada a Lei 8.078/90 que estabeleceu o Código de Defesa e Proteção do
Consumidor. Esta lei ordinária, nasceu da constatação da desigualdade de posição e de direitos
entre o consumidor e o fornecedor, fundamentado na proteção da dignidade humana.

O Código de Defesa do Consumidor, relaciona-se com os outros ramos do direito,


atualizando e dando nova roupagem a institutos jurídicos ultrapassados pela evolução da

50
INTRODUÇÃO AO DIREITO

sociedade, mas sempre tendo como foco a vulnerabilidade do consumidor frente ao fornecedor,
assim como a sua condição de destinatário final de produtos e serviços.

Pode-se afirmar que as normas que compõem o direito do consumidor são de direito
privado, porém não são disponíveis, haja vista que são de ordem pública e interesse social,
conforme dita o art. 1º do CDC, consideradas normas cogentes, imperativas que não toleram
renúncia por convenções, nem mesmo afastamento por disposição particular.

9.5 QUALIDADES DE PRODUTOS E SERVIÇOS E PREVENÇÃO

De acordo com o art. 8º do Código de Defesa do Consumidor:

“Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde
ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de
sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
informações necessárias e adequadas a seu respeito.

§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que


se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o
produto. (Renumeração dada pela Lei nº 13.486, de 2017)

§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no


fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de
maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação”. (Incluído pela
Lei nº 13.486, de 2017)

➢ Jurisprudências

São julgados prolatados pelos tribunais a respeito de direitos do consumidor. Seguem


abaixo alguns julgados:

STJ - REsp 1.364.915 /Estado de Minas Gerais - 2.ª Turma - j. 14.05.2013 - v.u. - Rel.
Humberto Martins - DJe 24.05.2013 - Área do Direito: Consumidor. CONSUMIDOR - Vício de
quantidade - Ocorrência - Refrigerante que é vendido em volume menor que o habitual - Redução
informada em letras discretas na parte inferior do rótulo - Conduta que viola o dever positivo de
informar do fornecedor - Multa aplicada pelo Procon que se impõe.

CONSUMIDOR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APELAÇÃO CÍVEL. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM


FOLHA DE PAGAMENTO MODALIDADE CARTÃO DE CRÉDITO. PRODUTO DISTINTO DO ADQUIRIDO

51
INTRODUÇÃO AO DIREITO

PELO CONSUMIDOR. INDUÇÃO A ERRO. AUSÊNCIA DO DEVER DE INFORMAÇÃO. JUROS ABUSIVOS.


APELAÇÃO NÃO PROVIDA.

I. A instituição bancária tem o dever de informar ao consumidor, de forma clara, os termos


exatos do contrato firmado, configurando indução a erro quando 44 (quarenta e quatro)
contratantes adquirem empréstimo consignado modalidade cartão de crédito
acreditando estar contraindo empréstimo com taxas de juros vantajosas.

II. Em que pese o entendimento jurisprudencial pátrio esteja consolidado no sentido de


considerar legítima a taxa de juros remuneratórios cobrada por instituições bancárias em
percentual superior a 12% (doze por cento) ao ano, é certo que estes devem ser
compatíveis com a taxa média de mercado, o que não se observou na espécie.

III. Apelação não provida. “(TJMA - APL: 0073352012 MA 0000187-86.2011.8.10.0060, Relator:


ANTONIO GUERREIRO JÚNIOR, Data de Julgamento: 03/06/2014, SEGUNDA CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 04/06/2014)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO DE


COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA.
ANOTAÇÕES PRETÉRITAS DISCUTIDAS JUDICIALMENTE. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES DO
CONSUMIDOR. FLEXIBILIZAÇÃO DA SÚMULA 385/STJ. DANO MORAL CONFIGURADO.
JULGAMENTO: CPC/15.

1. Ação declaratória de inexistência de débito c/c pedido de compensação por dano moral
ajuizada em 17/02/2016, da qual foi extraído o presente recurso especial, interposto em
11/04/2017 e atribuído ao gabinete em 20/10/2017.

