Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sumário
1. NOÇÕES INICIAIS SOBRE DIREITO AMBIENTAL. A CONSTITUIÇÃO E O MEIO AMBIENTE. ...................... 6
1.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 6
1.1.1. Espécies de Meio Ambiente: .................................................................................................. 6
1.1.2. Autonomia do Direito Ambiental: .......................................................................................... 8
1.1.3. Fontes do Direito Ambiental: ................................................................................................. 9
1.1.4. Antropocentrismo vs. Ecocentrismo (biocentrismo): ............................................................. 9
1.2. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE .............................................................10
1.2.1. DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA ................................................................10
1.2.2. DA POLÍTICA URBANA.................................................................................................................11
1.2.3. DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA................................................12
1.2.4. DO MEIO AMBIENTE ...................................................................................................................13
2. JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................................................18
1.1. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL .................................................................................................21
1.1.1 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.............................................................................21
1.1.2. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO .............................................................................................................22
1.1.3. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO .............................................................................................................22
1.1.4. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (OU RESPONSABILIDADE) .................................................23
1.1.5. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR .....................................................................................24
1.1.6. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR ..........................................................................................24
1.1.7. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS ..........................................................................24
1.1.8. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL (OU EQUIDADE) ..........................................24
1.1.9. PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA (OU OBRIGATORIEDADE DA PROTEÇÃO AMBIENTAL) ............25
1.1.10. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA (OU PARTICIPAÇÃO POPULAR) ..............................25
1.1.11. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE.....................................................25
1.1.12. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO.....................................................................................................26
1.1.13. PRINCÍPIO DO LIMITE ................................................................................................................26
1.1.14. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE COMUM, MAS DIFERENCIADA .............................................26
1.1.15. OUTROS PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL.............................................................................26
2. JURISPRUDÊNCIA ..............................................................................................................................29
COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL ....................................................................................................36
1. COMPETÊNCIA MATERIAL AMBIENTAL ................................................................................................38
1.1. Competência Material Ambiental Comum ................................................................................38
1.2. Lei Complementar 140/2011.....................................................................................................39
1.3. Competência Material Ambiental Exclusiva ..............................................................................46
1.4. Competência Material Ambiental dos Municípios ....................................................................46
2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA AMBIENTAL .........................................................................................47
2.1. Competência Legislativa Ambiental Privativa ...........................................................................47
2.2. Competência Legislativa Ambiental Concorrente .....................................................................48
3. Hermenêutica Ambiental/In Dubio Pro Natura/Posição do STJ........................................................49
4. JURISPRUDÊNCIA ..............................................................................................................................49
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Lei 6.938/81) ............................................................................54
1. DISPOSIÇÕES GERAIS ........................................................................................................................54
LICENCIAMENTO AMBIENTAL ......................................................................................................................63
1. DEFINIÇÕES/REGRAS GERAIS ............................................................................................................63
1.1. COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO ..................................................................................66
1.2. LICENÇAS AMBIENTAIS .............................................................................................................73
1.2.1. DAS ESPÉCIES DE LICENÇA AMBIENTAL .............................................................................74
1.2.2. LICENÇA AMBIENTAL: ATO DISCRICIONÁRIO OU VINCULADO? CONTROLE JUDICIAL DA
DISPENSA..........................................................................................................................................80
1.2.3. Condicionantes Socioambientais: Medidas Preventivas, Medidas Mitigadoras e Medidas
Compensatórias................................................................................................................................82
1.3. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ............................................................................................82
1.4. Modificação, Suspensão e Cancelamento da Licença Ambiental ..............................................89
1.5. Compensação Ambiental ..........................................................................................................90
1.6. Regularização das Atividades Instaladas ou em Funcionamento ..............................................91
1.7. Crimes Relacionados à Ausência ou Vício no Licenciamento Ambiental e Crimes Contra a
Administração Ambiental .....................................................................................................................91
2. JURISPRUDÊNCIA ..............................................................................................................................91
CÓDIGO FLORESTAL .....................................................................................................................................93
1. DISPOSIÇÕES GERAIS ........................................................................................................................93
2. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ........................................................................................103
2.1. FLORESTAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE POR ATO DO PODER PÚBLICO:.........................109
2.2. REGIME DE PROTEÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE: ...................................111
3. ÁREAS DE USO RESTRITO ................................................................................................................114
4. RESERVA LEGAL ..............................................................................................................................115
4.1. PROTEÇÃO DA RESERVA LEGAL ...............................................................................................123
5. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO SOLO ...................................................128
6. CADASTRO AMBIENTAL RURAL ......................................................................................................130
7. DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL ..........................................................................................................131
8. PROIBIÇÃO DO USO DE FOGO E CONTROLE DOS INCÊNDIOS .........................................................133
9. INSTRUMENTOS DE APOIO E INCENTIVO À CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ..........................134
10. COTA DE RESERVA AMBIENTAL ..................................................................................................135
11. INCENTIVOS À AGRICULTURA FAMILIAR .....................................................................................135
12. PROGRAMAS DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL - PRAs...............................................................136
13. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................................137
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – SNUC..........................................142
1. DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................................................................................142
1.1. CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ......................................................................149
1.1.1. Tipos de Unidades de Conservação (art. 7º): ...................................................................149
1.1.2. Categorias de unidades de proteção integral ..................................................................150
1.1.3. Espécies de unidades de proteção de uso sustentável ....................................................153
1.1.4. RESERVA DA BIOSFERA....................................................................................................156
2. Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação: ......................................................157
2.1. Normas Gerais: ............................................................................................................................157
2.2. Zonas de Amortecimento: ...........................................................................................................157
2.3. Corredor ecológico: .....................................................................................................................158
2.4. Mosaico de UCs: ..........................................................................................................................158
2.5. Plano de manejo:.........................................................................................................................158
2.6. Taxa de Visitação – art. 35: ..........................................................................................................159
2.7. Compensação por significativo impacto ambiental negativo – art. 36: ........................................159
2.8. Populações tradicionais: ..............................................................................................................160
3. JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................161
RESPONSABILIDADE POR DANOS AO MEIO AMBIENTE ..............................................................................163
1. DEFINIÇÕES RELACIONADAS ...........................................................................................................163
1.1. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ...................................................................................163
1.1.1. Responsabilidade Solidária entre Poluidores ..................................................................165
1.1.2. Inversão do Ônus da Prova..............................................................................................167
1.1.3. Obrigação Propter Rem ...................................................................................................167
1.1.4. Imprescritibilidade da Obrigação de Indenizar ................................................................168
1.1.5. Teoria do Risco Integral ...................................................................................................169
1.1.6. Cumulação de pedidos ....................................................................................................169
1.1.7. DANO AMBIENTAL ..........................................................................................................170
1.1.8. INTERVENÇÃO MÓVEL DA FAZENDA PÚBLICA .................................................................172
1.1.9. CARÁTER DÚPLICE/AMBIVALENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL ...............173
1.2. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL ...............................................................174
1.2.1. Advertência .....................................................................................................................179
1.2.2. Multa simples e multa diária – vedação ao bis in idem ...................................................180
1.2.3. Apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa ou de crime
ambiental .......................................................................................................................................181
1.2.4. Destruição ou inutilização do produto ............................................................................182
1.2.5. Suspensão de venda e fabricação do produto .................................................................182
1.2.6. Embargo de obra ou atividade ........................................................................................182
1.2.7. Demolição de obra ..........................................................................................................183
1.2.8. Suspensão parcial ou total de atividades ........................................................................183
1.2.9. Restritiva de direitos .......................................................................................................183
1.2.10. Prescrição Administrativa Ambiental ..............................................................................183
1.3. Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental – TAC AMBIENTAL .........................................185
2. JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................186
1. NOÇÕES INICIAIS SOBRE DIREITO AMBIENTAL. A CONSTITUIÇÃO E O MEIO
AMBIENTE.
1.1. INTRODUÇÃO
Conceito e Natureza Jurídica do Direito Ambiental - Como ensina Edis Milaré, Direito
Ambiental “é o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global,
visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações”.
No geral, suas normas têm caráter imperativo e coercitivo, sujeitas aos princípios maiores
do Direito Administrativo de Indisponibilidade do Interesse Público e Supremacia do Interesse
Público sobre o Privado.
MEIO AMBIENTE, por sua vez, é o conjunto de fatores exteriores que agem de forma
permanente sobre os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e com os quais têm de
interagir para sobreviver. Segundo Édis Milaré (2003, p. 165), “o meio ambiente pertence a uma
daquelas categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído que definível, em virtude da riqueza e
complexidade do que encerra”.
Conceito Legal - art. 3º, I da Lei 6.938/1981 - “Meio ambiente, o conjunto de condições,
leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida
em todas as suas formas”.
Definição Moderna:
APROFUNDANDO:
No que diz respeito aos pressupostos filosóficos do Direito Ambiental, o
antropocentrismo e o biocentrismo se sobressaem como concepções predominantes. Na
primeira, oriunda das tradições aristotélicas e judaico-cristãs, o ser humano é apontado como
titular e destinatário de todos os recursos naturais existentes, devendo a proteção ao meio
ambiente ocorrer apenas na medida necessária para que os interesses humanos sejam
resguardados.
Já na segunda concepção, que se fundamenta na Ecologia Profunda, cada recurso natural
possui um valor intrínseco e deve ser protegido em razão de sua função ecológica, pois os seres
vivos e os elementos que propiciam a vida fazem parte de um sistema integrado e
interdependente, sendo o ser humano apenas uma parte dessa complexa teia.
Apesar de a Constituição Federal adotar a visão antropocêntrica, deve-se ressaltar que se
trata de antropocentrismo alargado, pois se defende uma posição suficientemente abrangente,
a ponto de reconhecer a interdependência entre os seres humanos e a natureza.
Usucapião Constitucional Especial Urbano - art. 183 da CF - Aquele que possuir como sua
área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e
sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou
a ambos, independentemente do estado civil.
Impossibilidade de Reconhecimento Mais de Uma Vez - § 2º Esse direito não será
reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Impossibilidade de Usucapião de Imóveis Públicos - § 3º Os imóveis públicos não serão
adquiridos por usucapião.
Desapropriação por Interesse Social para Reforma Agrária - art. 184 da CF - Compete à
União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo
ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Indenização de Benfeitorias em Dinheiro - § 1º As benfeitorias ÚTEIS e NECESSÁRIAS serão
indenizadas em dinheiro.
Isenções - § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Bens Não Sujeitos à Desapropriação para Fins de Reforma Agrária - art. 185 da CF - São
insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
Usucapião Constitucional Especial Rural ou Pro Misero - art. 191 da CF - Aquele que, não
sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por CINCO ANOS ININTERRUPTOS,
sem oposição, área de terra, em zona rural, NÃO SUPERIOR A CINQUENTA HECTARES, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Impossibilidade de Usucapião de Imóveis Públicos - Parágrafo único: Os imóveis públicos
não serão adquiridos por usucapião.
Meio ambiente natural Constituído pelos recursos naturais e pela correlação recíproca de cada um
desses em relação aos demais.
Meio ambiente artificial Constituído ou alterado pelo ser humano, é constituído pelos edifícios
urbanos e pelos equipamentos comunitários.
Meio ambiente cultural Patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico,
constituindo-se tanto de bens de natureza material quanto imaterial.
Patrimônio genético Admitido apenas por parte da Doutrina. Trata-se de informações de origem
genética oriundas dos seres vivos de todas as espécies, seja animal, vegetal,
microbiano ou fúngico.
Controle da produção, Essa disposição constitucional foi disciplinada, em parte, pela lei que
comercialização e emprego regula a disposição no meio ambiente de agrotóxicos.
de técnicas que comportem
risco para
2. JURISPRUDÊNCIA
USUCAPIÃO.
Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja inferior ao
módulo mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor. Se forem preenchidos os requisitos do
art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito à usucapião especial urbana e o fato de o imóvel em questão
não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos pela legislação local para a respectiva área
(dimensão do lote) não é motivo suficiente para se negar esse direito, que tem índole
constitucional. Para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento
dos requisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor obstáculos, de
índole infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte interessada, o modo
originário de aquisição de propriedade. STF. Plenário. RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 29/4/2015 (repercussão geral) (Info 783).
USUCAPIÃO.
Pode ser deferida usucapião especial rural ainda que a área do imóvel seja inferior ao
módulo rural. Presentes os requisitos exigidos no art. 191 da CF/88, o imóvel rural cuja área seja
inferior ao "módulo rural" estabelecido para a região poderá ser adquirido por meio de usucapião
especial rural. A CF/88, ao instituir a usucapião rural, prescreveu um limite máximo de área a ser
usucapida, sem impor um tamanho mínimo. Assim, estando presentes todos os requisitos exigidos
pelo texto constitucional, não se pode negar a usucapião alegando que o imóvel é inferior ao módulo
rural previsto para a região. STJ. 4ª Turma. REsp 1.040.296-ES, Rel. originário Min. Marco Buzzi, Rel.
para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Informativo 566).
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS.
A disciplina sobre o ordenamento do espaço urbano pode ser feita por meio de outras leis
municipais além do plano diretor, desde que sejam compatíveis com esta. Os Municípios com mais
de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre programas e projetos específicos de
ordenamento do espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas
no plano diretor. Isso significa que nem sempre que o Município for legislar sobre matéria
urbanística, ele precisará fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal
que dita a atuação do Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando
suas linhas gerais, porém a sua execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e decretos,
desde que guardem conformidade com o Plano Diretor. STF. Plenário. RE 607940/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 29/10/2015 (Informativo 805).
1.1. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL
Função dos Princípios - Os princípios, em regra, são simples, de fácil compreensão e servem com o
norte para se entender a essência de fundamentos de determinados ramos do Direito, facilitando a
construção do próprio ordenamento jurídico do referido ramo e a sua aplicação/utilização.
De maneira geral, não há consenso da doutrina sobre os princípios de direito ambiental.
Dessa forma, optamos por analisar aqueles com maior incidência em provas de concurso.
Tal princípio é considerado o principal entre aqueles que regem o direito ambiental e está
fundamentado na ideia de: I) CRESCIMENTO ECONÔMICO; II) PRESERVAÇÃO AMBIENTAL; e III)
EQUIDADE SOCIAL. Dessa forma, o desenvolvimento só poderá ser considerado sustentável quando
observar esses três fundamentos de forma simultânea.
Tal princípio é de extrema importância, pois as necessidades humanas são ilimitadas, mas os
recursos ambientais não. Assim, deve-se ponderar o direito fundamental ao desenvolvimento
econômico e o direito à preservação ambiental.
Importante ressaltar que esse princípio não possui apenas uma vertente ambiental, mas
também uma acepção social (equidade social), posto que a Constituição tem como um de seus
objetivos o desenvolvimento social dos povos (erradicação da pobreza) através da justa repartição
das riquezas.
O STF (ADI 3.540-MC) já se manifestou no sentido de que “o princípio do
desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente
constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo
Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia
e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação
de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância
não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos
fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da
generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações”.
Por fim, deve-se ressaltar que o princípio do desenvolvimento sustentável tem aplicação
direta aos recursos naturais renováveis (ex.: água, florestas, animais etc.) e indireta aos recursos
naturais não renováveis (ex.: minérios). No caso de recursos não renováveis, sua utilização deve ser
racional e prolongada ao máximo, devendo, sempre que possível, ser substituída pela utilização de
recursos renováveis.
Segundo esse princípio, quando já se tem base cientifica para previsão dos impactos
ambientais negativos decorrentes de determinada atividade lesiva ao meio ambiente, devem ser
impostas ao empreendedor algumas condições em sua atuação para mitigar ou impedir os prejuízos.
Segundo esse princípio, quando houver possibilidade de danos graves ao meio ambiente, a
mera ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar
medidas no intuito de evitar a degradação ambiental.
Princípio 15 - Declaração Rio (ECO/1992) - Com o fim de proteger o meio ambiente, o
princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas
capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza
científica absoluta NÃO será utilizada como razão para o adiamento de medidas
economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
Dessa forma, se um empreendimento puder causar danos ambientais graves, mas não se tem
absoluta certeza científica quanto a esses danos, o empreendedor deverá adotar medidas de precaução
para mitigar ou impedir eventuais danos ambientais para a população. Em casos extremos, é possível,
inclusive, que o Poder Público impeça a realização do empreendimento até que a ciência evolua, para
que se possa analisar a real natureza e extensão dos danos ambientais.
Ante o exposto, há uma ação antecipada em face de um risco desconhecido, ou seja, a
incerteza científica milita em favor do meio ambiente (in dubio pro natura).
Segundo esse princípio, o poluidor deve responder pelos custos sociais da degradação
causada por sua atividade, devendo esse valor ser agregado no custo produtivo da atividade. É a
chamada INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS, a fim de evitar que os lucros sejam
privatizados e os prejuízos ambientais sejam socializados.
A Lei que fixa a Política Nacional do Meio Ambiente estabelece que o poluidor é obrigado,
INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, a indenizar ou a reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade (Artigo 14,§1º, da Lei 6.938/1981).
1.1.5. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR
Este princípio estabelece que, se por um lado, é preciso internalizar os danos ambientais a
quem os causa (poluidor-pagador), é também necessário que sejam criados beneficios em favor
daqueles que protegem o meio ambiente, para fomentar e premiar essas iniciativas (protetor-
recebedor). Dessa forma, este princípio é outra face da moeda que consagra o princípio do poluidor-
pagador.
Ante o exposto, há uma espécie de compensação pela prestação dos serviços ambientais
em favor daqueles que atuam na defesa do meio ambiente, no intuito de se promover a chamada
justiça ambiental.
Segundo esse princípio, as pessoas que se utilizam dos recursos naturais escassos devem
pagar pela sua utilização, ainda que NÃO haja poluição.
