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SOUSA, PB.
2022
1
YGOR ALMEIDA MOTA PARENTE
SOUSA
2022
2
YGOR ALMEIDA MOTA PARENTE
Banca Examinadora
Prof. Orientador
3
Este trabalho de conclusão de curso é
dedicado a todos que contribuíram, direta
ou indiretamente, à minha formação
acadêmica até aqui.
4
AGRADECIMENTOS
5
“Escreva algo que valha a pena ler, ou
faça alguma coisa que valha a pena
escrever”
(Benjamin Franklin)
6
RESUMO
7
ABSTRACT
8
SUMÁRIO
3. JUSTIFICATIVA ....................................................................................11
4. CRONOGRAMA ....................................................................................11
5. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................12
5.1 ESTUDO DO ASSÉDIO MORAL ......................................................13
5.2 CARACTERÍSTICAS E QUALIFICAÇÕES .......................................15
5.3 DIFERENÇAS ENTRE O ASSÉDIO MORAL E ASSÉDIO SEXUAL..18
5.4 CONSEQUÊNCIAS COMO FATO SOCIAL ......................................20
5.5 CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS E ADMINISTRATIVAS DO ASSÉDIO
MORAL .............................................................................................22
5.6 O QUE MUDOU QUANTO AO ASSÉDIO MORAL COM A REFORMA
TRABALHISTA? ...............................................................................26
5.7 INDENIZAÇÕES EM CASOS DE ASSÉDIO MORAL LABORAL .....27
5.8 DA FIGURA DO DANO EXTRAPATRIMONIAL ................................28
5.9 DA FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO NOS DANOS
MORAIS ...........................................................................................29
5.10 COMO A EMPRESA PODE PREVENIR CASOS DE ASSÉDIO
MORAL? ...........................................................................................33
5.11 POLÍTICAS SINDICAIS COMO MEIO DE PREVENÇÃO ............34
6. METODOLOGIA ....................................................................................37
7. CONCLUSÃO ........................................................................................37
8. REFERÊNCIAS .....................................................................................39
9
1. INTRODUÇÃO – PROBLEMA E HIPÓTESE
2. OBJETIVOS
10
estaduais e federais que busquem prevenir e punir de maneira efetiva, com
consequências cíveis, administrativas e penais aos infratores.
3. JUSTIFICATIVA
4. CRONOGRAMA
11
MÊS/ETAPAS Mai/ Jun/ Jul/21 Ago/21 Set/21 Out/21 Nov/21 Dez/21 Jan/22 Fev/22 Mar/22
21 21
Escolha do X
tema
Levantamento X X
bibliográfico
Elaboração X X
do
anteprojeto
Coleta de X X X
dados
Análise dos X X X
dados
Organização X
do
roteiro/partes
Redação do X X
trabalho
Revisão e X X
redação final
Entrega da X
monografia
Defesa da X
monografia
5. REFERENCIAL TEÓRICO
12
a reforma trabalhista e meios de prevenção por parte das empresas. A seguir,
buscaram-se no campo do conhecimento as principais referências na definição
do conceito, dimensões e elementos, bem como a aplicação de modelos ou
tipologias relacionadas à cultura e valores organizacionais.
13
em ambiente de trabalho. Há de se conter ao crime de calúnia (art. 138 do Código
Penal Brasileiro), no qual tal delito pode ser enquadrado, a depender do caso
em tela.
14
Em sua grande maioria, a prática do assédio parte dos vínculos
hierárquicos autoritários com comportamentos assimétricos por parte dos
patrões e são direcionadas aos labutadores por um longo período de tempo,
afetando a relação da vítima com o seu próprio ambiente de trabalho, causando,
frequentemente a desistência do emprego.
15
humilhar e injuriar os seus subordinados, seja por meio de apelidos pejorativos
ou reprimindo lhes em público, ofendendo o próprio empregado e o seu pudor.
16
“O assédio moral no trabalho pode ser regular, sistemático e de
longa duração. A lesão moral, entretanto, não está diretamente
relacionada ao fator tempo e sim à intensidade da agressão: o fato
de a vítima sofrer a violência em um único momento não diminui
em absoluto o dano psicológico […].”
O assédio moral faz com que a vítima se sinta descartada sem querer.
Faz com que ela perca a vontade de viver, sinta-se solitária, jogada à própria
sorte, doente e sem valor (BARRETO, 2006, p. 190).
