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DIREITO
CONSTITUCIONAL
DIREITO CONSTITUCIONAL
1 DIVISÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................................. 8
2 ESTADO DE DIREITO .................................................................................................................................. 8
3 CONSTITUCIONALISMO........................................................................................................................... 10
4 NORMAS CONSTITUCIONAIS ESTRUTURANTES ............................................................................... 12
5 SISTEMAS CONSTITUCIONAIS E DIVISÃO DOS PODERES .............................................................. 13
5.1 FORMAS DE GOVERNO ................................................................................................................... 13
5.2 SISTEMAS DE GOVERNO ................................................................................................................ 13
5.3 FEDERAÇÃO ....................................................................................................................................... 14
6 EVOLUÇÃO DO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO .................................................................... 17
6.1 1824: CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASIL .................................................... 17
6.2 1891: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL ................... 18
6.3 1934: CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL 19
6.4 1937: CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL .................................................. 19
6.5 1946: CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL .................................................. 20
6.6 1967: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ........................................ 21
6.7 1969: EMENDA CONSTITUCIONAL NÚMERO UM ..................................................................... 22
6.8 1988: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ........................................ 22
7 PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO.......................................................................................................... 23
8 ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS ......................................................... 24
9 RELAÇÕES DO DIREITO CONSTITUCIONAL ....................................................................................... 24
10 FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL ........................................................................................... 24
11 CONSTITUIÇÃO ........................................................................................................................................ 25
11.1 CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO ........................................................................................... 25
11.2 ESPÉCIES .......................................................................................................................................... 25
11.3 CLASSIFICAÇÃO CF/88 .................................................................................................................. 26
12 PODER CONSTITUINTE........................................................................................................................... 27
12.1 ESPÉCIES .......................................................................................................................................... 27
12.2 CARACTERÍSTICAS ........................................................................................................................ 28
13 REFORMA CONSTITUCIONAL .............................................................................................................. 28
13.1 REVISÃO CONSTITUCIONAL ........................................................................................................ 28
13.2 EMENDA COSTITUCIONAL ........................................................................................................... 29
13.3 LIMITES FORMAIS, MATERIAIS E CIRCUNSTANCIAIS .......................................................... 29
14 NORMAS CONSTITUCIONAIS INCONSTITUCIONAIS ...................................................................... 30
15 APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................... 30
15.1 SISTEMA JURÍDICO E COMPATIBILIDADE VERTICAL .......................................................... 30
15.2 DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL ...................................................................... 31
15.3 DIREITO CONSTITUCIONAL INTERNACIONAL ........................................................................ 32
2 ESTADO DE DIREITO
Em concursos públicos, quando se trata de Estado de Direito, passa-se por três fases do Estado. A
primeira, conhecida como o absolutismo, onde há uma ausência de limites ao exercício do poder, tendo o
Estado como fim em si mesmo. O sistema absolutista pode ser estudado a partir de três vertentes: com a
carta de João Sem-Terra, na Inglaterra, em 1215; com a Declaração de Independência dos Estados
Americanos; e com a história da Europa Ocidental, quando se estuda o constitucionalismo francês, no
momento de transição do sistema feudal para o absolutismo. Neste sistema, os vassalos obedeciam ao senhor
feudal e esta relação de poder do senhor feudal sobre seus serventes estava limitado unicamente a sua
propriedade.
Com o crescimento da população, o espaço nos feudos passou a não comportar toda a população,
começando, assim, a formar vilarejos ao redor dos castelos feudais povoados por pessoas que não tinham
oportunidades de trabalho nas propriedades feudais e sobreviviam de trabalhos também importantes para a
época, como ferreiros e carpinteiros. Com o passar do tempo e o crescimento desses vilarejos, chamados de
burgos, o número de mão de obra passou a não mais conseguir ser absorvido pelo trabalho necessário. Uma
resultante desse crescimento dos burgos foi o surgimento de crimes pouco conhecidos a época, como furtos.
Assim, surgiu-se a ideia de um sistema com mais poder e mais forte do que um senhor feudal e do que a
soma de todos os senhores feudais.
A partir da necessidade da população, surge a ideia do Estado Absolutista, onde um soberano sem
1
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.
3 CONSTITUCIONALISMO
CONSTITUCIONALISMO
SUPREMACIA DO LIMITES AO
INDIVÍDUO PODER
O Constitucionalismo é o instrumento que limita o poder do Estado, uma vez que é o sistema
resultante dos movimentos sociais que buscavam a limitação deste poder. Independentemente da vertente
escolhida e estudada, a resultante veio a ser o movimento constitucionalista, que, através das Constituições,
cria e estipula os limites e o modo pelo qual o poder e exercido em uma nação.
A principal característica do constitucionalismo é que ele se baseia na afirmação da supremacia do
indivíduo e na limitação do poder dos governantes. Quando se fala em supremacia do indivíduo, se
pressupõe a democracia e os direitos fundamentais. Por outro lado, quando se fala em limitação do poder,
menciona-se a separação dos poderes. Mas no caso da República Federativa do Brasil, se fala também da
forma federativa do Estado.
Constitucionalismo é um discurso vem sendo aplicado desde então em todos os locais das três
vertentes anteriormente estudadas, assim como no Brasil, pois é uma prática discursiva que parte da
democracia, sendo muito potente. A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 1º, parágrafo único,
justamente essa questão da democracia e de como o povo é importante para o seu Estado, sendo aquele o
detentor do real poder.
Art. 1º, p.ú: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
DEMOCRACIA FEDERAÇÃO
DIREITOS SEPARAÇÃO
FUNDAMENTAI DE PODERES
S
Art. 60, § 4º: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO
Presidente = Chefe de Estado e Chefe de Primeiro Ministro = Chefe de Governo
Governo Rei/Presidente = Chefe de Estado
Presidente governa sozinho Chefe de Governo governa com auxílio do
parlamento
Destituição por meio de impeachment Destituição feita pelo parlamento, quando
há a perda da confiança.
Presidencialismo de coalizão Bipartição do legislativo
Multipartidarismo
5.3 FEDERAÇÃO
> Estado Unitário x Estado Federado
O Estado Unitário é onde o poder legislativo é desempenhado por apenas um órgão. As leis são
nacionais e destinam-se, em regra, a todo o território ocupado pelo Estado. Ainda, admite-se
descentralização administrativa, mas sempre com subordinação hierárquica a uma autoridade central.
Celso Ribeiro Bastos diz que, até o final do século 18 não se conheceu outro senão o Estado Unitário,
onde existe um único centro irradiador de decisões políticas expressas em lei, podendo haver uma
descentralização administrativa, com criação de órgãos locais ou regionais para auxiliar na administração do
“No Estado Federal deparam-se vários Estados que se associam com vistas a uma interação harmônica
de seus destinos. Não possuem esses Estados soberania externa e do ponto de vista da soberania
interna se acham em parte sujeitos a um poder único, que é o poder federal, e em parte conservam sua
independência, movendo-se livremente na esfera da competência constitucional que lhes for atribuída
para efeito de auto-organização”.
Por outro lado, na Confederação, a relação entre os Estados é menos consistente, o que viabiliza a
possibilidade jurídica de secessão, e não há um poder político único, pois os Estados confederados
mantêm as respectivas soberanias. Por isso, a atividade unitária da Confederação projeta-se apenas no
campo internacional, jamais no campo interno.
Um exemplo recente de Confederação, na qual houve desmembramento, é a União Europeia, onde
os Estados possuem a sua soberania. Aqui, nenhum país perde sua soberania, tanto é assim, que é permitida a
sua saída da Confederação, como ocorreu com o Reino Unido.
“A posição dos Estados-membros no sistema federativo não se cifra apenas no desempenho de sua
autonomia constitucional em matéria legislativa, executiva ou judiciária, senão que cumpre ver ao lado
dessa autonomia aqueles pontos da organização federal em que os Estados federados aparecem por
sua vez tomando parte ativa e indispensável na elaboração e no mecanismo da Constituição Federal”.
O Estado-membro não só desempenha a sua autonomia interna, mas também exerce postura
proativa para a nação. Por este motivo que, cada Estado tem três senadores representantes participando de
forma ativa na legislação federal.
Essa postura ativa decorre do exercício do poder legislativo em âmbito federal, por parte de um
Estado-membro, a partir da participação nas deliberações parlamentares do sistema bicameral. Isto
porque, Estados federados adotam o bicameralismo, também chamado de legislativo dual: com uma câmara
composta por representantes do povo, normalmente eleitos pelo sistema proporcional, e uma câmara
composta por representantes dos Estados, normalmente eleitos pelo princípio majoritário.
Atualmente, o sistema bicameral só é possível em duas possibilidades: primeiro, em um sistema
parlamentar, onde não há divisão federativa, mas há um controle interno entre interesses comuns e de
lordes. Segundo, no país presidencialista, desde que seja federado.
2
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e
a execução de funções públicas de interesse comum.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:
(...)
Art. 1. O IMPERIO do Brazil é a associação Política de todos os Cidadãos Brazileiros. Elles formam uma
Nação livre, e independente, que não admitte com qualquer outra laço algum de união, ou federação, que
se opponha á sua Independencia.
Na época, a forma de governo no Brasil era de monarquia e, ainda, era um Estado Unitário, sendo
divido em províncias, onde cada província teria um presidente nomeado pelo Imperador. O poder
realmente estava no Estado, havendo a centralização de poder, que apenas descentralizava a administração
e, mesmo assim, mantinha o poder de nomeação e dispensa do presidente de cada província.
O poder legislativo era bicameral, com a Câmara dos Deputados (eleitos para mandatos
temporários) e Câmara de Senadores, onde o Senado era composto por membros vitalícios e organizado
por eleição provincial.
Quanto à separação dos poderes, não havia judiciário, falando-se apenas em Imperador e
Assembleia Geral. Não havia justiça federal, uma vez que se tratava de Estado Unitário, e os juízes de
direito eram perpétuos. Como pode se destacar, o judiciário não se encontrava em igualdade com os
demais poderes, podendo os juízes serem removidos mesmo a contragosto, para onde conviessem, uma vez
Art 1º - A Nação brasileira adota como forma de Governo, sob o regime representativo, a República
Federativa, proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitui-se, por união perpétua e indissolúvel das
suas antigas Províncias, em Estados Unidos do Brasil.
A constituição traz, pela primeira vez, as características de Federação e, o art. 63 atribui aos estados
recém-criados poder constituinte, desde que respeitado os princípios constitucionais da União.
CONCURSO PÚBLICO: normalmente pedem para discorrer sobre o princípio da simetria que, nada
mais é do que, no caso da constituição, os recém-estados, ao estipularem o seu sistema interno, devem
respeitar o modelo federal. O princípio surge justamente com a federação brasileira.
O legislativo continua sendo bicameral, entretanto, a eleição para senadores e deputados será em
todo o país. Os senadores, antes vitalícios, passam a ter mandato, assim como os deputados.
Com relação à separação dos poderes, o legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, com a
sanção do presidente da república. Já o executivo, quem exerce é o presidente da república, eleito pela nação.
O poder judiciário tem, em sua formação, a criação do Supremo Tribunal Federal, além de tantos
juízes (que eram vitalícios) e tribunais federais quantos o Congresso criar. Percebe-se que não se admitia que
o poder executivo pudesse criar novos cargos ou vagas para juízes, sendo essa uma decisão do poder
legislativo. A grande conquista dessa constituição foi o empoderamento do parlamento, do Congresso
Nacional, em relação ao poder executivo.
A responsabilização do presidente passa a existir, sendo este submetido a processo e julgamento. Ou
seja, a definição de impeachment vem desenhada ainda na constituição da primeira república.
Art 1º - Os Estados Unidos do Brasil mantêm, sob o regime representativo, a Federação e a República.
Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido.
O poder legislativo continua sendo bicameral, exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da
Câmara dos Deputados e do retorno do Senado Federal, sendo, os deputados, eleitos como representantes
do povo e, os senadores, como representantes dos estados.
Os poderes voltam a ser equilibrados entre si, com a total equalização entre poder executivo e
poder legislativo. Há o empoderamento do poder legislativo, com uma maior força do Congresso Nacional,
uma vez que, ainda com o veto do presidente em algum projeto de lei, o Congresso pode rejeitá-lo e publicar
a lei. Quanto ao poder judiciário, o STF volta a agir com força, prevendo-se, também, o Tribunal
Federal de Recursos.
A responsabilidade do presidente retorna a ser aquilo que tinha sido conquistado anteriormente, ou
seja, retorna o processo de impeachment, assim como o controle de constitucionalidade volta a ser forte, sem
a possibilidade de rejeição da inconstitucionalidade.
Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. Este é que
recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as
revoluções, a sua legitimação.
Art. 1º - São mantidas a Constituição de 1946 e as Constituições estaduais e respectivas Emendas, com
as modificações constantes deste Ato.
Art. 4º - O Presidente da República poderá enviar ao Congresso Nacional projetos de lei sobre qualquer
matéria, os quais deverão ser apreciados dentro de trinta (30) dias, a contar do seu recebimento na
Câmara dos Deputados, e de igual prazo no Senado Federal; caso contrário, serão tidos como
aprovados.
Parágrafo único - O Presidente da República, se julgar urgente a medida, poderá solicitar que a
apreciação do projeto se faça, em trinta (30) dias, em sessão conjunta do Congresso Nacional, na forma
prevista neste artigo.
Art. 7º - Ficam suspensas, por seis (6) meses, as garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade e
estabilidade.
Ao analisar os artigos, resta clara a ruptura do sistema. Deve-se atentar que, no momento do Ato
Institucional 1, o mandato do presidente estava em curso e, mesmo assim, foi determinada nova eleição -
indireta - em dois dias após a publicação do Ato, rompendo o mandato do presidente em exercício. Ainda,
atribui ao executivo a iniciativa de apresentar qualquer projeto de lei, com possível aprovação tácita,
demonstrando a disparidade entre os poderes.
Com a edição do Ato Institucional 4, publicado em 1966, dá-se a entender que houve a convocação
do Congresso Nacional para a legitimação do texto visivelmente programado pelo executivo e para o
executivo.
Ademais, embora o preâmbulo da nova constituição diga que foi promulgada, o contexto evidencia
7 PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO
O preâmbulo nos dá um indicativo do modelo de Estado adotado. É onde se encontram os grandes
valores compartilhados pela nação. O STF já disse que o preâmbulo não condiciona a atuação do
intérprete, mas dá um caminho de interpretação, trazendo valores subjacentes ao texto que se outorga ou
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”.
3
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.
11.2 ESPÉCIES
> Quanto ao Conteúdo
Podem ser normas materialmente constitucionais, que são aquelas normas que precisam estar na
CF, pois são sua essência. Ou, podem ser normas formalmente constitucionais, que não precisavam estar na
CF, mas foram inseridas no texto constitucional.
As normas formalmente constitucionais não são menos importantes que as materialmente
constitucionais. Uma vez inseridas na Constituição Federal, toda norma tem o mesmo nível hierárquico.
CONSTITUIÇÃO SUPER RÍGIDA: existe uma opinião doutrinária, de Alexandre de Moraes, que
sugere uma classificação específica para a nossa CF/88, dizendo ser super rígida, pois existem normas
que podem ser modificadas, que requerem um procedimento sofisticado. Mas, em contrapartida,
existem normas que não podem ser modificadas - as cláusulas pétreas.
ESCRITA RÍGIDA OU
SUPER RÍGIDA
CONSTITUIÇÃO
FEDERAL DE 88
FORMAL E DOGMÁTICA
MATERIALMENTE
CONSTITUCIONAIS PROMULGADA
12 PODER CONSTITUINTE
12.1 ESPÉCIES
Poder constituinte originário vem demonstrado no preâmbulo da Constituição Federal:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Aqui, se tem uma CF oriunda do trabalho originário de uma Assembleia Nacional Constituinte
eleita para tal tarefa. Percebe-se, então, que o poder constituinte originário pode ser exercido através de
Assembleia Nacional, ou a partir de uma revolução e guerra. É graças a esse tipo de manifestação que se
trazem as resultantes como característica do poder originário. É aquele que origina a CF e o novo Poder de
Estado, que é revolucionário, decorrido de guerra ou de uma Assembleia Nacional, sendo conhecido como
ilimitado ou incondicionado, se exercendo o máximo poder que o Estado pode. Assim, o poder originário é
aquele que dá a origem a algo, que origina a própria Constituição.
Já o poder constituinte derivado, é aquele que deriva de algo, ou seja, do próprio texto
constitucional. Portanto, só pode ser exercido nos limites do texto do qual deriva. Diferentemente do
originário, encontra condições e limites jurídicos para o seu exercício. O art. 60, da CF, traz vários limites
ao poder constituintes. Deste modo, pode alterar o texto constitucional, desde que dentro dos limites
impostos pelo próprio texto.
Ainda, existe o poder constituinte decorrente significa que decorre do texto constitucional. Busca
fundamento no texto no qual também encontra os seus limites. Diferente do poder derivado, que produz
emendas a CF, que muda o texto constitucional, o decorrente é exercido pelos estados-membros quando
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no
prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis
meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na
Constituição Federal e na Constituição Estadual.
