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COMENTÁRIOS CONTEXTUAIS
1
Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Mestrando em
Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São
Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do
Núcleo de Estudos e Pesquisa do Sindicalismo (NEPS). Integrante da Rede Justiça nos Trilhos.
2
Para uma aproximação ao pensamento pós-colonial recomenda-se a leitura de Lander (2005). O livro traz uma
série de artigos com pensadores pós-coloniais que se propõe a re-pensar as ciências sociais na América Latina
para além da perspectiva moderna-colonial do eurocentrismo.
3
É professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal) e da Universidade
de Warwick (Inglaterra). É também diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Tem se
destacado como um dos maiores autores pós-modernos e pós-coloniais ao lado de pensadores como o sociólogo
peruano Aníbal Quijano. É autor de vastos artigos e livros nos quais aborda questões culturais, epistemologia,
direito, pós-modernidade, democracia, cidadania, globalização e direitos humanos.
um diálogo com o autor na perspectiva da crítica como aproximação apontando seus limites,
possibilidades e perspectivas.
Até agora, toda a concepção histórica tem omitido completamente a base real da
história, pois a tem considerado como algo secundário, sem qualquer vinculação
com o curso da história. Resultam daí noções de que a história deva sempre ser
escrita de acordo com um critério localizado fora dela. A produção real da vida
aparece como se estivesse separada da vida comum, como alguma coisa extra e
supraterrenal. Por isso, as relações dos homens e natureza são excluídas da história,
o que faz surgir a oposição entre natureza e história.
É justamente o dualismo, a separação entre mundo natural e mundo social que abre a
possibilidade da discussão da dominação. Esta ideia é profundamente anti-dialética e
romântica, na medida em que não fornece uma base material que coloque no centro a relação
indissociável entre história humana e história natural, tal como os filósofos alemães
perceberam.
Então, como poderia ser resolvido este imbróglio que opõe natureza e sociedade?
A saída oferecida por Smith e O’Keefe (1980) para o imbróglio que envolve a
dualidade positivista da concepção da natureza tem como base o materialismo histórico e a
relação entre sociedade e natureza. E esta relação é o processo de produção pelo qual a
natureza é modificada pelo homem. Pelo processo produtivo do trabalho o conteúdo da
4
Ou seria melhor dizer passível de ser dominada?
5
Lembrei-me do filósofo Rousseau neste momento.
natureza tem sua forma alterada. A produção de valores de uso é, com o advento da produção
capitalista, transformada em produção de valores de troca. O capitalismo produz a natureza de
modo progressivo e revolucionário na medida em que se desenvolve internacionalmente na
busca de acumulação de capital. Além disso, Smith e O’Keefe (1980) salientam que:
Mas não apenas isso "segunda natureza" que é cada vez mais produzida como parte
do modo de produção capitalista. A "primeira natureza" é também produzida. De
fato a "segunda natureza" não é mais produzida a partir da primeira natureza, mas a
primeira é produzida pela e dentro dos limites da segunda (p.35).
Atrás da vaga e mecânica "dominação da natureza", encontramos, na realidade, a
produção da natureza (p.36).
Porto-Gonçalves (2006, p.86) enxerga, pelo que foi analisado, em Francis Bacon o pai
da ideia de dominação da natureza. Em suas palavras:
Francis Bacon já havia afirmado que saber é poder, e deveríamos levar mais a sério
sua assertiva. Bacon, inclusive, usou a tortura como metáfora para assinalar como
deveríamos obter da natureza a verdade. A idéia de dominação da natureza, em torno
da qual gira o imaginário moderno-colonial, está impregnada dessa relação de poder
por meio do conhecimento científico.
