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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO GREGÓRIO SEMEDO - LUBANGO

INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA NO DIREITO

Grupo nº
Cadeira: Filosofia do Direito
I Ano
Turma: 3M
Sala: 10
Curso: Direito
Período: Manhã

Lubango, 2023
Lista de membros integrantes do grupo
1 - Anilson Kanda

2 - Aúrio de Jesus

3 - António Ngando

4 - Edna Nunes

5 - Filomena Bangunete

6 - Iracelma Hipewambedi

7 - Rick Lage

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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 3

CAPÍTULO I - INFLUÊNCIA DO DIREITO NA FILOSOFIA ..................................... 4

1. - Generalidades ............................................................................................................. 4

2. - Evolução histórica da relação entre o Direito e a Filosofia........................................ 4

3. - Influência do Direito na Filosofia propriamente dita ................................................. 6

4 - Correntes filosóficas e aspectos do direito que moldaram a Filosofia ........................ 7

Conclusão ....................................................................................................................... 10

Bibliografia ..................................................................................................................... 11

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Introdução

A Filosofia tem ocupado um espaço que sempre lhe pertenceu em todas as áreas,
com destaque ao mundo jurídico quando das manifestações judiciais contemporâneas,
embora, ainda com certa timidez.

A área de conhecimento da filosofia do direito, desde essas primeiras


sistematizações, situou-se em patamar diferenciado da ciência do direito ou da doutrina
do direito positivo. A filosofia do direito se constituiu em ramo da filosofia pura, que se
propõe sistematizar uma reflexão propriamente filosófica sobre o fenômeno jurídico,
tendo como escopo principal a análise do conceito de direito, a explicação das
características do conhecimento jurídico e, principalmente, investigar o objetivo maior
do sistema jurídico que é a objetivação da ideia da justiça.

Apesar de ser um tema que causa estranheza, no presente trabalho nos


propusemos a abordar a temática sobre a influência que o direito exerce na Filosofia e
nesse diapasão abordaremos num único capítulo esse tema.

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CAPÍTULO ÚNICO - INFLUÊNCIA DO DIREITO NA FILOSOFIA

1. - Generalidades

A influência do direito na filosofia é um tema abrangente que aborda as


interações entre essas duas áreas do conhecimento. O direito, como sistema de normas e
regras que governam a conduta humana em uma sociedade, e a filosofia, como
disciplina que busca compreender e questionar a natureza da realidade, a moralidade, a
ética e outros aspectos da existência humana, têm uma relação intrincada ao longo da
história. Neste trabalho, exploraremos essa influência de maneira abrangente, abordando
as principais correntes filosóficas e os principais aspectos do direito que moldaram e
foram moldados pela filosofia.

A influência do Direito na Filosofia é um tema relevante e complexo. Ao longo


da história, essas duas áreas do conhecimento têm se relacionado de diferentes
maneiras, influenciando e sendo influenciadas mutuamente.

Por um lado, a Filosofia desempenha um papel fundamental na fundamentação e


reflexão ética do Direito. Através da Filosofia Moral, Ética e Política, os filósofos
exploram questões sobre a natureza da justiça, os direitos individuais e coletivos, a
legitimidade do poder e as bases para a construção de um sistema jurídico justo. Suas
ideias e teorias têm contribuído para o desenvolvimento de conceitos e princípios
fundamentais do Direito.

Por outro lado, o Direito também influencia a Filosofia de diversas maneiras. O


estudo das leis e sistemas jurídicos proporciona um campo de análise para os filósofos
examinarem questões relativas à natureza do direito, à interpretação e aplicação das
normas, à relação entre direito e moral, entre outros tópicos. Além disso, a existência de
diferentes sistemas jurídicos ao redor do mundo e ao longo da história levanta questões
filosóficas sobre a diversidade cultural, os valores sociais e a universalidade dos
princípios jurídicos.

2. - Evolução histórica da relação entre o Direito e a Filosofia

A relação entre o Direito e a Filosofia remonta à antiguidade e tem evoluído ao


longo da história. Desde os primórdios da civilização, a Filosofia e o Direito têm
caminhado lado a lado, influenciando-se mutuamente e moldando-se conjuntamente.