12.2 CARACTERÍSTICAS
13 REFORMA CONSTITUCIONAL
A reforma constitucional pode ser feita através da revisão constitucional ou da emenda
constitucional. Antes de tudo, é importante lembrar um aspecto específico de que, às vezes, o congresso
promulga uma emenda constitucional, que é produzida no contexto de poder constituinte derivado e não
encontra limites no tempo. A história constitucional compreende a experiência de que logo depois que se
promulgou a CF, se sabia que existiram imperfeições no texto. E se sabia que mudar a CF era algo muito
complexo.
Para começo de conversa, quando se pensa em limites formais, deve se pensar quem é que pode dar
início ao processo de emenda, conforme demonstrado no artigo acima transcrito. Assim, em termos
formais, se tem a legitimidade, o procedimento e o quórum para aprovação. A proposta será discutida e
votada em cada uma das Casas do Congresso Nacional, em dois turnos, devendo obter, em ambos os
turnos, três quintos (3/5) dos votos dos respectivos membros. Isso significa que a emenda deve ser
aprovada por quatro vezes dentro do Congresso Nacional. A matéria de emenda que for rejeitada ou
prejudicada justamente por não atingir o quórum específico para aprovação, não poderá ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.
Outra possibilidade de limites são os limites materiais, ou seja, matérias que não podem ser
tratadas por emendas constitucionais e que estão descritas no art. 60, §4º da CF, conhecidas como cláusulas
pétreas ou de barreira:
Por fim, existem os limites circunstanciais, que são as circunstâncias que impedem a votação das
emendas. Deste modo, a Constituição Federal não pode ser emendada quando houver intervenção federal,
estado de defesa ou estado de sítio, conforme o art. 60, §1º do texto constitucional.
Existe também uma questão histórica, em que a Constituição do império de 1824, previu os limites
temporais. Proibiu a possibilidade de qualquer alteração de seu texto por cinco anos a partir de sua outorga,
tamanha era a necessidade de estabilização. Refletindo sobre esta estabilidade programada de cinco anos, se
pensa que naquele momento estava a se reafirmar e, em segundo, a constituição estava sendo outorgada pelo
imperador, que também exercia o poder moderador, centralizando todo o poder nas mãos deste, não querendo
que a Assembleia modificasse este poder.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
Todas, de um jeito ou de outro, são resultantes da expressão “do poder político” exercido pelo poder
executivo e legislativo. O fato é que o texto jurídico é resultante de opções políticas. Textos políticos,
produzidos por políticos eleitos para este fim. Se isso acontece com tratados, medida provisória, lei ordinária,
a intensidade do caráter políticos do texto constitucional é muito grande. Apesar de ser político, é feito
para limitar o próprio poder político.
16.2 PARTICULARIDADES
Todas as particularidades têm um único objetivo, qual seja, a defesa e harmonia da Constituição
Federal. A interpretação sistemática é um postulado que preconiza que as normas constitucionais não
podem ser analisadas de forma isolada, como se fossem elementos autônomos, independentes, caseados
em si mesmos.
O princípio da unidade do texto constitucional é outro postulado de aplicação das normas
constitucionais. Não existe hierarquia entre um ou outro direito, devendo levar em consideração a análise
do caso concreto. Não há hierarquia entre normas constitucionais originárias, pois se for norma decorrente de
emenda, ou seja, fruto do exercício do poder constituinte derivado, é evidente que haverá hierarquia entre as
normas da emenda e o art. 60 da CF.
Presunção de constitucionalidade das leis é outra particularidade, onde a constitucionalidade é
presumida, ou seja, toda e qualquer pessoa deve cumprir as leis e atos normativos no Brasil. Isso envolve
tanto a cidadania comum, como toda e qualquer autoridade pública, não podendo nem o presidente
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
Este é o início da Constituição, onde se estabelece que está a se tratar de uma República
Federativa, em um Estado Democrático de Direito. O artigo traz cinco incisos que são: soberania,
cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo
político.
A soberania trata da igualdade entre Estados em âmbito internacional, conforme a ONU. União e
República Federativa do Brasil são diferentes, pois a União é a soma dos Estados federados e o seu chefe é
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.
Existe uma lógica nestes princípios, qual seja, o de coerência entre os incisos, adaptando a relação
do Brasil com todos os outros Estados soberanos, com relação ao respeito entre ambos.
Um dos princípios é a prevalência dos direitos humanos, que trata de um diálogo elementar da
república com todos os demais países democráticos, em busca da solução dos conflitos, onde os países
cooperam em prol da humanidade. A permeabilidade do sistema e a integração entre sistemas são
informações importantes quando se fala no assunto. Quando se diz que o Brasil em suas relações
internacionais é permeável em prol dos direitos humanos, se está dizendo que o Brasil admite o diálogo de
fontes. Já a integração, se está dizendo que o art. 4º representa a opção constituinte pelo constitucionalismo
em rede, ou seja, uma cooperação entre vários sistemas na busca da maior efetividade e prevalência dos
direitos humanos.
Outro princípio é a solução pacífica dos conflitos, que nada mais é do que solucionar os conflitos de
> Existe alguma relação entre as gerações de direitos e os modelos de Estado? A relação entre estes
existe. A medida em que se cria no texto constitucional uma ampla relação de direitos sociais, deixa-se
óbvio que o modelo de Estado adotado é o modelo de Estado Social (na perspectiva dos direitos
humanos). Os fundamentos para se afirmar que o modelo de Estado é o Social, estão na própria Constituição
Federal. Alguns exemplos, são o arts. 6º, 7º e 9º da CF.
22 POSITIVAÇÃO INTERNA
Quando se fala em positivação dos direitos humanos no âmbito interno, deve se analisar a diferente
entre direitos humanos e direitos fundamentais, onde o direito fundamental é a positivação no âmbito
interno de um país e um sistema jurídico de um direito humano previsto e defendido em escala
internacional.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
O art. 6º da CF também prevê direitos fundamentais, demonstrando, assim, que o art. 5º não é
exaustivo. Existem vários artigos do texto constitucional que explicitam de forma direta direitos que, embora
previstos no art. 5º, precisavam de uma depuração específica para cada contexto.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
23.5.2 Características fundamentais que envolvem a discussão sobre direitos fundamentais como
princípios
> Normas Abertas X Normas Fechadas: as normas abertas têm por característica a ausência de preceitos
legais. O art. 5º da CF alega que todos têm direito à vida, igualdade, liberdade. Entretanto, percebe-se que
não é possível saber até onde se estende esses direitos principiológicos a não ser com a análise do caso
concreto no momento em que eles se encontram e colidem com os direitos principiológicos de outrem.
Deste modo, possuem um grande espaço interpretativo para o magistrado, levando muito dos
valores deste, uma vez que não há texto normativo a ser aplicado. Assim, as normas abertas constroem a
norma a partir do caso concreto, levando em consideração a interpretação do magistrado, possibilitando a
discussão acerca das decisões.
No caso das normas fechadas, a principal característica é a falta de espaço para interpretação
desta, devendo ser aplicada de acordo com o que diz o texto normativo.
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.
Ao se analisar o artigo, percebe-se com clareza a presença de um sistema fechado e escrito. Se houver
lacuna, aplica-se analogia, os princípios gerais dos direitos. É um sistema autorreferencial.
Já no Common Law, o sistema é baseado em decisões judiciais, precedentes, históricos
costumeiros de decisões judiciais. Juízes não estão vinculados a uma lei, mas a todas as decisões que foram
proferidas anteriormente a determinado caso concreto.
Assim, a maneira de aplicar o direito é completamente divergente entre os dois sistemas. Para o
Civil Law, deve-se analisar o texto da lei, onde na maioria das vezes não há espaço para interpretação, uma
vez que se considera um sistema fechado, enquanto o Common Law interpreta fatos e precedentes com uma
abertura semântica muito maior, mas totalmente vinculado a estes.
O direito brasileiro, atualmente, vive um momento de miscigenação entre os dois sistemas acima
descritos. O sistema, que sempre foi fechado, acabou sendo invadido por princípios e normas interpretativas,
que devem ser analisadas de acordo com cada caso concreto.
PRINCÍPIOS REGRAS
Norma Aberta Norma Fechada
Co-formação Tudo ou Nada
Grande Abertura Semântica Abertura Semântica Pequena
Common Law Civil Law
> Conflito entre duas Regras Infraconstitucionais: nesses casos, aplicam-se critérios de especialidade
temporal. Deste modo, a regra especial sempre será aplicada sobre a geral; ou, a regra mais nova sobre a
mais antiga.
> Conflito entre Regra Infraconstitucional e Princípio Infraconstitucional: as normas são de mesma
hierarquia. Ou seja, uma regra de lei ordinária, por exemplo, choca-se com um princípio de lei ordinária.
> Conflito entre Regra Constitucional e Regra Infraconstitucional: a regra da Constituição Federal sempre
prevalece sobre regra infraconstitucional, por uma questão de hierarquia.
> Conflito entre Regra Constitucional e Princípio Infraconstitucional: Novamente, se existe regra da CF,
essa prevalece em razão da hierarquia entre as duas normas. Ademais, a regra já foi criada pelo legislador em
anterior análise do princípio durante o período de sua criação.
> Conflito entre Princípio Constitucional e Princípio Infraconstitucional: irá prevalecer o princípio
instituído pela Constituição Federal, por ser hierarquicamente superior ao princípio infraconstitucional.
> Conflito entre Regra Constitucional e Regra Constitucional: quando há o conflito entre duas regras de
igual hierarquia, deve-se utilizar aquele com maior nível de especialidade.
> Conflito entre Regra Constitucional e Princípio Constitucional: nesses casos, utiliza-se o critério de que,
se há regra, já foi feita a ponderação de valores e princípios. Assim, a regra deverá prevalecer sobre o
princípio.
> Quando pode ser aplicado? Quando houver conflitos entre princípios, aplica-se a proporcionalidade do
intérprete. Ou, ainda, quando o texto normativo trabalhar com conceitos jurídicos indeterminados, como a
boa-fé, aplica-se a proporcionalidade com base no caso concreto.
Proporcionalidade e ponderação são técnicas aplicadas em hard cases, ou seja, em casos que
demandam uma reflexão séria e levam à construção da norma que solucionará o caso.
> Quais são as críticas? A doutrina tradicional se preocupa e afirma que, quando há ponderação dos
princípios e harmonização dos interesses, está se criando norma em caso concreto. Assim, o judiciário
estaria legislando para o caso concreto, mesmo essa não sendo sua função.
Há, ainda, uma segunda crítica, onde um dos princípios mais elementares do Estado Democrático
de Direito é a segurança jurídica. E o pressuposto lógico desta segurança é que se saibam, com
antecedência, as consequências das atitudes. No momento que há a ponderação e a utilização da
proporcionalidade, na construção da norma no caso concreto, esta é criada após a ocorrência do fato,
ferindo o princípio da segurança jurídica, uma vez que as consequências para o fato não têm como ser
previstas antes da análise do caso concreto.
> Quais são os limites? A proporcionalidade está limitada aos seus casos de aplicação, isto é, encontra
limites em todos os casos que não envolvam abertura semântica, ou, ainda que não envolvam o conflito entre
direitos fundamentais.
Raio de Amplitude
Normativa do Direito
Cada vez que houver o choque entre direitos fundamentais, deve-se utilizar a ponderação,
aplicando-se a proporcionalidade. Assim, se encontrará uma solução para o caso concreto sem atingir o
núcleo essencial de cada direito.
24.6.1 Conceito
Direito fundamental é indefinido a priori, ou seja, é necessária a atitude do intérprete para defini-lo.
Esta atitude é conhecida como definição a posteriori. Assim, o âmbito de proteção normativa do direito
fundamental será definido a partir da análise do caso concreto pelo intérprete. Essa definição, além de
depender da análise do caso concreto, necessita que haja a colisão com outro direito.
> Existe direito fundamental absoluto? Parte-se do pressuposto de que o direito é feito para regulamentar
as relações humanas para uma vida em sociedade tranquila e segura, se utilizando das regras de coerção e
disciplinamento, de modo que, a maioria das normas jurídicas estão acompanhadas de consequentes
coercitivos. Apesar de seguir regras de conduta, a colisão entre direitos é inevitável. Deste modo, não há, em
regra, direito fundamental absoluto.
O que existe é uma garantia absoluta de proteção contra ato arbitrário e contra a própria condição
humana, que é a vedação à tortura, conforme o art. 5º, III, da CF4. Não existe direito fundamental que entre
em colisão com a vedação à tortura, pois não há outro direito com justificativa suficiente para tal colisão.
4
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
5
EMENTA: - Reclamação. Reclamante submetida ao processo de Extradição n.º 783, à disposição do STF. 2. Coleta
de material biológico da placenta, com propósito de se fazer exame de DNA, para averiguação de paternidade do
nascituro, embora a oposição da extraditanda. 3. Invocação dos incisos X e XLIX do art. 5º, da CF/88. 4. Ofício do
Secretário de Saúde do DF sobre comunicação do Juiz Federal da 10ª Vara da Seção Judiciária do DF ao Diretor do
Hospital Regional da Asa Norte - HRAN, autorizando a coleta e entrega de placenta para fins de exame de DNA e
fornecimento de cópia do prontuário médico da parturiente. 5. Extraditanda à disposição desta Corte, nos termos da
Lei n.º 6.815/80. Competência do STF, para processar e julgar eventual pedido de autorização de coleta e exame de
material genético, para os fins pretendidos pela Polícia Federal. 6. Decisão do Juiz Federal da 10ª Vara do Distrito
Federal, no ponto em que autoriza a entrega da placenta, para fins de realização de exame de DNA, suspensa, em
parte, na liminar concedida na Reclamação. Mantida a determinação ao Diretor do Hospital Regional da Asa Norte,
quanto à realização da coleta da placenta do filho da extraditanda. Suspenso também o despacho do Juiz Federal da
10ª Vara, na parte relativa ao fornecimento de cópia integral do prontuário médico da parturiente. 7. Bens jurídicos
constitucionais como "moralidade administrativa", "persecução penal pública" e "segurança pública" que se acrescem,
- como bens da comunidade, na expressão de Canotilho, - ao direito fundamental à honra (CF, art. 5°, X), bem assim
direito à honra e à imagem de policiais federais acusados de estupro da extraditanda, nas dependências da Polícia
Federal, e direito à imagem da própria instituição, em confronto com o alegado direito da reclamante à intimidade e a
preservar a identidade do pai de seu filho. 8. Pedido conhecido como reclamação e julgado procedente para avocar o
julgamento do pleito do Ministério Público Federal, feito perante o Juízo Federal da 10ª Vara do Distrito Federal. 9.
Mérito do pedido do Ministério Público Federal julgado, desde logo, e deferido, em parte, para autorizar a realização
do exame de DNA do filho da reclamante, com a utilização da placenta recolhida, sendo, entretanto, indeferida a
súplica de entrega à Polícia Federal do "prontuário médico" da reclamante. (Rcl 2040 QO, Relator(a): Min. NÉRI DA
SILVEIRA, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2002, DJ 27-06-2003 PP-00031 EMENT VOL-02116-01 PP-00129).
PARA A PROVA: É interessante fazer uma redação sobre o estudo em paralelo entre Estado Liberal e
Estado Social, com argumentos estruturados e citações para relembrar o assunto e não esquecer nas
provas.
> Os particulares, quando envolvidos na relação jurídica, estão vinculados aos direitos fundamentais?
Essa é a questão que diversos doutrinadores, como Ingo Sarlet e Canotilho levantam acerca da eficácia dos
direitos fundamentais nas relações privadas.
Ingo Sarlet afirma que “Em suma, cuida-se de saber até que ponto pode o particular
(independentemente da dimensão processual do problema) recorrer aos direitos fundamentais nas relações
com outros particulares”.
23.8.4 Pressupostos da Teoria da Eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares
EFICÁCIA DIREITOS
FUNDAMENTAIS ENTRE
PARTICULARES
23.8.5 Eficácia
7
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRABALHO. PRINCÍPIO DA IGUALDADE. TRABALHADOR BRASILEIRO
EMPREGADO DE EMPRESA ESTRANGEIRA: ESTATUTOS DO PESSOAL DESTA: APLICABILIDADE AO
TRABALHADOR ESTRANGEIRO E AO TRABALHADOR BRASILEIRO. C.F., 1967, art. 153, § 1º; C.F., 1988, art. 5º,
caput. I. - Ao recorrente, por não ser francês, não obstante trabalhar para a empresa francesa, no Brasil, não foi
aplicado o Estatuto do Pessoal da Empresa, que concede vantagens aos empregados, cuja aplicabilidade seria
restrita ao empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao princípio da igualdade: C.F., 1967, art. 153, § 1º; C.F.,
1988, art. 5º, caput). II. - A discriminação que se baseia em atributo, qualidade, nota intrínseca ou extrínseca do
“No caso, porque não ocorrentes os fatores que justificariam o tratamento diferenciado, tem-se que iguais
foram tratados desigualmente, o que é ofensivo ao princípio isonômico que a Constituição consagra e
que é inerente ao regime democrático e à república”.