17
Nesse sentido, Stadler (2008, p.76) alega que o que se almeja é afetar a
estabilidade emocional e afetiva da vítima, buscando a sua demissão do atual
posto de trabalho perante as dificuldades e problemas enfrentados. Tal prática
se acentua cada vez mais, tendo em vista que não é fácil de se inserir novamente
no mercado de trabalho, pois os índices de desemprego revelam que a
quantidade de desempregados aumenta gradativamente, bem como a
competitividade pelas vagas.
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Já no assédio moral, o objetivo principal é a eliminação da vítima do
ambiente de trabalho por meio do terror psicológico, externando o trabalhador a
situações humilhantes e constrangedoras, de modo repetitivo e duradouro
durante a jornada trabalhista, levando a vítima a um abalo emocional.
Portanto, não se pode confundir o assédio sexual com o assédio moral,
este se trata de uma violência psicológica por parte do empregado ou
empregador a um outro indivíduo no ambiente de trabalho, sendo uma atitude
violenta e sem ética, por meio de atos cruéis e desumanos, ligados ao trabalho.
Dessa forma, para um melhor entendimento, são estas as principais
distinções entre as duas condutas:
Assédio Sexual:
- Apenas uma única ação já pode ser caracterizada como assédio
sexual;
- Finalidade de obter prazer por meio de atos libidinosos;
- Sua frequência e duração pouco importam, pois já tipifica o assédio
sexual por meio de uma simples conduta;
- Tem como característica a aproximação entre indivíduos (agressor e
vítima);
Assédio Moral:
- Várias ações ou omissões que, em conjunto, caracterizam o assédio
moral;
- Finalidade de prejudicar, de qualquer forma, a vítima em seu local de
trabalho, por meios físicos ou psicológicos;
- Sua frequência e duração são elementos essenciais para a
caracterização do assédio moral;
- Visa o afastamento entre duas ou mais pessoas;
19
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem
ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua
condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
exercício de emprego, cargo ou função.”(Incluído pela Lei nº
10.224, de 15 de 2001)
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de
2001)
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de
18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
20
A ocorrência de assédio moral no trabalho traz sérios prejuízos para o
indivíduo, para a organização e para a sociedade. As vítimas dessa prática, ao
se sentirem vulneráveis, não conseguem levar uma vida normal e tem a sua vida
pessoal totalmente prejudicada, e, em casos assim, a recuperação da
autoestima e a reintegração desse indivíduo na sociedade pode levar meses ou
anos.
Como constatado no presente estudo, o assédio moral gera graves
consequências a sociedade no geral, não apenas à vítima. São prejudicados
todos os envolvidos, desde a vítima até o agressor, a empresa onde acontece o
assédio e o próprio Estado. Nesse sentido, demonstra Alkimin (2005, p. 83):
21
para a sociedade no geral, por indenizações de desemprego, aposentadoria
antecipada e diminuição do índice de desenvolvimento humano (IDH).
22
entrevistados não denunciaram tal prática por vergonha, medo ou receio de
perder o emprego.
Esta situação ocorre até mesmo para ex-funcionários, que por temerem
ações represálias por parte de seus ex-empregadores ou da própria empresa
reclamada, acabam se mantendo inertes perante às condutas de assédio moral
praticadas contra a sua pessoa.
Ademais, outro quesito que dificulta o ajuizamento de tais reclamações
são as provas processuais, já que o principal meio utilizado é por provas
testemunhais. Esta seria a principal barreira a ser superada, tendo em vista que
só seria possível a partir de colegas de trabalho, e estes, por receio de
comprometerem seus empregos, se recusam a prestarem depoimentos. À vista
disso, acaba dificultando o êxito das demandas judiciais, sendo o depoimento de
testemunhas um elemento crucial para o deferimento do pleito.
Na legislação brasileira, o assédio sexual já é tipificado como crime no
Código Penal, situação diversa do assédio moral, que até a presente data não
se faz presente, a rigor, do ordenamento jurídico pátrio, apesar da tramitação do
Projeto de Lei 4742/2001, que tipifica o assédio moral no trabalho com crime,
com a introdução do art. 126-A. Pela redação, caracteriza-se como assédio
moral quem ofender reiteradamente a dignidade de alguém, causando-lhe dano
ou sofrimento físico ou mental, por conta do exercício de emprego, cargo ou
função.
O teor encontra-se em tramitação na CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça) do Senado. O texto altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940, o Código Penal brasileiro. De acordo com o projeto a causa apenas terá
início se a vítima representar contra o agressor, sendo a representação um
requisito indispensável. A proposta também prevê, com a inclusão do assédio
moral no Código Penal, a pena de detenção de um a dois anos e multa para o
crime, podendo ser agravada em até um terço, se a vítima for menor de 18 anos.
