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DIREITO AMBIENTAL
DIREITO AMBIENTAL
9 BIOSSEGURANÇA.............................................................................................................................................. 81
9.1 AGROTÓXICOS ................................................................................................................................................ 84
9.1.1 PROTEÇÃO QUÍMICA DAS CULTURAS E MEIO AMBIENTE ..................................................................... 84
9.1.2 PRODUTOS TÓXICOS .................................................................................................................................. 90
11 MINERAÇÃO.................................................................................................................................................... 105
Direito ambiental é o conjunto de princípios, regras, normas e valores que são relativos ao meio
ambiente como bem de uso comum do povo. Constitui-se de normas de direito internacional,
constitucional e infraconstitucional que regulam atividades potencialmente danosas ao meio ambiente
visando sempre a sua proteção. A Constituição Federal adotou a teoria do antropocentrismo alargado, ou
seja, os direitos do homem estão no centro dos valores constitucionais tutelados, se comparados com os valores
inerentes à vida dos seres não humanos. Afastada assim a teoria do ecocentrismo, que oferece igual valia
jurídica entre as vidas humanas e não humanas. De outro lado, o Constituinte Originário não ignorou a proteção
aos animais, ao vedar a crueldade contra eles.
O direito ambiental possui caráter multidisciplinar, traz elementos da física, da química, da biologia,
da geologia, da economia, além de dialogar com diversas disciplinas jurídicas como o direito constitucional,
direito administrativo, direito civil, direito penal, direito do consumidor entre outras. O meio ambiente, embora
uno para fins conceituais, possui aspectos distintos. Pode ser natural ou físico, como previsto no artigo 225,
caput e §1º, incisos I, III e VII, da CF/88. É composto pela atmosfera, elementos da biosfera, águas, solo,
subsolo, fauna e flora.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
(...)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
(...)
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
É aquele constituído pelo solo, água, recursos minerais, ar atmosférico, flora e fauna, em suma, os
elementos naturais, ou conforme previsto no art. 3º da Política Nacional de Meio Ambiente (L. 6.938/81) é
“o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Típicos exemplos de meio ambiente natural vêm disposto no
artigo 225, §4º da Constituição Federal: a floresta amazônica brasileira, a mata atlântica, a serra do mar, o
pantanal mato-grossense e a zona costeira.
É aquele compreendido pelo espaço urbano construído, consistente nos equipamentos antrópicos
e na estrutura urbana geral, tendo sua fonte jurídica maior no artigo 182 da CF:
É aquele integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que
embora natural ou artificial, o homem, lhe atribui sentido de valor especial, encontrando amparo em nossa
Constituição no artigo 216:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por
meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
preservação.
§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências
para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
(...)
Bem como foi introduzido pelo §7º (EC 96/17) do artigo 225 da Constituição Federal a possibilidade
de utilização de animais, sem que seja considerada cruel, quando utilizado em manifestações culturais, desde
que regulamentada especificamente por lei e assegurado o bem-estar dos animais envolvidos.
É aquele que engloba o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam
remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que
comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que
ostentem. É o conjunto de condições existentes no local de trabalho relativos à qualidade de vida do
trabalhador.
1
A Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da A/RES/38/61, no ano de 1983, constituiu uma Comissão para elaborar um
relatório sobre questões atinentes ao meio ambiente (Comissão Mundial sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente), incluindo o
desenvolvimento sem o comprometimento dos recursos naturais. Essa foi a origem do Relatório Brundtland.
2
WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT. Our common future: brundtland report. Oxford; New
York: Oxford University Press, 1987. p. 13.
Os princípios de direito ambiental são normas que visam concretizar o direito fundamental ao meio
ambiente equilibrado e servem também como norte interpretativo.
O Princípio do Desenvolvimento Sustentável encontra sua base legal no preâmbulo e nos artigos 225 e
170 da CF e já foi reconhecido como princípio de direito ambiental constitucional pelo Supremo Tribunal
Federal.
MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - PRERROGATIVA
QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO
(OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE -
NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA
COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE
PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1º, III) - ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME JURÍDICO A ELES
PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI -
SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR OU
PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE
RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE
PROTEÇÃO ESPECIAL - RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA
(CF, ART. 225) - COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS - CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE ESTADO
DE TENSÃO ENTRE VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS BÁSICOS DA PESSOA
HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES (FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) -
A QUESTÃO DA PRECEDÊNCIA DO DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO
CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA (CF, ART. 170, VI) - DECISÃO NÃO
REFERENDADA - CONSEQÜENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A
PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE UM
DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão),
que assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial
obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva
e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável, representa a
garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marcados pelo
desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das
pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA
COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A
incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de
motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada
a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa
do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural,
de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os
instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio
ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável
comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos
ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. A QUESTÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA
INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA
ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter
eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado
Este é o princípio que leva a proteção do meio ambiente mais longe do que qualquer outro. Havendo
dúvida sobre uma possível ação que possa prejudicar o meio ambiente e a sadia qualidade de vida, deve
prevalecer o princípio da precaução: in dúbio pro ambiente. Por força deste princípio há uma presunção de
dúvida (ou dano) em favor do meio ambiente, o que reflete no ônus probatório. Assim, o empreendedor terá
que provar que sua atividade não gera dano ao meio, ou se gera, há como mitigar e/ou compensar o
impacto causado. O princípio nº 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92
ou Eco-92) sobre o tema dispôs:
Princípio 15- Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos
Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de
certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para
prevenir a degradação ambiental.
O STF3e o STJ têm aplicado o princípio da precaução nos seus julgados. Estando presentes o risco de
dano e a incerteza científica (quando não se sabe quais serão as consequências da atividade), relacionadas à
atividade potencialmente danosa, esta deve ser suspensa para a tutela do meio ambiente, inclusive com a
inversão do ônus da prova contra o potencial poluidor-degradador.
3
(ADPF 101, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 24/06/2009, DJe-108 DIVULG 01-06-2012 PUBLIC
04-06-2012 EMENT VOL-02654-01 PP-00001 RTJ VOL-00224-01 PP-00011)
Consiste no dever jurídico de evitar o dano ao meio ambiente ante a sua certeza. Contrariamente ao
princípio da precaução, no princípio da prevenção já existem provas da danosidade de determinada
atividade, empreendimento ou obra. Assim este princípio visa evitar a consumação do dano, ao invés de
contabilizar os danos e tentar repará-los: mais vale prevenir do que remediar. Encontra embasamento
constitucional no artigo 225, §1º, inc. IV, da CF, e tem sido aplicado como princípio pelo egrégio STF.
O princípio do poluidor-pagador não pode ser confundido com o direito de poluir. Dessa forma, o
princípio do poluidor-pagador (PPP) tem por objetivo internalizar os custos (levar em conta nos custos de
produção) das externalidades negativas (os danos suportados pela sociedade) advindas do uso dos bens
ambientais. Assim, o agente econômico que causar dano ambiental diante de sua atividade deverá arcar
com os custos da poluição produzida. Antes de poluir deve pagar. A base infraconstitucional do princípio
do poluidor-pagador está no art. 4º, inc. VII, da Lei 6.938/81.
O princípio do poluidor-pagador tem sido aplicado, conforme se verifica na jurisprudência do STJ, com
a finalidade de responsabilizar aqueles que causam o dano ambiental.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPONSABILIDADE
POR DANO CAUSADO AO MEIO AMBIENTE. ZONA COSTEIRA. LEI 7.661/1988. CONSTRUÇÃO DE HOTEL
EM ÁREA DE PROMONTÓRIO. NULIDADE DE AUTORIZAÇÃO OU LICENÇA URBANÍSTICO-
AMBIENTAL. OBRA POTENCIALMENTE CAUSADORA DE SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE. ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL - EPIA E RELATÓRIO DE IMPACTO
AMBIENTAL - RIMA. COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO URBANÍSTICO-AMBIENTAL.
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (ART. 4°, VII, PRIMEIRA PARTE, DA LEI 6.938/1981).
RESPONSABILIDADE OBJETIVA (ART. 14, § 1°, DA LEI 6.938/1981). PRINCÍPIO DA MELHORIA DA
QUALIDADE AMBIENTAL (ART. 2°, CAPUT, DA LEI 6.938/1981).
1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta pela União com a finalidade de responsabilizar o Município de
Porto Belo-SC e o particular ocupante de terreno de marinha e promontório, por construção irregular de hotel de três
pavimentos com aproximadamente 32 apartamentos.
2. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por maioria, deu provimento às Apelações da União e do Ministério
Público Federal para julgar procedente a demanda, acolhendo os Embargos Infringentes, tão-só para eximir o
proprietário dos custos com a demolição do estabelecimento.
3. Incontroverso que o hotel, na Praia da Encantada, foi levantado em terreno de marinha e promontório, este último
um acidente geográfico definido como "cabo formado por rochas ou penhascos altos" (Houaiss). Afirma a união que
a edificação se encontra, após aterro ilegal da área, "rigorosamente dentro do mar", o que, à época da construção,
inclusive interrompia a livre circulação e passagem de pessoas ao longo da praia.
4. Nos exatos termos do acórdão da apelação (grifo no original): "O empreendimento em questão está localizado,
segundo consta do próprio laudo pericial às fls. 381-386, em área chamada promontório. Esta área é considerada de
preservação permanente, pela legislação do Estado de Santa Catarina por meio da Lei n° 5.793/80 e do Decreto n°
14.250/81, bem como pela legislação municipal (Lei Municipal n° 426/84)".
A base infraconstitucional do princípio do poluidor pagador está no art. 4º, inc. VII, da Lei 6.938/81 que
prevê que a Política Nacional do Meio Ambiente visará “a imposição, ao usuário, da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos”. O princípio usuário-pagador não possui caráter de
pena ou punição, pois mesmo não existindo qualquer ilegalidade no comportamento do usuário ele pode ser
O princípio da sadia qualidade de vida possui origem na Declaração de Estocolmo de 1972 que prevê:
“O homem tem o direito fundamental a adequadas condições de vida, em um meio ambiente de
qualidade”. A Rio 92, igualmente, dispõe, em seu Princípio 1º: “Os seres humanos têm o direito a uma vida
saudável”.
O princípio da sadia qualidade de vida, relevante registrar, foi invocado, juntamente com o princípio da
precaução, pelo egrégio STJ, como fundamento para postergar o plantio e a comercialização de sementes de
soja transgênica que poderiam gerar risco de dano ao meio ambiente e a saúde pública:
ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO.CULTIVARES DE SOJA.
VARIAÇÃO NA COR DO HILO. AUSÊNCIA DE NORMA REGULAMENTADORA. OMISSÃO DO
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. NECESSIDADE
DE ESTUDOS TÉCNICOS-CIENTÍFICOS. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO EVIDENCIADO.MANDADO
DE SEGURANÇA DENEGADO.
1. Insurge-se a impetrante contra a omissão da autoridade coatora em normatizar a questão da variação da tonalidade
de cor do hilo das sementes de soja.
2. O meio ambiente equilibrado - elemento essencial à dignidade da pessoa humana -, como "bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida" (art. 225 da CF), integra o rol dos direitos fundamentais. Nesse aspecto,
por sua própria natureza, tem o meio ambiente tutela jurídica respaldada por princípios específicos que lhe asseguram
especial proteção.
3. O direito ambiental atua de forma a considerar, em primeiro plano, a prevenção, seguida da recuperação e, por fim,
o ressarcimento.
4. A controvérsia posta em exame no presente mandamus envolve questão regida pelo direito ambiental que, dentre os
princípios que regem a matéria, encampa o princípio da precaução.
5. Deve prevalecer, no presente caso, a precaução da administração pública em liberar o plantio e comercialização de
qualquer produto que não seja comprovadamente nocivo ao meio ambiente. E, nesse sentido, o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA tem tomado as providências e estudos de ordem técnico-científica
para a solução da questão, não se mostrando inerte, como afirmado pela impetrante na inicial.
6. Não se vislumbra direito líquido e certo da empresa impetrante em plantar e comercializar suas cultivares, até que
haja o deslinde da questão técnico-científica relativa à ocorrência de variação na cor do hilo das cultivares.
7. Mandado de segurança denegado.(MS 16.074/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 09/11/2011, DJe 21/06/2012).
De acordo com o Princípio 13 da Rio/92, os Estados deverão desenvolver “legislação nacional relativa
à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais”. No mesmo
sentido, deverão cooperar de maneira rápida e mais decidida na elaboração de normas internacionais sobre
“responsabilidade e indenização por efeitos adversos advindos dos danos ambientais causados por atividades
realizadas dentro de sua jurisdição ou seu controle, em zonas fora de sua jurisdição”. O dano ambiental e a sua
reparação são regulados em nível infraconstitucional pelo artigo 927 do Código Civil e artigo 14, §1°, Lei n°
6938/814. O egrégio STJ tem aplicado o Princípio da Reparação ao reconhecer a responsabilidade objetiva
calcada na teoria do risco integral, que não admite a alegação da ocorrência das excludentes da
responsabilidade civil por parte dos predadores e dos poluidores.
De acordo com o artigo 10 da Declaração do Rio 92, “o melhor modo de tratar as questões do meio
ambiente é assegurando a participação de todos os cidadãos interessados, no nível pertinente”. Em nível
nacional, cada pessoa deve ter a possibilidade de participar no processo de tomada de decisões
(administrativas e judiciais). A Lei 7802/89 permite que as associações de defesa do meio ambiente e do
consumidor possam impugnar o registro de pesticidas ou pedir o cancelamento do registro já efetuado.
O princípio da participação assenta-se sobre dois pressupostos inarredáveis: a informação e a educação
ambiental. E já foi reconhecido como princípio de direito ambiental em precedente do egrégio STJ:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. DANO AMBIENTAL. CONDENAÇÃO. ART. 3º DA LEI 7.347/85.
CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER COM INDENIZAÇÃO.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Não há falar em vícios no acórdão nem em negativa de prestação jurisdicional quando todas as questões necessárias
ao deslinde da controvérsia foram analisadas e decididas.
2. O magistrado não está obrigado a responder a todos os argumentos das partes, quando já tenha encontrado
fundamentos suficientes para proferir o decisum. Nesse sentido: HC 27.347/RJ, Rel. Min. HAMILTON
CARVALHIDO, Sexta Turma, DJ 1º/8/05.
2. O meio ambiente equilibrado - elemento essencial à dignidade da pessoa humana -, como "bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida" (art. 225 da CF), integra o rol dos direitos fundamentais.
3. Tem o meio ambiente tutela jurídica respaldada por princípios específicos que lhe asseguram especial proteção.
4. O direito ambiental atua de forma a considerar, em primeiro plano, a prevenção, seguida da recuperação e, por fim,
o ressarcimento.
5. Os instrumentos de tutela ambiental - extrajudicial e judicial - são orientados por seus princípios basilares, quais
sejam, Princípio da Solidariedade Intergeracional, da Prevenção, da Precaução, do Poluidor-Pagador, da Informação,
da Participação Comunitária, dentre outros, tendo aplicação em todas as ordens de trabalho (prevenção, reparação e
ressarcimento).
6. "É firme o entendimento de que é cabível a cumulação de pedido de condenação em dinheiro e obrigação de fazer
em sede de ação civil pública" (AgRg no REsp 1.170.532/MG).
7. Recurso especial parcialmente provido para, firmando o entendimento acerca da cumulatividade da condenação
prevista no art.
3º da Lei 7.347/85, determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem para que fixe o quantum necessário e
suficiente à espécie.
(REsp 1115555/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe
23/02/2011)
4
Art. 14. Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da
União terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente.
Todos seres humanos e não humanos devem possuir acesso equitativo aos recursos naturais. Os
bens que integram o meio ambiente planetário como água, ar e solo, devem satisfazer a todos os habitantes da
terra. É adequado, portanto, pensar-se o meio ambiente como bem de uso comum do povo. Outrossim, resta
previsto no Princípio 1 da Rio/92: Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com
o desenvolvimento sustentável. Tem direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza.
A ação popular ambiental é outra ação possível, onde qualquer cidadão é parte legítima para
propor a ação que vise anular ato lesivo ao meio ambiente. O autor fica isento de custar judiciais e do ônus
da sucumbência, salvo se comprovada a má-fé. Aqui, há um estimulo que emana da CF para que o cidadão
participe da fiscalização dos riscos de dano ambiental e, ainda, promova a reparação do bem ambiente.
Entretanto, há um requisito para que o cidadão possa ajuizar a ação: deve ter certidão do cartório eleitoral,
ou título eleitoral, que comprove que a pessoa é apta a votar. Assim, não podem ajuizar ação popular
ambiental, aqueles que perderam a nacionalidade e que perderam, ou tiveram suspensos, os direitos políticos.
O Supremo Tribunal Federal, como guardião da Constituição, reconheceu o direito ao meio ambiente
como um direito fundamental. Nesse diapasão, também, o meio ambiente foi considerado como bem jurídico
merecedor de tutela constitucional, nos autos do RE 134.297-8/SP. No MS 22.164/DF5, a Corte ampliou o
5
EMENTA: REFORMA AGRARIA - IMÓVEL RURAL SITUADO NO PANTANAL MATO-GROSSENSE -
DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO (CF, ART. 184) - POSSIBILIDADE - FALTA DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL E PREVIA DO
PROPRIETARIO RURAL QUANTO A REALIZAÇÃO DA VISTORIA (LEI N. 8.629/93, ART. 2., PAR. 2.) - OFENSA AO
POSTULADO DO DUE PROCESS OF LAW (CF, ART. 5., LIV) - NULIDADE RADICAL DA DECLARAÇÃO
EXPROPRIATORIA - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. REFORMA AGRARIA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. -
O POSTULADO CONSTITUCIONAL DO DUE PROCESS OF LAW, EM SUA DESTINAÇÃO JURÍDICA, TAMBÉM ESTA
VOCACIONADO A PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE. NINGUEM SERÁ PRIVADO DE SEUS BENS SEM O DEVIDO
PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5., LIV). A UNIÃO FEDERAL - MESMO TRATANDO-SE DE EXECUÇÃO E
IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE REFORMA AGRARIA - NÃO ESTA DISPENSADA DA OBRIGAÇÃO DE
RESPEITAR, NO DESEMPENHO DE SUA ATIVIDADE DE EXPROPRIAÇÃO, POR INTERESSE SOCIAL, OS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS QUE, EM TEMA DE PROPRIEDADE, PROTEGEM AS PESSOAS CONTRA A EVENTUAL
EXPANSAO ARBITRARIA DO PODER ESTATAL. A CLÁUSULA DE GARANTIA DOMINIAL QUE EMERGE DO
SISTEMA CONSAGRADO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA TEM POR OBJETIVO IMPEDIR O INJUSTO
SACRIFICIO DO DIREITO DE PROPRIEDADE. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E VISTORIA EFETUADA PELO
INCRA. A VISTORIA EFETIVADA COM FUNDAMENTO NO ART. 2., PAR. 2. , DA LEI N. 8.629/93 TEM POR FINALIDADE
ESPECIFICA VIABILIZAR O LEVANTAMENTO TECNICO DE DADOS E INFORMAÇÕES SOBRE O IMÓVEL RURAL,
PERMITINDO A UNIÃO FEDERAL - QUE ATUA POR INTERMEDIO DO INCRA - CONSTATAR SE A PROPRIEDADE
REALIZA, OU NÃO, A FUNÇÃO SOCIAL QUE LHE E INERENTE. O ORDENAMENTO POSITIVO DETERMINA QUE
ESSA VISTORIA SEJA PRECEDIDA DE NOTIFICAÇÃO REGULAR AO PROPRIETARIO, EM FACE DA POSSIBILIDADE
DE O IMÓVEL RURAL QUE LHE PERTENCE - QUANDO ESTE NÃO ESTIVER CUMPRINDO A SUA FUNÇÃO SOCIAL -
Extraem-se do voto dois pontos dignos de nota para a definição do que significa o meio ambiente à luz
do texto constitucional: o reconhecimento não de mera perspectiva, mas da titularidade subjetiva coletiva
para a tutela do ambiente e da proteção de valores indisponíveis; e, também, da natureza jurídica do bem
ambiental, sujeito à tutela autônoma, na condição de bem e valor constitucionalmente tutelado.
Existe um dever fundamental de proteção do meio ambiente, o qual emana do art. 225 da Constituição
Federal, que obriga o Estado, a coletividade e o indivíduo. A Magna Carta, em seu texto, superou o mero
reconhecimento de direitos fundamentais de primeira geração, consistentes em direitos subjetivos a serem
invocados pelo indivíduo contra os desmandos e as arbitrariedades estatais, e também dos direitos sociais
(direitos prestacionais à saúde, à moradia e à educação).
A tutela dos direitos fundamentais de terceira dimensão está intrinsicamente vinculada ao cumprimento
de deveres fundamentais de proteção ambiental. Daí decorre que o Estado, a coletividade e os indivíduos são
sujeitos passivos contra os quais a pretensão subjetiva a um meio ambiente equilibrado pode ser invocada pelo
Estado, pela coletividade e pelos indivíduos de igual modo.
Não é equivocado afirmar, considerando-se essa perspectiva, que ao direito fundamental ao meio
ambiente equilibrado corresponde um dever fundamental de preservação em benefício das presentes e das
futuras gerações.
Supera-se a visão liberal burguesa de mera proteção dos direitos individuais do cidadão contra o Estado
sem o correspondente dever fundamental para com a coletividade. Deveres fundamentais referentes ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado visam a uma obrigação de não violação de interesses metaindividuais,
consubstanciados no dever de tutela dos direitos coletivos, transindividuais e individuais homogêneos.
O dever fundamental de tutela ambiental é marca característica do Estado Socioambiental e
Democrático de Direito, atinente e vinculado aos princípios constitucionais da precaução e da prevenção em
matéria ambiental
A posição de guarda do ambiente é exercida por toda a sociedade, sob os mais diversos meios de
representação. Deveres de proteção ao ambiente estão desvinculados, sendo absolutamente independentes de
qualquer posição jurídica subjetiva pretérita.