Dessa forma, por esse princípio, a utilização dos recursos naturais mais escassos deve ser
cobrada na tentativa de racionalizar sua utilização, funcionando como medida educativa para evitar
o desperdício.
Ante o exposto, a cobrança pela utilização de um recurso natural, ainda que sem poluição,
consiste em aplicação do princípio do usuário-pagador.
Para esse princípio, as gerações presentes devem preservar o meio ambiente para as
gerações futuras. Assim, os recursos ambientais devem ser utilizados de maneira racional, para que as
futuras gerações também possam deles gozar.
Dessa forma, pode-se dizer que o princípio do desenvolvimento sustentável busca realizar o
princípio da solidariedade intergeracional. Assim, o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de
modo que as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente para as gerações presentes e
futuras sejam atendidas equitativamente.
Princípio 03 - Declaração Rio (ECO/1992) - O direito ao desenvolvimento deve ser exercido
de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de
meio ambiente das gerações presentes e futuras.
Segundo esse princípio, o meio ambiente é um direito difuso, indispensável à vida, sendo
a sua proteção um dever irrenunciável do Poder Público. Dessa forma, o Estado deve atuar como
agente normativo (editando normas ambientais) e regulador (fiscalizando o cumprimento das
normas) da ordem econômica ambiental.
Ante o exposto, o exercício do poder de polícia ambiental é vinculado (em regra), de modo
que não há que se falar em conveniência e em oportunidade na escolha do melhor momento e
maneira de sua exteriorização. O meio ambiente é indisponível e autônomo, motivo pelo qual não pode
ser objeto de transação.
Segundo esse princípio, as pessoas possuem o direito de participar ativamente das decisões
políticas ambientais, na medida em que os danos ambientais são transindividuais .
O art. 1228, § 1º, CC/02 denota o caráter transversal do direito ambiental, que permeia todos
os ramos jurídicos – “o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados (...), a flora, a fauna (...), bem como
evitada a poluição do ar e das águas”.
Tal princípio consiste no dever do Estado de editar e de efetivar normas jurídicas que
instituam padrões máximos de poluição, com a concepção de não afetar o equilíbrio ambiental e a
saúde pública. O estabelecimento de padrões de qualidade, inclusive, é um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente.
Ressalta-se que os países poluidores devem adotar medidas mais drásticas, pois são os
principais responsáveis pela poluição.
Princípio do Meio Ambiente Equilibrado → Estabelece que deve ser mantido um meio
ambiente equilibrado, ou seja, sem alterações significativas provocadas pelo homem. Isso porque o
meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida.
Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida → É uma evolução do direito à vida, ou seja,
não basta ser assegurado o direito à vida, mas, sim, o direito a uma vida com qualidade, o que
pressupõe condições ambientais dignas.
PRINCÍPIOS AMBIENTAIS
Princípio do Estado O presente princípio traz consigo uma nova dimensão ao já consagrado princípio do
Estado de Direito, no qual o Poder Público e os cidadãos devem se submeter ao
Socioambiental de
império da lei, lei esta que garanta o desenvolvimento sustentável, com o fomento do
Direito crescimento, aliado à proteção do meio ambiente e à distribuição de renda.
Com base neste entendimento o Estado não está restrito a uma postura negativa, de
apenas impedir restrições indevidas ao pleno exercício dos direitos fundamentais do
cidadão, mas está sim obrigado a se posicionar ativamente, tomando medidas que
visem concretizar tais direitos fundamentais, levando em conta a proteção do meio
ambiente como pressuposto de uma boa qualidade de vida, essencial para a garantia
da dignidade da pessoa humana. Portanto, segundo este princípio o Poder Público tem
o dever de garantir, através de uma postura proativa, o exercício dos direitos
fundamentais do cidadão, inclusive através de políticas públicas voltadas para a
promoção de um meio ambiente equilibrado, já que este é pressuposto dos demais
direitos fundamentais. O Estado Socioambiental de Direito aponta para a necessidade
de se compatibilizar crescimento econômico, desenvolvimento social e preservação do
meio ambiente. Tal princípio leva a proteção do meio ambiente para o foco de tutela
do Estado, na medida em que referido equilíbrio serve como fator de reforço do
princípio democrático. O núcleo básico de direitos de cada pessoa (saúde, educação,
vida, dignidade...), também chamado de mínimo existencial, só pode ser garantido pelo
Poder público em um ambiente onde a preservação dos recursos naturais seja uma
necessidade e prática constantes. Enfim, a base para o desenvolvimento humano e
social passa por um meio ambiente equilibrado, e cabe ao Estado garantir tal situação
por meio de políticas públicas. É a materialização do Estado Socioambiental de
Direito.
Princípio do O conceito de desenvolvimento sustentável engloba três elementos essenciais e
indissociáveis, quais sejam: CRESCIMENTO ECONÔMICO, IGUALDADE SOCIAL E
desenvolvimento
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE. A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
sustentável Desenvolvimento conceitua o desenvolvimento sustentável como “O desenvolvimento
que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras e satisfazerem as suas próprias necessidades”. As
sociedades que buscam o desenvolvimento sustentável têm que conciliar o aumento
de riquezas com a sua justa distribuição, sem perder de vista a preservação do meio
ambiente.
Em uma comparação simplória podemos fazer a seguinte ilustração: “o bolo
tem que crescer, esse bolo tem, ainda, que ser repartido entre todos e, no final, não
pode restar sujeira na mesa, de modo que as pessoas que irão chegar possam fazer um
novo bolo sem problemas”. Essa é a essência do desenvolvimento sustentável. A
maximização dos lucros, tão perseguida no
capitalismo, tem que se adequar à necessidade premente de preservação do meio
ambiente. A Carta Magna, em seu artigo 170, exige referida compatibilização ao
informar que a ordem econômica tem por fim assegurar a todos uma existência digna,
conforme os ditames da justiça social e observado, entre outros, o princípio da defesa
do meio ambiente. O princípio do desenvolvimento sustentável foi o centro de toda a
discussão da Rio-92. Expressões da aplicação do princípio do desenvolvimento
sustentável podem ser verificadas na aplicação de fontes de energia limpa, no manejo
florestal, em atividades de reciclagem, etc. E cabe ao Estado fomentar a aplicação do
princípio em comento. Enfim, o desenvolvimento sustentável deve garantir às gerações
futuras a possibilidade real de suprirem suas necessidades. A efetivação do
desenvolvimento sustentável passa, segundo Marcelo Abelha Rodrigues13, por três
necessidades básicas:
1. Evitar/diminuir a produção de bens supérfluos e agressivos ao meio ambiente;
2. Convencer o consumidor a não consumir produtos “inimigos” do meio ambiente;
e
3. Estimular o uso de “tecnologias limpas” no exercício da atividade econômica.
CF/88
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
...
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação.
Lei 6.938/81
Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
...
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção
do equilíbrio ecológico propício à vida;
Lei 9.433/97
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Lei 11.428/2006
Art. 6o A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o
desenvolvimento sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da
biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do
regime hídrico e da estabilidade social.
Lei 12.187/2009
Art. 4o A Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a proteção do
sistema climático;
Lei 12.305/2010
Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
...
IV - o desenvolvimento sustentável;
Lei 12.651/2012
Art. 1o...
Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei
atenderá aos seguintes princípios:...
FUNDAMENTO
Ressalta-se que os recursos minerais são bens da União, mas a fiscalização pode ser feita
por todos os entes.
Norma de Cooperação - art. 23, parágrafo único, da CF - Leis complementares fixarão
normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em
vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Com o intuito de reforçar, em âmbito administrativo, o denominado Federalismo
Cooperativo, foi editada a Lei Complementar 140/2011, que “fixa normas, nos termos dos incisos III,
VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do
exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas,
da fauna e da flora; e altera a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981”.
A LC 140/2011 fixa normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas
à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em
qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora.
Objetivos Fundamentais no Exercício da Competência Comum - art. 3º - Constituem
objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da
competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
Ressalta-se que essa uniformidade é dada pela Política Nacional do Meio Ambiente, sem
prejuízo das autonomias regionais.
Instrumentos de Cooperação - art. 4º - Os entes federativos podem valer-se, entre outros,
dos seguintes instrumentos de cooperação institucional: (listagem meramente exemplificativa).
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos
e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;
Os convênios são largamente utilizados em acordos para delegação de competência para
licenciamento ambiental. Dessa forma, a regra é a delegabilidade, salvo expressa proibição legal.
Ressalta-se que, para que uma esfera de governo delegue competências, é necessário que
a outra possua órgão ambiental competente, com profissionais habilitados para exercê-la e que haja
um conselho de meio ambiente.
Art. 241 da CF - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio
de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a
gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.
Ações Administrativas dos Estados - art. 8º - São ações administrativas dos Estados:
Ressalta-se que a competência para a ordenação do solo urbano municipal é dos Municípios
e é exercida principalmente pelo Plano Diretor Municipal.
Em regra, o Plano Diretor Municipal é OBRIGATÓRIO PARA OS MUNICÍPIOS COM MAIS DE
20 MIL HABITANTES, mas existem outras hipóteses de obrigatoriedade, mesmo para os com menos
de 20 mil (ex.: possuir empreendimento com significativo impacto ambiental; estar inserido em uma
zona de interesse turístico; fazer parte de uma região metropolitana etc.).
Adicionalmente, se o Município quiser se utilizar dos instrumentos de edificação compulsória
previstos na CF e no Estatuto da Cidade, tais como o parcelamento compulsório do uso do solo; IPTU
progressivo; ou desapropriação por interesse social por descumprimento da função social do solo,
DEVE POSSUIR UM PLANO DIRETOR.
STJ: “as normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se destinam, ou seja,
necessária a interpretação e a integração de acordo com o princípio hermenêutico in dubio pro
natura” (REsp 1.367.923, de 27/08/2013).
De acordo com o STJ, no julgamento do Recurso Especial 1.198.727, de 14/08/2012, “a
legislação de amparo dos sujeitos vulneráveis e dos interesses difusos e coletivos deve ser
interpretada da maneira que lhes seja mais favorável e melhor possa viabilizar, no plano da eficácia,
a prestação jurisdicional e a ratio essendi da norma. A hermenêutica jurídico-ambiental rege-se pelo
princípio in dubio pro natura”.
Adicionalmente, para o STJ, no caso de normas plurissignificativas, deve ser feita a
interpretação mais favorável à proteção ambiental, tomando-se como critério hermenêutico o in
dubio pro natura ou pro salute.
4. JURISPRUDÊNCIA
COMPETÊNCIA.
A disciplina sobre o ordenamento do espaço urbano pode ser feita por meio de outras leis municipais
além do plano diretor, desde que sejam compatíveis com esta. Os Municípios com mais de 20 mil
habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre programas e projetos específicos de
ordenamento do espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas
no plano diretor. Isso significa que nem sempre que o Município for legislar sobre matéria
urbanística, ele precisará fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal
que dita a atuação do Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando
suas linhas gerais, porém a sua execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e
decretos, desde que guardem conformidade com o Plano Diretor. STF. Plenário. RE 607940/DF, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 29/10/2015 (Informativo 805 do STF).
1. DISPOSIÇÕES GERAIS
A Lei 6.938/81 define normas gerais sobre a proteção ambiental, estabelecendo princípios,
objetivos e instrumentos para a implementação da preservação dos recursos naturais no País.
Princípios da PNMA - art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por OBJETIVO A
PRESERVAÇÃO, MELHORIA E RECUPERAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL PROPÍCIA À VIDA,
VISANDO ASSEGURAR, NO PAÍS, CONDIÇÕES AO DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO, AOS
INTERESSES DA SEGURANÇA NACIONAL E À PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA VIDA HUMANA,
atendidos os seguintes PRINCÍPIOS:
QUADRO SINÓTICO
Órgão Superior: Função de assessorar o Presidente da República na formulação da
Conselho de políca nacional e nas diretrizes governamentais para o meio
Governo ambiente e os recursos ambientais.
Órgão Consulvo Função de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo,
e Deliberavo: diretrizes de polícas governamentais para o meio ambiente e os
CONAMA recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compaveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida,
com as seguintes competências:
a) estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para
o licenciamento de avidades efeva ou potencialmente poluidoras,
a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
b) determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternavas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos
públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e
municipais, bem assim a endades privadas, as informações
indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e
respecvos relatórios, no caso de obras ou avidades de significava
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas
patrimônio nacional.
c) determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou
restrição de benecios fiscais concedidos pelo Poder Público, em
caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de parcipação
em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
d) estabelecer, privavamente, normas e padrões nacionais de
controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e
embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;
e) estabelecer normas, critérios e padrões relavos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso
racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
Órgão Central: Função de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como
Ministério órgão federal, a políca nacional e as diretrizes governamentais
do Meio Ambiente fixadas para o meio ambiente.
Órgãos Executores: Função de executar e fazer executar a políca e as diretrizes
IBAMA e ICMBIO governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as
respecvas competências.
Órgãos Seccionais: Órgãos Estaduais com a função de executar programas, projetos e
Órgãos pelo controle e fiscalização de avidades capazes de provocar a
ou Endades degradação ambiental.
Estaduais (e DF)
Órgãos Locais: Órgãos Municipais com a função de controle e fiscalização de
Órgãos avidades capazes de provocar a degradação ambiental, nas suas
respecvas jurisdições.
ou Endades
Municipais
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1. DEFINIÇÕES/REGRAS GERAIS
A utilização dos recursos naturais depende de prévio consentimento do Poder Público, visto
que são bens de uso comum do povo e essenciais à sadia qualidade de vida.
O consentimento estatal para a utilização de recursos naturais é dado por meio de
procedimento de licenciamento ambiental, um importante instrumento de gestão ambiental, na
medida em que, por intermédio dele, o Poder Público exerce o controle prévio sobre as atividades
que possam de alguma forma impactar o meio ambiente, buscando com isso a implementação dos
princípios do desenvolvimento sustentável, da prevenção e da precaução.
Nessa perspectiva, o meio ambiente é qualificado como patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido em função do uso coletivo, cujo controle a Administração
Pública faz por meio do poder de polícia; portanto inexiste direito subjetivo à sua livre utilização.
No texto constitucional, há uma verdadeira presunção de que toda atividade econômica é
impactante do meio ambiente. Não é por acaso que a ordem econômica brasileira tem por princípio
a defesa do meio ambiente (art. 170, VI).
Conceito de Licenciamento - É um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO destinado a licenciar
atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos naturais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. Dessa forma, trata-se
de uma manifestação do poder de polícia ambiental.
O licenciamento ambiental é plurifuncional, pois podem ser apontadas diversas funções por
ele exercidas:
a) Objetiva o controle de atividades potencialmente poluentes, procurando uma atuação
sustentável, para prevenir danos;
b) Operacionaliza os princípios da precaução, prevenção, poluidor-pagador e usuário-
pagador;
c) Impõe medidas mitigadoras e compensatórias para a degradação ambiental que está
prestes a ser autorizada;
d) Possui a potencialidade de inserir determinada atividade em um contexto de programação
e planificação do desenvolvimento econômico nacional, regional ou local – instrumento voltado para
o desenvolvimento sustentável;
e) Instrumento de direito econômico, pois importa no planejamento e na tomada de decisões
sobre o que preservar e o que degradar (texto adaptado de Sílvia Capelli e outras).
Carvalho Filho, leciona que o poder de polícia "é a prerrogativa de direito público que, calcada na
lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade
em favor do interesse da coletividade." Com efeito, os consentimentos estatais, com as licenças,
decorrem do poder de polícia administrativo e representam resposta positiva da Administração
Pública aos pedidos formulados por indivíduos interessados na utilização de recursos naturais
(CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30 ed. São Paulo: Atlas,
2016, p. 78).
Critério Residual - É possível apontar um critério residual, qual seja, o CRITÉRIO DA ATUAÇÃO
SUPLETIVA, posto que, quando o órgão do ente federado de menor extensão não puder atuar, o de
maior abrangência o fará.
Art. 15 da LC 140/2011 - Os entes federativos devem atuar em caráter
supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização
ambiental, nas seguintes hipóteses:
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar
as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações
administrativas municipais até a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as
ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes
federativos.
(TJCE-2014-FCC): A empresa X pretende instalar uma indústria no Estado Alfa. Tal Estado, contudo, não possui
órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente. Nesta hipótese, segundo a LC 140/2011, a competência
para conduzir o licenciamento ambiental será supletiva da União. BL: art. 15, I da LC 140/11
Atuação Supletiva Vs. Atuação Subsidiária - Art. 2º, II e III da LC 140/2011 - Para os fins desta
Lei Complementar, consideram-se:
II - ATUAÇÃO SUPLETIVA: ação do ente da Federação que se SUBSTITUI ao ente federativo
originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar;
III - ATUAÇÃO SUBSIDIÁRIA: ação do ente da Federação que VISA A AUXILIAR no
desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, QUANDO SOLICITADO
(provocado) pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei
Complementar.
(TJAL-2015-FCC): Segundo a Lei Complementar Federal n° 140/2011, atuação supletiva é a ação do ente da
Federação que se substitui, nas hipóteses previstas na citada lei, ao ente federativo originariamente detentor das
atribuições. BL: art. 2º, II, LC 140/2011.
(TJRS-2016-Faurgs): Acerca dos princípios de Direito Ambiental, assinale a alternativa correta: A incorporação do
princípio da subsidiariedade, no ordenamento jurídico nacional, como princípio do Direito Ambiental, reforça o
princípio do federalismo cooperativo ecológico. Nesses termos, o princípio da subsidiariedade traça diretrizes
quanto à descentralização política do Estado em matéria ambiental. BL: art. 2º, III c/c art. 16, LC 140/2011
Ressalta-se que no caso do Distrito Federal, por não possuir divisão em municípios, tem
competência para licenciar nas hipóteses de impacto que não ultrapasse as suas fronteiras.