2. O propósito recursal consiste em decidir se a anotação indevida do nome do consumidor


em órgão de restrição ao crédito, quando preexistentes outras inscrições cuja
regularidade é questionada judicialmente, configura dano moral a ser compensado.

3. Consoante a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, não cabe


indenização por dano moral por inscrição irregular em órgãos de proteção ao crédito
quando preexistem anotações legítimas, nos termos da Súmula 385/STJ, aplicável
também às instituições credoras.

52
INTRODUÇÃO AO DIREITO

4. Até o reconhecimento judicial definitivo acerca da inexigibilidade do débito, deve ser


presumida como legítima a anotação realizada pelo credor junto aos cadastros restritivos,
e essa presunção, via de regra, não é ilidida pela simples juntada de extratos comprovando
o ajuizamento de ações com a finalidade de contestar as demais anotações.

5. Admite-se a flexibilização da orientação contida na súmula 385/STJ para reconhecer o


dano moral decorrente da inscrição indevida do nome do consumidor em cadastro
restritivo, ainda que não tenha havido o trânsito em julgado das outras demandas em que
se apontava a irregularidade das anotações preexistentes, desde que haja nos autos
elementos aptos a demonstrar a verossimilhança das alegações.

6. Hipótese em que apenas um dos processos relativos às anotações preexistentes encontra-


se pendente de solução definitiva, mas com sentença de parcial procedência para
reconhecer a irregularidade do registro, tendo sido declarada a inexistência dos demais
débitos mencionados nestes autos, por meio de decisão judicial transitada em julgado.

7. Compensação do dano moral arbitrada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

8. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1704002/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 11/02/2020, DJe 13/02/2020)

9.6 ARTIGOS DO CÓDIGO DEFESA DO CONSUMIDOR – LEI DE DEFESA DO CONSUMIDOR N.


8.078/90

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que


indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

53
INTRODUÇÃO AO DIREITO

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I. a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no


fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

II. a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,


asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III. a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com


especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

III. a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com


especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação
dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência

IV. a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais


coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou
impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V. a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações


desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;

VI. a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,


coletivos e difusos;

VII. o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou


reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

VIII. a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

54
INTRODUÇÃO AO DIREITO

IX. (Vetado);

X. a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser
acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência).

Fonte: https://bit.ly/31a4GKQ

55
INTRODUÇÃO AO DIREITO

TEMA 05
PARTE 02

10. DA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR

A responsabilidade é de fato uma obrigação que ocorre por um dever contratual ou


extracontratual, assim como, por uma violação de norma que vincula o agente a uma reparação
pelo prejuízo causado. De acordo com o código civil vigente, a responsabilidade civil pode advir
tanto de atos lícitos quanto dos lícitos que importam riscos. A regra geral prevista na legislação
Civil, é a responsabilidade subjetiva, aquela que depende da comprovação da culpa do agente.

➢ Elementos da Responsabilidade Subjetiva

a) conduta humana antijurídica ou conduta ilícita: ocorre quando há ofensa a um princípio


geral de direito neminem laedere – ninguém pode lesar ninguém, ou seja, decorre da necessidade
de ato realizado pelo próprio agente seja contrário ao direito.

Observação: A culpa está presente na conduta antijurídica(ilegal). A culpa lato sensu (dolo
e culpa) é o elemento essencial e caracterizador da responsabilidade subjetiva. É dividida em lato
sensu e strito sensu. A culpa lato sensu representa o dolo e a culpa, strito sensu.

O dolo seria a intenção de provocar o dano, enquanto, a culpa no sentido strito seria a não
intenção de causar dano, mas que ocorre em razão de imperícia (falta de habilidade especifica
para realização de atividade técnica), negligência (falta de cuidado, atenção) ou imprudência.

b) Dano: ocorre quando há uma lesão a um bem jurídico ou o prejuízo sofrido pela vítima
que pode ser patrimonial ou extrapatrimonial.

c) Nexo de causalidade: caracteriza-se pela relação de causa e efeito entre a conduta e o


resultado ou a ligação entre a conduta do agente e o dano.