Demonstra-se, no presente caso, a existência dos dois pressupostos necessários para a eficácia dos
direitos fundamentais na relação entre particulares, quais sejam, a existência de um direito fundamental
aplicado (princípio da isonomia) e, a assimetria entre particular (o tratamento diferenciado entre os
empregados franceses e brasileiros).
> Caso União Brasileira de Compositores - RE 201.8198 - Conforme os autos do processo, a União
Brasileira de Compositores excluiu um de seus associados sem seguir as regras de seu próprio estatuto,
ensejando a ação por parte do ex-associado, que obteve êxito.
indivíduo, como o sexo, a raça, a nacionalidade, o credo religioso, etc., é inconstitucional. Precedente do STF: Ag
110.846(AgRg)-PR, Célio Borja, RTJ 119/465. III. - Fatores que autorizariam a desigualização não ocorrentes no caso.
IV. - R.E. conhecido e provido. (RE 161243, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em
29/10/1996, DJ 19-12-1997 PP-00057 EMENT VOL-01896-04 PP-00756).
8
EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO
DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO. I. EFICÁCIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no
âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e
jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não
apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes
privados. II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES.
A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos
princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da
Constituição da República, notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de
autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios
constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que
encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e
garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não
confere aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições
postas e definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no
âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais. III. SOCIEDADE CIVIL SEM FINS
LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA ESPAÇO PÚBLICO, AINDA QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE DE
CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO
DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. As associações privadas
que exercem função predominante em determinado âmbito econômico e/ou social, mantendo seus associados em
relações de dependência econômica e/ou social, integram o que se pode denominar de espaço público, ainda que
não-estatal. A União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do
ECAD e, portanto, assume posição privilegiada para determinar a extensão do gozo e fruição dos direitos autorais de
seus associados. A exclusão de sócio do quadro social da UBC, sem qualquer garantia de ampla defesa, do
contraditório, ou do devido processo constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o qual fica impossibilitado de
perceber os direitos autorais relativos à execução de suas obras. A vedação das garantias constitucionais do devido
processo legal acaba por restringir a própria liberdade de exercício profissional do sócio. O caráter público da
atividade exercida pela sociedade e a dependência do vínculo associativo para o exercício profissional de seus sócios
legitimam, no caso concreto, a aplicação direta dos direitos fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao
“O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência
dos princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados”.
Ainda, o Ministro afirma que o STF já possui histórico de aplicação dos direitos fundamentais às
relações privadas:
“Não estou preocupado em discutir no atual momento qual a forma geral de aplicabilidade dos direitos
fundamentais que a jurisprudência desta Corte professa para regular as relações entre particulares.
Tenho a preocupação de, tão somente, ressaltar que o Supremo Tribunal Federal já possui histórico
identificável de uma jurisdição constitucional voltada para a aplicação desses direitos às relações
particulares”.
Não há dúvidas da possibilidade de aplicar os direitos fundamentais nas relações privadas, uma
vez que vivemos em um Estado Social e o STF tem jurisprudência sólida quanto ao tema.
contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF/88). IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. (RE
201819, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado
em 11/10/2005, DJ 27-10-2006 PP-00064 EMENT VOL-02253-04 PP-00577 RTJ VOL-00209-02 PP-00821)
9
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
(...)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos
(...)
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
23.11.1 Vida
Ao pensar neste direito, deve-se sempre recordar do dilema ente Estado absolutista e Estado
Liberal, onde, por um lado, aquele não tinha limites, podendo inclusive penalizar as pessoas à morte, e
este, que é capitaneado por texto constitucional, fundamentado no discurso democrático, na assertiva de
que o poder pertence ao povo, que se compromete a respeitar os direitos fundamentais.
John Locke estabelece que é evidente que o Estado absolutista, onde alguns homens acreditam ser o
único governo no mundo, é de fato inconsistente com a sociedade civil. Assim, é um paradoxo estipular um
modelo de Estado que promete trazer o mínimo de segurança, se esse mesmo Estado não respeita os
princípios básicos de segurança em detrimento do povo. Ainda, os seres humanos são livres, iguais e
23.11.2 Liberdade
A liberdade é um direito que muitos acreditam ser ampla e irrestrita, mas em realidade, não é.
Vive-se em uma sociedade em que a comunidade tem necessidades infinitas, em um espaço
geograficamente finito. As necessidades, quando atreladas ao espaço disponível, faz com que as pessoas
tenham que coabitar e organizar uma vida em sociedade de modo que haja respeito entre todos e a
todos os direitos. Assim, quanto mais direitos uma pessoa tem, menor será a liberdade de outra pessoa.
23.11.3 Igualdade
Neste direito, se faz necessária a análise da igualdade com lógica de Estado Liberal e com lógica
de Estado Social. O Estado Social respeita os direitos de primeira geração, mas se compromete em
prestar alguns serviços e equalizar desigualdades que sempre foram despercebidas no Estado Liberal.
Assim, a igualdade formal típica do Estado Liberal (todos são iguais perante a lei) é diferente da
igualdade material típica do Estado Social, onde nem todos são iguais, para que o Estado tenha que
praticar as políticas públicas para que um dia sejam iguais, auxiliando aqueles que mais necessitam para
que atinjam pés de igualdade.
23.11.5 Segurança
Este direito é um instituto bifronte, sendo um direito e também uma prestação estatal. A
sociedade tem o direito à segurança. Direito este que deve ser respeitado, mas também é um direito como
serviço social, com prestação de política pública. Gera-se, assim, um paradoxo: quanto mais segurança,
melhor? Não há resposta para tal pergunta, uma vez que sempre irá se conviver com este paradoxo, se
perguntando até que ponto a segurança irá invadir a nossa intimidade em prol da nossa própria
segurança.
» Segurança jurídica nas Relações entre particulares: traz a ideia de disciplinamento da população, pois
é uma população com necessidades infinitas, em um espaço finito. Cedo ou tarde, apesar de disciplinado,
haverá a quebra do pacto social (praticar crime, sonegar impostos) por algum indivíduo da sociedade e, é
neste momento, que entra em cena a lógica do direito de antecedente X consequente. Ocorrendo a
exceção de quebra do pacto, o Estado deve agir. A atuação do Estado na relação entre particulares é a
atuação do poder judiciário e da administração pública. São as duas esferas de poder aptas a aplicar
consequências jurídicas nos casos de quebra do pacto social nessas relações, para haver a estabilização
social.
» Segurança jurídica nas relações entre Estado e indivíduos: situação que envolve limites ao poder do
Estado. Mesmo o Estado, em sua legitima coercibilidade, encontra limites. E estes limites são justificados
desde as épocas de transição de Estado absolutista para Estado Liberal.
Ocorre que, o próprio Estado pode quebrar a estrutura normativa, a legalidade, ocorrendo muitas
vezes de modo proposital ou por engano. O fato é que, essas inconstitucionalidades acontecem e é necessário
que se recomponha a normatividade estatal através da premissa da supremacia da CF e dos limites ao
poder executivo. Agir em prol da defesa da segurança jurídica. É a atuação do Estado é através do poder
judiciário e Ministério Público para a recomposição da normatividade estatal e a estabilização normativa.
» Segurança jurídica nas relações entre poderes: todos sabem que os poderes são harmônicos e
independentes, pois existem mecanismos de equalização do exercício do poder e, através destes, um poder
sempre está a controlar a atividade dos outros poderes, havendo a estabilização política através da
segurança jurídica nessas relações entre os poderes.
» Segurança Jurídica – Direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada (XXXVI)
É direito fundamental, conforme o artigo 5º, XXXVI, da CF, a não prejudicialidade do direito
adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada. A Coisa julgada trata-se de um instituto que
estabelece que, caso um assunto já tenha sido decidido no poder judiciário, através de um processo, tendo
uma decisão final, não cabendo mais recursos e havendo o trânsito em julgado, as partes do processo não
podem voltar a discutir o assunto. Assim, lei nenhuma pode prejudicar algo que já foi julgado com
trânsito em julgado.
Sendo protegido o novo julgamento sobre questão que já transitou em julgado, no caso em que
envolve o arquivamento do processo por atipicidade penal, também se produz coisa julgada. Desta
maneira, o desarquivamento do processo por surgimento de novas provas não é possível, sendo, a coisa
» Segurança Jurídica e suas consequências jurídicas: em tese, toda decisão judicial estadual é passível
de rediscussão por seu tribunal superior. Ou seja, o poder judiciário, que faz parte do sistema brasileiro, é
um sistema complexo e tradicionalmente se discute muito procedimento e pouco do assunto central. Já no
sistema do Reino Unido, a justiça criminal funciona de modo diferente. Lá, o juiz analisa os fatos de direito
e, uma vez condenada, a pessoa também tem direito a apelar. Ocorre que, a apelação, no Brasil, é interposta
perante órgão superior. No Reino Unido, apela-se para o juiz que condenou, sendo que deve ser pedida
permissão para apelar e, apenas o fará, caso o seja permitido. Não se discute qual sistema é melhor ou pior,
mas se analisa e se percebe um Estado prático e um Estado com bastante eficiência de justiça. O
magistrado está no centro de sistema de justiça inglês. E, no brasileiro, é a figura do advogado, na
defesa de seus clientes, que está no centro do sistema, fazendo toda a diferença na análise deste e na
jurisprudência dos tribunais, quando o assunto é segurança jurídica.
» Juiz Natural e Tribunais de Exceção: o artigo 5º, em seus incisos XXXVII e LIII, traz estes dois
institutos, afirmando que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
(...)
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
(...)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
É a partir desses dois direitos, que serão analisados casos em que, muitas vezes, se fica na dúvida
quanto a sua constitucionalidade:
→ Convocação de juízes de 1º grau para substituir desembargadores: quando o desembargador de
uma turma do tribunal tira férias, ou então, sai de licença, o funcionamento da turma não pode parar. Então,
se convoca juiz de 1º grau para substituir o desembargador pelo período que for necessário. Segundo o
STF, esta convocação não ofende o princípio do juiz natural e não constitui tribunal de exceção,
especialmente porque a escolha é feita por juízes mais antigos, havendo rotatividade entre os convocados.
→ Especialização de Vara Federal: pela complexidade de algumas causas e pelo nível de
especificidade de alguns assuntos, é necessária a especialização de varas federais. Não importa o assunto,
mas sim a especialização, não ofendendo o princípio do juiz natural. Foi a partir deste pensamento que se
criou, por exemplo, a Vara Especializada em Direitos Ambientais.
Deve-se atentar que, se um processo já está tramitando em Vara comum, mas cria-se uma
Vara especial, durante o trâmite do processo, este será redistribuído para a Vara especializada, uma vez
que, os juízes desta terão maior sabedoria e respaldo para analisar o caso.
→ Especialização de Vara Federal por resolução: por conta do momento político que o Brasil se
encontra, o Tribunal, por resolução, especializou Vara Federal para tratar de crimes envolvendo apenas
lavagem de direito. Essa resolução foi levada até o STF, em sede de Controle de Constitucionalidade, onde
foi decidido que o ato do tribunal foi legitimo, mantendo-se a especialização de Vara Federal por resolução.
→ Remessa de processo, por conexão, a Vara Federal especializada: este assunto é extremamente
importante para provas de sentença da magistratura. Por vezes, ocorrerá a remessa de processo para
Vara Federal especializada pois, entre os vários atos cometidos, está um que diz respeito a assunto destinado
a está Vara especializada. Assim, no momento em que se identifica matéria referente à Vara especializada, o
processo deverá ser desmembrado, encaminhando cópia do processo para esta, onde se julgará o assunto
específico e, as demais matérias serão discutidas em Vara comum.
→ Delegação da instrução de processo originário à juiz de 1º grau: muito comum ocorrer a
delegação de atos do processo, onde o desembargador precisa de prova, ou está julgando um processo
originário do tribunal. Nessas hipóteses, é possível que desembargadores deleguem juízes de primeiro
grau de jurisdição à instrução do processo, ou seja, interrogatório e oitiva de testemunhas.
→ Designação de magistrado para atuar em outra vara: é possível que juiz seja designado para
substituir temporariamente magistrado em alguma outra Vara, não ferindo o princípio do juiz natural,
nem o de não criação de Tribunais de Exceção.
→ Julgamento colegiado em 1º grau: conforme a Lei n. 12.694, o juiz criminal de primeira instancia
Quando o crime é cometido por agente com foro de prerrogativa de função e por agente
sem prerrogativa, só será cabível a divisibilidade da ação caso seja possível separar as condutas de cada
agente. Caso seja possível a divisibilidade, cada agente será julgado pelo seu foro competente.
Quanto ao foro por prerrogativa, é importante ressaltar que os atos investigatórios, a
investigação antes da investidura, o indício de crime por autoridade com prerrogativa, o encontro fortuito de
prova, a ratificação da denúncia pelo Ministério Público são todas vinculadas ao inquérito policial. Durante
os atos investigatórios, o inquérito sempre seguirá a prerrogativa, ou seja, se for instaurado inquérito
» Contraditório e Ampla Defesa: o artigo 5º, em seu inciso LV, da CF, traz o direito ao contraditório e a
ampla defesa aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
com os meios e recursos a ela inerentes. Este direito sempre envolve processo judicial ou administrativo.
O assunto é, inclusive, tema da Súmula Vinculante n. 14:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Questionam-se esses direitos quando se tem o inquérito sigiloso. É muito comum que, muitas das
provas corram em sigilo até que a operação seja perfectibilizada. Nesse caso, ocorrerá sim o contraditório,
que será diferido no tempo. O advogado terá acesso aos autos e todas as provas, mas apenas após o
cumprimento das diligências essenciais a operação.
» Inadmissibilidade de Provas Ilícitas: o artigo 5º, inciso LVI, da CF proíbe a admissão de provas ilícitas
no processo. Assim, existem casos em que o STF precisou interferir para se decidir se era prova ilícita ou
não.
Foi o que aconteceu com a gravação ambiental feita por um dos interlocutores e a gravação de
conversa telefônica por um dos interlocutores, ficando decidido que é possível como meio de defesa,
sendo admitida, também, a interceptação telefônica quando esta for o único meio de prova possível,
podendo ser, ainda, haver sua prorrogação sucessiva, cada uma com o prazo de 15 dias. Quanto a quebra
de sigilo, se decidiu que deve haver fundamentação verticalizada comprovando a necessidade da medida,
uma vez que é um ato judicial intenso que interfere no núcleo do direito de segurança e no direito à
vida privada.
Por fim, é importante analisar a prova ilícita por derivação, que é aquela prova produzida por meio
ilícito, onde todas as demais provas decorrentes daquela, serão consideradas ilícitas, pois a prova
24 DIREITOS SOCIAIS
24.1 PREVISÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E MODELO DE ESTADO
O modelo de Estado Liberal surge a partir de uma transição do sistema absolutista, para um
sistema limitado pelo próprio poder e pelo próprio texto, surgindo um modelo de estado que encontra limites
no texto da constituição. Entre esses limites do poder do Estado são os direitos fundamentais. Ou seja, o
Estado pode muito coisa, até o limite dos direitos fundamentais tal qual previsto na CF. Assim, os
direitos de primeira geração são aqueles que servem como barreira ao poder do Estado não podendo,
este, ultrapassar os limites concebidos pelo povo.
Já os direitos de segunda geração nascem quando o Estado se obriga a agir em prol da sociedade.
Esses direitos têm a ver com outro modelo estatal, pois se percebeu que o Estado Liberal não estava mais
cumprindo com as funções necessárias. Assim, o Estado que vinha se abstendo antes, passa a agir e assumir
responsabilidades, prestando auxílio em vários campos de necessidade do cidadão. Estes direitos estão
na CF a partir do artigo 6º.
É imprescindível para esses direitos que o Estado atue em prol de sua fruição, que preste auxílio à
sociedade, para que atinja um nível de vivência social. É aqui que se encaixam as políticas públicas, como
de segurança, de educação.
» Existe alguma relação entre as gerações de direitos e os modelos de Estado? A relação entre estes
existe. A medida em que se cria no texto constitucional uma ampla relação de direitos sociais, deixa-se
óbvio que o modelo de Estado adotado é o modelo de Estado Social (na perspectiva dos direitos
humanos).
Os fundamentos para se afirmar que o modelo de Estado é o Social, estão na própria Constituição
Federal. Alguns exemplos, são o artigo 6º, 7º e 9º da CF (que serão analisados ainda neste material). Além
disso, o preâmbulo e o artigo 3º (objetivos fundamentais da república):
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
O artigo 3º da CF traz:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
Percebe-se que o direito de transporte só passou a fazer parte deste rol em 2015, com a EC 90.
Estes direitos são chamados de segunda geração pois só com o resguardo deles que consegue se fruir os
direitos de primeira geração.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
Segundo este primeiro inciso, a relação de emprego deve ser protegida nos casos previstos. Deste
modo, se tem a despedida arbitrária ou sem justa causa e a dependência de elaboração de lei
complementar. A CF prevê uma complementação e, por muitas vezes, ela demora a acontecer ou nunca
ocorre. Neste caso, o próprio constituinte originário previu no artigo 10 do ADCT, as hipóteses em que fica
vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa até que seja promulgada a lei complementar:
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem prevista no art.