Critério da Dominialidade do Bem - Para esse critério, a definição do órgão ambiental
licenciador decorrerá da titularidade do bem a ser afetado pelo empreendimento licenciando:
Entende-se que o art. 4º da RES. 237/97 CONAMA é compatível com o art. 7º, XIV da LC
140/2011, com exceção de dois aspectos:
i) A LC 140/2011 abandonou a expressão “empreendimentos e atividades com significativo
impacto ambiental de âmbito nacional ou regional” para definir a competência federal, prevista
no caput do art. 4º; e
ii) Quanto às APAs, a competência deve observar os critérios do art. 12 da LC 140/2011.
##Atenção: ##TJMS-2020: ##FCC: A LC 140/11 apresenta critérios para a definição de competência para o
licenciamento ambiental pela: 1) União (art. 7º); 2) Estados e DF (art. 8º) e; Municípios e DF (art. 9º). Ort. 9º, XIV
da LC 140/11, elenca ação administrativa dos Municípios promover o licenciamento ambiental das
atividades/empreendimentos. Todavia, a questão ao indicar que o Conselho Estadual do Meio Ambiente escolheu
o critério de “ter ou não EIA-RIMA” observou apenas o “potencial poluidor”, já que o EIA-RIMA é para
qualquer atividade POTENCIALMENTE causadora de SIGNIFICATIVA degradação ambiental (a Res. 01/86
Conama, que dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental, traz uma lista
EXEMPLIFICATIVA), não considerando, assim, o “porte” e a “natureza da atividade”, que são critérios
cumulativos previstos expressamente na lei para o licenciamento ambiental realizado pelos Municípios.
Portanto, os Conselhos Estaduais de Meio Ambiente têm que considerar os critérios de “porte”, “potencial
poluidor” e “natureza da atividade”, para definir a tipologia de impacto ambiental local, que será de competência
municipal. Como apenas foi considerado o “potencial poluidor”, a presente deliberação é nula, pois, como
referido, que deveria ter considerado também o porte dos empreendimentos e a natureza da atividade.
(TJPE-2011-FCC): Os municípios brasileiros, face ao ordenamento constitucional e legal, no que se refere ao
licenciamento ambiental podem emitir licença ambiental, desde que o empreendimento seja de interesse apenas
local e não afete o meio ambiente em nível regional ou nacional.
Dessa forma, as competências dos estados para o licenciamento ambiental foram elencadas
de maneira remanescente às federais e municipais.
O DF não possui municípios, dessa forma, nos termos do art. 10 da LC 140/2001, são ações
administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8º e 9º.
Licenciamento por Ente Único - art. 13 da LC 140/2011 - Os empreendimentos e atividades
são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade
com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável
pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do
licenciamento ambiental.
Competência no Código Florestal - O novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) trouxe algumas
regras de fixação de competência no processo de licenciamento. Discute-se se tais disposições são
constitucionais, posto que o art. 23, parágrafo único da CF determina que somente LC pode regular
competências materiais comuns entre as entidades da federação.
Ocorre que, caso constitucionais, são normas especiais e posteriores à LC 140/2011, devendo
prevalecer. Seguem os dispositivos que tratam de licenciamento:
ATENÇÃO: Não há licença tácita, com exceção da licença de operação em renovação, caso o
órgão competente não se manifeste no prazo.
Sendo a licença um instrumento de gestão ambiental, é com ela que se identifica, controla,
previne, mitiga e compensa o uso incomum e o impacto do meio ambiente. Por meio dela, pode
tanto ser fixado o custo de internalização da degradação ambiental que virá a ser causada pela obra
ou atividade – poluidor-pagador, como pode ser estabelecido um preço pelo uso incomum do bem
ambiental – usuário-pagador.
Ademais, enquanto a licença é dotada de definitividade, a autorização é precária. Assim,
enquanto esta pode ser revogada ad nutum pela Administração Pública, o cancelamento de uma
licença gera direito a indenização. Aliás, por ser a licença ato vinculado, preenchidas as exigências
legais, tem o particular direito subjetivo à sua concessão. De forma diferente, a autorização está
sempre sujeita aos motivos de conveniência e oportunidade da Administração Pública.
E é exatamente por isso que se discute se a licença ambiental seria, de fato, uma licença.
Afinal de contas, no processo de licenciamento, há uma série de variantes e sopesamentos
verificados em cada caso concreto, em que o órgão ambiental contempla uma solução de equilíbrio
envolvendo a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento econômico. Há, aí, nítida atividade
discricionária, ainda que fundamentada em dados técnicos.
Já o licenciamento ambiental é composto por uma sequência de fases ou atos diretamente
relacionados. A etapa anterior condiciona a etapa seguinte, ou seja, caso não seja concedida a licença
prévia, não se podem conceder as licenças de instalação e de operação. E, caso não seja concedida a
de licença de instalação, também não pode ser concedida a licença de operação. A propósito, o art.
19 do Decreto n. 99.247/90 dispõe que o processo em regra se desdobra em três etapas, devendo
cada uma delas culminar na concessão da licença ambiental compatível com o andamento
processual.
Portanto, o procedimento de licenciamento ambiental – processo administrativo – é único e,
no decorrer do seu trâmite, são concedidas as três licenças em ordem hierárquica e de forma
continuada. É o chamado procedimento trifásico.
Espécies de Licença – art. 8º RES. 237/97 CONAMA – O Poder Público, no exercício de sua
competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento
ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação;
(TJPI-2012-CESPE): A licença prévia, a ser concedida na fase preliminar do planejamento de atividade, deve conter
os requisitos básicos a serem atingidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos
municipais, estaduais ou federais de uso do solo. BL: art. 8º, I, da Res. 237/97 do Conama.
Prazos das Licenças – art. 18 RES. 237/97 CONAMA – O órgão ambiental competente
estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo
documento, levando em consideração os seguintes aspectos:
I – O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo
cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou
atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.
II – O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido
pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6
(seis) anos.
III – O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle
ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.
a) Licença Prévia – LP: concedida na b) Licença de Instalação – LI: c) Licença de Operação – LO:
fase preliminar do planejamento do autoriza a instalação do autoriza a operação da
empreendimento ou da atividade. empreendimento ou atividade de atividade ou empreendimento
Serve para atestar a viabilidade acordo com as especificações após a verificação do efetivo
ambiental do projeto e aprovar a constantes dos planos, programas cumprimento do que consta das
sua concepção, estabelecendo os e projetos aprovados, incluindo as licenças anteriores, com as
requisitos básicos e condicionantes a medidas de controle ambiental e medidas de controle ambiental e
serem atendidos nas próximas fases demais condicionantes, da qual condicionantes determinantes
de sua implementação. Pode ou não constituem motivo determinante. para a operação.
ser precedida de EIA/RIMA, Permite, portanto, que o
dependendo do impacto ambiental a empreendedor passe a
ser gerado pela atividade. Deve ser materializar o projeto aprovado.
instruída com certidão da Prefeitura Se, todavia, o tipo de
atestando a sua compatibilidade com empreendimento depender de
o uso do solo (conforme algum equipamento para operar,
estabelecido no Plano Diretor). Não estará condicionado à etapa
autoriza qualquer alteração física no seguinte.
empreendimento proposto, tais
como corte de árvores, aterros,
obras.
PRAZOS
Licença Prévia: mínimo fixado no Licença de Instalação: mínimo Licença de Operação: mínimo
projeto e máximo de 5 anos. fixado no projeto e máximo de 6 de 4 e máximo de 10 anos.
anos.
A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte)
dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente
prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente (LC nº 140/11, art. 11. § 4º).
Prazo Máximo para Análise dos Pedidos de Licença – art. 14 da RES. 237/97 CONAMA – O
órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada
modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento,
bem como para a formulação de exigências complementares, DESDE QUE OBSERVADO O PRAZO
MÁXIMO DE 6 (SEIS) MESES A CONTAR DO ATO DE PROTOCOLAR O REQUERIMENTO ATÉ SEU
DEFERIMENTO OU INDEFERIMENTO, RESSALVADOS OS CASOS EM QUE HOUVER EIA/RIMA E/OU
AUDIÊNCIA PÚBLICA, QUANDO O PRAZO SERÁ DE ATÉ 12 (DOZE) MESES.
§ 1º - A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será suspensa durante a
elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de esclarecimentos pelo
empreendedor.
§ 2º - Os prazos estipulados no caput poderão ser alterados, desde que justificados e com a
concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente.
Inexistência de Licença Tácita – art. 14, § 3º da LC 140/2011 – O decurso dos prazos de
licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a
prática de ato que dela dependa ou decorra, MAS INSTAURA A COMPETÊNCIA SUPLETIVA referida
no art. 15 (já visto acima).
Prazo para Pedido de Renovação das Licenças – art. 14, § 4º da LC 140/2011 – A renovação
de licenças ambientais deve ser requerida COM ANTECEDÊNCIA MÍNIMA DE 120 (CENTO E VINTE)
DIAS DA EXPIRAÇÃO DE SEU PRAZO DE VALIDADE, fixado na respectiva licença, ficando este
AUTOMATICAMENTE PRORROGADO ATÉ A MANIFESTAÇÃO DEFINITIVA do órgão ambiental
competente.
(MPSC-2013): De acordo com a Lei Complementar 140/2011, a renovação de licenças ambientais
deve ser requerida com antecedência mínima de 120 dias da expiração de seu prazo de validade,
fixado na respectiva licença. BL: art. 14, §4º, LC 140/11.
Segundo o STF, atenta contra o Princípio da Separação dos Poderes lei que exige aprovação
legislativa para licenciamento ambiental, pois se trata de função típica do Poder Executivo tratar da
concessão de licenças ambientais.
As licenças são, no Direito Administrativo, atos tradicionalmente tidos por vinculados. No caso
da licença ambiental, há forte controvérsia sobre o assunto. Isso porque a análise administrativa do
atendimento dos requisitos necessários para se obter a licença é fase, apesar de técnica, dotada de
algum grau de discricionariedade para se chegar à conclusão da viabilidade ambiental ou não do
procedimento.
Parece que, não obstante isso, a maior parte da doutrina tende a considerá-la como um ato
vinculado. Sendo o empreendimento ou a atividade ambientalmente viável, não há como se denegar
a licença ambiental.
Essa vinculação, entretanto, é totalmente especial. Por exemplo: a licença pode ser revogada
no futuro, se houver modificação das condições fáticas (está sujeita à cláusula rebus sic stantibus);
quando o Poder Executivo demora inescusavelmente no procedimento de concessão da licença, o
Poder Judiciário, se provocado (via MS ou lei ordinária), não concede a licença ambiental, antes
fixa prazo para que isso seja feito.
Parte da doutrina entende que o termo licença estaria sendo empregado sem o rigor técnico-
jurídico, devendo, no caso, ser entendido como autorização. Essa é a posição de Paulo Affonso Leme
Machado, Toshio Mukai e de Vladimir Passos de Freitas.
De outro lado, Édis Milaré entende que a licença ambiental se trata de verdadeira licença,
uma vez que a capacidade decisória da Administração se resume ao reconhecimento formal de que
os requisitos ambientais para o exercício do direito de propriedade (empreendimento ou
atividade) estão preenchidos. É preciso, na lição de Milaré, diferenciar a licença ambiental da licença
tradicional, de modo a considerá-las apenas parentes e não irmãs gêmeas. Entendem como licença
mesmo: Antônio Inagê de Oliveira e William Freite. Paulo de Bessa Antunes entende que é sui
generis.
A licença ambiental tem uma estabilidade temporal, que não se confunde com a
precariedade das autorizações e nem com a definitividade das licenças tradicionais. Garante-se, no
lapso temporal da licença, a inalterabilidade das regras impostas no momento da outorga, salvo se o
interesse público recomendar o contrário.
Por conta dessa possibilidade de revogação/anulação da autorização/licença no prazo de sua
validade, há a discussão sobre se haveria direito à indenização ou não. O STJ e o STF têm sido
casuísticos, observando, principalmente, o estado das obras.
Importante o julgado abaixo, que dispõe sobre o controle judicial da dispensa da licença.
O Poder Judiciário pode controlar o mérito de uma licença ambiental? De acordo com o
Supremo, não poderá o Poder Judiciário entrar na questão da viabilidade da licença ambiental, no
seu MÉRITO. Este caso chegou ao STF quando da discussão das obras de transposição do Rio São
Francisco.
Impacto ambiental pode ser entendido como qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas no meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais (art. 1°, da Resolução CONAMA nº
001/86).
Uma vez caracterizados os respectivos impactos suscetíveis de ocorrerem a partir da ação a
ser executada na área em estudo, algumas medidas mitigadoras e compensatórias devem ser
propostas para reduzir ou eliminar tais impactos negativos. Os programas ambientais e as medidas
de controle deverão ser identificados para que se possam minimizar, compensar e, até mesmo,
eliminar os impactos negativos da instalação do empreendimento e incrementar medidas que
possam potencializar os impactos socioambientais positivos advindos do projeto.
As medidas mitigadoras são estabelecidas antes da instalação do empreendimento e visam à
redução dos efeitos provenientes dos impactos ambientais negativos gerados por tal ação. Para
definir essas medidas, as avaliações devem ser executadas com os demais profissionais envolvidos
na elaboração dos projetos do empreendimento, a fim de obter soluções viáveis para amenizar os
danos ambientais.
Já as medidas compensatórias são aplicadas para compensar, de alguma forma, os prejuízos
e danos ambientais efetivos advindos da atividade modificadora do ambiente.
Os estudos de impacto ambiental foram previstos na Convenção das Nações Unidas para o
Meio Ambiente – Declaração do Rio de Janeiro /92, no princípio 17:
Conceito de Estudos Ambientais - art. 1º da RES. 237/97 CONAMA - Para efeito desta
Resolução são adotadas as seguintes definições: III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer
estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da
licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório
ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área
degradada e análise preliminar de risco.
Estudo de Impacto Ambiental/ Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) - É a modalidade
mais complexa de estudo de impacto ambiental, sendo decorrente diretamente da Constituição.
Trata-se de instrumentos formais que precedem a licença ambiental, dela fazendo parte, sendo de
inteira responsabilidade do interessado no empreendimento a sua elaboração, assim como os custos,
sempre que pretender realizar alguma das atividades para cujo exercício a lei os exija.
Sabe-se, outrossim, que a constitucionalização dos Estudos de Impacto Ambiental não foi
acompanhada de uma legislação ordinária apta a concretizar a determinação constitucional no plano
da prática diária administrativa. Em verdade, a norma constitucional é considerada aberta e necessita
que o Poder Executivo defina os parâmetros e critérios capazes de estabelecer, com certa margem
de segurança, qual é o conceito de atividade que efetiva ou potencialmente possa ser causadora de
significativa degradação ambiental. Atualmente, com a finalidade de suprir eventual lacuna
legislativa, a matéria encontra-se regulada por resoluções administrativas do CONAMA.
No ano de 1972 realizava-se a Conferência de Estocolmo que, apesar da inexistência de
obrigatoriedade para os países participantes, trouxe uma série de influências. Para o Brasil, pode-se
dizer que, a partir da referida Conferência, constatou-se o início de uma legislação moderna e
engajada na proteção ao meio ambiente. Durante este período, já na década de 70, a história da
legislação nacional dava conta do surgimento do estudo de impacto ambiental, que teria vindo à
lume através da edição do Decreto-Lei nº 1.413/75.
A Lei nº 6.938/81 representou, em certa medida, uma mudança qualitativa no sistema legal
de proteção ambiental, pois buscou criar um sistema estruturado e organicamente coerente de
medidas a serem adotadas para o alcance dos objetivos fixados já a partir do DL 1.413 de 1975. Vale
lembrar que a Lei nº 6.938/1981 elevou a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) à categoria de
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Outrossim, é importante ressaltar
que, mesmo com a Lei nº 6.938/1981, os arts. 9º e 10º da Lei nº 6.803/1980 ainda continuam em
vigor, eis que completamente coerentes com a Lei nº 6.938 de 1981. No tocante às avaliações de
estudo de impacto ambiental, temos que a resolução mais importante é a número 1, de 23 de janeiro
de 1986 (alterada pela de nº 237/97). Esta Resolução buscou dar uma regulamentação, a mais
completa possível, sobre o assunto, muito embora diversos assuntos pertinentes ao tema
remanescessem carentes. A mais importante de todas as inovações operadas diz respeito ao fato de
a resolução 1/1986 ter inovado no instituto definido pelo art. 9º, III da Lei 6.938/1981, pois a
Avaliação de Estudo de Impacto Ambiental era efetivada através da realização de EIA e dos
respectivos Relatórios de Impacto Ambiental – RIMA. Posteriormente, a denominação Estudo de
Impacto Ambiental acabou se popularizando. Hoje, bem se sabe que a exigência de estudos de
impacto ambiental, ou de qualquer outra forma de avaliação de impacto ambiental, é medida
tipicamente administrativa e, portanto, praticada pelo Poder Executivo.
Além disso, a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA coloca-se como mecanismo de realização
do desenvolvimento sustentável.
Mas afinal, o que é a AIA?
Tendo em vista que qualquer projeto de desenvolvimento interfere no meio ambiente, mas,
igualmente, sendo certo que o crescimento socioeconômico é um imperativo, deve haver
mecanismos que conciliem tais fatores, minimizando os impactos ecológicos negativos. Um desses
mecanismos é a AIA.
Importante não incidir no equívoco reducionista de entender a AIA como apenas o EIA. A
AIA pode ser implementada tanto para projetos que envolvam execução física de obras e processo
de transformação como para políticas e planos que contemplem diretrizes programáticas, limitadas
ao campo das ideias, neste caso denominada Avaliação Ambiental Estratégica. Já o EIA é apenas uma
ferramenta do licenciamento ambiental.
