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17/05 – Introdutória, objeto e métodos do DIPRI

Definição

O Direito Internacional Privado é, portanto, o ramo do Direito que visa a regular


os conflitos de leis no espaço em relações de caráter privado que tenham
conexão internacional, determinando qual a norma jurídica nacional que se
aplica a esses vínculos, que poderá tanto ser um preceito nacional como
estrangeiro (PORTELA)

Concepção francesa sobre os objetos do DIPRI:


1- o conflito das leis;
2- o conflito de jurisdições;
3- a nacionalidade e
4- a condição jurídica do estrangeiro

Conflitos de leis
 Método de resolução indireto (REGRAS DE CONEXÃO): não resolve a
questão, só indica o Estado que devemos procurar
o Assim, não fala se a lei é a melhor e/ou mais justa, só define a lei
segundo o Estado adotado
o LINDB (Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro)
1- Estatuto Pessoal (direitos da personalidade)
a. Nacionalidade
b. Residência/domicilio
2- Bens
3- Obrigações
4- Sucessão
o Exceção da ordem pública: serve de barreira para quando uma lei
derivada da regra de conexão se mostrar muito diferente do costume
domestico
 Método direito: diferente do método indireto, já oferece resoluções para as
questões multiconectadas
o CISG (Convenção de Viena sobre os Contratos de Compra e Venda
Internacional de Mercadorias
 Regras para a regência de compra e venda de mercadorias
 Afasta a LINDB
 Soluções para antinomias1
 Critério de especialidade

Conflitos de jurisprudência
 gira em torno da competência do Judiciário na solução de situações que
envolvem pessoas, coisas ou interesses que extravasam os limites de uma
soberania. À competência jurisdicional internacional está ligado o tema do
reconhecimento e execução de sentenças proferidas no estrangeiro.
o Poder do Estado de conhecer e solucionar controvérsias
 Conflito positivo (tipo de conflito)
o Quando há mais de uma jurisdição que se apresenta como apta para
solucionar uma questão jurídica
o Imposição do mais forte sobre o mais fraco  consequentemente, é
mais vantajoso para uma parte do que para outra
o Há uma preocupação com quem (Estado) que irá julgar e não apenas
a lei que será escolhida
 Conflito negativo (tipo de conflito)
o Nenhum Estado/jurisdição disposto a resolver o conflito
o Problema: ausência de justiça
 Jurisdição direta (divisões dos estudos)
o Estado indicando quais são as questões que seus juízes podem julgar
o Arbitragem
 A arbitragem se inicia pela celebração da convenção de
arbitragem, gênero que admite duas espécies: a cláusula
compromissória e o compromisso arbitral.
 A cláusula compromissória é o negócio jurídico que prevê
a sujeição à arbitragem de qualquer litígio futuro
vinculado a determinada relação jurídica, ordinariamente
de natureza contratual.

1
A antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente, sem
que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto (lacunas de colisão).
 O compromisso arbitral é o ajuste firmado diante de um
conflito já existente, por força do qual as partes acordam
submeter sua disputa à arbitragem.
 A diferença essencial entre a cláusula e o compromisso arbitral
reside justamente no momento de sua celebração: a primeira é
anterior a qualquer disputa e o segundo é instituído em face de
um litígio concreto.
o Imunidade de jurisdição
 Princípio do direito internacional que impede um Estado de
exercer sua jurisdição se há outras jurisdições
 Jurisdição indireta (divisão dos estudos)
o O Estado reconhece atos praticados por autoridades estrangeiras
 Ex. sentença de um juiz estrangeiro sendo reconhecida no Brasil
 Representa a cooperação jurídica internacional
 É a posteriori: primeiro há a sentença, depois a jurisdição é
decidida
o Cooperação passiva
 o recebimento do pedido de extradição
o Cooperação ativa
 o procedimento de requisição de indivíduo a Estado estrangeiro
 A cooperação jurídica internacional pode ser feita pela via diplomática (mais
burocrática porém mais estabelecida) ou pelas autoridades centrais (mais
velozes)
o O contato entre autoridade judiciais é a via direta
 Possibilidade de reconhecimento de ações estrangeiras
o Homologação de sentença estrangeira (decisão definitiva)
 Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
 I – Processar e julgar, originariamente: (...)
o i) a homologação de sentenças estrangeiras e a
concessão de exequatur às cartas rogatórias (...)”
o Carta rogatória (decisões interlocutórias, não definitivas)
 é uma forma de comunicação entre o judiciário de países
diferentes, com objetivo de obter colaboração para prática de
atos processuais.
 Trata-se de um instrumento jurídico de cooperação processual
entre países. Muito parecido com a carta precatória, a principal
diferença é que, no caso da rogatória, o processo está
tramitando em um país e o ato processual tem que ser cumprido
em outro.
 tem por objetivo a realização de atos e diligências processuais
no exterior, como, por exemplo, audição de testemunhas.
 Auxilio direto
 o auxílio direto tem como requisito decisão de autoridade
 nacional que, à luz do direito brasileiro, determinará a
possibilidade do pedido
Nacionalidade
 cuida da caracterização nacional de cada Estado, das formas originárias e
derivadas de aquisição da nacionalidade, da sua perda e reaquisição, dos
conflitos positivos e negativos, ocasionando, respectivamente, a dupla
nacionalidade e a apatridia, dos efeitos do casamento sobre a nacionalidade
da mulher e das eventuais restrições aos nacionais por naturalização.
 dimensões
o vertical: vinculo político e jurídico do indivíduo com o Estado (a ligação
do indivíduo com o Estado a que pertence)
o horizontal: faz do nacional membro de uma comunidade, da população
que constitui o Estado.
 Conflitos
o Positivo: múltiplos Estados reconhecem o vinculo
o Negativo: nenhum Estado reconhece esse vinculo
 Tipos (diferenciação pelo momento da atribuição)
o Nacionalidade originaria: o ius soli – aquisição de nacionalidade do
país onde se nasce – e o ius sanguinis – aquisição da nacionalidade
dos pais à época do nascimento
o Nacionalidade derivada (manifestação da vontade): ocorre por via da
naturalização – voluntária ou, em tempos idos, também imposta e, em
certos países, por meio do casamento; o ius domicilii e o ius laboris
têm especial destaque na aquisição derivada da nacionalidade.