A Magna Carta estampou a tutela do meio ambiente de modo autônomo, afastando, assim, por via
indireta e reflexa, de modo benfazejo, a exigência de comprovação de lesões patrimoniais ou a qualquer outro
O meio ambiente, de acordo com o texto constitucional, outrossim, possui a sua dimensão natural (art.
225, caput, § 1o, incisos I e II).
Art. 225. ...§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa
e manipulação de material genético;
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar
de seus habitantes.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais
de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções
de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor
privado.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio
ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus
de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar
todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para
suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as
necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
A Constituição Federal atribuiu competências para os diversos entes estatais com o propósito de assegurar e
concretizar a proteção ecológica. Como referem Sarlet e Fensterseifer, as competências constitucionais (legislativa e
executiva) em matéria ambiental - previstas respectivamente, nos arts. 24 e 23 da CF/88 - inserem-se em tal cenário,
“demarcando, sobretudo, os papéis institucionais que cabem ao Estado-Legislador, para a hipótese da competência
legislativa, e ao Estado-Administrador, no tocante às competências executivas (ou materiais)”, sem olvidar, por óbvio,
“o papel reservado também ao Estado-Juiz no controle das omissões e ações (excessivas ou insuficientes) dos demais
órgãos estatais” (SARLET, Ingo; FENSTERSEIFER, Tiago. Direito constitucional ambiental. 4a ed revisada e
atualizada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 154).
O Poder Constituinte Originário, quanto à natureza, classificou as competências ambientais em administrativas
e legislativas. Quanto à extensão, as competências são exclusivas, privativas, comuns ou concorrentes e
suplementares.
A competência administrativa exclusiva está prevista na Carta Política de 1988 do seguinte modo: da União
(art. 21, incisos IX, XVIII, XX e XXIII); dos Estados (art. 25, § § 1o, 2o e 3o) e dos Municípios (art. 30, incisos VIII e
IX). A competência administrativa comum dos entes federados resta estampada no art. 23, incisos III, IV, VI, VII e
XI.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma
da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e
a execução de funções públicas de interesse comum.
Importante não deslembrar da competência legislativa: privativa da União (art. 22, incisos IV, XII e XXVI);
exclusiva dos Estados (art. 25 § § 1o e 3o); concorrente entre os entes federados (art. 24, incisos VI, VII e VIII) e
suplementar dos Municípios (art. 30, inciso II).
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
É sabido que a competência administrativa em matéria ambiental demorou mais de 23 anos para ser
regulamentada. Nesse meio tempo os conflitos positivos e negativos de competência foram recorrentes: ou os entes
lutavam para assumir uma atribuição, ou lutavam para não assumi-la. Haviam vários critérios normativos para a
resolução de conflitos, a exemplo da Lei 6.938/81, da Resolução 237/97 do Conama e da titularidade do bem etc.
Entretanto, como o parágrafo único do artigo 23 da Constituição Federal exigia uma lei complementar, é evidente que
apenas essa modalidade de norma poderia resolver o problema.
No dia 8 de dezembro de 2011, finalmente foi editada a Lei Complementar 140, que regulamentou os incisos
III, VI e VII do dispositivo constitucional citado, disciplinando a competência comum nessa seara. Essa lei foi inspirada
em parte na Resolução 237/97 do Conama, e em parte foi fruto de inovações ou de adaptação de outros textos normativos.
É competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios a defesa do meio ambiente. A Lei
Complementar 140/2011, regulamenta o art. 23, parágrafo único, da Constituição Federal e estabelece normas de
cooperação entre os entes federados para o exercício da competência executiva em matéria ambiental. Referida legislação
é a consagração do princípio da cooperação em matéria ambiental.
Na expressão de Morato Leite e Ayala
“O princípio da cooperação postula uma política mínima de cooperação solidária entre os Estados em busca de
combater efeitos devastadores da degradação ambiental, o que pressupõe ajuda, acordo, troca de informações e
transigência no que toca a um objetivo macro de toda a coletividade, além de apontar para uma atmosfera política
democrática entre os Estados, visando a um combate eficaz da crise ambiental global”.
Resta previsto no art. 4o da Lei Complementar 140/2011 que os entes federativos podem valer-se, entre outros,
dos seguintes instrumentos de cooperação institucional:
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público,
respeitado o art. 241 da Constituição Federal;
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito
Federal;
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;
V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar;
VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos
nesta Lei Complementar.
De acordo com o art. 6º, as ações de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão ser desenvolvidas de modo a atingir os objetivos previstos no art. 3º e a garantir o
desenvolvimento sustentável, harmonizando e integrando todas as políticas governamentais.
Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício
da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada,
democrática e eficiente;
Nos arts. 7º, 8º, 9º e 10, restam previstas as competências para ações administrativas da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios respectivamente.
Art. 7o São ações administrativas da União (entre outras):
I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente;
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;
III - promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e internacional;
IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental; (...).
Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8o e 9o. (as mesmas ações previstas para
os Estados e para os Municípios)
O Supremo Tribunal Federal manifestou-se em casos relevantes sobre a competência da União para legislar em
matéria de energia nuclear, assim como fiscalizar a execução desta atividade.
Também quando decidiu que a legislação estadual não pode restringir o uso e comércio de agrotóxicos
importados, ainda que tenha como objeto a proteção dos consumidores.
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei estadual (SC) nº 13.922/07. 1. É formalmente inconstitucional a lei estadual
que cria restrições à comercialização, à estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que
tenha por objetivo a proteção da saúde dos consumidores diante do possível uso indevido de agrotóxicos por outros
países. A matéria é predominantemente de comércio exterior e interestadual, sendo, portanto, de competência privativa
da União (CF, art. 22, inciso VIII). (ADI 3852, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
07/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe- 249 DIVULG 10-12-2015 PUBLIC 11-12-2015.
Emblemático leading case é o reconhecimento pelo STF de que não é facultado ao Constituinte estadual criar
norma que afaste a obrigatoriedade do estudo de prévio impacto ambiental previsto pela Constituição Federal de 1988.
Compete à União, outrossim, legislar sobre organismos geneticamente modificados, foi este o entendimento do Supremo
ao julgar inconstitucional a lei estadual paranaense n. 14.162, de 27 de outubro de 2003, que estabelecia vedação ao
cultivo, a manipulação, a importação, a industrialização e a comercialização de organismos geneticamente modificados.
Não se pode ignorar o afirmado por Sarlet e Fensterseifer no sentido de que o “reconhecimento da competência
do município para legislar em matéria ambiental é relativamente pacífico, o que não é unânime são os limites de tal
competência suplementar” (SARLET, Ingo; FENSTERSEIFER, Tiago. Direito constitucional ambiental. 4a ed revisada
e atualizada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 219).
É de se grifar decisão monocrática proferida pelo Ministro Celso de Mello no Recurso Extraordinário nº
673.681/SP7 (DJe-246 publicado em 16/12/2014), assinalando que assiste ao Município competência constitucional –
embora não ilimitada – “para formular regras e legislar sobre proteção e defesa do meio ambiente, que representa encargo
irrenunciável que incide sobre todos e cada um dos entes que integram o Estado Federal brasileiro.”
Embora decisões do STF, na ADI 3.357/RS e ADI 3.937/SP, apontem para o reconhecimento do exercício da
competência legislativa municipal mais efetiva na tutela do ambiente, a jurisprudência predominante tem sido até então
mais restritiva no aspecto do reconhecimento de uma postura legislativa mais proativa e protetiva do município na esfera
ambiental:
VENDA AMIANTO. COMPETÊNCIA NORMATIVA - COMÉRCIO. Na dicção da ilustrada maioria, em relação à
qual guardo reservas, não há relevância em pedido de concessão de liminar, formulado em ação direta de
6
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 182, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE
SANTA CATARINA. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL. CONTRAIEDADE AO ARTIGO 225, § 1º, IV, DA CARTA DA
REPÚBLICA. A norma impugnada, ao dispensar a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental no caso de áreas de
florestamento ou reflorestamento para fins empresariais, cria exceção incompatível com o disposto no mencionado inciso IV do § 1º
do artigo 225 da Constituição Federal. Ação julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade do dispositivo constitucional
catarinense sob enfoque.
7
EMENTA: Lei municipal contestada em face de Constituição estadual. Possibilidade de controle normativo abstrato por Tribunal
de Justiça (CF, art. 125, § 2º). Competência do Município para dispor sobre preservação e defesa da integridade do meio ambiente.
A incolumidade do patrimônio ambiental como expressão de um direito fundamental constitucionalmente atribuído à generalidade
das pessoas (RTJ 158/205-206 – RTJ 164/158- -161, v.g.). A questão do meio ambiente como um dos tópicos mais relevantes da
presente agenda nacional e internacional. O poder de regulação dos Municípios em tema de formulação de políticas públicas, de
regras e de estratégias legitimadas por seu peculiar interesse e destinadas a viabilizar, de modo efetivo, a proteção local do meio
ambiente. Relações entre a lei e o regulamento. Os regulamentos de execução (ou subordinados) como condição de eficácia e
aplicabilidade da norma legal dependente de regulamentação executiva. Previsão, no próprio corpo do diploma legislativo, da
necessidade de sua regulamentação. Inocorrência de ofensa, em tal hipótese, ao postulado da reserva constitucional de administração,
que traduz emanação resultante do dogma da divisão funcional do poder. Doutrina. Precedentes. Legitimidade da competência
monocrática do Relator para, em sede recursal extraordinária, tratando-se de fiscalização abstrata sujeita à competência originária
dos Tribunais de Justiça (CF, art. 125, § 2º), julgar o apelo extremo, em ordem, até mesmo, a declarar a inconstitucionalidade ou a
confirmar a validade constitucional do ato normativo impugnado. Precedentes (RE 376.440-ED/DF, Rel. Min. DIAS TOFFOLI,
Pleno, v.g.). Recurso extraordinário conhecido e provido.
EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Lei estadual (SC) nº 13.922/07. Restrições ao comércio de produtos
agrícolas importados no Estado. Competência privativa da União para legislar sobre comércio exterior e interestadual
(CF, art. 22, inciso VIII). 1. É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à
estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por objetivo a proteção da saúde
dos consumidores diante do possível uso indevido de agrotóxicos por outros países. A matéria é predominantemente
de comércio exterior e interestadual, sendo, portanto, de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso VIII).
(ADI 3852, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 07/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-249 DIVULG 10-12-2015 PUBLIC 11-12- 2015).
Foi publicado no Informativo do STF nº 857, referente ao período de 13 a 17 de março de 2017, a seguinte
informação sobre julgado da 2ª Turma:
“Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente. Com base nesse
entendimento, a Segunda Turma negou provimento a agravo regimental. A Turma afirmou que os Municípios podem
adotar legislação ambiental mais restritiva em relação aos Estados-Membros e à União. No entanto, é necessário que
a norma tenha a devida motivação”. ARE 748206 AgR/SC, rel Min. Celso de Mello, julgamento em 14.3.2017. (ARE-
748206).
O Zoneamento Ambiental e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação são duas figuras jurídicas
estritamente ligadas aos princípios constitucionais da precaução, da prevenção e do desenvolvimento
sustentável. Para além de auxiliar no gerenciamento dos riscos de danos e de catástrofes ambientais, o
Zoneamento Ambiental limita os direitos dos indivíduos com o objetivo de tutelar o meio ambiente para as
presentes e futuras gerações.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação visa a regulamentar as unidades de conservação, que
nada mais são do que o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com
8
Sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção; (Regulamento).
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Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização,
incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e
compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
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Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
(Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de 2016)
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento
básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
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Art. 1º Nas áreas críticas de poluição a que se refere o art. 4º do Decreto-lei nº 1.413, de 14 de agosto de 1975, as zonas destinadas
à instalação de indústrias serão definidas em esquema de zoneamento urbano, aprovado por lei, que compatibilize as atividades
industriais com a proteção ambiental.
§ 1º As zonas de que trata este artigo serão classificadas nas seguinte categorias:
a) zonas de uso estritamente industrial;
b) zonas de uso predominantemente industrial;
c) zonas de uso diversificado.
§ 2º As categorias de zonas referidas no parágrafo anterior poderão ser divididas em subcategorias, observadas as peculiaridades das
áreas críticas a que pertençam e a natureza das indústrias nelas instaladas.
§ 3º As indústrias ou grupos de indústrias já existentes, que não resultarem confinadas nas zonas industriais definidas de acordo com
esta Lei, serão submetidas à instalação de equipamentos especiais de controle e, nos casos mais graves, à relocalização.
Art. . 2º As zonas de uso estritamente industrial destinam-se, preferencialmente, à localização de estabelecimentos industriais cujos
resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações, emanações e radiações possam causar perigo à saúde, ao bem-estar e à
segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, nos termos da
legislação vigente.
§ 1º As zonas a que se refere este artigo deverão:
I - situar-se em áreas que apresentem elevadas capacidade de assimilação de efluentes e proteção ambiental, respeitadas quaisquer
restrições legais ao uso do solo;
II - localizar-se em áreas que favoreçam a instalação de infra-estrutura e serviços básicos necessários ao seu funcionamento e
segurança;
III - manter, em seu contorno, anéis verdes de isolamento capazes de proteger as zonas circunvizinhas contra possíveis efeitos
residuais e acidentes;
§ 2º É vedado, nas zonas de uso estritamente industrial, o estabelecimento de quaisquer atividades não essenciais às suas funções
básicas, ou capazes de sofrer efeitos danosos em decorrência dessas funções.
Art. . 3º As zonas de uso predominantemente industrial destinam-se, preferencialmente, à instalação de indústrias cujos processos,
submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, não causem incômodos sensíveis às demais atividades
urbanas e nem perturbem o repouso noturno das populações.
Parágrafo único. As zonas a que se refere este artigo deverão:
I - localizar-se em áreas cujas condições favoreçam a instalação adequada de infra-estrutura de serviços básicos necessária a seu
funcionamento e segurança;
II - dispor, em seu interior, de áreas de proteção ambiental que minimizem os efeitos da poluição, em relação a outros usos.
Art. . 4º As zonas de uso diversificado destinam-se à localização de estabelecimentos industriais, cujo processo produtivo seja
complementar das atividades do meio urbano ou rural que se situem, e com elas se compatibilizem, independentemente do uso de
métodos especiais de controle da poluição, não ocasionando, em qualquer caso, inconvenientes à saúde, ao bem-estar e à segurança
das populações vizinhas.
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Art. 5º As zonas de uso industrial, independentemente de sua categoria, serão classificadas em:
I - não saturadas;
II - em vias de saturação;
III - saturadas;
Art. 6º O grau de saturação será aferido e fixado em função da área disponível para uso industrial da infra-estrutura, bem como dos
padrões e normas ambientais fixadas pela Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e pelo Estado e Município, no limite das respectivas competências. (Vide Lei nº
7.804, de 1989)
§ 1º Os programas de controle da poluição e o licenciamento para a instalação, operação ou aplicação de indústrias, em áreas críticas
de poluição, serão objeto de normas diferenciadas, segundo o nível de saturação, para cada categoria de zona industrial.
§ 2º Os critérios baseados em padrões ambientais, nos termos do disposto neste artigo, serão estabelecidos tendo em vista as zonas
não saturadas, tornando-se mais restritivos, gradativamente, para as zonas em via de saturação e saturadas.
§ 3º Os critérios baseados em área disponível e infra-estrutura existente, para aferição de grau de saturação, nos termos do disposto
neste artigo, em zonas de uso predominantemente industrial e de uso diversificado, serão fixados pelo Governo do Estado, sem
prejuízo da legislação municipal aplicável.
Caberá aos Governos Estaduais, observado o disposto na Lei 6803/80 e em outras normas legais em
vigor: aprovar a delimitação, a classificação e a implantação de zonas de uso estritamente industrial e
predominantemente industrial; definir, com base na Lei e nas normas baixadas pelo IBAMA, os tipos de
estabelecimentos industriais que poderão ser implantados em cada uma das categorias de zonas; ...e instalar e
manter, nas zonas a que se refere o item anterior, serviços permanentes de segurança e prevenção de acidentes
danosos ao meio ambiente; fiscalizar, nas zonas de uso estritamente industrial e predominantemente industrial,
o cumprimento dos padrões e normas de proteção ambiental; administrar as zonas industriais de sua
responsabilidade direta ou quando esta responsabilidade decorrer de convênios com a União (art. 10 da Lei
6803/80).
Caberá exclusivamente à União, ouvidos os Governos Estadual e Municipal interessados, aprovar a
delimitação e autorizar a implantação de zonas de uso estritamente industrial que se destinem à localização de
polos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos, bem como a instalações nucleares e outras definidas em
lei.
Além dos estudos normalmente exigíveis para o estabelecimento de zoneamento urbano, a aprovação
das zonas, será precedida de estudos especiais de alternativas e de avaliações de impacto, que permitam
estabelecer a confiabilidade da solução a ser adotada.
Em casos excepcionais, em que se caracterize o interesse público, o Poder Estadual, mediante a
exigência de condições convenientes de controle, e ouvidos o IBAMA, o Conselho Deliberativo da Região
Metropolitana e, quando for o caso, o Município, poderá autorizar a instalação de unidades industriais fora das
zonas de que trata a Lei 6.803/80.
Importante grifar que a Lei 8.171/91, que regula a política agrícola, previu no art. 19, inc. III13, a
necessidade do Poder Público proceder zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios para
o disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial pelas atividades produtivas, bem como para a
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Art. 19. O Poder Público deverá:
III - realizar zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios para o disciplinamento e o ordenamento da ocupação
espacial pelas diversas atividades produtivas, bem como para a instalação de novas hidrelétricas;
A Lei 9.985/00 instituiu o Sistema Nacional de Unidades II, Sistema nacional de unidades de
conservação da natureza, Poder de polícia e Direito Ambiental, Licenciamento Ambiental de Conservação da
Natureza, e estabeleceu critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.
São unidades de conservação o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com “características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção”. Vide art. 2º da Lei 9.985/0014.
São objetivos do SNUC contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; proteger as espécies ameaçadas de extinção no
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Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
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Art. 4o O SNUC tem os seguintes objetivos:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e
cultural;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo
ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu
conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.
O Brasil tem enfrentado inúmeras catástrofes ambientais nos últimos anos, como demonstrado no
incêndio na Vila Socó (1984); no caso do Césio 137, em Goiânia (1987); nos vazamentos de óleo na Baía da
Guanabara e em Araucária (2000); no rompimento da barragem de Cataguases (2003); no vazamento de óleo
na Bacia de Campos (2011); no incêndio na Ultracargo (2015) e na tragédia de Mariana, em Minas Gerais, que
causou danos irreversíveis ao meio ambiente e as comunidades afetadas. Neste sentido, o exercício do poder
de polícia é essencial para a prevenção de catástrofes e danos ambientais.
O Estado tem o dever fundamental de fiscalizar atividades que geram risco de dano ao meio ambiente.
Como corolário que bem exemplifica este dever resta previsto no ordenamento jurídico brasileiro o
procedimento de licenciamento ambiental. Outrossim, para além de sanções civis e penais, aqueles que violam
normas de tutela do meio ambiente e/ou causam danos a este, estão sujeitos, observado o princípio do devido
processo legal, as sanções de cunho administrativo que visam reparar danos ambientais, restaurar o equilíbrio
ecológico e punir os infratores.
A utilização dos recursos ambientais é atividade submetida ao poder de polícia do Estado. É o exercício
do poder de polícia que servirá de parâmetro para os limites de utilização legítimos, segundo a ordem jurídica
vigente. O poder de polícia é um poderoso instrumento de harmonização de direitos individuais, fazendo com
que eles sejam exercidos com respeito ao direito de terceiros. A sua legitimidade depende da estrita observância
das normas legais e regulamentares, sendo necessário que o agente da autoridade atue dentro dos contornos
estabelecidos pela regra de direito (ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 18a ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2016, p. 175).
O conceito legal de poder polícia para o direito brasileiro é aquele elencado no Código Tributário
Nacional:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal
e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
A Política Nacional do Meio ambiente, disciplinada pela Lei 6.938/81, recepcionada pela Constituição
Federal de 1988, prevê um dos corolários do princípio da prevenção no seu texto: o licenciamento ambiental.
Como estampado no art. 9o, inc. IV, o licenciamento é um dos instrumentos da política ambiental no Brasil.
O art. 10 da referida legislação dispõe que “...a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos
e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental”. Referida redação, aliás, foi conferida
pela Lei Complementar 140/2011.
É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, de acordo com o art. 23, inciso VI, da Constituição
Federal16. É direito e dever dos entes federados exercer a competência constitucional comum. O licenciamento,
outrossim, é uma das formas de exercê-la.
As licenças, autorizações e permissões apenas podem ser criadas por lei, ou esta deve prever
expressamente a sua instituição por outro meio infralegal. De acordo com o art. 19 do Decreto 99.247/90, que
regulamenta a Lei 6.938/81, e também a Resolução 237 do CONAMA, o licenciamento é um procedimento
cujos tipos são licença prévia, licença de instalação e licença de operação.
I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos
a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais
ou federais de uso do solo;
II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações
constantes do Projeto Executivo aprovado;
III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade
licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas
Licenças Prévia e de
Instalação.
Importante, observar que a Lei Complementar 140/2011, distribuiu as competências entre os entes
federados para fins de licenciamento do seguinte modo: das ações administrativas da União (art. 7o, inc. XIV);
das ações administrativas do Estado (art. 8, incisos XIV e XV); e das ações administrativas do Município (art.
9o, inc. XIV).
Art. 7o São ações administrativas da União: XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades: a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; b) localizados ou
desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; c) localizados ou
desenvolvidos em terras indígenas; d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela
União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles
previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho
de 1999; g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo,
em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
16
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
Art. 8o São ações administrativas dos Estados: XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o; XV - promover o licenciamento
ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas
pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
Art. 9o São ações administrativas dos Municípios: XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos
previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: a) que
causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos
Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou b)
localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Dentro desta disciplina, os empreendimentos e as atividades são licenciados, para fins ambientais, por
apenas um ente federado, facultado está o dever e o direito dos demais manifestarem-se, por meio do órgão
responsável pela licença ou autorização, de modo não vinculante, respeitados os prazos e ritos procedimentais
do licenciamento ambiental.