Nos termos da Resolução CONAMA nº 237/97, A AIA, POR ELA DENOMINADA DE “ESTUDOS
AMBIENTAIS”, É GÊNERO DO QUAL SÃO ESPÉCIES TODOS OS ESTUDOS PARA ANÁLISE DA LICENÇA
AMBIENTAL, TAIS COMO: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório
ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área
degradada e análise preliminar de risco. Essas outras espécies de Estudos Ambientais (ou AIAs),
poderão ser requisitadas na hipótese de não se exigir o EIA.
O EIA é um dos instrumentos da PNMA, previsto no art. 225, § 1º, IV, CR/88 e no art. 9º, III,
da PNMA. A PNMA concedeu ao CONAMA a competência para estabelecer normas e critérios para
o licenciamento (e não para licenciar) de atividade efetiva ou potencialmente poluidora.
Não invade a competência dos Estados o estabelecimento dessas normas, desde que gerais,
já que a competência para legislar sobre meio ambiente é concorrente.
O EIA pode ser definido como a análise prévia das prováveis modificações ambientais em
decorrência da implantação de uma obra ou atividade potencialmente nociva. Entretanto, existe
outro conceito trazido pela Resolução nº 1/86 do CONAMA, anotando que é o estudo (procedimento
administrativo) que visa a antecipar “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, segurança e o bem-estar
da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente, e a qualidade dos recursos ambientais”, com o escopo de permitir seja verificada a
viabilidade ambiental de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação, bem assim as
medidas mitigatórias que deverão ser adotadas visando à redução do mencionado impacto.
Ou ainda: é um mecanismo administrativo preventivo e obrigatório de planejamento
visando à preservação da qualidade ambiental.
Possui natureza jurídica de pré-procedimento administrativo, vinculado ao licenciamento
ambiental, de natureza constitucional (CR, art. 225, § 1º, IV), destinado a avaliar impactos e definir
medidas mitigadoras e/ou compensatórias pela introdução de atividade significativamente
degradante. O EIA é feito antes da concessão da licença prévia, como uma condição à expedição
desta. O EIA deve ser prévio, a luz dos princípios da precaução e prevenção, de forma que um estudo
posterior é considerado anômalo.
O caráter do EIA é preventivo e obrigatório. A CR exige o estudo prévio de impacto ambiental
para as atividades potencialmente poluidoras. É norma de caráter absoluto, que não comporta
exceção (STF, ADI 1.086/SC).
Obrigatoriedade de EIA/RIMA - art. 3º RES. 237/97 CONAMA - A licença ambiental para
empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de
SIGNIFICATIVA degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo
relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a
realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.
Lista de Atividades Dependentes de EIA/RIMA (EXEMPLIFICATIVA) - art. 2º da RES. 001/86
do CONAMA - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de
impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do
IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais
como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-
Lei nº 32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários
de esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:
barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou
de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação,
retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras,
transposição de bacias, diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos
ou perigosos;
XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de
energia primária, acima de 10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e
cultivo de recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de
100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ou em áreas consideradas
de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos
municipais e estaduais competentes;
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade
superior a dez toneladas por dia.
Diretrizes do EIA - art. 5º da RES. 001/86 do CONAMA - O estudo de impacto ambiental, além
de atender à legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do
Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais:
Já o RIMA é o documento final que reúne os dados do EIA, apresentado ao órgão ou entidade
de meio ambiente, geralmente do Estado-membro no qual se localiza ou se pretende localizar a
atividade. Por ser documento final, deve ser elaborado após encerrado o EIA. Ele sistematiza os
estudos realizados, trazendo de forma concatenada todas as informações obtidas, as discussões da
equipe multidisciplinar, suas conclusões e as propostas decorrentes dos levantamentos efetuados
na fase de estudo, inclusive quanto a “alternativas tecnológicas e de localização do projeto”.
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - art. 9º da RES. 001/86 do CONAMA – O relatório de
impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e CONTERÁ, NO
MÍNIMO:
Audiências Públicas - art. 2º da RES. CONAMA 009/87 - Sempre que julgar necessário, ou
quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) ou mais
cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência pública.
§ 1º - O Órgão de Meio Ambiente, a partir da data do recebimento do RIMA, fixará em edital
e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo que será no mínimo de 45 dias para solicitação
de audiência pública.
§ 2º - No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão Estadual não
realizá-la, a licença concedida não terá validade.
§ 3º - Após este prazo, a convocação será feita pelo Órgão Licenciador, através de
correspondência registrada aos solicitantes e da divulgação em órgãos da imprensa local.
§ 4º - A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos interessados.
§ 5º - Em função da localização geográfica dos solicitantes, e da complexidade do tema,
poderá haver mais de uma audiência pública sobre o mesmo projeto de respectivo Relatório de
Impacto Ambiental - RIMA.
Ressalta-se que as observações e eventuais críticas levantadas durante a audiência pública
não vincularão a administração pública na concessão da licença.
1 Art. 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem
submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e1n caráter supletivo, o licenciamento de atividades
modificadoras do meio ambiente, tais como: (...) IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
2 Art. 8º da Res. CONAMA 001/86 – Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes á realização
do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises
de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e
fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.
prazo de validade. O artigo 19 da Resolução CONAMA 237/97 apresenta três hipóteses: (i) violação
ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; (ii) omissão ou falsa descrição de
informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença; e (iii) superveniência de graves riscos
ambientais e de saúde.
Lei nº 9.605/98
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em
qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou
serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos
órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes. Pena: detenção, de um a seis meses, ou
multa, ou ambas as penas cumulativamente. (...) Art. 67. Conceder o
funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo
com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja
realização depende de ato autorizativo do Poder Público. Pena:
detenção, de um a três anos, e multa.
2. JURISPRUDÊNCIA
1. DISPOSIÇÕES GERAIS
Na linha de proteção ao meio ambiente, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, o art. 225, § 1°, III, da Constituição federal assevera que cabe ao Poder Público
definir ‒ em todas as unidades da federação, isto é, na União, nos estados, no Distrito Federal e nos
municípios, dentro da competência comum administrativa – espaços especialmente protegidos, que
só poderão ser suprimidos ou alterados por lei. O mesmo dispositivo, em seu § 4°, aduz que a
Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização se fará, na forma da lei, dentro de condições
que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
O Código Florestal de 2012 é norma geral voltada à proteção e uso sustentável das florestas
e das demais formas de vegetação nativa e, como tal, padroniza conceitos, princípios e
procedimentos que devem ser observados e especificados pelos demais entes federativos no
exercício de suas competências ambientais.
A Lei 12.651/12 é impropriamente denominada de Código Florestal, porque ela não se intitula
dessa forma e também não protege apenas florestas, posto que tutela florestas e outras formas de
vegetação nativa, conforme arts. 1-A e 2º da Lei.
Princípios - art. 1º, parágrafo único - Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável,
esta Lei atenderá aos seguintes princípios:
Com essa finalidade, o diploma padroniza conceitos, princípios e procedimentos que devem
ser observados e especificados pelos demais entes federativos no exercício de suas competências
ambientais, de modo que impõe limitações ao exercício do direito de propriedade, como a previsão
de instituir Áreas de Preservação Permanente – APP ou de Áreas de Reserva Legal - ARL, que deverão
ser protegidas pelo proprietário ou possuidor devido à relevância ambiental da vegetação ali situada.
Tais limitações têm por fundamento o princípio constitucional da função socioambiental da
propriedade (art. 5°, inciso XXIII, da CF).
Florestas como Bens de Interesse Comum - art. 2º - As florestas existentes no território
nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem,
são BENS DE INTERESSE COMUM a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de
propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem, o
que reflete a titularidade difusa do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum da população.
A propósito, a exploração ou utilização dos recursos florestais em desacordo com o Código
Florestal é considerado uso irregular da propriedade, sujeitando o infrator a responder civil,
administrativa e criminalmente por sua conduta.
(TJRJ-2012-VUNESP): Com base na Lei 12.651/12, analise a assertiva: A utilização e a exploração
da vegetação de forma contrária à mencionada lei configura uso irregular da propriedade, com
possibilidade de responsabilidades civil, penal e administrativa. BL: art. 2º, §1º do CFLO.
De outro lado, o § 2º, do art. 2°, do Código Florestal, encampando o que vinha decidindo o
STJ sob a égide do antigo Código Florestal, prevê que as obrigações ambientais têm natureza real e
são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse
do imóvel rural. Assim, a aquisição de um imóvel rural ou urbano com um passivo ambiental
responsabilizará o novo proprietário, mesmo que este já tenha adquirido o bem com a degradação
ambiental perpetrada pelo antigo detentor, por tratar-se de uma obrigação propter rem, a exemplo
do dever de recuperar a vegetação nas áreas de preservação permanente e de reserva legal.
Destaque-se, ademais, que a responsabilidade civil por dano ao meio ambiente é objetiva, ou seja,
INDEPENDE DA COMPROVAÇÃO DE DOLO OU CULPA, BASTANDO A COMPROVAÇÃO DO DANO E
DO NEXO CAUSAL (art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81).
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
Sim, o passivo ambiental é obrigação propter rem, inclusive está sumulado. Ademais,
desapropriação é forma originária de aquisição da propriedade. Ainda assim, o passivo ambiental
também é obrigação propter rem, porque é a lei que estabelece um a limitação administrativa.
O ponto é: o passivo ambiental no caso de desapropriação continua sendo um a obrigação
propter rem, no entendimento do professor Ilan Presser, pois está na lei ou no ato administrativo.
Assim, ainda que a desapropriação seja forma originária de aquisição da propriedade, o passivo
ambiental se adere ao título/ao domínio, de modo que pode ser exigida do Poder Público a
recomposição.
O que não se poderia exigir, na visão do professor, seria um a multa real, porque, com a
transferência originária, são apagados débitos de ITR, multa etc.
No entanto, quanto ao dever de recomposição, pela própria natureza do art. 225, CF - Estado
de Direito Ambiental - e pelos princípios de direito ambiental (com a sustentabilidade e precaução),
não se poderia criar um a exceção referente a quando o Poder Público desapropriasse um a área
já desmatada. Mesma interpretação deve ser dada ao caso de leilão (judicial ou extrajudicial), que
também é forma originária de aquisição da propriedade, no qual a obrigação propter rem persiste,
porque ela prevalece sobre esse fato.
Sobre essa questão não há julgado de tribunal superior, mas, parece ao professor, que é a
opinião m ais adequada ao sistema e m arco normativo regulatório vigente.
I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato
Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13° S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste
do meridiano de 44° W, do Estado do Maranhão;
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas;
São áreas destinadas exclusivamente à proteção de suas funções ecológicas e, como regra
geral, são caracterizadas pela intocabilidade e vedação de uso econômico direto. Constitui uma
limitação restritiva calcada no princípio constitucional da função socioambiental da propriedade.
Definição recorrente em provas de primeira fase.
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse RURAL,
delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável
dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos
ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna
silvestre e da flora nativa; (Definição recorrente em provas de primeira fase).
IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22
de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste
último caso, a adoção do regime de pousio;
#CRÍTICA
O STF entendeu que não se pode aceitar que um Estado, “ao qual é imposta
constitucionalmente a defesa e preservação do meio ambiente, conceba a gestão de resíduos e o
lazer como hipóteses de intervenção e supressão de vegetação em áreas de preservação
permanente e em áreas de uso restrito”. Dessa forma, para a Corte não se mostra compatível com
o art. 225 da CF/88 permitir a relativização da proteção da vegetação nativa para “gestão de
resíduos” ou para a “realização de competições esportivas”.
O STF deu interpretação conforme a CF ao art. 3º, VIII, para condicionar a intervenção
excepcional em APP, POR UTILIDADE PÚBLICA, À INEXISTÊNCIA DE ALTERNATIVA TÉCNICA E/OU
LOCACIONAL À ATIVIDADE PROPOSTA. Segundo o STF, a previsão do art. 3º, VIII, é constitucional,
porém a interpretação a ser dada é a de que apenas pode haver intervenção em área de proteção
permanente (APP) EM CASOS EXCEPCIONAIS E DESDE QUE COMPROVADA A INEXISTÊNCIA DE
ALTERNATIVA TÉCNICA E/OU LOCACIONAL À ATIVIDADE PROPOSTA.
IX - interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação
nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da
erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies
nativas;
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena
propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades
tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal
existente e não prejudique a função ambiental da área;
c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e
atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais
consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei;
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados
predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas
consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei nº 11.977,
de 7 de julho de 2009;
e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de
água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são
partes integrantes e essenciais da atividade;
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho,
outorgadas pela autoridade competente;
g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas
em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa
técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do
Poder Executivo federal;
O STF deu interpretação conforme a CF ao art. 3º, IX, para condicionar a intervenção
excepcional em APP, POR INTERESSE SOCIAL, À INEXISTÊNCIA DE ALTERNATIVA TÉCNICA E/OU
LOCACIONAL À ATIVIDADE PROPOSTA. Segundo o STF, a previsão do art. 3º, VIII, é constitucional,
porém a interpretação a ser dada é a de que apenas pode haver intervenção em área de proteção
permanente (APP) EM CASOS EXCEPCIONAIS E DESDE QUE COMPROVADA A INEXISTÊNCIA DE
ALTERNATIVA TÉCNICA E/OU LOCACIONAL À ATIVIDADE PROPOSTA.
X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:
XIV - salgado ou marismas tropicais hipersalinos: áreas situadas em regiões com frequências
de inundações intermediárias entre marés de sizígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia
entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presença de
vegetação herbácea específica;
XVI - restinga: depósito arenoso paralelo à linha da costa, de forma geralmente alongada,
produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem
influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordões arenosos,
dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo
e arbóreo, este último mais interiorizado;
XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade (e também
intermitentes) e dá início a um curso d'água;
##Atenção: ##STF: ##DOD: ##MPSC-2019: Deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao
art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos
olhos d´água intermitentes configuram área de preservação permanente. STF. Plenário. ADC
42/DF, ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 28/2/18 (Info
892).
O STF deu interpretação conforme a CF ao art. 3º, XVII, para estabelecer a interpretação de
que os entornos das nascentes, ainda que INTERMITENTES, configuram área de preservação
permanente.
As Áreas de Preservação Permanente – APPs são localizações definidas pelo Código Florestal
ou por regulamento específico onde a rigor não são permitidas as alterações antrópicas ‒ como um
desmatamento ou uma construção, ou seja, as interferências do homem sobre o meio ambiente ‒
cuja finalidade é deixar determinadas áreas a salvo do desenvolvimento econômico e da degradação.
Conceito de Área de Preservação Permanente - É a área protegida, COBERTA OU NÃO POR
VEGETAÇÃO NATIVA, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas.
São áreas destinadas exclusivamente à proteção de suas funções ecológicas caracterizadas,
como regra geral, pela intocabilidade e proibição de uso econômico.
A inexistência de vegetação não descaracteriza a área como sendo de preservação
permanente. Dessa forma, as áreas com características e funções de uma APP, coberta ou não por
vegetação, serão protegidas nos termos da lei.
Com o a APP é coberta ou não por vegetação nativa, não desnatura a APP o fato de ela estar
desmatada. Assim, se houver desmatamento, continua sendo APP e continua tendo a função
ambiental de preservar recursos hídricos, paisagens, estabilidade geológica, biodiversidade e facilitar
o fluxo gênico da fauna e flora.
Nota-se que a definição de APP até parece um pouco com a definição de Unidade de
Conservação. Além disso, verifica-se que o aspecto socioambiental é forte, pois o conceito de APP
prevê o bem-estar da população humana e, com isso, a existência e qualidade de vida da existência,
incluindo a dos demais recursos ou fatores ambientais.
A APP é sempre mais ampla do que a Área de Reserva Legal; ela já está imposta pela
legislação. O Código Florestal já define rigorosamente quais são estas áreas e já faz uma proteção
imediata. A APP atinge tanto a área urbana, quanto a rural, pública e privada.
Instituição das APPs - As áreas de preservação permanente podem ser instituídas por LEI (art.
4º) ou por ATO DO PODER EXECUTIVO (art. 6º). Tem-se as APPs criadas por lei e as APPs criadas por
ato do Poder Executivo. Já a reserva legal sempre é criada por lei, 80% , 35% ou 20% .
Importante consignar que, como as APPs previstas no art. 4º do Código Florestal de 2012 são
instituídas diretamente pela Lei, independem, em regra (exceção: reservatórios d'água artificiais), da
adoção de qualquer providência de demarcação pela Administração.
Dessa forma, configuram-se como verdadeira limitação administrativa ao direito de uso da
propriedade, sendo INCABÍVEL, EM REGRA, QUALQUER TIPO DE INDENIZAÇÃO aos proprietários
em virtude de tal regime jurídico.
Logo, se envolver espaços territoriais específicos, essa modalidade de APP não deve ser
classificada como limitação administrativa, podendo ser classificada como desapropriação indireta
e gerar direito à indenização para o proprietário.
Áreas de Preservação Permanente Instituídas por Lei (Importante Memorização) - art. 4º -
Considera-se Área de Preservação Permanente, EM ZONAS RURAIS OU URBANAS, para os efeitos
desta Lei:
(MPGO-2014): A área de preservação permanente poderá estar situada em zonas rurais ou
urbanas, áreas públicas ou particulares, podendo estar coberta ou não por vegetação nativa. BL:
art. 3º, II3 e art. 4º, caput do CFlo.
3Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...) II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou
não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e
a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
Vale ressaltar que a linha inicial de demarcação da largura das APPs foi alterada, reduzindo a
dimensão das APPs: mede-se, agora, não a partir do nível mais alto do corpo de água (nível
alcançado com a cheia sazonal), mas sim da “da borda da calha do leito regular”.
Como é possível perceber, este inciso não tem aplicabilidade imediata, pois depende da
licença ambiental para delimitar sua dimensão.