Condição jurídica do estrangeiro


 Situações nas quais o estrangeiro é tratado diferente do nacional (apenas a
constituição pode estabelecer essa diferença)
 Fonte: lei de migração de 2017 (humanista)
o Mais protetora ao estrangeiro
 Entrada justa do estrangeiro: documento de entrada e visto
 Retirada compulsória do estrangeiro
o Repatriação: devolução para o Estado de onde veio, geralmente
causada por documento inválidos
o Deportação: lida com estrangeiros que já entraram juridicamente no
país
o Expulsão: retirada do estrangeiro com proibição de retorno
o Extradição: é necessário o pedido de um Estado
 Um indivíduo pode ser extraditado para cumprir pena ou para
comparecer a um processo
 Necessariamente fundamentado em um tratado ou promessa de
reciprocidade
 Dupla tipicidade: significa que somente haverá extradição se a
conduta atribuída ao extraditando deve revestir-se de tipicidade
penal e for punida no Brasil quanto no Estado requerente

24/05 – História e fontes do DIPRI

História

Antiguidade – Grécia e Roma antiga


 Na Grécia e em Roma o estrangeiro não tinha direitos, pois estes derivavam
exclusivamente da religião, da qual o alienígena era excluído
o Jus peregrine era exclusivo para os estrangeiros diferentemente do jus
civile
o Roma tinha pretor especial para julgar o estrangeiro, o pretor
peregrinus, e, em Atenas, o juiz dos estrangeiros era o polemarca
 O DIPRI tradicional não aceita que esses exemplos sejam “DIPRI” porque ão
a delegação de qual lei deve ser usada
 A invasão do Império Romano pelos bárbaros no século V causou alterações
no panorama jurídico europeu, institucionalizando-se o sistema que se
convencionou denominar da personalidade da lei, no qual cada pessoa era
livre para reger sua vida pela lei de sua origem.
o Assim, conviviam ao mesmo tempo e no mesmo território o direito
romano e diversos direitos bárbaros, numa verdadeira Torre de Babel,
concebendo-se relações jurídicas entre pessoas de diferentes origens
e regidas por leis diversas
o Sistema personalidade (lei da origem do indivíduo)  sistema
territorialidade (lei local)

Baixa Idade Média


 Escolas estatuarias: começam a questionar se os indivíduos devem ser
julgados pelas leis locais ou pessoas
o criaram a denominada “teoria dos estatutos” que, segundo um mestre
francês, se caracteriza por um conjunto de regras doutrinárias sobre a
diversidade dos estatutos e costumes locais, visando classificar as
matérias jurídicas em tantos grupos quantos sejam necessários, a fim
de indicar soluções racionais para as diversas espécies de conflitos de
leis
o Escolas
 Italiana (XI – XIV): Valem as leis do local onde o contrato foi
celerado
 Francesa (XIV): Partes decidem qual lei convém (autonomia da
vontade)
 Expressa: clausula no contrato
 Tácita: pode subentender-se qual a lei escolhida pelo
contrato
 Territorialismo: valorizar a aplicação da lei local, com
pretensão política de destaque da lei local
o Rejeita a nacionalidade  vale a lei do domicilio
o Fortalece países que recebem imigrantes
 Holandesa (XVII): aplicar leis estrangeiras é uma mera cortesia.
Não há dever o aplicação de uma lei estrangeira (morte do
DIPRI)
 Os holandeses evoluíram para um territorialismo ainda
mais acentuado do que D’Argentré, eis que, enquanto
este admitia que os bens móveis seguissem a pessoa, de
acordo com o brocardo mobilia sequuntur personam,
ficando submetidos ao estatuto pessoal do proprietário,
os jusinternacionalistas holandeses submetiam os móveis
ao estatuto real.