Todavia, apesar da presente ausência de tipificação penal para o
assédio moral, constantemente a jurisprudência majoritária busca proteger cada
vez mais as vítimas nos casos desse assédio em ambientes de trabalho,
principalmente se tratando de reparações civis, no sentido de punir direta e
indiretamente as empresas e empregadores que admitem tal prática em seus
ambientes de trabalho.
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Além disso, no ordenamento jurídico de alguns estados brasileiros em
específico, já existem leis esparsas que tratam sobre o tema. É o exemplo do
estado do Rio de Janeiro, no qual a Lei Estadual nº 3.921/2002 traz a redação
do assédio moral no âmbito dos órgãos, repartições, entidades da administração
centralizada, autarquias, fundações, empresas públicas ou sociedades de
economia, do Poder Legislativo, Executivo ou Judiciário, inclusive
concessionárias ou permissionárias de serviços estaduais de utilidade ou
interesse público.
Esta lei dispõe sobre “o exercício de qualquer ato, atitude ou postura que
se possa caracterizar como assédio moral no trabalho, por parte de superior
hierárquico, contra funcionário, servidor ou empregado e que implique em
violação da dignidade desse ou sujeitando-o a condições de trabalho
humilhantes e degradantes.”
Da mesma forma, outros estados adotaram leis semelhantes no tocante
à administração pública, condenando expressamente a prática do assédio moral
no ambiente de trabalho, a exemplo da Lei 12.250/2006, do Estado de São
Paulo, a Lei Complementar nº 116/2011 em Minas Gerais e a Lei nº 12.561/2006,
do Rio Grande do Sul, todas dispondo sobre a prevenção e punição de tal
prática.
Cumpre elucidar que com a Emenda Constitucional nº 45, de 30 de
dezembro de 2004, trouxe a ampliação para a competência da Justiça do
Trabalho sobre responsabilidade de ajuizar também as controvérsias oriundas
das demais relações de trabalho, portanto, as ocorrências de dano moral no
ambiente de trabalho, são de competência deste juízo, tanto na esfera material
quanto na esfera moral.
Isto posto, nota-se o avanço por parte de alguns estados brasileiros no
quesito de prever punições administrativas em casos de assédio moral nos
cargos públicos. No entanto, resta claro que os vínculos trabalhistas na esfera
privada ainda não se encontram abrangidas nesse meio jurídico. Desta forma, a
única saída restante aos trabalhadores desta esfera fica acostada no art. 483,
concomitante com o art. 482, alínea “b” e “j”, da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT). Neste, a redação traz a possibilidade de o empregado ter a
rescisão indireta do vínculo de trabalho, bem como a devida indenização pela
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prática do empregador que venha a agredir a honra ou dignidade ao empregado.
Vejamos:
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Desta forma, observa-se que com a crescente demanda judicial, as
empresas cada vez mais buscaram prevalecer a harmonia e o respeito no
ambiente de trabalho, criminalizando os empregadores/empregados que
pratiquem atos com intuito de prejudicar ou humilhar os demais. Bem como,
devem manter os preceitos éticos dentro de suas instituições, tendo em vista que
o bem-estar do trabalhador não é um quesito facultativo, mas sim um direito
constitucional ligado à dignidade da pessoa humana.
Com estes artigos inseridos na CLT, restou claro uma ênfase maior ao
tema do assédio moral, que passaram a ser mais bem delimitados, apesar de
não haver uma conceituação direta de específica como “assédio moral”.
Ademais, também foram acrescentados critérios para análise aos magistrados
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em uma possível avaliação de cabimento da condenação por danos e de como
definir essa reparação.
No entanto, à época da nova legislação, houve controvérsias em relação
a criação de parâmetros para a reparação de danos extrapatrimoniais, pois com
a Reforma Trabalhista em vigor, as indenizações começaram a ser fixadas
tomando como base o último salário do empregado vítima do assédio, e dessa
forma, gerando indenizações com diferentes importes para trabalhadores que
foram vítimas da mesma prática e de mesma intensidade.
A nova lei trouxe a regularização dos danos morais na Justiça do
Trabalho, especificando preceitos para os casos, pois até a promulgação da
reforma, os magistrados utilizavam as regras prevista no Código Civil de 2002
para o julgamento dos casos.
Nesse sentido, a reforma trabalhista aduziu que as ações ou omissões
da empresa, que ofendam o trabalhador, causam danos extrapatrimoniais
(danos morais), protegendo, de forma específica: a honra; a imagem; a
intimidade; a liberdade de ação; a autoestima; a sexualidade; a saúde; o lazer; a
integridade física.