(MPGO-2019): Segundo o disposto na Lei 12.651/2012 (Código Florestal), é correto afirmar: Não
será exigida área de preservação permanente no entorno de reservatórios artificiais de água que
não decorram de barramento ou represamento de cursos d'água naturais. BL: art. 4º, §1º, CFlo.
§ 4º Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície
inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de proteção
prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de
vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
IV - as áreas no ENTORNO DAS NASCENTES E DOS OLHOS D'ÁGUA
PERENES (ou intermitentes), qualquer que seja sua situação
topográfica, no raio MÍNIMO DE 50 (CINQUENTA) METROS;
O STF deu interpretação conforme a CF ao art. 4º, IV, para estabelecer a interpretação de
que os entornos das nascentes e dos olhos d´água, ainda que INTERMITENTES configuram Área De
Preservação Permanente - APP.
Ressalta-se que a doutrina majoritária entende que o Poder Público pode aumentar o
tamanho desta APP, posto que a legislação prevê apenas um raio MÍNIMO de 50 metros.
(MPSC-2019): De acordo com decisão proferida pelo STF, no julgamento da ADI 4.903, foi
reconhecida a caracterização das nascentes e olhos d'água intermitentes como áreas de
preservação permanente, de modo que, atualmente, a proteção do entorno destas áreas abrange
o raio mínimo de 50 (cinquenta) metros no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes e
intermitentes, nos termos do art. 4º, IV, da Lei Federal n. 12.651/2012. BL: Info 892, STF.
A proteção das florestas e demais formas de vegetação que se encontrem no topo dos
morros, montes, montanhas e serras tem a finalidade de preservar a integridade dos acidentes
geográficos, evitando, ainda, enchentes e inundações nos térreos mais baixos (a vegetação constitui
barreira natural).
Ademais, o simples efeito da vigência do Código Florestal fez com que as restingas, fixadoras
de dunas ou estabilizadoras de mangue, fossem consideradas como de preservação permanente.
As florestas de preservação permanente por efeito da lei só podem ser suprimidas por outra
lei, diante do princípio da similitude das formas.
#DIZERODIREITO #STJ: A legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo de proteção
marginal dos cursos d'água, em toda sua extensão, fixado pelo Código Florestal. A norma federal
conferiu uma proteção mínima, cabendo à legislação municipal apenas intensificar o grau de
proteção às margens dos cursos d'água, ou quando muito, manter o patamar de proteção (jamais
reduzir a proteção ambiental). STJ. 2ª Turma. AREsp 1.312.435-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 07/02/2019 (Info 643).
(MPSC-2013): Conforme a Lei 12.651/12, as áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer
que seja a vegetação, considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas.
BL: art. 4º, X, do CFlo.
(TJCE-2018-CESPE): Com base no Código Florestal - Lei 12.651/12 -, assinale a opção correta: Uma
área coberta de florestas e que exerce a função de proteger várzeas pode ser considerada de
preservação permanente se declarada de interesse social por ato do chefe do Poder Executivo. BL:
art. 6º, III, CFlo.
4Art. 2º. (...) § 2º As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza,
no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
(TJSP-2014-VUNESP): Anos após adquirir a propriedade de um pequeno sítio, localizado em área
de preservação ambiental, “A” é notificado pela fiscalização da autoridade ambiental competente,
no sentido de que tal área apresentaria sinais de degradação. Ao adquirir o imóvel, “A” estava
ciente da referida restrição, bem como da mencionada degradação, que era preexistente. A partir
dessa premissa, assinale a opção correta: “A” é responsável, ainda que não tenha sido quem causou
a degradação da área, na medida em que a responsabilidade, in casu, deriva de obrigação propter
rem. BL: 7º, §§1º e 2º do CFlo e jurisprudência do STJ.
4. RESERVA LEGAL
(TRF2-2018): Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de
Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente,
observado o seguinte percentual mínimo em relação à área do imóvel situado em Cerrado: 35%.
BL: art. 12, I, “b”, do CFlo.
(TRF3-2016-CESPE): Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a
título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação
Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel caso os
imóveis estejam situados na Amazônia Legal, excetuados os casos previstos no art. 68 da referida
Lei: 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; 35% (trinta e cinco por cento),
no imóvel situado em área de cerrado; 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos
gerais. Para os imóveis situados nas demais regiões do país, o percentual é de 20% (vinte por
cento). BL: art. 12, incisos I e II do CFlo.
5Art. 3º, Lei 12.651/12: Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I – Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas,
Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás,
e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; (...) III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma
propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo
sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e
promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;
O Novo Código Florestal definitivamente superou a antiga e errônea interpretação de que a
ARL estabelecia um percentual de desmatamento lícito. Não é disso que se trata. Ao estabelecer a
ARL, a lei impõe um mínimo protetivo, o que não significa que o proprietário é livre para suprimir.
Ele somente poderá fazê-lo, após implantado o CAR, se houve autorização do órgão ambiental
estadual.
O art. 12 define, nas propriedades rurais, o mínimo que o proprietário tem que deixar para
a ARL, que não pode ser concomitantemente com a APP. Isso é importante, pois não se pode
aproveitar a APP da propriedade e dizer que ela concomitantemente é ARL. As duas áreas têm que
ser somadas.
Fracionamento do Imóvel - § 1º Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título,
inclusive para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será considerada, para fins do
disposto do caput, a área do imóvel ANTES DO FRACIONAMENTO.
Imóvel Situado em Áreas Diversas (Áreas de Transição) - § 2º O percentual de Reserva Legal
em imóvel situado em área de formações florestais, de cerrado ou de campos gerais na Amazônia
Legal será definido considerando SEPARADAMENTE OS ÍNDICES contidos nas alíneas a, b e c do
inciso I do caput.
Supressão de Novas Áreas Após Implementação do CAR - § 3º Após a implantação do CAR, a
supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação nativa apenas será autorizada
pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido no mencionado
cadastro, ressalvado o previsto no art. 30.
Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na
matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e
a localização da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao
órgão ambiental as informações relativas à Reserva Legal previstas no
inciso III do § 1º do art. 29.
(MPRS-2017): No que tange à delimitação da Área de Reserva Legal disciplinada na Lei 12.651/12,
é correto afirmar que a supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação nativa,
após a implantação do Cadastro Ambiental Rural – CAR, apenas será autorizada pelo órgão
ambiental estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) se o imóvel
estiver inserido no mencionado cadastro, ressalvado o previsto no artigo 30 da Lei 12.651/12. BL:
art. 12, §3º, do CFlo.
Alteração na Reserva Legal em Virtude de ZEE - art. 13 - Quando indicado pelo Zoneamento
Ecológico-Econômico - ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder público
federal poderá:
I - reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante
recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de
imóveis com área rural consolidada, situados em área de floresta
localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) da
propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da
biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos;
§ 1º No caso previsto no inciso I do caput, o proprietário ou possuidor
de imóvel rural que mantiver Reserva Legal conservada e averbada em
área superior aos percentuais exigidos no referido inciso poderá
instituir servidão ambiental sobre a área excedente, nos termos da Lei
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e Cota de Reserva Ambiental.
II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta por cento)
dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de metas
nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de
gases de efeito estufa.
Prazo para o ZEE - § 2º Os Estados que não possuem seus Zoneamentos
Ecológico-Econômicos - ZEEs segundo a metodologia unificada,
estabelecida em norma federal, terão o prazo de 5 (cinco) anos, a partir
da data da publicação desta Lei, para a sua elaboração e aprovação.
Critérios para Definição da Área de Reserva Legal - art. 14 - A localização da área de Reserva
Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios:
O art. 15 do Código Florestal não se aplica para situações consolidadas antes de sua vigência
O art. 15 da Lei nº 12.651/2012, que admite o cômputo da área de preservação permanente no
cálculo do percentual de instituição da reserva legal do imóvel, não retroage para alcançar
situações consolidadas antes de sua vigência. Em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio
tempus regit actum, de forma a não se admitir a aplicação das disposições do
novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental. STJ. 1ª Turma. REsp
1646193-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em
12/05/2020 (Info 673).
Natureza
A Área de Reserva Legal consiste em uma limitação ao direito de propriedade (limitação
administrativa existente em função do princípio da função socioambiental da propriedade).
Trata-se de obrigação “propter rem”, ou seja, é uma obrigação que acompanha a coisa e vincula
todo e qualquer proprietário ou possuidor de imóvel rural, já que adere ao título de propriedade
ou à posse.
Onde fica a área de reserva legal dentro do imóvel rural? Em outras palavras, em um sítio, por
exemplo, como a pessoa sabe onde está a área de reserva legal? É o proprietário/possuidor que
define isso?
NÃO. A localização da área de Reserva Legal dentro da propriedade ou posse rural deverá ser
aprovada pelo órgão estadual integrante do SISNAMA ou instituição por ele habilitada, conforme
os critérios previstos no art. 14 do Código Florestal.
Existem imóveis rurais que não precisam constituir área de reserva legal?
SIM. Segundo prevê os §§ 6º a 8º do art. 12, não será exigida Reserva Legal para:
• empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto;
• áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou autorização para
exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração
de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de
energia elétrica;
• áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade
de rodovias e ferrovias.
Alguns autores alegaram que esse art. 15 do novo Código Florestal seria inconstitucional porque
implicaria um retrocesso na proteção do meio ambiente, afrontando, portanto, o art. 225 da
CF/88. O STF acolheu esse argumento?
NÃO. O STF declarou a constitucionalidade do art. 15 da Lei nº 12.651/2012 tendo em vista que
ele está de acordo com o “desenvolvimento nacional” (art. 3º, II, da CF/88) e o “direito de
propriedade” (art. 5º, XXII, da CF/88).
6 Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular
ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de
parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.
(Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012). (...) § 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente
e à Reserva Legal mínima exigida. (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012).
7 Art. 12 do Código Florestal - Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva
Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes
percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na
Amazônia Legal: (...) b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais
existentes (art. 9º-A da Lei nº 6.938/81). Trata-se de uma proteção adicional e, justamente por isso,
não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida (art. 9º-A, §2º
da Lei nº 6.938/81). A reserva legal tem áreas mínimas definidas no art. 12 do CFlo. No caso
concreto, temos o seguinte: i) a propriedade está integralmente localizada no bioma cerrado; 2) 40%
da área já constitui reserva legal. Essas informações são importantes, já que o art. 12, I, alínea “b”,
do CFLo estabelece que o percentual mínimo de Reserva Legal em área de cerrado deverá ser 35%.
Pelo fato de a servidão ambiental não poder sobrepor à parte obrigatória da Reserva Legal, a
servidão poderá, no máximo, abranger 65 ha. Em resumo, temos o seguinte raciocínio:
100 ha (total da área) – 35 ha (mínimo de área de Res. Legal obrigatória) = 65 há (área excedente).
Requisitos:
i) propriedades contínuas; e
ii) percentual legal em relação a cada imóvel devidamente respeitado.
Art. 17 - A Reserva Legal DEVE SER CONSERVADA COM COBERTURA DE VEGETAÇÃO NATIVA
pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica,
de direito público ou privado.
Possibilidade de Exploração - § 1º Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal
mediante MANEJO SUSTENTÁVEL, PREVIAMENTE APROVADO PELO ÓRGÃO COMPETENTE DO
SISNAMA, de acordo com as modalidades previstas no art. 20.
Procedimento Simplificado - § 2º Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena
propriedade ou posse rural familiar, os órgãos integrantes do SISNAMA deverão estabelecer
procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação de tais planos de manejo.
Suspensão das Atividades - § 3º É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área
de Reserva Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de 2008. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN
Nº 4.902) (Vide ADIN Nº 4.903)
ATENÇÃO!! Diferentemente da APP, na qual a regra geral é a intocabilidade, na reserva legal,
permite-se o manejo florestal sustentável, assim, a utilização, sem descaracterizar ecologicamente
os recursos florestais e os ecossistemas, é permitida.
Prazo para Recomposição - § 4º Sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais
cabíveis, deverá ser iniciado, nas áreas de que trata o § 3º deste artigo, o processo de recomposição
da Reserva Legal em até 2 (dois) anos contados a partir da data da publicação desta Lei, devendo
tal processo ser concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa de Regularização Ambiental -
PRA, de que trata o art. 59.
Registro Através da Inscrição no CAR - art. 18 - A área de Reserva Legal deverá ser registrada
no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, SENDO
VEDADA A ALTERAÇÃO DE SUA DESTINAÇÃO, NOS CASOS DE TRANSMISSÃO, A QUALQUER TÍTULO,
OU DE DESMEMBRAMENTO, com as exceções previstas nesta Lei.
Garantia da Reserva Legal em Caso de Posse do Imóvel - § 2º Na posse, a área de Reserva
Legal é assegurada por TERMO DE COMPROMISSO firmado pelo possuidor com o órgão competente
do Sisnama, com FORÇA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, que explicite, no mínimo, a
localização da área de Reserva Legal e as obrigações assumidas pelo possuidor por força do previsto
nesta Lei.
§ 3º A transferência da posse implica a sub-rogação das obrigações
assumidas no termo de compromisso de que trata o § 2º.
(MPSC-2016): De acordo com a Lei 12.651/12 (Código Florestal), o registro da Reserva Legal no
Cadastro Ambiental Rural (CAR) desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis.
Também prevê a referida lei que a inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido
mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da manutenção da área de Reserva
Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do parcelamento do solo para fins
urbanos aprovado segundo a legislação específica e consoante as diretrizes do plano diretor de que
trata o § 1º do art. 182 da Constituição Federal. BL: art. 18, §4º c/c art. 19 do CFLo.
Manejo Sustentável - art. 20 - No manejo sustentável da vegetação florestal da Reserva Legal,
serão adotadas práticas de exploração seletiva nas modalidades de manejo sustentável sem
propósito comercial para consumo na propriedade e manejo sustentável para exploração florestal
com propósito comercial.
Requisitos para Coleta de Produtos Não Madeireiros - art. 21 - É livre a coleta de produtos
florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar:
Desapropriação em Área de Reserva Legal - Entende a doutrina majoritária, bem como o STJ,
que, em caso de desapropriação, DEVERÁ SER INDENIZADA A COBERTURA FLORESTAL NA ÁREA DE
RESERVA LEGAL, POIS PASSÍVEL DE EXPLORAÇÃO VIA MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL, PORÉM
EM QUANTIA INFERIOR À ÁREA ONDE É PERMITIDO O CORTE RASO DA VEGETAÇÃO.
Importante ressaltar que o STJ exige, para que haja indenização, que exista plano de manejo
devidamente confirmado pela autoridade competente (Resp. 867.085/2007).
Compensação/Recomposição da Reserva Legal - art. 66 - O proprietário ou possuidor de
imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão inferior ao
estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua situação, independentemente da adesão ao PRA,
adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente:
Dispensa de Informações Referentes à Reserva Legal - art. 30 - Nos casos em que A RESERVA
LEGAL JÁ TENHA SIDO AVERBADA NA MATRÍCULA DO IMÓVEL E EM QUE ESSA AVERBAÇÃO
IDENTIFIQUE O PERÍMETRO E A LOCALIZAÇÃO DA RESERVA, o proprietário não será obrigado a
fornecer ao órgão ambiental as informações relativas à Reserva Legal previstas no inciso III do § 1º
do art. 29.
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos termos do
caput, deverá apresentar ao órgão ambiental competente a certidão de
registro de imóveis onde conste a averbação da Reserva Legal ou termo
de compromisso já firmado nos casos de posse.
7. DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL
INSTRUMENTOS DE MANEJO DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL (ARTS. 31 A 34)
São isentos de PMFS: (i) a supressão de florestas e formações sucessoras para uso
alternativo do solo; (ii) o manejo e a exploração de florestas plantadas localizadas fora das Áreas
de Preservação Permanente e de Reserva Legal; e (iii) a exploração florestal não comercial realizada
nas pequenas propriedades rurais ou por populações tradicionais.
Isenção de Plano de Manejo - art. 32 - São isentos de PMFS:
Uso de Matéria-Prima Florestal - art. 33 - As pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria-
prima florestal em suas atividades devem suprir-se de recursos oriundos de:
I - florestas plantadas;
II - PMFS de floresta nativa aprovado pelo órgão competente do
Sisnama;
III - supressão de vegetação nativa autorizada pelo órgão competente
do Sisnama;
IV - outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão
competente do Sisnama.
(TJMG-2018-Consulplan): A sociedade empresária X consome carvão vegetal na produção de ferro
gusa. Requereu isenção quanto à obrigação de fazer reposição florestal, porque o carvão é
produzido com 80% de madeira de floresta plantada e o restante de floresta nativa. O requerimento
deverá ser parcialmente deferido quanto ao percentual de utilização da floresta plantada. BL: art.
33, caput, incisos I a III, §1º e §2º, II, “b”, do Cflo.
Obrigação de Reposição Florestal - § 1º São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas
ou jurídicas que utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou que
detenham autorização para supressão de vegetação nativa.
Isenção da Reposição Florestal - § 2º É isento da obrigatoriedade da reposição florestal
aquele que utilize:
Proibição do Uso de Fogo - art. 38 - É proibido o uso de fogo na vegetação, EXCETO NAS
SEGUINTES SITUAÇÕES:
O artigo 41, do Código Florestal, estabeleceu a aprovação pela União do Programa de Apoio
e Incentivo à Conservação do Meio Ambiente, bem como a adoção de tecnologias e boas práticas
que conciliem a produtividade agropecuária e florestal com redução dos impactos ambientais, como
forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, observados sempre os
critérios de progressividade. Cuida-se de uma importante concretização do princípio do protetor-
recebedor, com a previsão de pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição,
monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e àquelas que gerem
serviços ambientais.