➢ Elementos essenciais da responsabilidade objetiva

a. Atividade de risco c. Dano

b. Nexo Causal

56
INTRODUÇÃO AO DIREITO

A teoria que fundamenta a responsabilidade objetiva do CDC é a Teoria do Risco da


Atividade.

10.1 A TEORIA DO RISCO DA ATIVIDADE

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o desempenho de atividade


econômica, por si só, já cria o risco de dano ao consumidor, de forma que, se concretizado, surge
o dever de repará-lo, independentemente da comprovação de dolo ou culpa do fornecedor.
Portanto, no CDC a regra é a responsabilidade objetiva.

A responsabilidade objetiva entende que a reparação do dano se baseia no dano causado


e sua relação com a atividade desenvolvida pelo agente. Incide sobre atividades que
potencialmente ofereçam risco à coletividade. A atividade pode ser lícita, mas sua existência faz
com que provoque danos e as vítimas devem ser protegidas.

Logo, a obrigação de reparar surge da existência de um dano e da relação de causalidade


com determinada atividade. Destaca-se que a responsabilidade objetiva não se confunde com a
culpa presumida. Na culpa presumida ocorre uma inversão do ônus de prova. Presume-se a culpa
por um comportamento do causador do dano, cabendo a este demonstrar ausência de culpa,
para se eximir de indenizar.

Ainda sobre a responsabilidade objetiva ressalta-se que, o agente responderá mesmo se


tiver agido sem culpa e os elementos a serem provados pela vítima em uma eventual ação de
indenização são o dano e o nexo de causalidade. Em caso de culpa presumida deve-se provar a
conduta antijurídica, a culpabilidade, o dano e o nexo de causalidade. Contudo, o elemento culpa
presume-se provado. Dessa forma, a culpa presumida é espécie de responsabilidade civil
subjetiva que só ocorre em casos previstos em lei.

10.2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO

De acordo com os artigos 12 e 14 do código de defesa do consumidor, o fato do produto e


o fato do serviço são também chamados de ACIDENTE DE CONSUMO. Os produtos que, por seus
defeitos, causarem danos, fazem surgir à responsabilidade civil do fornecedor,
independentemente de culpa. O mesmo ocorre em caso acidente de consumo por fato de serviço,
que pressupõe a existência de defeitos, verificados na prestação de um serviço, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre a sua fruição e riscos.

57
INTRODUÇÃO AO DIREITO

Pelo exposto, trata-se de responsabilidade solidária dos fornecedores, que atribui ao


consumidor o direito de escolher de quem pleitear os danos, se do comerciante partícipe mais
próximo, ou se do fabricante ou figura correlata mais distante. “O consumidor tem a faculdade
de escolher qualquer um deles, separada ou conjuntamente, pelo total dos danos, não podendo
o fornecedor acionado denunciar a lide, por expressa vedação do CDC”.

A responsabilidade objetiva e solidária, em caso de acidente de consumo será aplicada,


isto é, no caso em que fornecedor responde independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento
de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização
e riscos.

10.3 FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO = ACIDENTE DE CONSUMO

Art. 12, CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento
de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.

Art. 14, CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos."

Embora tanto no fato quanto no vício haja responsabilidade civil do fornecedor, ambos
não se confundem no direito brasileiro. No fato há um dano ao consumidor, atingindo-o em sua
integridade física ou moral (elemento intrínseco). Enquanto que no vício, há um descompasso
entre o produto ou serviço oferecido e as legítimas expectativas do consumidor (elemento
extrínseco).