Portanto, nas ocasiões em que o trabalhador se sentir lesado em alguma
dessas características por ação ou omissão do empregador, terá seu devido à
indenização. Além dos danos morais, têm-se ainda a possibilidade de acréscimo
dos danos materiais causados pelo mesmo ato, como os possíveis gastos com
medicamentos ou tratamentos psicológicos.
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patrimonial, caracterizando o dano emergente. Já o lucro cessante pode-se
caracterizar nas ocasiões em que o trabalhador tenha uma perda de rendimento
ou até mesmo deixe de laborar por certo tempo, como resultado do assédio
moral sofrido, ocorrendo a sua desvalorização profissional.
Dessa forma, verifica-se que o dano material é complementar, não sendo
obrigatório em todas as situações de assédio moral no trabalho, todavia, o dano
moral é elemento principal para a existência do assédio.
Ainda, cabe elucidar que com a Reforma Trabalhista, foi acolhida a
Súmula n. 37 do STJ, que dispõe sobre a viabilidade da cumulação das
indenizações, em seu art. 223-F, in verbis:
28
seus projetos de vida, resultando assim, no impasse ao seu crescimento ou
realização profissional, social, pessoal.
Além da acepção do dano extrapatrimonial, o referido artigo elucida
também a sua limitação de ocorrência apenas aos titulares do direito à
indenização, como por exemplo, a família do assediado, em caso de morte deste.
Portanto, caso o dano causado venha repercutir a um terceiro, este não terá
direito à indenização.
Ademais, com a redação do art. 223-B, tal pedido não pode ser mais
aceita na Justiça do Trabalho, apenas restando a Justiça Comum para a
formalização desse pleito.
Outra mudança advinda da referida Lei, é o reconhecimento da pessoa
jurídica como vítima do dano extrapatrimonial, conforme artigos 223-B e 223-D,
que elenca os bens juridicamente tutelados, observa-se:
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tal análise era feita com base no que estabelecia o Código Civil, o qual atribui
uma liberdade maior ao julgador para fixar o importe de reparação, tendo em
vista a possibilidade do autor, princípio da proporcionalidade e a extensão do
dano sofrido.
Nesta senda, uma das principais mudanças trazidas pela Reforma
Trabalhista foi a limitação à indenização por danos morais. Nesse sentido, o art.
223-G aduz que o importe deverá ser baseado pela gravidade da conduta e o
último salário contratual do assediado, seguindo o parâmetro:
▪ leve: até 3 vezes o salário;
▪ média: até 5 vezes o salário;
▪ grave: até 20 vezes o salário;
▪ gravíssima: até 50 vezes o salário;
Ainda, a indenização poderia ser dobrada em caso de reincidência da
conduta, respeitando os limites máximos. Ademais, vale salientar que inexiste
um limite mínimo de valor em caso de condenação da empresa/empregador, e
a redação também é omissa quanto a que tipo de ofensa se encaixa em cada
critério de gravidade, dependendo exclusivamente da interpretação do
magistrado para cada caso.
A lei também elencou os critérios que o magistrado deve analisar na hora
de determinar o valor do dano. Quais sejam:
Assim sendo, tal motivo foi o suficiente para que o Conselho Federal de
Ordem dos Advogados do Brasil (CF/OAB) ajuizou uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) de nº 6069, com intuito de questionar justamente
esse desequilíbrio em relação à reparação por danos morais decorrentes desta
conduta. De acordo com o Conselho Federal, “os artigos 223-A e 223-G,
parágrafos 1º e 2º, da CLT criaram uma espécie de tarifação para o pagamento
de indenizações trabalhistas, o que pode gerar, por vezes, reparações injustas
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e desproporcionais se utilizado como base de fixação da indenização o último
salário do ofendido”.
A ADI 6069 teve continuidade e sua última movimentação ocorreu com
a decisão do ministro-relator Gilmar Mendes, que votou pela procedência parcial
do pleito, com a justificativa de que os critérios de quantificação da reparação
previstos no artigo 223-G da CLT poderão orientar o magistrado trabalhista na
fundamentação de sua decisão, e, desta forma, o presente artigo não deve ser
considerado totalmente inconstitucional. Em seu entendimento, a tabela deve ser
usada como parâmetro, e não como teto.
Dessa forma, tendo em vista o caso concreto e os princípios da
razoabilidade, da proporcionalidade e da igualdade, resta-se constitucional o
arbitramento judicial do dano em importes que sejam superiores aos limites
máximos previstos nos incisos do parágrafo 1º do artigo 223-G da CLT. O
referido julgamento foi suspenso após o pedido de vista ao ministro Nunes
Marques, e até a presente data, não houve novas movimentações.