No âmbito do referido programa, foi previsto o pagamento pelos seguintes serviços
ambientais: (i) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a diminuição
do fluxo de carbono; (ii) a conservação da beleza cênica natural; (iii) a conservação da biodiversidade;
(iv) a conservação das águas e dos serviços hídricos; (v) a regulação do clima; (vi) a valorização cultural
e do conhecimento tradicional ecossistêmico; (vii) a conservação e o melhoramento do solo; e (viii)
a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
Para a consecução desse programa, foram elencados os seguintes instrumentos: (i) obtenção
de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de juros menores, bem como limites e
prazos maiores que os praticados no mercado; (ii) contratação do seguro agrícola em condições
melhores que as praticadas no mercado; (iii) dedução das Áreas de Preservação Permanente, de
Reserva Legal e de uso restrito da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural,
gerando créditos tributários; (iv) destinação de parte dos recursos arrecadados com a cobrança pelo
uso da água, na forma da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, para a manutenção, recuperação ou
recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito na bacia de
geração da receita; (v) linhas de financiamento para atender às iniciativas de preservação voluntária
de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e
agroflorestal sustentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas
degradadas; e (vi) isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais como: fios
de arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado de perfuração de solo, dentre outros
utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente,
de Reserva Legal e de uso restrito.
O código Florestal, por meio do art. 44, instituiu a Cota de Reserva Ambiental - CRA, título
nominativo representativo de área com vegetação nativa, existente ou em processo de recuperação,
sob regime de servidão ambiental, de Reserva Particular do Patrimônio Natural, de Reserva Legal
instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais estabelecidos em lei, ou
existentes em propriedade rural localizada no interior de unidade de conservação de domínio público
que ainda não tenha sido desapropriada. Tais cotas poderão ser negociadas com proprietários cujas
terras apresentem percentual de vegetação nativa inferior ao mínimo exigido em lei, nos casos
autorizados pelo Código Florestal. Dessa forma, a lei busca atribuir valor à vegetação nativa
preservada, remunerando aqueles que contribuem para a proteção dos recursos naturais. O vínculo
de área da propriedade à CRA deve ser averbado na matrícula do respectivo imóvel no registro de
imóveis competente.
Além do mais, uma vez emitida a CRA, ela pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a
pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, por meio de assinatura de termo pelo titular
da CRA e pelo seu adquirente.
Conforme o art. 3°, V, do Código Florestal, considera-se como pequena propriedade ou posse
rural familiar aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor
familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, com dimensão de até quatro
módulos fiscais. O Código Florestal dedicou o Capítulo XII para tratar da agricultura familiar nas
pequenas propriedades e posses rurais, dispensando um tratamento jurídico diferenciado para o
pequeno produtor rural.
A intervenção eventual de baixo impacto ambiental nas Áreas de Reserva Legal e de
Preservação Permanente, nessas pequenas áreas, terá um processo de licenciamento ambiental
simplificado, sendo apenas necessária uma simples declaração do órgão ambiental, desde que o
imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural, que terá procedimento simplificado e registro da
reserva legal gratuito.
Da mesma forma, o manejo sustentável da reserva legal para exploração florestal eventual,
sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo no próprio imóvel, independe de
autorização dos órgãos ambientais competentes, mas fica limitada a retirada anual de material
lenhoso a dois metros cúbicos por hectare (art. 56, § 1.º, do Código Florestal).
Ademais, na integralização da área de reserva legal, poderão ser computados os plantios de
árvores frutíferas, ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em
sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas da região em sistemas agroflorestais. Essas
pequenas propriedades ainda foram desobrigadas de promover a reposição florestal, desde que a
matéria-prima utilizada se destine ao consumo próprio. Finalmente, foi prevista para atender
prioritariamente à pequena propriedade ou posse rural a criação de um Programa de Apoio Técnico
e Incentivos Financeiros, com a inclusão de medidas indutoras e linhas de financiamento, desde que
adotadas medidas benéficas ao ambiente, tais como a conservação da reserva legal acima dos
percentuais mínimos e a recuperação de áreas degradadas.
13. JURISPRUDÊNCIA
O Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, juntamente com a União e o Estado-
membro/DF, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja harmônico com a
disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c. o art. 30, I e II, da CF/88). O STF
julgou inconstitucional lei municipal que proíbe, sob qualquer forma, o emprego de fogo para limpeza
e preparo do solo. Entendeu a corte que seria necessário ponderar, de um lado, a proteção do meio
ambiente obtida com a proibição imediata da queima da cana e, de outro, a preservação dos
empregos dos trabalhadores que atuem neste setor. No caso, o STF entendeu que deveria
prevalecer a garantia dos empregos dos trabalhadores.
Adicionalmente, entendeu o STF que Lei Municipal que proíbe, sob qualquer forma, o emprego de
fogo para fins de limpeza do solo é inconstitucional por violar norma federal que estabelece a
extinção gradativa do uso do fogo como meio facilitador da atividade. Plenário. RE 586224/SP, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 5/3/2015 (repercussão geral)
Entendeu o STF que é inconstitucional lei estadual prevendo a possibilidade de supressão de vegetal
em Área de Preservação Permanente (APP) para a realização de “pequenas construções com área
máxima de 190 metros quadrados, utilizadas exclusivamente para lazer”. Para a Corte, essa lei possui
tanto vício de inconstitucionalidade formal, como material.
Existe inconstitucionalidade formal, pois o Código Florestal, que é a lei federal que prevê as normas
gerais sobre o tema (art. 24, § 1º, da CF/88), não permite a instalação em APP de edificação com
finalidade meramente recreativa. Adicionalmente, também existe inconstitucionalidade material,
pois houve excesso da lei estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, cujo titular é a coletividade, em face do direito de lazer individual. STF.
Plenário. ADI 4988/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/9/2018 (Info 916).
Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no Cadastro
Ambiental Rural (CAR). A Lei nº 12.651/2012 (novo Código Florestal) instituiu o Cadastro Ambiental
Rural (CAR), que passou a concentrar as informações ambientais dos imóveis rurais, sendo
dispensada a averbação da reserva legal no Registro de Imóveis (art. 18, § 4º). Assim, ante esse novo
cenário normativo, como condição para o registro da sentença de usucapião no Cartório de Registro
de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no CAR. A nova lei não pretendeu reduzir
a eficácia da norma ambiental, pretendeu tão somente alterar o órgão responsável pelo "registro"
da reserva legal, que antes era o Cartório de Registro de Imóveis, e agora passou a ser o órgão
ambiental responsável pelo CAR. STJ. 3ª Turma. REsp 1.356.207-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 28/4/2015 (Info 561).
Entendeu o STJ que a legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo de proteção marginal
dos cursos d'água, em toda sua extensão, fixado pelo Código Florestal. Para a Corte, a norma federal
geral conferiu uma proteção mínima, cabendo à legislação municipal somente intensificar o grau de
proteção às margens dos cursos d'água, ou quando muito, manter o patamar de proteção. Dessa
forma, não poderia reduzir a proteção ambiental. STJ. 2ª Turma. AREsp 1.312.435-RJ, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 07/02/2019 (Info. 643).
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – SNUC
1. DISPOSIÇÕES GERAIS
Conceitos (Importante Memorização) - art. 2º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se
por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
(importante definição)
II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza,
compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável,
a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa
produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações,
mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações
das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em
geral;
III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas
as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres,
marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos
de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de
espécies, entre espécies e de ecossistemas;
IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora;
V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que
visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas,
além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a
simplificação dos sistemas naturais;
VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de
alterações causadas por interferência humana, ADMITIDO APENAS O
USO INDIRETO dos seus atributos naturais;
VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats
naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de
espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas
ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades
características;
VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a
conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas;
IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou
destruição dos recursos naturais;
X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos
recursos naturais;
XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a
perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos
ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos
ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável;
XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração,
de modo sustentável, de recursos naturais renováveis;
XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população
silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser
diferente de sua condição original;
XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população
silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original;
XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de
conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o
propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os
objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e
eficaz;
XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com
fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se
estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da
área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das
estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de
conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e
restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos
negativos sobre a unidade; e
XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou
seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre
elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão
de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência
áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.
Consoante o inciso I, do Art. 2°, da Lei do SNUC, Unidade de Conservação se constitui no
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção.
Nesse contexto, as Unidades de Conservação podem ser definidas como áreas públicas ou
privadas destinadas à proteção, integral ou parcial, da diversidade biológica, da paisagem e dos
recursos naturais, no intuito de resguardar a qualidade ambiental da coletividade por meio de um
regime especial de fruição. Essas áreas particulares incluídas dentro de UC públicas serão
desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
Uma unidade de conservação da natureza pode ser instituída tanto pela União, quanto pelos
Estados, DF e municípios. O conjunto de unidades de conservação de todos os entes federados forma
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Corroborando tal entendimento, a lei
Complementar 140/ 2011 reconhece como ação administrativa da União (art. 7º, X), dos Estados (art.
8º, X) e dos municípios (art. 9°, X) a definição de seus espaços protegidos no âmbito de sua
competência.
Órgãos do SNUC - art. 6º - O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas
atribuições:
I - Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente - Conama, com as atribuições de acompanhar a
implementação do Sistema;
II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de
coordenar o Sistema; e
III - Órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter
supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de
implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as
unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas
respectivas esferas de atuação.
ATENÇÃO!! A execução das ações referentes à PNMA, que antes era atribuição exclusiva do
IBAMA, passou a ser do Instituto Chico Mendes (autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio
Ambiente). Dessa forma, o IBAMA permaneceu somente com a possibilidade de exercício do poder
de polícia supletivamente, nos casos de omissão do Instituto Chico Mendes.
Criação das Unidades de Conservação (art. 22) - São criadas por Ato do Poder Público, ou
seja, por LEI OU DECRETO DO PODER EXECUTIVO (Federal, Estadual ou Municipal).
Da mesma forma, a ampliação das unidades de conservação também pode ser realizada por
meio de lei ou decreto do executivo. Entretanto, SUA REDUÇÃO (OU SUPRESSÃO) SOMENTE PODE
OCORRER ATRAVÉS DE LEI (art. 225, parágrafo 1º, III da CF).
I - ESTAÇÃO ECOLÓGICA (art. 9º) - A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da
natureza e a realização de pesquisas científicas.
Esta unidade é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em
seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o
que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.
Nessas unidades a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável
pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.
Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de:
I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados;
II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;
III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado
pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área
correspondente a no máximo três por cento (3%) da extensão total da unidade e até o limite de um
mil e quinhentos (1.500) hectares.
II - RESERVA BIOLÓGICA (art. 10) - A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação
integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana
DIRETA ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus
ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio
natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.
A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas
em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
Nessas unidades é proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de
acordo com regulamento específico.
Nesta unidade, a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como
àquelas previstas em regulamento. As modificações ambientais permitidas são apenas:
a) Medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados;
b) Ações de manejo necessárias para recuperar e preservar;
c) Equilíbrio natural;
d) Diversidade biológica;
e) Processos ecológicos naturais.
III - PARQUE NACIONAL (art. 11) - O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação
de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização
de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental,
de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
Esta unidade é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em
seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. É forma de conservação in situ.
Nele, é absolutamente vedada a exploração econômica dos recursos naturais.
Nesta unidade a visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano
de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e
àquelas previstas em regulamento.
Por fim, a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como
àquelas previstas em regulamento.
Se criadas por Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e
Parque Natural Municipal.
IV - MONUMENTO NATURAL (art. 12) - O Monumento Natural tem como objetivo básico
preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.
Esta unidade pode ser constituída por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários. Entretanto, havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades
privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão
responsável pela administração da unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso
da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.
Por fim, nesta unidade a visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas
no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração e àquelas previstas em regulamento.
V - REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE (art. 13) - O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo
proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de
espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.
Esta unidade pode ser constituída por áreas particulares, desde que seja possível
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários. Entretanto, havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades
privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão
responsável pela administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o
uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.
Nesta unidade a visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano
de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e
àquelas previstas em regulamento.
Por fim, a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como
àquelas previstas em regulamento.
I - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (art. 15) - A Área de Proteção Ambiental é uma área em
geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos,
estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das
populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Esta é constituída por terras públicas ou privadas. Respeitados os limites constitucionais,
podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada
em uma Área de Proteção Ambiental.
As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio
público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. Disporá de um Conselho presidido pelo
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e da população residente, conforme regulamento.
Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para
pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.
O tratamento especial dado à APA pela Lei Complementar 140/2011, mais especificamente
no tocante ao licenciamento ambiental, e à supressão de vegetação em unidades de conservação. A
definição de competência para promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades e para aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras
em unidades de conservação não observa o critério do ente federativo instituidor – que é o critério
geral, de modo que essa competência será definida conforme os critérios da predominância do
interesse.
(CESPE – 2006 – TRF 4ª Região – Juiz Federal) No regime jurídico das Áreas de Proteção
Ambiental (APAs), consoante a Lei nº 9.985/2000 (que instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza - SNUC), as propriedades particulares
permanecem na posse e domínio dos proprietários, os quais deverão adequar suas
atividades às funções socioambientais da APA. (CERTO)
III - FLORESTA NACIONAL (art. 17) - A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal
de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos
recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de
florestas nativas.
A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas
em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam
quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da
unidade.
A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da
unidade pelo órgão responsável por sua administração.
A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e
àquelas previstas em regulamento.
A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por
sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes.
IV - RESERVA EXTRATIVISTA (art. 18) - A Reserva Extrativista é uma área utilizada por
populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,
complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem
como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da unidade.
A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas
tradicionais conforme disposto na lei e em regulamentação específica, sendo que as áreas
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se
dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.
A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo
com o disposto no Plano de Manejo da área.
A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às
normas previstas em regulamento.
Nessas unidades são proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou
profissional.
A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em
situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista,
conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
V - RESERVA DE FAUNA (art. 19) - A Reserva de Fauna é uma área natural com populações
animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para
estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.
A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas
em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de
acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração.
Nessa unidade é proibido o exercício da caça amadorística ou profissional.
A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao
disposto nas leis sobre fauna e regulamentos.
Criadas por ato do Poder Público: Para Paulo Bessa Antunes, a criação se dá por decreto,
enquanto para Vladimir Passos de Freitas, por lei, decreto ou resolução. Frederico Amado entende
que a criação ocorre por lei ou decreto.
A depender da modalidade, podem ser compostas de área pública ou particular. Neste último
caso, será necessária sua desapropriação, por utilidade pública. A Lei do SNUC, no art. 45, exclui da
indenização as espécies arbóreas declaradas imunes ao corte, os lucros cessantes, juros compostos
e áreas sem prova inequívoca do domínio anterior.
A criação deve ser precedida de estudos técnicos e consulta pública. A consulta pública,
concretização do princípio democrático, visa subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos
limites mais adequados (art. 5º, Dec. 4.340/02). O STF (MS 24.184/2003) já decidiu que ela não pode
ser dispensada, sob pena de invalidade do ato de criação, apesar de não ser vinculativa. Frise-se que
a consulta pública é DISPENSADA para ESTAÇÕES ECOLÓGICAS e RESERVAS BIOLÓGICAS, uma vez
que o interesse público é presumido. A mera ampliação dos limites territoriais, sem redução em
outras áreas, depende dos requisitos da criação. No MS 25.347/2010, o STF entendeu não haver
ilegalidade na criação de mais de um tipo de UC pelo mesmo procedimento administrativo.
A desafetação ou redução dos limites de uma UC apenas pode se dar por meio de lei
específica. (exceção ao princípio do paralelismo das formas), já que o art. 225, §1º, III, CRFB, afirma
que alteração e supressão somente podem ser feitas por lei.
Durante os estudos técnicos, podem ser instituídas limitações administrativas provisórias ao
exercício de atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação
ambiental, pelo prazo improrrogável de sete meses. Essas limitações visam a proteção cautelar da
área, quando houver risco de dano grave aos recursos ali existentes, a critério do órgão competente.
Nelas, não serão permitidas atividades que importem em exploração a corte raso da floresta e demais
vegetações nativas. Ficam ressalvadas as atividades agropecuárias e outras atividades econômicas
em andamento, bem como obras públicas licenciadas (art. 22-A, Lei 9.985/2000).
Zona de amortecimento é o entorno de uma UC, onde as atividades humanas estão sujeitas
a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a UC
(art. 2º, XVIII, Lei do SNUC). Todas as UC devem possuir uma zona de amortecimento, salvo as Áreas
de proteção ambiental e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (art. 25, caput).
Pela inexistência de definição dos limites em lei, eles podem ser definidos no ato de criação
da UC ou posteriormente, devendo ser ouvidos os proprietários e possuidores das áreas.
Cabe ao órgão de administração da UC estabelecer normas específicas regulamentando a
ocupação e o uso dos recursos da zona. Se o regime for incompatível com o uso anterior da
propriedade, o Poder Público deve indenizar o proprietário, ou, em último caso, deve desapropriar.
A zona de uma UC de proteção integral, uma vez definida formalmente, não pode ser
transformada em zona urbana.
2.3. Corredor ecológico:
É documento técnico mediante o qual se estabelece seu zoneamento e as normas que devem
presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas
físicas necessárias à gestão da UC. Tem caráter vinculante.
OBS: Zoneamento é a definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com
objetivos de manejo e normas específicas, com o intuito de proporcionar os meios e as condições
para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz.
O plano, que deve ser elaborado em até 5 anos a partir da criação da UC, deve abranger a
área da UC, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, devendo incluir medidas com
o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.
É garantida a ampla participação da população residente na atualização e implementação
em Reservas Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Áreas de Proteção Ambiental
e, quando couber, das Florestas Nacionais e Áreas de Relevante Interesse Ecológico.
Nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais UC, o plano de
manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de organismos
geneticamente modificados, observada as informações técnicas da CTNBio (Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança) sobre:
a) O registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres;
b) As características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente
modificado;
c) O isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus
ancestrais diretos e parentes silvestres; e
d) Situações de risco do organismo geneticamente modificado à biodiversidade.
Pode ser cobrada quando se tratar de unidade de conservação de proteção integral, e seus
recursos devem ser aplicados nas áreas. Não foram definidos pressupostos básicos da cobrança.
Em que pese a lei 9.985/2000 não ter definido o termo, a ideia de populações tradicionais
está essencialmente ligada à preservação de valores, de tradições, de cultura. O Decreto 6.040/2007,
art. 3º, I, que aprovou a política nacional de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades
tradicionais define como: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que
possuem recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
São considerados como tal os povos indígenas, quilombolas, seringueiros, pescadores
artesanais, extrativistas, caiçaras, entre outros. É possível sua manutenção, desde que observem o
regime jurídico de utilização dos recursos de cada modalidade, nas:
a) Áreas de proteção ambiental
b) Áreas de relevante interesse ecológico
c) Florestas nacionais
d) Reservas extrativistas
e) Reservas de desenvolvimento sustentável
Nas UC que não podem mantê-los, por manifesta incompatibilidade, as populações serão
indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo poder
público em lugar e condições acordados entre as partes, devendo o poder público priorizar o seu
reassentamento. Até que isso ocorra, serão estabelecidas normas e ações específicas destinadas a
compatibilizar a sua presença.
Espaços Protegidos Não Incluídos na Lei Do SNUC. Terras Indígenas. Cultivo de Organismos
Geneticamente Modificados (OGM)
Há espaços que as normas anteriores à Lei do SNUC definiam como espaços ambientalmente
protegidos, e não foram abarcados pela lei do SNUC, tais como jardins botânicos e jardins
zoológicos. O artigo 55, da Lei do SNUC, estabelece que eles deverão ser reavaliados, no todo ou
em parte, com o objetivo de serem enquadrados nas categorias criadas pela Lei 9.985/00.
Enquanto não são tomadas as providências, aquelas áreas ambientalmente protegidas continuam
existindo.
Já as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União (art. 20, XI, CF) e
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos
rios e dos lagos nelas existentes (art. 231, § 2º, CF). Todavia, as terras indígenas, apesar de sua
relevância ambiental, não estão compreendidas como espécie de unidade de conservação da
natureza da Lei do SNUC.
Além do mais, em respeito ao princípio da precaução, com base nas incertezas científicas
sobre os possíveis impactos do cultivo dos transgênicos ao meio ambiente e à saúde, são vedados
a pesquisa e o cultivo de OGM (organismos geneticamente modificados) nas terras indígenas,
assim como nas áreas de Unidades de Conservação (exceto nas Áreas de Proteção Ambiental -
APA), de acordo com o art. 1º, da Lei 11.460/2007. Já que as terras indígenas são equiparadas às
APP's para efeito de exploração dos recursos florestais, apenas as próprias comunidades indígenas
podem explorar tais recursos, ainda assim em regime de manejo florestal sustentável, respeitando
as características ambientais da área.
Cabe Poder Público fazer o levantamento nacional das terras devolutas e definir quais serão
as destinadas à conservação da natureza (art. 43, Lei do SNUC), que, indispensáveis à preservação
ambiental, são bens da União (art. 20, 11, CRFB/1988), e podem ser classificadas como bens
públicos de uso especial, por terem destinação pública específica.
Do mesmo modo que as terras devolutas indispensáveis à proteção ambiental, também são
bens da União as ilhas oceânicas e costeiras (art. 20, IV, CF), com exceção das áreas que estiverem
no domínio do estado-membro (art. 26, II, CF). A lei do SNUC atribui às ilhas oceânicas e costeiras
relevante função ambiental, estabelecendo que se destinam, prioritariamente, à proteção da
natureza. Nesse sentido, de acordo com a lei do SNUC, a destinação das ilhas costeiras e oceânicas
para fins que não sejam de proteção ambiental deve ser precedida de autorização do órgão
ambiental competente (art. 44, da Lei do SNUC).
(CESPE – 2006 – TRF 5ª Região - Juiz Federal) As terras devolutas, em regra, pertencem aos estados,
sendo consideradas bens dominiais. No entanto, as áreas de proteção ambiental localizadas em
terras devolutas são bens de uso especial e pertencem à União. (CERTO)
3. JURISPRUDÊNCIA
1. DEFINIÇÕES RELACIONADAS
A título de introdução, é oportuno registrar que a responsabilidade civil por danos ambientais
é um tema alvo de inúmeras indefinições, mas é certo que tem um regime jurídico próprio, pois sofre
o influxo de normas específicas ambientais, apenas se utilizando as normas dos demais ramos
jurídicos supletivamente no que for compatível, especialmente do Direito Civil e Administrativo.
Definição de Degradação da Qualidade Ambiental - art. 3º, II da Lei 6.938/81 – Entende-se
por degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
Definição de Poluição - art. 3º, III da Lei 6.938/81 - Poluição, a degradação da qualidade
ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
Definição de Poluidor - art. 3º, IV da Lei 6.938/81 - Poluidor, a pessoa física ou jurídica, de
direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de
degradação ambiental.
O poluidor direto é aquele que promove imediatamente a degradação ambiental, a exemplo
de um agricultor que executa a derrubada de uma floresta.
Já o poluidor indireto, conquanto não realize diretamente a degradação ao ambiente, faz
parte da cadeia que ensejou a lesão ambiental, a exemplo de uma instituição financeira que liberou
os recursos ao agricultor sem exigir previamente a licença ambiental.
A responsabilidade civil advém de ato contrário à ordem jurídica e tem como fato gerador o
comportamento humano (conduta), de modo que é garantido à vítima o direito de restaurar a
situação anterior, ressarcindo-lhe pelo prejuízo causado e oriundo de violação a direito. Com efeito,
a responsabilidade civil finaliza impor a determinada pessoa o dever de indenizar o dano causado a
outrem; é, pois, seu fim precípuo o restabelecimento do status quo ante. Ele decorre, naturalmente,
do princípio do poluidor-pagador.
É um a responsabilidade objetiva, por risco integral, cujo nexo de causalidade é robustecido
de modo a não se romper por causas que, normalmente, o romperiam.
ATENÇÃO: Apesar do robustecimento do nexo de causalidade, ainda é necessário prová-lo.
Ainda em termos constitucionais, é competência concorrente entre a União, os estados e o
Distrito Federal legislar sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente, com espeque no artigo
24, VIII, cabendo aos municípios editar normas suplementando as federais e estaduais, de acordo
com o interesse local.
Responsabilidade Objetiva do Poluidor - art. 14, § 1º da Lei 6.938/81 – “Sem obstar a
aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, INDEPENDENTEMENTE DA
EXISTÊNCIA DE CULPA, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade”, mas a Constituição federal não prevê, de forma expressa e específica,
a reparação objetiva do dano ambiental.
Um dos motivos da introdução da responsabilidade objetiva no direito ambiental foi a
circunstância de que os danos ambientais são causados ou por grandes corporações econômicas ou
pelo próprio Estado, o que torna quase impossível a comprovação da culpa desses agentes
causadores de degradação ambiental. Nesse sentido, a
jurisprudência do STJ vem aplicando o Princípio da Reparação Integral nas ações civis públicas
que objetivam a reparação do dano ambiental, a fim de impedir qualquer margem de lucro para os
responsáveis (RESP n° 625.249. Rel Min. Herman Benjamin. Segunda Turma. DJE 15/08/2006).
A responsabilidade objetiva conforma uma obrigação de indenizar, a qual é atribuída ao
agente causador do dano, pouco importando se agiu ou não com culpa, isto é, É-LHE ATRIBUÍDA A
RESPONSABILIDADE CIVIL POR TER ASSUMIDO O RISCO AO DESENVOLVER A ATIVIDADE. Além
disso, também é irrelevante a licitude da atividade desenvolvida, pois o fato de a conduta do
agente causador do dano ter sido autorizada pelo poder competente e ter obedecido aos padrões
técnicos ao exercício de sua atividade não exclui o dever de indenizar.
Com efeito, a degradação tolerada socialmente, amparada em regular licenciamento
ambiental, dentro dos padrões fixados pela legislação ambiental, não isenta o poluidor de responder
civilmente pelos danos ambientais, pois a reparação não tem a natureza jurídica de sanção civil, já
que visa recompor o estado ambiental anterior ou compensá-lo.
Legitimidade do MP - O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade CIVIL e CRIMINAL, por danos causados ao meio ambiente.
Obrigação de Reparar Prevista na CF - art. 225, § 2º da CF - Aquele que explorar recursos
minerais fica obrigado a RECUPERAR o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Responsabilidade Prevista na CF - art. 225, § 3º da CF - As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, A SANÇÕES PENAIS E
ADMINISTRATIVAS, INDEPENDENTEMENTE DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR OS DANOS CAUSADOS.
Responsabilidade Objetiva por Danos Nucleares - art. 21, XXIII, “d” da CF – A
responsabilidade civil por danos nucleares INDEPENDE DA EXISTÊNCIA DE CULPA.
Outra questão peculiar é que, no direito ambiental, existem inúmeras especificidades que
impedem a adoção integral da linha privatística, pois, tecnicamente, o dano ambiental normalmente
é irreparável in natura, de modo que uma floresta desmatada, por exemplo, não poderá ser
reintegrada na mesma forma que a originária, podendo-se no máximo reflorestar e constituir novo
ecossistema similar. Assim, uma vez impossibilitada a restauração em espécie, que é prioritária,
dever-se-á partir para uma compensação ambiental ou, em último caso, para a indenização em
pecúnia.
1.1.1. Responsabilidade Solidária entre Poluidores
Súmula 623/STJ: “As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível
cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.”
Aplica-se, na responsabilidade ambiental, a Teoria do Bolso Profundo, segundo a qual é o
autor da ação que escolhe contra quem demandar. Há, com o visto acima, um a obrigação solidária
com litisconsórcio facultativo.
Deep Pocket Doctrine (Doutrina do Bolso Profundo)
Deep Pocket doctrine possui origem no Direito norte-americano e preconiza que havendo vários
responsáveis pelo dano ambiental, e sendo de difícil aferição a responsabilidade de cada um, deve-
se transferir o ônus da reparação aquele que possui as melhores condições financeiras, daí o termo
“bolso profundo”, pois se remeteria a um bolso com bastante dinheiro.
Nesse sentido, afirma Frederico Amado:
“Há uma tendência específica no Direito Ambiental em buscar responsabilizar quem tem mais
condições de arcar com os prejuízos ambientais, com base na doutrina americana do “bolso
profundo”, uma vez que prevalece que todos os poluidores são responsáveis solidariamente pelos
danos ambientais”.
Ante o exposto, o Estado responde pelos danos ambientais objetivamente, quer por
conduta COMISSIVA, quer por conduta OMISSIVA.
Responsabilidade Subsidiária - Conquanto a responsabilidade do Estado seja objetiva, ela é
de EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA. Dessa forma, somente quando os particulares, diretamente causadores
do dano ambiental, não tiverem patrimônio para responder pelos danos causados o Estado será
responsabilizado.
EXEMPLO: Omissão de fiscalização. Não há teoria da falha do serviço, pois a responsabilidade,
em si, é objetiva. Portanto, o Estado possui um a “obrigação solidária” com “execução subsidiária”.
A súmula destaca, ainda, que a obrigação ambiental é propter rem, tendo natureza real. Se o
sujeito comprar um a área já desmatada, mesmo sem ter nexo de causalidade com o desmatamento
em si, haverá o nexo de causalidade a partir da propriedade ou posse da coisa.
Segundo o STJ, há responsabilidade objetiva do Estado por danos ambientais mesmo em se
tratando de omissão na fiscalização ambiental. Nesse sentido, vale colacionar passagem do
julgamento do REsp. 1.071.741, de 24.03.2009:
Direito de Regresso do Estado contra o Poluidor Direto - Mesmo que o Estado se enquadre
como poluidor indireto por sua inércia em evitar o dano ambiental, após a reparação do dano, deverá
regressar contra o poluidor direto. Nesse sentido, colaciona-se passagem do Informativo 388 do STJ:
Apesar de não haver previsão legal neste sentido, o STJ passou a admitir a inversão do ônus
da prova nas ações de reparação dos danos ambientais, com base no interesse público da
reparação e no Princípio da Precaução.
Natureza Real (propter rem) da Obrigação de Reparação - art. 2º, § 2º da Lei 12.651/2012
(Novo Código Florestal) - As obrigações previstas nesta Lei TÊM NATUREZA REAL E SÃO
TRANSMITIDAS AO SUCESSOR, DE QUALQUER NATUREZA, NO CASO DE TRANSFERÊNCIA DE
DOMÍNIO OU POSSE DO IMÓVEL RURAL.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
A pretensão reparatória do dano ambiental público/difuso/coletivo é imprescritível.
Com o visto, o STJ admite o dano moral pela violação aos direitos de personalidade da coletividade
e admite cumulação de obrigação de fazer/não fazer e pagar indenização.
Tratando-se de direito difuso, a reparação civil assume grande amplitude, com profundas
implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples risco
ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano.
Dessa forma, o direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logicidade
hermenêutica, está protegido pelo manto da IMPRESCRITIBILIDADE, por se tratar de direito
inerente à vida, fundamental e essencial à afirmação dos povos, independentemente de não estar
expresso em texto legal.
Definição - Para essa teoria, basta que presentes os pressupostos do dano e do nexo causal,
DISPENSANDO-SE AS EXCLUDENTES, como a culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso
fortuito ou força maior.
A posição que prevalece na doutrina ambiental é no sentido de que a Lei nº 6.938/81
adotou, em seu art. 14, § 1º, a RESPONSABILIDADE OBJETIVA na modalidade do RISCO INTEGRAL,
ou seja, o dever de reparação é fundamentado simplesmente pelo fato de existir uma atividade de
onde adveio o prejuízo, sendo desprezadas as excludentes da responsabilidade, como o caso
fortuito ou a força maior, ou seja, não há necessidade de verificar a intenção do agente.
Basta que se configure um prejuízo relacionado com a atividade praticada.
A teoria do risco integral foi a adotada pelo nosso ordenamento. A teoria do risco criado permite
excludentes, ao passo que, na teoria do risco integral, o nexo causal é robustecido.
Quanto à
Reparabilidade Relaciona-se aos interesses difusos, coletivos e,
eventualmente, individuais de dimensão coletiva. A reparação
Dano ambiental de
é dirigida preferencialmente ao bem ambiental de interesse
reparabilidade
coletivo, considerando-se a capacidade funcional ecológica e
indireta
a de aproveitamento humano do meio ambiente. Não
objetiva, pois, ressarcir interesses próprios e pessoais.
Dano patrimonial
Incide sobre os bens materiais. Trata-se do dano material.
ambiental
Considerando à É o dano moral ocasionado à sociedade e/ou decorrente de
extensão do Dano lesão ao meio ambiente. Abrange o dano ambiental
dano extrapatrimonial extrapatrimonial coletivo (quando atingido o macrobem
ambiental ambiental) e o dano ambiental extrapatrimonial reflexo, a
título individual (quando se referir ao microbem ambiental).
Dano ambiental de
À coletividade interessa preservar o macrobem ambiental
interesse da
para as presentes e futuras gerações;
Interesses coletividade
objetivados Aquele que se reflete no interesse particular da pessoa,
Dano ambiental de
inclusive o de defender o macrobem, tutelado via ação
interesse individual
popular.
O professor Ilan Presser abre um parêntese para falar da “intervenção móvel da Fazenda
Pública”. Ele ressalta que, apesar de não ser um assunto estritamente de Direito Ambiental, também
aparece nas provas dessa disciplina.
Se um ente público quiser deslocar-se do polo passivo para o ativo (exemplo: há um
desmatamento em um a unidade de conservação da União, e ela afirma que também foi vítima e,
portanto, quer ir para o polo ativo da demanda), é possível a intervenção móvel do ente público. Para
tanto, ele deve demonstrar de maneira concreta e indubitável que, de boa-fé e eficazmente, tom ou
as medidas necessárias saneadoras da ilicitude.
Isso é parecido com a ação de improbidade administrativa: se o ente público tomar todas as
providências para sanar a lesividade do ato, ele pode deslocar-se para o polo ativo da demanda (ele,
portanto, tem os cadastros no SIAFI e no CAUC retirados).
Isso acontece muito quando há a troca de prefeito. Se o novo prefeito ficar submetido aos
problemas da gestão anterior, ele não conseguirá governar. Portanto, a jurisprudência diz que, se ele
tomar todas as medidas para sanar o ilícito (mandar para o TCU, buscar cobrar o que é de direito do
município etc), ele não terá essa restrição.
Da mesma maneira, no dano ambiental, há um a possibilidade de intervenção móvel do ente
público. Entretanto, isso é um reconhecimento implícito do pedido.
Imagine que o poder público foi colocado no polo passivo. Ele pode fazer a intervenção móvel
se ele, de maneira concreta e indubitável, tiver um a postura extraprocessual que reconheça
implicitamente o pedido, ou seja, que vise a sanar a lesividade.
O juiz admite isso quando o ente público demonstra de maneira concreta, indubitável e de
boa-fé que tomou as providências para sanar a ilicitude e também medidas disciplinares contra
servidores omissos, ímprobo etc. Trata-se de um tema interessante para um a prova discursiva. Essa
intervenção móvel não tem preclusão. Ela pode se dar a qualquer tempo, mesmo após a
apresentação de contestação pelo ente público.
A responsabilidade civil ambiental tem caráter ambivalente ou dúplice: pode ser pública ou
privada. A pública é imprescritível, seja material ou moral [3]. O dano ambiental privado, que também
pode ser material ou moral, é prescritível (é o "dano ambiental em ricochete" ou "bumerangue").
