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Auditor: José Bunga Paulo André.

Turma: C | Sala: 5 | Período: Manhã


A CRIAÇÃO DO TRIBUNAL DE CHICAGO SUA HISTORIA E SEGUIMENTO

INTRODUÇÃO
Os Estados Unidos foi o primeiro país a criar um Tribunal Juvenil em Chicago em
1899, vários factores concorreram para a implementação da sua criação, a destacar o
papel desempenhado pelos assistentes sociais, papel esse, pioneiro na implantação e no
desenvolvimento de um aparato judiciário que se destinava às crianças e ao adolescente.
E esse circunstancialismo em torno da criação de um aparelho judicial para a criança,
revela a magnitude do esforço desempenhado pelos os pioneiros do serviço social,
nomeadamente em dois campos opostos entre si, pelo menos em termos aparentes; o
movimento de residência social e o movimento de organização da caridade, que deram
origem à profissão.
A história mostra-nos que a profissão, surge num momento em que a questão social se
tornava cada vez mais complexa, e ela vem assim, responder às novas demandas que se
colocavam na época, sobre populações vulneráveis e que por consequência disso veio a
exercer importante papel na fundação dos Tribunais juvenis (cortes juvenis).
CONTEXTOS SOCIAIS IMPULSIONADORAS DA CRIAÇÃO DO
TRIBUNAL JUVENIL
A partir da metade do século XIX até as primeiras décadas do século XX, espalha-se
pelos Estados Unidos, um vasto movimento pelo bem – estar da infância. Esse
movimento1, levou acabo uma série de iniciativas, tais como, retirar crianças
dependentes, negligenciadas e delinquentes de instituições, que não se destinavam
as essas crianças, à encaminha-las para a família de substituição.
Na época o sofrimento das crianças era revoltante, facto que motivou o grande interesse
por elas, num contexto em que as famílias eram numerosas, e as crianças mais
numerosas que os adultos, formando assim, um dos maiores grupos entre os
negligenciados e necessitados, numa época em que a ideia dominante era separar os
merecedores dos que não eram dignas de ajuda, era difícil alegar que as crianças eram
responsáveis pela sua condição, sendo que entre os necessitados as crianças, eram as
mais merecedoras.
A contracção social que resultou da imigração em larga medida e do rápido crescimento
industrial e urbano foram penosos para as crianças, Porque o grau de exigibilidade
derivado da actividade exercida na indústria, e sanções derivadas da actividade
desempenhada. As crianças na qual as mães, iam trabalhar na indústria, deixavam de ter
a controlo dos pais, e por conseguinte, deixavam de ter uma vida doméstica normal para
os padrões da época, fazendo com que crescesse de forma alarmante a delinquência
juvenil.
A preocupação crescente com o bem-estar da criança, fez com que a Sociedade
passasse a ver a criança como a chave do controlo social.2 Nas últimas duas décadas de

1
Segundo Trattner. 1979
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Trattner 1979. Pág 94.

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XIX, verificou-se o desenvolvimento de novas ideias e atitudes relativos a natureza da
infância e adolescência3.
A busca de novos métodos de lidar com as crianças delinquentes e dependentes,
mereceu impacto mais profundo nas mulheres de classe média, sendo reconhecidas
como as principais educadoras das crianças no final do séc. XIX. A infância deixa de
ser vista apenas como um estágio do ciclo da vida, para ser vista e entendida como um
período que requer um atenção especial, podendo se repercutir na vida adulta.
A educação das crianças passou a ser um exercício mais complexo, estabelecendo para a
mãe, a principal pessoa zeladora e conhecedora sobre as etapas do desenvolvimento
infantil ou seja o papel da mãe passou a ter maior significado, uma vez que era na
criança que residia o futuro da nação. Esse interesse pela infância influenciou as
reformadoras, ao despertar-lhes a atenção para a necessidade da criação de um aparato
judiciário destinado às crianças. O papel destacado dessas mulheres reformadoras na
criação do Tribunal foi marcado pela consciência de género, influenciando a feição
particular que a reforma social assumiria.
Por outro lado, a criação de um Tribunal para as crianças teve fundou-se em premissas
idealistas, segundo o qual os jovens infractores deveriam ser mantidos separados dos
adultos nas instituições, sendo que as crianças são diferentes dos adultos e mais
acessíveis a tratamento e a reabilitação, os jovens deviam ser tratados por uma justiça
individualizada que visava às suas necessidades particulares, e não por um sistema de
sanções às infracções que os levou a este sistema.
MOVIMENTOS QUE ORIGINARAM O SERVIÇO SOCIAL
A fundação do Tribunal será, como mais adiante veremos, relacionada à dois
movimentos, que deram origem ao Serviço Social, nos Estados Unidos.
 O movimento de Residência Social
 E o movimento da Caridade Organizada
A diferença entre esses dois movimentos, reside no facto de que, os agentes da
Caridade organizada colocavam toda ênfase nas causas individuais e morais da
pobreza, fazendo uma distinção entre os merecedores e os indignos de ajuda, já os
integrantes do Movimento de Residência Social, davam mais ênfase as condições
económicas e sociais que causavam a pobreza, enquanto a filosofia da Caridade
Organizada baseava-se na caridade privada e na elevação espiritual, já a filosofia das
Residências Sociais fundamentava-se na crítica à realidade social e económica.
Pese embora o Movimento da Caridade Organizada tenha antecedido do Movimento de
Residência Social, optou-se posteriormente por inverter a ordem em que são abordados.
Essa inversão deveu-se a dois motivos;