Modernidade (XIX)
 Códigos de direito passam a conter tipificações sobre DIPRI  Consequência
da Paz de Westfalia e do Estado Moderno como fonte do Direito
 Codificações pioneiras:
o Prússia
o França
o Itália
o Alemanha
 Joseph Story (Juiz da Suprema Corte norte-americana): sistematizador do
DIPRI
o Foi o primeiro a empregar a denominação “Direito Internacional
Privado” e, não aceitando a divisão da matéria em estatutos pessoais,
reais e mistos, como o faziam os autores europeus de sua época,
versa os inúmeros temas separadamente, como delineara em sua aula
inaugural.
o Noção de que a aplicação do direito estrangeiro se faz na busca da
boa justiça
 É uma prerrogativa do Estado soberano aplicar a lei estrangeira,
mas é dever usar a lei de fora se ela melhor se adequar
 Friedrich Carl Von Savigny (Professor da Universidade de Berlim) membro do
Instituto de França, escreveu System des heutigen Romischen Rechts –
Sistema do Direito Romano atual em que se concentra no direito privado de
sua época à luz de suas origens no direito romano
 Comunidade de direito entre os diferentes povos, segundo o
qual, para encontrar a lei aplicável a cada hipótese há que
determinar para cada relação jurídica o direito mais de
conformidade com a natureza própria e essencial desta relação
busca independe da soberania do Estado
o Discorda das teorias territorialistas
o Quanto mais as relações entre os diversos povos se ampliam, mais
nos devemos convencer da necessidade de renunciar ao princípio da
exclusão, para adotar o princípio contrário. O interesse dos povos e
dos indivíduos exige igualdade no tratamento das questões jurídicas,
de
o forma que em caso de colisão de leis a solução venha a ser
sempre a mesma, seja em que país se realizar o julgamento.
 Pasquele Mancini (criador do moderno Direito Internacional Privado italiano,
fundador e presidente do Instituto de Direito Internacional)
o A celebração de tratados soluciona a ambiguidade do DIPRI. Portanto,
cria o Instituto de Direitos Internacional, buscando o direito uniforme
entre os Estados
o Acreditava que seria formada uma comunidade internacional
naturalmente
o Defende o direito dos estrangeiros: o tratamento dos estrangeiros não
pode depender d a comitas e da vontade soberana e arbitrária de cada
Estado
o nacionalidade como critério determinador da lei a ser aplicada à
pessoa em todas as matérias atinentes a seu estado e à sua
capacidade, contrariamente ao princípio de Savigny, que optara pelo
domicílio.
o Para Mancini certas questões serão sempre, necessariamente, regidas
pela lei da nacionalidade da pessoa – o estado e a capacidade, as
relações de família e as sucessões – este é o princípio da
Nacionalidade. Já as questões atinentes aos bens, assim como aos
contratos e demais obrigações podem ser regidas pela lei que a
pessoa escolher, são as leis supletivas, que compõem o princípio da
Liberdade.
 J. Jitta (Holanda)
o substituiu a noção da comunidade jurídica dos povos pela da
comunidade jurídica do gênero humano, que veio a ser conhecida mais
tarde como a “sociedade internacional”. A grande contribuição do
autor holandês foi a distinção que elaborou entre o “método
individual” e o “método universal”
o O método individual, diz Jitta, “se caracteriza por seu ponto de partida
e por sua maneira de considerar o problema de nossa ciência: coloca-
se no ponto de vista de um determinado Estado e tem por fim o
cumprimento do dever deste Estado com relação aos indivíduos que
constituem a sociedade jurídica universal.
o Já o método universal utiliza-se de prisma totalmente diverso,
trabalhando com pontos de partida e chegada diferentes: parte ele do
conjunto de Estados que têm o dever comum de assegurar a
manutenção do Direito Privado mediante regras jurídicas destinadas a
obter sua aplicação em toda a humanidade, cabendo a este conjunto
de Estados o dever de assegurar, mediante regras positivas e
mediante uma organização internacional da administração da Justiça,
o reinado do direito nas relações sociais que se formam entre os
indivíduos

Revolução Americana com a flexibilização do método indireto


 Questionamento do método indireto: o juiz deve ponderar também a lei
interna para ver qual se adequa melhor
o Better law approach: princípio da proximidade
 o paulatino abandono das regras de conexão fixas, inflexíveis,
que determinam a lei aplicável, para se adotar o princípio amplo
e flexível da lei mais próxima, mais intimamente vinculada com
as partes ou com a questão jurídica, que faculta aos tribunais
maior poder discricionário na escolha da lei aplicável.
o Afastamento da lei estrangeira diante de um caso concreto, específico
 Se aplica sobretudo ao direito civil
Fontes do DIPRI

Fontes materiais
 Evento social que faz surgir a necessidade de uma ordem jurídica
o Relação jurídica multiconectada
Fonte formal
 Órgão que produz a norma jurídica
o Estatuto do CIJ (art. 38)
 Tratados
 Costume internacional
 Princípios gerais do direito “reconhecidos por nações civilizadas”
 Jurisprudência
 Doutrina (atos unilaterais de Estados e deliberações vinculantes
de órgãos internacionais)
 Soft law
Tratados
 codificação geral: tentar codificar tudo do DIPRI
 codificação temática: codifica áreas especificas
 codificação direta: especialidade
 codificação indireta: regra indireta
 codificação geográfica: globais ou regionais
A principal fonte de Direito Internacional Privado no Brasil é a Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (LINDB — Lei 12.376, de 30/12/2010), antiga Lei de
Introdução ao Código Civil (LICC -Decreto-Lei 4.657/42), que reúne, entre os artigos
7 e 19, as regras básicas da matéria no ordenamento jurídico pátrio.
 Leis específicas também tratarão de questões de Direito Internacional
Privado, como a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e
a Lei 9.307/96 (Lei de Arbitragem), atualizada pela Lei 13.129/2015.