6º, "caput" e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o
registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
É o caso do seguro-desemprego. No Brasil, não são raros os casos em que se percebe que a relação
de desemprego foi acertada entre as partes, sendo crime, pois o dispositivo é claro, no sentido de que só
recebe o seguro aquele que se encontra desempregado involuntariamente.
Já o terceiro inciso envolve o FGTS:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
Uma das questões atinentes ao FGTS tem a ver com a cobrança de valores não recolhidos a título
Outro inciso importante é o que se refere ao salário mínimo, sendo assim descrito na Constituição
Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
É um dispositivo extenso, com muitas informações importantes, que são requisitos para o salário
mínimo. Quanto ao reajuste do salário mínimo, o STF, no ADI 4.568/DF11 decidiu que o Presidente da
República pode reajustar o valor do salário mínimo, desde que por intermédio de decreto regulamentar.
Estes reajustes, ainda, devem ser periódicos. Outro requisito importante é a vedação da vinculação do
salário mínimo para qualquer fim.
Quanto à vedação da vinculação, a Súmula Vinculante 4, do STF, declara:
SÚMULA VINCULANTE 4: Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial.
Também foram editadas Súmula Vinculante 6 e 15, onde aquela traz que o estabelecimento de
remuneração inferior ao salário mínimo não viola à CF para as praças prestadoras de serviço militar
inicial. E esta diz que o cálculo de gratificações e outras vantagens não incide sobre o abono utilizado
para se atingir o salário mínimo.
11
CONSTITUCIONAL. VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO. ART. 3. DA LEI N. 12.382, de 25.2.2011. VALOR NOMINAL A
SER ANUNCIADO E DIVULGADO POR DECRETO PRESIDENCIAL. DECRETO MERAMENTE DECLARATÓRIO DE
VALOR A SER REAJUSTADO E AUMENTADO SEGUNDO ÍNDICES LEGALMENTE ESTABELECIDOS.
OBSERVÂNCIA DO INC. IV DO ART. 7. DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. 1. A
exigência constitucional de lei formal para fixação do valor do salário mínimo está atendida pela Lei n. 12.382/2011. 2.
A utilização de decreto presidencial, definida pela Lei n. 12.382/2011 como instrumento de anunciação e divulgação
do valor nominal do salário mínimo de 2012 a 2015, não desobedece o comando constitucional posto no inc. IV do art.
7o. da Constituição do Brasil. A Lei n. 12.382/2011 definiu o valor do salário mínimo e sua política de afirmação de
novos valores nominais para o período indicado (arts. 1o. e 2o.). Cabe ao Presidente da República, exclusivamente,
aplicar os índices definidos legalmente para reajuste e aumento e divulgá-los por meio de decreto, pelo que não há
inovação da ordem jurídica nem nova fixação de valor. 3. Ação julgada improcedente.(ADI 4568, Relator(a): Min.
CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 03/11/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-065 DIVULG 29-03-2012
PUBLIC 30-03-2012 RTJ VOL-00226-01 PP-00389)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
A LC 103/2000 autoriza que os Estados legislem sobre os pisos salarias em cada unidade da
federação. Foi com base no artigo 22, p.ú da CF12 que a União passou a deixar que os Estado legislem sobre
o assunto.
Outros direitos previstos no artigo 7ª da CF são: a irredutibilidade do salário e a garantia do
salário, gratificação natalina, remuneração noturna, proteção do salário, participação nos lucros
(incentivando a produtividade), assim como o salário-família e a duração da jornada de trabalho.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
Quanto à duração da jornada de trabalho, está previsto que não poderá ser superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais. Esta é a regra utilizada pelo sistema brasileiro, podendo haver suas
exceções, como a possibilidade de compensação, ou horários especiais. Para os cargos de gestão, ou seja,
gerentes, o STF entende que não há necessidade do controle de jornada, pois pressupõe uma dedicação
além do patamar normal dentro da empresa, havendo, inclusive, remuneração diferenciada para esta gestão.
12
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Há, também, a possibilidade de jornada de seis horas de trabalho, prevista no artigo 7º, XIV da CF,
devendo ser realizado, o trabalho, em turnos ininterruptos de revezamento. Aqui, entra em questão os
intervalos feito pelo trabalhador durante seu serviço. Para decidir o assunto, foi editada a Súmula 675 do
STF:
SÚMULA 675: Os intervalos fixados para descanso e alimentação durante a jornada de seis horas não
descaracterizam o sistema de turnos ininterruptos de revezamento para o efeito do art. 7º, XIV, da
Constituição.
Ou seja, a CLT prevê a possibilidade de intervalo para jornada de trabalho de seis horas e, conforme
súmula supracitada, estes intervalos não descaracterizam o sistema de turnos ininterruptos de revezamento.
Igualmente, o dispositivo constitucional prevê o repouso semanal remunerado e o regime do
serviço extraordinário, conhecido como horas-extras.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
O direito de licença à gestante, assim como a licença paternidade, também estão abrangidos pelo
artigo dos direitos sociais, em seu artigo 7º, XVIII e XIX da CF. Mas, o interessante é lembrar que o prazo
para a licença adotante, ou seja, a licença para pais que adotam, não pode ser inferior que o prazo da
licença gestante, não importando a idade da criança adotada, conforme o RE 778.889/PE13, que teve
repercussão geral.
A licença paternidade tem o prazo de 5 dias, conforme o artigo 10, §1º, ADCT, até que se crie lei
para disciplinar o assunto. Entretanto, em 2008 foi criada a Lei 11.770, conhecida como Empresa Cidadã,
que traz a prorrogação da licença paternidade para 15 dias, para os trabalhadores das empresas inscritas
neste programa criado.
O trabalho da mulher, aviso prévio e os riscos no trabalho estão arrolados no artigo 7º do texto
constitucional:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
A Súmula 736 do STF trata mais a fundo os riscos no trabalho, afirmando que compete à Justiça do
Trabalho julgar os casos que cuidem do descumprimento de normas trabalhistas quanto à segurança,
13
PERÍODO DE LICENÇA-MATERNIDADE. SERVIDORAS PÚBLICAS. EQUIPARAÇÃO ENTRE GESTANTES E
ADOTANTES. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. Constitui questão constitucional saber se a lei pode ou
não instituir prazos diferenciados para a licença-maternidade concedida às servidoras gestantes e às adotantes,
especialmente à luz do art. 227, § 6º, da CF/88. 2. Repercussão geral reconhecida. (RE 778889 RG, Relator(a): Min.
ROBERTO BARROSO, julgado em 20/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-046 DIVULG 10-03-2015 PUBLIC 11-
03-2015 )
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso.
O inciso XXVIII traz o direito do empregado de receber seguro contra acidentes de trabalho,
pago pelo empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer dolo ou culpa.
Percebe-se que existe o seguro e a indenização no momento em que o empregador agir com dolo ou culpa.
Assim, a Súmula Vinculante 22 traz:
SÚMULA VINCULANTE 22: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de
indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.
A prescrição, para ações trabalhistas, conforme o inciso XXIX, possui dois prazos diversos. Assim,
tem o prazo prescricional de dois anos, começando a contar no momento da extinção do contrato de
trabalho, para entrar com ação para cobrar verbas e indenizações. Caso não entre com ação neste prazo de
dois anos, ocorrerá a prescrição. Se o empregado ajuizou ação no tempo previsto, ele tem o direito de cobrar
as verbas e indenizações dos últimos cinco anos. Diante disso, se um empregado foi admitido em 2000,
trabalhou na empresa até 2015 e, neste período fazia horas-extras, que nunca recebeu, bem como não vinha
recebendo a gratificação natalina desde 2008. Neste caso, o empregado tem, do momento da extinção do
contrato, dois anos para ajuizar ação, podendo ser feito, assim, até 2017. Como tem o direito de cobrar as
verbas dos últimos cinco anos, a sua demanda mudará dependendo do momento em que ajuizou a ação. Caso
tenha ajuizado ação um da após a extinção do contrato, em 2015, poderia cobrar as horas extras e as
gratificações natalinas de 2010 até 2015.
O inciso XXX traz assunto muito relevante para concursos públicos, uma vez que fala sobre a
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
25 DIREITO DE NACIONALIDADE
A nacionalidade vai além de brasileiros natos e naturalizados, existindo o caso de apátridas e de
portugueses equiparados. O apátrida é aquele que não tem vinculação jurídica alguma com Estado
algum, não pertencendo a nenhuma pátria. Hoje, há cerca de 10 milhões de pessoas no mundo que não são
cidadãos de Estado nenhum.
A ONU, no artigo 15 da Declaração Universal do Direitos dos Homens diz que todo indivíduo tem
direito a uma nacionalidade. Também diz que, ninguém pode ser privado de uma nacionalidade ou de trocar
de nacionalidade. Assim, é direito de nacionalidade o direito de a pessoa pertencer a qualquer país do mundo,
desde que cumpridos os requisitos soberanos de cada nacionalidade.
Ao aprender sobre a teoria geral do Estado, se aprende sobre Estado, soberania e o que se considera
população de um Estado. Esta, envolve nacionais e estrangeiros residentes no país. Não é à toa que, o
artigo 5º, caput, da CF, traz que todos são iguais perante a lei, deferindo os direitos fundamentais aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes também. O fato é que o STF se manifestou acerca da abrangência
do artigo, afirmando que abrange não somente estrangeiros residentes, como qualquer pessoa que esteja
25.1 NACIONAIS
Os nacionais formam um grupo composto por brasileiros natos e brasileiros naturalizados,
diferente da população, que envolve também os estrangeiros aqui residentes, assim como os nacionais
(brasileiros natos e naturalizados).
Segundo o artigo 12, I da CF, brasileiro nato é aquele nascido no Brasil:
Isso significa que a CF utilizou o princípio doutrinário jus soli. Além deste critério, existe o
critério da consanguinidade. Ou seja, se a pessoa nasce no Brasil e é filha de pais brasileiros, esta pessoa
é brasileira nata, assim como em casos de filho que nasce em solo brasileiro, de pais estrangeiros que
não estejam a serviço de seu país. Aqui deve se atentar para uma peculiaridade, pois apenas é brasileiro
nato aquele filho de pais estrangeiros que não estão a serviço de seu país. Isso porque uma família que
acompanha um diplomata, ao ter filho no Brasil, por exemplo, por estar a serviço do seu país de origem, faz
com que seu filho não seja considerado brasileiro, mas sim cidadão do país de origem do diplomata. É
possível que no país de origem existam outras regras, mas o que importa é a regra brasileira, no momento.
Quando filhos de brasileiros nascem em território estrangeiro, se os pais estão a serviço do Brasil,
aqueles serão brasileiros natos. Ainda, há a possibilidade de a criança nascer no exterior e ter pai ou mãe
brasileiros. Se a criança for registrada em repartição brasileira competente no país em que nasceu,
também é considerada brasileira nata. Ou, se filho nascido no exterior, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
passe a residir no Brasil, ao atingir a maioridade pode optar pela nacionalidade. Existe a ação de opção
pela nacionalidade brasileira. Essa ação não aceita a representação de menor. Então, é um direito
personalíssimo que não admite a representação processual, devendo aguardar a maioridade da criança, para
ser ajuizada a ação se auto representando, para optar ou não pela nacionalidade brasileira. Caso entre com
ação, este será considerado brasileiro nato.
Já os brasileiros naturalizados estão arrolados no artigo 12, inciso II da CF.
As exceções têm por base a noção de patriotismo, ou seja, algo que se sente e que é inerente à pessoa
que tem uma vinculação muito mais afetiva do que jurídica com a nação. Deste modo, alguns cargos
públicos são reservados e privativos aos brasileiros natos, por conta do patriotismo. Os cargos de
presidente e vice-presidente, assim como de presidente da Câmara de Deputados e do Senado Federal,
pois deve se recordar que existe ordem de sucessão entre estes cargos, no caso de vacância. Outra explicação,
é a importância política destes cargos para a República Federativa do Brasil.
Outra exceção à proibição de distinção está elencada no artigo 89, inciso VII14, também da
14
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam:
(...)
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente
25.2 EXTRADIÇÃO
A extradição de brasileiros natos é proibida. Porém, os brasileiros naturalizados podem ser
extraditados, desde que cumpridos os requisitos necessários. Não pode ocorrer a extradição de brasileiros
naturalizados por crime político ou de opinião.
No caso do brasileiro naturalizado, a perda da nacionalidade pode ocorrer quando, por sentença
da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de
três anos, vedada a recondução
15
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sede no País.
(...).
26 DIREITOS POLÍTICOS
Existem dois assuntos fundamentais acerca dos direitos políticos. O primeiro envolve a soberania
popular. E o segundo envolve os partidos políticos. Falar em direitos políticos é falar em democracia, logo,
em atribuir poder a alguém. Isso porque, se está acostumado a uma forma democrática que não é direta em
sua prática, mas sim baseada em estrutura de representatividade. É uma democracia que ocorre através
do voto, atribuindo-se poder a alguém que irá representar os interesses dos cidadãos.
O voto é uma das características do constitucionalismo, que veio para limitar o poder de um
soberano. Essas limitações podem ser separadas em duas vertentes: a supremacia do indivíduo e a
limitação do poder. As duas vertentes formam a base do constitucionalismo. Como se afirma que a
supremacia é do indivíduo e não do Estado, o poder é inerente do povo, pois o indivíduo tem supremacia
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
O sufrágio universal e o voto, elencados no caput do artigo 14, são institutos diversos. Voto é o
exercício da democracia para o fim de atribuir poder a alguém. Já o sufrágio é a possibilidade de
qualquer pessoa eleger e ser eleita. Assim, o sufrágio universal tem duas vias, podendo, qualquer pessoa
que preencha os requisitos, votar e ser votada. Percebe-se que, para o sufrágio universal e o voto direto e
secreto, não se admite o trato legislativo da questão.
Ainda, acerca do sufrágio, este é uma essência dos direitos políticos e é o direito público subjetivo
de natureza política. Já o voto é uma cláusula pétrea, pois é um instrumento da representação da
democracia, tanto formal quanto procedimental, pois o povo é a única fonte de poder. O voto é uma
ferramenta, já que é através dele que se atribui poder a alguém.
Com relação ao plebiscito e referendo, é necessário também fazer diferenciação. Plebiscito é
convocado com antecedência a projeto de lei e ato administrativo. Normalmente se vê a ocorrência de
plebiscito contra projetos de lei. Já o referendo é convocado após o ato administrativo ou da
promulgação da lei, servindo como forma de buscar a ratificação ou rejeição destes. Tem, o referendo,
prazo de 30 dias para convocação.
Mas, também, possuem suas igualdades, uma vez que plebiscito e referendo são convocados
através de Decreto Legislativo, devendo, a proposta do instituto, ser requerida por, no mínimo, 1/3 dos
membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
16
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos,
na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
(...)
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,
com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles .
Assim, o projeto deve ser apresentado à Câmara dos Deputados, por ser a casa do povo, e esta não
pode rejeitar um projeto por vício de forma, jamais podendo ser utilizado o formato do projeto como
justificativa para a sua rejeição. O motivo para tal alegação é simples: se está diante de um dilema entre
democracia direta, exercida através da apresentação de projeto de iniciativa popular, e democracia
indireta, na qual representantes do povo, que agem em nome do povo, não podem ir contra um projeto
subscrito pelo próprio povo.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Mas, o STF também analisou a Lei da Ficha Limpa em casos de controle concentrado de
constitucionalidade, ao julgar as ADC 29/DF, ADC 30/DF e ADI 4578/DF. Ao analisar o texto da lei, tem-
se, de um lado, o artigo 14, §9º da CF que diz que lei complementar irá estabelecer outros casos de
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos: Regulamento
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
» Registro e Funcionamento Parlamentar: para um partido politico ter condições para se registrar
perante o TSE, é necessário que este tenha caráter nacional, tendo o apoio de pelo menos 0,5% dos votos
dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos por, no mínimo, 1/3 dos
estados brasileiros, com um mínimo de 1/10 por cento do eleitorado que haja votado em cada um dos
estados.
A consequência do registro perante o TSE é que, após tal registro, o partido está admitido a
participar do processo eleitoral, além de estar apto a receber recursos do Fundo Partidário e ter acesso
gratuito ao rádio e à televisão, tendo, ainda, exclusividade de denominação, sigla e símbolos que o
representem.
Art. 24. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada de partido deve subordinar sua ação parlamentar
aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção
partidários, na forma do estatuto.
Art. 25. O estatuto do partido poderá estabelecer, além das medidas disciplinares básicas de caráter
partidário, normas sobre penalidades, inclusive com desligamento temporário da bancada, suspensão do
direito de voto nas reuniões internas ou perda de todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em
decorrência da representação e da proporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, ao parlamentar
que se opuser, pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos
partidários.
Art. 26. Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude
da proporção partidária, o parlamentar que deixar o partido sob cuja legenda tenha sido eleito.
