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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

O ESTUDO COMPARADO DA LEI Nº 18/92 DE 14 DE


OUTUBRO FACE A LEI 10/2018 DE 30 DE AGOSTO NO
ÂMBITO DO PROCESSO DE TRABALHO

ABEL PEDRO NOVE

AIRES DE ORNELAS FERRÃO CÂNDIDO

ASSIMAI ESSIACA

CARMEN NANY DAVID JOSÉ COBRE

EDMANE DE GRACIOSA RAIMUNDO ADRIANO

JOANA BAPTISTA MACUACUA

NEVALDA CAIMARA JOSÉ RAMOS MUNISSA

NAMPULA

2021
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO

O ESTUDO COMPARADO DA LEI Nº 18/92 DE 14 DE


OUTUBRO FACE A LEI 10/2018 DE 30 DE AGOSTO NO
ÂMBITO DO PROCESSO DE TRABALHO

ABEL PEDRO NOVE

AIRES DE ORNELAS FERRÃO CÂNDIDO

ASSIMAI ESSIACA

CARMEN NANY DAVID JOSÉ COBRE

EDMANE DE GRACIOSA RAIMUNDO ADRIANO

JOANA BAPTISTA MACUACUA

NEVALDA CAIMARA JOSÉ RAMOS MUNISSA

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de Direito de


Trabalho II, referente ao 2º semestre, curso de Direito,
4º ano. Turma Única, Leccionada pela Docente: MA.
Clara José Macovela

NAMPULA
2021
Índice Pag.
Introdução ..................................................................................................................................................1
1.O estudo comparado da Lei nº 18/92 de 14 de Outubro face a lei 10/2018 de 30 de agosto no âmbito
do processo de trabalho ..............................................................................................................................2
1.1 Conceitos básicos e preliminares .........................................................................................................2
2.Processo de trabalho ................................................................................................................................2
2.1 Diferentes tipos de processo laboral.....................................................................................................2
3. Competência dos tribunais de trabalho ..................................................................................................3
3.1 Arbitragem de conflitos laborais ..........................................................................................................4
3.2 Capacidade judiciária ...........................................................................................................................4
3.3 Legitimidade ........................................................................................................................................4
3.4 Patrocínio oficioso ...............................................................................................................................4
4. Processo sui generis ...............................................................................................................................5
5. Processo declarativo comum ..................................................................................................................5
5.2 Processos especiais...............................................................................................................................6
5.2.1 enunciação .........................................................................................................................................6
5.2.1.2 Processo de impugnação judicial da regularidade e licitude do despedimento ..............................7
5.2.1.3 Processo de impugnação de despedimento colectivo .....................................................................7
5.2.1.4 Impugnação de estatutos, das deliberações de assembleias gerais ou de latos eleitorais ...............8
6.recursos ...................................................................................................................................................8
6.1 processo executivo ...............................................................................................................................8
6.3 Suspensão do despedimento .................................................................................................................9
6.4Proteção de saúde no trabalho ...............................................................................................................9
7. O regime jurídico do processo de trabalho .............................................................................................9
7.1O código de processo de trabalho VS a lei 10/2018 de 30 de Agosto.................................................11
7.3 Da inovação das competências dos tribunais em matéria contravencional ........................................14
8. Dos processos de trabalho: um olhar para a lei 18/92 de 14 de Outubro face a lei 10/2018 de 30 de
Agosto ......................................................................................................................................................16
8.1 Início do processo ..............................................................................................................................16
8.2 Da citação das partes ..........................................................................................................................16
8.3 Formas de acções consoante o fim .....................................................................................................17
Conclusão .................................................................................................................................................18
Bibliografia ..............................................................................................................................................19
Introdução
O presente trabalho é referente a cadeira de Direito de Trabalho cujo tema funda-
se essencialmente em abordar de forma sintética e esgota os aspectos ligados ao “estudo
comparado da Lei nº 18/92 de 14 de Outubro face a lei 10/2018 de 30 de agosto no âmbito
do processo de trabalho”, desta feita como nota introdutória convém ter presente que
correspondendo embora às necessidades da época e ao desenvolvimento então alcançado entre
nós pelo direito do trabalho, nada surpreende, todavia, que, com o decorrer do tempo, também o
novo código se tenha começado a revelar cada vez mais insuficiente, particularmente quando, por
força das novas exigências da justiça do trabalho, houve necessidade de introduzir alterações de
relevo na orgânica e funcionamento dos serviços judiciais.
Paralelamente com essa desactualização agiu também a própria evolução do
direito do trabalho, sempre mais rigoroso nos seus imperativos de celeridade e simplicidade
processuais, incompatíveis com algumas das fórmulas usadas, directamente responsáveis pelo
entorpecimento da justiça.
Objectivo geral:
 Analisar a lei nº 18/92 de 14 de Outubro face a lei nº 10/2018 de 30 de agosto no âmbito
do processo de trabalho.
Objectivos específicos:
 Dar a conhecer os aspectos gerais;
 Trazer os diferentes tipos de processo laboral;
 Fazer uma análise comparativa do processo declarativo versus os processos especiais;
 Descrever os recursos em processo laboral e o processo executivo;
 Analisar os aspectos divergentes e convergentes da lei nº 18/92 de 14 de Outubro face a
lei nº 10/2018 de 30 de agosto no âmbito do processo de trabalho;
 Identificar os aspectos inovados na presente lei;
 Dar a conhecer o impacto da lei 4/2021 de 5 de Maio que altera alguns artigos da lei
10/2018 de 30 de Agosto.
Quanto a metodologia em relação ao método de pesquisa utilizar-se-á o método
documental, cujos fundamentos assentam na discussão do posicionamento do legislador e modos
práticos do aplicador da Lei em relação a matéria em análise. A legislação e a doutrina permitirão
também, tomar conhecimento sobre a realidade objectiva em matéria de processo laboral.
1
1.O estudo comparado da Lei nº 18/92 de 14 de Outubro face a lei 10/2018 de
30 de agosto no âmbito do processo de trabalho
1.1 Conceitos básicos e preliminares
Como forma de ter uma melhor compreensão sobre o tema em alusão convém
trazer os conceitos ligados a este tema, que sob nosso viés torna-se imperioso, trazer estes
conceitos, começaremos por trazer o significado das expressões constantes no tema.
Estudo – do latim estudare que significa desenvolver um serie de pesquisas
relativas a um determinado assunto, descobrir, procurar o conhecimento. 1
Comparado - expressão eu vem do termo comparar, procurar diferenças ou
semelhanças entre um e outra coisa.2
Processo laboral - é o conjunto de normas jurídicas que fazem parte do direito de
trabalho adjectivo, eu visa a solução dos problemas decorrente da relação jurídico-laboral.3
2.Processo de trabalho
Tem se a necessidade de se falar do processo de trabalho, uma vez que este deve-
se ao facto de constarem no processo de trabalho particularidades com respeito ao processo civil,
muitas das quais dificilmente justificáveis. O processo civil assim como o processo penal são
estudados nos cursos de direito, o mesmo não ocorre com o processo de trabalho, não obstante as
referidas particularidades. O processo de trabalho abrange um conjunto de regras de direito
adjectivo, as quais visam pôr em prática as particularidades da parte substantiva do direito do
trabalho.4
O processo de trabalho não pretende regular todas as questões processuais, por
isso, as normas e os princípios constantes no processo civil comum aplicar-se-ão no processo de
trabalho de forma subsidiária. Também encontram uma aplicação subsidiária em processo de
trabalho as regras e os princípios consagrados no processo penal.
2.1 Diferentes tipos de processo laboral
No domicílio laboral podem distinguir-se várias situações processuais, umas de
cariz extrajudicial e outras do tipo judicial, de entre estas últimas ainda se distingue o processo