58
INTRODUÇÃO AO DIREITO

10.4 VÍCIO ≠ DEFEITO

O Vício é a mera inadequação do produto ou do serviço para os fins a que se destina. Por
exemplo, o consumidor comprou uma televisão que não funciona. Já o Defeito, diz respeito à
insegurança do produto ou do serviço. Por exemplo, a televisão comprada explode e causa danos
à integridade do consumidor.

O Vício também pode ser oculto e aparente. O oculto é aquele em que o defeito surge
repentinamente, com a utilização do produto, como por exemplo: um problema no motor,
enquanto que o aparente é o produto em que o defeito pode ser constatado facilmente, como a
superfície riscada de um freezer.

Existem ainda os produtos duráveis e não duráveis, o primeiro tipo, são aqueles que
deveriam ter vida útil longa, exemplos: aparelhos eletrônicos, enquanto que os produtos não
duráveis, são aqueles consumidos em prazos curtos, como por exemplo: os alimentos.

O artigo 26 do Código de Defesa do Consumidor informa que:

O Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - Noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Segundo o dispositivo legal, com a existência do defeito aparente, o consumidor tem o


prazo para fazer reclamação de 30 dias para produtos não duráveis e, de 90 dias para os produtos
duráveis, prazo estes iniciados a partir da data da compra. Caso o problema seja oculto, os prazos
serão considerados os mesmos, mas começarão a valer no momento em que o defeito for
detectado pelo consumidor.

O artigo 18 da lei nº 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor enuncia que:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem


solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

59
INTRODUÇÃO AO DIREITO

§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I. a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de


uso;

II. a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo


de eventuais perdas e danos;

III. o abatimento proporcional do preço.

O dispositivo legal confirma que, no caso de o produto ter defeito, o consumidor pode
reclamar tanto ao fabricante quanto à loja onde comprou a mercadoria. Logo, a responsabilidade
solidária é devida por lei.

10.4.1 Espécies de Defeitos: de Fabricação, de Concepção e de Comercialização

Produto defeituoso é aquele que não oferece a segurança que dele legitimamente se
espera. Observam-se a informação do produto, a sua apresentação, os riscos que ele pode causar,
levando-se em consideração a época em que foi colocado em circulação. Trata-se da teoria do
risco do desenvolvimento.

Responsabilidade do Comerciante: a responsabilidade do comerciante é subsidiária. A


responsabilidade subsidiária é aquela que decorre do fato de o fabricante e o produtor serem os
verdadeiros introdutores do risco no mercado ao inserirem produtos defeituosos em circulação,
cabendo ao comerciante apenas avaliar a qualidade dos bens que coloca à venda em seu
estabelecimento.

Neste caso, o comerciante responde solidariamente, ou será igualmente responsável, nas


hipóteses do art. 13 do CDC, vejamos:

I. quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser


identificados;

II. quando não houver no produto identificação clara do fabricante, produtor,


construtor ou importador;

III. quando o comerciante não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

60
INTRODUÇÃO AO DIREITO

Já a responsabilidade solidária, diz que, aquele que pagar integralmente a indenização


poderá propor ação de regresso contra os demais.

O art. 88 do CDC é claro em afirmar que o comerciante poderá exercer o direito de regresso
contra o produtor, fabricante ou importador em ação autônoma ou na mesma ação, desde que já
tenha reparado os danos ao consumidor.

10.5 EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE POR FATO DO PRODUTO (ART. 12, § 3º DO CDC)

De acordo com o artigo 333, II do Código de Processo Civil, o fabricante, o produtor, o


construtor e o importador só não respondem pelo fato do produto se provar (ônus da prova é
desses fornecedores por se tratar de fato extintivo do direito), senão vejamos:

I. que não colocaram o produto no mercado: o produto, por exemplo, tem outro
fabricante;

II. que, muito embora o produto tenha sido colocado no mercado, o defeito inexiste:
o produto foi colocado perfeito no mercado;

III. que ocorreu culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro

10.6 CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR-CULPA CONCORRENTE

O consumidor é o único responsável pela ocorrência do dano, não tendo o fornecedor


colaborado, de forma alguma, na configuração deste.