»Renda dos Partidos: não é permitida a doação de valores por pessoas jurídicas, sendo aceito apenas
doação de pessoas físicas. É de se observar que a doação de pessoas jurídicas já foi admitida,
antigamente. Mas, atualmente, após decisão do STF, ficou vedada esta possibilidade de renda.
Também é proibido aos partidos receber subvenções, doações e contribuições de entidades ou
governos estrangeiros, autarquias, empresas públicas ou concessionárias, de sociedades de economia
mista e fundações, ou, ainda, de entidade de classe ou sindical e de autoridade ou órgãos públicos
nacionais, salvo o Fundo Partidário.
O Fundo Partidário é dividido, onde 5% é destinado, em partes iguais, aos partidos registrados
no TSE; os outros 95% é destinado aos partidos na proporção dos votos obtidos na última eleição geral
para a Câmara dos Deputados.
DEMOCRACIA FEDERAÇÃO
DIREITOS SEPARAÇÃO
FUNDAMENTAIS DE PODERES
Art. 60, § 4º: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
» Federação x Confederação
Como já estudado, a Federação é quando há a associação de vários Estados-membros que não
possuem soberania, mas que detêm autonomia para legislar dentro de seu território. Estes Estados-
membros respondem ao poder federal do seu todo, da União Federal, que detém a soberania. Conforme Paulo
Bonavides:
Por outro lado, na Confederação, a relação entre os Estados é menos consistente, o que viabiliza a
possibilidade jurídica de secessão, e não há um poder político único, pois os Estados confederados
mantêm as respectivas soberanias. Por isso, a atividade unitária da Confederação projeta-se apenas no
campo internacional, jamais no campo interno.
Um exemplo recente de Confederação, na qual houve desmembramento, é a União Europeia, onde
os Estados possuem a sua soberania. Aqui, nenhum país perde sua soberania, tanto é assim, que é permitida a
sua saída da Confederação, como ocorreu com o Reino Unido.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
O que mais caracteriza a estrutura federativa é o poder que a União exerce e provavelmente sempre
exercerá, controlando as modificações que possam vir a ocorrer na estrutura federativa. Este controle já
estava previsto na Constituição de 1891, quando se estabeleceu que os Estados podem se unir, se
desmembrar, desde que respeitados os princípios locais e mediante aquiescência da União Federal.
E a partir de 1988, qual é o traço distintivo? As unidades federadas, de 1891 até 1969 eram União,
estados, DF e territórios. Em nenhum momento se falou, em termos constitucionais, nos municípios como
unidades autônomas na federação brasileira. Isso só ocorreu na Constituição Federal de 1988, tornando,
a República Federativa Brasileira, uma república complexa em termos de estruturação do poder e
exercício do poder, diferente de todas as outras.
Assim, no sistema federativo brasileiro existem três círculos de poder: União federal, estados-
membros e municípios. Percebe-se que cada unidade federada tem seu círculo de atuação e exerce plena
Mas também exerce a competência concorrente, aquela em que a União concorre com os Estados
e o DF para o exercício da competência legislativa. Está prevista no artigo 24 da CF:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
Percebe-se que o artigo traz uma relação entre União Federal e Estados-membros, uma vez que a
União estabelecerá normais gerais para o Brasil e os Estados podem suplementar a legislação federal, desde
que não a contrariem.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
Assim como a União, os Estados também exercem a competência concorrente. O artigo 24, §3 e §4
da CF trazem o caso em que, mesmo a União tendo competência para estabelecer normas gerais, quando
não o fizer, o Estado passará a ter competência para tal:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário.
Assim, caso não tenha sido promulgada lei federal sobre normas gerais, o Estado exerce
competência plena para atender suas peculiaridades, pois não pode ficar a mercê da ausência de normas
gerais. É admitido, aos Estados, a edição de lei para o tratamento de suas peculiaridades. Mas, caso advenha
lei federal superveniente a lei estadual, acerca das normas gerais, a eficácia da lei estadual será
suspendida, no que lhe for contrário.
A lei federal superveniente jamais irá revogar lei estadual ou municipal, pois são círculos de
competência distintos e independentes. É por isso que a CF é extremamente técnica ao falar do assunto,
afirmando que a lei federal suspenderá a execução da lei estadual.
Além da competência privativa, exerce, também, a competência comum, que é atribuída a todas
unidades federativas, pois trata de assuntos que combinam muito bem com a atuação conjunta de todas. O
rol de hipóteses se encontra no artigo 23 da CF, que visa a cooperação para o bem comum:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio
público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural;
(...)
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos
segundo o princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Apesar de se ter impostos de competências de todas unidades, existem determinados tributos que só
a União Federal pode instituir, percebendo-se, mais uma vez, o protagonismo desta. Os artigos 148 e 149
da CF trazem o rol completo dos tributos, que abrangemos empréstimos compulsórios, contribuições sociais,
contribuições intervenção no domínio econômico e contribuições de interesse das categorias profissionais ou
econômicas.
Importante destacar que as contribuições sociais são um tributo vinculado ao motivo que gerou sua
cobrança. Mas, atualmente, até 30% do caixa da seguridade social (contribuição social) pode ser
desvinculado ao motivo que ensejou a sua cobrança.
O sistema também estabelece regras de proteção, vedando determinados atos por parte das
unidades federativas, como, por exemplo, a proibição da União instituir tributo que não seja uniforme em
todo o território nacional. Outra proibição da União é sobre tributar a renda das obrigações da dívida pública
dos Estados, do DF e dos Municípios e instituir isenções de tributos da competência dos Estados, DF e
Municípios, uma vez que cada unidade tem seu círculo de atribuição.
Já aos outros entes federados, é vedado estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de
qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Além dos princípios sensíveis, existem outras hipóteses que permitem a intervenção federal, que
estão elencadas no artigo 34 da CF. O primeiro inciso do dispositivo traz as possibilidades de a União
intervir nos Estados ou no Distrito Federal:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
(...)
Já com relação à intervenção dos Estados nos Municípios, o artigo 35 da CF traz as possibilidades:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Ainda quanto à intervenção nos Municípios, surge a dúvida se seria possível a União Federal
intervir diretamente nestes. Mas logo percebe-se que não é possível a intervenção federal nos Municípios,
uma vez que é competência do Estado e apenas este o pode fazer.
27.7.2 Procedimento
O procedimento de intervenção também está estabelecido em lei, conforme o artigo 36, §§ 1 a 4 da
CF:
28 AÇÕES CONSTITUCIONAIS
28.1 HABEAS CORPUS
Serve para a tutela da liberdade de locomoção. O Habeas Corpus (HC) surgiu nas tutelas de
liberdade, com o objetivo de retirar alguém do cárcere por alguma ilegalidade ou abuso de poder. A
pessoa já deve estar presa, ou na iminência de estar presa. O ato de prisão deve ser extremamente evidente,
para que haja a possibilidade de Habeas Corpus.
É um dos institutos que mais evoluiu desde a Constituição Federal de 1988. Hoje, tem abrangência
multifacetária graças ao acoplamento de teorias típicas do processo penal que se adaptaram ao Habeas
Corpus. É muito mais do que já foi antigamente, se tornando um instrumento de garantia constitucional
mais potente quando o assunto é tutela da liberdade de locomoção; do direito de ir e vir.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
Quando o dispositivo fala em violência, quer dizer que já aconteceu a ação, enquanto que, ao falar
de coação, indica que a ação está acontecendo ou irá acontecer em breve. Ilegalidade e abuso de poder
são circunstâncias diferentes também que serão analisados adiante. O HC tem como personalidades
impetradas, ou seja, aquelas que respondem a ação, pessoas de poder público ou particular. No poder
público, se pratica tanto ilegalidade quanto abuso de poder. O particular, na maioria das vezes, pratica a
ilegalidade. Os exemplos relativos à possibilidade de o particular integrar o polo passivo são: internação em
hospital ou internação em casas de custódia particulares.
O contexto desta ação está previsto no art. 5º, XV da CF, que diz respeito ao direito de locomoção.
Este direito pode ser lapidado infra constitucionalmente, podendo ser limitado pelas leis. O HC é sim
concedido sempre, mas no contexto e na abrangência, nos limites do direito de locomoção previsto no art. 5º,
XV da CF.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Existe uma exceção constitucional ao cabimento do Habeas Corpus. O art. 5, LXVIII diz que o
HC é cabível sempre. Mas o art. 142 da CF17 prevê o seu não cabimento em punições disciplinares
militares. É uma regra de exceção de mesma hierarquia. A jurisprudência é pacífica no sentido de que não é
cabível Habeas Corpus para a análise do mérito das punições, mas se houver alegação de desrespeito ao
princípio da legalidade no procedimento de aplicação da pena ou da punição, justamente por se tratar da
teoria das nulidades, não o mérito do caso, poderá haver o ajuizamento de Habeas Corpus.
17
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
Conforme a figura mostra, o impetrante é a figura do polo ativo, aquele que ajuíza a ação
requerendo que o ato de abuso de poder ou ilegalidade seja cessado, devendo sempre haver assinatura do
impetrante, uma vez que Habeas Corpus não permite o anonimato. Já a impetrada é a autoridade
pública e particular responsável pelo ato coator. Por fim, o paciente é a pessoa com a liberdade em
risco, podendo ser pessoa física, estrangeiro, analfabeto, menor.
Percebe-se que a ação tem nomenclatura especial a ser utilizada e, diferentemente de ações ordinárias,
pode haver três pessoas diversas, porque não raras vezes, a pessoa em nome da qual que se impetra o HC
não tem condições de fazê-lo. Assim, por vezes, o impetrante não será também o paciente. Importante
lembrar que pessoa jurídica nunca poderá ser paciente, o que não quer dizer que não possa ser impetrante da
ação.
Ainda, o Ministério Público tem previsão legal pra impetrar Habeas Corpus.
28.1.4 Procedimento
O rito utilizado no Habeas Corpus é o sumaríssimo, não sendo, assim, um recurso. Dizer que o rito
é sumaríssimo é dizer que não se tem a possibilidade de dilação probatória. Assim, todas as provas
devem acompanhar a petição inicial no momento em que é impetrado o Habeas Corpus. Dizer que não tem
dilação probatória não quer dizer que, com a petição inicial, a pessoa não pode juntas uma prova pericial;
mas sim, quer dizer que no curso do processo o juiz não irá requerer ou autorizar provas.
Ademais, o HC não precisa ter pedido formulado e pode ser concedido de ofício. Assim, a
autoridade judiciária não está adstrita ao pedido ou à causa de pedir do impetrante, podendo ampliar a
causa de pedir e a prestação jurisdicional.
28.2.1 Partes
Diferente do Habeas Corpus, no Habeas Data são apenas duas partes: o impetrante, quem quer
conhecer, retificar ou notificar uma informação, e o impetrado, a entidade que tem a informação acerca
daquele.
28.2.2 Procedimento
Também segue o rito sumaríssimo, não sendo possível a produção de provas durante o curso do
processo, devendo ser ajuizada a demanda com todas as provas juntadas na petição inicial.
Para que seja impetrado o Habeas Data, o impetrante deve, antes de tudo delimitar o objetivo –
conhecer informação, retificar informação ou explicar alguma informação - e verificar o cabimento da
ação, analisando se a busca é relativa a informações do impetrante. Ainda, deve identificar a autoridade
impetrada (quem detém as informações). É a partir da impetrada que se descobrirá a competência para
julgar o caso, assim como o Habeas Corpus.
28.3.2 Pressupostos
Para o cabimento de mandado de segurança, devem estar presentes quatro pressupostos. O primeiro é
o ato de autoridade. Assim, deve ser praticado ato por pessoa investida de parcela de poder público, ou
seja, administração direta, indireta (empresa pública, fundações, autarquias e sociedade de economia
mista), concessionárias e permissionárias de serviço público (quando há a delegação de serviço público
para empresa particular, com relação a hospitais, educação) e particulares (havendo delegação do poder
público).
O segundo pressuposto é a existência de direito líquido e certo. Este pressuposto está ligado aos
fatos do caso. Havendo possibilidade de comprovação dos fatos alegados na inicial, com os documentos
anexados, se está diante de direito líquido e certo. Isso não quer dizer que a ação está ganha, mas sim que o
mérito será analisado.
Assim como no Habeas Corpus, deve ter a ocorrência de lesão ou a ameaça de lesão. Deste modo, o
mandado de segurança pode ser repressivo, visando cessar a prática de um ato, ou preventivo, para evitar
a prática de determinado ato.
O último pressuposto para o cabimento do mandado de segurança é o abuso de poder com relação a
ilegalidade, ou seja, com relação ao princípio da legalidade e a necessidade do judiciário realizar o controle
da administração pública sempre que houver risco ou prática de ato ilegal, ou, ainda quando houver risco de
inconstitucionalidade, visando a supremacia da Constituição Federal e a função do judiciário de proteger o
texto constitucional.
28.3.3 Partes
No mandado de segurança, as partes do processo são o impetrante (polo ativo) e impetrado (polo
passivo). Diferente do Habeas Corpus e Habeas Data, que se trabalha só na perspectiva individualista, o
19 Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as
funções que exerça.
» Litispendência: a lei estabelece que o pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do
prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. Nessa situação, se esta
diante de uma redação legal muito mais avançada que da Súmula 304 do STF. Caso em que se denega a
segurança sem analisar o mérito, por ausência de direito líquido e certo, onde o impetrante poderá renovar o
pedido caso junte mais provas que comprovem o direito líquido e certo.
O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência
de seu mandado de segurança individual.
» Sentença e coisa julgada: a sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o
mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria ordinária, pleiteie os seus direitos e os
respectivos efeitos patrimoniais. Se a decisão denegatória analisar apenas procedimento e pressupostos, a
parte impetrante pode inaugurar uma ação típica do processo civil tradicional, sem a coisa julgada. Agora, se
analisado o mérito, não é possível vias ordinárias. Ainda, a sentença e a coisa julgada, quando analisado o
mérito, estão limitadas ao grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
» Titularidade Plural no MS: se o direito couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o
mandado de segurança. Ainda, o titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições
idênticas, de terceiro poderá impetrar a ação em favor do direito originário, se o seu titular não o fizer no
prazo de trinta dias, quando notificado judicialmente.
» Decisão liminar: deferida liminar, o processo terá preferência, além de os efeitos da medida liminar
persistirem até a sentença, salvo se for revogada ou cassada.
28.4.1 Conceito
O art. 5º LXXI da CF traz o conceito de mandado de injunção, estabelecendo que é cabível mandado
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
A eficácia das normas constitucionais pode ser plena, contida ou limitada. Será plena quando tiver
aplicabilidade imediata e direta, além de integral, ou seja, não dependendo de regulamentação. As de
eficácia limitada tem aplicabilidade mediata, postergada/diferida e indireta, porque precisam do
intermédio da lei para regulamentar o assunto e atribuir eficácia plena, ou seja, justamente por terem
aplicabilidade postergada precisam da lei e através desta terão eficácia plena. E é nesses casos que se utiliza
o mandado de injunção.
Já as de eficácia contida tem aplicabilidade direta, imediata, mas com relação a integralidade,
pode ter eficácia restringível, ou seja, a lei pode limitar a eficácia da norma constitucional.
O grande objetivo do mandado de injunção é garantir que o legislador ordinário de fato regulamente
e atribua normatividade as normas constitucionais de eficácia limitada.
28.4.2 Pressupostos
Mandado de injunção. Estabilidade de servidor público militar. Artigo 42, paragrafo 9., da Constituição
Federal. Falta de legitimação para agir. - Esta Corte, recentemente, ao julgar o mandado de injunção 188,
decidiu por unanimidade que só tem "legitimatio ad causam" ,em se tratando de mandado de injunção,
quem pertença a categoria a que a Constituição Federal haja outorgado abstratamente um direito, cujo
exercício esteja obstado por omissão com mora na regulamentação daquele. - Em se tratando, como se
trata, de servidores públicos militares, não lhes concedeu a Constituição Federal direito a estabilidade,
cujo exercício dependa de regulamentação desse direito, mas, ao contrario, determinou que a lei
disponha sobre a estabilidade dos servidores públicos militares, estabelecendo quais os requisitos que
estes devem preencher para que adquiram tal direito. - Precedente do STF: MI 235. Mandado de
injunção não conhecido. (MI 107, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em
21/11/1990, DJ 02-08-1991 PP-09916 EMENT VOL-01627-01 PP-00001 RTJ VOL-00135-01 PP-00001).
Mandado de injunção. - Legitimidade ativa da requerente para impetrar mandado de injunção por falta de
regulamentação do disposto no par. 7. do artigo 195 da Constituição Federal. - Ocorrência, no caso, em
face do disposto no artigo 59 do ADCT, de mora, por parte do Congresso, na regulamentação daquele
preceito constitucional. Mandado de injunção conhecido, em parte, e, nessa parte, deferido para declarar-
se o estado de mora em que se encontra o Congresso Nacional, a fim de que, no prazo de seis meses,
adote ele as providencias legislativas que se impõem para o cumprimento da obrigação de legislar
decorrente do artigo 195, par. 7., da Constituição, sob pena de, vencido esse prazo sem que essa
obrigação se cumpra, passar o requerente a gozar da imunidade requerida.(MI 232, Relator(a): Min.
MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 02/08/1991, DJ 27-03-1992 PP-03800 EMENT VOL-
No terceiro momento surge a corrente concretista individual direta, que passou a resolver o caso
concreto independentemente do que ocorria no Congresso Nacional. O judiciário implementa o direito
do impetrante diretamente.
O MI 721 que o STF julgou é extremamente importante, pois o objetivo da ação era a aposentadoria
especial, com o pedido de supressão de lacuna legislativa, se pretendendo utilizar a regra da aposentadoria
especial da Lei n. 8.213, aplicando por analogia ao caso concreto de um servidor público que tem
regime próprio de previdência, que previa a aposentadoria especial mas sem lei que regulamentasse o
dispositivo.
Seria possível atribuir efeito erga omnis a uma decisão de solução de caso concreto feita pelo STF ao
molde do que aconteceu com o servidor publico que pleiteava a aplicação da norma da aposentadoria
especial? Não tem jurisprudência que alegue isso. Conforme o informativo 865 de maio de 2017, o que se
tem é a presença marcante da corrente concretista individual direta.
28.4.4 Procedimento
A decisão do processo tem eficácia subjetiva limitada às partes, produzindo efeito até o advento de
norma regulamentadora, que produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada
em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável.
Pode ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão quando isso for inerente ou
indispensável ao exercício do direito, da liberdade, ou da prerrogativa objeto da impetração. Assim, se pode
falar em corrente concretista geral? Sim, pois se está permitindo a eficácia erga omnes, aquela que
soluciona o caso concreto e, a partir dele atribui eficácia erga omnes para todos aqueles que têm caso
29 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Estudo acerca dos dispositivos da Constituição Federal reservados à administração pública. Assim,
serão analisados os artigos 37 a 42 do texto constitucional.
» Impessoalidade: o princípio possui duas dimensões. Toda vez, que a administração pública pratica um ato,
este ato deve ser legitimado na busca do bem comum e não na busca de interesses particulares
determinados. Assim, não pode praticar atos na busca de interesses particulares, não podendo, então, haver
o direcionamento de atos para pessoas específicas. Portanto, o interesse público sempre prevalece sobre
o interesse privado na busca do melhor pela administração pública, conforme o artigo 100 da CF.
Também, quando se fala em praticar ato, não foi o administrador que praticou, mas sim, a própria
administração pública, como estabelecido o artigo 37, §1º da CF.
» Moralidade: se está diante de um dilema entre direito e moral. Se está encarando legalidade e
moralidade no mesmo patamar. Para que se entenda o impacto da moralidade, é necessário o uso de caso
concreto.
Apesar de legal, de seguir o rito procedimental, o ato pode ser considerado imoral. Sendo imoral, e
partindo do pressuposto de que moralidade e legalidade estão em mesmo nível, o ato pode ser considerado
ilegítimo. É muito difícil saber com antecedência se o caso é moral ou não, sempre será necessário o caso
concreto.
Qual a diferença entre direito e moral? As regras jurídicas são respeitadas pois estão na lei,
concordando ou não com elas. Um ato é considerado moral quando é seguido pois acredita-se na sua
» Publicidade: é essencial em um Estado de Direito, pois o poder é do povo. Mas, tem uma exceção,
quando se trata da segurança da sociedade do Estado, conforme o artigo 5º, XXXIII da CF.
» Eficiência: como princípio é uma quebra de paradigma, pois existem três modelos conhecidos de
administração pública. O primeiro é o modelo centralizado, típico do Estado Absolutista, onde tudo é
decidido pelo Monarca; o outro é o modelo burocratizado, que é típico do Estado Liberal, que já vivencia
a separação do poder, com a criação de outros órgãos; e o terceiro modelo é o gerencial, típico do Estado
Social, pois este se obriga a prestar e agir em prol da cidadania e dos direitos de segunda geração. E para
isso, a máquina estatal cresce e há a necessidade de colocar ordem, se inaugurando um modelo focado em
resultados, admitindo a exoneração de servidores não eficazes.
Assim, o princípio da eficiência é a busca de resultados e de avaliações periódicas para mudar a
noção de funcionalismo público e a visão de que o funcionário público não faz nada.
» Devido Processo Legal: previsto no artigo 5º, LIV da CF, o devido processo legal não basta seguir o
procedimento.
» Ampla Defesa: de acordo com o artigo 5º, LV da CF é o direito de falar e ser ouvido durante o processo.
Ser ouvido e que seus argumentos sejam analisados, acolhidos ou rebatidos um a um.
» Controle Judicial: o artigo 5º, XXXV da CF e a Súmula 473 do STF estabelecem que a administração
pode anular seus atos quando forem ilegais, revogando os atos por conveniência e oportunidade. Sempre será
ressalvada a apreciação judicial. Todo e qualquer ato praticado pela administração está sujeito a ser
analisado pelo poder judiciário.
A constituição federal não define o que é improbidade. A lei n. 8.429 também não define
improbidade. Mas isso infere a partir do próprio nome, uma vez que improbidade significa deslealdade,
imoralidade ou, ainda, como sendo ato de corrupção. Isso tem tudo a ver com improbidade
administrativa. O agente improbo é um agente corrupto e desonestos em suas funções.
Apesar da lei não trazer o conceito, traz os tipos de atos que podem ser ímprobos, conforme os
artigos 9 (atos que causem enriquecimento ilícito), 10 (atos que causem prejuízo ao erário) e 11 (atos contra
princípios da administração pública) da lei n. 8.429.
O foro por prerrogativa de função abrange apenas a esfera criminal. A lei n. 10.628 alterou o
artigo 84 do CPP criando prerrogativa de foro no caso de improbidade administrativa, que sempre foi
julgada pela primeira instância, pois nunca se falou em foro de prerrogativa de função para tais casos antes.
O STF declarou a inconstitucionalidade dessa disposição inserida no CPP, conforme a ADI 2.797:
29.2.3 Licitação
A licitação tem lei específica, qual seja, a lei n. 8.666. Obras, serviços, compras e alienações devem
ser objeto de licitação. Ou seja, até a venda de um bem móvel ou imóvel da administração pública deve
haver algum tipo de licitação. Porém, existem exceções previstas em lei, como a dispensa da licitação e da
inexigibilidade de licitação pela exclusividade do serviço prestado.
Sempre que se estiver diante de caso concreto, deve se lembrar que ainda que o ato de dispensa ou
inexigibilidade seja fundamento na lei n. 8.666 é importante que se analise a moralidade, a razoabilidade e
proporcionalidade do ato.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Essas exceções dizem respeito a magistratura, onde se podo cumular com uma função no magistério, e
ao ministério público, que diz que os membros do Ministério Público também podem cumular com uma
função de magistério.
Ainda, para poder haver o acúmulo de cargos, deve haver a compatibilidade de horários e ser
respeitado o teto remuneratório.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
aos Defensores Públicos;
O dispositivo está divido em dois grandes grupos, sendo, o primeiro, o teto do funcionalismo
público que é o teto do Ministro do STF e isso envolve todos os poderes, em todas as esferas (municipal,
estadual e federal), na administração pública direta e indireta, inclusive detentores de mandato eletivo,
envolve, também, proventos e pensões dos inativos, assim como outras espécies remuneratórias, seja
cumulativamente ou não, incluídas vantagens pessoais. Tudo isso é para tentar moralizar o sistema
remuneratório do Brasil. Se escolheu o teto do Ministro do STF como o máximo possível.
O segundo grupo tem a ver com os limites nas demais entidades federadas. Se por um lado, os
limites na esfera federal são de ministro do STF, os limites estaduais e municipais, sendo, nos estados e no
DF, o subsidio do governador, para o poder executivo; o subsídio dos deputados, para o poder
legislativo; e o subsídio de desembargadores do Tribunal de Justiça, para o poder judiciário, sendo que
estes equivalem, no máximo, a 90,25% ao dos ministros do STF, sendo aplicável também ao Ministério
Público, procuradores e defensores públicos. Já nos municípios, será o subsídio do prefeito que valerá
como o teto remuneratório.
O artigo 39, §4º da CF fala, também, acerca da remuneração dos servidores públicos e dos subsídios.
Diz, a regra, que tanto a remuneração quanto o subsídio só podem ser alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa e assegurada a revisão geral anual.
Ainda com relação ao subsídio, envolve todos os cargos políticos, devendo ser fixado em parcela
Quanto aos direitos sociais, o artigo 39 da CF traz os artigos do artigo 7º da CF que se aplicam aos
servidores públicos:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social,
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da
lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do
normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil;
O artigo 39 também fala dos subsídios, que é devido a todo cargo político, podendo ser aplicado a
servidores de carreira também, desde que por lei específica. São vedados acréscimos remuneratórios que
suplantem o teto. É importante lembrar que remuneração é diferente de indenização, como já estudado em
tópico anterior.
Por fim, o dispositivo estabelece sobre a transparência, que, hoje, é via acesso à internet, havendo
acesso as informações relevantes quanto à remuneração e subsídios dos servidores públicos.
Já o artigo 40 da CF traz o regime previdenciário dos servidores públicos civis, além da
aposentadoria e pensão. Quanto ao regime previdenciário, existem vários sistemas de previdência no Brasil.
O primeiro sistema, e o mais conhecido de todos, é chamado de regime geral de previdência social
(RGPS) e está previsto no artigo 201 da CF, que tem relação com a iniciativa privada. Além deste, tem-se
os regimes próprios de previdência típicos do serviço público, previstos no artigo 40 da CF, além dos
regimes complementares de previdência, estabelecidos nos artigos 40, §14 e 202, ambos da CF, que
abrange todas as pessoas de modo opcional.
Com relação ao artigo 40 do texto constitucional, autoriza a criação de vários regimes de
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
conforme critérios estabelecidos em lei.
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão
devidamente atualizados, na forma da lei.
Uma vez vistos os sistemas previdenciários, se faz necessário um estudo acerca das aposentadorias.
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser
fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei
estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais
30 PODER LEGISLATIVO
Estudo acerca do poder legislativo, analisando o sistema bicameral, assim como a competência de
cada uma de suas Casas. Faz-se necessário, também, o estudo do processo legislativo para a promulgação de
projeto de lei, analisando a possibilidade de processo comum ordinário e processo comum sumário.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos
segundo o princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha
menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
No sistema brasileiro bicameral (que foi importado dos americanos), as duas casas têm sede em
Brasil. Esse contexto bicameral só existe no contexto da União Federal. E à essa exclusividade se chama de
Congresso Nacional, que representa a Câmara dos Deputados (representantes do povo) e Senado Federal
(representantes dos Estados).
Já o sistema unicameral está em pleno vigor nos Estados-membros e Municípios.
Além do artigo 49, que trata da competência exclusiva do Congresso Nacional, o contraponto, ou
seja, o artigo 48 da CF, também traz as competências, mas com sanção:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e
emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
Dentro do sistema bicameral não existe, necessariamente, consenso entre as duas casas. Isso faz com
que uma Casa controle a outra. A Câmara Alta sempre foi preenchida por nobres e, o que os americanos
fizeram quando admitiram a participação do povo no sistema, foi criar uma forma de diferenciação entre
deputados e senadores, onde estes têm mandato de 8 anos e, os deputados, de 4 anos.
30.5.2 Objetivos
A CPI deve servir para apurar fato determinado, não sendo admitida para apurar fatos que não
30.5.3 Limites
Entre os limites encontra-se a apuração de fato determinando, não sendo instaurada para se apurar
fatos indeterminados, devendo funcionar por prazo determinado. Assim, se sabe quanto tempo perdurará
uma CPI. Além destas duas características, a jurisprudência do STF traz precedentes que envolvem a busca
de outras limitações.
O STF afirma que as CPIs devem ter limitações comparadas com as limitações inerentes ao
exercício da função judicial e, entre eles, está a presença de advogado. Desta forma, em qualquer ato
praticado pela CPI é cabível a presença do advogado.
Quanto a reserva de jurisdição, o STF, no MS 23. 652 decidiu:
Quando se fala em reserva de jurisdição, envolve a aplicação de outras regras do texto constitucional
em conjunto com esta, pois a CF tem regras mais específicas e que limitam a prática do ato ao exercício da
jurisdição. Ou seja, reservam à magistratura a prática ou a determinação de alguns atos pois estão
dispostos no artigo 5º da CF, que são direitos e garantias fundamentais, não podendo haver realização de ato
em contrário.
Ainda sobre os limites, o STF decidiu sobre a quebra de sigilo. Se por um lado a CPI não pode
determinar certos atos específicos de reserva de jurisdição, por outro, pode decretar a quebra de sigilo:
Agora, a CPI não pode quebrar segredo de justiça; se o processo está em segredo de justiça,
comissão nenhuma pode autorizar o acesso aos autos. Entretanto, a CPI pode utilizar documentos de
inquérito sigiloso.
A indisponibilidade de bens é medida cautelar e, tendo em vista que a CPI tem poder de
investigação, não cabe a esta determinar indisponibilidade de bens, conforme decidido pelo STF:
Comissão Parlamentar de Inquérito: MS contra decisão de CPI que decretou a indisponibilidade de bens
e a quebra de sigilos do impetrante: procedência, no mérito, dos fundamentos da impetração, que, no
entanto, se deixa de proclamar, dado que o encerramento dos trabalhos da CPI prejudicou o pedido de
segurança. 1. Incompetência da Comissão Parlamentar de Inquérito para expedir decreto de
indisponibilidade de bens de particular, que não é medida de instrução - a cujo âmbito se restringem os
poderes de autoridade judicial a elas conferidos no art. 58, § 3º - mas de provimento cautelar de eventual
sentença futura, que só pode caber ao Juiz competente para proferi-la. 2. Quebra ou transferência de
sigilos bancário, fiscal e de registros telefônicos que, ainda quando se admita, em tese, susceptível de
ser objeto de decreto de CPI - porque não coberta pela reserva absoluta de jurisdição que resguarda
outras garantias constitucionais -, há de ser adequadamente fundamentada: aplicação no exercício pela
CPI dos poderes instrutórios das autoridades judiciárias da exigência de motivação do art. 93, IX, da
Constituição da República. 3. Sustados, pela concessão liminar, os efeitos da decisão questionada da
CPI, a dissolução desta prejudica o pedido de mandado de segurança. (MS 23480, Relator(a): Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2000, DJ 15-09-2000 PP-00119 EMENT
VOL-02004-01 PP-00061)
O direito ao silêncio, enquanto a poder jurídico conhecido a qualquer pessoa, impede, quando
exercido, que aquele que o invocou seja preso ou ameaçado de prisão. Quando uma pessoa é investigada, ela
tem o direito ao silêncio, então, pode haver a dispensa do compromisso de dizer a verdade quando
chamada para depor em CPI, conforme ementa do STF:
30.6.2 Vedações
Os deputados e senadores não podem firmar contrato com pessoa jurídica de direito público,
salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes, não podendo, também, aceitar ou exercer cargo,
função ou emprego remunerado nessas entidades.
Ainda, não podem ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favores
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada, nem
patrocinar causa que seja interessada qualquer das entidades de direito público.
Ademais, não podem ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
Entretanto, existe uma espécie não prevista neste artigo, mas que também inova a ordem jurídica, é
o tratado internacional. Apesar não previsto, através do tratado se inova a ordem jurídica, logo, é uma
espécie de processo legislativo, uma vez que um tratado de direitos humanos pode ter força de EC,
conforme o artigo 5º, §3º da CF, por exemplo.
O processo comum ordinário surge das leis ordinárias.
Para começo de conversa, quando se pensa em limites formais, deve se pensar quem é que pode dar
início ao processo de emenda, conforme demonstrado no artigo acima transcrito. Assim, em termos
formais, se tem a legitimidade, o procedimento e o quórum para aprovação. A proposta será discutida e
votada em cada uma das Casas do Congresso Nacional, em dois turnos, devendo obter, em ambos os
turnos, três quintos (3/5) dos votos dos respectivos membros. Isso significa que a emenda deve ser
aprovada por quatro vezes dentro do Congresso Nacional. A matéria de emenda que for rejeitada ou
prejudicada justamente por não atingir o quórum específico para aprovação, não poderá ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.
Outra possibilidade de limites são os limites materiais, ou seja, matérias que não podem ser
tratadas por emendas constitucionais e que estão descritas no artigo 60, §4º da CF, conhecidas como
cláusulas pétreas ou de barreira:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
(...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Por fim, existem os limites circunstanciais, que são as circunstâncias que impedem a votação das
emendas. Deste modo, a Constituição Federal não pode ser emendada quando houver intervenção federal,
estado de defesa ou estado de sítio, conforme o artigo 60, §1º do texto constitucional.