1
CUNHA, Celso, Dicionário Integral da Língua Portuguesa, Texto Editores, p. 351.
2
Idem, p. 223.
3
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.77.
4
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p.1189.
2
judicial propriamente dito de processos judiciais suis generis. Tendo isto em conta pode indicar-
se o seguinte elenco: 5

 Processos extrajudiciais, temos como exemplo os processos disciplinares elaborados no


seio das empresas, relativamente aos quais os tribunais só têm para apreciar das decisões
tomadas, quanto à forma e conteúdo.
 Processos judiciais sui generis, corresponde à fase conciliatória existente no processo para
efectivação dos direitos emergentes de acidentes de trabalho e de doenças profissionais.
Trata-se de um processo judicial sui generis porque o acordo é feito extrajudicialmente,
mas carece de uma homologação judicial.
 Processo judicial propriamente dito, este processo subdistingue-se em diversos tipos.
3. Competência dos tribunais de trabalho
Sobre a matéria internacional, os tribunais de trabalho podem conhecer de litígios
internacionais desde que a acção possa ser proposta em Moçambique. Assim, estando a relação
laboral plurilocalizada, por exemplo porque o empregador tem domicílio em Moçambique6, mas
actividade foi prestada no estrangeiro ou o empregador está domiciliado no estrangeiro e a
actividade foi desempenhada em Moçambique, há competência internacional dos tribunais de
trabalho moçambicanos, por outro lado, as cláusulas de desaforamento dos tribunais
moçambicanos não podem ser invocadas, salvo quando admitidas por convenção internacional.7
Quanto à competência territorial dos tribunais de trabalho rege o princípio geral,
de que as acções devem ser propostas no tribunal do domicílio do réu. Admite-se, contudo, que
os tribunais de trabalho possam igualmente ser componentes no caso de acção ser interposta no
local da prestação de trabalho ou no domicílio do autor, no caso de este ser o trabalhador, assim
como no local em que tenha ocorrido o acidente de trabalho ou onde o doente trabalhou pela
última vez em serviço susceptível de originar a doença.8

5
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p. 323.
6
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 4/2021 de 5 de Maio altera a lei 10/2018 de 10 de Agosto in Boletim da
República I série.
7
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p.1194.
8
Idem, p.1194
3
3.1 Arbitragem de conflitos laborais
O recurso à arbitragem para resolução de litígios laborais tem consagração legal e
foi analisado no que respeita a conflitos colectivos. Mas a arbitragem de conflitos individuais de
trabalho não encontra previsão legislativa.9
A arbitragem de conflitos individuais de trabalho, apesar de há muito ser
referenciada, não tem tido projecção, nomeadamente por se levantarem dúvidas quanto a sua
legalidade e, eventualmente quanto a sua constitucionalidade. A inconstitucionalidade poderia
decorrer, em especial de uma discutível desconformidade com o regime de segurança no
emprego.10

3.2 Capacidade judiciária


Quanto a capacidade judiciária activa, os maiores de dezasseis anos podem estar
por si em juízo como autores, não necessitando de representação. Aos menores que ainda não
tenham completado dezasseis anos de idade aplica-se o regime geral de representação legal, mas
se o representante legal não acautelar devidamente os interesses do menor este podem ser
representados pelo Ministério Público. 11