Como bem enfatiza Farias, é um equívoco confundir o dever de proteger o meio ambiente com a
obrigatoriedade da concomitância de ações, pois isso muito mais atrapalha do que ajuda. Por outro lado, a
autonomia federativa é que parece estar em jogo com a multiplicidade, dado que o órgão ambiental
verdadeiramente competente poderia sucumbir à atuação dos demais.
O próprio STF já se pronunciou a respeito do assunto no caso da transposição do rio São Francisco,
quando decidiu que o estado de Minas Gerais não poderia interferir decisivamente no licenciamento. Ademais,
é claro o desrespeito ao princípio da predominância do interesse, critério constitucional para a repartição de
competências. (Talden Farias)
Ademais, é claro o desrespeito ao princípio da predominância do interesse, critério constitucional para
a repartição de competências. E, de fato, o egrégio STF já encerrou questão sobre o tema na ADI 2.544/RS.1718
17
FARIAS, Talden. Licenciamento ambiental em um único nível de competência. Revista Eletrônica Consultor Jurídico. Disponível
em: http://www.conjur.com.br/2016-jun-25/ambiente-juridicolicenciamento- ambiental-unico-nivel-competencia.
18
EMENTA: Federação: competência comum: proteção do patrimônio comum, incluído o dos sítios de valor arqueológico (CF, arts.
23, III, e 216, V): encargo que não comporta demissão unilateral. 1. L. est. 11.380, de 1999, do Estado do Rio Grande do Sul, confere
aos municípios em que se localizam a proteção, a guarda e a responsabilidade pelos sítios arqueológicos e seus acervos, no Estado,
o que vale por excluir, a propósito de tais bens do patrimônio cultural brasileiro (CF, art. 216, V), o dever de proteção e guarda e a
conseqüente responsabilidade não apenas do Estado, mas também da própria União, incluídas na competência comum dos entes da
Federação, que substantiva incumbência de natureza qualificadamente irrenunciável. 2. A inclusão de determinada função
administrativa no âmbito da competência comum não impõe que cada tarefa compreendida no seu domínio, por menos expressiva
que seja, haja de ser objeto de ações simultâneas das três entidades federativas: donde, a previsão, no parágrafo único do art. 23 CF,
de lei complementar que fixe normas de cooperação (v. sobre monumentos arqueológicos e pré-históricos, a L. 3.924/61), cuja
edição, porém, é da competência da União e, de qualquer modo, não abrange o poder de demitirem-se a União ou os Estados dos
encargos constitucionais de proteção dos bens de valor arqueológico para descarregá-los ilimitadamente sobre os Municípios. 3.
Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da
autuação;
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada
ou não a defesa ou impugnação;
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do
Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de
autuação;
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou
veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
XI - restritiva de direitos.
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções
a elas cominadas. § 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em
vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão
competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio
ambiente.
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional
do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de
8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão
arrecadador.
Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo
com o objeto jurídico lesado.
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa
federal na mesma hipótese de incidência.
De acordo com Paulo de Bessa Antunes, o Decreto 6.514/08 objetiva estabelecer as bases para a
imputação de responsabilidades administrativas para quem, por atos e omissões, lese o bem jurídico meio
ambiente, conforme determinado pelo parágrafo 3º do art. 225 da Constituição Federal. Contudo, há que se
registrar que a Lei 9.605/98, não dispõe sobre tipos administrativos (Direito Ambiental, p. 290).
Consoante o art. 4o: (...) o agente autuante, ao lavrar o auto de infração, indicará as sanções
estabelecidas no Decreto, observando: a gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; os antecedentes do infrator, quanto ao
cumprimento da legislação de interesse ambiental; e, a situação econômica do infrator.
Após intenso debate na jurisprudência, entendeu o egrégio STJ por editar a Súmula 467 19 no sentido
de que "prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental."
É entendimento da Corte, outrossim, que configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação
da pena de multa sem a necessidade de prévia imposição da pena de advertência (art. 72 da Lei 9.605/98) (STJ,
1ª Turma. REsp 1.318.051-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/3/2015 (Info 561)).
O egrégio STJ possui entendimento que o Decreto 6.514/08, ao regulamentar a Lei 9.605/98, é
compatível com princípio da legalidade, no que tange as tipificações por infrações administrativas.
No campo das infrações administrativas, exige-se do legislador ordinário apenas que estabeleça as
condutas genéricas (ou tipo genérico) consideradas ilegais, bem como o rol e limites das sanções previstas,
deixando-se a especificação daquelas e destas para a regulamentação, por meio de Decreto. De forma
legalmente adequada, embora genérica, o art. 70 da Lei 9.605/98 prevê, como infração administrativa
ambiental, "toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação
do meio ambiente".
É o que basta para, com a complementação do Decreto regulamentador, cumprir o princípio da
legalidade, que, no Direito Administrativo, não pode ser interpretado mais rigorosamente que no Direito Penal,
campo em que se admitem tipos abertos e até em branco. O transporte de carvão vegetal sem prévia licença da
19
S. 467/STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de
promover a execução da multa por infração ambiental.
20
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. APLICAÇÃO DE MULTA ADMINISTRATIVA POR POSSE,
GUARDA E MANUTENÇÃO DE AVES EXÓTICAS SEM LICENÇA AMBIENTAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO
ART.535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. TIPICIDADE DA CONDUTA. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL.
DECRETO 6.514/08. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AUTÔNOMA. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DE
DOMICÍLIO. PRECEDENTES. SÚMULA 7/STJ. VIOLAÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE E PEDIDO DE INVERSÃO
DO ÔNUS DA PROVA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. 1. Inexiste a alegada violação do art.
535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, conforme se depreende da análise do acórdão
recorrido. 2. A guarda e a manutenção de aves exóticas dependem de licença ambiental e expedição de parecer técnico. Não configura
nacionalização das aves o simples ingresso no território brasileiro. A conduta do recorrente não observou as exigências legais. Auto
de infração administrativa dentro dos limites da legalidade. 3. Não há atipicidade na conduta do agente, porquanto ela se inclui na
previsão estabelecida no artigo 25, §1º do Decreto nº 6.514/08. A descrição de conduta típica, para fins de infração administrativa,
pode vir regulamentada por meio de Decreto, desde que a norma se encontre dentro dos contornos previstos na Lei n. 9.605/98, não
inovando na ordem jurídica. De igual modo, inexiste violação ao princípio da legalidade, tendo em vista a autonomia das instâncias
de responsabilização administrativa e penal. 4. O pedido de afastamento da multa sob alegação de que a aquisição das aves ocorreu
em momento prévio à publicação da norma proibitiva não subsiste, visto que a conduta do agente configura ilícito de caráter
permanente. Nesse sentido, deve ser aplicada a regra vigente à época da cessação do delito, que, no caso concreto, coincidiu com a
vigência da norma proibitiva à introdução, guarda e manutenção de aves sem prévio parecer técnico e respectiva licença ambiental.
21
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. DANO AMBIENTAL. ACIDENTE NO TRANSPORTE DE ÓLEO
DIESEL. IMPOSIÇÃO DE MULTA AO PROPRIETÁRIO DA CARGA. IMPOSSIBILIDADE. TERCEIRO.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. I - A Corte de origem apreciou todas as questões relevantes ao deslinde da controvérsia de
modo integral e adequado, apenas não adotando a tese vertida pela parte ora Agravante. Inexistência de omissão. II - A
responsabilidade civil ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, o terceiro, proprietário
No âmbito do direito internacional a Declaração do Rio de Janeiro [RIO/92] prevê, de acordo com o
Princípio 13, que os Estados deverão desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à
indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais. Os Estados deverão, ainda, cooperar de maneira
rápida e mais decidida, na elaboração de normas internacionais sobre a responsabilidade e a indenização por
efeitos adversos advindos dos danos ambientais causados por atividades realizadas dentro de sua jurisdição ou
seu controle, em zonas fora de sua jurisdição.
A Constituição Federal, por sua vez, prevê o dever de reparar os danos ambientais:
Art. 225. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
da carga, por não ser o efetivo causador do dano ambiental, responde subjetivamente pela degradação ambiental causada pelo
transportador. III - Agravo regimental provido.
22
PROCESSUAL CIVIL. AMBIENTAL. EXPLOSÃO DE NAVIO NA BAÍA DE PARANAGUÁ (NAVIO "VICUNA").
VAZAMENTO DE METANOL E ÓLEOS COMBUSTÍVEIS. OCORRÊNCIA DE GRAVES DANOS AMBIENTAIS.
AUTUAÇÃO PELO INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ (IAP) DA EMPRESA QUE IMPORTOU O PRODUTO
"METANOL". ART. 535 DO CPC. VIOLAÇÃO. OCORRÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE
MANIFESTAÇÃO PELO TRIBUNAL A QUO. QUESTÃO RELEVANTE PARA A SOLUÇÃO DA LIDE. 1. Tratam os presentes
autos de: a) em 2004 a empresa ora recorrente celebrou contrato internacional de importação de certa quantidade da substância
química metanol com a empresa Methanexchile Limited. O produto foi transportado pelo navio Vicuna até o Porto de Paranaguá, e
o desembarque começou a ser feito no píer da Cattalini Terminais Marítimos Ltda., quando ocorreram duas explosões no interior da
embarcação, as quais provocaram incêndio de grandes proporções e resultaram em danos ambientais ocasionados pelo derrame de
óleos e metanol nas águas da Baía de Paranaguá; b) em razão do acidente, o Instituto recorrido autuou e multa a empresa recorrente
no valor de R$ 12.351.500,00 (doze milhões, trezentos e cinquenta e um mil e quinhentos reais) por meio do Auto de Infração 55.908;
c) o Tribunal de origem consignou que "a responsabilidade do poluidor por danos ao meio ambiente é objetiva e decorre do risco
gerado pela atividade potencialmente nociva ao bem ambiental. Nesses termos, tal responsabilidade independe de culpa, admitindo-
se como responsável mesmo aquele que aufere indiretamente lucro com o risco criado" e que "o artigo 25, § 1º, VI, da Lei 9.966/2000
estabelece expressamente a responsabilidade do 'proprietário da carga' quanto ao derramamento de efluentes no transporte marítimo",
mantendo a Sentença e desprovendo o recurso de Apelação. 2. A insurgente opôs Embargos de Declaração com intuito de provocar
a manifestação sobre o fato de que os presentes autos não tratam de responsabilidade ambiental civil, que seria objetiva, mas sim de
responsabilidade ambiental administrativa, que exige a demonstração.
23
PROCESSO PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL, ORDINÁRIO OU DE
REVISÃO CRIMINAL. NÃO CABIMENTO. CRIME AMBIENTAL. ART. 34, CAPUT, DA LEI Nº 9605/98. TRANCAMENTO
DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INOCORRÊNCIA. SANÇÃO ADMINISTRATIVA. AUTONOMIA EM
RELAÇÃO À SANÇÃO CRIMINAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Ressalvada pessoal compreensão diversa,
uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão
criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia.
2. Orienta-se a jurisprudência no sentido de que o trancamento da ação penal é medida de exceção, possível somente quando
inequívoca a inépcia da denúncia e a ausência de justa causa, o que não se verifica na hipótese. 3. Na hipótese, o Tribunal a quo
concluiu que há indícios suficientes de autoria e materialidade, corroborados pelas cópias do termo circunstanciado, do auto de
infração ambiental e relatório de fiscalização em que relatam terem os pacientes sido abordados na embarcação pescando (com
efetiva afetação do objeto jurídico-ambiental). 4. Assim, infirmar tal constatação demanda revolvimento fático-probatório inviável
na via estreita do writ. 5. A multa aplicada pela autoridade administrativa é autônoma e distinta das sanções criminais cominadas à
mesma conduta. 6. Habeas corpus não conhecido.
No âmbito infraconstitucional, a Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
define o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações, de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Art. 3.inc. I)24”.
De acordo com o art. 3o, incisos II, III e V25, respectivamente, da referida lei: a degradação da qualidade
ambiental é a alteração adversa das características do meio ambiente; o poluidor é a pessoa física ou jurídica,
de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental; e os recursos ambientais são a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera.
O dano ambiental e a sua reparação são regulados pelo art. 14, §1°, Lei 6938/8126 e pelo art. 927 do
Código Civil27. Neste diapasão, o legislador infraconstitucional previu a responsabilidade objetiva, com base
no risco da atividade, sem a necessária demonstração da culpa do poluidor, em matéria de danos causados ao
meio ambiente. O princípio do poluidor pagador está integrado ao sistema de responsabilização civil ambiental.
Resta previsto na Lei 6.938/81, em seu art. 4, VII, que “a Política Nacional do Meio Ambiente visará à
imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados”.
Como refere Leite, a teoria da responsabilidade causada pelo risco tem seu fundamento na socialização
dos lucros, pois aquele que lucra com uma atividade, “deve responder pelo risco ou pela desvantagem dela
resultante...A não necessidade da prova de culpa do agente degradador na responsabilidade por risco denota
24
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas;
25
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora
de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo,
os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
26
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa,
a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União
e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
27
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
A Lei 9.605/98 conferiu tratamento sistemático da responsabilidade penal por condutas lesivas ao meio
ambiente. Subsistem, contudo, algumas normas esparsas que tutelam o ambiente na esfera criminal. O recurso
às normas penais em branco é comum na matéria, em razão da interface técnica nas questões ambientais
(MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco; doutrina, jurisprudência, glossário. 7ª Ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 1281).
Está previsto no art. 26 da Lei 9.605/9828 que nos crimes ambientais, a ação penal é pública
incondicionada. Cabe aos órgãos e entidades administrativas que detém o exercício do poder de polícia
ambiental, proceder à notificação de crime ambiental quando este seja constatado em concomitância com
infração administrativa ambiental. Importa esclarecer que os tipos penais encontram correspondente nas
infrações administrativas, ao menos no âmbito federal. No entanto, em vista do princípio da intervenção
mínima, nem sempre os tipos infracionais administrativos encontram similar tipificação penal (MILARÉ, Édis.
Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco; doutrina, jurisprudência, glossário. 7ª Ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011, p. 1277).
Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: a gravidade do fato,
tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; os
antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; a situação econômica do
infrator, no caso de multa. Vide art. 6º da Lei 9.605/98.29
As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: tratar-
se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do
crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. As penas
restritivas de direitos terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. Vide art. 7º da Lei
9.605/9830.
28
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.
29
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
30
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do
crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
substituída.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques
e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração
desta, se possível.
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público,
de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco
anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim
social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá,
sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários
de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença
condenatória.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. Transitada
em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se sem prejuízo da liquidação para apuração
do dano efetivamente sofrido.
Vide art. 20 da Lei 9.605/98:
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
i) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para
efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal,
instaurando-se o contraditório.
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos
termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto
no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
Relevante destacar que a pessoa jurídica pode ser denunciada e condenada por crime ambiental independentemente da
inclusão do sócio no polo passivo da demanda consoante recente precedente do egrégio STF.
O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica
por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da
empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação... Tal esclarecimento, relevante para
fins de imputar determinado delito à pessoa jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a
responsabilização da pessoa jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas
(STF. 1 Turma. Relatora Ministra Rosa Weber. RE 548181. 06.08.2013). Referido precedente, que afasta a
teoria da dupla imputação em matéria ambiental, tem sido seguido no âmbito dos Tribunais Regionais Federais.
De acordo com recentes entendimentos dos Tribunais Superiores, a teoria da dupla imputação, segundo
a qual a responsabilidade penal da pessoa jurídica não poderia ser dissociada da pessoa física atuante em seu
benefício, não encontra suporte jurídico, já que não há tal exigência no art. 225, § 3º, da Constituição Federal.
Logo, é possível a responsabilização, em isolado, da pessoa jurídica envolvida na prática de crime ambiental
(TRF4. 7ª Turma Desembargador Federal Sebastião Ogê Muniz. ACR 00005749020094047200. 17.07.2014).
As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o
disposto no art. 3º, por sua vez, são: multa; restritivas de direitos; e, prestação de serviços à comunidade. As
penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: a suspensão parcial ou total de atividades; a interdição
temporária de estabelecimento, obra ou atividade; e a proibição de contratar com o Poder Público, bem como
dele obter subsídios, subvenções ou doações.
O crime imputado ao agravante configura-se como crime permanente, pois, mesmo que o dano
ambiental tenha se iniciado com a construção das edificações em dezembro de 2003, a conservação e a
manutenção das construções na área de conservação ambiental impedem que a vegetação se regenere,
prolongando-se assim os danos causados ao meio ambiente.
Se a ocupação ou a degradação da área ocorreu, e continua ocorrendo, impedindo e dificultando a sua
regeneração natural, permanece o recorrente em cometimento da infração penal. A ausência de informação
acerca da cessação da permanência impede a aferição do transcurso do lapso prescricional e impõe o
prosseguimento do inquérito policial (AgRg no REsp 1133632/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI
CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 27/09/2016, DJe 10/10/2016).
Não obstante prevaleça no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de ser possível a
incidência do princípio da insignificância nos crimes ambientais, deve-se aferir com cautela o grau de
reprovabilidade, a relevância da periculosidade social, bem como a ofensividade da conduta, haja vista a
fundamentalidade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, inerente às presentes e futuras
gerações (princípio da equidade intergeracional) (AgRg no REsp 1558576/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO
REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 01/03/2016, DJe 17/03/2016):
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME DE PESCA. ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO,
INCISO III, DA LEI N.º 9.605/98. CRIMINOSO CONTUMAZ. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
APLICABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A aplicação do princípio
da insignificância, como causa de atipicidade da conduta, especialmente em se tratando de crimes ambientais, é cabível
desde que presentes os seguintes requisitos: conduta minimamente ofensiva, ausência de periculosidade do agente,
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica inexpressiva. 2. No caso dos autos, não obstante
o delito em análise se tratar da pesca irregular de 5 kg de lagosta, o Eg. Tribunal de origem consignou que o agravante
responde por outros delitos na mesma natureza, revelando seu caráter reincidente nesta prática criminosa, o que impede
o reconhecimento do aludido princípio, já que demonstra a propensão à atividade criminosa. 3. Agravo regimental não
provido. (AgRg no REsp 1430848/RN, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2014,
DJe 24/03/2014).
O Sistema Nacional do Meio Ambiente está estruturado de modo a articular os órgãos ambientais em
todas as esferas da Administração Pública, ou seja, no âmbito federal, estadual e municipal visando preservar
o meio ambiente dentro de uma perspectiva intrageracional e intergeracional.
O Sisnama – Sistema Nacional do Meio Ambiente representa a articulação dos órgãos ambientais
existentes e atuantes em todas as esferas da Administração Pública. Como refere Milaré, poder-se-ia dizer que
“o Sisnama é uma ratificação capilar que, partindo do sistema nervoso central da União, passa pelos feixes
31
Art. 6o São atribuições dos titulares do cargo de Técnico Ambiental:
I – prestação de suporte e apoio técnico especializado às atividades dos Gestores e Analistas Ambientais;
II – execução de atividades de coleta, seleção e tratamento de dados e informações especializadas voltadas para as atividades
finalísticas; e
III – orientação e controle de processos voltados às áreas de conservação, pesquisa, proteção e defesa ambiental.
Parágrafo único. O exercício das atividades de fiscalização pelos titulares dos cargos de Técnico Ambiental deverá ser precedido de
ato de designação próprio da autoridade ambiental à qual estejam vinculados e dar-se-á na forma de norma a ser baixada pelo Ibama
ou pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, conforme o Quadro de Pessoal a que
pertencerem.
Estudo de Impacto Ambiental está intrinsicamente ligado ao princípio da prevenção e visa a tutelar o
meio ambiente contra eventuais danos patrocinados por potenciais degradadores e predadores. Possui
dignidade constitucional e resta regulamentado no âmbito infraconstitucional com as suas competências,
natureza jurídica e requisitos bem definidos. Inspirada no direito norte americano, no National Environmental
Policy Act- NEPA (1969), a Avaliação de Impacto ambiental foi introduzida no ordenamento brasileiro pela
Lei 6.803/80 que dispõe sobre as diretrizes para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição.
Pode ser conceituado como a avaliação realizada por uma equipe técnica multidisciplinar da área onde
o postulante pretende instalar a indústria ou exercer atividade causadora de significativa degradação ambiental,
procurando ressaltar os aspectos negativos e/ou positivos dessa intervenção humana34.
6.1 COMPETÊNCIAS
32
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 10a. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. p. 483.
33
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 10a. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. p. 494.
34
SIRVINKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 14a. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. P. 121.
De acordo com o Art. 15, da referida Lei Complementar, os entes federativos devem atuar em caráter
supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União
deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar
as ações administrativas municipais até a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve
desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.
É de se entender como superada a aplicação da antiga redação do art. 10 da Lei 6.938/81 e do art. 17
do Decreto 99.274/90, após a entrada em vigor da Lei Complementar 140/2011.
Como modalidade de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), o EPIA é hoje considerado um dos mais
notáveis instrumentos de compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente, já que deve ser elaborado antes da instalação de obra ou de atividade causadora
de significativa degradação35.
O Estudo de Prévio Impacto ambiental (EPIA), outrossim, é um dos instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente. Antes do licenciamento ambiental deverá ser exigido o EPIA e, consequentemente, o
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O EPIA não podendo ser concomitante nem posterior à realização
da obra ou da implementação da atividade.
Refere Antunes que no sistema jurídico brasileiro, o estudo de impacto ambiental tem, nos termos do art.
9, inc. III, da Lei 6.938/81, a natureza jurídica de “(...) instituto constitucional, constituindo-se em instrumento da política
nacional do meio ambiente” e nessa condição “está colocado acima da política nacional do meio ambiente, surgindo aí uma
contradição, pois ao mesmo tempo ele tem uma previsão constitucional que a política nacional do meio ambiente não possui.”.
De qualquer modo, é de entender a inteira recepção da referida legislação pela Constituição Federal de
1988 que é compatível e potencializa a Política Nacional do Meio Ambiente36.