Diante do fato, tanto o fornecedor, ainda que através de seus prepostos, quanto o
consumidor concorreram para a ocorrência do dano. Neste caso, trata-se de excludente de
responsabilidade descrito no Código de Defesa do Consumidor.

Não se trata de excludente de responsabilidade

a) Terceiro: Entende-se por terceiro, no caso da culpa exclusiva de terceiro, aquela pessoa
completamente estranha ao ciclo de produção (que começa com a fabricação do produto ou a
concepção do serviço e termina com o escoamento dos produtos ou com a prestação dos
serviços) ou à relação de consumo.

Contudo, se a pessoa que causou o dano pertence ao ciclo de produção, não pode ser
invocada a sua condição de terceiro, pois o fornecedor é responsável por seus prepostos nos
termos do art. 34 do CDC.

61
INTRODUÇÃO AO DIREITO

Exemplo de caso de excludente da responsabilidade por culpa exclusiva de terceiro: o


carro tem vício no freio, mas, na verdade, quem causou o acidente foi o outro motorista, que
passou no farol vermelho.

Por fim, vale informar que as excludentes de responsabilidade do art. 12, §3º se
apresentam em “numerus clausus”, ou seja, são em rol taxativo, representado pela expressão “só
não será responsabilizado quando provar”. Em todas as demais hipóteses, o fabricante, o
produtor, o construtor e o importador responderão de forma objetiva.

b) O caso fortuito e a força maior: Caso fortuito e força maior são considerados expressões
sinônimas, embora a rigor não o sejam. Defendem alguns doutrinadores que o caso fortuito se
funda na imprevisibilidade, enquanto que a força maior se baseia na irresistibilidade. Outros
juristas, no entanto, sustentam que a força maior exprime a idéia de um acidente da natureza (o
raio, o ciclone), enquanto que o caso fortuito indica um fato do homem, como por exemplo, a
guerra ou a greve. De fato o que interessa aqui seria afirmar: NÃO CONFIGURAM EXCLUDENTES
DE RESPONSABILIDADE DO FATO DO PRODUTO O CASO FORTUITO E A FORÇA MAIOR. Ambos são
absorvidos pelo risco da atividade do fornecedor, quando provocam o acidente de consumo.

10.7 RESPONSABILIDADE CIVIL POR VÍCIO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO

Segundo o artigo 18 e seguintes do CDC, a responsabilidade civil por vícios do produto e


do serviço estão previstas, nos quais, além de estabelecer a solidariedade de todos os
fornecedores da cadeia produtiva, também previu a responsabilidade objetiva, aquela que
independe da culpa. Nesse contexto, o objetivo é a reparação do dano, por isso, a necessidade de
se imputar a responsabilidade a um maior número de pessoas participantes da cadeia produtiva.

Para Marques (2009), o que efetivará a responsabilidade civil no direito do consumidor


serão os deveres anexos decorrentes dessa relação. Os fornecedores têm o dever de garantir a
qualidade do produto e sua segurança, ou seja, a responsabilidade civil não é imputada somente
àquele que mantém uma relação contratual direta com o consumidor, mas a todos aqueles que
participaram da cadeia produtiva.

A responsabilidade civil no CDC, para Cláudia Lima Marques (2009), tem natureza jurídica
mista, já que, descumprido o dever de qualidade do produto ou serviço “surgirão efeitos
contratuais - inadimplemento contratual ou ônus de suportar os efeitos da garantia por vício - e

62
INTRODUÇÃO AO DIREITO

extracontratuais - obrigação de substituir o bem viciado, mesmo que não haja vínculo contratual,
de reparar os danos causados pelo produto ou serviço defeituosos.” (MARQUES, 2009, p.115)

10.8 DO PRAZO – DIREITO GARANTIDO AO CONSUMIDOR

De acordo com o Art. 26 do Código de Defesa do Consumidor diz que:

O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

Em consonância com o dispositivo acima, o prazo de troca dos produtos são direitos
garantidos a todos os consumidores. A lei é clara, quando diz que o consumidor tem o prazo de
30 dias para reclamar de vícios aparentes, e a partir da reclamação, os fornecedores são
responsáveis solidariamente pelo produto e tem por obrigação de sanar o problema do produto.