3.3 Legitimidade
A particularidade da legitimidade em processo de trabalho reside no facto de a
defesa de interesses colectivos ter sido conferida a associação sindicais e de empregadores.
Admite-se uma legitimidade para a defesa dos interesses difusos, permitindo-se a intervenção em
juízos dessas associações, não para a salvaguarda dos seus próprios interesses, mas em defesa de
interesses colectivos da classe profissional que representam.12
3.4 Patrocínio oficioso
O ministério público pode recusar o patrocínio oficioso se considerar que são
infundadas ou injustas as pretensões que os trabalhadores ou os seus familiares exigem ou se
verificar que o trabalhador pode ser representado por um advogado do sindicato em que está

9
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.77.
10
CUNHA, Celso, Dicionário Integral da Língua Portuguesa, Texto Editores, p. 351.
11
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p. 1198.
12
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.77.
4
filiado, recorrendo aos serviços de contencioso desse sindicato. O patrocínio judiciário extingue-
se se o trabalhador constituir advogado.13

4. Processo sui generis


De entre os processos especiais encontra-se o processo de efectivação de direitos
resultantes de acidente de trabalho e de doença profissional. Este processo tem duas fases:
primeiro, a fase conciliatória e, depois a fase contenciosa. A fase conciliatória o processo inicia-
se com a participação do acidente de trabalho. Este processo apresenta algumas particularidades,
no caso de ocorrer, nomeadamente a morte do trabalhador, ou se se registar a incapacidade
permanente deste. Iniciado o processo pode haver lugar a um exame médico. 14 Após o exame
médico ou independentemente dele haverá uma tentativa de conciliação, que apresenta alguma
complexidade, nomeadamente quanto aos tipos de acordo e ao modo de se obter o consenso.15

Na fase conciliatória há um processo informal, sui generis, que existe sem pedido,
sem haver litígio, e até mesmo sem estarem determinadas as partes. Trata-se, pois, de uma fase
prévia em que para a validade de um acordo entre as partes torna-se necessária a intervenção do
tribunal para a homologação do ajuste, que se justifica com vista a facilitar o acordo e, ao mesmo
tempo, permitir a fiscalização pelos tribunais.16

5. Processo declarativo comum


O processo declarativo pode ser comum e especial, o processo declarativo comum
segue o regime do processo sumário. O processo laboral caracteriza-se por uma forma processual
simplificada, com vista a facilitar o funcionamento dos tribunais de trabalho, tendo em conta a
desejada celeridade processual. Este processo esta previsto no art.50 do Código de Processo de
Trabalho.17
Quanto a particularidades do processo laboral há, entre outras, a mencionar a
solução, nos termos da qual se impõe a obrigação de comparência pessoal das partes, não basta
que autor e réu se façam representar por mandatário judicial, toma-se necessário que

13
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p.1199.
14
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-lei 45 497 de 30 de Dezembro de 1963: aprova o código de processo
de trabalho in Boletim da República I série.
15
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.77.
16
Ibdem, p.1200.
17
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p.1172.
5
pessoalmente compareçam em juízo, tanto na audiência preliminar como no julgamento. O
princípio geral em direito processual civil aponta no sentido de as partes se poderem fazer
representar em juízo por mandatário judicial, e desde que a este tenham sido conferidos plenos
poderes para transigir e desistir, não é necessária a comparência pessoal da parte.
Em processo laboral, talvez sem uma razão justificável, verifica-se a exigência de
comparência pessoal das partes, o que, em determinados casos, acarreta problemas
desnecessários. Sendo a parte uma pessoa colectiva, que relativamente a empregadores é
frequente, torna-se necessário que a empresa, parte no processo, normalmente na qualidade de ré
esteja representada por quem tenha poderes para tal, mediante a presença dos seus gerentes ou
administradores. Assim, numa grande empresa, relativamente a todos os processos laborais em
que seja parte, terá de disponibilizar um gerente ou administrador para ir a tribunal.18
De entre as situações jurídicas laborais que, mais frequentemente, justificavam o
recurso ao processo comum contava-se a impugnação de despedimento com base em ilicitude “A
regularidade e licitude do despedimento só pode ser apreciada por tribunal judicial”. Daqui
decorre a incompetência de tribunais arbitrais para apreciarem a ilicitude do despedimento, esta
impugnação passou a ter um processo especial.19
Contudo, como só se pode recorrer ao referido processo especial no caso de o
trabalhador juntar a decisão formal de despedimento, faltando tal decisão, nomeadamente no caso
de despedimento oral, cabe ao trabalhador a impugnação por via do processo comum.20

Nesse sentido, afirma-se que “as demais situações de despedimento, sem decisão
escrita continuam a seguir a forma de processo comum.
5.2 Processos especiais
5.2.1 enunciação
Os processos declarativos especiais vêm regulados no art.50 do CPT. Porém, como
o processo para efectivação dos direitos resultantes de acidentes de trabalho e de doenças
profissionais, na fase conciliatória foi anteriormente qualificado como um processo sui generís,
de entre os processos especiais só há que aludir ao processo de impugnação de despedimento, à

18
PEREIRA, Almeida de, Direito Laboral, 2a edição, Coimbra Editora, lisboa, 2011, p. 201.
19
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 18/92 de14 de Outubro: cria o tribunal laboral in Boletim da República I
série.
20
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.77.
6
fase contenciosa do processo de acidentes de trabalho, assim como às outras situações
processuais.