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Na Grécia Antiga, os filósofos se dedicaram a explorar questões éticas, morais e
políticas, que também eram fundamentais para o desenvolvimento do Direito. Platão,
em sua obra "A República", discutiu a natureza da justiça e suas implicações para a
organização política. Aristóteles, por sua vez, desenvolveu a teoria da justiça em sua
obra "Ética a Nicômaco", refletindo sobre os princípios morais e a aplicação da justiça
na sociedade.

Durante o período romano, a filosofia estoica influenciou o Direito Romano.


Pensadores como Cícero e Sêneca abordaram questões relacionadas aos princípios
morais e à relação entre a lei e a justiça. Suas reflexões tiveram impacto na
jurisprudência romana e ajudaram a moldar o sistema jurídico da época.

Na Idade Média, a filosofia cristã desempenhou um papel central na relação


entre o Direito e a Filosofia. Filósofos como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino
exploraram a relação entre a lei divina e a lei humana, bem como a natureza do direito e
a autoridade política. A filosofia escolástica, que predominava nessa época, também
influenciou a teoria jurídica medieval.

Durante o período do Iluminismo, no século XVIII, a Filosofia teve um impacto


significativo no Direito. Filósofos como John Locke, Montesquieu e Rousseau
abordaram questões fundamentais sobre os direitos individuais, a separação de poderes
e o contrato social. Suas ideias influenciaram a formação dos sistemas jurídicos
modernos e contribuíram para o estabelecimento de princípios como o Estado de Direito
e os direitos humanos.

No século XIX, surgiu o positivismo jurídico, que enfatizava a importância da


lei como um conjunto de regras estabelecidas pelas autoridades governamentais,
independentemente de seu conteúdo moral. Filósofos como Jeremy Bentham e John
Austin argumentaram que o Direito deveria ser analisado de forma objetiva, separada de
considerações éticas ou filosóficas. Essa abordagem positivista teve um impacto
duradouro no estudo e na prática do Direito.

Ao longo do século XX, diferentes correntes filosóficas continuaram a


influenciar a relação entre o Direito e a Filosofia. O realismo jurídico questionou a ideia
de que o Direito é uma entidade objetiva e enfatizou o papel dos juízes na interpretação
e aplicação das leis. A teoria crítica do Direito, associada a pensadores como Karl Marx

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e Max Horkheimer, analisou o Direito a partir de uma perspectiva socioeconômica e
destacou as relações de poder presentes na sociedade.

Atualmente, a relação entre o Direito e a Filosofia continua a ser objeto de


estudo e debate. Filósofos e juristas exploram questões como a fundamentação ética do
Direito, os limites do poder estatal e a justiça social. A Filosofia desempenha um papel
fundamental na reflexão sobre o Direito, fornecendo ferramentas conceituais e teóricas
para analisar e compreender as questões legais e morais que surgem na sociedade
contemporânea.

3. - Influência do Direito na Filosofia propriamente dita

Como já sublinhámos, a relação entre Direito e Filosofia é dinâmica e evolui ao


longo do tempo, moldada por correntes de pensamento, contextos históricos e desafios
sociais. Ambas as disciplinas se influenciam e se enriquecem mutuamente,
proporcionando uma base sólida para a compreensão e aprimoramento das sociedades
humanas.

É importante ressaltar que a relação entre Direito e política nem sempre é


harmoniosa. Muitas vezes, há conflitos de interesses e debates em torno das leis e
políticas públicas. No entanto, é fundamental que haja um equilíbrio entre os poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário para garantir a justiça e a eficácia do sistema
jurídico.

A influência do Direito na Filosofia é bastante significativa, pois as leis e os


princípios jurídicos têm um impacto profundo nos pensamentos filosóficos e nas teorias
éticas. A filosofia do Direito, por exemplo, explora questões como a natureza do direito,
a justiça, a moralidade e os fundamentos éticos das leis. Por outro lado, a filosofia
também desafia o Direito a questionar suas bases e fundamentos, levantando debates
sobre o poder, a legitimidade e a interpretação das leis. Em resumo, o Direito e a
Filosofia têm uma relação intrínseca, pois ambos buscam compreender e promover a
ordem social, a justiça e a moralidade.