6.3 REQUISITOS
Para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, consoante o art. 225,
parágrafo 1, inc. IV, CF/8837, incumbe ao Poder Público “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
35
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 10a. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. p. 494.
36
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 18a ed. São Paulo: Editora Atlas, 2016. P.697.
37
Constituição Federal de 1988: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento).
38
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2016. p. 223.
Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá,
no mínimo:
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas
governamentais;
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases
de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão de obra, as fontes de energia, os processos e
técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem
gerados;
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto;
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto,
suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios
adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção
do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos,
mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral).
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações
devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de
comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as
consequências ambientais de sua implementação.
Acima de tudo em casos de empreendimento de larga escala (como estrada e avenida, loteamento, porto, marina ou
resort), ou daqueles que, por qualquer razão, possam colocar em risco processos ecológicos protegidos ou a paisagem
(hipótese de espigões e multiplicidade de barracas), a ocupação e a exploração de áreas de praia e ecossistemas da
Zona Costeira demandam elaboração de Estudo Prévio de Impacto Ambiental. (REsp 1410732/RN, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 13/12/2016).
Ainda que se entenda que é possível à administração pública autorizar a queima da palha da cana de açúcar em
atividades agrícolas industriais, a permissão deve ser específica, precedida de estudo de impacto ambiental e
licenciamento, com a implementação de medidas que viabilizem amenizar os danos e a recuperar o ambiente, Tudo
isso em respeito ao art. 10 da Lei n. 6.938/81. Precedente: (EREsp 418.565/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
Primeira Seção, julgado em 29/09/2010, DJe 13/10/2010).
O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um mecanismo de assunção
partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica... Compensação
ambiental que se revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e
futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional...O valor da compensação-
compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o
contraditório e a ampla defesa6. Ação parcialmente procedente. (ADI 3378, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO,
Tribunal Pleno, julgado em 09/04/2008, DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008 EMENT VOL-02324-
02 PP-00242 RTJ VOL-00206-03 PP-00993).
Um dos assuntos mais tormentosos no momento é o risco e ameaças que sofre a biodiversidade em
nosso planeta causados pelo desenvolvimento econômico insustentável, pela falta de controle de natalidade,
pelo uso indiscriminado de recursos naturais, pela poluição e especialmente pelas mudanças do clima.
Refere Milaré que “um dos pontos nevrálgicos da questão ambiental é a biodiversidade. A ameaça
sobre ela tornou-se um risco global, uma vez que essa ameaça encontra-se espalhada por todas as partes do
globo terrestre”39.
Art. 2. A Política Nacional da Biodiversidade reger-se-á pelos seguintes princípios:
I - a diversidade biológica tem valor intrínseco, merecendo respeito independentemente de seu valor para o homem ou
potencial para uso humano;
II - as nações têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos biológicos, segundo suas políticas de meio
ambiente e desenvolvimento;
39
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 10a. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 722.
Os instrumentos de proteção internacional à biodiversidade, restam previstos a seguir dos títulos dos
artigos 6o a 21 do anexo ao Decreto 2.159/98. Estão sistematizados como: medidas gerais para a conservação
e a utilização sustentável; identificação e monitoramento; conservação in situ; conservação ex situ; utilização
sustentável de componentes da diversidade biológica; incentivos; pesquisa e treinamento; educação e
conscientização pública; avaliação de impacto e minimização de impactos negativos; acesso a recursos
genéticos; acesso à tecnologia e transferência de tecnologia; intercâmbio de informações; cooperação técnica
e científica; gestão da biotecnologia e distribuição de seus benefícios ; e, recursos financeiros e mecanismos
financeiros.
Trata-se, originariamente, de Ação Civil Pública ambiental movida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso
do Sul contra proprietários de 54 casas de veraneio ("ranchos"), bar e restaurante construídos em Área de Preservação
Permanente - APP, um conjunto de aproximadamente 60 lotes e com extensão de quase um quilômetro e meio de
ocupação da margem esquerda do Rio Ivinhema, curso de água com mais de 200 metros de largura. Pediu-se a
desocupação da APP, a demolição das construções, o reflorestamento da região afetada e o pagamento de indenização,
além da emissão de ordem cominatória de proibição de novas intervenções. A sentença de procedência parcial foi
reformada pelo Tribunal de Justiça, com decretação de improcedência do pedido. ÁREA DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE CILIAR 2. Primigênio e mais categórico instrumento de expressão e densificação da "efetividade"
do "direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado", a Área de Preservação Permanente ciliar (= APP ripária,
ripícola ou ribeirinha), pelo seu prestígio ético e indubitável mérito ecológico, corporifica verdadeira trincheira inicial
e última – a bandeira mais reluzente, por assim dizer - do comando maior de "preservar e restaurar as funções
ecológicas essenciais", prescrito no art. 225, caput e § 1º, I, da Constituição Federal. Aferrada às margens de rios,
córregos, riachos, nascentes, charcos, lagos, lagoas e estuários, intenta a APP ciliar assegurar, a um só tempo, a
integridade físico-química da água, a estabilização do leito hídrico e do solo da bacia, a mitigação dos efeitos nocivos
das enchentes, a barragem e filtragem de detritos, sedimentos e poluentes, a absorção de nutrientes pelo sistema
radicular, o esplendor da paisagem e a própria sobrevivência da flora ribeirinha e fauna. Essas funções multifacetárias
e insubstituíveis elevam-na ao status de peça fundamental na formação de corredores ecológicos, elos de conexão da
biodiversidade, genuínas veias bióticas do meio ambiente. Objetivamente falando, a vegetação ripária exerce tarefas
de proteção assemelhadas às da pele em relação ao corpo humano: faltando uma ou outra, a vida até pode continuar
por algum tempo, mas, no cerne, muito além de trivial mutilação do sentimento de plenitude e do belo do organismo,
o que sobra não passa de um ser majestoso em estado de agonia terminal. REsp 1245149/MS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/10/2012, DJe 13/06/2013)
40
LEI Nº 13.123, DE 20 DE MAIO DE 2015. Art. 3o O acesso ao patrimônio genético existente no País ou ao conhecimento
tradicional associado para fins de pesquisa ou desenvolvimento tecnológico e a exploração econômica de produto acabado ou
material reprodutivo oriundo desse acesso somente serão realizados mediante cadastro, autorização ou notificação, e serão
submetidos a fiscalização, restrições e repartição de benefícios nos termos e nas condições estabelecidos nesta Lei e no seu
regulamento. Parágrafo único. São de competência da União a gestão, o controle e a fiscalização das atividades descritas no caput,
nos termos do disposto no inciso XXIII do caput do art. 7o da Lei Complementar no 140, de 8 de dezembro de 2011.
41
Art. 6o Fica criado no âmbito do Ministério do Meio Ambiente o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético - CGen, órgão
colegiado de caráter deliberativo, normativo, consultivo e recursal, responsável por coordenar a elaboração e a implementação de
políticas para a gestão do acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado e da repartição de benefícios,
formado por representação de órgãos e entidades da administração pública federal que detêm competência sobre as diversas ações
de que trata esta Lei com participação máxima de 60% (sessenta por cento) e a representação da sociedade civil em no mínimo 40%
(quarenta por cento) dos membros, assegurada a paridade entre:
I - setor empresarial;
II - setor acadêmico; e
III - populações indígenas, comunidades tradicionais e agricultores tradicionais.
§ 1o Compete também ao CGen:
I - estabelecer:
a) normas técnicas;
b) diretrizes e critérios para elaboração e cumprimento do acordo de repartição de benefícios;
c) critérios para a criação de banco de dados para o registro de informação sobre patrimônio genético e conhecimento tradicional
associado;
II - acompanhar, em articulação com órgãos federais, ou mediante convênio com outras instituições, as atividades de:
A Lei 13.123/2015, no seu artigo art. 8º42, é expressa ao tutelar os conhecimentos tradicionais
associados ao patrimônio genético de populações indígenas, de comunidade tradicional ou de agricultor
tradicional contra a utilização e exploração ilícita.
§ 4o O intercâmbio e a difusão de patrimônio genético e de conhecimento tradicional associado praticados entre si por populações
indígenas, comunidade tradicional ou agricultor tradicional para seu próprio benefício e baseados em seus usos, costumes e tradições
são isentos das obrigações desta Lei.
43
Art. 9o O acesso ao conhecimento tradicional associado de origem identificável está condicionado à obtenção do consentimento
prévio informado.
§ 1o A comprovação do consentimento prévio informado poderá ocorrer, a critério da população indígena, da comunidade tradicional
ou do agricultor tradicional, pelos seguintes instrumentos, na forma do regulamento:
I - assinatura de termo de consentimento prévio;
II - registro audiovisual do consentimento;
III - parecer do órgão oficial competente; ou
IV - adesão na forma prevista em protocolo comunitário.
§ 2o O acesso a conhecimento tradicional associado de origem não identificável independe de consentimento prévio informado.
§ 3o O acesso ao patrimônio genético de variedade tradicional local ou crioula ou à raça localmente adaptada ou crioula para
atividades agrícolas compreende o acesso ao conhecimento tradicional associado não identificável que deu origem à variedade ou à
raça e não depende do consentimento prévio da população indígena, da comunidade tradicional ou do agricultor tradicional que cria,
desenvolve, detém ou conserva a variedade ou a raça.
8 PROTEÇÃO ÀS FLORESTAS
O novo Código Florestal brasileiro, instituído pela Lei 12.651/2012, estabelece normas gerais sobre a
proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o
suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e prevenção
dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.
A lei tem como objetivo o desenvolvimento sustentável e tem como princípios: a afirmação do
compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa,
bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem
estar das gerações presentes e futuras; a reafirmação da importância da função estratégica da atividade
agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento
econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos mercados
nacional e internacional de alimentos e bioenergia; ação governamental de proteção e uso sustentável de
florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo
da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação; responsabilidade comum da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e
restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais; fomento à
pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação
e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa; criação e mobilização de incentivos
econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o
desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis (art. 1º e incisos I, II, III, IV, VI e VI)44.
44
Art. 1o-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva
Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e
Muito embora a importância desse panorama geral trazido pelo caput do art. 2º, o que realmente é
relevante no dispositivo, notadamente em termos práticos, são os seus §§1 º e 2º. No primeiro deles, há o
reconhecimento da tríplice responsabilidade pelo dano ambiental florestal, consagrada no art. 225 §4 º, da
CF/8845, ao declarar que na utilização e exploração da vegetação , as ações ou omissões contrárias as
disposições desta Lei são considerados uso irregular da propriedade...sem prejuízo da responsabilidade civil,
nos termos do §1 º do art. 14 da Lei 6.938/81, e das sanções administrativas, civis e penais. Contudo, a maior
inovação trazida pelo dispositivo diz justamente respeito ao conteúdo do seu §2 º, que dispõe que as obrigações
prevista nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de
transferência de domínio ou posse do imóvel rural46.
prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus
objetivos. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios: (Incluído pela
Lei nº 12.727, de 2012).
I - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem
como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes
e futuras; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
II - reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação
nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do
País nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
III - ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e
harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação; Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
IV - responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação
de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e
rurais; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a
preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para
promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
45
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (Regulamento) (Regulamento)
46
SARLET, Ingo; FENSTERSEIFER, Tiago. Direito Ambiental: Introdução, Fundamentos e Teoria Geral. São Paulo: Editora
Saraiva, 2014. P. 300-301.
47
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente -
SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento
ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
§ 1o A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos
termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - identificação do proprietário ou possuidor rural;
II - comprovação da propriedade ou posse;
III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo
menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas
de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva
Legal.
§ 2o O cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina
a necessidade de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001.
§ 3o A inscrição no CAR será obrigatória para todas as propriedades e posses rurais, devendo ser requerida até 31 de dezembro de
2017, prorrogável por mais 1 (um) ano por ato do Chefe do Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº 13.295, de 2016).
48
Art. 2o Os arts. 1o, 2o e 8o da Lei no 5.868, de 12 de dezembro de 1972, passam a vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 1o ................................................
§ 1o As revisões gerais de cadastros de imóveis a que se refere o § 4o do art. 46 da Lei no 4.504, de 30 de novembro de 1964, serão
realizadas em todo o País nos prazos fixados em ato do Poder Executivo, para fins de recadastramento e de aprimoramento do Sistema
de Tributação da Terra – STT e do Sistema Nacional de Cadastro Rural – SNCR.
§ 2o Fica criado o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR, que terá base comum de informações, gerenciada conjuntamente
pelo INCRA e pela Secretaria da Receita Federal, produzida e compartilhada pelas diversas instituições públicas federais e estaduais
produtoras e usuárias de informações sobre o meio rural brasileiro.
§ 3o A base comum do CNIR adotará código único, a ser estabelecido em ato conjunto do INCRA e da Secretaria da Receita Federal,
para os imóveis rurais cadastrados de forma a permitir sua identificação e o compartilhamento das informações entre as instituições
participantes.
§ 4o Integrarão o CNIR as bases próprias de informações produzidas e gerenciadas pelas instituições participantes, constituídas por
dados específicos de seus interesses, que poderão por elas ser compartilhados, respeitadas as normas regulamentadoras de cada
entidade."(NR)
"Art. 2o ..............................................
.........................................................
§ 3o Ficam também obrigados todos os proprietários, os titulares de domínio útil ou os possuidores a qualquer título a atualizar a
declaração de cadastro sempre que houver alteração nos imóveis rurais, em relação à área ou à titularidade, bem como nos casos de
preservação, conservação e proteção de recursos naturais."
"Art. 8o .............................................
........................................................
§ 3o São considerados nulos e de nenhum efeito quaisquer atos que infrinjam o disposto neste artigo não podendo os serviços notariais
lavrar escrituras dessas áreas, nem ser tais atos registrados nos Registros de Imóveis, sob pena de responsabilidade administrativa,
civil e criminal de seus titulares ou prepostos.
.................................................."(NR)
49
Art. 31. A exploração de florestas nativas e formações sucessoras, de domínio público ou privado, ressalvados os casos previstos
nos arts. 21, 23 e 24, dependerá de licenciamento pelo órgão competente do Sisnama, mediante aprovação prévia de Plano de Manejo
Florestal Sustentável - PMFS que contemple técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os
variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme.
§ 1o O PMFS atenderá os seguintes fundamentos técnicos e científicos:
I - caracterização dos meios físico e biológico;
II - determinação do estoque existente;
III - intensidade de exploração compatível com a capacidade de suporte ambiental da floresta;
IV - ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimento do volume de produto extraído da floresta;
V - promoção da regeneração natural da floresta;
VI - adoção de sistema silvicultural adequado;
VII - adoção de sistema de exploração adequado;
VIII - monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente;
IX - adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais.
§ 2o A aprovação do PMFS pelo órgão competente do Sisnama confere ao seu detentor a licença ambiental para a prática do manejo
florestal sustentável, não se aplicando outras etapas de licenciamento ambiental.
§ 3o O detentor do PMFS encaminhará relatório anual ao órgão ambiental competente com as informações sobre toda a área de
manejo florestal sustentável e a descrição das atividades realizadas.
§ 4o O PMFS será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar as operações e atividades desenvolvidas na área de manejo.
§ 5o Respeitado o disposto neste artigo, serão estabelecidas em ato do Chefe do Poder Executivo disposições diferenciadas sobre os
PMFS em escala empresarial, de pequena escala e comunitário.
§ 6o Para fins de manejo florestal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos do Sisnama deverão estabelecer
procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação dos referidos PMFS.
§ 7o Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovação de PMFS incidentes em florestas públicas de domínio da União.
50
Art. 35. O controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos ou subprodutos florestais incluirá sistema nacional que
integre os dados dos diferentes entes federativos, coordenado, fiscalizado e regulamentado pelo órgão federal competente do
Sisnama. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 1o O plantio ou reflorestamento com espécies florestais nativas ou exóticas independem de autorização prévia, desde que
observadas as limitações e condições previstas nesta Lei, devendo ser informados ao órgão competente, no prazo de até 1 (um) ano,
para fins de controle de origem.
§ 2o É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente
e Reserva Legal.
Não se pode deslembrar que os princípios de gestão das florestas públicas são aqueles previstos no art.
2º da Lei 11.284/200652. São eles: a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores
culturais associados, bem como do patrimônio público; o estabelecimento de atividades que promovam o uso
eficiente e racional das florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento
sustentável local, regional e de todo o País; o respeito ao direito da população, em especial das comunidades
locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação; a promoção do
processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor aos produtos e serviços da floresta,
§ 3o O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso alternativo do solo serão permitidos independentemente
de autorização prévia, devendo o plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão ambiental competente e a
exploração ser previamente declarada nele para fins de controle de origem.
§ 4o Os dados do sistema referido no caput serão disponibilizados para acesso público por meio da rede mundial de computadores,
cabendo ao órgão federal coordenador do sistema fornecer os programas de informática a serem utilizados e definir o prazo para
integração dos dados e as informações que deverão ser aportadas ao sistema nacional.
§ 5o O órgão federal coordenador do sistema nacional poderá bloquear a emissão de Documento de Origem Florestal - DOF dos
entes federativos não integrados ao sistema e fiscalizar os dados e relatórios respectivos. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
51
SARLET, Ingo. FENSTERSEIFER, Tiago. Direito Ambiental: Introdução, Fundamentos e Teoria Geral. São Paulo: Editora
Saraiva, 2014. P. 300-301.
52
Art. 2o Constituem princípios da gestão de florestas públicas:
I - a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores culturais associados, bem como do patrimônio público;
II - o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e que contribuam para o cumprimento das
metas do desenvolvimento sustentável local, regional e de todo o País;
III - o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios
decorrentes de seu uso e conservação;
IV - a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor aos produtos e serviços da floresta, bem
como à diversificação industrial, ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de empreendedores locais e da mão-
de-obra regional;
V - o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de florestas públicas, nos termos da Lei no 10.650, de 16
de abril de 2003;
VI - a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacionada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável
das florestas;
VII - o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre a importância da conservação, da recuperação
e do manejo sustentável dos recursos florestais;
VIII - a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo no manejo, na conservação e na
recuperação das florestas.
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão as adaptações necessárias de sua legislação às prescrições desta Lei,
buscando atender às peculiaridades das diversas modalidades de gestão de florestas públicas.
§ 2o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e em relação às florestas públicas sob sua jurisdição,
poderão elaborar normas supletivas e complementares e estabelecer padrões relacionados à gestão florestal.
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Art. 4o A gestão de florestas públicas para produção sustentável compreende:
I - a criação de florestas nacionais, estaduais e municipais, nos termos do art. 17 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e sua gestão
direta;
II - a destinação de florestas públicas às comunidades locais, nos termos do art. 6 o desta Lei;
III - a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as unidades de manejo das áreas protegidas referidas no inciso
I do caput deste artigo
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Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo
básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável
de florestas nativas. (Regulamento)
§ 1o A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua criação, em
conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
§ 3o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua
administração.
§ 4o A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade,
às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento.
§ 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído
por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes.
§ 6o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, respectivamente, Floresta Estadual e
Floresta Municipal.
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Art. 5o O SNUC será regido por diretrizes que:
I - assegurem que no conjunto das unidades de conservação estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis
das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio
biológico existente;
II - assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da sociedade no estabelecimento e na revisão da política
nacional de unidades de conservação;
III - assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades de conservação;
IV - busquem o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o
desenvolvimento de estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico,
monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação;
V - incentivem as populações locais e as organizações privadas a estabelecerem e administrarem unidades de conservação dentro do
sistema nacional;
VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das unidades de conservação;
VII - permitam o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de populações das variantes genéticas selvagens dos
animais e plantas domesticados e recursos genéticos silvestres;
VIII - assegurem que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam feitos de forma integrada com as políticas
de administração das terras e águas circundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais;
IX - considerem as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso
sustentável dos recursos naturais;
X - garantam às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das
unidades de conservação meios de subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos;
XI - garantam uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que, uma vez criadas, as unidades de conservação
possam ser geridas de forma eficaz e atender aos seus objetivos;
XII - busquem conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas as conveniências da administração, autonomia
administrativa e financeira; e
XIII - busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de diferentes categorias,
próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de
preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.
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Art. 6o Antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais serão
identificadas para a destinação, pelos órgãos competentes, por meio de:
I - criação de reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável, observados os requisitos previstos da Lei no 9.985, de
18 de julho de 2000;
II - concessão de uso, por meio de projetos de assentamento florestal, de desenvolvimento sustentável, agroextrativistas ou outros
similares, nos termos do art. 189 da Constituição Federal e das diretrizes do Programa Nacional de Reforma Agrária;
III - outras formas previstas em lei.
§ 1o A destinação de que trata o caput deste artigo será feita de forma não onerosa para o beneficiário e efetuada em ato administrativo
próprio, conforme previsto em legislação específica.
§ 2o Sem prejuízo das formas de destinação previstas no caput deste artigo, as comunidades locais poderão participar das licitações
previstas no Capítulo IV deste Título, por meio de associações comunitárias, cooperativas ou outras pessoas jurídicas admitidas em
lei.
§ 3o O Poder Público poderá, com base em condicionantes socioambientais definidas em regulamento, regularizar posses de
comunidades locais sobre as áreas por elas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas, que sejam imprescindíveis à conservação dos
recursos ambientais essenciais para sua reprodução física e cultural, por meio de concessão de direito real de uso ou outra forma
admitida em lei, dispensada licitação.
É proibido o uso de fogo na vegetação, de acordo com o novo Código Florestal, exceto nas seguintes
situações: em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris
ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental competente do Sisnama, para cada
imóvel rural ou de forma regionalizada, que estabelecerá os critérios de monitoramento e controle; emprego
da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de manejo e
mediante prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao manejo conservacionista
da vegetação nativa, cujas características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo;
atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado pelos órgãos
competentes e realizada por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão
ambiental competente do Sisnama.