5.2.1.2 Processo de impugnação judicial da regularidade e licitude do despe-


dimento
A acção de impugnação do despedimento tem de ser intentada no prazo de
sessenta dias a contar da data do despedimento, mediante requerimento apresentado em
formulário próprio. A acção de impugnação Judicial da regularidade e licitude do despedimento
tem um processo especial.21
O trabalhador que pretende impugnar o despedimento, com excepção do
despedimento colectivo, limita-se a apresentar um formulário em que contesta o despedimento de
que foi alvo. O formulário segue o modelo legal, nesse formulário na decisão de despedimento,
que tem de se juntar, o tribunal convoca a audiência das partes e, sendo esta infrutífera, cabe ao
empregador apresentar o primeiro articulado. Neste articulado, o empregador tem de justificar o
despedimento, circunscrevendo-se aos factos e fundamentos constantes do procedimento e, mais
concretamente da decisão, dir-se-á que este articulado, com excepção da eventual oposição à
reintegração, será pouco inovador, devendo o empregador repetir o que disse.22
Este primeiro articulado, que não se poderá verdadeiramente designar petição
inicial, será depois contestado pelo trabalhador no prazo de 15 dias. Inverte-se, pois, a ordem
normal de intervenção processual, com dificuldades acrescidas de funcionamento deste “novo”
processo. Ora, é na contestação do trabalhador que se delimita o âmbito da pendência, em
particular no que respeita ao pedido, que se designa por reconvenção. 23 Daí que seja conferido ao
empregador não só o direito de responder à chamada reconvenção do trabalhador como a toda a
matéria articulada por este.

5.2.1.3 Processo de impugnação de despedimento colectivo


O processo de impugnação de despedimento colectivo, teve em conta o regime de
extinção do vínculo laboral. Quanto ao despedimento colectivo, impunha-se uma forma
processual especial e atento o carácter do despedimento e do consequente chamamento dos

21
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.77.
22
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 10/2018 de 30 de Agosto aprova a lei que cria o tribunal laboral in
Boletim da República I série.
23
PEREIRA, Almeida de, Direito Laboral, 2a edição, Coimbra Editora, lisboa, 2011, p. 204.
7
restantes trabalhadores abrangidos pela extinção do vínculo, e em razão da possibilidade de
nomear um assessor técnico. 24

5.2.1.4 Impugnação de estatutos, das deliberações de assembleias gerais ou de


latos eleitorais
O processo de impugnação de estatutos, das deliberações de assembleias gerais ou
de actos eleitorais de um sindicato, de uma associação de empregadores, de uma comissão de
trabalhadores ou de órgão equivalente de uma instituição de segurança social, com base em
violação da lei. Tendo sido tomada uma deliberação ilegal,25 cabe ao tribunal apreciar dessa
ilegalidade, devendo para tal recorrer-se a esta forma processual. No fundo, é algo similar ao que
ocorre no que respeita à Impugnação de deliberações tomadas em assembleias gerais de outras
pessoas colectivas, como seja sociedades.26 O processo para reclamar de decisões disciplinares,
impugnando-as, vem previsto nos arts. 64/4 e art.69. da Lei do Trabalho. E cabe recurso segundo
as regras de competência em razão da hierarquia segundo art.3727.

6.recursos
A admissibilidade do recurso de uma decisão judicial em processo do trabalho
depende, em primeiro lugar, do valor da causa, o qual é fixado nos termos gerais do processo
civil. Contudo, no que respeita ao valor da causa é preciso ter em conta a existência de algumas
particularidades em processo do trabalho, que importa indicar, na medida em que condicionam a
admissibilidade do recurso.28 Nos termos do disposto no art. 676º do CPC, os recursos podiam
ser ordinários e extraordinários, podendo os primeiros ser recursos de apelação, recursos de
revista, recursos de agravo, bem como recurso ampliado de revista para o tribunal pleno.
6.1 processo executivo
A propósito da acção executiva suscita se a questão da exequibilidade de algumas
decisões de tribunais do trabalho, principalmente quando o seu acatamento pressupõe uma
interferência na gestão da empresa condenada.

24
Idem, p. 207.
25
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 23/2007 de 1 de Agosto: Aprova a lei de trabalho, in Boletim da
República I série nº31 de 1 de Agosto.
26
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.77.
27
CUNHA, Celso, Dicionário Integral da Língua Portuguesa, Texto Editores, p. 351.
28
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p.1213.
8
Alude se a sentença condenatória na alínea a) do art. 46 do CPC, que corresponde
ao título executivo de maior relevo. Com base na sentença condenatória proferida no processo
declarativo e transitada em julgado, interpõe se o processo executivo;29

6.3 Suspensão do despedimento


O procedimento cautelar de suspensão do despedimento, que é, sem duvida, o
mais relevante, deixou de ter o regime especial de suspensão do despedimento colectivo, ficando
circunscrito ao regime geral de suspensão do despedimento dos arts. 38 a 4330.
6.4Proteção de saúde no trabalho
Dos arts. 216 e ss da Lei do Trabalho, consta um procedimento cautela especifico,
tendo em vista evitar que se protelem situações laborais em que haja risco para a segurança e
saúde dos trabalhadores. Com efeito, nos citados preceitos a expressão usada e “segurança,
higiene e saúde no trabalho”, mas atendendo a evolução legislativa o procedimento cautelar
respeita às situações que esteja posta em risco a segurança e saúde no trabalho.