Após este período, o consumidor de acordo com a lei, deve-se exigir um produto similar, a
restituição imediata da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço. A lei permite ainda
que estas exigências possam ser feitas antes dos 30 dias se a substituição das partes com defeito
puder comprometer as características do produto, diminuir-lhe o valor, ou quando se tratar de
um “produto essencial” (como a geladeira, por exemplo).

10.9 DIREITO DE ARREPENDIMENTO

De acordo com o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, o consumidor pode


desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer
fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste


artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão
devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados”.

O artigo mencionado, refere-se às compras virtuais, em que o consumidor realiza pela


internet, onde ele não pode avaliar o produto pessoalmente, e nem o tocar, diante do fato, o
Código de Defesa do Consumidor garante a ele o direito de arrependimento pela compra
realizada pelas plataformas digitais. Este prazo garante ao consumidor o prazo de sete dias, a
contar da data de entrega, para avaliar se o produto recebido atende às expectativas prometidas
pelo site de compras ou pelo catálogo.

63
INTRODUÇÃO AO DIREITO

10.10 PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR

O Código de Defesa do Consumidor tem um capítulo especial quanto a proteção à saúde


e a segurança do consumidor no seu artigo 6º, I, em que diz:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no


fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

O dispositivo legal descreve claramente os direitos básicos do consumidor em que dispõe


que o consumidor possui o direito básico de proteção à sua vida, saúde e segurança contra os
riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos
ou nocivos. Este direito é ratificado e reforçado quanto a proteção à vida, saúde e segurança,
estabelecida pelo artigo 4º, caput, CDC, senão vejamos:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº
9.008, de 21.3.1995)

A Constituição Federal Brasileira de 1988, no seu artigo 5º informa a proteção a vida,


saúde, e segurança são direitos fundamentais inalienáveis, indisponíveis e indissociáveis. Desta
forma, tanto a Constituição Federal quanto ao Código de Defesa do Consumidor, estabelecem
disposições fundamentais de proteção ao consumidor de forma expressa, para proteger o
consumidor de práticas no fornecimento de produtos e serviços que possam lhe causar danos,
que abalem a sua integridade física.

O código de defesa do consumidor completa os direitos básicos esculpido no nos seus


artigos 8º,9 º e 10 º:

Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à


saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar
as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

64
INTRODUÇÃO AO DIREITO

Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde


ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que
sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou
segurança.

Tais artigos descrevem claramente, que a qualidade dos produtos e serviços colocados no
mercado de consumo, e da prevenção e da reparação dos danos que estes possam vir a causar
nos consumidores devem ser divulgadas de forma protetiva, e segura ao conhecimento dos
consumidores.

10.11 DA PROTEÇÃO CONTRATUAL E PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS PRÁTICAS


COMERCIAIS

São os métodos utilizados por fornecedores para incrementar a comercialização dos


produtos e serviços destinados ao consumidor, bem como os mecanismos de cobrança e serviço
de proteção ao crédito. O capítulo V do Código de Defesa do Consumidor prevê as práticas
comerciais, que estão divididas em seis seções: Disposições Gerais art. 29, Oferta – arts. 30 a 35,
Publicidade – arts. 36 a 38, Práticas Abusivas arts. 39 a 41, da Cobrança de Dívidas – art. 42 e Banco
de Dados e Cadastro de Consumidores – arts. 43 a 45.

10.11.1 Da Oferta

Define-se oferta como sendo toda informação, publicidade, suficientemente precisa


veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação, está relacionada a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados ao fornecedor.