Dessa forma, Porto-Gonçalves volta a introduzir a natureza como uma esfera passiva,
torturável pelo espírito científico baconiano. O sociólogo John Bellamy Foster (2010)
perscrutou por que Bacon é na Teoria Verde encarado como um verdadeiro inimigo. Em A
ecologia de Marx, Foster diz que “o próprio Bacon afirmou que a maestria da natureza estava
enraizada na compreensão e na obediência às suas leis” (2010, p.27). Não obstante,
promovendo uma defesa do materialismo marxiano e buscando fugir da demonização da
ciência por parte dos ecologistas que veem em Bacon o pai da dominação da natureza, Foster
(2010, p.26) sentencia:
2. O Estado de natureza não reforça uma evolução linear a uma sociedade civil?
3. Progresso
4. Crítica ao desenvolvimento. Mas e aí? A roda da história não gira para trás
7
A noção de Desenvolvimento Desigual e Combinado do Capitalismo remonta aos pensadores marxistas Lênin,
Rosa Luxemburg e Leon Trotsky. Este último em História da revolução russa (2ª edição. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1977) clarificou as principais categorias da lei: A Desigualdade dos Continentes e Países; A Evolução
Desigual do Capitalismo; Causas Iguais, Efeitos Diferentes.
8
A acumulação primitiva é uma “acumulação que não decorre do modo capitalista de produção, mas é seu ponto
de partida” (MARX, 2011, p.827). Em O Capital, precisamente no Livro I Volume II Capítulo XXIV, o filósofo
e principal teórico do comunismo, Karl Marx, promoveu uma análise do referido processo enquanto gênese da
produção do capital e, consequentemente, do capitalismo. Marx aponta a violência como marca registrada de tal
processo que opôs proprietários de dinheiro e trabalhadores livres. A expropriação dos camponeses na Inglaterra,
o saque dos bens da Igreja Católica com a Reforma, a pauperização do povo, a usurpação das terras que
formaram a oligarquia, são todos momentos do movimento da acumulação primitiva. Além disso, Marx mostra
como a lei se tornou veículo do roubo e da destituição de direitos, a agricultura e a terra comunal foram
desconectadas, a transformação da propriedade feudal em propriedade privada moderna e a alienação
fraudulenta dos domínios do Estado figuram entre os métodos da acumulação primitiva. Somem-se a isso as
legislações contra os expropriados, as leis que rebaixavam salários, leis contra trabalhadores, o sistema colonial,
a participação do cristianismo e a dívida pública como alavanca da, assim chamada, acumulação primitiva.
9
Ao fazerem isso, os proprietários rurais ingleses acabaram expulsando inúmeras famílias camponesas que
iriam, futuramente, servir de mão-de-obra barata para trabalhar nas incipientes fábricas e manufaturas inglesas.
Um retrato deste processo pode ser encontrado em MORE (2000).
Américas o ouro, a prata, os metais preciosos, a força de trabalho indígena. Da África a força
de trabalho negra. Em ambos os casos camponeses, índios e negros foram vistos como
vagabundos, bárbaros, incivilizados. O resto da história a gente já conhece.
Altos níveis de industrialização e urbanização, tecnificação da agricultura e adoção
dos valores culturais e educacionais modernos (leia-se europeus), fazem parte do corpo do
desenvolvimento. A pergunta que se faz é a seguinte: é possível reorientar o
desenvolvimento? Se possível como, por que e para quê?
Vejamos: se o desenvolvimento é em si capitalista isso significa dizer que ele é
essencialmente capitalista. Ele é imutavelmente capitalista. Mas será que não estaríamos
incorrendo em um erro em afirmar que o desenvolvimento não pode mudar? Não estaríamos
sendo metafísicos e até mesmo duvidando da capacidade do homem que ele tem de mudar?
A palavra desenvolvimento é apenas um cognato. Quem a faz na materialidade são os
homens. E são os homens que detém a capacidade da mudança. Mas por que falar tanto de
mudança? Talvez por que é possível crer que o desenvolvimento em si não é capitalista. Mas
ele precisa de alguns reajustes estruturais.
A reorientação do desenvolvimento passa pela reorientação do sistema. Num sistema
civilizatório, como é o capitalismo, orientado pelo lucro, mais-valia e na exploração da
natureza e do trabalhador é preciso mudar a forma de ser do desenvolvimento. Isso para que
não romantizemos os subdesenvolvidos, uma vez que o subdesenvolvimento é uma forma de
ser do desenvolvimento; é seu co-constitutivo dialético; não é algo exterior, mas simultâneo.