Excetuam-se da proibição constante as práticas de prevenção e combate aos incêndios e as de
agricultura de subsistência exercidas pelas populações tradicionais e indígenas. Na apuração da
responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares, a autoridade competente para
fiscalização e autuação deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer
preposto e o dano efetivamente causado. É necessário o estabelecimento de nexo causal na verificação das
responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares.
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Art. 44. Extingue-se a concessão florestal por qualquer das seguintes causas:
I - esgotamento do prazo contratual;
II - rescisão;
III - anulação;
IV - falência ou extinção do concessionário e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual;
V - desistência e devolução, por opção do concessionário, do objeto da concessão.
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao titular da floresta pública todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao
concessionário, conforme previsto no edital e estabelecido em contrato.
§ 2o A extinção da concessão autoriza, independentemente de notificação prévia, a ocupação das instalações e a utilização, pelo
titular da floresta pública, de todos os bens reversíveis.
§ 3o A extinção da concessão pelas causas previstas nos incisos II, IV e V do caput deste artigo autoriza o poder concedente a
executar as garantias contratuais, sem prejuízo da responsabilidade civil por danos ambientais prevista na Lei no 6.938, de 31 de
agosto de 1981.
§ 4o A devolução de áreas não implicará ônus para o poder concedente, nem conferirá ao concessionário qualquer direito de
indenização pelos bens reversíveis, os quais passarão à propriedade do poder concedente.
§ 5o Em qualquer caso de extinção da concessão, o concessionário fará, por sua conta exclusiva, a remoção dos equipamentos e bens
que não sejam objetos de reversão, ficando obrigado a reparar ou indenizar os danos decorrentes de suas atividades e praticar os atos
de recuperação ambiental determinados pelos órgãos competentes.
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Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia
aprovação do órgão estadual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que estabelecerá
os critérios de monitoramento e controle;
II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante
prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas
características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo;
III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado pelos órgãos competentes e realizada
por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão ambiental competente do Sisnama.
§ 1o Na situação prevista no inciso I, o órgão estadual ambiental competente do Sisnama exigirá que os estudos demandados para o
licenciamento da atividade rural contenham planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle dos incêndios.
§ 2o Excetuam-se da proibição constante no caput as práticas de prevenção e combate aos incêndios e as de agricultura de
subsistência exercidas pelas populações tradicionais e indígenas.
§ 3o Na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares, a autoridade competente para
fiscalização e autuação deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano
efetivamente causado.
§ 4o É necessário o estabelecimento de nexo causal na verificação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em
terras públicas ou particulares.
Art. 39. Os órgãos ambientais do Sisnama, bem como todo e qualquer órgão público ou privado responsável pela gestão de áreas
com vegetação nativa ou plantios florestais, deverão elaborar, atualizar e implantar planos de contingência para o combate aos
incêndios florestais.
Art. 40. O Governo Federal deverá estabelecer uma Política Nacional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate
aos Incêndios Florestais, que promova a articulação institucional com vistas na substituição do uso do fogo no meio rural, no controle
de queimadas, na prevenção e no combate aos incêndios florestais e no manejo do fogo em áreas naturais protegidas.
§ 1o A Política mencionada neste artigo deverá prever instrumentos para a análise dos impactos das queimadas sobre mudanças
climáticas e mudanças no uso da terra, conservação dos ecossistemas, saúde pública e fauna, para subsidiar planos estratégicos de
prevenção de incêndios florestais.
§ 2o A Política mencionada neste artigo deverá observar cenários de mudanças climáticas e potenciais aumentos de risco de
ocorrência de incêndios florestais.
Após intenso debate político travado no âmbito do Congresso Nacional, especialmente entre
ambientalistas e investidores do agronegócio, foi aprovado o novo Código Florestal com a finalidade de tutelar
o meio ambiente sem impedir o desenvolvimento sustentável do país. Estão inseridas no novo Código Florestal
duas figuras jurídicas relevantes, as Áreas de Preservação Permanente e as Áreas de Reserva Legal, ambas
visam tutelar o meio ambiente e compatibilizá-lo com o desenvolvimento econômico e humano do povo
brasileiro. Ambas estão reguladas de modo minudente na Lei 12.651/2012.
Áreas de preservação permanente - APPs, de acordo com a nova legislação, são as áreas protegidas,
cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem,
a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas.
E a Reserva Legal, a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação
e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a
proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Ver art. 3º, incisos II e III, da Lei 12.651/201259.
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Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
Tanto no revogado Código Florestal (Lei 4.771/65, art. 16, § 8º) quanto na atual Lei 12.651/2012 (arts.
18 e 29) tem-se a orientação de que a reserva legal florestal é inerente ao direito de propriedade e posse de
imóvel rural, fundada no princípio da função social e ambiental da propriedade rural (CF, art. 186, II). "É
possível extrair do art. 16, § 8º, do Código Florestal que a averbação da reserva florestal é condição para a
prática de qualquer ato que implique transmissão, desmembramento ou retificação de área de imóvel sujeito
à disciplina da Lei 4.771/65" (REsp 843.829/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
julgado em 19/11/2015, DJe 27/11/2015)
A entrada em vigor da Lei 12.651/2012 revogou o Código Florestal de 1965 (Lei 4.771), contudo, não
concedeu anistia aos infratores das normas ambientais. Em vez disso, manteve a ilicitude das violações da
natureza, sujeitando os agentes aos competentes procedimentos administrativos, com vistas à recomposição do
dano ou à indenização. Inteligência do art. 59 do novo Código Florestal. Ademais, o transporte de carvão
vegetal sem cobertura de ATPF constitui, a um só tempo, crime e infração administrativa, podendo, neste
último caso, ser objeto de autuação pela autoridade administrativa competente, conforme a jurisprudência
I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte
do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão;
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo
e assegurar o bem-estar das populações humanas;
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de
assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora
nativa;
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Art. 5o Na implantação de reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público, é obrigatória a
aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação Permanente criadas
em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima
de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana. § 1o Na
implantação de reservatórios d’água artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará
Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão
competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, não podendo o uso exceder a 10% (dez por cento) do total da Área
de Preservação Permanente. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42)
§ 2o O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da
vigência desta Lei, deverá ser apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano Básico Ambiental e aprovado até o
início da operação do empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de instalação.(Vide
ADC Nº 42)
§ 3o (VETADO).
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Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder
Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
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Art. 7o A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1o Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou
ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.
§ 2o A obrigação prevista no § 1o tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do
imóvel rural.
§ 3o No caso de supressão não autorizada de vegetação realizada após 22 de julho de 2008, é vedada a concessão de novas
autorizações de supressão de vegetação enquanto não cumpridas as obrigações previstas no § 1 o. (Vide ADIN Nº
4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902) (Vide ADIN Nº 4.903)
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Art. 8o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de
utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
§ 1o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade
pública.
§ 2o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII
do caput do art. 4o poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida,
para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas
urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903)
§ 3o É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança
nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.
§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além das
previstas nesta Lei.
Art. 9o É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de
atividades de baixo impacto ambiental.
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Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais
de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover a
recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei. (Vide ADC Nº 42) (Vide
ADIN Nº 4.901)
§ 1o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas situações consolidadas por documentos tais como a
descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de comercialização, dados agropecuários da atividade, contratos e
documentos bancários relativos à produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos.
§ 2o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais, na Amazônia Legal, e seus herdeiros necessários que possuam índice de
Reserva Legal maior que 50% (cinquenta por cento) de cobertura florestal e não realizaram a supressão da vegetação nos percentuais
previstos pela legislação em vigor à época poderão utilizar a área excedente de Reserva Legal também para fins de constituição de
servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental - CRA e outros instrumentos congêneres previstos nesta Lei.
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Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da
aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do
imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária,
será considerada, para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do fracionamento.
§ 2o O percentual de Reserva Legal em imóvel situado em área de formações florestais, de cerrado ou de campos gerais na Amazônia
Legal será definido considerando separadamente os índics contidos nas alíneas a, b e c do inciso I do caput.
§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação nativa apenas será autorizada
pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido no mencionado cadastro, ressalvado o previsto no
art. 30.
§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para fins
de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por cento) da área ocupada por unidades de conservação da
natureza de domínio público e por terras indígenas homologadas. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901)
§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a
Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de
65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente
regularizadas, e por terras indígenas homologadas. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901)
§ 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva
Legal. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901)
§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou
autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica,
subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica. (Vide ADC Nº 42) (Vide
ADIN Nº 4.901)
§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de
capacidade de rodovias e ferrovias.
A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel
rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. Admite-
se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão
competente do Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20 do novo Código Florestal.
Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos
integrantes do Sisnama deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação
de tais planos de manejo (Vide art. 17 da Lei 12.651/2012)67.
O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito comercial depende de
autorização do órgão competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orientações: não descaracterizar a
cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da vegetação nativa da área; assegurar a manutenção da
diversidade das espécies; conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que favoreçam a
regeneração de espécies nativas (Vide art. 22 da Lei 12.651/2012)68.
66
Art. 13. Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o
poder público federal poderá:
I - reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de
imóveis com área rural consolidada, situados em área de floresta localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento)
da propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos;
II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta por cento) dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de
metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de efeito estufa.
§ 1o No caso previsto no inciso I do caput, o proprietário ou possuidor de imóvel rural que mantiver Reserva Legal conservada e
averbada em área superior aos percentuais exigidos no referido inciso poderá instituir servidão ambiental sobre a área excedente, nos
termos da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e Cota de Reserva Ambiental. (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC
Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901)
§ 2o Os Estados que não possuem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos - ZEEs segundo a metodologia unificada, estabelecida
em norma federal, terão o prazo de 5 (cinco) anos, a partir da data da publicação desta Lei, para a sua elaboração e aprovação.
67
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1o Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão
competente do Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20.
§ 2o Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos integrantes do Sisnama deverão
estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação de tais planos de manejo.
§ 3o É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de Reserva Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de
2008. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902) (Vide
ADIN Nº 4.903)
§ 4o Sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, deverá ser iniciado, nas áreas de que trata o § 3 o deste artigo,
o processo de recomposição da Reserva Legal em até 2 (dois) anos contados a partir da data da publicação desta Lei, devendo tal
processo ser concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa de Regularização Ambiental - PRA, de que trata o art. 59.
68
Art. 22. O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito comercial depende de autorização do órgão
competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orientações:
I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da vegetação nativa da área;
II - assegurar a manutenção da diversidade das espécies;
III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que favoreçam a regeneração de espécies nativas.
A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4º do art. 225 da Constituição Federal, devendo
sua ocupação e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável. Os apicuns e salgados podem ser
utilizados em atividades de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes requisitos: área total
ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez por cento) dessa modalidade de fitofisionomia no bioma
amazônico e a 35% (trinta e cinco por cento) no restante do País, excluídas as ocupações consolidadas que
atendam ao disposto na lei; salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e dos processos
ecológicos essenciais a eles associados, bem como da sua produtividade biológica e condição de berçário de
recursos pesqueiros; licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão ambiental estadual, cientificado
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e, no caso de uso de
terrenos de marinha ou outros bens da União, realizada regularização prévia da titulação perante a União;
recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes e resíduos; garantia da manutenção da
qualidade da água e do solo, respeitadas as Áreas de Preservação Permanente; e respeito às atividades
tradicionais de sobrevivência das comunidades locais (Vide art. 11-A da Lei 12.651/2012)71.
69
Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito comercial, para consumo no próprio imóvel,
independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da
exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos.
70
Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a exploração ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as
recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa, ficando novas supressões de vegetação nativa para uso alternativo do solo
condicionadas à autorização do órgão estadual do meio ambiente, com base nas recomendações mencionadas neste artigo.
Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades
agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas
práticas agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse social.
71
t. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4o do art. 225 da Constituição Federal, devendo sua ocupação e
exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 1o Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes
requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez por cento) dessa modalidade de fitofisionomia no bioma amazônico
e a 35% (trinta e cinco por cento) no restante do País, excluídas as ocupações consolidadas que atendam ao disposto no § 6o deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e dos processos ecológicos essenciais a eles associados, bem
como da sua produtividade biológica e condição de berçário de recursos pesqueiros; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão ambiental estadual, cientificado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e, no caso de uso de terrenos de marinha ou outros bens da União, realizada
regularização prévia da titulação perante a União; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes e resíduos; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, respeitadas as Áreas de Preservação Permanente; e (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
VI - respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das comunidades locais. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 2o A licença ambiental, na hipótese deste artigo, será de 5 (cinco) anos, renovável apenas se o empreendedor cumprir as exigências
da legislação ambiental e do próprio licenciamento, mediante comprovação anual, inclusive por mídia fotográfica. (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 3o São sujeitos à apresentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental - EPIA e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA os
novos empreendimentos: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - com área superior a 50 (cinquenta) hectares, vedada a fragmentação do projeto para ocultar ou camuflar seu porte; (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
II - com área de até 50 (cinquenta) hectares, se potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente; ou (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
III - localizados em região com adensamento de empreendimentos de carcinicultura ou salinas cujo impacto afete áreas comuns.
Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 4o O órgão licenciador competente, mediante decisão motivada, poderá, sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais
cabíveis, bem como do dever de recuperar os danos ambientais causados, alterar as condicionantes e as medidas de controle e
adequação, quando ocorrer: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - descumprimento ou cumprimento inadequado das condicionantes ou medidas de controle previstas no licenciamento, ou
desobediência às normas aplicáveis; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
II - fornecimento de informação falsa, dúbia ou enganosa, inclusive por omissão, em qualquer fase do licenciamento ou período de
validade da licença; ou (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
III - superveniência de informações sobre riscos ao meio ambiente ou à saúde pública. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 5o A ampliação da ocupação de apicuns e salgados respeitará o Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Costeira - ZEEZOC,
com a individualização das áreas ainda passíveis de uso, em escala mínima de 1:10.000, que deverá ser concluído por cada Estado
no prazo máximo de 1 (um) ano a partir da data da publicação desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 6o É assegurada a regularização das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação tenham
ocorrido antes de 22 de julho de 2008, desde que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, comprove sua localização em apicum
ou salgado e se obrigue, por termo de compromisso, a proteger a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes. (Incluído
pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 7o É vedada a manutenção, licenciamento ou regularização, em qualquer hipótese ou forma, de ocupação ou exploração irregular
em apicum ou salgado, ressalvadas as exceções previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Em matéria ambiental, não se aplica a teoria do fato consumado, impondo-se a aplicação de sanções de
natureza pecuniária, quando inviável a demolição da obra irregular. Comprovada a ocorrência de dano
ambiental, é devido o pagamento de indenização pelo infrator em montante a ser arbitrado em consonância
com as circunstâncias do caso concreto. O valor a ser pago a título de indenização deve ser revertido ao Fundo
de que trata o art. 13 da Lei n.º 7.347/85 (TRF4, AC 5005710- 85.2011.404.7208, TERCEIRA TURMA,
Relator FERNANDO QUADROS DA SILVA, juntado aos autos em 04/01/2017).
9 BIOSSEGURANÇA
72
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/ pesquisarInteiroTeor.asp>.
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/ pesquisarInteiroTeor.asp>.
74
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp>.
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/ pesquisarInteiroTeor.asp>.
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp>.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp>.
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp>.
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI n. 3510. Relator: Ministro Carlos Britto. Diário da Justiça da União, 29 maio 2008.
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp>.
(...) 3. Demonstrada que a conduta perpetrada pelo demandante continua sendo vedada pelo ordenamento jurídico,
improcede o seu pleito de nulidade do auto de infração. 4. Não se verifica abusividade na multa aplicada, pois foi
fixada obedecendo aos parâmetros legais fixados para as infrações de natureza grave, e aos padrões de razoabilidade
e proporcionalidade em relação à infração. (AC 200770050024999, MARGA INGE BARTH TESSLER, TRF4 -
QUARTA TURMA, D.E. 29/03/2010.)
(...) Não há falar em negativa de vigência ao art. 7º da Lei n.11.460/2007, pois, apesar de ter revogado o art. 11 da Lei
n.11.814/2003, tal diploma legal continuou considerando vedada a conduta praticada, qual seja, o plantio de OGM em
zona de amortecimento de unidade de conservação ambiental, sem que houvesse previsão no plano de manejo. (REsp
1220843/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2015, DJe
22/04/2015).
9.1 AGROTÓXICOS
A produção e o cultivo de alimentos para atender uma população mundial de 7,2 bilhões de pessoas,
que está em crescimento, restam cada vez mais incrementados na busca do aumento da produção alimentar.
Com este objetivo, agrotóxicos e outros produtos químicos são empregados n o processo de cultivo e produção
colocando em risco produtores, comerciantes e consumidores.
Se, por um lado, a população necessita de uma alimentação em quantidade e qualidade adequadas, a
ser adquirida por um preço acessível, por outro esta sofre riscos gerados pelo emprego de agrotóxicos nestas
culturas.
Na busca da solução deste dilema, o direito internacional e os países procuram regular o emprego de
agrotóxicos no processo produtivo com a adoção de medidas preventivas e de responsabilização administrativa,
civil e penal daqueles agentes econômicos integrados ao referido processo que são potenciais causadores de
danos à saúde pública e ao meio ambiente.
As pessoas físicas e jurídicas que sejam prestadoras de serviços na aplicação de agrotóxicos, seus
componentes e afins, ou que os produzam, importem, exportem ou comercializem, ficam obrigadas a promover
os seus registros nos órgãos competentes, do Estado ou do Município, atendidas as diretrizes e exigências dos
órgãos federais responsáveis que atuam nas áreas da saúde, do meio ambiente e da agricultura.
Vide art. 4º da Lei 7.802/1989:
Art. 4º As pessoas físicas e jurídicas que sejam prestadoras de serviços na aplicação de agrotóxicos, seus componentes
e afins, ou que os produzam, importem, exportem ou comercializem, ficam obrigadas a promover os seus registros nos
órgãos competentes, do Estado ou do Município, atendidas as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis
que atuam nas áreas da saúde, do meio ambiente e da agricultura.
Parágrafo único. São prestadoras de serviços as pessoas físicas e jurídicas que executam trabalho de prevenção,
destruição e controle de seres vivos, considerados nocivos, aplicando agrotóxicos, seus componentes e afins.
Compete aos Estados e ao Distrito Federal, nos termos dos arts. 23 e 24 da Constituição Federal, legislar
sobre o uso, a produção, o consumo, o comércio e o armazenamento dos agrotóxicos, seus componentes e
afins, bem como fiscalizar o uso, o consumo, o comércio, o armazenamento e o transporte interno. Cabe ao
Município legislar supletivamente sobre o uso e o armazenamento dos agrotóxicos, seus componentes e afins.
Vide art. 11 da Lei 7.802/1989: Art. 11. Cabe ao Município legislar supletivamente sobre o uso e o armazenamento dos
agrotóxicos, seus componentes e afins.
A União, contudo, através dos órgãos competentes, prestará o apoio necessário às ações de controle e
fiscalização, à Unidade da Federação que não dispuser dos meios necessários.
Vide art. 12 da Lei 7.802/1989: Art. 12. A União, através dos órgãos competentes, prestará o apoio necessário às
ações de controle e fiscalização, à Unidade da Federação que não dispuser dos meios necessários.
Compete ao Poder Público a fiscalização da devolução e destinação adequada de embalagens vazias de
agrotóxicos, seus componentes e afins, de produtos apreendidos pela ação fiscalizadora e daqueles impróprios
para utilização ou em desuso; do armazenamento, transporte, reciclagem, reutilização e inutilização de
embalagens vazias e produtos.
Vide art. 12A da Lei 7.802/1989:
Art. 12A. Compete ao Poder Público a fiscalização: (Incluído pela Lei nº 9.974, de 2000)
I – da devolução e destinação adequada de embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, de produtos
apreendidos pela ação fiscalizadora e daqueles impróprios para utilização ou em desuso; (Incluído pela Lei nº 9.974,
de 2000)
II – do armazenamento, transporte, reciclagem, reutilização e inutilização de embalagens vazias e produtos referidos
no inciso I. (Incluído pela Lei nº 9.974, de 2000)
Aquele que produzir, comercializar, transportar, aplicar, prestar serviço, der destinação a resíduos e
embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, em descumprimento às exigências estabelecidas
na legislação pertinente estará sujeito à pena de reclusão, de dois a quatro anos, além de multa.
O empregador, profissional responsável ou o prestador de serviço, que deixar de promover as medidas
necessárias de proteção à saúde e ao meio ambiente, estará sujeito à pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro)
Sem prejuízo das responsabilidades civil e penal cabíveis, a infração de disposições da Lei dos
Agrotóxicos acarretará, isolada ou cumulativamente, nos termos previstos em regulamento, independente das
medidas cautelares de estabelecimento e apreensão do produto ou alimentos contaminados, a aplicação das
seguintes sanções: advertência; multa de até 1000 (mil) vezes o Maior Valor de Referência - MVR, aplicável
em dobro em caso de reincidência; condenação de produto; inutilização de produto; suspensão de autorização,
registro ou licença; cancelamento de autorização, registro ou licença; interdição temporária ou definitiva de
estabelecimento; destruição de vegetais, partes de vegetais e alimentos, com resíduos acima do permitido;
destruição de vegetais, partes de vegetais e alimentos, nos quais tenha havido aplicação de agrotóxicos de uso
não autorizado, a critério do órgão competente.
Vide art. 17 da Lei 7.802/1989:
Art. 17. Sem prejuízo das responsabilidades civil e penal cabíveis, a infração de disposições desta Lei acarretará,
isolada ou cumulativamente, nos termos previstos em regulamento, independente das medidas cautelares de
estabelecimento e apreensão do produto ou alimentos contaminados, a aplicação das seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa de até 1000 (mil) vezes o Maior Valor de Referência - MVR, aplicável em dobro em caso de reincidência;
III - condenação de produto;
IV - inutilização de produto;
V - suspensão de autorização, registro ou licença;
VI - cancelamento de autorização, registro ou licença;
VII - interdição temporária ou definitiva de estabelecimento;
VIII - destruição de vegetais, partes de vegetais e alimentos, com resíduos acima do permitido;
IX - destruição de vegetais, partes de vegetais e alimentos, nos quais tenha havido aplicação de agrotóxicos de uso não
autorizado, a critério do órgão competente.