 O Movimento de Residência Social teve especial importância na implantação


de aparato judiciário que se destinava à infância e juventude;

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Clapp. 1998

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 E o Movimento da Caridade Organizada fundou as bases para o processo de
intervenção, dando ênfase a importância da família, algo que os sujeitos
desse movimento privilegiavam.
O TRIBUNAL JUVENIL DE CHICAGO
O Tribunal Juvenil de Chicago, foi fundado em 1899, pela Lei que regulou o
tratamento e controle das crianças dependentes, negligenciadas ou delinquentes,
resulto de uma longa campanha empreendida pelos formadores sociais, os seus
esforços focalizaram-se, na melhoria da qualidade das prisões. Assegurando a
reforma institucional. A cruzada foi encaminhada em torno do papel da iniciativa
privada na atenção à criança negligenciada, a segregação religiosa institucional a
legitimidade de colocar crianças por intermedio e a melhoria das condições das
instituições, porém pouco há ou quase nada, na literatura, para indicar que a agenda
desenvolvida pelos reformadores na década de 1890, incluiu significativa preocupação
na melhoria dos procedimentos e práticas judiciais.4
A lei que criou o Tribunal Juvenil de Illinois não estabeleceu uma nova estrutura
judicial do Estado ao contrário, articulou leis a serem seguidas pela jurisdição, quando
estivessem em causa crianças. A primeira lei fundadora do Tribunal Juvenil nos EUA
foi proclamada em 1 de Julho de 1899, quando a Corte Juvenil de Chicago abriu as
portas ao Público. Na época através de vários projectos criados e levados acabo o poder
legislativo de Ilinois criou, em 1893, uma lei para proteger mulheres e crianças.
Mary Ellen Richmond foi uma figura importante, para tornar a prática da ajuda uma
profissão. Foi influenciada pelo ideário do Movimento da Organização da Caridade,
exerceu posição de comando na entidade, tornando-se em 1909 a directora do Charity
Department das recém criada Russel Sage Foundation em Nova Yorque. As ideias de
Mary Ellen Richmond e a sua preocupação em tornar a prática dos agentes da caridade
um método de intervenção, levaram-na a construir as bases para a abordagem do
casework. Muito embora ela não fosse muito entusiasmada pelas reformas sociais
defendidas por Addams, também não era hostil a outros métodos de serviço social.
Lamentava o antagonismo entre as duas correntes, e tentou mostrar a seus companheiros
como o casework estava relacionado a outras formas de serviço social, inclusive à
pesquisa e à reforma social.
Apesar dos antagonismo iniciais entre os dois movimentos, o trabalho dos agentes da
caridade organizada também teve papel importante para a criação do Tribunal Juvenil
de Chicago. Se a militância de Addams e Lathrop tornou pública a necessidade da
instalação de um aparato judiciário para as crianças o novo método de intervenção que
estava sendo gerida por Mary Ellen Richamond tornou-se um instrumento para o
funcionamento deste aparato.

4
Fox, 1996

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CONCLUSÃO
Da exposição feita podemos aferir que, como a criação de um aparato
judiciário para a infância e juventude esteve em harmonia com as ideias que
fundaram o serviço social, nos Estados Unidos. A luta pela implantação dos
Tribunais juvenis foi deflagrada no apogeu do movimento de Residência
Social e no período do serviço social preventivo, quando por sua vez os
trabalhos de outros estudiosos da criança tornavam-se cada vez mais
populares.
A historia do serviço social nos Tribunais é, em certa medida, a historia de
uma nova profissão que nasce no campo social, este retrocesso no tempo
permite identificar com a inserção dos assistentes sociais nos Tribunais não
se limitou a expandir a acção da profissão ou construir uma no va
especialidade, ao contrario, contribuiu de modo efectivo para a construção
dos fundamentos do novo método de intervenção .

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