Dessa forma todos nós somos simultaneamente/contemporaneamente
(sub)desenvolvidos. A industrialização desenfreada, a urbanização sem controle, o uso
intensivo de agroquímicos, a educação que deseduca, são todas elas formas de ser do
desenvolvimento capitalista. Como se supera esse cenário?
Agindo dentro dele. Sem cair no estruturalismo de achar que o capital determina a
tudo, a todos e que as alternativas apenas são subsumidas por ele; é preciso ter ciência de que:
sim, o capital é hegemônico, ou seja, detém o controle ideológico; mas isso não é igual a dizer
que o capital determina totalmente as sociabilidades do indivíduo.
É preciso, pois cada vez mais de política. Estou ciente de que este tipo de política feita
no mercado é uma das formas de ser da própria política do sistema capitalista que, como
disse, pode até ser hegemônica; todavia, ser uma não é o mesmo que ser a; assim temos que
focalizar a política não apenas como imposição de limites, mas também como luta pelo poder.
Poder este que não está assente apenas no Estado, mas em todos nós. Mais política, menos
polícia10.
10
Isso me recordou a observação que Marx (1983, p.77, grifos meus) pontua em sua Crítica da Filosofia do
Direito de Hegel: “Com estes representantes não é suprimida a oposição; esta é antes transformada em oposição
legal, rígida. O Estado, na medida em que é estranho e exterior ao ser da Sociedade Civil, é defendido pelos
representantes deste ser contra a sociedade civil. A polícia, os tribunais, a administração, não são representantes
da própria sociedade civil, vigiando em si mesmos e através de si mesmos o seu próprio interesse comum, mas
sim representantes do Estado encarregados de o administrar contra a sociedade civil”.
uso da força) necessárias ao nascimento do capitalismo. Harvey (2010), por outro lado, tem
apontado que a acumulação originária descrita por Marx continua em voga. Harvey chamou
de acumulação por espoliação uma gama de processos: a mercadificação, privatização das
terras e da força de trabalho, expulsão de populações camponesas, processos
(neo)coloniais/imperiais, monetização da troca, comércio de escravos, o uso da força pelo
estado e seu monopólio da violência, ênfase em direitos de propriedade intelectual,
patenteamento e licenciamento de material genético, biopirataria e privatização.
8. Crítica às intenções
9. Demócrito
Idéias gêmeas (2006, p.83). É assim que Porto-Gonçalves aborda a questão da separação
natureza-cultura identificando com a dominação da natureza. O geógrafo Neil Smith (2009,
p.9) opôs essa visão com a tese da produção da natureza:
Dois esclarecimentos são importantes aqui. Primeiro, muitos marxistas e críticos tem
argumentado que as sociedades humanas em geral, e capitalismo em particular,
tentam uma certa dominação da natureza. Para a Escola de Frankfurt de um lado do
espectro político, esta sempre foi concebida como uma condição inevitável do
11
Ou seria intencional?
metabolismo humano com a natureza 12. Por outro lado, ecologistas profundos,
hipótese de Gaia, e outros essencialistas ecológicos reconhecem uma tentativa
paralela de dominação, mas rejeitam-na não como inevitável mas como uma escolha
destrutiva social. Não há dúvida de que a intenção ampla da ciência em uma
sociedade capitalista é explicitamente destinado a dominação da natureza, mas que o
projeto incorpora uma externalização agressiva da natureza, como vimos, e de
diferentes maneiras de externalização da natureza também é incorporada, seja qual
for o grau de lamentação, na tese de dominação da natureza. A tese da produção da
natureza, pelo contrário, não só assume nenhuma dominação abrangente, mas deixa
aberta inicialmente as formas pelas quais a produção social pode criar acidental,
involutária, mesmo resultados contra-eficazes vis-a-vis a natureza. Em termos
políticos, a tese da dominação da natureza é um beco-sem-saída: se tal dominação é
um aspecto inevitável da vida social, as únicas alternativas são uma política anti-
social (literalmente) da natureza ou renuncia a outra dominação suave.