7. O regime jurídico do processo de trabalho


A presente pesquisa se insere no âmbito da realidade actual impõem a revisão da
estrutura orgânica e funcional da administração da justiça laboral com vista a adequá-la às
transformações políticas, económicas e sociais e à dinâmica que conhece hoje o processo de
desenvolvimento da democracia e a implantação do Estado de Direito no nosso país.
Assim sendo a nossa pesquisa circunscreve-se na análise de dois dispositivos
legais, tomando por base a lei 18/92 de 14 de Outubro e a lei 10/2018 de 30 de Agosto, pelo que
neste capítulo vamos nos cingir em fazer um estudo comparado entre estes dois dispositivos
legais, no concernente a evolução deste dispositivo legal, podemos fazer menção igualmente do
diploma que aprova o código de processo de trabalho, que é decreto-lei 45 497 de 30 de
Dezembro de 1963.
Assim importa fazer menção que estes dispositivos legais regulam, e criam o
tribunal de trabalho, seria de maior e especial relevância ter presente o conceito de tribunal de
trabalho.

29
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p.1213.
30
Lei n.10/2018 de 30 de Agosto
9
Tribunal de trabalho - o tribunal de trabalho é órgão de soberania com
competência para administrar a justiça nos litígios decorrentes de relações de jurídico-laborais e
apreciar as contravenções às normas do trabalho e da segurança social. Assim o presente conceito
encontra-se previsto no art. 3 da lei 10/2018 de 30 de Agosto. Na verdade constitui uma inovação
em relação a lei anterior, pelo que na lei 18/92 de14 de Outubro não tinamos o conceito de
tribunal de trabalho.
O tribunal administrativo no âmbito da sua actuação tem como objectivo:
a) Garantir e reforçar a legalidade como factor da estabilidade jurídica;
b) Garantir o respeito pelas leis;
c) Assegurar os direitos e liberdades dos cidadãos;
d) d) Assegurar os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com existência
legal.
O tribunal de trabalho aprecia e julga questões emergentes das relações de
trabalho, acidentes de trabalho e doenças profissionais, de acordo com o estabelecido na lei. O
tribunal de trabalho aprecia ainda, as contravenções às normas do trabalho e da segurança social,
podendo ordenar a cobrança das multas aplicadas pelo órgão da administração do trabalho.
Outra novidade trazida nesta legislação é referente ao valor de alçada do tribunal
competente para conhecer certas matérias ou casos ligados aos litígios emergentes da relação
jurídico-laboral. Vejamos que na lei 10/2018 de 30 de Agosto na jurisdição laboral a alçada é
determinada com base no salário mínimo, em vigor na Função Pública, sendo:31
 Acima de 200 salários mínimos, para os tribunais de trabalho de província;
 Até 200 salários mínimos, para os tribunais de trabalho de distrito.
Para o efeito de determinação de competências, nota-se que de uma análise
minuciosa requere antes de mais saber qual é o salario mínimo vigente na função pública e
tomando por base o salario mínimo nacional em vigor vamos determinar o tribunal que seja
competente para dirimir um conflito de natureza laboral.

31
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 18/92 de14 de Outubro: cria o tribunal laboral in Boletim da República I
série.

10
7.1O código de processo de trabalho VS a lei 10/2018 de 30 de Agosto
Patrocínio judiciário pelo novo diploma alarga-se o patrocínio judiciário a todos os
trabalhadores e seus familiares sem as restrições do valor da acção, pois a experiência tem
demonstrado que esse valor não é índice da capacidade económica do trabalhador. São, na
verdade, frequentes os casos de acções de valor relativamente elevado propostas por
trabalhadores sem recursos. Foi também ponderado que o trabalhador, sempre que tem
possibilidades económicas, prefere constituir advogado. O alargamento visa, assim, evitar que o
trabalhador se veja inibido de fazer valer os seus direitos por falta de recursos. Cumulação
obrigatória de pedidos.32
Ao decidir por essa acumulação entendeu-se que seria altamente inconveniente
para a paz social permitir que o trabalhador, que tem vários pedidos a formular à empresa, os vá
propondo sucessivamente. Uma vez desfeito o vinculo contratual - e na prática é quase só quando
ele se desfaz que as partes recorrem ao tribunal do trabalho - apresenta-se do maior interesse que
as questões se resolvam rapidamente e não se arrastem, perturbando a paz social dentro da
empresa onde a solidariedade dos companheiros de trabalho tende para criar um mau ambiente
enquanto não findam as questões entre o trabalhador e a entidade patronal.
Julgada a questão pelo tribunal, em breve espaço de tempo fica o problema resolvido e diminuem
as tensões sociais com o desaparecimento dessa causa de atrito entre a empresa, por um lado, e o
trabalhador despedido e os companheiros que com ele se solidarizaram, por outro.
Além disso, a cumulação assegura uma maior harmonia na decisão das questões e
favorece uma justiça mais perfeita, porque concentra num só processo tudo o que respeita à
relação laboral, permitindo assim ao tribunal reconstituir e valorizar melhor os factos ocorridos
no ambiente de trabalho, evitando ainda o risco de contradições nos julgamentos, a que a
reduzida prova nos tribunais do trabalho expõe eventualmente estes órgãos. Consegue-se,
outrossim, uma maior celeridade e economia processuais pela concentração de diligências33.
A exigência de celeridade nestas acções (não só para sanear o ambiente social
como para evitar demoras no recebimento de importâncias que têm quase carácter de alimentos,
de tal forma ao trabalhador despedido é necessário o pagamento das indemnizações ou