Parágrafo único. A autoridade fiscalizadora fará a divulgação das sanções impostas aos infratores desta Lei.
A responsabilidade objetiva da sociedade empresária ficou caracterizada por envolver fabricação de produto
potencialmente lesivo a direitos alheios, como é a produção de venenos, agrotóxicos, fungicidas e herbicidas.
(AGARESP 201500778862, MARCO AURÉLIO BELLIZZE, STJ - TERCEIRA TURMA, DJE DATA: 06/06/2016,
DTPB).
"as empresas produtoras e comercializadoras de agrotóxicos, seus componentes e afins, são responsáveis pela
destinação das embalagens vazias dos produtos por elas fabricados e comercializados, após a devolução pelos usuários,
e pela dos produtos apreendidos pela ação fiscalizatória e dos impróprios para utilização ou em desuso, com vistas à
sua reutilização, reciclagem ou inutilização, obedecidas as normas e instruções dos órgãos registrantes e sanitário-
ambientais competentes". 3. O responsável pelo destino final das embalagens vazias de agrotóxicos é o seu fabricante,
ou, quando o produto não for fabricado no país, o importador. (ROMS 200702416097, DENISE ARRUDA, STJ –
PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:30/03/2009 RSTJ VOL.:00238 PG:00609, DTPB)
A Constituição Federal de 1988, no art. 225, § 1º, V79, atribui ao Poder Público o dever de controlar a
produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco à vida, à
qualidade de vida e para o meio ambiente, Outrossim, o transporte dos produtos tóxicos também é regulado
pelo ordenamento jurídico pátrio com a finalidade de evitar riscos de danos ao meio ambiente e à saúde pública.
a. Amianto
A extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte do asbesto/amianto e dos produtos
que o contenham, bem como fibras naturais e artificiais de qualquer origem para o mesmo fim são disciplinadas
pela Lei 9.055/1995 e pelo Decreto 2.350/1997.
Art. 2º O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco), do grupo dos minerais das serpentinas, e as demais
fibras, naturais e artificiais de qualquer origem, utilizadas para o mesmo fim, serão extraídas, industrializadas,
utilizadas e comercializadas em consonância com as disposições desta Lei.
79
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)
(...) Ação direta de inconstitucionalidade. Lei estadual (RS) nº 12.427/2006. Restrições ao comércio de produtos
agrícolas importados no Estado. Competência privativa da União para legislar sobre comércio exterior e interestadual
(CF, art. 22, inciso VIII). 1. É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à
estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por objetivo a proteção da saúde
dos consumidores diante do possível uso indevido de agrotóxicos por outros países. A matéria é predominantemente
de comércio exterior e interestadual, sendo, portanto, de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso VIII). 3.
Ação direta julgada procedente. (STF, ADI 3813, DIAS TOFFOLI)
(...) Norma estadual que proíbe a fabricação, ingresso, comercialização e estocagem de amianto ou produtos à base de
amianto está em flagrante contraste com as disposições da Lei federal nº 9.055/95 que expressamente autoriza, nos
seus termos, a extração, industrialização, utilização e comercialização da crisotila. 7. Inconstitucionalidade aparente
que autoriza o deferimento da medida cautelar. 8. Medida liminar parcialmente deferida para suspender a eficácia do
artigo 1º, §§ 1º, 2º e 3º, do art. 2º, do art. 3º, §§ 1º e 2º e do parágrafo único do art. 5º, todos da Lei nº 2.210/01, do
Estado do Mato Grosso do Sul, até julgamento final da presente ação declaratória de inconstitucionalidade. ADI- 2396
Ministra Ellen Gracie.
b. Ascarel
O Ascarel é regulado pela Portaria Interministerial nº 19/1981, que proibiu a produção dessa substância,
a fabricação do produto que o contenha e todos tipo de uso e de comercialização deste.
O objetivo da Portaria foi evitar a contaminação do ambiente por bifenil policlorados - PCB's
(comercialmente conhecidos como Askarel, Aroclor, Clophen, Phenoclor, Kanechlor e outros), devida aos
efeitos nocivos que esses compostos causam ao homem e animais. De acordo com a portaria os mencionados
compostos provocam males, como lesões dermatológicas acentuadas, alterações no fígado e rins, alterações
morfológicas nos dentes, alterações psíquicas, perda da libido, efeitos teratogênicos e cancerígenos.
As normas que regem a portaria determinam a proibição em todo o Território Nacional, da implantação
de processos que tenham como finalidade principal a produção de bifenil policlorados - PCB's; o uso e a
comercialização de bifenil policlorados - PCB's, em todo o estado, puro ou mistura, em qualquer concentração
ou estado físico, nos seguintes casos e prazos:
a) como fluído dielétrico nos transformadores novos, encomendados a partir de 06 (seis) meses da
data da publicação da Portaria;
b) como fluído dielétrico nos capacitores novos, encomendados depois de 20(vinte) meses da data
da publicação da Portaria;
c) como aditivo para tintas, plásticos, lubrificantes e óleo de corte, fabricados a partir de 12 (doze)
meses da data de publicação da Portaria;
d) em outras aplicações, que não as acima citadas, a partir de 24 (vinte e quatro ) meses da data de
publicação da Portaria.
Os equipamentos de sistema elétrico, em operação que usam bifenil policlorados - PCB's, como fluído
dielétrico, poderão continuar com este dielétrico, até que seja necessário o seu esvaziamento, após o que
somente poderão ser preenchidos com outro que não contenha PCB's.
c. Mercúrio
O Decreto 97.507/1989 estabelece que é vedado o uso de mercúrio na atividade de extração de ouro,
exceto em atividade licenciada pelo órgão ambiental competente. A Resolução 357/2005 do Conama
regulamenta a concentração de mercúrio em águas doces, salobras e salinas no território nacional.
(...) evidente o interesse nacional nas ações cujo objeto envolve dano ambiental com possível poluição de lençol
freático, extração de substâncias potencialmente poluente (mercúrio), existência de animais silvestres ameaçados de
extinção. Presente a verossimilhança do direito, pois foi constatado o risco de impacto ambiental pelo IBAMA, ausente
prova em contrário, ônus que incumbia à agravante. . Risco de prejuízo irreparável que reside na ineficácia do
provimento jurisdicional após o decurso de longo prazo até o julgamento final da ação, em que o empreendimento
prosseguiria degradando o meio ambiente. . Prequestionamento quanto à legislação invocada estabelecido pelas razões
de decidir. . Agravo de instrumento improvido. (AG 200404010444032, FERNANDO QUADROS DA SILVA, TRF4
- TERCEIRA TURMA, DJ 29/11/2006 PÁGINA: 873.)
d. Cloro
A produção de cloro pelo processo de eletrólise em todo o território nacional sujeita-se às normas
estabelecidas na Lei 9.976/2000. Ficam mantidas, nos termos desta Lei, as tecnologias atualmente em uso no
País para a produção de cloro pelo processo de eletrólise, desde que observadas as seguintes práticas pelas
indústrias produtoras:
I – cumprimento da legislação de segurança, saúde no trabalho e meio ambiente vigente;
II – análise de riscos com base em regulamentos e normas legais vigentes;
III – plano interno de proteção à comunidade interna e externa em situações de emergência;
IV – plano de proteção ambiental que inclua o registro das emissões;
V – controle gerencial do mercúrio nas empresas que utilizem tecnologia a mercúrio...
e. Pilhas e Baterias
A quantidade e limites do cádmio, chumbo e mercúrio utilizados em baterias e pilhas comercializadas
no Brasil, assim como os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambiental deverão ser regulados de
acordo com a Resolução 401/2008 do Conama.
Art. 14. Nos materiais publicitários e nas embalagens de pilhas e baterias, fabricadas no País ou importadas, deverão
constar de forma clara, visível e em língua portuguesa, a simbologia indicativa da destinação adequada, as advertências
sobre os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, bem como a necessidade de, após seu uso, serem encaminhadas
aos revendedores ou à rede de assistência técnica autorizada, conforme Anexo I.
(...) Cuida-se de medida cautelar interposta por Energizer do Brasil Ltda. para emprestar efeito suspensivo a recurso
especial interposto de acórdão prolatado em sede de agravo de instrumento que manteve decisão concessiva de tutela
antecipada que compeliu a requerente a proceder a destinação que entendesse mais adequada às pilhas e baterias que
importa e comercializa não podendo mais despejá-las nos aterros sanitários, sob pena de multa diária por dano ao meio
ambiente. Medida cautelar improcedente. Agravo regimental prejudicado. ..EMEN: (MC 200700411297, JOSÉ
DELGADO, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJ DATA:19/11/2007 PG:00184 ..DTPB:.)
10 RECURSOS HÍDRICOS
A água é um dos recursos naturais mais importantes para a sobrevivência do homem na Terra. É
essencial às funções vitais e existe na biosfera na forma líquida (doce e salgada), sólida (doce) e de vapor
(doce). A sua forma líquida constitui cerca de 97,72% da encontrada na biosfera, sendo que desse percentual
97% é salgada e somente 0,72% é doce (FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental
Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 100).
De acordo com Sirvinkas:
Desde que houve o esfriamento da Terra, há muitos milênios (56 bilhões de anos), permanece a mesma quantidade de
água, ou seja, 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos (salgada e doce). Somente 90 mil quilômetros cúbicos (doce)
encontram-se prontos para beber, mas nem todo este estoque está disponível na natureza, e só podemos utilizar os
recursos renováveis pelas chuvas, reduzindo-se para 34 mil quilômetros cúbicos anuais, correspondente a 0,002% das
águas do planeta.
São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: assegurar à atual e às futuras gerações a
necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; a utilização
racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento
sustentável; e a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do
uso inadequado dos recursos naturais.
Vide art. 2º da Lei 9.433/1997:
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados
aos respectivos usos;
Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: a
gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; a adequação
da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais
das diversas regiões do País; a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; a articulação
do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e
nacional; a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; e a integração da gestão das bacias
hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
A União articular-se-á com os Estados, tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de
interesse comum. Vide art. 3º e 4º da Lei 9.433/1997:
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e
culturais das diversas regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional,
estadual e nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse
comum.
Na demanda original, o Ministério Público pleiteia provimento jurisdicional que proíba a realização da
obra pretendida, sob o argumento de que implica aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas, sem
O Código de Águas (Decreto 24.643/1934) deve ser interpretado à luz do sistema da Constituição
Federal de 1988 e da Lei 9.433/1997 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos), que admitem apenas
domínio público sobre os recursos hídricos.4. Na forma dos arts. 20, III, e 26, I, da Constituição, abolida está
a propriedade privada de lagos, rios, águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em depósito,
bem como a de quaisquer correntes de água.5. Nesse sentido, a interpretação do art. 31 do Código de Águas,
segundo o qual "pertencem aos Estados os terrenos reservados às margens das correntes e lagos navegáveis,
se, por algum título, não forem do domínio federal, municipal ou particular", implica a propriedade do Estado
sobre todas as margens dos rios estaduais, tais como definidos pelo art. 26 da CF, excluídos os federais (art.20
da CF), tendo em vista que já não existem rios municipais nem particulares.6. O título legítimo em favor de
particular, previsto nos arts. 11 e 31 do Código de Águas, que poderia, em tese, subsidiar pleito do particular,
é apenas o decorrente de enfiteuse ou concessão, jamais dominial, pois juridicamente impossível.
Conforme a Súmula 479/STF, "as margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis
de expropriação e, por isso mesmo, excluídas da indenização". Recurso Especial parcialmente provido (REsp
O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle
quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Estão sujeitos a
outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: derivação ou captação de
parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo
de processo produtivo; extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo
produtivo; lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não,
com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; outros
usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. Vide art. 11
da Lei 9.433/1997. Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: o uso de
recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio
rural; as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; e as acumulações de volumes de
água consideradas insignificantes.
Vide art. 12 da Lei 9.433/1997:
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de
sua diluição, transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no
meio rural;
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano
Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a
disciplina da legislação setorial específica.
A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou
do Distrito Federal. O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência
para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.
Vide art. 14 da Lei 9.433/1997:
Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do
Distrito Federal.
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga
de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.
§ 2º (VETADO).
Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco
anos, renovável. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples
direito de seu uso.
Vide art. 16 e 18 da Lei 9.433/1997:
Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos,
renovável.
Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.
A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva: reconhecer a água como bem econômico e dar ao
usuário uma indicação de seu real valor; incentivar a racionalização do uso da água; e obter recursos financeiros
para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
Vide art. 19 da Lei 9.433/1997:
Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:
I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;
II - incentivar a racionalização do uso da água;
III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de
recursos hídricos.
Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais
e do Distrito Federal, na sua esfera de competência: outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e
regulamentar e fiscalizar os seus usos; realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; implantar e gerir
o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal; promover a
integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Vide art. 30 da Lei 9.433/1997:
Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do
Distrito Federal, na sua esfera de competência:
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
A Lei criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:
coordenar a gestão integrada das águas; arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos
hídricos; implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; planejar, regular e controlar o uso, a
preservação e a recuperação dos recursos hídricos; promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Vide art. 32 da Lei 9.433/1997:
Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:
I - coordenar a gestão integrada das águas;
II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos;
V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos: derivar
ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; iniciar a
implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos,
superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem
autorização dos órgãos ou entidades competentes; (...) utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou
serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; perfurar poços
para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;(...) fraudar as medições dos volumes
de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; infringir normas estabelecidas no regulamento
desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos
ou entidades competentes; obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício
de suas funções.
Vide art. 49 da Lei 9.433/1997:
Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos:
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso;
II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos
hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem
autorização dos órgãos ou entidades competentes;
III - (VETADO)
IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com
as condições estabelecidas na outorga;
V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;
VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;
VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo
instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;
VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções.
Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços
hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não
atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes
penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração: advertência por escrito, na qual serão
estabelecidos prazos para correção das irregularidades; multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da
infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); embargo provisório, por prazo determinado,
para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o
cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos; embargo
definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos
hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração
de água subterrânea.
Vide art. 50 da Lei 9.433/1997:
Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços
hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não
atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes
penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração:
I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;
A água fornecida à população, após ser tratada pelas empresas concessionárias, permissionárias ou autorizadas, não
caracteriza mercadoria, razão pela qual é insuscetível de cobrança de ICMS.2. Inteligência do art. 46 do Código de
Águas e do art. 18 da Lei que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, que determinam ser a concessão do
serviço público de distribuição de água canalizada mera outorga que não implica a alienação das águas, uma vez que
se trata de bem de uso comum do povo inalienável. (AgRg no REsp 1056579/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/09/2009, DJe 05/10/2009)
11 MINERAÇÃO
80
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e
compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e
a promoção econômico-social dos garimpeiros.
§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos
recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na
forma da lei.
81
Art. 21. Compete à União:
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
82
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Consta no Decreto, outrossim, que a recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado
a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de
uma estabilidade do meio ambiente.
Vide art. 3º do Decreto 97.632/1989:
Art. 3° A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com
um plano preestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de uma estabilidade do meio ambiente.
Em adição, o Decreto 99.556/1990 regulamenta a tutela das cavidades naturais subterrâneas existentes
no território nacional. As cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional deverão ser
protegidas, de modo a permitir estudos e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunho
espeleológico, étnico-cultural, turístico, recreativo e educativo.
Cavidade natural subterrânea, de acordo com o Decreto, é todo e qualquer espaço subterrâneo acessível
pelo ser humano, com ou sem abertura identificada, popularmente conhecido como caverna, gruta, lapa, toca,
abismo, furna ou buraco, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali encontrados
e o corpo rochoso onde os mesmos se inserem, desde que tenham sido formados por processos naturais,
independentemente de suas dimensões ou tipo de rocha encaixante.
Vide art. 1º do Decreto 99.556/1990:
Art. 1o As cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional deverão ser protegidas, de modo a permitir
estudos e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunho espeleológico, étnico-cultural,
turístico, recreativo e educativo. (Redação dada pelo Decreto nº 6.640, de 2008).
Parágrafo único. Entende-se por cavidade natural subterrânea todo e qualquer espaço subterrâneo acessível pelo ser
humano, com ou sem abertura identificada, popularmente conhecido como caverna, gruta, lapa, toca, abismo, furna ou
buraco, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali encontrados e o corpo rochoso onde
os mesmos se inserem, desde que tenham sido formados por processos naturais, independentemente de suas dimensões
ou tipo de rocha encaixante. (Redação dada pelo Decreto nº 6.640, de 2008).
(...) com o trânsito em julgado do acórdão proferido na PET 3.388/RR, todos os processos relacionados à Terra
Indígena Raposa Serra do Sol deverão adotar as seguintes premissas como necessárias: (i) são válidos a Portaria/MJ
nº 534/2005 e o Decreto Presidencial de 15.4.2005, que demarcaram a área, observadas as condições indicadas no
acórdão; e (ii) a caracterização da área como terra indígena, para os fins dos arts. 20, XI, e 231, da Constituição,
importa em nela não poderem persistir pretensões possessórias ou dominiais de particulares, salvo no tocante a
benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé (CF/88, art. 231, § 6º); c) o usufruto dos índios não lhes confere o
direito exclusivo de explorar recursos minerais nas terras indígenas. Para fazê-lo, quaisquer pessoas devem contar
com autorização da União, nos termos de lei específica (CF/88, arts. 176, § 1º, e 231, § 3º). De toda forma, não se
pode confundir a mineração, como atividade econômica, com as formas tradicionais de extrativismo, praticadas
imemorialmente, nas quais a coleta constitui uma expressão cultural ou um elemento do modo de vida de
determinadas comunidades indígenas. No primeiro caso, não há como afastarem-se as exigências previstas nos arts.
176, § 1º, e 231, § 3º, da Constituição. Nesse sentido, as condições integram o objeto do que foi decidido e fazem
coisa julgada material. Isso significa que a sua incidência na Reserva da Raposa Serra do Sol não poderá ser objeto
de questionamento em eventuais novos processos. (STF, Pet-ED 3388, ROBERTO BARROSO)
(...) No caso concreto, o Tribunal a quo manteve em R$ 8.000,00 (oito mil reais) a indenização fixada pelos danos
morais decorrentes dos danos causados à residência do autor pelo rompimento da barragem e consequente
derramamento de lama com rejeitos da mineração de bauxita, quantia que não se revela ínfima ou exorbitante. 6.
Agravo regimental desprovido. (AGARESP 201200896603, ANTONIO CARLOS FERREIRA - QUARTA
TURMA, DJE DATA:01/10/2012, DTPB).
(...) 5. Nesse sentido, o Código de Mineração (art. 55, § 1º, do DL 227/1967) prevê a necessidade de averbação, pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, dos atos de alienação ou oneração relativos aos direitos
minerários, como requisito para sua validade. 6. Para que o DNPM averbe a cessão desses direitos, é necessária a
concordância das partes envolvidas, o que se comprova mediante petição conjunta firmada por cedente e cessionário,
nos termos do item 1.2.1 da Instrução Normativa 3/1997 do DNPM, o que não houve, na hipótese. 7. Não compete
ao DNPM dirimir desentendimento entre empresas, considerando a forte controvérsia entre as partes contratantes a
respeito da validade do instrumento de cessão dos direitos minerários. Inexiste comprovação do direito líquido e
certo a ser tutelado judicialmente. 8. Ademais, é impossível a análise da validade do contrato no bojo do presente
Mandado de Segurança, pois vedada a dilação probatória. Deve ser reconhecida a inadequação da via eleita. 9.
Mandado de Segurança denegado. (MS 200501613334, HERMAN BENJAMIN – PRIMEIRA SEÇÃO, DJE
DATA:06/11/2009).
Ação visando à interdição de atividade de extração de carvão mineral sem a necessária concessão de lavra pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral -DNPM, bem como à míngua de licença ambiental. 2. Afastamento da
alegação de inovação processual no curso da demanda, já que o provimento alcançado na sentença se compreende
na órbita do pedido exordial concernentemente à paralisação da atividade de extração de carvão de modo ilícito, em
área sem concessão de lavra pelo DNPM e sem licença ambiental da FATMA. De outra parte, a ré deixou de
evidenciar de modo suficiente na sua apelação a falta de correlação entre o pedido inicial e a sentença. 3. A sentença
laborou de modo adequado e proporcional com a gravidade das condutas, mineração sem as competentes licenças e,
após, em local não autorizado, situação que em hipótese alguma pode ser prestigiada, pois causadoras de danos à
saúde e impactos negativos ao meio ambiente. (AC 00102104420044047204, MARGA INGE BARTH TESSLER,
TRF4 - QUARTA TURMA, D.E. 24/05/2010.)
O princípio do desenvolvimento sustentável foi expressamente acolhido pela Lei 12.187/2009, que
institui a Política Nacional Sobre Mudança do Clima. A Lei, embora com imperfeições e abstrações, é um
considerável avanço como marco no combate as mudanças climáticas e ao aquecimento global. Nitidamente
absorveu os conceitos dos diplomas internacionais de tutela ambiental. Fato este, aliás, extremamente positivo.
A Lei 12.187 está regulamentada pelo Decreto n 7.390/2010, que dispõe, entre outros pontos
importantes, que a linha base de emissões de gases de efeito estufa para 2020 foi estimada em 3,236 GtCO2-
eq. Assim, a redução absoluta correspondente ficou estabelecida entre 1, 168 Gt-CO2-eq e 1,259 GtCO2-eq,
36,1% e 38,9% de redução de emissões respectivamente.
O Brasil, no entanto, comprometeu-se, perante a Conferência das Nações Unidas para a Agenda de
Desenvolvimento Pós-2015, realizada em Nova York em setembro de 2015, que as reduções seriam de 37%
até 2025 e de 43% até 2030, superando em muito o previsto no Decreto. Resta saber evidentemente se o Brasil
possuirá estrutura, capacidade técnica e seriedade política para cumprir esta meta tão arrojada83.