31/05 – Regras de conexão

Principais Organizações da Codificação do DIPRI


 Conferência de Haia (1893)
o Surge com a percepção de que as leis nacionais não bastavam para
reger as relações jurídicas multiconectadas.
o Primeira Fase até 1932
 regional
 opção temática: era mais fácil codificar o DIPRI um tema de
cada vez; tratar do que havia consenso antes
 acabo abandonando temas polêmicos mas importantes
o Segunda Fase até 1951
 Global
 É criada uma estrutura robusta para criação de regras
 A sociedade civil passa a participar mais do processo
o O Brasil demorou a participar dos primeiras esforços regionais de
codificação devido a sua regência do estatuto pessoal pela
nacionalidade
 permitia ao indivíduo manter um vínculo com o Estado de
origem
 Outros países latinos usavam a lei do domicílio, a que deixava o
Brasil de fora dos tratados
 O Código Bustamante (1928)
o é um clássico exemplo de falha na codificação, pois determinava que o
estatuto pessoal seria determinado pelas normas de DIPRI de cada
país
o Esse dilema sobre qual norma deveria regir o estatuto pessoal só é
solucionado quando o Brasil cede e adota a lei do domicílio (1952)
 OEA (1948) – CIDIP (AS CONFERÊNCIAS INTERAMERICANAS DE
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ): 1975 - 2002, primeiros tratados pelo
Brasil
o Ignorados devido a existência de tratadas globais que tratam do
mesmo assunto
 UNCITRAL (Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial
Internacional - 1966)
o um órgão subsidiário da Assembléia Geral da ONU responsável por
ajudar a facilitar o comércio e o investimento internacional.
o ofereceu regras para DIPRI em um contexto de surgimento de muitos
países ex-colônias
o Lei Modelo da UNCITRAL sobre Arbitragem Comercial Internacional
 CISG (Convenção das Nações Unidas para a Venda Internacional de
Mercadorias - 1980)
o um tratado que oferece uma lei internacional uniforme de venda de
bens que, já foi ratificada por 85 países, ou seja, três quartos de todo o
comércio mundial, conforme dados divulgados pela UNCITRAL
 UNIDROIT (Instituto Internacional para a Unificação do Direito Privado - 1932)
o surge no contato da liga das Nações
o is an independent intergovernmental Organisation with its seat in the
Villa Aldobrandini in Rome. Its purpose is to study needs and methods
for modernising, harmonising and co-ordinating private and in particular
commercial law as between States and groups of States and to
formulate uniform law instruments, principles and rules to achieve those
objectives.
 MERCOSUL
o Em matéria de extradição, o Brasil firmou vários tratados bilaterais e no
âmbito do Mercosul.

Fontes formais do DIPRI

 Costume Internacional
o é uma prática reiterada a partir da percepção de sua obrigatoriedade
o ex: imunidade jurisdição
 Princípios gerais do Direito
o comuns aos Estados (se encontram aplicados no direito interno de
todos os Estados)
o DIP (previsto em tratados)
 Jurisdição Internacional
o Decisões e ações de cortes internacionais e tribunais
o Fertilização cruzada: quando juízes aproveitam de decisões de juízes
de outra jurisdição (quase informal)
o DIPRI não tem um tribunal específico
 Soft Law
o normas de cumprimento não obrigatório, não vinculantes
o alguns pensadores tradicionais não reconhecem como DIPRI, mas são
muito influentes para serem ignorados pelos contemporâneos
o não tem garantia de reciprocidade, crucial em tratados

- direito transnacional + natureza não estatatória (direito para além do estado)


- nova lex mercatoria: não estatais e regem o comércio internacional,
costumes influentes

Etapas da Internalização de Tratados

 Teoria da junção de vontades


o 1° fase: Assinatura - negociação entre as partes e assinatura do texto
final: incumbe privativamente ao Presidente da República manter
relações com Estados Estrangeiros
o 2° fase: Aprovação do congresso (responsabilidade do legislativo)
 Congresso não pode emendar ou alterar o texto do tratado,
cabendo-lhe apenas o papel de aprová-lo ou não.
o 3° fase
 Ratificação: ato do Chefe do Executivo no plano externo. Ocorre
somente quando o Brasil assina o texto original do tratado. Se
este for bilateral, ratifica-se pela via da troca de notas; se
multilateral, pelo depósito do instrumento de ratificação perante
a organização internacional que tenha patrocinado a elaboração
do acordo.
 adesão: ocorre quando o Brasil, sem ter firmado um tratado,
quer, posteriormente, ser parte dele. Os efeitos internacionais da
adesão equivalem aos da ratificação;
o 4° fase: promulgação e publicação: são atos que visam à publicidade
no plano interno
 Antes da promulgação, um tratado internacional não produz
efeitos no plano interno
 Em 1977 o STF reconhece a paridade jurídica entre tratados internalizados e
leis
o Parem, leis internas posteriores têm prioridade legal - isso significa que
tratados podem continuar valendo internacionalmente, mas não
internamente
o Isso viola a Convenção de Viena de Direito dos Tratados, que afirma
que o direito interno é irrelevante frente ao cumprimento dos tratados
 Tratados sobre Direitos Humanos aprovados de maneira especial porém tem
valor de Emendas Constitucionais
 Os Tratados de Direitos Humanos não submetidos a esse processo tomam
caráter ‘supralegal’
 Intelectuais (Cançado, Trindade, Piovesan) acreditam que tratados de DHs
internacionais já valem como constitucionais mesma sem trâmites especiais

Sistemas de DIPRI Brasileiros

 Ordenações Filipinas (desde 1602)


o Reforma feita por Felipe II da Espanha (Felipe I de Portugal), ao
Código Manuelino, durante o período da União Ibérica. Continuou
vigendo em Portugal ao final da União, por confirmação de D. João IV.
Até a promulgação do primeiro Código Civil brasileiro, em 1916,
estiveram também vigentes no Brasil. Blake informa que esta é a
primeira edição brasileira deste código.
 ICC/1916
o Inspirada no código alemão
o nacionalidade p/ estatuto pessoal
 LICC/1942 (LINDB) - domicílio introduzido
o Postura governamental de restrição ao estrangeiro e proteção do
interesse nacional
o Até hoje a principal fonte do DIPRI no Brasil
o Porque foi mantida mesmo com críticas?
 CPC/73 e 2015 (Código processo civil)
 Lei de Arbitragem 96: Permitia escolha da lei aplicada por ela
 Jurisprudência: judiciário passou a permitir a escolha mesmo
sem usar a Lei da Arbitragem
^ Levaram a LINDB a ser mantida até hoje