11. Observação sobre a Teoria das quatro causas aristotélicas e Francis Bacon:
Antiguidade e Modernidade.
Se Platão apontou que os objetos reais são apenas uma representação da ideia, o
filósofo de Estagira hierarquizou as causas acima referidas. As causas menos importantes
seriam a material e a motriz, e as mais valiosas seriam a formal e a final.
Por isso, a causa material e a eficiente são ditas causas externas, enquanto a formal e
a final são ditas causas internas. Percebe-se que são mais importantes as causas da
permanência e menos importantes as causas da mudança ou do movimento (Chauí
2008, p.11).
A “preferência” de Aristóteles pela permanência e não pelo movimento é algo que não
foi exclusivo deste filósofo. Enquanto Heráclito de Éfeso (540-480 a.C) pregava a existência
12
Alfred Schmidt, The Concept of Nature in Marx, London: New Left Books, 1971;
William Leiss, The Domination of Nature, Boston: Beacon Press, 1974.
constante da mudança, Parmênides professava que a essência do ser era imutável e que o
movimento era um fenômeno de superfície. A “escolha” pela metafísica de Parmênides em
detrimento da concepção de Heráclito é explicada por Konder (2008, p.8) dizendo que:
Retomando a concepção aristotélica das quatro causas analisa-se que a causa material
(aquilo que alguma coisa é feita) está ligada à causa motriz ou eficiente (o agente que faz o
objeto). Em contrapartida a causa formal está ligada à final, pois os seres são criados com
uma finalidade. Assim, é a finalidade que determina a essência ou natureza da coisa.
Se examinarmos as ações humanas, veremos que a teoria das quatro causas leva a
uma distinção entre dois tipos de atividades: a atividade técnica (ou o que os gregos
chamavam de poiésis) e a atividade ética e política (ou o que os gregos chamam de
práxis) a primeira é considerada uma rotina mecânica, em que um trabalhador é uma
causa eficiente que introduz uma forma numa matéria e fabrica um objeto para
alguém. Esse alguém é o usuário e a causa final da fabricação. A práxis, porém, é a
atividade própria dos homens livres, dotados de razão e de vontade de deliberar e
escolher uma ação. Na práxis, o agente, a ação e a finalidade são idênticos e
dependem apenas da força interior ou mental daquele que age. Por isso, a práxis
(ética e política) é superior à poiésis (o trabalho) (CHAUÍ, 2008, p.11).
13
“Mas de maneira mais perniciosa se manifesta essa incapacidade da mente na descoberta das causas: pois,
como os princípios universais da natureza, tais como são encontrados, devem ser positivos, não podem ter uma
causa. Mas, mesmo assim, o intelecto humano, que se não pode deter, busca algo. Então, acontece que buscando
o que está mais além acaba por retroceder ao que está mais próximo, seja, as causas finais, que claramente
derivam da natureza do homem e não do universo” (BACON, 2002, p.17). Está clarividente que Francis Bacon
não admite causa final na Natureza.
A causa eficiente, de certa forma, engloba a causa material, ao passo que a causa final
recobre a causa formal, permitindo assim que haja uma relação dicotômica entre o agente,
aquele que faz o objeto e atualiza a potencialidade da matéria permitindo que a causa material
receba a causa formal. Causa e efeito estão intimamente ligados, logicamente e racionalmente
produzidos. Então se a Natureza age mecanicamente, como um sistema de causa e efeito, se
ela é apenas o agente da mudança, não existem causas finais na Natureza, não há finalidade,
motivo da existência de algo. Isso para o mundo físico (physis, natureza), pois no plano
metafísico (que vai além da física, da physis, da natureza) há a causa final, que é voluntária e
livre: Deus e os homens. Temos então cristalizada a oposição Deus/Homem - Natureza. A
Natureza não é voluntária, não é livre, pois não tem fins, nem objetivos a serem alcançados. A
Natureza está presa às vontades necessárias, impessoais e livres, aos interesses dos espíritos
(tanto de Deus, como dos homens). O auge dessa dicotomia Homem-Natureza é visível em
Descartes (2008) quando este advoga que o homem torne-se senhor e possuidor da natureza14.