É uma declaração unilateral, e caracteriza uma obrigação pré-contratual gerando vínculo


com o fornecedor e automaticamente proporcionando ao consumidor a possibilidade de exigir
aquilo que fora ofertado, ou seja, a oferta é obrigatória, tem força vinculante em relação ao
ofertante e ao ofertado e deve ser mantida por lapso temporal suficiente para a concretização do
negócio jurídico.

Com base no art. 48 do CDC, as declarações de vontade constantes de escritos


particulares, recibos e pré-contratos vinculam o fornecedor e, se forem descumpridas, ensejam a

65
INTRODUÇÃO AO DIREITO

execução específica da obrigação, prevista no art. 84 do CDC. O princípio da vinculação da oferta


é preceituado no art. 30 do CDC e verifica-se a necessidade de dois requisitos básicos para que a
oferta vincule o fornecedor: a veiculação e a precisão da informação. Logo, a oferta não terá força
obrigatória se não houver veiculação da obrigação.

O art. 31 do CDC, destaca o princípio da veracidade da oferta, que prevê a necessidade de


a oferta conter informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa, sobre
suas características qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade, de
origem, entre outros dados e, ainda, o alerta contra os riscos que os produtos ou serviços possam
oferecer à saúde, segurança dos consumidores.

O art. 35, do CDC, diz que:

Em caso de descumprimento da oferta, o consumidor poderá, alternativamente e à sua


livre escolha:

I. exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou


publicidade;

II. aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III. rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,


monetariamente atualizada e perdas e danos.

10.11.2 Da Publicidade

A publicidade é o meio utilizado pelo fornecedor para demonstrar seus produtos e


serviços. No entanto, os anúncios devem ser leais, transparentes e permeados de boa-fé. O art.
36, parágrafo único, prevê que o fornecedor, após realizar a publicidade, deverá guardar em seu
poder, os dados fáticos, técnicos e científicos que comprovem as qualidades anunciadas dos
produtos ou serviços, para informação dos legítimos interessados. O que se busca é fazer com
que as informações publicitárias sejam dotadas de verdade e correção.

O Código de Defesa do Consumidor proíbe toda publicidade enganosa ou abusiva,


conforme descreve o art. 37, § 1° do CDC define publicidade enganosa como sendo: “qualquer
modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa,
ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a

66
INTRODUÇÃO AO DIREITO

respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e


quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”.

Para caracterizar a publicidade enganosa basta que a informação seja inteira ou


parcialmente falsa ou, então, que omita dados importantes. Exemplo, a propaganda que
menciona uma liquidação inexistente, a fim de atrair o consumidor até a loja. Portanto, a
informação errônea, assim como a ausência de informação tornam o produto ou serviço
defeituoso, responsabilizando civilmente o fornecedor que o inseriu no mercado.

Enquanto que a publicidade abusiva, prevista no art. 37, § 1° do CDC é definida como
sendo: “dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança”.

Desta forma, conclui-se que a publicidade abusiva é antiética porque lesa a


vulnerabilidade do consumidor, atingindo seus valores sociais básicos, podendo até, chegar a
ferir a sociedade como um todo. Exemplo, um condomínio de luxo, para divulgar o lançamento
veicula: “Venha conhecer o condomínio que pobre não entra”.

10.12 DAS PRÁTICAS ABUSIVAS PREVISTAS NO CDC-CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O Código de Defesa do Consumidor, alcança o equilíbrio das relações de consumo. No


entanto, para que seja alcançado este equilíbrio, optou-se por regular a proteção ao consumidor
no que tange à formação do contrato e a sua execução. Práticas abusivas são práticas comerciais,
comportamentos ilícitos, que afrontam a principiologia e a finalidade do sistema de proteção ao
consumidor, bem como se relacionam com o abuso do direito.

O princípio da transparência, o princípio da boa-fé, o princípio da equidade (ou equilíbrio


contratual) e o princípio da confiança, são princípios inerentes à relação de consumo, a violação
de qualquer um desses princípios corresponde a prática comercial abusiva ao consumidor.