LINDB (1942)

 Utiliza o método indireto (não resolve a A estrutura da norma de Direito


Internacional Privado inclui duas partes: o
questão, só indica o Estado que devemos objeto de conexão e o elemento de
procurar) conexão, conformando as chamadas
“regras de conexão”
 Regra de Conexão/Indireta/Indicativa:
- O objeto de conexão refere-se à matéria
o Qualificação: identifica dentro do tratada pela norma, como o casamento, o
domicílio, a capacidade civil etc.
estatuto pessoal, estatuto real,
- O elemento de conexão é o fator que
obrigações e sucessão qual será o determina qual a norma nacional aplicável
objeto. a conflito de lei no espaço que envolva um
determinado objeto de conexão, ou seja,
o Localização: identifica o elemento de algum tema de interesse jurídico
conexão; a lei indicada pela regra de
conexão
 cada Estado escolherá seu elemento de conexão dependendo
do contexto
 Classificação dos diferentes elementos de conexão:
o Natureza:
 Direito: se fundamenta num conceito jurídico (ex: domicílio -
residência + ânimo de permanência)
 Fático: não exige conceito jurídico (ex: residência)
 Sujeitos Envolvidos
o Pessoal: relacionado a pessoas envolvidas
o Real: dados objetivos da relação
 Modo de Designação da Lei:
o Direto: identifica a lei de um Estado diretamente
o Indireta: identifica o local
 Possibilidade de Modificação:
o Mutável
o Imutável
 Predeterminação Legal
o Rígida: determina a priori a forma como a lei será aplicada (LINDB)
o Flexível: permite ao juiz, diante de um caso concreto, modificá-lo (ex:
revolução americana)
 Orientação Valorativa (oferecer ao juiz um valor a ser protegido)
o Material : dá um valor explícito e oferece uma escolha
o Abstrata: não oferece um valor direto

Estatuto Pessoal

O estatuto pessoal lato sensu engloba o estado da pessoa e sua capacidade.


 O estado da pessoa abrange todos os acontecimentos juridicamente
relevantes que marcam a vida de uma pessoa, começando pelo nascimento e
aquisição da personalidade, questões atinentes à filiação, legítima ou
ilegítima, ao nome, ao relacionamento com os pais, ao casamento, aos
deveres conjugais, ao poder familiar, à separação, ao divórcio e à morte.
 A capacidade é a aptidão da pessoa individual para exercer os direitos,
particularmente os direitos privados, e para contrair obrigações.
o Capacidade de direito (gozo): de ser titular de direitos e deveres
 Sempre é um reconhecimento positivo, sua restrição é negativa
 Ex. medidas de penalização
o Capacidade de fato (exercício): de exercer o direito ao qual é titular
 É restrita em prol do individuo
 Medida de proteção

07/06 – Regras de conexão direito brasileiro  

Retomada estatuto pessoal

 Lei do domicílio (países que recebem migrantes porque é mais fácil ao juiz
aplicar sua própria lei / é considerado mais próximo da autonomia da vontade)
vs. Lei da Nacionalidade (países que enviam migrantes porque permite a
manutenção do vínculo com o Estado / é considerado mais estável porque é
mais difícil mudar a nacionalidade)
 Territorialidade: o juiz aplica sua lei qualquer que seja o domicílio ou a
nacionalidade do individuo
o Ex. antiga URSS usava sua lei para reger o estatuto pessoa de
qualquer pessoa
 No Brasil o nosso critério é o de domicílio à art. 7 da Lindb (Lei de Introdução
às normas do Direito Brasileiro.)

Lei de Domicilio
 Elemento objetivo: residência do individuo
 Elemento subjetivo: o ânimo (intenção) de ali permanecer
 Art. 70 ao 75 do Código Civil: definição de domicilio
o Art. 71: residência alternada (pessoa com várias residências onde,
alternadamente, viva): considera o domicílio para os atos praticados
nos respectivos países
o Quando não tem domicílio considera-se o local da residência
o Se não tem residência, considera-se o local no qual foi encontrado
 O domicílio é um conceito jurídico (é preciso olhar para o código civil para
entendê-lo) e a residência um conceito fático (pode ser observada sem o
auxílio do direito)
 Conceito de domicilio da pessoa jurídica
o Nacionalidade da pessoa jurídica: vínculo administrativo (ex. local onde
a empresa está sediada)
o Duas possibilidades para o domicílio (regência)
 Lei do local onde ela foi constituída (onde foram registrados
seus atos de construção)
 Ex. sociedade limitada no Brasil
 Lei do local onde tem sua sede
o Brasil: a pessoa jurídica construída no Brasil deve ter sede no Brasil,
mas isso não funciona em outros Estados, exemplo uma empresa
britânica pode ter sede na suíça
 Em questões multiconectadas: Lei do local de construção
 Ex. empresa construída na Flórida, mas sediada na barra
da tijuca  lei americana
 Mas, o contrário não seria possível porque se foi
construída no Brasil, a sede também deve ser aqui
 Domicilio do Chefe de Família
o Se estende aos dependentes (retrogrado)
o MAS: Art. 226 & 5 DA Constituição em conjunto com o Art. 7 & 7 lindb:
na verdade a extensão deve partir de ambos os pais que em comum
acordo devem definir

Questões familiares multiconectadas


https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11367487/artigo-7-do-decreto-lei-n-4657-de-04-de-setembro-
de-1942 