32
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-lei 45 497 de 30 de Dezembro de 1963: aprova o código de processo
de trabalho in Boletim da República I série.
33
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 10/2018 de 30 de Agosto aprova a lei que cria o tribunal laboral in
Boletim da República I série.
11
importâncias em dívida para viver até à obtenção de emprego), a simplicidade jurídica da grande
maioria das questões que se debatem nestes processos e a natureza das provas a utilizar, que, com
raras excepções, se limitam à prova testemunhal produzida por outros trabalhadores ainda ao
serviço da empresa (trabalhadores que há toda a vantagem em ouvir imediatamente),
aconselharam a generalização deste procedimento.
O processo sumaríssimo tem uma estrutura completamente diferente e teve como
objectivo diminuir os graves inconvenientes que resultam para os trabalhadores do facto de a área
jurisdicional dos tribunais do trabalho ser muito extensa.
O presente diploma confia, por isso, a instrução dos processos às comissões
corporativas que procederam à tentativa de conciliação, comissões que funcionam nos centros
industriais e se deslocam às próprias empresas, quando necessário. Essa instrução deve ser feita
nos termos determinados para o processo sumário.34
Do auto de não conciliação na tentativa realizada pela comissão corporativa
constarão a pretensão do autor e os seus fundamentos, a defesa do réu, o relato sumário das
provas produzidas por ambas as partes e os factos que a comissão considerou provados,
especificando em relação a cada facto os fundamentos da sua convicção. Se ao juiz parecer
indispensável qualquer diligência, ordená-la-á; se, porém, considerar que os autos oferecem todos
os elementos para a decisão, julgará conforme for de direito.
Por este modo se procura assegurar que os trabalhadores que residem longe do
tribunal do trabalho (muitas vezes a cerca de 100 km) não deixem de obter o que lhes é devido
por recearem as despesas de uma deslocação que poderia absorver o que porventura recebessem e
se visa também obstar a que tenham a sua prova cerceada pelas dificuldades de deslocação de
testemunhas (muitas vezes ao serviço da outra parte) e pelos encargos que essas deslocações e
eventuais despesas de alojamento representam.35
Foi também considerado que as comissões corporativas - constituídas pelo
delegado do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência (que, por virtude das suas funções, se
desloca frequentemente aos locais de trabalho e conhece, por contactos directos, sem

34
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 10/2018 de 30 de Agosto aprova a lei que cria o tribunal laboral in
Boletim da República I série
35
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 4/2021 de 5 de Maio altera a lei 10/2018 de 10 de Agosto in Boletim da
República I série.

12
formalismos, patrões e trabalhadores das diversas actividades) e por dois homens da profissão
(um representante das empresas, outro dos trabalhadores) - têm condições, de que o juiz não
dispõe, para um melhor conhecimento técnico das actividades, bem como do ambiente social que
aí reina e do sentido das palavras e atitudes em cada meio de trabalho, podendo, por isso, efectuar
uma valoração mais perfeita das ocorrências e uma reconstituição dos factos mais próxima das
realidades.
É esta uma das principais inovações do diploma e ela tem o maior interesse para os
trabalhadores, especialmente para os residentes longe do tribunal do trabalho, para quem a
deslocação à sede corresponde, na prática, a denegação de justiça. Admite, contudo, o código que
o autor prefira que a prova seja apreciada pelo juiz do tribunal do trabalho e não pela comissão
corporativa; nesse caso, deve declará-lo no requerimento em que expõe a sua pretensão à
comissão. Se a tentativa de conciliação se frustrar, seguir-se-á o processo sumário.36
Parece ser este um prudente passo para a atribuição às comissões corporativas de
mais amplas funções judiciárias.
Execução oficiosa outra alteração importante do código é a que se refere à execução oficiosa a
que se procede, independentemente de despacho do juiz, se, passado um mês sobre o trânsito em
julgado da sentença, esta não tiver sido cumprida.
Justifica-se tal providência porque normalmente as sentenças condenatórias dos
tribunais do trabalho dizem respeito a salários ou indemnizações devidas a trabalhadores, aqueles
e estas quase sempre com uma natureza que muito o aproxima dos alimentos. Pretende-se, por
esse modo, que o trabalhador, que tem tantas vezes dificuldades em vir ao tribunal do trabalho,
veja executada a sentença sem os prejuízos de tempo que até aqui se verificavam, tempo que,
para ele, significa normalmente salário.37
Considera-se ainda que essa execução oficiosa e quase automática da sentença
contribui para a paz social, pondo fim ao conflito em breve prazo e não agravando a posição do
trabalhador perante a entidade patronal, com a instauração, por ele trabalhador, de um processo
executivo em si mesmo odioso.

36
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-lei 45 497 de 30 de Dezembro de 1963: aprova o código de processo
de trabalho in Boletim da República I série.
37
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 1/2018 de 12 de Junho, Constituição da República, (2004) in Boletim
da República I série nº115 de 12 de Junho.