Portanto, entender o Direito como um fenômeno social envolve analisar suas


relações com a Filosofia, a política, a economia e a sociedade como um todo. Essa

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compreensão mais ampla nos permite questionar, debater e buscar constantemente
melhorias e soluções para os desafios jurídicos e sociais que enfrentamos.

Portanto, a união entre Direito e Filosofia nos permite uma análise mais
profunda e crítica do sistema jurídico, contribuindo para sua evolução e adaptação aos
desafios contemporâneos. É através desse diálogo entre as disciplinas que podemos
buscar soluções mais eficazes e justas para os problemas jurídicos e sociais que
enfrentamos.

Além disso, a Filosofia do Direito contribui para o desenvolvimento de teorias


jurídicas, formuladas por filósofos e juristas, que influenciam a prática jurídica e ajudam
a moldar o sistema legal. Essas teorias abordam temas como a natureza dos direitos
humanos, a autoridade do Estado, a responsabilidade individual e coletiva, entre outros
assuntos relevantes para o Direito.

Dessa forma, a relação entre Direito e Filosofia é fundamental para o avanço do


conhecimento jurídico e para a busca de uma sociedade mais justa e ética. Através do
diálogo e da reflexão conjunta, promovemos um entendimento mais profundo das
normas e dos princípios que regem a convivência em sociedade, contribuindo para o
fortalecimento do Estado de Direito e para a garantia dos direitos de todos os cidadãos.

Além das questões éticas e filosóficas, o Direito também abrange áreas práticas
como o sistema legal, a interpretação de casos, a aplicação das leis e os processos
judiciais. Essas áreas envolvem estudos sobre as diferentes ramificações do Direito,
como o Direito Penal, o Direito Civil, o Direito Constitucional, entre outros.

A filosofia do Direito auxilia na reflexão sobre o papel do Direito na sociedade,


analisando sua influência nas relações interpessoais, na formação das instituições e na
garantia dos direitos individuais e coletivos. Por meio dessa reflexão, busca-se
aprimorar as leis existentes, identificar lacunas que precisam ser preenchidas e
promover mudanças para melhorar a justiça e a equidade dentro da sociedade.

4 - Correntes filosóficas e aspectos do direito que moldaram a Filosofia

Nesse diapasão, importa fazer menção a influência de maneira abrangente do


direito na filosofia, abordando as principais correntes filosóficas e os principais aspectos
do direito que moldaram e foram moldados pela filosofia.

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1 - Filosofia do direito: A filosofia do direito é um campo específico da filosofia
que se dedica ao estudo e à reflexão sobre os fundamentos, a natureza e a validade das
leis e sistemas jurídicos. Desde os primórdios da filosofia ocidental, os filósofos têm se
envolvido com questões relacionadas ao direito. Platão, por exemplo, abordou a justiça
em sua obra "A República", questionando a natureza do que é justo e como a justiça
deve ser aplicada na sociedade.

2 - Teoria do direito natural: A teoria do direito natural é uma corrente filosófica


que argumenta que existe um conjunto de princípios éticos e morais intrínsecos ao
direito, independentemente das leis criadas pelos seres humanos. Essa corrente
filosófica tem suas raízes na filosofia grega antiga e influenciou significativamente o
pensamento jurídico ocidental. Filósofos como Aristóteles e Tomás de Aquino
desenvolveram teorias do direito natural, sustentando que certos direitos são
inalienáveis e universais, derivados da natureza humana e da ordem divina.

3 - Positivismo jurídico: O positivismo jurídico é uma corrente filosófica que se


concentra na análise do direito como um fenômeno social e nas normas jurídicas como
produtos da vontade humana. Segundo essa perspectiva, a validade das leis depende de
sua promulgação por autoridades competentes, independentemente de sua moralidade
ou justiça intrínsecas. O positivismo jurídico foi desenvolvido por filósofos como
Jeremy Bentham e John Austin, e teve um impacto significativo no desenvolvimento
dos sistemas legais modernos.