Casamento
 Capacidade para casar-se: não foge da regra principal (Lei do Domicílio do
indivíduo)
 Impedimentos e formalidades
o aplica-se a lei do local no qual o casamento foi realizado (pode ser
biliteral)
o Vários domicílios: Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá nos
casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio
conjugal. ANULADO PELO STF (considera-se o local de realização)
o Lei da nacionalidade: caso seja realizado perante autoridade
diplomática ou consular
Regime de Bens
 § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio
conjugal.
 Ou seja, aplicamos a lei do domicílio conjugal
 E o estrangeiro casado?
o § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode,
mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato
de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a
adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
(Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)
 Hoje o regime de bens não é mais imutável
o Desde que seja apresentada causa justa e não cause danos a
terceiros
o Assim o § 5º perde importância
Dissolução do regime matrimonial no Brasil
 Primeira versão da LINDB (42): o brasileiro não teria reconhecido aqui o seu
divórcio e impedia que o estrangeiro com divórcio reconhecido no Brasil
pudesse casar-se novamente no Brasil
 Mas, o direito brasileiro vai evoluindo
o Emenda constitucional 9/77: o divórcio pode ser reconhecido no Br
após três anos da separação judicial
 O legislador adapta a regra da LINDB a essa nova mudança à
exige que entre o pedido de reconhecimento dessa decisão e a
decisão de fato tenha passado 3 anos
o Constituição de 88: apenas um ano da separação judicial ou separação
de fato de dois anos
 A LINDB parou aqui (1 ano para reconhecimento da separação)
 § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os
cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois
de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido
antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a
homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as
condições estabelecidas para a eficácia das sentenças
estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma
de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do
interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação
de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de
que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada
pela Lei nº 12.036, de 2009).
o EC 66/10: sem necessidade temporal
 Parágrafo 6 do art. 7 deve ser ignorado
 Lei aplicável a divórcio
o não há dispositivo na LINDB que fale sobre, então devemos
reconhecer a doutrina
o Lei de domicílio (último domicílio conjugal)

Autoridades consulares
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11366243/artigo-18-do-decreto-lei-n-4657-de-
04-de-setembro-de-1942

 Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades


consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de
Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito
dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado
o Filhos de brasileiros registrado no consulado são brasileiros natos

Bens
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11367157/artigo-8-do-decreto-lei-n-4657-de-04-
de-setembro-de-1942
 Regra geral: lei do país no qual o bem estiver situado

Obrigações
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11367039/artigo-9-do-decreto-lei-n-4657-de-04-
de-setembro-de-1942

 Regra geral: lei do país em que se constituírem (local no qual foi assinado/
ocorreu)
o Obrigação contratual: estabelecida por contrato
o Obrigação extracontratual: gerada por um ato ilícito

Sucessão
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11366946/artigo-10-do-decreto-lei-n-4657-de-04-de-
setembro-de-1942

 Regra geral: lei do domicilio daquele que faleceu (domicilio: considera-se o do


momento do falecimento)
 Hereditária vs. Testamentária (quem vai receber o patrimônio foi definido por
testamento)

Exceção da ordem pública


https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11366288/artigo-17-do-decreto-lei-n-4657-de-04-de-
setembro-de-1942

 O juiz ao aplicar uma lei estrangeira se apoia nesse conteúdo para afastar
qualquer questão que afete a ordem pública
 Não existe uma definição de qual é o conteúdo da ordem pública

14/06 – Regras de conexão direito brasileiro  

Regra de conexão: lei do local onde o bem está situado:


 Determina o art. 8º da Lei de Introdução:
o “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes,
aplicar-seá a lei do país em que estiverem situados.
 § 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se
destinarem a transporte para outros lugares
 § 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa,
em cuja posse se encontre a coisa apenhada.”
o Usada tanto para a regência quanto para dizer se é um bem
o obedece à necessidade da boa ordem, pois não se conceberia que
imóveis situados no mesmo território sejam regidos por leis diversas,
cada um pela lei pessoal de seu proprietário
 Antes de aplicar a regra, é necessário qualificar o bem
o Móvel ou imóvel
o Corpórea ou incorpórea
o Fundível (cédula) ou infusível (obra de arte)
 Problema: antes de qualificar o bem, é preciso dizer SE é um bem. Mas, o
que é um bem?
o Na lei do Estado estrangeiro:
 Dupla qualificação (definição do que é bem, e depois
qualificação desse)
 O bem qualificado segundo a lei brasileira também é um bem
segundo a lei estrangeira? 
 a norma só se refere ao direito real, sem influência sobre a capacidade do
adquirente do bem, que é regida por sua lei pessoal.
o Direito pessoal: direitos e obrigações entre dois indivíduos
o Direito real: envolve um indivíduo e um bem
 Todos devem obedecer, mesmo aquelas pessoas que não estão
na relação
 Direito a propriedade deve ser respeitado
 Bens moveis (bens in transitu) e penhor
o “Art. 11 – Bens e Direitos Reais – Os bens imóveis e os direitos reais a
eles relativos são qualificados e regidos pela lei do local de sua
situação. Parágrafo único – Os bens móveis são regidos pela lei do
país com o qual tenham vínculos mais estreitos.”