O racionalismo cartesiano mentor embrionário de uma epistemologia positivista que
esquarteja a Natureza, bem como a ciência com seu método, nos mostra como a Natureza é
vista como utilitária, um agregado mecânico de seres e indivíduos. O materialismo
mecanicista de Descartes que trata a Natureza como um corpo movido pela causa eficiente,
governada por leis mecânicas, faz com que o Homem sinta-se separado dela.
12. Biotecnologia
14
“é possível chegar a conhecimentos muito úteis para a vida e de achar, em substituição à filosofia especulativa
ensinada nas escolas, uma prática pela qual, conhecendo a força e a ação do fogo, da água, do ar, dos astros, do
céu e de todos os demais corpos que nos cercam, tão distintamente quanto conhecemos os diversos misteres dos
nossos artífices, poderíamos empregá-los igualmente a todos os usos para os quais são próprios, e desse modo
nos tornar como que senhores e possuidores da natureza” (DESCARTES, 2008, p. 60, os grifos são meus).
um importante aspecto de melhoria da vida dos povos e culturas. Mas o dualismo persiste em
seu pensamento em relação à biotecnologia: Porto-Gonçalves talvez não veja que com a
utilização da biotecnologia abriu-se a possibilidade real de produção da natureza. Não uma
natureza exterior, exógena, externa, formalmente subsumida e que precisa ser dominada; mas
uma natureza em sua totalidade, sem separações ou dicotomias, uma natureza
simultaneamente humana que, infelizmente, se tornou uma engrenagem da mecânica de
acumulação capitalista.
15
É cientista político e professor da Universidade Livre de Berlim.
16
É um economista catalão catedrático de Economia e História Econômica da Universidade Autônoma de
Barcelona.
14. Diálogo com Adam Smith: preço justo, preço natural, natureza e justiça17
Nos séculos XVIII e XIX, sob a influência das idéias liberais de Adam Smith, cada
país procurava seu espaço no comércio internacional com base na especialização na
produção de mercadorias para as quais tivesse maiores vantagens competitivas,
determinadas por fatores naturais, culturais, sociais e históricos. Desta forma, do
Chile exportavam o salitre; do Brasil, o café, o açúcar e os metais preciosos; da
América Central, as bananas; da região andina do Peru e Bolívia, os metais
17
Parte desta discussão foi realizada em Ribeiro Junior; Oliveira; Sant‘Ana Júnior (2009)
preciosos; da Argentina e Uruguai, a carne. O liberalismo econômico fazia parte da
estratégia política internacional inglesa, que o empregava com o intuito de conseguir
acesso direto aos fornecedores de matérias-primas e aos mercados consumidores
mundiais, rompendo com a ordem mercantilista. É interessante ressaltar que, no
mesmo período, EUA e Alemanha adotavam políticas protecionistas.
O preço natural é como se fosse o preço central, em torno do qual os preços de todas
as mercadorias estão continuamente gravitando. Acidentes diversos, por vezes,
podem mantê-los suspensos muito acima deles, e por vezes os forçam um tanto
abaixo. Mas quaisquer que sejam os obstáculos que os impedem de se estabelecer
neste centro de repouso e continuidade, estão sempre tendendo para ele (SMITH
apud KOCHER, 2005, p.96, nota de rodapé).
Mas o que Smith entendia como sendo natural? Uma possível resposta é entender que
Smith interpreta como natural aquilo que é justo, portanto, se é justo é aceitável. Como nos
fala Porto-Gonçalves (2006a, p. 51):
15. Expert
REFERÊNCIAS
18
Há de se destacar, e é preciso ter isso em mente, que competição é uma noção biológica e implica uma relação
desarmônica, ou seja, uma relação na qual pelo menos uma das espécies é lesada.
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