Existe também uma questão histórica, em que a Constituição do império de 1824, previu os limites
temporais. Proibiu a possibilidade de qualquer alteração de seu texto por cinco anos a partir de sua outorga,
tamanha era a necessidade de estabilização. Refletindo sobre esta estabilidade programada de cinco anos, se
pensa que naquele momento estava a se reafirmar e, em segundo, a constituição estava sendo outorgada pelo
imperador, que também exercia o poder moderador, centralizando todo o poder nas mãos deste, não querendo
que a Assembleia modificasse este poder.
Assim, o poder legislativo analisa o projeto de lei em votação única e quem promulga e publica a
lei é o presidente. Outra característica importante é que existem matérias proibidas de serem delegadas,
conforme o artigo 68, §1º da CF:
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei
complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
Em termos de aprovação e hierarquia normativa, os tratados comuns são aprovados por maioria
simples no Congresso Nacional. Por este motivo, tem nível de lei ordinária. Já os tratados internacionais
de direitos humanos podem ser aprovados por maioria qualificada de 3/5 em dupla votação em ambas as
Casas. Se isso acontecer, terá nível de emenda à Constituição Federal. Se não ocorrer a aprovação por
maioria qualificada, ele não terá nível de lei ordinária, mas sim, nível supralegal.
Os tratados internacionais têm dupla paternidade, pois precisam de dois decretos para sua validade.
O primeiro é o decreto legislativo do Congresso Nacional aprovando o compromisso do presidente da
república e, segundo, depois da aprovação, o presidente deposita o instrumento de ratificação no âmbito
internacional, volta ao país e decreta, para fins de promulgação, o tratado internacional.
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Ministro Celso de Mello (Relator), indeferiu o
mandado de segurança e deu, ao § 6º do art. 62 da Constituição, na redação resultante da EC 32/2001,
interpretação conforme à Constituição, para, sem redução de texto, restringir-lhe a exegese, em ordem a
que, afastada qualquer outra possibilidade interpretativa, seja fixado entendimento de que o regime de
urgência previsto em tal dispositivo constitucional – que impõe o sobrestamento das deliberações
legislativas das Casas do Congresso Nacional – refere-se, tão somente, àquelas matérias que se
mostram passíveis de regramento por medida provisória, excluídos, em consequência, do bloqueio
imposto pelo mencionado § 6º do art. 62 da Lei Fundamental, as propostas de emenda à Constituição e
os projetos de lei complementar, de decreto legislativo, de resolução e, até mesmo, tratando-se de
projetos de lei ordinária, aqueles que veiculem temas pré-excluídos do âmbito de incidência das medidas
provisórias (CF, art. 62, § 1º, I, II e IV). Vencido o Ministro Marco Aurélio. Impedido o Ministro Dias Toffoli.
Ausente o Ministro Ricardo Lewandowski, participando do Seminário de Verão 2017, na Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, em Portugal. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia.
Plenário, 29.6.2017.
31 PODER EXECUTIVO
Estudo sobre o poder executivo, onde o presidente participa de todo o processo comum ordinário das
leis ordinárias, seja na iniciativa, seja através dos mecanismos de sanção ao veto. Também pode imprimir
ritmo diferente no processo comum ordinário, nos projetos de sua iniciativa, transformando o rito em
sumário. Também participa de lei complementar através de sanção ou veto.
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-
Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.
No caso de vagar os cargos de presidente e vice-presidente, não sendo temporário, mas de vacância
dos cargos, a Constituição determina que no prazo de 90 dias depois de aberta a última vaga, seja
realizada nova eleição. Se a vacância ocorrer nos dois últimos anos do período presidencial, a eleição
para os cargos será feita pelo Congresso Nacional, 30 dias após aberta a última vaga, na forma da lei,
conforme o artigo 81 da CF. Isso significa que a eleição será indireta, pois não será o povo a eleger o
sucessor no caso de vacância nos dois últimos anos do período presidencial.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-
Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo
e julgamento.
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
exercício dos direitos políticos.
Percebe-se que, grande parte das atribuições, envolve auxílio ao presidente na questão normativo.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele
participam:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela
Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos
relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como
32 PODER JUDICIÁRIO
Estudo do poder judiciário, que é um dos assuntos mais extensos no texto constitucional, em razão da
grande complexidade da estrutura deste poder.
Essa estrutura é dívida em duas, onde se tem a justiça especializada (TST, TSE e STM), pois tratam
das questões trabalhistas, eleitorais e militares; e a justiça comum (TRF, TJ e Tribunais Militares).
Quanto a justiça especializada, cada uma tem suas próprias 1ª, 2ª e 3ª instância. Deste modo, a justiça
trabalhista é composta pelos juízes do trabalho (primeira instância), Tribunais Regionais Do Trabalho
(segunda instância) e Tribunal Superior Do Trabalho (terceira instância); a justiça eleitoral é composta
por juízes eleitorais (primeira instância), Tribunais Regionais Eleitorais (segunda instância) e Tribunal
Superior Eleitoral (terceira instância). Por fim, a estrutura da justiça militar da União é diferenciada, pois
não conta com uma instância intermediária, sendo composta apenas pelos juízes militares auditores e
O esquema acima representa todos os órgãos do poder judiciário que recebem verba pública da
União. Percebe-se que os únicos órgãos que não recebem verba da União Federal, são as estruturas do poder
judiciário cuja responsabilidade orçamentaria advém de cada Estado-membro, quais sejam, as Justiças
Estaduais.
Nota-se que a segunda parte do dispositivo que se trazem as exceções, onde, quem julgará é a justiça
especializada ou a justiça comum. São exemplos de pessoas jurídicas de direito público, capazes de acarretar
a competência da Justiça Federal: Instituto Nacional do Seguro Social (autarquia federal), Banco Central
do Brasil (autarquia federal). Já as pessoas jurídicas de direito privado, capazes de acarretar a competência
da Justiça Federal são, como exemplo, a Caixa Econômica Federal (empresa pública federal), Correios e
Telégrafos (empresa pública federal).
Deve-se ressaltar que, as sociedades de economia mista, ainda que federais, não têm foro perante a
Justiça Federal. Outras competências dos juízes são:
O inciso IV trata de juízo criminal. Não se tratando de crimes propriamente militares e eleitorais,
todos os demais crimes que se coadunem com o conceito de crime político serão de competência da Justiça
Federal de primeira instância. Observação importante é que, no caso de crimes políticos, não há previsão
de apelação, pois o único recurso cabível é o recurso ordinário perante o STF.
Crimes praticados por servidores federais no exercício das funções e crimes praticados contra
servidores federais em razão da função são da competência da Justiça Federal. A competência em questão
é fixada em razão da pessoa. Dessa forma, não há falar em eventual discussão a respeito da natureza do
delito. Evidentemente que devemos excluir a competência para processo e julgamento dos crimes de
competência da Justiça Eleitoral, da Militar, bem como para o julgamento das contravenções penais.
O artigo estabelece uma quinta competência para os juízes:
Não são todos os crimes cometidos contra o sistema financeiro sujeitos à competência da Justiça
Federal, porquanto a regra constitucional refere-se apenas aos “casos definidos por lei”. Os crimes de
lavagem de dinheiro são da competência da Justiça Federal quando: a) praticados contra o sistema
financeiro e a ordem econômica, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, suas entidades
autárquicas ou empresas públicas; e b) o crime antecedente for de competência da Justiça Federal.
As últimas hipóteses de competência da justiça federal, conforme o artigo 109, são:
A escolha de segunda instância envolve o chamado quinto constitucional, que nada mais é do que
uma porcentagem de 20% da composição dos tribunais que é destinado a integrantes do judiciário que
vêm de fora, que são oriundas de outras duas profissões: advocacia ou carreira do Ministério Público, que
não passaram no concurso de primeira instância e obviamente não foram promovidos. Tanto um,
quanto outro, precisa ter pelo menos 10 anos de carreira em sua carreira para serem indicados, ou pela
OAB, ou pelo Ministério Público. Essa indicação será de seis nomes, que, posteriormente, será enviada ao
tribunal de segunda instância que escolherá três destes nomes, encaminhando-os ao presidente da
república que, então, escolherá o nome de quem irá assumir o cargo, para o caso de TRF e TRT, pois em
caso de TJ, quem faz a escolha é o governador do Estado.
O critério de escolha para os Tribunais Superiores é diferente. O STJ tem regra diferente, onde é
composto por 1/3 de integrantes da magistratura federal por promoção da carreira, 1/3 por integrantes
da magistratura estadual por promoção da carreira e 1/3 por integrantes da OAB e membros do
Para o STF, o critério de escolha se vale de duas regras: mais de 35 anos de idade, notório saber
jurídico, brasileiro nato e reputação ilibada. A nomeação será pelo presidente, dependendo de sabatina e
aprovação no Senado Federal.
A escolha também envolve os representantes do CNJ. São quinze integrantes, sendo que o Ministro
do STF é membro nato do CNJ, não existindo eleição para presidência do CNJ, pois o presidente é,
automaticamente, o presidente do STF. Como o presidente do CNJ é membro nato, não se fala em sabatina
para este, diferentemente do que acontece para todos os outros. Em todos os outros casos, precisa haver
nomeação pelo presidente e aprovação pelo Senado Federal (sabatina).
Por fim, a eleição, que envolve apenas a justiça eleitoral do TSE, quando dentro do STF se
escolhem 3 ministros para integrar o TSE. A mesma coisa acontece no STJ, elegendo 2 ministros para que
exerçam concomitantemente as funções de ministros do STJ e do TSE.
A eleição para TRE, em cada estado, é feita para a composição do órgão que, além dos advogados
indicados e escolhidos, contém2 desembargadores do TJ, 2 juízes de direito e 1 juiz federal, todos eleitos
ao molde da constituição e legislação ordinária.
a) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
b) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
c) dedicar-se à atividade político-partidária;
d) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Os juízes não podem advogar na unidade jurisdicional em que se aposentaram. Então se o juiz é
de são Paulo capital, não pode advogar por três anos na comarca de São Paulo, podendo o fazer em outras
comarcas pelo Brasil. Agora, se for juiz de Tribunal Superior, como ministro do STJ, não poderá atuar
como advogado por três anos em qualquer comarca do país.
Quanto ao exercício da função de magistério, o CNJ aprovou a Resolução 226/2016, atualizando a
Resolução 34/2007. Em linhas gerais, o exercício de docência “[...] pressupõe compatibilidade entre os
horários fixados para o expediente forense e para a atividade acadêmica”, sendo “[...] vedado o desempenho
de cargo ou função administrativa ou técnica em estabelecimento de ensino” e necessária a comunicação
formal ao órgão competente do Tribunal, mediante registro eletrônico em sistema por ele desenvolvido, com
a indicação da instituição de ensino, do horário e das disciplinas ministradas”.
Ainda falando de CNJ, de acordo com alguns precedentes e interpretando as vedações do artigo acima
referido, o órgão tem que juízes não podem atuar em justiça desportiva, serem grão-mestre na
20Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada contra a Resolução no 336, de 2.003, do Presidente do Conselho da
Justiça Federal, que dispõe sobre o acúmulo do exercício da magistratura com o exercício do magistério, no âmbito
da Justiça Federal de primeiro e segundo graus. 2. Alegação no sentido de que a matéria em análise já encontra
tratamento na Constituição Federal (art. 95, parágrafo único, I), e caso comportasse regulamentação, esta deveria vir
sob a forma de lei complementar, no próprio Estatuto da Magistratura. 3. Suposta incompetência do Conselho da
Justiça Federal para editar o referido ato, porquanto fora de suas atribuições definidas no art. 105, parágrafo único, da
Carta Magna. 4. Considerou-se, no caso, que o objetivo da restrição constitucional é o de impedir o exercício da
atividade de magistério que se revele incompatível com os afazeres da magistratura. Necessidade de se avaliar, no
caso concreto, se a atividade de magistério inviabiliza o ofício judicante. 5. Referendada a liminar, nos termos em que
foi concedida pelo Ministro em exercício da presidência do Supremo Tribunal Federal, tão-somente para suspender a
vigência da expressão "único (a)", constante da redação do art. 1o da Resolução no 336/2003, do Conselho de
Justiça Federal (ADI 3126 MC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2005, DJ 06-05-
2005 PP-00006 EMENT VOL-02190-01 PP-00186 RTJ VOL-00193-03 PP-00888)
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista
de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o
juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem
aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e
presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
reconhecidos de aperfeiçoamento.
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla
defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal,
não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão.
A questão do merecimento envolve múltiplas variáveis. O tribunal, quando faz a sessão solene de
escolha, primeiro deve selecionar os candidatos apenas que figurem no primeiro quinto de antiguidade.
Assim, se são 100 juízes na instância, estes serão divididos em cinco grupos e só podem concorrer por
merecimento os vinte juízes integrantes do primeiro quinto de antiguidade. Essa regra só deixa de ser
aplicável se neste grupo não tiver nenhum magistrado a se inscrever para ser promovido por
merecimento.
Já por antiguidade, o juiz mais antigo é promovido quando a vaga disponível pressupor a
promoção por antiguidade, via de regra. Entretanto, há a permissão ao tribunal para rejeitar a promoção
do mais antigo, desde que haja voto fundamentado de 2/3 do tribunal, sendo uma votação aberta, solene e
pública e sendo assegurada a ampla defesa.
Para ambos os critérios, não será promovido o juiz que, injustificadamente retiver autos em seu
poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão.
32.5.4 Subsídio
De acordo com o artigo 93, V da CF, o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores deve
corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo
Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível
federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a
diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a
noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores (artigo 37, XI da
CF). O valor do subsídio será fixado em parcela única, sendo vedados acréscimos remuneratórios. Sendo
assim, as parcelas indenizatórias não são computadas para fins de teto do subsídio.
A regra de escalonamento, como visto, o subsídio dos ministros dos tribunais superiores equivale a
noventa e cinco por cento do subsídio de ministros do STF. A partir do STJ, a CF admite que haja o
pagamento escalonado a partir de cada instância. A diferença de subsídio de uma instância para outra,
deste modo, não pode ser superior a 10%, nem inferior a 5%.
O Poder Constituinte Derivado criou o que se optou por chamar de subteto de magistrados estaduais,
fazendo com que os subsídios dos Juízes Federais, calculados com base no artigo 93, V (e, portanto, a partir
de 95% dos subsídios dos Ministros do STF) fossem diferentes dos subsídios dos Juízes de Direito,
calculados com base no artigo 37, XI e § 12 (e, portanto, a partir de 90,25% dos subsídios dos Ministros do
STF).
A situação perdurou até o julgamento de Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade
3.854/DF, ocasião em que o STF decidiu que subtetos estaduais devem seguir a regra geral, onde a
diferença entre instâncias deve ser de 5% no mínimo e de 10% no máximo.
21 “[...] Residência do magistrado na respectiva comarca: matéria própria do Estatuto da Magistratura: C.F., art. 93, VII; LOMAN, Lei Complementar 35/79, art. 35, V. III. -
Regimento Interno do Conselho Superior da Magistratura do Ceará, art. 13, XII, e: restrição quanto à liberdade de locomoção dos magistrados: necessidade de autorização
para que os juízes residentes nas comarcas e circunscrições judiciárias do Estado possam delas se ausentar: inconstitucionalidade. IV. - ADI julgada procedente” (BRASIL.
Supremo Tribunal Federal. Tribunal Pleno. Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.753/CE. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, 26 fev. 2003. Diário de Justiça da União,
11 abr. 2003, p. 26).
Compete privativamente aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Trata-se de hipótese de foro por prerrogativa de função.
Tratando-se de magistrados federais e membros do Ministério Público da União, o tribunal
competente é o respectivo Tribunal Regional Federal, nos termos do artigo 108, I, a da CF:
O rol do artigo 129 é apenas exemplificativo, pois o inciso IX é uma cláusula aberta. A legitimação
32.6.4 Garantias
Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
Público, observadas, relativamente a seus membros as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial
transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla
defesa; e
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e
XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I.
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
Segundo o artigo 128 § 6º da CF, aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no artigo
95, parágrafo único, V, também da CF. Assim, pode-se afirmar que também é vedado aos membros do
Ministério Público o exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos
três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
O processo legislativo passa por uma fase de iniciativa, chegando à deliberação bicameral, onde
Câmara e Senado se manifestam. Câmara e Senado têm várias comissões temáticas, mas existe a comissão
de constituição de justiça e cidadania na Câmara dos Deputados e a comissão de constituição e justiça no
Senado Federal. A essência é basicamente analisar a constitucionalidade de projetos de lei, pois não faz
sentido analisar um projeto de lei inconstitucional. Essas comissões realizam controle preventivo de
constitucionalidade.
Dando sequência ao processo legislativo, desde que haja concordância entre Câmara dos Deputados e
Senado Federal, o projeto é enviado para deliberação do presidente, podendo vetar ou sancionar o
projeto, quando concordar com o projeto, promulgando-o e publicando-o. A partir da publicação da lei,
toda e qualquer discussão acerca dela será feito pelo controle repressivo de constitucionalidade. Mas,
como se sabe, o presidente também tem a prerrogativa de vetar projeto quando o considerar
inconstitucional, pois também realiza controle preventivo de constitucionalidade (uma vez que ainda não
houve a promulgação e a publicação).