Os artigos 39,40 e 41 do CDC estabelece uma série de práticas comerciais que o legislador
considera como abusivas, são elas:

I. condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto


ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

67
INTRODUÇÃO AO DIREITO

II. recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas


disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;

III. enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço, inclusive às amostras grátis;

IV. prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

V. exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

VI. executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do


consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;

VII. repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício
de seus direitos;

VIII. colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as


normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não
existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada
pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO);

IX. deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério;

X. recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a


adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais;

XI. elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.

XII. deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério.

XIII. aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.

O art. 39, II do CDC, proíbe a venda casada, que é aquela que consiste no fornecimento de
o produto ou serviço sempre condicionado à venda de outro produto ou serviço. Essa prática está
expressamente vedada pelo de forma que o consumidor não está obrigado a adquirir um produto
ou serviço imposto pelo fornecedor para que possa receber o que realmente deseja.

68
INTRODUÇÃO AO DIREITO

ALGUNS ARTIGOS DA LEI N .8.078/90

SEÇÃO IV

➢ Das Práticas Abusivas

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
(Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

I. condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto


ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

II. recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas


disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;

III. enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço;

IV. prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

V. exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

VI. executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do


consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;

VII. repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício
de seus direitos;

VIII. colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as


normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não
existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada
pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO);

IX. deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério;

IX. recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a


adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

X. (Vetado).

69
INTRODUÇÃO AO DIREITO

X. elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de
11.6.1994)

XI. Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII,
quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999

XII. deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

XIII. aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.


(Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999)

XIV. permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior


de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo.
(Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017)

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao


consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo
obrigação de pagamento.

Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as
condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.

§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias,
contado de seu recebimento pelo consumidor.

§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente


pode ser alterado mediante livre negociação das partes.

§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da


contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.

Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle


ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de
não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente
atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo
de outras sanções cabíveis.

70
INTRODUÇÃO AO DIREITO

SEÇÃO V

➢ Da Cobrança de Dívidas

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo,
nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do


indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor,


deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas –
CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço
correspondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, de 2009)

SEÇÃO VI

➢ Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele,
bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em


linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a
período superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser


comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.

§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá
exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a
alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.

§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao


crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.

71
INTRODUÇÃO AO DIREITO

§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão


fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que
possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.

§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em
formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do
consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de


reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo
pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por


qualquer interessado.

§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo


anterior e as do parágrafo único do art. 22 deste código.

Art. 45. (Vetado).

CAPÍTULO VI

Da Proteção Contratual

SEÇÃO I

➢ Disposições Gerais

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os


consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu
conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão
de seu sentido e alcance.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao


consumidor.

Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-


contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução
específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.

72
INTRODUÇÃO AO DIREITO

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente
por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste


artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão
devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer,


de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar
em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue,
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de
instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.

73
INTRODUÇÃO AO DIREITO

REFERÊNCIAS

FUKE, Luiz Pelipe. Os alicerces da física 1: mecânica. 15.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

GIBILISCO, Stan; BRANDÃO, Kalila. Física sem mistério. Rio de Janeiro: Alta Book, 2013.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: mecânica. v.1. 9.ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2014.
JEWETT JR., John W.; SERWAY, Raymon A. Física para cientistas e engenheiros: mecânica. v.1. 8.ed.
São Paulo: Cengage Learning, 2011.
LEONEL, Edson Denis. Fundamentos da física estatística. São Paulo: Edgard Blucher, 2015.
NUSSENZVEIG, Herch Moysés. Curso de física básica: mecânica. v.1. 5.ed. São Paulo: Edgard Blucher,
2013.
YOUNG, Roger A. Física I: mecânica. 12.ed. São Paulo: Addison Wesley, 2011.

74

Você também pode gostar