13
O processo emergente de acidente de trabalho ou doença profissional. - Este
processo apresenta também inovações bastante importantes em relação ao actual Código de
Processo nos Tribunais do Trabalho. A primeira consiste na divisão do processo em duas fases: a
fase conciliatória, dirigida pelo agente do Ministério Público, e a fase contenciosa.
A segunda inovação, de manifesto alcance, é a da divisão da acção, na fase
contenciosa, em vários processos ou apensos que correm simultânea e separadamente.
A terceira será a da atribuição ao sinistrado de uma pensão provisória.
Justifica-se a primeira alteração pelo facto de, na maior parte dos casos, as acções emergentes de
acidentes de trabalho ou doenças profissionais, que por força da lei têm de ser presentes ao
tribunal do trabalho, não darem lugar a uma questão em sentido próprio, pois sinistrado e
entidade patronal nada mais pretendem do que a definição dos direitos de um e dos deveres do
outro, indispensável à realização do acordo legal38.
Neste caso parece perfeitamente justificado que ao Ministério Público, a quem
compete a defesa dos direitos do trabalhador, seja confiada a fase do processo em que se averigua
qual o grau de incapacidade do sinistrado ou doente, o Salário que auferia e a redução que sofreu
na sua capacidade geral de ganho.
Se a entidade responsável assumir as obrigações legais referentes ao sinistrado ou
doente, celebrar-se-á acordo, que será depois homologado pelo juiz.
Se se manifestar desacordo nesta fase, ou se nenhuma entidade assumir a
responsabilidade pelo acidente ou doença, segue-se então a fase contenciosa. Trata-se, no fundo,
da aplicação do mesmo princípio da tentativa prévia de conciliação que se fixa para litígios
emergentes de contrato de trabalho; neste caso, porém, em virtude do carácter especial de que se
reveste, confere-se ao Ministério Público o poder de obter os elementos periciais necessários à
definição dos direitos do trabalhador.39
7.3 Da inovação das competências dos tribunais em matéria contravencional
Em matéria contravencional, é possível subsumir que na lei anterior que regula o
processo de trabalho, era regulado pelo artigo 10, porém, na lei 10/2018 de 30 de Agosto este

38
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 10/2018 de 30 de Agosto aprova a lei que cria o tribunal laboral in
Boletim da República I série
39
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-lei 45 497 de 30 de Dezembro de 1963: aprova o código de processo
de trabalho in Boletim da República I série.

14
artigo passa na posição 13, acrescendo uma parte das competências constantes na lei anterior
referente aos tribunais laborais em matéria referente a contravenção laboral. Tal inovação
constitui um marco de especial e grande relevância no concernente a matéria relativa a
contravenção.40
Em matéria contravencional compete ao tribunal de trabalho conhecer e julgar: as
transgressões às normas legais e convencionais reguladoras das relações de trabalho; as
transgressões às normas legais ou regulamentares sobre encerramento de estabelecimentos
comerciais ou industriais, relativas à higiene, salubridade e condições de segurança dos centros
de trabalho; as transgressões aos preceitos legais relativos a acidentes de trabalho e doenças
profissionais; as infracções de natureza contravencional relativas à greve; recursos interpostos
sobre as decisões de autoridades administrativas nos domínios laborais e da segurança social,
salvo os que por força da lei tenham sido atribuídos a outras jurisdições; as demais infracções de
natureza contravencional cuja competência lhes seja atribuído por lei.41
A questão dos recursos interpostos sobre as decisões de autoridades
administrativas nos domínios laborais e da segurança social, constitui uma novidade pelo que
haverá espaço aos tribunais laborais analisarem e conhecerem as causas que tenham por objecto
recursos interpostos sobre as decisões de autoridades administrativas nos domínios laborais e da
segurança social.42
Assim sendo, a matéria que nos propusemos a analisar carece de uma analise
absolutamente minuciosa, pois a lei 18/92 de 14 de Outubro encontrava-se antiquada a nossa
realidade, ou seja estava desactualizada ou se assim preferirmos esta desajustada a nossa
realidade, o que no nosso entendimento não nos podemos descurar que a introdução da alínea e)
do art. 13 da lei 10/2018 de 30 de Agosto.

40
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 18/92 de14 de Outubro: cria o tribunal laboral in Boletim da República I
série.
41
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-lei 45 497 de 30 de Dezembro de 1963: aprova o código de processo
de trabalho in Boletim da República I série.
42
PEREIRA, Almeida de, Direito Laboral, 2a edição, Coimbra Editora, lisboa, 2011, p. 201.
15
8. Dos processos de trabalho: um olhar para a lei 18/92 de 14 de Outubro face
a lei 10/2018 de 30 de Agosto
8.1 Início do processo
A primeira das novidades diz respeito ao início do processo laboral, na nova lei
traz consigo a ideia de que as acções devem ser propostas no tribunal do domicílio do réu ou,
sendo esta pessoa colectiva ou sociedade comercial, no lugar onde tenha a sede, sucursal,
agência, filial ou delegação. As pessoas colectivas e as instituições de segurança social
consideram-se domiciliadas no lugar onde tenham sucursal, agência, filial ou delegação. As
entidades seguradoras reputam-se, domiciliadas nas localidades onde haja tribunais de trabalho.
Sendo a acção proposta em local diferente do previsto nos números anteriores, do presente artigo,
o respectivo tribunal remete o processo ao tribunal competente.43
A ideia subjacente na antiga legislação era de que as acções devem ser propostas
no tribunal do domicílio da entidade empregadora ou, ainda, sendo esta pessoa colectiva, no lugar
onde tenha a sede, sucursal, agência, filial ou delegação. Sendo a acção proposta em local
diferente do referido no número anterior, o respectivo tribunal remeterá o processo ao tribunal
competente.44
Logo, é pacífico afirmar de forma categórica que o início do processo teve um
rumo diferente na actual legislação.
8.2 Da citação das partes
Na lei anterior os tribunais do trabalho poderiam chamar ao processo não só as
partes envolvidas no conflito e seus representantes ou mandatários, mas também qualquer outra
pessoa considerada necessária ao esclarecimento da questão. Tendo sido as partes devidamente
notificadas, a falta de comparência não justifica implica condenação rio pedido quando a falta
seja do réu e desistência do pedido quando seja do autor. Verificando-se a falta de comparência
não justificada de ambas as partes devidamente notificadas, será o processo arquivado, não
podendo a questão voltar a ser apresentada ao tribunal do trabalho.45
Na actual lei nota-se que recebida e autuada a petição ou requerimento, o tribunal
de trabalho dá a conhecer à parte contrária, citando-a para contestar, querendo, no prazo de oito