Existe o terceiro momento, quando o veto é enviado ao Congresso Nacional e, por maioria
absoluta os deputados e senadores fazem a rejeição do veto. Hora, se o presidente usa o argumento da
inconstitucionalidade para vetar, é muito provável que o Congresso Nacional através da rejeição, possa
considerar a própria mensagem de veto inconstitucional e controlar a rejeição de veto. Isso significa
que a rejeição ao veto também é uma possibilidade. Em termos de doutrina, o controle de
constitucionalidade não fala da rejeição de veto, é momento de controle que o professor acredita
E quanto ao controle preventivo pelo poder judiciário? Parte da doutrina diz não ser possível.
Acontece que, no âmbito dos concursos públicos, é importante estudar as exceções. Assim, é possível o
poder judiciário realizar controle preventivo de constitucionalidade quando se trabalha o devido
processo legislativo. Se, a CF prevê todas as fórmulas para o trâmite dos processos legislativos, é
importante que estes ritos e passos sejam seguidos corretamente. E, às vezes, quando normas não são
respeitadas e a lei é publicada, há o controle repressivo de constitucionalidade, que é o comum. O que é
incomum é a possibilidade de um ato do presidente da Câmara, do Senado ou de Comissão temática
desrespeitar o procedimento, no caso de um parlamentar arguir uma hipótese em plenário, chamando
atenção da pessoa que desrespeitou o processo legislativo e, apesar disso, o processo segue. Assim, este
parlamentar tem a legitimidade de impetrar mandado de segurança no STF, para que o poder
judiciário controle o ato que ocorreu na Câmara ou no Senado, não sendo necessário esperar a
publicação da lei para assim fazê-lo.
A análise do judiciário está sendo precisa no direito do parlamentar de ver o processo seguir de
forma correta, não na essência do projeto de lei. O STF só analisa o desrespeito ao formato estabelecido
pela Constituição, nunca o conteúdo do projeto.
A segunda hipótese de controle preventivo do judiciário é muito interessante. Considerando que o
artigo 60, §4º da CF diz que não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir, ora, se a
CF diz que não pode nem ser deliberado, quer dizer que é possível a impetração de um mandado de
segurança perante o STF proibindo ou vedando que o congresso delibere sobre algum assunto vedado
na Constituição Federal.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
Conforme o artigo mencionado, é vedado utilizar tributo como forme de confisco. O imposto de
renda que tributa 90% da renda do cidadão é puro confisco. Por ser um confisco, se está diante de uma
inconstitucionalidade, uma vez que a previsão da nova alíquota não encontra previsão na CF, muito pelo
contrário, desrespeita o artigo que veda o confisco.
Quem pode discutir essa nova alíquota? Não é qualquer pessoa, mas sim apenas aquelas que
demonstram interesse de agir, ou seja, a necessidade e utilidade do provimento judicial. Assim, no
presente caso, apenas os servidores públicos federais, pensionistas ou dependentes e aposentados federais.
A petição inicial deve ser acompanhada, por se tratar de fatos e de um caso concreto, de provas,
não sendo autorizado analisar apenas tese jurídico no controle difuso. Os pedidos, do servidor público,
no exemplo dado, o não pagamento de 90%, a devolução do pagamento indevido desde o início, pois a lei
que estabeleceu nova alíquota é inconstitucional e a declaração da inconstitucionalidade da alíquota de 90%.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
Conforme o artigo mencionado, é vedado utilizar tributo como forme de confisco. O imposto de
renda que tributa 90% da renda do cidadão é puro confisco. Por ser um confisco, se está diante de uma
inconstitucionalidade, uma vez que a previsão da nova alíquota não encontra previsão na CF, muito pelo
contrário, desrespeita o artigo que veda o confisco.
Aqui, o controle concentrado é movimentado pelas entidades que levam teses jurídicas ao STF,
que são deslocadas de casos concretos. O procurador-geral, por exemplo, não precisa comprovar que está
sujeito aos 90%, só precisa comprovar que é procurador-geral, levando uma tese jurídica. O controle
concentrado não trabalha caso concreto, não sendo necessário se anexar provas. Assim, o controle
concentrado também é conhecido como controle abstrato.
Pela literalidade do artigo, ADI, ADO e ADC só cabem contra leis ou atos normativos federais ou
estaduais. Sendo assim, não cabe ADI, ADC e ADO contra lei municipal. A ADPF cabe para fazer
controle concentrado de atos e lei municipais. Ainda, ADPF admite que se leve ao STF uma
comparação normativa entre a CF e uma lei a ela anterior, para se fazer análise de recepção.
Quais devem ser os pedidos? Ou a inconstitucionalidade (ADI) ou a constitucionalidade (ADC).
Aqui, não se fala em condenação, apenas na análise da tese. No controle concentrado a declaração de
inconstitucionalidade é declaração principal, diferente do controle difuso, que era declaração incidental.
Assim, no controle concentrado, a lei será declarada inconstitucional, pelo acolhimento de tese jurídica,
sendo, a solução, aplicada para todos os casos no território nacional. Justamente por isso, há eficácia
erga omnes e, ainda, com efeito vinculante à decisão do STF em todo o território e órgãos judiciais.
A palavra única do controle concentrado é do STF quando o parâmetro for a Constituição Federal.
Ocorre que, todo e qualquer Estado tem sua própria Constituição, pois realiza poder constituinte
decorrente, isso significa que as Constituições Estaduais devem respeitar a Constituição Federal. Mas,
também significa que, uma vez exercido o poder constituinte pelo Estado, o próprio Estado pode
estipular controle de constitucionalidade em seu território quando o parâmetro de confronto for a
Constituição Estadual. E pelo princípio da simetria constitucional, o guardião da Constituição Estadual é o
Tribunal de Justiça do Estado, devendo haver respeito a estrutura do controle inaugurado pela CF,
além de previsão específica na Constituição do Estado-Membro e alocação de competência específica
no Tribunal de Justiça. Observadas essas premissas, é possível o controle concentrado estadual pelo
Tribunal de Justiça, cabendo recurso para o STF.
Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros,
e pedirá dia para julgamento.
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória
insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais,
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em
audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria.
Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros,
e pedirá dia para julgamento.
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória
insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais,
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em
audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria.
A concessão de medida cautelar em ADC também pressupõe o voto favorável da maioria absoluta
dos Ministros do STF, sendo, o quórum mínimo para as deliberações de 8 Ministros. Contudo, o objeto
da medida cautelar, neste caso, envolve determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o
julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu
julgamento definitivo. Evidenciada a controvérsia relevante, é cabível ADC e medida cautelar, podendo
ser determinada a suspensão, no país inteiro, qualquer processo que trate do assunto.
A medida cautelar, tanto na ADI quanto na ADC, pode ter os mesmos efeitos da decisão definitiva
de mérito (eficácia contra todos e efeito vinculante). Daí a possibilidade de reclamação contra decisão que
tenha desrespeitado a decisão cautelar proferida pelo STF (desde que a decisão tenha sido exarada em
processo sem trânsito em julgado).
Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria
absoluta de seus membros, observado o disposto no art. 22, poderá conceder medida cautelar, após a
audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão
pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 1o A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo
questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de
procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
(...)
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
Art. 1o A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo
Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do
Poder Público.
Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental:
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal,
estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;
Podem propor ADPF os legitimados a propor ação direta de inconstitucionalidade, ou seja, todas as
entidades mencionadas pelo artigo 103 da CF.22 Importante destacar que o artigo 2˚, §1˚ da Lei 9.882/99
dispõe sobre a possibilidade de qualquer interessado, mediante representação, solicitar a propositura de
arguição de descumprimento de preceito fundamental ao Procurador-Geral da República, que,
examinando os fundamentos jurídicos do pedido, decidirá do cabimento do seu ingresso em juízo.
Os requisitos da petição inicial da ADPF são: a) indicação do preceito fundamental que se
considera violado; b) indicação do ato questionado; c) prova da violação do preceito fundamental; d)
pedido; e e) se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a
aplicação do preceito fundamental que se considera violado.
A ADPF, ainda, segue o princípio da subsidiariedade, ou seja, não se admite arguição de
descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.
Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso de arguição de
descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta.
§ 1o Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer
outro meio eficaz de sanar a lesividade.
No contexto da subsidiariedade, o STF entende ser possível a conversão de ADPF em ADI e vice-
versa, desde que não tenha havido erro grosseiro por ocasião da propositura da demanda em controle
concentrado de constitucionalidade.
A realização de audiências públicas é admitida, podendo o relator ouvir as partes nos processos que
ensejaram a arguição, requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que
emita parecer sobre a questão, ou ainda, fixar data para declarações, em audiência pública, de pessoas com
experiência e autoridade na matéria. O relator também pode autorizar sustentação oral e juntada de
memoriais, por requerimento dos interessados no processo.
22“Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o
Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; V - o Governador de
Estado; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de
Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou
entidade de classe de âmbito nacional”.
Ocorre que, dentro deste campo legitimidade, por interpretação jurisprudencial, o STF é restritivo ao
analisar a legitimidade ativa quando o assunto é controle concentrado de constitucionalidade. Os
Ministros entendem que nem todas as entidades do artigo 103 podem propor ações de controle concentrado
sobre qualquer assunto, precisando evidenciar na petição inicial uma certa relação de pertinência entre o
objetivo da demanda e os interesses institucionais da entidade que está propondo a ação.
Assim, quando se trata de legitimidade ativa no controle concentrado, se tem duas hipóteses: a
primeira, chamada de legitimidade universal, e a segunda, conhecida como pertinência temática. A
legitimidade universal, como o próprio nome diz, qualquer entidade do artigo pode propor toda e
qualquer demanda envolvendo controle concentrado de constitucionalidade. Em outras palavras, podem se
valer de qualquer das ações envolvendo qualquer tema, respeitados os limites de cabimento de cada ação.
O STF, respeitadas as características das ações, entende que alguns assuntos trabalhados por
algumas das entidades, precisam ter pertinência temática, ou seja, relação entre a tese jurídica e o
interesse daquela. Assim, para o Supremo, o presidente, a mesa do Senado Federal e da Câmara dos
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois
terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a
partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
1. O Município foi efetivamente criado e assumiu existência de fato, há mais de seis anos, como ente
federativo. 2. Existência de fato do Município, decorrente da decisão política que importou na sua
instalação como ente federativo dotado de autonomia. Situação excepcional consolidada, de caráter
institucional, político. Hipótese que consubstancia reconhecimento e acolhimento da força normativa dos
fatos. 3. Esta Corte não pode limitar-se à prática de mero exercício de subsunção. A situação de
exceção, situação consolidada --- embora ainda não jurídica --- não pode ser desconsiderada. 4. A
exceção resulta de omissão do Poder Legislativo, visto que o impedimento de criação, incorporação,
fusão e desmembramento de Municípios, desde a promulgação da Emenda Constitucional n. 15, em 12
de setembro de 1.996, deve-se à ausência de lei complementar federal. 5. Omissão do Congresso
Nacional que inviabiliza o que a Constituição autoriza: a criação de Município. A não edição da lei
complementar dentro de um prazo razoável consubstancia autêntica violação da ordem constitucional. 6.
A criação do Município de Luís Eduardo Magalhães importa, tal como se deu, uma situação excepcional
não prevista pelo direito positivo. 7. O estado de exceção é uma zona de indiferença entre o caos e o
estado da normalidade. Não é a exceção que se subtrai à norma, mas a norma que, suspendendo-se, dá
lugar à exceção --- apenas desse modo ela se constitui como regra, mantendo-se em relação com a
exceção. 8. Ao Supremo Tribunal Federal incumbe decidir regulando também essas situações de
exceção. Não se afasta do ordenamento, ao fazê-lo, eis que aplica a norma à exceção desaplicando-a,
isto é, retirando-a da exceção. 9. Cumpre verificar o que menos compromete a força normativa futura da
Constituição e sua função de estabilização. No aparente conflito de inconstitucionalidades impor-se-ia o
reconhecimento da existência válida do Município, a fim de que se afaste a agressão à federação. 10. O
princípio da segurança jurídica prospera em benefício da preservação do Município. 11. Princípio da
continuidade do Estado. 12. Julgamento no qual foi considerada a decisão desta Corte no MI n. 725,
quando determinado que o Congresso Nacional, no prazo de dezoito meses, ao editar a lei
complementar federal referida no § 4º do artigo 18 da Constituição do Brasil, considere, reconhecendo-a,
a existência consolidada do Município de Luís Eduardo Magalhães. Declaração de inconstitucionalidade
da lei estadual sem pronúncia de sua nulidade 13. Ação direta julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade, mas não pronunciar a nulidade pelo prazo de 24 meses, da Lei n. 7.619, de 30 de
março de 2000, do Estado da Bahia. (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Tribunal Pleno. Ação Direta
Cada vez mais a modulação dos efeitos se faz presente no STF, autorizando efeitos prospectivos
em suas declarações de inconstitucionalidade.
Percebe-se que, com base neste precedente exposto, se tem um dispositivo do CPP que é constitucional
em alguns estados e, também, inconstitucional em outros.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
A polícia federal é instituída por lei, como órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira. Entre suas funções, a polícia federal deve apurar infrações penais contra a ordem
política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União, ou de suas entidades
autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme. É uma criminalidade que transcende um Estado-membro, por
exemplo.
Ainda, deve prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência. Tem, então, atuação preventiva, como previsto na CF, pelo menos ao que diz respeito ao
tráfico de drogas. Exerce, também, a função de polícia marítima, de fronteiras ou aeroportuária.
No caso da polícia rodoviária federal é destinada ao patrulhamento ostensivo das rodovias
federais. Se forem rodovias estaduais, não há patrulhamento pela polícia rodoviária federal. O mesmo ocorre
com a polícia ferroviária federal, patrulhando as ferrovias federais.
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e
determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional
ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
O artigo é extenso e traz várias características do Estado de Defesa. Quem decreta o Estado de
Defesa é o próprio presidente, diferentemente do Estado de Sítio. As possíveis medidas a se tomar são:
Primeiramente, a restrição aos direitos de reunião, sigilo de comunicação telegráfica e telefônica
e sigilo de correspondência. Ainda, durante o estado de defesa é possível a ocupação e uso temporário de
bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública.
Decretado o estado de defesa, vale por apenas trinta dias, prorrogável uma vez por igual
período, desde que persistam as mesmas situações fáticas, estando, o estado de defesa, restrito a locais
determinados.
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
No presente caso, o presidente deve solicitar autorização ao Congresso Nacional para decretar o
estado de sítio. Se o estado de defesa e as medidas tomadas forem ineficientes, se declarará estado de
sítio, tendo em vista que não é possível ficar prorrogando o estado de defesa deliberadamente. A segunda
possibilidade do estado de sítio está interligada ao estado de guerra. A deliberação pelo Congresso
Nacional para autorização do estado de sítio será por aprovação de maioria absoluta.
Quanto à ineficácia do estado de defesa, para o caso de ser possível o estado de sítio, as medidas
serão restringidas, sendo possível, de acordo com o artigo 139 da CF:
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
É importante ressaltar que não se inclui, nas restrições do inciso III, a difusão de
pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela
respectiva Mesa. Ou seja, é possível a transmissão, por radiodifusão e televisão, o pronunciamento de
parlamentares dentro de suas respectivas Casas.
35 SEGURIDADE SOCIAL
Parte da ordem social, a seguridade social é algo preocupante atualmente, tendo em vista a
reforma previdenciária, que tem o potencial de alterar toda uma previsão de vida profissional. Seguridade
social abrange a previdência social, assistência social e saúde pública e destina-se a assegurar o pleno
funcionamento e os direitos relativos às três espécies.
Quando se estuda direito tributário, se descobre que existem várias formas de tributo, entre elas,
impostos. Estes têm como característica principal o fato de serem tributos não vinculados. Ou seja, o imposto
é cobrado, mas a receita pode ser aplicada em qualquer atividade estatal. Diferentemente, acontece com as
taxas, que é vinculada, ou seja, cobrada e aplicada em atividade específica.
As contribuições sociais, outra espécie tributária, é destinada para a seguridade social, justamente
pela importância dos assuntos que esta tem. Por tal motivo, podem ser criadas contribuições sociais para
seguridade social por medidas provisórias. Toda vez que faltar verba específica da previdência social, da
assistência social ou da saúde, é o caixa da seguridade social que entra em ação, para suprir esta falta.
O governo, há algum tempo, percebeu que faltava dinheiro de impostos para tocar os Estados, mas
sobrava dinheiro na Seguridade Social. Assim, por autorização do Congresso Nacional via emendas
constitucionais, os governos vêm autorizando a desvinculação de receitas da União, que estão no caixa da
seguridade social, no valor de até 30%. Portanto, se retira do caixa da seguridade verba para suprir o caixa
de assuntos relativos aos impostos.
35.3 SAÚDE
No tocante à saúde, de acordo com o artigo 193 da CF, é direito de todos e dever do Estado. Este é
um compromisso assumido pela República Federativa do Brasil em um modelo tipicamente social de
Estado.