Obrigações contratuais

 Validade e interpretação do contrato


o Lex loci contractus
o Art. 9 LINDB: Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do
país em que se constituírem. (regra geral)
 Cumprimento do contrato
o Lex loci solutionis
 Contratos de compra e venda
o as principais opções giraram em torno da lei do país do vendedor e da
lei do país do comprador
 Contratos que se formam por meio de troca de correspondência internacional
o a dúvida se centra em saber qual o local em que o contrato se
constitui – a lex loci contractus – o país em que uma das partes
propôs a contratação ou o país em que a outra parte aceitou a
proposta.
o Art. 9 § 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no
lugar em que residir o proponente
 Isso significa que, se a parte proponente vive no país A e,
encontrando-se no país B, endereça uma proposta para alguém
no país C, deverá ser considerado como local da constituição do
contrato o país A – da residência do proponente
 Forma do contrato
o No Brasil aplicamos a regra da lei do local da celebração para reger a
forma do ato contratual – locus regit actum;
 Validade formal
o Duas opções para reger a validade formal do contrato – a lei do local
de sua contratação ou a lei que rege a substância do contrato.
o No Brasil: seguem a lei do local de realização
 Art. 12 do Projeto do Senado: “As obrigações contratuais são
regidas pela lei escolhida pelas partes. Essa escolha será
expressa ou tácita, sendo alterável a qualquer tempo,
respeitados os direitos de terceiros
 § 1º Caso não tenha havido escolha ou se a escolha for
ineficaz, o contrato, assim como os atos jurídicos em
geral, serão regidos pela lei do país com o qual
mantenham os vínculos mais estreitos.
 § 2º Na hipótese do § 1º, se uma parte do contrato for
separável do restante, e mantiver conexão mais estreita
com a lei de outro país, poderá está aplicar-se, a critério
do Juiz, em caráter excepcional
 OU SEJA, o Projeto do Senado é um exemplo de influência de
soft law
 confirma o princípio da autonomia da vontade, que não
ficara expresso na Lei de Introdução, e, ausente escolha
das partes, consagra o princípio da proximidade.

Obrigações por atos ilícitos


Dúvida: aplicamos a lei do país do cometimento do ato danoso ou a lei do país em
que o prejuízo foi sofrido?
 Regra geral: lei do país em que o dano foi sofrido
 No projeto do Senado: princípio da proximidade 2
o “As obrigações resultantes de atos ilícitos serão regidas pela lei que
com elas tenha vinculação mais estreita, seja a lei do local da prática
do ato, seja a do local onde se verificar o prejuízo, ou outra lei que for
considerada mais próxima às partes ou ao ato ilícito

Arbitragem

A arbitragem é o mecanismo de solução de litígios pelo qual as partes decidem


submeter um conflito a um ou mais especialistas em certo tema, que não pertencem
ao Poder Judiciário, mas cuja decisão deverá basear-se no Direito e tem caráter
vinculante.
 A principal referência jurídica internacional quanto ao tema é a Lei Modelo
sobre Arbitragem Comercial Internacional, de 1985, recomendação de caráter
não vinculante elaborada no seio da Comissão das Nações Unidas para o
Direito Comercial Internacional (UNCITRAL)
 No Brasil, o principal diploma legal interno quanto ao assunto é a Lei 9.307,
de 23/09/96 (Lei da Arbitragem)
A decisão de submeter uma controvérsia à arbitragem é feita pelas partes por meio
da:
 Clausula compromissória constante de contrato ou de documento à parte,
prévios ao eventual litígio, que normalmente define os poderes dos árbitros, o
procedimento da arbitragem e outras questões relevantes.
o Antes do conflito acontecer
 Compromisso arbitrai: feito por meio do aditivo ao eventual contrato ou de
outro instrumento
2
O mais relevante princípio do moderno direito internacional privado é o da proximidade,
que estabelece que as relações jurídicas devem ser regidas pela lei do país com a qual haja
a mais íntima, próxima, direta conexão. Esse critério, muito mais flexível do que as regras de
conexão, decorre do progressivo abandono de abordagens de natureza técnica e maior
atenção às realidades sociais e econômicas que embasam o fenômeno jurídico.
o Depois do aparecimento do litígio

Sucessões

 Regra geral: todos os aspectos da herança, a ordem de sucessão, a forma de


distribuição do patrimônio do falecido, serão regidos pela lei do domicílio do
de cujus, irrelevante o país em que este morreu ou o país em que os
herdeiros são domiciliados
o Art. 10 LINDB: A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do
país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que
seja a natureza e a situação dos bens.
 § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus.
 § 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a
capacidade para suceder
 A legislação brasileira busca favorecer os herdeiros brasileiros
o Art. 5º, XXXI da CF: A sucessão de bens de estrangeiros situados no
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
do de cujus

21/06 – Nacionalidade  

Aplicação da Lei Estrangeira: como o juiz deve agir quando se vê diante de uma
regra do DIPRI que manda ele aplicar a Lei estrangeira
 Qual a natureza jurídica (o que é a lei estrangeira)
 Como vai provar
 Como deve interpretar

A natureza jurídica
 Direito propriamente dito: a lei estrangeira tem o mesmo vigor quanto a lei
brasileira
 Mero fato: encara a lei estrangeira como fato que deve ser provado
o Consequência pratica: a parte interessada na aplicação da lei
estrangeira deve, nesse caso, provar o seu conteúdo. Se a parte não
consegue provar, o juiz não está obrigado a usa-la
 Art. 14 da LINDB
o Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a
invoca prova do texto e da vigência.
 Mas, no Brasil devemos considerar a lei estrangeira como direito
propriamente dito e não mero feto
o Código do processo civil
 Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual,
estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência,
se assim o juiz determinar.
 Ou seja, iguala o direito estrangeiro ao direito interno
o Convenção interamericana sobre regras gerais de DIPRI
 Art. 2. Os juízes e as autoridades dos Estados Partes ficarão
obrigados a aplicar o direito estrangeiro tal como o fariam os
juízes do Estado cujo direito seja aplicável, sem prejuízo de que
as partes possam alegar e provar a existência e o conteúdo da
lei estrangeira invocada
 ATENÇÃO: apenas entre Estados contratantes