43
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990, p.343.
44
CUNHA, Celso, Dicionário Integral da Língua Portuguesa, Texto Editores, p. 351.
45
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013, p.2003.
16
dias. A falta de contestação determina a imediata confissão dos factos arrolados no pedido, sem
necessidade de audiência, salvo se mostrar que o pedido foi manifestamente ilegal ou o tribunal
entender que é necessário proceder diligências de prova para se alcançar uma solução justa.
8.3 Formas de acções consoante o fim
Em relação a esta questão nota-se que na anterior legislação não se fazia menção
de forma tao clara dos tipos de acções em processo laboral, assim as acções laborais consoante o
seu fim podem ser:
a) De impugnação de despedimento que tem a finalidade de impugnar a justa causa invocada
pela entidade empregadora para a aplicação da medida disciplinar de despedimento e
exigir a reintegração do trabalhador ou quando as circunstâncias objectivas
impossibilitem, o pagamento da indemnização nos termos previstos na legislação do
trabalho;
b) De impugnação da justa causa da rescisão do contrato de trabalho tem a finalidade de
impugnar a justa causa invocada pela entidade empregadora na cessação do contrato de
trabalho por rescisão da iniciativa desta e exigir a reintegração do trabalhador ou quando
as circunstâncias objectivas impossibilitem, o pagamento da indemnização nos termos
previstos na legislação do trabalho.

17
Conclusão
Tendo sido feito o presente trabalho, cujo objectivo geral fundava-se
essencialmente em fazer um o estudo comparado da Lei nº 18/92 de 14 de Outubro face a lei
10/2018 de 30 de agosto no âmbito do processo de trabalho, o grupo saiu a conclusão que A
terceira será a da atribuição ao sinistrado de uma pensão provisória.
Justifica-se a primeira alteração pelo facto de, na maior parte dos casos, as acções emergentes de
acidentes de trabalho ou doenças profissionais, que por força da lei têm de ser presentes ao
tribunal do trabalho, não darem lugar a uma questão em sentido próprio, pois sinistrado e
entidade patronal nada mais pretendem do que a definição dos direitos de um e dos deveres do
outro, indispensável à realização do acordo legal.
Neste caso parece perfeitamente justificado que ao Ministério Público, a quem
compete a defesa dos direitos do trabalhador, seja confiada a fase do processo em que se averigua
qual o grau de incapacidade do sinistrado ou doente, o Salário que auferia e a redução que sofreu
na sua capacidade geral de ganho. Se a entidade responsável assumir as obrigações legais
referentes ao sinistrado ou doente, celebrar-se-á acordo, que será depois homologado pelo juiz.
Se se manifestar desacordo nesta fase, ou se nenhuma entidade assumir a responsabilidade pelo
acidente ou doença, segue-se então a fase contenciosa. Trata-se, no fundo, da aplicação do
mesmo princípio da tentativa prévia de conciliação que se fixa para litígios emergentes de
contrato de trabalho; neste caso, porém, em virtude do carácter especial de que se reveste,
confere-se ao Ministério Público o poder de obter os elementos periciais necessários à definição
dos direitos do trabalhador.
É esta uma das principais inovações do diploma e ela tem o maior interesse para
os trabalhadores, especialmente para os residentes longe do tribunal do trabalho, para quem a
deslocação à sede corresponde, na prática, a denegação de justiça.
Admite, contudo, o código que o autor prefira que a prova seja apreciada pelo juiz do tribunal do
trabalho e não pela comissão corporativa; nesse caso, deve declará-lo no requerimento em que
expõe a sua pretensão à comissão. Se a tentativa de conciliação se frustrar, seguir-se-á o processo
sumário. Parece ser este um prudente passo para a atribuição às comissões corporativas de mais
amplas funções judiciárias. Execução oficiosa outra alteração importante do código é a que se
refere à execução oficiosa a que se procede, independentemente de despacho do juiz, se, passado
um mês sobre o trânsito em julgado da sentença, esta não tiver sido cumprida.
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Bibliografia
Legislação:

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 1/2018 de 12 de Junho, Constituição da República,


(2004) in Boletim da República I série nº115 de 12 de Junho.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 23/2007 de 1 de Agosto: Aprova a lei de trabalho, in
Boletim da República I série nº31 de 1 de Agosto.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 10/2018 de 30 de Agosto aprova a lei que cria o tribunal
laboral in Boletim da República I série.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 18/92 de14 de Outubro: cria o tribunal laboral in
Boletim da República I série.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-lei 45 497 de 30 de Dezembro de 1963: aprova o
código de processo de trabalho in Boletim da República I série.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei 4/2021 de 5 de Maio altera a lei 10/2018 de 10 de Agosto
in Boletim da República I série.
Doutrina:
PEREIRA, Almeida de, Direito Laboral, 2a edição, Coimbra Editora, Lisboa, 2011.
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6a edição, Almedina, Coimbra, 2013.
LOPES, Cardoso, A acção Executiva em processo Laboral, Coimbra, 1990.
CUNHA, Celso, Dicionário Integral da Língua Portuguesa, Texto Editores.

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