Estabelece a Lei 12.187 os princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos da PNMC (art. 1º). Torna
legais conceitos técnicos importantes que fazem parte do direito das mudanças climáticas como de adaptação;
de efeitos adversos da mudança do clima; de emissões; de fonte emissora; de gases de efeito estufa; de impacto;
de mitigação; de mudança do clima; de sumidouro e de vulnerabilidade (art. 2º, inc. I, II, III, IV, V, VI, VIII,
IX e X)84.
Estas definições técnicas precisam estar traduzidas de forma clara para o direito, pois devem ser
empregadas na formulação e execução das políticas públicas, nas decisões judiciais e administrativas, com a
maior segurança e precisão possíveis. Dispõe, entre outros objetivos, que deve haver a compatibilização do
83
The Guardian. Brazil pledges to cut carbon emssions 37% by 2025 and 43% by 2030. Fonte: www.
theguardian.com/environment/2015/sep/28/brazil-pledges-to-cut-carbon-emissions- 37-by-2025.
84
Art 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - adaptação: iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e
esperados da mudança do clima;
II - efeitos adversos da mudança do clima: mudanças no meio físico ou biota resultantes da mudança do clima que tenham efeitos
deletérios significativos sobre a composição, resiliência ou produtividade de ecossistemas naturais e manejados, sobre o
funcionamento de sistemas socioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-estar humanos;
III - emissões: liberação de gases de efeito estufa ou seus precursores na atmosfera numa área específica e num período determinado;
IV - fonte: processo ou atividade que libere na atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estufa;
V - gases de efeito estufa: constituintes gasosos, naturais ou antrópicos, que, na atmosfera, absorvem e reemitem radiação
infravermelha;
VI - impacto: os efeitos da mudança do clima nos sistemas humanos e naturais;
VII - mitigação: mudanças e substituições tecnológicas que reduzam o uso de recursos e as emissões por unidade de produção, bem
como a implementação de medidas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e aumentem os sumidouros;
VIII - mudança do clima: mudança de clima que possa ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a
composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de
períodos comparáveis;
IX - sumidouro: processo, atividade ou mecanismo que remova da atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de
efeito estufa; e
X - vulnerabilidade: grau de suscetibilidade e incapacidade de um sistema, em função de sua sensibilidade, capacidade de adaptação,
e do caráter, magnitude e taxa de mudança e variação do clima a que está exposto, de lidar com os efeitos adversos da mudança do
clima, entre os quais a variabilidade climática e os eventos extremos.
85
Art. 4o A Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a proteção do sistema climático;
86
Art. 5o São diretrizes da Política Nacional sobre Mudança do Clima:
I - os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, no Protocolo de
Quioto e nos demais documentos sobre mudança do clima dos quais vier a ser signatário;
87
Art. 6o São instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima:
I - o Plano Nacional sobre Mudança do Clima;
II - o Fundo Nacional sobre Mudanca do Clima ;
III - os Planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento nos biomas;
IV - a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de acordo com os
critérios estabelecidos por essa Convenção e por suas Conferências das Partes;
V - as resoluções da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima;
VI - as medidas fiscais e tributárias destinadas a estimular a redução das emissões e remoção de gases de efeito estufa, incluindo
alíquotas diferenciadas, isenções, compensações e incentivos, a serem estabelecidos em lei específica;
VII - as linhas de crédito e financiamento específicas de agentes financeiros públicos e privados;
VIII - o desenvolvimento de linhas de pesquisa por agências de fomento;
IX - as dotações específicas para ações em mudança do clima no orçamento da União;
X - os mecanismos financeiros e econômicos referentes à mitigação da mudança do clima e à adaptação aos efeitos da mudança do
clima que existam no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e do Protocolo de Quioto;
XI - os mecanismos financeiros e econômicos, no âmbito nacional, referentes à mitigação e à adaptação à mudança do clima;
XII - as medidas existentes, ou a serem criadas, que estimulem o desenvolvimento de processos e tecnologias, que contribuam para
a redução de emissões e remoções de gases de efeito estufa, bem como para a adaptação, dentre as quais o estabelecimento de
critérios de preferência nas licitações e concorrências públicas, compreendidas aí as parcerias público-privadas e a autorização,
permissão, outorga e concessão para exploração de serviços públicos e recursos naturais, para as propostas que propiciem maior
economia de energia, água e outros recursos naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos;
XIII - os registros, inventários, estimativas, avaliações e quaisquer outros estudos de emissões de gases de efeito estufa e de suas
fontes, elaborados com base em informações e dados fornecidos por entidades públicas e privadas;
XIV - as medidas de divulgação, educação e conscientização;
XV - o monitoramento climático nacional;
XVI - os indicadores de sustentabilidade;
XVII - o estabelecimento de padrões ambientais e de metas, quantificáveis e verificáveis, para a redução de emissões antrópicas por
fontes e para as remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa;
XVIII - a avaliação de impactos ambientais sobre o microclima e o macroclima.
88
Art. 3o A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos entes políticos e dos órgãos da administração
pública, observarão os princípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e o das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito internacional, e, quanto às medidas a serem adotadas na sua
execução, será considerado o seguinte:
I - todos têm o dever de atuar, em benefício das presentes e futuras gerações, para a redução dos impactos decorrentes das
interferências antrópicas sobre o sistema climático;
II - serão tomadas medidas para prever, evitar ou minimizar as causas identificadas da mudança climática com origem antrópica no
território nacional, sobre as quais haja razoável consenso por parte dos meios científicos e técnicos ocupados no estudo dos
fenômenos envolvidos;
III - as medidas tomadas devem levar em consideração os diferentes contextos socioeconomicos de sua aplicação, distribuir os ônus
e encargos decorrentes entre os setores econômicos e as populações e comunidades interessadas de modo equitativo e equilibrado e
sopesar as responsabilidades individuais quanto à origem das fontes emissoras e dos efeitos ocasionados sobre o clima;
IV - o desenvolvimento sustentável é a condição para enfrentar as alterações climáticas e conciliar o atendimento às necessidades
comuns e particulares das populações e comunidades que vivem no território nacional;
V - as ações de âmbito nacional para o enfrentamento das alterações climáticas, atuais, presentes e futuras, devem considerar e
integrar as ações promovidas no âmbito estadual e municipal por entidades públicas e privadas;
VI - (VETADO)
89
Art. 9o O Mercado Brasileiro de Redução de Emissões - MBRE será operacionalizado em bolsas de mercadorias e futuros, bolsas
de valores e entidades de balcão organizado, autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, onde se dará a negociação
de títulos mobiliários representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas certificadas.
Ministério Público Federal Vs. H Carlos Schneider S/A Comércio, Indústria e Outro (Recurso Especial Nº 650.728 –
SC) Ministério Público Federal de Joinville, Santa Catarina ajuizou Ação Civil Pública contra H. Carlos Schneider
S/A Com. e Ind. e S.E.R. Parafuso, entidade classista que congrega os empregados do Grupo CISER. O Ministério
Público Federal alegou que os réus aterraram e drenaram manguezal em imóvel urbano, mesmo após autuação pelo
então IBDF, pela FATMA (órgãos ambientais), pela Prefeitura da Cidade de Joinvile e pela Capitania dos Portos. A
legislação brasileira atual reflete a transformação científica, ética, política e jurídica que reposicionou os manguezais,
levando-os da condição de risco sanitário e de condição indesejável ao patamar de ecossistema criticamente ameaçado.
Objetivando resguardar suas funções ecológicas, econômicas e sociais, o legislador atribuiu-lhes natureza jurídica de
Área de Preservação Permanente. Nesses termos, é dever de todos, proprietários ou não, zelar pela preservação dos
90
China to Announce Cap-and-Trade Program to Limit Emissions. The New York Times. 24.09.2015. Fonte:
Http://www.nytimes.com/2015/09/25/world/asia/xi-jinping-china-president-obamasummit. html?_r=0.
91
Recentes e interessantes perspectivas de crescimento e lucro dentro de uma realidade de energia limpa e sustentável podem ser
verificadas em: PERTHUIS, Christian JOUVET, Pierre Andre. Green Capital. A New Perspective on Growt. Translated by
MichaelWestlake. New York: Columbia University Press, 2015.
92
Art. 40. O Governo Federal deverá estabelecer uma Política Nacional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate
aos Incêndios Florestais, que promova a articulação institucional com vistas na substituição do uso do fogo no meio rural, no controle
de queimadas, na prevenção e no combate aos incêndios florestais e no manejo do fogo em áreas naturais protegidas.
§ 1o A Política mencionada neste artigo deverá prever instrumentos para a análise dos impactos das queimadas sobre mudanças
climáticas e mudanças no uso da terra, conservação dos ecossistemas, saúde pública e fauna, para subsidiar planos estratégicos de
prevenção de incêndios florestais.
§ 2o A Política mencionada neste artigo deverá observar cenários de mudanças climáticas e potenciais aumentos de risco de
ocorrência de incêndios florestais.
É de se observar a lição de Barroso quando refere que as normas de tutela ambiental são encontradas
difusamente ao longo do texto constitucional, em disposições de natureza processual, administrativa, penal,
civil e outras, inclusive com ênfase na responsabilidade civil e na reparação dos danos93.
Ao Poder Executivo foi reservada uma ampla gama de competências na efetivação da tutela ambiental,
remarcando-se, no particular, seus poderes regulamentar e de polícia, cujo exercício, em certos casos, poderá
ser exigido judicialmente na hipótese de omissão em agir. O Poder Judiciário é o guardião supremo da
efetividade das normas constitucionais.
Todos os direitos assegurados constitucionalmente são suscetíveis de tutela jurisdicional. Além dos
clássicos direitos subjetivos, que são aqueles referíveis a titular determinado, as duas últimas décadas
incorporaram o conceito de interesses difusos, para designar situações jurídicas de proveito que são desfrutadas
por número indeterminado de pessoas94.
O Ministério Público, órgão de Estado que constitucionalmente tem dentre suas funções institucionais
a tutela do meio ambiente é responsável pela maioria das iniciativas judiciais e extrajudiciais civis de proteção
ambiental, além de deter o monopólio da ação penal pública95.
O Poder Judiciário na efetivação da proteção normativa do meio ambiente. Mister fazer referência a
jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça que com suas decisões tem efetivado a tutela do bem
ambiental. A Corte tem adotado uma jurisprudência extremamente progressista no que se refere à tutela do
meio ambiente como bem jurídico autônomo. Em várias situações isso pode ser verificado claramente.
A primeira delas é o reconhecimento da inversão do ônus da prova processual contra o suposto
poluidor/predador para que ele demonstre que a sua atividade não causa danos ao meio ambiente. Com efeito,
por possuir melhores informações acerca da ação supostamente perigosa e ser o causador de riscos por sua
93
BARROSO, Luis Roberto. A proteção do meio ambiente na Constituição brasileira. págs. 1001-1037. In: Doutrinas Essenciais de
Direito Ambiental. V. I. Organizadores: MACHADO, Paulo Affonso; MILARÉ, Édis. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2011. P. 1036.
94
BARROSO, Luis Roberto. A proteção do meio ambiente na Constituição brasileira. págs. 1001-1037. In: Doutrinas Essenciais de
Direito Ambiental. V. I. Organizadores: MACHADO, Paulo Affonso; MILARÉ, Édis. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2011. P. 1036.
95
CAPPELLI, Silvia. Reflexões sobre o papel do Ministério Público frente à Mudança Climática (págs. 613-642) in Doutrina
Essenciais de Direito Ambiental. V. 6. Organizadores: MACHADO, Paulo Affonso; MILARÉ, Édis. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011. P. 628.
96
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AGARESP n. 206748. Relator: Ministro Ricardo Villas Boas Cueva. Diário da Justiça da
União, 27 mar. 2013. Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia>.
97
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo
as regras ordinárias de experiências;
98
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 200400011479. Relator: Ministro Luiz Fux. Diário da Justiça da União,
31 ago. 2006. Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia>.
99
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Recurso Especial n. 1412664. Relator: Ministro Raul Araújo. Diário
de Justiça Eletrônico, 11 mar. 2014. Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25017000/agravo-regimentalno-
recurso-especial-agrg-no-resp-1412664-sp-2011-0305364-9-stj>.
100
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 201002176431. Relator: Ministro Castro Meira. Diário de Justiça
Eletrônico, 04 fev. 2013. Disponível em: <http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.2:acordao;resp:
2009-09-08;769753-1112299>.
101
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
E, no mesmo sentido Recurso Extraordinário 677.283/PB. Relator: Ministro Gilmar Mendes. Diário da
Justiça da União, 07 maio 2012:
Ementa. Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º, da
Constituição Federal abrange também os atos omissivos do Poder Público. Precedentes. 3. Impossibilidade de reexame
do conjunto fático-probatório. Enunciado 279 da Súmula do STF. 4. Ausência de argumentos suficientes para infirmar
a decisão recorrida. 5. Agravo regimental a que se nega provimento
Vide Recurso Especial 1.071.741/SP. Relator: Ministro Herman Benjamin. Diário de Justiça
Eletrônico, 16 dez. 2010:
AMBIENTAL. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL (LEI 9.985/00). OCUPAÇÃO E
CONSTRUÇÃO ILEGAL POR PARTICULAR NO PARQUE ESTADUAL DE JACUPIRANGA. TURBAÇÃO E
ESBULHO DE BEM PÚBLICO. DEVER-PODER DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL DO
ESTADO. OMISSÃO. ART. 70, § 1º, DA LEI 9.605/1998. DESFORÇO IMEDIATO. ART. 1.210, § 1º, DO CÓDIGO
CIVIL. ARTIGOS 2º, I E V, 3º, IV, 6º E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981 (LEI DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE). CONCEITO DE POLUIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DE NATUREZA
SOLIDÁRIA, OBJETIVA, ILIMITADA E DE EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO.
1. Já não se duvida, sobretudo à luz da Constituição Federal de 1988, que ao Estado a ordem jurídica abona, mais na
fórmula de dever do que de direito ou faculdade, a função de implementar a letra e o espírito das determinações legais,
inclusive contra si próprio ou interesses imediatos ou pessoais do Administrador. Seria mesmo um despropósito que o
ordenamento constrangesse os particulares a cumprir a lei e atribuísse ao servidor a possibilidade, conforme a
conveniência ou oportunidade do momento, de por ela zelar ou abandoná-la à própria sorte, de nela se inspirar ou,
frontal ou indiretamente, contradizê-la, de buscar realizar as suas finalidades públicas ou ignorá-las em prol de
interesses outros. 2. Na sua missão de proteger o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras
gerações, como patrono que é da preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais, incumbe ao Estado
“definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção” (Constituição Federal, art. 225, § 1º, III). 3. A criação de
Unidades de Conservação não é um fim em si mesmo, vinculada que se encontra a claros objetivos constitucionais e
legais de proteção da Natureza. Por isso, em nada resolve, freia ou mitiga a crise da biodiversidade diretamente
associada à insustentável e veloz destruição de habitat natural se não vier acompanhada do compromisso estatal de,
sincera e eficazmente, zelar pela sua integridade físico-ecológica e providenciar os meios para sua gestão técnica,
transparente e democrática. A ser diferente, nada além de um sistema de áreas protegidas de papel ou de fachada?
existirá, espaços de ninguém, onde a omissão das autoridades é compreendida pelos degradadores de plantão como
autorização implícita para o desmatamento, a exploração predatória e a ocupação ilícita. 4. Qualquer que seja a
qualificação jurídica do degradador, público ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano
ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da reparação
in integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de
facilitação do acesso à Justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental.
Precedentes do STJ. 5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estado, por omissão, é subjetiva ou por culpa,
regime comum ou geral esse que, assentado no art. 37 da Constituição Federal, enfrenta duas exceções principais.
Primeiro, quando a responsabilização objetiva do ente público decorrer de expressa previsão legal, em microssistema
especial, como na proteção do meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3º, IV, c/c o art. 14, § 1º). Segundo, quando as
circunstâncias indicarem a presença de um standard ou dever de ação estatal mais rigoroso do que aquele que jorra,
A condenação por dano ambiental, nos casos de responsabilidade estatal, pode ocorrer solidariamente
entre o Estado e o poluidor; porém, para que a coletividade não seja duplamente onerada pelo dano ambiental,
o Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a execução deve se dar em primeiro lugar sobre os bens do
poluidor privado, que lucra com a atividade, e apenas na ausência de recursos de sua parte deve a execução
prosseguir, de modo subsidiário, contra o Estado, como devedor garante.
Nesses casos de litisconsórcio passivo, a decisão condena o ente estatal e o poluidor privado
solidariamente, mas a execução é procedida com base na responsabilidade subsidiária do Estado, segundo a
construção jurisprudencial do STJ:
AMBIENTAL. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL (LEI 9.985/00). OCUPAÇÃO E
CONSTRUÇÃO ILEGAL POR PARTICULAR NO PARQUE ESTADUAL DE JACUPIRANGA. TURBAÇÃO E
ESBULHO DE BEM PÚBLICO. DEVER-PODER DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL DO
ESTADO. OMISSÃO. ART. 70, § 1º, DA LEI 9.605/1998. DESFORÇO IMEDIATO. ART. 1.210, § 1º, DO CÓDIGO
CIVIL. ARTIGOS 2º, I E V, 3º, IV, 6º E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981 (LEI DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE). CONCEITO DE POLUIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DE NATUREZA
SOLIDÁRIA, OBJETIVA, ILIMITADA E DE EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO.
1. Já não se duvida, sobretudo à luz da Constituição Federal de 1988, que ao Estado a ordem jurídica abona, mais na
fórmula de dever do que de direito ou faculdade, a função de implementar a letra e o espírito das determinações legais,
inclusive contra si próprio ou interesses imediatos ou pessoais do Administrador. Seria mesmo um despropósito que o
ordenamento constrangesse os particulares a cumprir a lei e atribuísse ao servidor a possibilidade, conforme a
conveniência ou oportunidade do momento, de por ela zelar ou abandoná-la à própria sorte, de nela se inspirar ou,
frontal ou indiretamente, contradizê-la, de buscar realizar as suas finalidades públicas ou ignorá-las em prol de
interesses outros. 2. Na sua missão de proteger o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras
gerações, como patrono que é da preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais, incumbe ao Estado
definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção (Constituição Federal, art. 225, § 1º, III). 3. A criação de
Unidades de Conservação não é um fim em si mesmo, vinculada que se encontra a claros objetivos constitucionais e
legais de proteção da Natureza. Por isso, em nada resolve, freia ou mitiga a crise da biodiversidade diretamente
associada à insustentável e veloz destruição de habitat natural, se não vier acompanhada do compromisso estatal de,
sincera e eficazmente, zelar pela sua integridade físico-ecológica e providenciar os meios para sua gestão técnica,
transparente e democrática. A ser diferente, nada além de um sistema de áreas protegidas de papel ou de fachada?
Preocupou-se a Corte, e com razão, com o princípio da reserva do possível e a escassez dos recursos
estatais para reparar o bem ambiental danificado. Iníquo seria se a coletividade, já prejudicada para o pleno
exercício de sua sadia qualidade de vida, garantida pela Constituição Federal, tivesse ainda que pagar
indenizações para reparar os danos ambientais a que não deu causa. Essa modulação na execução das decisões
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é garantia da coletividade prevista no art. 225
da Constituição Federal de 1988102. A preservação ambiental deve se dar no interesse das presentes e das
futuras gerações. Na concretização deste preceito o Ministério Público, instituição voltada à defesa da ordem
jurídica e a garantia dos direitos fundamentais de terceira dimensão, como o Meio Ambiente, atua na
concretização destes direitos.
102
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo
a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida,
a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são
patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser
instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que
utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como
bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o
bem-estar dos animais envolvidos.
103
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
§ 2º - Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor
ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas e de
provas e títulos; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao
Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas
e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na
lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º,
o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que
extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de
créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
104
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos
nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para
instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
manifestações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,
segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º -As funções de Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
respectiva lotação.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º O ingresso na carreira far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada participação da Ordem dos Advogados
do Brasil em sua realização, e observada, nas nomeações, a ordem de classificação.
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação
da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93, II e VI.
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
105
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis
do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua
cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa,
a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União
e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
§ 2º - No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalidades
pecuniárias previstas neste artigo.
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da perda, restrição ou suspensão será atribuição da
autoridade administrativa ou financeira que concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo resolução do
CONAMA.
§ 4º Nos casos de poluição provocada pelo derramamento ou lançamento de detritos ou óleo em águas brasileiras, por embarcações
e terminais marítimos ou fluviais, prevalecerá o disposto na Lei nº 5.357, de 17 de novembro de 1967.
(Revogado pela Lei nº 9.966, de 2000)
§ 5o A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das obrigações de indenização e reparação de danos
previstas no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
106
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
III - à ordem urbanística; (Incluído pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)
(Vide Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - (VETADO).
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990)
IV - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (Renumerado do Inciso III, pela Lei nº 10.257, de
10.7.2001)
(Vide Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990)
V - por infração da ordem econômica.
(Incluído pela Lei nº 8.884 de 1994)
V - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Renumerado do Inciso IV, pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)
(Vide Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
V - por infração da ordem econômica e da economia popular; (Redação dada pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) (Vide
Lei nº 12.529, de 2011)
V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
VI - por infração da ordem econômica. (Renumerado do Inciso V, pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)
VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014)
VIII - ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014)
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias,
o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001).
107
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei
108
§ 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa
dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990) (Vide Mensagem de veto)
109
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências
legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990)
110
CAPPELLI, Silvia. Reflexões sobre o papel do Ministério Público frente à Mudança Climática (pp. 613-642) In: Doutrina
Essenciais de Direito Ambiental. V. 6. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 628.
111
CAPPELLI, Silvia. Reflexões sobre o papel do Ministério Público frente à Mudança Climática (pp. 613-642) In: Doutrina
Essenciais de Direito Ambiental. V. 6. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 628-629.
112
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;
113
Art. 31. Cabe aos Procuradores de Justiça exercer as atribuições junto aos Tribunais, desde que não cometidas ao Procurador-
Geral de Justiça, e inclusive por delegação deste.