Como vai provar


 Existência:
 Conteúdo:
 Vigência:
 Código Bustamante
o Art. 409. A parte que invoque a aplicação do direito de qualquer Estado
Art. 410. contratante em um dos outros, ou dela divirja, poderá
Cooperação jurídico justificar o texto legal, sua vigência e sentido mediante
internacional
certidão, devidamente legalizada, de dois advogados em
- Ativa: quem
exercício no país de cuja legislação se trate.
solicita
- Passiva: quem
o Art. 410. Na falta de prova ou se, por qualquer motivo, o
recebe juiz ou o tribunal a julgar insuficiente, um ou outro poderá
- Diplomática
- Autoridades
centrais
solicitar de ofício pela via diplomática, antes de decidir, que o
Estado, de cuja legislação se trate, forneça um relatório sobre o texto,
vigência e sentido do direito aplicável.
o Art. 411. Cada Estado contratante se obriga a ministrar aos outros, no
mais breve prazo possível, a informação a que o artigo anterior se
refere e que deverá proceder de seu mais alto tribunal, ou de qualquer
de suas câmaras ou seções, ou da procuradoria-geral ou da Secretaria
ou Ministério da Justiça.
 No Brasil as autoridades que respondem são:
 Órgão de cúpula do poder judiciário: STF
 Órgão de cúpula do MP: PGR
 Ministério da Justiça
 Convenção interamericana sobre prova do Direito Estrangeiro
o Art. 9. Para os fins desta Convenção, cada Estado Parte designará
uma autoridade central.
 A designação deverá ser comunicada a Secretaria-Geral da
Organização dos Estados Americanos no momento do deposito
do instrumento de ratificação ou de adesão para que seja
comunicada aos demais Estados Partes.
 Os Estados Partes poderão modificar a qualquer momento a
designação de sua autoridade central.

A interpretação do Direito Estrangeiro (o que devemos considerar ao dar vida ao


texto?)
 Tem relação direta com a natureza jurídica
 No direito Brasileira a indicação é que o juiz deve aplicar a lei estrangeira em
toda sua totalidade
 Duas exceções:
o Reenvio: considerar um remissão feita pela DIPRI estrangeiro
 Problema de retornos sucessivos, solução:
 Vedar os reenvios (Brasil)
o Art. 16 LINDB. Art. 16. Quando, nos termos dos
artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita
a outra lei.
 Aceita o reenvio só quando ele determina a aplicação da
lei do seu país (Alemanha)

o Ordem pública
 Art. 17 LINDB. As leis, atos e sentenças de outro país, bem
como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no
Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública
e os bons costumes.
 Não há definição exata do que é a ordem pública
 Princípio da ordem pública: Relativo, instável e variável
no tempo e no espaço
 Ou seja, o juiz vai naquele tempo e espaço terminar se a
lei estrangeira fere ou não a ordem pública
 Ordem pública interna: aquilo no nosso direito que não
pode ser afastado pela vontade das partes
o Mais ampla e mais restritiva
 Ordem pública internacional: aquilo no nosso direito que
não pode ser afastado por uma lei estrangeira
o Mais restrita e menos restritiva
 Ordem pública internacional a atos de direitos adquiridos:
impede o reconhecimento de direitos adquiridos no
exterior
o Ordem pública ainda mais restrita e menos
restritiva
 Norma imperativa: não há uma comparação entre a lei
estrangeira e a lei nacional como no Princípio da Ordem
Púbica
 Art. 39 código processo civil. O pedido passivo de cooperação
jurídica internacional será recusado se configurar manifesta
ofensa à ordem pública.

Qualificação do bem
 A lei estrangeira também vai ser usada para saber se o bem é de fato um
bem
 Dupla qualificação: no Brasil, houve uma qualificação prévia segundo a lei
brasileira (lex coju)  revisão da qualificação segundo a lei estrangeira (lex
causa)
o Art 7. LINDB: Lex Coju
o Art. 8. LINDB: Lex causa
 Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles
concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem
situados.
 § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou
se destinarem a transporte para outros lugares.
 § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a
pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
o Art. 9. LINDB: Lex causa
 Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei
do país em que se constituirem.
 § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil
e dependendo de forma essencial, será esta observada,
admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos
requisitos extrínsecos do ato.
 § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se
constituída no lugar em que residir o proponente.
Instituição estrangeira desconhecida
 Algo que existe na lei estrangeira indicada pela regra do DIPRI mas não
existe na lei interna
o O juiz deve adaptar, isso é, procurar no direito interno algo que seja
minimamente correspondente
o Fraude a lei: manipulação artificial da lei aplicada
 Exemplo: divorcio no exterior, não reconhecemos para que o
brasileiro não fosse ao exterior e fraudasse a lei

Questão Prévia
 Vinculo de prejudicialidade: relaciona duas questões multiconectadas
o Quando duas questões estão relacionadas entre si, a lei aplicada em
uma delas se estende a outra?
 Questão principal e questão prejudicial (prévia/menor)
 Teoria da conexão subordinada: a questão prévia
aproveita a lei aplicada a questão principal
 Teoria da conexão autônoma: cada questão sendo regida
por uma lei

Nacionalidade

“vínculo político jurídico que une o indivíduo ao seu Estado”

Três elementos constitutivos do Estado:


 Território, população, governo soberano
 DIPRI: ao ter o vínculo reconhecido, o indivíduo é representado
diplomaticamente
Dimensão horizontal
 Comunidade entre os nacionais
 É diferente de nação, que pressupõe uma homogeneidade

28/06 – Condição jurídica do estrangeiro  


05/07 – Conflitos de jurisdições  
12/07 – Avaliação escrita  
19/07 – Visto e 2ª Chamada 
26/07 – Prova Final  

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