Conforme a tese n. 10 do Jurisprudência em Teses visto acima, o pescador tem direito ao dano
moral ambiental pela privação de suas condições de trabalho em caso de acidente ambiental.
Contudo, o Inf. 574 do STJ diz que, se o causador for um empreendimento lícito e licenciado,
como, por exemplo, um a usina hidrelétrica, o pescador não terá direito a dano moral ambiental
individual, porque oneraria o contrato de concessão.
Fora essa situação, o acidente ambiental dá direito ao dano moral ambiental individual
privado, que é prescritivo e não tem caráter punitivo.
Segundo o STJ, é legítima a fixação de indenização, por dano m oral ambiental privado, de
R$3.000,00 por pescador. Isso porque o caráter punitivo é do direito penal e administrativo. No dano
ambiental material individual é preciso abater da indenização o período de defeso, posto que, no
período de defeso, o sujeito já recebe a mensalidade para não pescar.
Logo, por exemplo, em razão do acidente de Mariana, da mineradora Hydro em Barcarena e
de Brumadinho, os pescadores profissionais que nesses locais viviam não podem m ais pescar em
razão da contam inação. O STJ disse, em repetitivo, que há o direito ao dano material e m oral
individual (que não tem caráter punitivo).
Este foi o caso em que o STJ disse que não há caráter punitivo: Resp 1.354.536-SE (Inf.
538/STJ). O caso envolve um acidente ocorrido em 2008, quando subsidiária da Petrobras deixou
vazar para as águas do rio Sergipe cerca de 43 mil litros de amônia, que resultou em dano ambiental
provocando a morte de peixes e frutos do mar e quebra da cadeia alimentar do ecossistema fluvial
local.
Nesse caso, o STJ afirmou que há legitimidade para pedir indenização por dano ambiental que
resultou na redução da pesca, com o registro de pescador profissional e a habilitação ao seguro-
desemprego, durante o período de defeso, que, somados a outros elementos de prova, são idôneos
à sua com provação.
Lembrando que a emissão da carteira pode ser posterior ao dano ambiental (está, inclusive,
no Jurisprudência em Teses n. 119).
Isso é muito utilizado para ações de segurado especial. O início de prova material legítimo é
a carteira de pescador profissional, pois o STJ disse que esta legitima o pedido de indenização.
Portanto, o que há é um a responsabilidade por dano ambiental objetiva pela teoria do risco
integral. Em regra, ela não admite excludentes. Quem explora atividade econômica se coloca na
posição de garantidor da preservação ambiental.
É inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo
imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e administrativo. Dano moral
individual não tem caráter punitivo.
Em suma: o dano moral individual não tem caráter punitivo e, no dano material, deduz-se o
período de defeso, pois o sujeito já recebeu o seguro defeso.
A compensação pelos danos morais tem um a função preventiva essencial de eliminar fatores
capazes de produzir riscos intoleráveis. Contudo, não há que se falar em punitive damages no direito
brasileiro, que não consagra esse instituto do direito comparado.
O STJ admite também a possibilidade de dano moral coletivo. Ele não decorre apenas do
dano material coletivo (que, no Direito Ambiental, é o dano ambiental público), sendo necessário
que haja algum a demonstração. Não incide a teoria subjetiva do dano moral. Isto é, não é necessário
comprovar dor, sofrimento, humilhação ou constrangimento. Incide, tanto para o individual quanto
para o público, a teoria objetiva do dano moral. Em outras palavras, é um a violação objetiva a um
dos direitos da personalidade. No caso do dano moral coletivo, violação dos direitos objetivos da
coletividade.
A Constituição federal, no seu artigo 225, § 3º, prevê a incidência cumulativa das sanções
administrativas e penais contra os infratores ambientais, independentemente da reparação civil dos
danos. Desse modo, uma conduta poderá gerar a responsabilidade das pessoas físicas ou jurídicas
nas três instâncias, que são independentes e autônomas.
Tendo em vista que a regra geral é a competência material comum entre todos os entes
políticos para proteger o meio ambiente e controlar a poluição em todas as suas formas (art. 23, IV,
da CF), assim como legislar concorrente sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição
(art. 24, VI, da CF) ‒ cada qual terá a atribuição de instituir as suas próprias infrações administrativo-
ambientais por lei, que culminarão com a aplicação de penalidades administrativas com base no
poder de polícia ambiental, observado o devido processo legal, especialmente com a ampla
possibilidade de defesa, mediante a oportunização de instrução probatória, representação por
advogado e recurso a autoridade superior, entre outras garantias.
Para José Afonso da Silva, a responsabilidade administrativa fundamenta-se na capacidade
que têm as pessoas jurídicas de direito público de impor condutas aos administrados. Esse poder
administrativo é inerente à Administração de todas as entidades estatais – União, Estados, Distrito
Federal e Municípios - nos limites das respectivas competências institucionais.
Dessa forma, a responsabilização administrativa decorre da infração às normas
administrativas de proteção ambiental e enseja a imposição de uma sanção ao sujeito infrator.
Ambas, a infração e a sanção, devem estar previstas em lei em atenção ao princípio da
legalidade, que deve necessariamente reger os atos administrativos.
Poder de Polícia - De forma simplificada é o poder que a Administração Pública exerce sobre
todas as atividades e bens que afetam ou possam afetar a coletividade.
Desta feita, o chamado poder de polícia ambiental consiste na tutela da Administração
Pública sobre as atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, tendo em vista o direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Essa obrigação é um corolário do caput
do art. 225 da Constituição Federal, que impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender
e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações (AMADO, Frederico. Direito
Ambiental. 4 ed. São Paulo: Forense, 2014, p. 134).
Se o poder de polícia é monopólio do Estado, o poder de polícia ambiental só pode ser
exercido pelos órgãos ambientais integrantes do SISNAMA e pela Capitania dos Portos, conforme
estabelece o § 1°, do art. 70, da Lei n. 9.605/98. Os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA com
poder de polícia são aqueles responsáveis pela emissão de atos administrativos autorizativos, pela
fiscalização e pela imposição de sanções administrativas ambientais, seja em âmbito federal,
estadual, distrital seja municipal.
A competência para o licenciamento ambiental não se confunde com a atribuição para
exercer a fiscalização ambiental, podendo ser exercidos por diferentes esferas, já que todos os entes
federados têm competência constitucional comum para o controle da poluição, na forma do artigo
23, VI, da Constituição federal.
Entretanto, de acordo com o artigo 17, caput, da Lei Complementar 140/2011, compete ao
órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou
atividade lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de
infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou
autorizada.
Nos termos do § 3°, do mesmo dispositivo, essa competência não impede os entes federativos
da atribuição comum de fiscalizar a conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor,
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
licenciamento ou autorização.
Ao fim, o art. 7º, XIII, da LC 140/2011, assevera que compete à União exercer o controle e
fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar,
ambientalmente, for cometida à União. O mesmo foi previsto para os estados, o Distrito Federal e os
municípios nos artigos 8º, XIII, e 9º, XIII, todos da Lei Complementar 140/2011, sendo esta a regra
atual: ordinariamente, quem licenciou é que irá fiscalizar.
Definição de Infração Administrativa - A infração administrativa é o descumprimento
voluntário de uma norma administrativa para o qual se prevê sanção cuja imposição é decidida por
uma autoridade competente no exercício da função administrativa.
O STJ vem admitindo que a lavratura dos autos de infração pelo IBAMA não é atividade
exclusiva dos analistas ambientais, desde que haja designação para atual na fiscalização ambiental.
Nesse sentido, conforme entendimento sedimentado pelo STJ, o ato administrativo deverá ser
anulado se o servidor que lavrar o auto de infração não estiver designado para fazê-lo.
O auto de infração deverá ser lavrado em impresso próprio, com a identificação do autuado,
a descrição clara e objetiva das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respectivos
dispositivos legais e regulamentares infringidos, não devendo conter emendas ou rasuras que
comprometam sua validade (art. 97 do Decreto 6.514/2008).
Caso apresente vício sanável, caberá a convalidação do auto de infração pela autoridade
administrativa superior, desde que seja reaberto novo prazo de defesa ao autuado, a exemplo de
mácula em sua forma. Todavia, o vício insanável ensejará a pronúncia de nulidade do auto de
infração e o arquivamento do processo administrativo, assim considerado aquele em que a correção
da autuação implica modificação do fato descrito no auto de infração. O erro no enquadramento
legal da infração não implica vício insanável, podendo ser alterado pela autoridade julgadora
mediante decisão fundamentada, que retifique o auto de infração.
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e
flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de
qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
XI - restritiva de direitos.
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo
período de até três anos.
1.2.1. Advertência
A multa simples ‒ que terá por base a unidade, o hectare, o metro cúbico, o quilograma ou
outra medida pertinente de acordo com o objeto jurídico lesado, cabendo ao órgão ambiental
especificar e justificar a escolha da unidade de medida aplicável (art. 74 da Lei 9.605/1998) ‒ será
aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo, não sanar as irregularidades no prazo
consignado na advertência ou opuser embaraço à fiscalização (§ 3°, do art. 72, da Lei n. 9.605/98).
Nesse contexto, a multa simples é aplicada em função de uma infração administrativa
ambiental comum. Caso haja a ocorrência de uma infração administrativa continuada, poderá a
autoridade ambiental aplicar a multa diária (§ 5°, do art. 72, da Lei n. 9.605/98).
Normalmente a multa diária é aplicada quando a irregularidade permanece mesmo após a
aplicação da multa simples, embora nada impeça que aquela modalidade de multa seja aplicada
diretamente. Os valores arrecadados com as multas serão revertidos para o Fundo Nacional do Meio
Ambiente, para o Fundo Naval ou para os fundos estaduais, distrital e municipais de meio
ambiente, de acordo com o órgão responsável pela lavratura do auto de infração da (art. 73, da Lei
n. 9.605/98).
Quando houver dano direto ao meio ambiente e a recuperação da área degradada não puder
ocorrer naturalmente ‒ a multa simples pode ser convertida em prestação de serviços ambientais,
contribuindo, de forma mais efetiva, para a preservação, a melhoria e a recuperação do meio
ambiental (§ 4°, do art. 72, da Lei n. 9.605/98).
Regulamentando essa disposição, o artigo 141, do Decreto 6.514/2008, veda a referida
conversão da multa quando não houver dano direto ao meio ambiente ou quando a recuperação da
área degradada puder ser realizada pela simples regeneração natural.
Se o mesmo fato que originou o auto de infração lavrado pelo IBAMA foi objeto de multa
administrativa aplicada pelo órgão estadual ou pelo órgão municipal de meio ambiente, caberá ao
infrator fazer o pagamento junto à entidade que escolher. O art. 76, da Lei n. 9.605/98, foi claro ao
vedar a possibilidade do bis in idem no caso de multas administrativas em matéria ambiental, pois
o pagamento de multa imposta pelos estados, municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a
multa federal na mesma hipótese de incidência.
Portanto, não é admissível que uma pessoa sofra duas sanções administrativas semelhantes
ao mesmo tempo pelo mesmo fato e sob as mesmas justificativas na mesma esfera de
responsabilização jurídica, que no caso é a responsabilidade administrativa. Somente o efetivo
pagamento da multa pode justificar o arquivamento do processo administrativo em tramitação nos
outros órgãos ambientais.
Tal dispositivo poderá gerar um conflito entre entes políticos, pois bastará uma multa
estadual, distrital ou municipal pelo mesmo fato para afastar a federal, independentemente do valor
e do momento da imposição, o que não se mostra razoável. Logo, deverá prevalecer a primeira multa
imposta, o que privilegia a célere atuação administrativa do órgão ambiental e melhor respeita a
competência comum para a preservação do meio ambiente. Em regulamentação ao artigo 76, da Lei
9.605/1998, o artigo 12 do Regulamento aponta uma interessante saída que se mostra compatível
com o atual ordenamento constitucional, pois prevê que a substituição da multa se dará até o limite
do Decreto 6.514/2008, ou seja, se a multa federal for maior, a substituição será parcial, bem como
será condicionada ao efetivo pagamento ao Poder Público local.
Contudo, o art. 76 da Lei 9.605/1998 deve ser aplicado em harmonia com o art. 17, § 3º, da
Lei Complementar 140/2011, haja vista que, na concorrência de autos de infração lavrados por
diversos órgãos ambientais, irá prevalecer a autuação da entidade que promoveu o licenciamento
ambiental, caso tenha havido esse procedimento administrativo. Caso inexista licenciamento
ambiental ou as multas pelo mesmo fato tenham sido lavradas por entidades ambientais não
concessoras da licença, haverá a aplicação do art. 76, da Lei 9.605/1998.
A ação judicial que busca anular um auto de infração ambiental deve contar com a
participação do Ministério Público como fiscal da lei, pois é evidente o interesse público da
demanda, conforme posicionamento do STJ:
Nos termos do artigo 19 do Decreto 6.514/2008, a sanção de demolição de obra poderá ser
aplicada pela autoridade ambiental, após o exercício do contraditório e da ampla defesa, à custa do
infrator, quando: (i) verificada a construção de obra em área ambientalmente protegida em
desacordo com a legislação ambiental; ou (ii) quando a obra ou construção realizada não atenda às
condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regularização.
As despesas para a realização da demolição serão pagas pelo infrator, que será notificado
para realizá-la ou para reembolsar os cofres públicos dos gastos que tenham sido efetuados pela
administração. Não será aplicada a penalidade de demolição quando, mediante laudo técnico, for
comprovado que o desfazimento poderá trazer piores impactos ambientais que sua manutenção,
caso em que a autoridade ambiental, mediante decisão fundamentada, deverá, sem prejuízo das
demais sanções cabíveis, impor as medidas necessárias à cessação e mitigação do dano ambiental.
A suspensão parcial ou total de atividades constitui medida que visa a impedir a continuidade
de processos produtivos em desacordo com a legislação ambiental. Essa penalidade implica a
interdição da atividade, devendo ser utilizada apenas quando houver possibilidade de dano
significativo ao meio ambiente ou à saúde humana.
O caput do artigo 1º da Lei 9.873/1999 contempla a regra geral a ser observada para a
contagem do prazo prescricional incidente sobre a o jus puniendi administrativo federal, a seguir
colacionado:
Lei 9.873/99
Art. 1º Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração
Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia,
objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da
data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1º Incide a prescrição no procedimento administrativo
paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou
despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante
requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o
caso.
§ 2º Quando o fato objeto da ação punitiva da Administração
também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo
previsto na lei penal.
A Lei 9.873/99 foi alterada pela Lei 11.941/2009, passando a prever o novel art. 1º-A que, se
constituído definitivamente o crédito não tributário, após o término regular do processo
administrativo, prescreve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração pública federal
relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por infração à legislação em vigor.
Nesse sentido, o STJ editou a Súmula 467, segundo a qual:
Como o meio ambiente equilibrado é um bem jurídico indisponível, o tomador do TAC (órgão
público), ao estipular as obrigações, e diante da presença de várias alternativas viáveis, deverá
escolher aquela que melhor tutele o meio ambiente, ou seja, a discricionariedade é bastante limitada
pelo interesse público envolvido.
A assinatura de TAC, extrajudicialmente, pelo Ministério Público, poderá redundar no
arquivamento total ou parcial do inquérito civil em andamento, mas não tem o condão de afastar
a ação penal, pois se trata de esfera diversa (penal), conforme pondera Eládio Lecey:
“Mesmo ocorrendo ajustamento na esfera civil e até com reparação do dano, remanescerá a
necessidade de intervenção no juízo criminal. Logicamente, tendo ocorrido termo de ajustamento
de conduta com composição do dano e sendo a infração de menor potencial ofensivo, cabível, de
regra, a transação penal, como já foi aqui destacado. Em caso de infração de médio potencial
ofensivo, constatada, posteriormente, a efetiva reparação do dano por laudo, preenchida estará
condição da suspensão do processo porventura aplicada. Finalmente, a reparação do dano poderá
influenciar, em caso de sentença condenatória, na aplicação da pena. Não terá, no entanto, o condão
de afastar a ação penal.”
2. JURISPRUDÊNCIA
A REPARAÇÃO DO DANO AO MEIO AMBIENTE É DIREITO FUNDAMENTAL INDISPONÍVEL, SENDO
IMPERATIVO O RECONHECIMENTO DA IMPRESCRITIBILIDADE NO QUE TOCA À RECOMPOSIÇÃO
DOS DANOS AMBIENTAIS
Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a atividade
econômica ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre considerado
responsável pelos danos vinculados à atividade. Logo, NÃO SE PODE ADMITIR A EXCLUSÃO DA
RESPONSABILIDADE PELO FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO OU FORÇA MAIOR. No caso concreto, a
construção de um posto de gasolina causou danos em área ambiental protegida. Mesmo tendo
havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou equivocada – isso não é causa excludente
da responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Mesmo que se considere que a instalação
do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de erro na concessão da licença
ambiental, é o exercício dessa atividade, de responsabilidade do empreendedor, que gera o risco
concretizado no dano ambiental, razão pela qual não há possibilidade de eximir-se da obrigação de
reparar a lesão verificada. STJ. 3ª Turma. REsp 1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/04/2020 (Info 671).
Os responsáveis pela degradação ambiental são co-obrigados solidários, formando-se, em regra, nas
ações civis públicas ou coletivas litisconsórcio facultativo.
A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o
nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo
descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de
responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar.
Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa, explora ou impede a regeneração de Área
de Preservação Permanente - APP, fazendo emergir a obrigação propter rem de restaurar
plenamente e de indenizar o meio ambiente degradado e terceiros afetados, sob o regime de
responsabilidade civil objetiva.
O termo inicial da incidência dos juros moratórios é a data do evento danoso nas hipóteses de
reparação de danos morais e materiais decorrentes de acidente ambiental.
Não há direito adquirido à manutenção de situação que gere prejuízo ao meio ambiente.