Isto posto, é possível observar que os danos foram classificados e
valorados em concordância com a sua gravidade, sendo definidos entre leve,
média, grave ou gravíssima. Ainda, o magistrado pode observar na hora do
julgamento, critérios como o a intensidade do sofrimento ou da humilhação da
vítima; a possibilidade de superação física ou psicológica; os reflexos pessoais
e sociais; a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; as condições em que
ocorreu tal ofensa; o grau de culpa do acusado; a situação social e econômica
das partes envolvidas e o grau de publicidade da ofensa, entre outros.
Acerca da tarifação, a sua constitucionalidade é motivo de
questionamentos tendo em vista que os danos extrapatrimoniais devem ser
fixados com base no próprio dano, e não com o salário do empregado, em que
pese ferir o princípio da isonomia. Nessa ocasião, caso um diretor executivo de
uma empresa sofra a mesma prática de assédio moral que um auxiliar de
cozinha, ambos terão indenizações diferentes, sendo esta claramente uma
prática discriminatória.
Nesse sentido, elucida Júlio Manuel Vieira Gomes:
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limitada pelo montante da retribuição do trabalhador: o assédio a
uma empregada de balcão não deve ser mais barato, para o
empregador, que o assédio a um quadro superior.
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5.10 COMO A EMPRESA PODE PREVENIR CASOS DE ASSÉDIO
MORAL?
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Apesar de estabelecido de forma indireta na Consolidação das Leis de
Trabalho, é imprescindível a aplicação de um Regulamento Interno da empresa,
prevendo os atos caracterizadores do assédio moral, bem como a
responsabilização do empregado que violar as regras de empresa. Cumpre citar
que a negligência por parte da empresa em lidar com estes casos poderá
acarretar uma maior responsabilidade e consequentemente maiores prejuízos.
Ademais, como usualmente a caracterização do assédio moral ocorre
em cargos hierarquicamente superiores, como o de gerente ou gestor, cabe à
empresa tornar viável a capacitação destes profissionais, seja por meio de
palestras ou cursos, por profissionais da área jurídica, buscando orientá-los
sobre o assunto e suas consequências, e obviamente, como evitá-lo em suas
rotinas.
Uma outra alternativa utilizada em massa pelas grandes empresas é a
composição de canais de denúncia e feedback aos funcionários, de forma que a
vítima tenha fácil acesso aos canais abertos para a realização de denúncias
dessas situações – normalmente esta função é realizada pelo setor jurídico ou
de Direitos Humanos das empresas. Sabe-se que são raros os casos em que o
funcionário se sente confortável em manifestar sua angústia abertamente, por
temor de colocar seu emprego em risco ou causar uma demissão inesperada.
Isto posto, não se pode deixar que casos de assédio moral ocorram sem
a aplicação de sanções por parte das instituições. Nos casos em que a empresa
reprime de imediato e disciplina o funcionário que pratica o assédio moral, a
conduta costuma cessar de forma eficaz e deixa de se tornar comum.
34
A atuação dos Sindicatos no processo de combate e prevenção ao
assédio moral é de grande importância e deve ser pauta dos sindicatos de defesa
da saúde mental e emocional do trabalhador.
35
casos, bem como, promovendo também debates para que as formas de
prevenção e combate sejam adequadas.
36
preocupante, em virtude da violação de direitos fundamentais trabalhistas, como
a dignidade e proteção do empregado.
6. METODOLOGIA
7. CONCLUSÃO
Dado o exposto durante todo o trabalho, vê-se que o Assédio Moral nas
relações de trabalho é uma realidade social que deve ser levada em
consideração pelas empresas e empregadores, de modo a fazer suas
adaptações para prevenir e punir esse tipo de conduta.
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os empregados/empregadores confundem o poder diretivo e disciplinar com o
abuso de poder, e as vítimas não são obrigadas a tolerar situações que vão além
de suas obrigações no ambiente de trabalho.
38
8. REFERÊNCIAS:
DAU, Gabriel. Casos de assédio moral crescem 10% longe dos escritórios em
2021. Rede Jornal Contábil, 08 de setembro de 2021. Disponível em:
<www.jornalcontabil.com.br/casos-de-assedio-moral-crescem-10-longe-dos-
escritorios-em-2021/>. Acesso em: 14 de março de 2022.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
39
GUEDES, Márcia Novaes. Terror Psicológico no Trabalho. São Paulo: Editora
LTr, 2003, p. 21.
40