114
Art. 6º Compete ao Ministério Público da União:
VI - impetrar habeas corpus e mandado de segurança;
115
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
116
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
117
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal
Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)
118
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
119
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto
quando:
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
120
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em
face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
121
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos
nesta Constituição;
A tutela administrativa do meio ambiente tem fundamento no art. 225, parágrafo 3º, da CF, que dispõe,
“as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados”.
Refere Sirvinkas:
Quase dez anos depois da promulgação da Constituição Federal, vem a lume, finalmente, a Lei no. 9605/1998,
dispondo sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. As
infrações administrativas, o procedimento administrativo e as sanções administrativas encontram-se disciplinados nos
arts. 70 a 76 da citada lei.
Tais dispositivos foram regulamentados pelo Poder Executivo Federal através do Decreto 3.179/1999,
e alterado pelo Decreto 3.919/2001. Esses textos revogaram os incisos I, II, e IV, parágrafos 2o, 3o e 4o do art.
122
Art. 23. Transmitir ilicitamente informações sigilosas, concernentes à energia nuclear: Pena: reclusão, de quatro a oito anos. Art.
Art. 26. Deixar de observar as normas de segurança ou de proteção relativas à instalação nuclear ou ao uso, transporte, posse e guarda
de material nuclear, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena: reclusão, de dois a oito anos. Art.
27. Impedir ou dificultar o funcionamento de instalação nuclear ou o transporte de material nuclear: Pena: reclusão, de quatro a dez
anos.
123
Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5 o desta Lei:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano ou embrião humano:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 26. Realizar clonagem humana:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos
e entidades de registro e fiscalização:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Agrava-se a pena:
I – de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se resultar dano à propriedade alheia;
II – de 1/3 (um terço) até a metade, se resultar dano ao meio ambiente;
III – da metade até 2/3 (dois terços), se resultar lesão corporal de natureza grave em outrem;
IV – de 2/3 (dois terços) até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou exportar OGM ou seus derivados, sem autorização ou em
desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Importante grifar que o princípio da legalidade, na esfera administrativa, deve ser observado pela
Administração Pública. Esta deve pautar-se na lei. Não pode haver fiscalização ou eventual aplicação de sanção
sem que haja expressa previsão legal. Se assim não for, haverá ofensa ao princípio previsto no art. 5º, inc. II,
da CF125.
No mesmo sentido, o poder de polícia ambiental visa a tutela do meio ambiente, através dos órgãos
estatais competentes, contudo, como adverte Sirvinkas, “é limitado pelos interesses sociais e individuais do
cidadão assegurados pela CF”126.
Jurisprudência sobre a tutela do Estado-Juiz Estado-Administrador e a atuação do Ministério Público
em defesa do meio ambiente:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DEFESA DO MEIO AMBIENTE. LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO DO PODER
JUDICIÁRIO. INEXISTÊNCIA DE INVASÃO ÀS COMPETÊNCIAS DO PODER EXECUTIVO. PRECEDENTES
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (RE
511254 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 23/02/2016, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-043 DIVULG 07-03-2016 PUBLIC 08-03-2016). 1. A Corte Suprema já firmou a orientação de
que é dever do Poder Público e da sociedade a defesa de um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as
presentes e futuras gerações. 2. Assim, pode o Poder Judiciário, em situações excepcionais, determinar que a
Administração pública adote medidas assecuratórias desse direito, reputado essencial pela Constituição Federal, sem
que isso configure violação do princípio da separação de poderes. 3. A Administração não pode justificar a frustração
de direitos previstos na Constituição da República sob o fundamento da insuficiência orçamentária. 4. Agravo
regimental não provido. (RE 658171 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 01/04/2014,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-079 DIVULG 25-04-2014 PUBLIC 28-04-2014).
124
SIRVINKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 14a. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. P. 388.
125
SIRVINKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 14a. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. P. 389.
126
SIRVINKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 14a. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 390.
Considerações Gerais
A Lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é bastante atual e contém
instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas
ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de
consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização
dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação
ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores,
distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na
Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós consumo e pós-consumo.
Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de
planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além
de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Também coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne
ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto
na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva. Além disso, os instrumentos da PNRS ajudarão o Brasil a
atingir metas do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que é de alcançar o índice de reciclagem de resíduos
em 20%.
A- Resíduo: de res derelictae a bem socioambiental. O primeiro tratamento jurídico dado aos resíduos
é exatamente o da res derelictae, ou seja, o abandono da coisa móvel. Neste sentido referências de Ulpiano,
Paulo e Modesto (Ver, Digesto e Fragmentos Pro Derelicto). A preocupação romana era a perda da propriedade
127
Patrícia Faga Iglecias LEMOS,Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo, p.83
128
Gallay, Allain. L’Archeologie demain. Paris: Pierre Belfond, 1986, p. 126 e 129.
129
Alexandra Aragão, O princípio do nível elevado de protecção e a renovação ecológica do direito do ambiente e dos residuos.
Coimbra: Almedina, 2006, p. 72-73.
GRUPO A - Resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido à
presença de agentes biológicos. Ex.: sangue e hemonoderivados; animais usados em experimentações; tecidos,
órgãos, fetos e peças anatômicas; resíduos de laboratórios de análises clínicas.
GRUPO B - Resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às
suas marcas características. Ex.: drogas quimioterápicas e produtos por ela contaminados; resíduos
farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não utilizados); demais produtos
considerados perigosos segundo a NBR 10004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos.
130
Patrícia Faga Iglecias Lemos,Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo, p.83.
131
Patrícia Faga Iglecias Lemos,Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo, p.86.
Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
Art. 1 o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e
instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,
incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis.
§ 1 o Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis,
direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada
ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.
§ 2 o Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação específica.
14.5 PRINCÍPIOS
14.6 OBJETIVOS
Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para
assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas
nesta Lei e em seu regulamento.
Art. 26. O titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos é responsável pela
organização e prestação direta ou indireta desses serviços, observados o respectivo plano municipal de gestão integrada
de resíduos sólidos, a Lei nº 11.445, de 2007, e as disposições desta Lei e seu regulamento.
Art. 28. O gerador de resíduos sólidos domiciliares tem cessada sua responsabilidade pelos resíduos com a
disponibilização adequada para a coleta ou, nos casos abrangidos pelo art. 33, com a devolução.
Art. 29. Cabe ao poder público atuar, subsidiariamente, com vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome
conhecimento de evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos sólidos.
Parágrafo único. Os responsáveis pelo dano ressarcirão integralmente o poder público pelos gastos decorrentes das
ações empreendidas na forma do caput.
Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma
individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores
e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições e
procedimentos previstos nesta Seção.
As embalagens devem ser fabricadas com materiais que propiciem a reutilização ou a reciclagem.
§ 1 o Cabe aos respectivos responsáveis assegurar que as embalagens sejam:
I - restritas em volume e peso às dimensões requeridas à proteção do conteúdo e à comercialização do produto; II -
projetadas de forma a serem reutilizadas de maneira tecnicamente viável e compatível com as exigências aplicáveis ao
produto que contêm;
III - recicladas, se a reutilização não for possível.
§§ 3 o É responsável pelo atendimento do disposto neste artigo todo aquele que:
I - manufatura embalagens ou fornece materiais para a fabricação de embalagens;
II - coloca em circulação embalagens, materiais para a fabricação de embalagens ou produtos embalados, em qualquer
fase da cadeia de comércio.
Resíduos Perigosos
Art. 37. A instalação e o funcionamento de empreendimento ou atividade que gere ou opere com resíduos perigosos
somente podem ser autorizados ou licenciados pelas autoridades competentes se o responsável comprovar, no mínimo,
capacidade técnica e econômica, além de condições para prover os cuidados necessários ao gerenciamento desses
resíduos.
Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos: I -
lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;
III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade;
IV - outras formas vedadas pelo poder público.
Art. 49. É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como de resíduos sólidos cujas
características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para
tratamento, reforma, reús o, reutilização ou recuperação.
Art. 51. Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da existência de culpa, reparar os danos causados, a ação
ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importe inobservância aos preceitos desta Lei ou de seu regulamento
sujeita os infratores às sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e
dá outras providências”, e em seu regulamento.
A responsabilidade pós-consumo está claramente envolvida nessa dinâmica e obriga uma visão
inovadora do nexo causal, de forma que o liame lógico-científico não impeça o alcance da reparação de um
dano que, embora decorrente de situação presente, possa manifestar-se no futuro, ou surgir após uma atuação
Entendemos, mais uma vez, que o nexo causal deve ser apreciado como questão jurídica e não fática,
repousando suas bases na relação entre o dano e a potencialidade do agente de evitá-lo. Propugnamos por
verdadeira responsabilidade preventiva133.
Responsabilidade preventiva
132
Patrícia Faga Iglecias Lemos,Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo, p.258.
133
Patrícia Faga Iglecias Lemos, Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo, p.258.
134
Patrícia Faga Iglecias Lemos, Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo, p.83.
135
Patrícia Faga Iglecias Lemos, Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo, p.259.
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AO MEIO AMBIENTE. USINA
HIDRELÉTRICA DE CHAVANTES. OFENSA AO ART. 535 DO CPC. OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
LEI 7.990/89. COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS. DANOS
AMBIENTAIS EVENTUAIS NÃO ABRANGIDOS POR ESSE DIPLOMA NORMATIVO. PRECEDENTE STF.
EXIGÊNCIA DE ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA). OBRA IMPLEMENTADA
ANTERIORMENTE À SUA REGULAMENTAÇÃO. PROVIDÊNCIA INEXEQUÍVEL. PREJUÍZOS FÍSICOS E
ECONÔMICOS A SEREM APURADOS MEDIANTE PERÍCIA TÉCNICA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. 1. O Tribunal de origem apreciou adequadamente todos os pontos necessários ao desate da lide, não
havendo nenhuma obscuridade que justifique a sua anulação por este Superior Tribunal. 2. A melhor exegese a ser
dispensada ao art. 1º da Lei 7.990/89 é a de que a compensação financeira deve se dar somente pela utilização dos
recursos hídricos, não se incluindo eventuais danos ambientais causados por essa utilização. 3. Sobre o tema, decidiu
o Plenário do STF: "Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à defesa e preservação do
meio ambiente para as presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade
constitucional" (ADI 3.378-DF, Rel. Min. AYRES BRITTO, DJe 20/06/2008). 4. A natureza do direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado - fundamental e difusa - não confere ao empreendedor direito adquirido de, por
meio do desenvolvimento de sua atividade, agredir a natureza, ocasionando prejuízos de diversas ordens à presente e
futura gerações. 5. Atrita com o senso lógico, contudo, pretender a realização de prévio Estudo de Impacto Ambiental
(EIA/RIMA) num empreendimento que está em atividade desde 1971, isto é, há 43 anos. 6. Entretanto, impõe-se a
realização, em cabível substituição, de perícia técnica no intuito de aquilatar os impactos físicos e econômicos
decorrentes das atividades desenvolvidas pela Usina Hidrelétrica de Chavantes, especialmente no Município autor da
demanda (Santana do Itararé/PR). 7. Recurso especial parcialmente provido. 136
136
Precedentes: REsp 1172553/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/05/2014, DJe
04/06/2014; AgRg no REsp 1367968/SP, Voto Vista ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe
12/03/2014; EDcl nos EDcl no Ag 1323337/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 22/11/2011, DJe 01/12/2011; REsp 948921/ SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
23/10/2007, DJe 11/11/2009; MC 023429/SC (decisão monocrática), Ministra MARGA TESSLER (JUÍZA FEDERAL
CONVOCADA DO TRF 4ª REGIÃO), julgado em 17/10/2014, DJe 21/10/2014; REsp 1240201/PR (decisão monocrática), Ministro
BENEDITO GONÇALVES, julgado em 07/08/2014, DJe 14/08/2014.
137
Precedentes: REsp 1237893/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/09/2013, DJe
01/10/2013; AgRg no AREsp 206748/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
21/02/2013, DJe 27/02/2013; REsp 883656/ RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
09/03/2010, DJe 28/02/2012; AgRg no REsp 1192569/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
7) Os responsáveis pela degradação ambiental são coobrigados solidários, formando-se, em regra, nas
ações civis públicas ou coletivas litisconsórcio facultativo.
em 19/10/2010, DJe 27/10/2010; REsp 1049822/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
23/04/2009, DJe 18/05/2009.
138
Precedentes: AgRg no REsp 1164140/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
13/09/2011, DJe 21/09/2011; AgRg no REsp 1144604/MG, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 20/05/2010, DJe 10/06/2010; REsp 1080613/PR, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
23/06/2009, DJe 10/08/2009; REsp 1050381/ PA, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/12/2008,
DJe 26/02/2009; AREsp 557714/MG (decisão monocrática), Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 03/02/2015; AREsp 574512/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 30/09/2014, DJe 18/07/2014; AREsp 385055/PA (decisão monocrática), Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2014, DJe 07/03/2014. (VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N.
389)
139
Precedentes: AgRg nos EREsp 738031/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
28/05/2014, DJe 04/08/2014; AgRg no AREsp 48149/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 12/04/2012, DJe 17/04/2012; REsp 1179156/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 14/04/2011, DJe 27/04/2011; EREsp 418565/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 29/09/2010, DJe 13/10/2010; EREsp 439456/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/08/2007, DJe 27/08/2007; REsp 439456/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em
03/08/2006, DJe 26/03/2007; AREsp 210039/SP (decisão monocrática), Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 20/09/2012. (VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 321).
Precedentes: REsp 1240122/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/06/2011,
DJe 11/09/2012; REsp 1251697/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 12/04/2012, DJe 17/04/2012; AgRg no REsp 1137478/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 21/10/2011; AgRg no REsp 1206484/ SP, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 29/03/2011; AgRg nos EDcl no REsp
1203101/ SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/02/2011, DJe
18/02/2011; REsp 1090968/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/06/2010, DJe
03/08/2010; REsp 926750/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/09/2007, DJ
04/10/2007; REsp 1186023/SP (decisão monocrática), Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, julgado em
140
Precedentes: AgRg no AREsp 432409/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/02/2014,
DJe 19/03/2014; REsp 1383707/SC, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe
05/06/2014; AgRg no AREsp 224572/MS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2013,
DJe 11/10/2013; REsp 771619/RR, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 16/12/2008, DJe
11/02/2009; REsp 1060653/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/10/2008, DJe
20/10/2008; REsp 884150/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2008, DJe 07/08/2008; REsp
604725/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/06/2005, DJe 22/08/2005; REsp 1377700/PR
(decisão monocrática), Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, julgado em 08/09/2014, DJe 12/09/2014; Ag
1280216/RS (decisão monocrática), Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado em 28/03/2014, DJe 03/04/2014. (VIDE
INFORMATIVO).
141
Precedentes: AgRg no REsp 1001780/PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em
27/09/2011, DJe 04/10/2011; REsp 1113789/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2009,
DJe 29/06/2009; REsp 1071741/ SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2009; DJe
16/12/2010; AgRg no Ag 973577/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
16/09/2008, DJe 19/12/2008; AgRg no Ag 822764/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
05/06/2007, DJe 02/08/2007; REsp 647493/SC, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em
22/05/2007, DJe 22/10/2007; AGRESP 495377/RJ (decisão monocrática) Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, julgado em
28/05/2014, DJe 02/06/2014. (VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N.429).
10) A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo
o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida
a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para
afastar sua obrigação de indenizar. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC)
142
Precedentes: REsp 1374284/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/08/2014, DJe
05/09/2014, (julgado sob o rito do art. 543-C); AgRg no AgRg no AREsp 153797/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 16/06/2014; REsp 1373788/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe 20/05/2014; AgRg no REsp 1412664/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 11/03/2014; AgRg no AREsp 273058/PR, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 17/04/2013; AgRg no AREsp 119624/PR, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/12/2012, DJe 13/12/2012; REsp 1114398/PR, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/02/2012, DJe 16/02/2012 (julgado sob o rito do art. 543-C); REsp 442586/ SP, Rel.
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/11/2002, DJe 24/02/2003; AREsp 642570/PR (decisão monocrática),
Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em 02/02/2015, DJe 18/02/2015. (VIDE INFORMATIVO DE
JURISPRUDÊNCIA N. 545).
12) Configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação da pena de multa sem a necessidade
de prévia imposição da pena de advertência (art. 72 da Lei 9.605/98). STJ. 1ª Turma. REsp 1.318.051-RJ, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/3/2015 (Info 561).
13) Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no Cadastro Ambiental Rural
(CAR). STJ. 3ª Turma. REsp 1.356.207-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/4/2015 (Info
561):
143
Precedentes: AgRg no REsp 1363437/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
12/11/2013, DJe 20/11/2013; REsp 1275014/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
11/04/2013, DJe 09/05/2013; AgRg no REsp 1152786/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 17/02/2011, DJe 23/02/2011; AgRg no Ag 1158805/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/08/2010, DJe 20/08/2010; AgRg no Ag 1069662/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/06/2010,
DJe 30/06/2010; REsp 1115078/RS (recurso repetitivo), Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
24/03/2010, DJe 06/04/2010; AREsp 445481/SP (decisão monocrática), Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, julgado em 24/09/2014,
DJe 29/09/2014. (VIDE SÚMULAS ANOTADAS)
15. O Poder de Polícia Ambiental pode - e deve - ser exercido por todos os entes da Federação, pois se
trata de competência comum, prevista constitucionalmente. Portanto, a competência material para o trato das
questões ambiental é comum a todos os entes. Diante de uma infração ambiental, os agentes de fiscalização
ambiental federal, estadual ou municipal terão o dever de agir imediatamente, obstando a perpetuação da
infração (STJ. 2ª Turma. Relator Humberto Martins. Dje 25.08.2015. AgRg no REsp 1417023 / PR)
16. A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o título
executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador
original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial
ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da prestação
O Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como
um direito fundamental. Neste diapasão, também, o meio ambiente foi considerado como bem jurídico
merecedor de tutela constitucional nos autos do RE 134.297-8/SP. No MS 22.164/DF, a Corte ampliou o
reconhecimento de características especiais do bem ambiental, à luz do art. 225 da Constituição Federal de
1988, em que estão previstos também deveres fundamentais. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso
Extraordinário n 22164/SP. Relator: Ministro Celso de Mello. Acórdão publicado no Diário da Justiça da União
de 17 nov. 1995.
Aplicação do princípio da precaução, acolhido constitucionalmente, harmonizado com os demais
princípios da ordem social e econômica X ponderação dos princípios constitucionais: demonstração de que a
importação de pneus usados ou remoldados afronta os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente
144
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção; (Regulamento)
145
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva- lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)
EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Lei estadual (SC) nº 13.922/07. Restrições ao comércio de produtos
agrícolas importados no Estado. Competência privativa da União para legislar sobre comércio exterior e interestadual
(CF, art. 22, inciso VIII). 1. É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições à comercialização, à
estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas importados no Estado, ainda que tenha por objetivo a proteção da saúde
dos consumidores diante do possível uso indevido de agrotóxicos por outros países. A matéria é predominantemente
de comércio exterior e interestadual, sendo, portanto, de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso VIII). 2.
É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido da inconstitucionalidade das leis estaduais que
constituam entraves ao ingresso de produtos nos estados da Federação ou sua saída deles, provenham esses do exterior
ou não (cf. ADI 3.813/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, DJ e de 20/04/2015; ADI nº 280, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ de
17/6/1994; e ADI nº 3.035, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 14/10/2005). 3. Ação direta julgada procedente.
(...) 1. O Município é competente para legislar sobre meio ambiente com União e Estado, no limite de seu interesse
local e desde que tal regramento seja e harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24,
VI c/c 30, I e II da CRFB). 2. O Judiciário está inserido na sociedade e, por este motivo, deve estar atento também aos
seus anseios, no sentido de ter em mente o objetivo de saciar as necessidades, visto que também é um serviço público.
3. In casu, 9. Recurso extraordinário conhecido e provido para declarar a inconstitucionalidade da Lei Municipal nº
1.952, de 20 de dezembro de 1995, do Município de Paulínia que vedava a queimada da palha de cana de açúcar para
colheita. (RE 586224, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 05/03/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-085 DIVULG 07-05-2015 PUBLIC 08-05-2015)
É de se grifar decisão monocrática proferida pelo Ministro Celso de Mello no Recurso Extraordinário
nº 673.681/SP (DJe-246 publicado em 16/12/2014), assinalando que assiste ao Município competência
constitucional – embora não ilimitada – “para formular regras e legislar sobre proteção e defesa do meio
ambiente, que representa encargo irrenunciável que incide sobre todos e cada um dos entes que integram o
Estado Federal brasileiro
Embora decisões do STF, na ADI 3.357/RS e ADI 3.937/SP, apontem para o reconhecimento do
exercício da competência legislativa municipal mais efetiva na tutela do ambiente, “a jurisprudência
predominante tem sido até então mais restritiva no aspecto do reconhecimento de uma postura legislativa
mais proativa e protetiva do município na esfera ambiental”.
Foi publicado no Informativo do STF nº 857, referente ao período de 13 a 17 de março de 2017, a
seguinte informação sobre julgado da 2ª Turma:
“Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente. Com base nesse
entendimento, a Segunda Turma negou provimento a agravo regimental. A Turma afirmou que os Municípios podem
adotar legislação ambiental mais restritiva em relação aos Estados-Membros e à União. No entanto, é necessário que
a norma tenha a devida motivação. ARE 748206 AgR/SC, rel Min. Celso de Mello, julgamento em 14.3.2017. (ARE-
748206)”.
1. A Corte Suprema já firmou a orientação de que é dever do Poder Público e da sociedade a defesa de um meio
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. 2. Assim, pode o Poder Judiciário, em
situações excepcionais, determinar que a Administração pública adote medidas assecuratórias desse direito, reputado
essencial pela Constituição Federal, sem que isso configure violação do princípio da separação de poderes. 3. A
Administração não pode justificar a frustração de direitos previstos na Constituição da República sob o fundamento
O art. 225, § 3º, da Constituição Federal146 não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica
por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da
empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação... Tal esclarecimento, relevante para
fins de imputar determinado delito à pessoa jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a
responsabilização da pessoa jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas
(STF. 1 Turma. Relatora Ministra Rosa Weber. RE 548181. 06.08.2013):
146
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.