4 - Filosofia política: A filosofia política, que investiga questões relacionadas ao


poder, à autoridade e à organização social, também desempenha um papel fundamental
na influência do direito na filosofia. Filósofos políticos como Maquiavel, Hobbes,
Locke e Rousseau exploraram a natureza do contrato social, a legitimidade do governo e
as relações entre os indivíduos e o Estado. Suas teorias influenciaram diretamente a
filosofia do direito e ajudaram a moldar conceitos-chave, como direitos individuais,
separação de poderes e governança democrática.

5 - Ética e moralidade: A ética e a moralidade são campos filosóficos que se


preocupam com as noções de certo e errado, bem e mal, e têm uma forte conexão com o
direito. Questões sobre a fundamentação moral das leis, a responsabilidade moral dos
indivíduos e a relação entre ética e legalidade são frequentemente debatidas na filosofia

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do direito. Filósofos como Immanuel Kant e John Stuart Mill desenvolveram teorias
éticas que tiveram impacto direto na concepção do direito e na formulação de princípios
jurídicos, como a dignidade humana e a noção de utilidade.

6 - Direitos humanos: A filosofia desempenhou um papel crucial no


desenvolvimento e na defesa dos direitos humanos. A ideia de que todos os seres
humanos têm direitos inalienáveis e fundamentais é amplamente baseada em princípios
filosóficos. Documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos foram
influenciados por filósofos como John Locke e Immanuel Kant, que sustentaram que os
indivíduos possuem direitos naturais que devem ser protegidos pelo Estado.

7 - Filosofia do direito contemporânea: Na filosofia do direito contemporânea,


uma ampla gama de correntes filosóficas contribui para o debate sobre a natureza e os
fundamentos do direito. O pós-positivismo, por exemplo, critica a visão estritamente
positivista do direito, argumentando que questões morais e éticas devem ser levadas em
consideração na interpretação e aplicação das leis. Além disso, a filosofia feminista do
direito e a filosofia crítica do direito são abordagens que questionam as estruturas de
poder subjacentes ao sistema jurídico e buscam uma transformação social mais
igualitária.

Esses são apenas alguns exemplos da influência do direito na filosofia. A relação


entre essas duas disciplinas é dinâmica e contínua, com cada uma delas desafiando e
enriquecendo a outra em um diálogo constante.

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Conclusão

Em guisa de conclusão, importa realçar que, a influência do direito na filosofia é


profunda e abrangente. A filosofia fornece os fundamentos teóricos para a compreensão
e a crítica do direito, enquanto o direito molda e é moldado pelos princípios filosóficos
subjacentes. Ao longo da história, filósofos e juristas têm colaborado para desenvolver
teorias e conceitos que ajudam a fundamentar a legitimidade, a justiça e a moralidade
dos sistemas jurídicos. Essa interação contínua entre o direito e a filosofia continua a
influenciar e a moldar tanto as práticas jurídicas quanto as reflexões filosóficas
contemporâneas.

Importa realçar que a filosofia do direito não analisa as qualidades formais do


direito, domínio próprio das ciências jurídicas, mas simplesmente acompanha o sentido
e o horizonte do projeto jurídico moderno, pelo que essa união faz surgir uma simbiose
entre as duas ciências e é inegável que ambas coexistem e coexistirão para sempre.

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Bibliografia

― BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico. Lições de Filosofia do Direito.


Trad. Márcio Pugliase, Edson Bini, Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, 1995.

― CABRAL DE MONCADA, Luís. Estudos de Filosofia do Direito e do


Estado. v. II. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2004.

― COELHO, Nuno Manoel Morgadinho dos Santos. Fundamentos Filosóficos


da Interpretação do Direito – o Romantismo. Barbacena: Rideel/Unipac, 2012.

― MENEZES, Djacyr. Tratado de Filosofia do Direito. São Paulo: Atlas, 1980.

― REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

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